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ARTIGO
Arnóbio Paganotto
RESUMO
Este artigo caracteriza-se por uma reflexão sobre depressão, suas causas, sintomas,
assim como sua expansão no contexto de vida do homem contemporâneo. Além de
reflexões sobre a doença depressão, há também considerações sobre o entorno
social, político e econômico da atualidade. Relata ainda as possibilidades de
intervenção clínica na perspectiva da Gestalt-terapia, a partir dos pressupostos do
humanismo e existencialismo, segundo os quais o homem globalizado tende a se
massificar, perdendo a sua individualidade. Neste contexto social turbulento que tem
propiciado avanço de estados depressivos não excetuando nem mesmo crianças,
tem-se a Gestalt-terapia como uma modalidade terapêutica afinada com a proposta
de devolver ao homem a capacidade de se auto gerir e buscar novas diretrizes para
sua vida.
ABSTRACT
O homem da atualidade vive momentos difíceis, está dividido entre aquilo que
é oferecido através da mídia e o que é real e objetivo. Neste contexto globalizado,
em que o capital domina todos os setores da vida humana, surge o discurso
neoliberal prometendo ao homem o resgate da sua autonomia, a possibilidade de
fazer escolhas, a igualdade, o bem estar social, porém esse é o discurso de fachada;
por detrás desta dialética se confirma e se reafirma o discurso do capitalismo atual
que em seus pressupostos assevera que tudo é mercado, e é este mercado o
mediador de todas as coisas, incluindo a própria vida das pessoas. Neste contexto, a
depressão surge como reflexo dessa alienação política, social e psíquica, em que o
homem desamparado pelo estado e pelo seu próximo, (que é um obstáculo à sua
realização pessoal, visto ser também seu concorrente), remaneja toda sua
potencialidade para si mesmo, criando uma ilusão de auto-suficiência e mais uma
vez indo ao encontro da depressão, quando percebe que encontra-se só mesmo em
meio a multidão. O imediatismo cultural se reflete nas relações interpessoais,
quando esta tem como base uma relação de utilidade e não de afetividade, criando
mais um fator que favorece a depressão.
Como se configura a depressão neste homem atual? Até que ponto o homem
consegue preservar sua individualidade nesse mundo globalizado e invasivo? Como
a Psicologia da Gestalt-terapia, alicerçada em seus três pilares, humanista,
existencialista e fenomenológico, pode contribuir para o resgate da autonomia do
sujeito? Por que os estados ditos “depressivos”, assumem hoje um caráter cada vez
mais coletivo?. É neste contexto social que as doenças psicossomáticas encontram
um fértil terreno para se desenvolverem, sendo a depressão uma das doenças que
mais se propaga nos dias atuais. É uma doença que se mostra bastante limitadora
em seus aspectos físicos, psíquicos e emocionais e a Gestalt-terapia se apresenta
como uma intervenção psicodinâmica, que ajuda este sujeito no resgate de suas
possibilidades.
Dentro desse contexto social, no qual todos estamos inseridos, é que nascem
as doenças psico-sociais individuais e coletivas, gerando a insegurança pela perda
da “autonomia”, o medo social instalado pela violência crescente, o medo da perda
da estabilidade no emprego e outros mais. Para tanto, veja Gentilli (1995, p. 79),
“(...) em síntese, o neo-liberalismo se põe como uma alternativa à crise deste final de
século. Uma alternativa que deriva do “delírio” de uma razão cínica; que protagoniza
o fim da história”.
Esse “fim da história” é entendido como uma negação de tudo que foi feito
antes do chamado neo-liberalismo e a conseqüente derrocada dos valores e
consequentemente do humanismo e do subjetivismo. Neste contexto é que a
depressão encontra terreno fértil para se desenvolver e se propagar. É, então,
tarefa primordial da psicologia, ou para ser mais incisivo, do “psicólogo” a orientação
ao homem para viver além do imediatismo vigente, fazer a restauração de sí,
resgatando sua subjetividade e auto-crítica, podendo, a partir daí, modificar sua
trajetória, fazendo novas escolhas conscientes, que lhe sirvam como escudo,
preservando-o, dos distúrbios depressivos. Ao psicólogo cabe também a
responsabilidade de estar atento às ideologias vigentes com um olhar crítico que
atue na transformação social, não correndo o risco de banalizar ou legitimar este
estado social atual.
• Mal humor
• Dificuldade de concentração
Períodos de melhoria e piora são comuns, o que cria a falsa impressão de que se
está melhorando sem ajuda, quando durante alguns dias o paciente sente-se bem.
Geralmente tudo se passa gradualmente, não necessariamente com todos os
sintomas sendo intercorrentes. Até que se faça o diagnóstico praticamente todas as
pessoas possuem explicações para o que está acontecendo com elas, julgando ser
um problema passageiro.
Quando se entra em contato com a realidade, chega-se a ela com todo seu
modo de ser, e esse modo pode estar privilegiando apenas um aspecto desta
realidade, o que ela revela para o sujeito. Na verdade, é como o sujeito se revela
nela. Sem falar que, na maioria das vezes, as pessoas estão tão perdidas perdidas
na realidade que se fundem com ela, não se permitindo separar o que é figura e o
que é fundo. Por outro lado, quando terapeuta e cliente estão tão imersos na
realidade que os unes, ou seja, a demanda trazida pelo cliente recebe toda a
atenção do terapeuta, abre-se ai um universo de muitas possibilidades, onde
terapeuta e clientes deixam os seus papéis para se tornarem pessoas,
possibilitando, a partir daí o processo de cura.
Juntamente com o conceito de figura-fundo, o artigo destaca o conceito do
aqui e agora que, segundo afirma Ribeiro, (2006, p. 69) “Aqui-agora significa
presença total de um dado em questão. Estou totalmente presente, minha
existência, (meu tempo) se confundem plenamente com minha essência (meu
espaço)”.
Estar no aqui e agora, como afirma Ribeiro (2006, p. 79) “(...) é abrir-se à
análise e à informação, viver o aqui e agora é um experienciar da realidade interna e
externa, como ela acontece, tenha ou não antecedentes que a expliquem ou
justifiquem”.
Ainda Ribeiro:
O terapeuta faz o seu contato com uma atitude Eu-Tu, em vez de Ter
espírito de controle, condicionamento, manipulação, exploração do paciente
ou outras formas de Eu-Isto. O compromisso com o diálogo significa
relacionamento baseado explicitamente no que a pessoa está
experienciando, e respeito ao que a outra experiência.
Pode-se perceber o quanto a modalidade terapêutica denominada Gestat-
terapia pode fazer por este homem contemporâneo em seu estado depressivo. Ela
apresenta, em seu aspecto filosófico, uma visão humanista e existencialista deste
homem, acreditando nele como centro, com valores e capacidade para se autogerir
e traçar o seu caminho. Então, ela se alia às psicoterapias humanistas, estando de
fato junto e com o homem. Ele é o que, de fato, existe como diz Heidegger: “Só o
homem existe, as coisas são” (HEIDEGGER Appud RIBEIRO, 1985, p. 28). O
homem em seu ewxistir, luta desesperadamente para estar como um ser que tem
poder, e consciente deste poder ele pode transformar o seu ambiente para a sua
felicidade e realização. Enquanto ele não se conscientiza desta sua capacidade
transformadora e realizadora, ele pode estar sendo joquete das coisas, o seu existir
passa para segundo plano e o poder de sua humanidade já não mais existe. A
Gestalt-terapia se coloca como uma terapia humanista vendo o homem como um ser
capaz de gerenciar a própria vida e regular-se, levando em consideração todo o
poder que ele tem sobre as coisas e não o contrário, que é ser dominado por ela.
MOLDANATO, Mauro. Revista Mente & Cérebro nº 160 Ano XIV Artigo: Aposento
vazio da depressão.
¹ DELOUYA, Daniel. Depressão, Ed. Casa do Psicólogo, 4ª edição São Paulo, SP,
2005.