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Mestre em Educação Brasileira, Professor da Faculdade Cearense – FAC e da Educação Básica (Prefeitura de
Fortaleza); E-mail: humbertojr88@hotmail.com
sociabilidade baseada no estranhamento e numa lógica antissocial, respaldada por um modelo
educacional comprometido com a ideologia hegemônica. Os preceitos educacionais, nesse sentido,
validam ensinamentos que (re)produzem ações de exploração do homem pelo homem e dilapidação
do coletivo em favor do individual.
Diluídos nesta temática, desejamos investigar o impacto social/educacional que a
emergência da greve dos policiais militares e bombeiros do Ceará causou no território cearense no
contexto de virada do ano de 2011 para o ano de 2012. Assim sendo, refletiremos sobre o modo
como as trajetórias dos diversos sujeitos presentes (re)agiram à experiência social/educacional do
movimento, e como este simbolicamente se manifesta, entre outros elementos, com o advento de
um engajamento político grevista.
Diluídos nesta temática, investigamos o impacto social/educacional que a emergência
da greve dos policiais militares e bombeiros do Ceará causou no território cearense no contexto de
virada do ano de 2011 para o ano de 2012. Assim sendo, refletimos sobre o modo como as
trajetórias dos diversos sujeitos presentes (re)agiram à experiência social/educacional do
movimento, e como este simbolicamente se manifesta, entre outros elementos, com o advento de
um engajamento político grevista.
Reivindicamos a noção de que a práxis política dos policiais grevistas justifica-se como
fonte fecunda para a pesquisa em educação, ao mesmo tempo em que entendemos a greve também
como fenômeno social capaz de transformar politicamente/educacionalmente uma trajetória de
exploração de ordem pessoal individual ou particular em problema de ordem geral e coletiva.
É preciso salientar que o Código Disciplinar Militar juridicamente impede o direito de
greve por parte desta categoria, os policiais envolvidos no movimento subversivo podem responder
inclusive pelos crimes de motim e insubordinação, até porque a polícia é uma instituição social que
tem por peculiaridade garantir a segurança pública e a ordem do Estado de Direito. Segundo Marx e
Engels (2007) este Estado é um instrumento, uma máquina de construção de hegemonia social da
classe que o domina. No contexto da Sociabilidade do Capital, portanto, esse Estado pode ser
considerado o comitê de gerenciamento dos interesses da burguesia. (2007, p.12). Este aparelho
repressivo do Estado, a polícia, contraditoriamente, ao tempo em que politicamente aprende a
rebelar-se contra as precárias condições de trabalho, mediante o movimento de greve, rompe,
mesmo que momentaneamente, com sua função social essencial, ou seja, o braço armado repressor
de grevista transmuta-se politicamente também em grevista.
Materializa-se bem este nosso raciocínio a matéria do Jornal O POVO1 de 23/01/2012:
1
http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2012/01/23/noticiasjornalpolitica,2771967/lider-admite-que-greve-foi-
ilegal.shtml
Líder admite que greve foi ilegal
Wagner Sousa disse que a greve dos policiais foi ilegal e motivada por outras
"ilegalidades"
Liderança de destaque na recente greve dos policiais militares e bombeiros do Ceará, o
deputado estadual Wagner Sousa (PR) avalia que a paralisação dos policiais e bombeiros
– que parou Fortaleza durante todo o último dia 3 - foi um movimento ilegal. “A gente tem
consciência de que o movimento foi totalmente ilegal, mas foi o mecanismo encontrado
pelo trabalhador para alcançar seus objetivos”, disse Wagner, em entrevista ao programa
Viva Domingo, exibido ontem à noite pela TV O POVO.
Wagner buscou justificar a paralisação afirmando que policiais e bombeiros foram levados
ao contexto da ilegalidade por causa de conduta também “ilegal”, segundo ele, adotada
pelo Governo do Estado no trato com as categorias. O deputado citou que trabalhadores
não recebiam sequer salário mínimo em seus vencimentos-base e que o governo não
regulamentou a jornada de 40 horas semanais dentro do prazo de 180 dias dado pela
Assembleia Legislativa ainda em 2008.
“Os trabalhadores entenderam que já que o governo não cumpre a lei, a única forma de a
gente alcançar nosso objetivo vai ser também descumprindo a lei... e infelizmente, a gente
chegou a esse ponto”, afirmou o deputado, que considerou a paralisação como o
“desespero” do trabalhador.
A Justiça do Ceará já havia decretado a ilegalidade da greve, mas nenhum dos líderes do
movimento havia concordado publicamente com a decisão da Justiça cearense. Wagner
disse ainda que houve erros na implantação do Ronda do Quarteirão, pois os soldados não
passaram, segundo ele, por treinamento adequado e foram “jogados” na rua ainda sem
experiência.
a não ter medo de tudo aquilo que foi inculcado como proibido e inacessível. Aprende-se a
decodificar o porquê das restrições e proibições. Aprende-se a acreditar no poder da fala e das
idéias, quando expressas em lugares e ocasiões adequadas. Aprende-se a calar e a se resignar
quando a situação é adversa. Aprende-se a criar códigos específicos para solidificar as mensagens e
bandeiras de luta, tais como as músicas e folhetins. Aprende-se a elaborar discursos e práticas
segundo os cenários vivenciados. E aprende-se, sobretudo, a não abrir mão de princípios que
balizam determinados interesses como seus. Ou seja, elabora-se estratégias de conformismo e
resistência, passividade e rebelião, segundo os agentes com os quais se defronta. (GOHN, 2009, p. 18-
19).
Neste caminho apontado pelos policiais e bombeiros em greve, a prática da pesquisa em
educação desvela procedimentos interpretativos que possibilitam estudar as formas pelas quais
sujeitos historicamente situados, materialmente, constituem seus modos de viver com base no
engajamento político e coletivo. Importa enfatizar que os movimentos sociais, entre eles o de luta
grevista, podem desencadear uma práxis pedagógica de conscientização e (re)invenção de si.
A consciência humana não é uma coisa imutável. Alguns dos seus traços característicos
são, em dadas condições históricas concretas, progressivos, com perspectivas de
desenvolvimento, outros são sobrevivências condenadas a desaparecer. Portanto, devemos
considerar a consciência (o psiquismo) no seu devir e no seu desenvolvimento, na sua
dependência essencial do modo de vida, que é determinado pelas relações sociais
existentes e pelo lugar que o indivíduo considerado ocupa nestas relações. Assim é um
objecto social, o produto de uma prática social, de uma experiência social de trabalho. Por
fim, a consciência individual do homem só pode existir nas condições em que existe a
consciência social. A consciência é o reflexo da realidade, refractada através do prisma
das significações e dos conceitos linguísticos, elaborados socialmente. A consciência do
homem é a forma histórica concreta do seu psiquismo.
Desta maneira, a produção histórico-social de uma consciência grevista tem relação com
a necessidade cotidiana de um intercâmbio, de uma cooperação política/educativa entre aqueles que
se encontram em condições de precarização. Contra os antagonismos decorrentes das precárias
condições de trabalho, claramente é sentida nas falas observadas nos jornais, a emergência histórica
de um engajamento político por parte de cada policial e/ou bombeiro grevista; este fato pode ser
interpretado como de transição da consciência em si até a consciência para si, conceitostrabalhados,
tanto na obra a Miséria da Filosofia, quanto na Ideologia Alemã, por Marx e Engels (1927), ao
analisarem especificamente o ato de produção da consciência nos seres humanos.
elevam-se até o ponto de adquirirem uma voz cada vez mais articulada, até alcançarem a
síntese ontológico-social de sua singularidade, convertida em individualidade, como
gênero humano, convertido neles, por sua vez, em algo consciente de si.
Com suporte em tal plataforma teórica, este projeto de pesquisa, ao propor analisar a
consciência socialmente compartilhada de policiais engajados politicamente na luta grevista,
objetiva dialeticamente compreender também o momento histórico em que estes sujeitos rompem
com o individualismo, ou seja, transformam valores individuais em coletivos. Em nossas hipóteses,
em função de uma causa coletiva que se remete também as necessidades individuais, em prol de
melhores condições de trabalho e de vida, estes policiais, ao tempo em que tomam consciência e se
engajam no associativismo proposto pelo movimento grevista cearense, passam historicamente a
assumir uma posição de sujeitos políticos, ultrapassando a si próprios, ou seja, indo além da mera
individualidade de trabalhador.
Em Gramsci (2004, p. 43), isso decorre do fato de que
REFERÊNCIAS