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de Pecado
Introdução
Carvalho, M.; Hofmeister Pich, R.; Oliveira da Silva, M. A.; Oliveira, C. E. Filosofia Medieval. Coleção
XVI Encontro ANPOF: ANPOF, p. 29-39, 2015.
Maurizio Filippo Di Silva
Confessiones, X (27.38-39.64)
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eles pecam; mas, se eles as usam para amar a Deus, fazem o que é bem.
O pecado corresponde ao domínio do corpo sobre a alma, ao passo que
a boa ação coincide com o controle da mens sobre as tentações da carne.
Os elementos mencionados na análise das reflexões agostinianas
referentes às tentações do corpo também aparecem nas observações
agostinianas sobre a curiositas. A curiosidade é, para Agostinho, um
apetite da alma, coincidente com o desejo de conhecer e experimentar
por meio dos sentidos do corpo tudo o que está ao nosso redor: “A isto
acresce outra forma de tentação, perigosa sob muitos mais aspectos.
Com efeito, além da concupiscência da carne, que é inerente ao deleite
de todos os sentidos e prazeres, postos ao serviço da qual perecem
os que se afastam de ti, existe na alma, disfarçado sob o nome de co-
nhecimento e ciência, uma espécie de apetite vão e curioso, não de se
deleitar na carne por meio dos mesmos sentidos do corpo, mas sim de
sentir por meio da experiência da carne” (Agostinho, 2001, X, 35.54)
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. Assim, seja no caso das tentações da carne seja no da curiositas, a
lei divina define duas formas de agir, isto é, a continência e a incon-
tinência. Cabe agora compreender o que são o pecado e a boa ação
na análise agostiniana da curiosidade. Ainda, na perspectiva exposta,
os elementos teóricos da análise são as direções do amor e as relações
entre a mens e os deleites: “No entanto, quem poderá contar a grande
quantidade de coisas tão insignificantes e desprezíveis, com que dia-
riamente é tentada a nossa curiosidade, e quantas vezes nos deixamos
levar? [...] E que dizer quando, sentado em casa, muitas vezes me atrai
a atenção uma osga a caçar moscas, ou uma aranha a enredar nas suas
teias as que nelas caem? Acaso, porque são animais pequenos, não é o
mesmo o que se passa? Passo daí ao teu louvor, ó criador admirável
e ordenador de todas as coisas, mas não é para te louvar que começo
a reparar nisso. Uma coisa é levantar-me rapidamente e outra é não
cair” (Agostinho, 2001, X, 35.57) 4. Assim como as próprias reflexões
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Cf.: Huc accedit alia forma temptationis multiplicius periculosa. Praeter enim concupiscentiam car-
nis, quae inest in delectatione omnium sensuum et voluptatum, cui servientes depereunt qui longe
se faciunt a te, inest animae per eosdem sensus corporis quaedam non se oblectandi in carne, sed
experiendi per carnem vana et curiosa cupiditas nomine cognitionis et scientiae palliata.
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Cf.: Verum tamen in quam multis minutissimis et contemtibilibus rebus curiositas cotidie nostra temte-
tur et quam saepe labamur, quis enumerat? [...] Quid cum me domi sedentem stelio muscas captans vel
aranea retibus suis inruentes inplicans saepe intentum facit? Num quia parva sunt animalia, ideo non res
eadem geritur? Pergo indem ad laudandum te, creatorem mirificum atque ordinatorem rerum omnium,
sed non inde esse intentus incipio. Aliud est cito surgere, alid est non cadere. Em que concerne à relação
entre curiositas e ciência no pensamento agostiniano, cf. também: Confessiones, V, 3.3-4.7.
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Cf.: Itaque nobis, quoniam propter quaedam humanae societatis officia necessarium est amari et timeri
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ab hominibus, instat adversarius verae beatitudinis nostrae ubique spargens in laqueis euge, euge,
ut, dum avide colligimus, incaute capiamur et a veritate tua gaudium nostrum deponamus atque in
hominum fallacia ponamus, libeatque nos amari et timeri non propter te, sed pro te.
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10 Cf.: A- Nemo autem cuiquam miseria se praeponendum putavit. Hisce igitur animae motibus cum ra-
tio dominatur, ordinatus homo dicendus est. Non enim ordo rectus aut ordo appellandus omnino est,
ubi deterioribus meliora subiciuntur. An tibi non videtur? E- Manifestum est. A- Ratio ista ergo vel
mens vel spiritus cum inrationales animi motus regit, id scilicet dominatur in homine, cui dominatio
lege debetur ea quam aeternam esse comperimus.
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2001, I, 8.18) 11. Com base nisto, mostra-se claro, que a ação não é um
movimento inerente às qualidades singulares das entidades, mas é o
próprio movimento do ser delas, sugerindo, assim, que a forma não
é uma das propriedades das criaturas, mas a essência delas: “A- Por
conseguinte, aquele movimento de aversão, que reconhecemos ser o
pecado, na medida em que é um movimento de defecção e que toda a
decadência provém do nada, repara bem naquilo a que ele se refere, e
não duvides que não pertence a Deus” (Agostinho, 2001, II, 20.54) 12.
Nesta perspectiva, a qual sugere a ideia de que o agir é um movi-
mento inerente ao ser das entidades, apresenta-se, também, a exigência
de uma análise das formas de coincidência de ação e do movimento,
que permita esclarecer, com base na identidade entre agir e negação ou
custódia das entidades, quais seriam as formas cinéticas da ação.
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Cf.: A- Illud est quod volo dicere: hoc quidquid est, quo pecoribus homo praeponitur, sive mens sive
spiritus sive utrumque rectius appellatur – nam utrumque in divinis libris invenimus -, si dominetur
atque imperet ceteris, quibuscumque homo constat, tunc esse hominem ordinatissimum.
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Cf.: A- Motus ergo ille aversiosnis, quod fatemur esse peccatum, quoniam defectivus motus est, omnis
autem defectus ex nihilo est, vide quo pertineat, et ad deum non pertinere ne dubites.
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Conclusões
lint, corrumpi non possint, id est si obedientiam conservaverint sub Domino Deo suo ac sic incorrup-
tibili pulchritudini eius adhaeserint. Cf. também: Agostinho, 1997, 37.
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Referências
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