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Um novo projeto de desenvolvimento.

O objeto deste capítulo será o projeto de país de FHC, com o objetivo de


compreender qual estratégia de desenvolvimento o Brasil deveria adotar dado os seus
problemas históricos. O faremos a partir da recuperação do seu pensamento político e
social, buscando compreender a construção desse projeto de país através do próprio
presidente. Essa construção perpassa seu olhar sobre o problema brasileiro da
dependência, e suas repercussões no campo político, econômico e social; bem como,
sua análise da conjuntura histórica dos fins dos anos 1980 e início dos anos 1990, por
conseguinte, da globalização e das reformas pró-mercado realizado por inúmeros países
da economia mundial, de que maneira o Brasil, dada a sua condição de dependência
deveria orientar-se nestes processos. Durante todo este capítulo nosso intento não é
fazer uma avaliação da viabilidade deste projeto de país, tão somente apresentá-lo.
Nossos passos em direção a essa reconstrução começam na teoria da
dependência, a partir dela podemos compreender o núcleo de sua crítica ao modelo
desenvolvimentista, bem como, as saídas para aquele modelo. Logo em seguida,
centramos a reconstrução em sua atuação como senador, como agente político da
redemocratização brasileira, buscando clarear sua análise do processo constituinte, em
seus termos no que se avançou e no que se retrocedeu em matéria de dar respostas que
considerava adequada para aquela situação histórica. Por fim, investigamos o seu
programa de governo, como a formulação final do seu projeto de país. Esta avaliação
nos será útil para o resto da dissertação para vermos em que medida o curso dos
acontecimentos forçou o governo a recuar de certas crenças ou abandoná-las quando a
realidade confrontou aquelas ideias.
Antes de dar inicio a empreitada acima, devemos responder dois
questionamentos que possivelmente surgirão, a saber, não seria um contrassenso estudar
a trajetória do pensamento político de um presidente da república se estamos adotando
uma perspectiva relacional do poder do Estado? Isto é, para Poulantzas, sobretudo, a
partir do Livro, O Estado, O poder, o socialismo, considera que o Estado em si não tem
poder algum, o considera como um campo de disputa, o Estado, “[...] não deve ser
considerado como uma entidade intrínseca mas, como aliás é o caso do ‘capital’, como
uma relação, mais exatamente como a condensação material de uma relação de forças
entre as classes e frações de classe, tal como ele expressa, de maneira sempre específica,
no seio do Estado.” (POULANTZAS, 1978, P.130) Nesse sentido, seria um
contrassenso buscar as origens de um projeto do Estado, pois, o Estado segue suas ações
a partir das demandas do bloco no poder. O Estado é uma relação social, não um ente
separado das forças políticas.
Esta concepção não significa que nesta formulação Poulantzas abandona a
ideia a autonomia-relativa do Estado, justamente pelo fato de organizar e unificar os
interesses gerais da burguesia, na medida em que para fazê-lo precisa se afastar dos
interesses particulares destas classes, esta autonomia é mantida, podemos dizer que é
um traço constitutivo, inerente do Estado no Modo de produção capitalista (MPC). O
Estado pode se projetar no campo da disputa entre as frações de classe para partindo do
seu projeto político, orientar o curso da disputa entre as frações de classe. Obviamente o
resultado e o curso dos acontecimentos dependem da maneira como Estado se relaciona
com o bloco no poder, pode tentar mudar o peso das forças políticas no Bloco, mas
jamais pode ir contra esse bloco, sob o risco de perder sua autonomia relativa. Dito isto,
este capitulo se justifica a partir deste pressuposto, compreender o projeto de país que o
Estado concebe e como partindo deste projeto buscou-se lançar pontes aos interesses
das frações de classe burguesa, quais setores buscou estreitar laços e quais foram
confrontados.
Tratando-se do Brasil, como nos mostra Draibe (1985) em seu trabalho
clássico, as articulações que se estabelecem nos setores dominantes costumam ser
“[...]fulgazes, instáveis, respondendo a um campo sempre heterogêneo de interesses
fragilmente aliados em torno de objetivos específicos”1. (Ibid, 1985, p.42) É nesse
campo heterogêneo e instável que se funda a autonomia relativa do Estado brasileiro, o
núcleo político dirigente, se encontra na figura da presidência, que em última instância,
imprime o sentido (social e político) da ação estatal.
O Segundo questionamento, parte de certa inquietação comum na
historiografia das ideias e sua relação com o poder, a saber, qual a relação entre as
ideias e a ação? em que medida os agentes históricos guiam suas ações por meio de suas
ideias anteriores ao exercício do poder? Este é um elemento importante ou uma questão
subordinada a outras relações que importam mais, como as instituições ou os conflitos
de classes?
Essas questões se sobressairiam se quiséssemos compreender a relação entre
FHC sociólogo e FHC presidente, de maneira a apontar qual a relação das ideias do
primeiro, com o exercício do poder do segundo. No entanto, esse não será nosso objeto,
consideramos suficientes as pesquisas que já foram realizadas visando dar cabo destes
problemas (Sobrinho, 2003; Bentes, 2006; Cruz, 1999), nossa proposta é tão somente
1
Draibe formula este entendimento quando estava analisando o processo de industrialização no Brasil, como um
curso particular que assume a revolução burguesa no Brasil. Dessa forma, poder-se-ia parecer anacrônico, buscar uma
análise do passado para projetá-la em outro tempo histórico, todavia, a análise de Draibe buscava compreender a
transição de um tipo de Estado para outro, de tal forma que este nos parece ser o núcleo de seu pensamento que
permanece válido para pensar a relação entre o projeto do Estado e a relação com as classes dominantes, pois, em
nosso entendimento, estamos lidando com uma transição de um tipo de Estado para outro, do Estado
desenvolvimentista para o Estado neoliberal.
lançar luzes sobre o projeto de país de FHC, a partir do resgate de sua obra como
sociólogo e político, encontrando elementos explicativos desta. Para nós o seu projeto
de país é condensação de ideias anteriores que podem ser explicadas desde a teoria da
dependência. Não significa dizer que o presidente orienta seu projeto de país a partir de
suas categorias construídas como sociólogo, como afirma Cruz não podemos buscar
uma correspondência pura e simples entre as ideias do sociólogo e suas ações como
presidente: “Se é assim, mais próprio seria dizer que Cardoso se vale das antigas
categorias para orientar-se no caminho que escolheu, como político, entre as várias
alternativas que as mesmas permitiam divisar.” (Idem, p. 240) Nesse sentido, em sua
ação como governante, utiliza-se de suas categorias analíticas não para guiá-las, mas
para justificá-las.
Destarte, não estamos lindando com um político profissional, ou melhor, de
um ator que se fez na política, mas sim de um intelectual que marcou o século XX com
a sua teoria da dependência, e que por conta das “[...] artimanhas do autoritarismo
afastaram compulsoriamente da cátedra universitária e converteram em aprendiz de
político” (Cardoso, 1995, p. 3). Por isso, nossa entrada no seu pensamento político se
inicia quando o autor ainda era apenas um sociólogo, para observar os traços que podem
lançar luzes sobre o projeto de país desenvolvido ulteriormente como político.
FHC escreve com Enzo Falletto, em 1969, um livro que marcou o debate
político-intelectual latino-americano nos anos 1970 Dependência e desenvolvimento na
América Latina. Partiram de uma crítica das teorias cepalinas, na qual se apostava na
capacidade do Estado como agente racionalizador na indução do desenvolvimento
econômico, postulando ao centro da estratégia de desenvolvimento o protagonismo da
burguesia nacional capaz de romper com o passado colonial e industrializar os países
periféricos, o grande agente que obstaculizava tal processo era o imperialismo, nos
dizeres marxistas ou os países centrais através do mecanismo da troca desigual que
permitia absorção do excedente produzido nos países latino americanos, na teoria
cepalina. Nas palavras dos autores:
O pressuposto geral implícito nessa concepção era que as bases históricas da
situação latino-americana apontavam para um tipo de desenvolvimento
eminentemente nacional. Tratava-se, então, de fortalecer o mercado interno e
de organizar os centros nacionais de decisão de tal modo que se tornassem
sensíveis aos problemas do desenvolvimento de seus países. (CARDOSO, F
& FALLETTO, E.; 1969. P;12)
No entanto, nos anos 1950 esgotava-se o processo de substituição de
importações e chegava-se a estagnação sem terem avançado nos setores de alta
tecnologia - sem dar o salto à industrialização pesada - quando isto ocorreu em casos
como o Brasil, tal tarefa estava sendo realizada não pela burguesia nacional, mas pelo
capital estrangeiro. Os autores questionam a interpretação cepalina.
Em uma primeira aproximação fica, pois, a impressão de que o esquema
interpretativo e as previsões que à luz de fatores puramente econômicos
podiam formular-se ao terminar os anos 1940 não foram suficientes para
explicar o curso posterior dos acontecimentos. [...] Não teriam sido os fatores
inscritos na estrutural social brasileira, o jogo das forças políticas e sociais
que atuaram na década “desenvolvimentista” os responsáveis tanto do
resultado favorável como da perda do impulso posterior do processo
brasileiro de desenvolvimento? (Ibid, p. 13-14)
O questionamento feito pelos autores é que o esquema estruturalista abstraia
de seu modelo de análise, as forças políticas e sociais internas. Para os autores, desde o
momento em que se estabelece o Estado nacional, a dinâmica social latino-americana é
determinada em primeira instância por “fatores internos”, e, em última instância, por
“fatores externos” (Mello, 1988). A luz dos acontecimentos econômicos, sociais e
políticos da América-Latina, em especial do caso brasileiro, para FHC & Falletto, não
havia uma oposição excludente entre desenvolvimento e dependência, era possível o
desenvolvimento dependente e associado, tendo em vista como diz Pinto & Teixeira
(2012), a burguesia nacional tornou-se “sócia menor” do capital estrangeiro, este último
adentra nos espaços de acumulação dos países periféricos com as filiais estrangeiras
visando o mercado interno destes países, configurando uma nova situação de
dependência, agora de investimentos e tecnologias estrangeiras (Pinto & Teixeira 2012),
de modo que era possível uma estratégia de desenvolvimento associada ao capital
estrangeiro2.
O eixo de mudança que a teoria da dependência opera, é deslocar a relação
de exploração entre as nações presente nas teorias cepalinas, através de diversos
mecanismos, mas, sobretudo da troca desigual, para colocá-la no terreno das classes
sociais, através da vinculação de poder entre as empresas transnacionais capitalistas e as
classes dominantes internas dos países dependentes. Nesta inter-relação entre as classes
dominantes internas e externas gera uma situação específica de dependência, para
Cardoso ela incide nos aspectos econômico, social e político.
No plano econômico uma limitação estrutural ao crescimento sustentado,
esta se deve a forma como a mais-valia gerada aqui se transfere para o centro através do
intercâmbio desigual. Na qual no circuito da produção o seu controle, sobretudo, nos
ramos de alta tecnologia ocorre por capitais externos. “É por isso que as ‘deliberações’ e

2
Para Sampaio Jr (1999) a crítica dos autores não representou um avanço em relação a teoria cepalina, antes uma
regressão, tendo em vista, havia uma crítica a forma de articulação do capital estrangeiro nos espaços periféricos, a
maneira como sua penetração moldava a acumulação de capital a partir das empresas transnacionais, de modo a
obstaculizar um projeto de país. Cardoso e Falleto, no seu entender dissociam desenvolvimento nacional e
acumulação de capital. Para os cepalinos a acumulação de capital era um meio para o desenvolvimento nacional, não
seu próprio fim. Se esta se torna um fim em si mesmo o que ocorre é um processo de modernização das formas de
consumo (Furtado, 1974) não o desenvolvimento.
‘decisões’ da periferia encontram obstáculos reais na estrutura não só do comércio
mundial, mas do sistema produtivo internacional” (CARDOSO, 1978, p. 198).
No aspecto social, a natureza incompleta e heterogênea da industrialização
periférica, produz o efeito social de burguesia que só se complementa associando-se na
produção ao capital estrangeiro ou subordinando-se no comércio mundial. Outros
efeitos são camadas proletárias que se distanciam das massas populares na medida em
que avança a industrialização, ao mesmo, tempo em que há massas marginalizadas que
não são facilmente absorvíveis, mesmo com quando a industrialização prospera.
Por fim, no plano político, emerge um Estado-produtor e repressivo, um
Estado que se apresenta como nacional, e para tanto, busca consenso, organiza e
implementa a organização capitalista. Para equilibrar os interesses da burguesia local e
das multinacionais torna-se ele próprio produtor, um Estado capitalista-produtor.
“Torna-se, assim, O Estado mola do desenvolvimento, excludente, concentrador de
rendas e baseado num sistema produtivo que atende à demanda das camadas de altas
rendas.” (p. 199)
FHC aponta que tinha esperança de que o governo Geisel iria transformar o
modelo político e econômico brasileiro, todavia, no seu entender o que houve foi um
aprofundamento das relações clientelistas e patrimonialistas na relação do Estado com
os agentes econômicos, de modo que no fim da década os problemas oriundos do
esgotamento do modelo de substituição de importações, como a crise da dívida, a
hiperinflação, o endividamento do Estado brasileiro, entre outros, eram decorrência da
manutenção anacrônica daquele modelo de desenvolvimento.
O nacional-desenvolvimentismo teve amplo sentido no seu tempo. Mas
deixou de ter quando a conjugação favorável de fatores se inverteu, ou se
perverteu, a partir de meados da década de 70 e, mais acentuadamente, de seu
final. É que o mundo começava a mudar mais rapidamente que o Brasil. E a
resposta para isso, sob o regime autoritário, que silenciou as vozes mais
lúcidas de advertência, foi a de empreender uma “fuga para frente”.
(CAROSO, 1994, P.9-10)
Aqui chegamos ao ponto em que FHC esboça a sua leitura sobre o mal-estar
brasileiro, o nacional-desenvolvimentismo seguido desde a era Vargas havia se
esgotado, foi levado até os seus estertores pelo regime autoritário deixando como legado
de um lado um país mais industrial e moderno ante sua face agrária nos anos 1930, por
outro, todas as consequências sociais, políticas e econômicos da exaustão do modelo.
Pelo lado econômico, uma divida externa impagável, com um Estado endividado;
socialmente injusto com enorme concentração de renda; politicamente, os males
brasileiros patrimonialismo, clientelismo e paternalismo foram não apenas mantidos,
mas se sofisticaram com o avançar da modernização no Brasil.
O Estado desenvolvimentista apesar de se apresentar como nacional,
buscando a autonomia por meio do protecionismo a indústria, cria um modelo de
relacionamento “privatista”, no qual recursos públicos são transferidos para grupos
privados em nome do interesse nacional, sob as mais diversas formas: subsídios,
intervenção direta, protecionismo, o uso de estatais para manter setores artificiais,
mesmo que dessem prejuízos aos cofres públicos, créditos subsidiado por bancos
públicos; todas essas intervenções apesar de serem feitas em nome do desenvolvimento
criaram uma relação de clientelista e patrimonialista entre Estado e os agentes privados,
processo esse que foi aprofundado com a burocratização do Estado, este se torna o
guichê na qual os interesses de grupos privilegiados são recebidos e atendidos. O
aparato estatal, como as empresas estatais e as autarquias, não refletiam os interesses
públicos, pelo contrário, foram privatizados na medida em que serviam apenas para o
interesse de certos grupos privilegiados. Como sintetiza Maria Sobrinho (2003), que em
sua em sua dissertação analisa o pensamento político de Cardoso, aponta que para ele.
Assim, a crise ou falência do estado brasileiro decorre desse processo de
deformação que sofreu devido a privatização e às formas de clientelismo e
fisiologismo que pressionaram, de modo que foi se construindo um
instrumento controlado por setores contrapostos aos interesses públicos. [...]
Desse modo, o ‘enfeudamento’ do estado – que envolve também toda uma
política de preços para beneficiar o setor privado consumidor de seus
produtos – é em grande medida responsável pela deficiência das estatais bem
como pela má qualidade dos serviços públicos, educação, saúde, etc. Assim,
erigiu-se no Brasil um estado do mal estar-social. (SOBRINHO, 2003, p.271)
Logo, a crise da dívida, a hiperinflação, a falência do estado não eram
decorrência da mudança da conjuntura mundial, antes refletiam a patologia do estado
brasileiro, “o estado passou a não servir mais nem às classes dominantes. Passou a ser
um corpo doente.” (Cardoso Apud Sobrinho, 2003, p. 271). A solução era a reforma do
Estado e a construção de um novo modelo de desenvolvimento agora verdadeiramente
público, que atendesse os interesses da maioria da população.
Esse estado de coisas começa a ser questionado nos fins dos anos 1970, para
Cardoso um novo capítulo da história nacional começou a ser escrito, novos atores
entraram em cena, num borbulhar que deu origem a constituição de 1988 e a
redemocratização. Houve um renascimento da sociedade civil, entidades como a CNBB
(Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), a OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), os sindicatos, os partidos democráticos, entre outros, despertaram no regime
autoritário pedindo seu fim, esse processo abriu caminho para novas lideranças.
“Permitiu, sobretudo, o enraizamento de instituições democráticas no Brasil, abrindo
espaço para um país melhor” (Cardoso, 2006, p. 15). É nesse processo que o intelectual,
deixa o campo da pesquisa para engajar-se ativamente na construção do país melhor que
sonhava agora como político. Nesse caminho, tornou-se senador, depois Ministro da
Fazenda para então ser presidente.
Não cabe nos limites desta dissertação analisar toda essa trajetória, no
entanto, como constituinte já podemos observar os contornos daquilo que seria seu
projeto de país. Em suas memorias políticas relata que em janeiro de 1988, apresentou o
seguinte discurso.
Pronunciei então um discurso no Senado sobre “a crise e as opções
nacionais”, criticando as hesitações do governo na matéria, propondo uma
integração “soberana” de nossa economia no plano mundial, a partir do
fortalecimento entre nós do que chamei de “espírito de empresa”, que
dispensaria o protecionismo, aceitaria regras de concorrência e assimilaria a
revolução tecnológica. Via nisso o caminho para melhorar a eficiência da
burocracia pública e ampliar a democracia social. Mais ainda, criticava a
indiferença de nossas elites diante da miséria do povo. (CARDOSO, 2006, p.
115)
Se antes da constituinte Cardoso, era entusiasta do processo de
redemocratização, no caminhar da constituinte se decepcionou com as discussões
levadas pelos constituintes, de um lado, o Brasil conquistava a sua emancipação
democrática, com a carta constitucional, colocando fim ao autoritarismo; por outro,
reafirmava seu arcaísmo ao aprovar uma constituição nacionalista e estatizante, atrasada
com o que estava ocorrendo no resto do mundo. Na constituinte um dos eixos centrais
era o nacionalismo estatizante, houve um falso debate entre privatização versus
estatização, quando para Cardoso, se tratava do debate entre clientelismo e espírito
público, “progressistas” defendiam o populismo e os conservadores, o atraso3. Esse
falso debate aparece nas propostas de estatização do sistema bancário, a distinção entre
empresa nacional e estrangeira, na defesa dos monopólios, sobretudo, em jazidas
minerais, o corporativismo em regras muito generosas para o funcionalismo público,
leis trabalhistas protecionistas e atrasadas, um sistema de previdência generoso,
especialmente para os funcionários públicos. Todas essas idiossincrasias coroam uma
constituição democrática, que garante amplos direitos políticos, de um lado; e de outro,
manteve o país atrasado com regras econômicas do “velho” nacional-
desenvolvimentismo estatista. A constituição de 1988 foi encarada por Cardoso, como a
institucionalização do nacional-desenvolvimentismo, através de um aparato institucional
voltada aos princípios da autarquia e do isolamento, quando a necessidade histórica
requeria uma moldura institucional voltada para a competição e integração.
Para Cardoso, enquanto o Brasil insistia no velho modelo, o mundo passava
por transformações, sem perceber nos tornamos “antiquados”, surgia um mundo novo

3
“No seu entender, não se tratava, no fundo, de uma polarização entre conservadores e progressistas, mas,
respectivamente, da reminiscência do atraso e do populismo. Ou seja, de um lado, setores encastelados no estado que
se aferravam aos esquemas clientelistas e “cartoriais” da máquina e, de outro, setores que defendiam os direitos
sociais, mas sob o viés populista” (SOBRINHO, 2004, P.258)
em nossas costas sem que sequer tenhamos percebido. O novo mundo são as mudanças
organizacionais e tecnológicas, surgidas durante os anos 1970 na “velha Europa”, essa
revolução tecnológica permitiu ampliar a acumulação de capital com melhor
distribuição de renda, as mudanças organizacionais permitiram o espraiamento da
produção ao redor do globo, aumentando a rede de integração comercial mundial, de
modo que o velho modelo desenvolvimentista era intensivo em mão-de-obra e recursos
naturais, o novo mundo prescinde desses recursos, inclusive os condena por ser
socialmente injusto e ambientalmente insustentável. Para ele, a demora em debelar o
processo inflacionário e relocar o país nos rumos do desenvolvimento se deve a negação
de que o mundo havia mudado.
Seguindo para o governo Collor, FHC sempre defendeu um pacto nacional,
entre os vários setores da sociedade para propor uma oposição responsável que
encaminha-se as reformas necessárias para tirar o Brasil da crise que se encontrava, no
entanto, sempre foi muito cioso de se aproximar do Governo, tanto que manteve-se
distante. Considerava que o Governo Collor foi um “tremor na terra” do país. Apesar
dos equívocos achava que o governo, “[...] colaborou para a revitalização da sociedade e
um consenso maior em torno das principais reformas necessárias para o país, como a
privatização, redução do déficit público e a necessidade de internacionalização da
economia, de modo que o país estava, diante de um novo projeto nacional, pelo menos
in fieri” (SOBRINHO, P. 343)
Foi à exaustão da inflação que produziu na sociedade o sentimento de que
era impossível continuar coexistindo com a inflação que não dava trégua. Foi esse
sentimento que entregou as possibilidades políticas para um plano deflacionário
vitorioso, do qual esteve à frente como Ministro da Fazenda. Foi o sucesso do plano o
fiador da vitória como candidato a presidência. E neste momento seu projeto de país foi
apresentado com todas as letras em seu discurso de despedida do senado federal.
Levamos a cabo a tarefa de transição. 4[...] Eu acredito firmemente que o
autoritarismo é uma página virada na História do Brasil. Resta, contudo, um
pedaço do nosso passado político que ainda atravanca o presente e retarda o
avanço da sociedade. Refiro-me ao legado da Era Vargas – ao seu
desenvolvimento autárquico e ao seu Estado intervencionista. Esse modelo,
que a sua época assegurou progresso e permitiu a nossa industrialização,
começou a perder fôlego no fim dos anos 1970. [...] No fim da década
perdida, os analistas políticos e econômicos mais lúcidos, das mais diversas
tendências, já convergiram na percepção de que o Brasil vivia, não apenas
um somatório de crises conjunturais, mas o fim de um ciclo de
desenvolvimento de longo prazo. Que a própria complexidade da matriz
produtiva implantada excluía novos avanços da industrialização por
substituição de importações. Que a manutenção dos mesmos padrões de
protecionismo e intervencionismo estatal sufocava a concorrência necessária
à eficiência econômica e distanciava cada vez mais o Brasil do fluxo de
4
Neste ponto FHC alude a sua afirmação neste mesmo discurso de que sua eleição representava o ponto final da
transição democrática no Brasil. Cf. p.4
inovações tecnológicas e gerenciais que revolucionavam a economia
mundial. E que a abertura de um novo ciclo de desenvolvimento colocaria
necessariamente na ordem do dia os temas da reforma do Estado e de um
novo modo de inserção do País na economia internacional. (CARDOSO, F.
1995; P.9-11)
A longa citação acima esmiúça a análise FHC sobre os desafios brasileiros.
Com a sua eleição o Brasil concluía sua longa transição democrática, iniciada pelo
governo Geisel, agora era necessário concluir a segunda transição iniciada de forma
atabalhoada pelo governo Collor, o fim do passado getulista que atravancava o
desenvolvimento brasileiro, seu modelo de Estado desenvolvimentista e o objetivo de
um desenvolvimento autárquico. Para FHC a persistência neste modelo de Estado e seu
modelo desenvolvimento altamente protecionista deixava o Brasil de fora das
modernizações industriais dos últimos anos. Nesse sentido, vemos além de um olhar
sobre o passado uma perspectiva otimista sobre o presente, no que tange a globalização,
sobretudo quando alude à distância da economia brasileira das inovações tecnológicas e
gerenciais, e a possibilidade de modernização via integração ao movimento econômico
mundial. A agenda de transição colocava dois pontos essenciais Reforma do Estado – o
entulho do passado e um novo modelo de intervenção estatal-; segundo, uma abertura da
economia que colocasse a economia Brasileira nos novos eixos de transformação da
economia mundial.
Quanto aos pilares do novo governo os definia em quatro. A manutenção e o
aprofundamento da estabilidade macroeconômica produzida pelo plano Real; segundo a
abertura da economia, com a diminuição das barreiras tarifárias, o firmamento de
acordos de comércio multilaterais, como a ALCSA (Área de Livre Comércio Sul-
Americana) e o MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), nas quais tinham por objetivo
modernizar a indústria nacional, para promover a exportação e possibilitar o aumento
das importações; o terceiro ponto é a mudanças nas relações entre Estado e Mercado, o
novo modelo de desenvolvimento deve transferir o protagonismo do Estado para o setor
privado, o Estado produtor cede o lugar para o Estado regulador. “Em vez de substituir
o mercado, trata-se, portanto, de garantir a eficiência do mercado como princípio geral
de regulação” (Cardoso, 1995, p.17). Para tanto, cabe ao Estado criar um novo
ambiente institucional que retire o excesso de proteção às indústrias nacionais, que
passe a tratar de forma semelhante empresa nacional e estrangeira. O quarto ponto, é a
constituição da infraestrutura econômica e social para o novo modelo de
desenvolvimento. Neste ponto, FHC toca na necessidade de avançar no processo de
modernização e construção de uma infraestrutura econômica, para tanto, este setor
contará com financiamento do Estado, e por outro, a estabelecer novos marcos
institucionais de parcerias público-privado, incluindo a privatização de setores de
infraestrutura para garantir o investimento nesses setores. O segundo ponto deste quarto
item é o investimento em políticas sociais, tendo como sócio destas parcerias as ONGs,
segundo FHC “organizações neo-governamentais”, que provaram seu valor no combate
as misérias e iniquidades sociais brasileiras.
Resumindo: estabilidade macroeconômica assentada na disciplina fiscal e
monetária, com a continuidade do Plano Real; integração da economia
brasileira ao mercado mundial; preponderância da iniciativa privada no setor
produtivo, acompanhada pelo esforço dos instrumentos de regulação do
Estado; constituição de uma infraestrutura econômica e social moderna
através de novas formas de parceria entre Estado, empresa e comunidade.
Eis, no meu entender os pontos fundamentais da agenda de reformas que
temos pela frente, para que a retomada do crescimento nos últimos anos seja
de fato o início de um novo ciclo de longo prazo. (CARDOSO, 1995, p. 23)
Ao analisarmos seu projeto de país, vemos certo congraçamento de sua
trajetória política e acadêmica, de modo, que é possível observar certa correspondência
entre essa trajetória e o seu projeto de país. Como visto o fato de estarmos numa
condição de dependência não significa uma impossibilidade de desenvolvimento, poder-
se-ia consciente dos problemas nacionais, pactuar novas formas de inserção periférica.
Se nos anos 50 a crença anti-industrialista do imperialismo era falaciosa, para Cardoso
nos anos 90 as oportunidades eram diversas, a globalização era uma realidade,
poderíamos elaborar uma estratégia de inserção periférica exitosa, semelhante à dos
países do leste-asiático que estavam aproveitando as mudanças da globalização para
outra forma de inserção. Neste ponto se quisermos identificar os alvos deste projeto, se
faz necessário identificar sua leitura sobre a conjuntura geopolítica daquele momento,
na qual identifica as possibilidades do desenvolvimento nacional.
Para Cardoso a globalização apresenta do ponto de vista positivo a
internacionalização da produção e a ampliação do comércio intrafirmas. Para as
economias periféricas, os anos 1990 apresentam um novo caráter, como vimos
anteriormente, o capital estrangeiro nos anos 50 deixou de explorar as economias
periféricas como simples enclaves produtivos, com a chegada das multinacionais a
periferia passou a produzir novos bens industriais com os investimentos dessas
multinacionais. Nos anos 1980 com o espraiamento da produção, os diversos países
receptores desses investimentos começam uma disputa acirrada em termos de ambiente
macroeconômico para tornarem-se aptos para receber esses investimentos, para tanto, o
desafio nacional era entregar uma imagem positiva para os investidores externos. Por
isso, a defesa da competição, do espírito empresarial, da estabilidade macroeconômica e
a crítica ao protecionismo e as práticas do velho nacional-desenvolvimentismo. Para
Cardoso quanto mais se insista nas práticas do antigo modelo mais distante ficaríamos
da torrente de investimentos externos propiciada pela globalização.
O cenário mudou, em seu entender a globalização carrega consigo novas
oportunidades, todavia, ela é ainda mais excludente que o processo de
transnacionalização dos anos 1970, pois, agora uma multinacional não precisa produzir
num mercado nacional para ter acesso a este. Com o avanço das telecomunicações e dos
transportes, qualquer empresa multinacional pode produzir partes de sua mercadoria em
diversos países do mundo e exportar o seu produto final para um país que sequer produz
alguma parte desta mercadoria. A globalização é vista como uma nova configuração da
divisão internacional do trabalho. De um lado, estavam os países integrados ao
comércio mundial, e que teriam todas as condições econômicas para promover o bem-
estar de sua população; de outro, ficariam os países excluídos do comércio, e que agora
não poderiam contar com o recurso da “autonomia nacional”, que neste novo cenário
competitivo leva ao isolamento, e do isolamento para a estagnação como no caso
brasileiro. Todavia, o volume do comércio intra-firmas é que geram as novas
possibilidades, as multinacionais se direcionam para países com diferenciais
competitivos, para FHC são a mão-de-obra qualificada e as tecnologias disponíveis
destes países. Por isso, a globalização é um fato, o que se pode fazer diante da realidade
é um projeto modernizador que busque se apropriar daquilo de melhor que ela tem a
oferecer, acesso aos mercados e tecnologia.
A globalização era um fato, assim como o capitalismo uma nova fase da
expansão deste modo de produção, e como todas as outras fases, carrega consigo as suas
contradições, Cardoso não se furtou de observa-las, como ponto negativo, criticava a
volatilidade dos fluxos financeiros internacionais:
A mobilidade dos fluxos financeiros através das fronteiras nacionais pode ser
vista como uma forma eficiente de alocar recursos internacionalmente e de
canalizá-los para os países emergentes, por outro, a volatilidade dos capitais
de curto prazo e a possibilidade de seu uso para ataques especulativos contra
a moeda são considerados como uma nova forma de ameaça a estabilidade
econômica do país. (Cardoso apud Bentes, 2006, p.113)
Os Estados nacionais ficam atados ante aos ataques especulativos. Via a
necessidade de disciplinar os fluxos financeiros internacionais, todavia, era necessário
um consenso internacional sobre as normas de funcionamento dos mercados financeiros
internacionais. Para Cardoso, a partir do consenso era possível disciplinar a
globalização financeira.
O papel do Estado na nova ordem por essas duas condicionantes, mesmo a
que enxerga como mais positiva, tende a perde alguns aspectos de sua força. Pelo lado
econômico há um consenso invisível de que a única alternativa é a estabilidade
macroeconômica, de modo, que não cabe mais o intervencionismo estatal nas forças do
mercado. Todavia, “ao contrário do que pregam muitos globalistas, FHC argumenta que
apenas um Estado forte e com maior capacidade de implementação poderá ser capaz de
cumprir a tarefa de minimizar os efeitos negativos da globalização e atender as
demandas da sociedade civil”. Se por um lado, o Estado perde sua força em alguns
aspectos, por outro, pode canalizar aquilo que lhe resta para melhorar o bem-estar da
população focando-se naquilo que é essencial nos serviços público. O mesmo FHC
pensava, no entanto, que apesar das enormes dificuldades geradas pela globalização,
com uma política econômica responsável e consciente é possível atenuar os efeitos
negativos da globalização. Portanto, o olhar de FHC é positivo sobre a globalização, não
deixa de reconhecer suas assimetrias e dificuldades, mas aparece sempre como um
desafio de integração, sua luta é pela defesa da internacionalização da economia
brasileira, como o eixo central do novo projeto de país, da nova estratégia de
desenvolvimento. Como analisado por Ana Paula Bentes FHC,
Apesar de entender a globalização como eminentemente excludente, defende
a tese de que está não é uma posição determinista, não necessariamente
haverá exclusão ou desemprego estrutural do país globalizado. Tudo vai
depender da composição da economia em questão, das variáveis internas e
externas e, sobretudo da capacidade negociatória de seus governantes.
Exatamente como tratava a questão do desenvolvimento associado nas
décadas de 1960 e 1970. (Idem, 2006, p.119)
Os eixos da nova estratégia de negociação é promover a abertura da
economia brasileira, mas investindo em tecnologia e formação de capital humano, a
globalização para Cardoso pode gerar o efeito indesejado de exclusão da mão-de-obra
não qualificada, a histórica educação deficitária brasileira precisava ser corrigida para
nos inserirmos competitivamente na economia internacional. Na geopolítica, a
necessidade de multilateralismo, países em desenvolvimento que tivessem interesses em
comum poderiam enfrentar as assimetrias da globalização, e uma forma de promover
uma abertura econômica com a capacidade negociatória requerida.
A partir da compreensão de sua leitura sobre a globalização, e seu projeto de
país, podemos identificar quais frações de classes são prioritárias no projeto de
desenvolvimento-associado de FHC. Os objetivos traçados pelo seu governo não pairam
no ar, podem até visar o interesse da maioria da população, mas convergem ou
divergem dos interesses particulares das classes dominantes. Nesse sentido, o núcleo
para o qual os pontos centrais do seu projeto de desenvolvimento convergem é o capital
estrangeiro, visto que o binômio abertura e estabilidade macro requerem para serem
alcançados uma boa relação com o capital estrangeiro. Tanto para a entrada de capital
estrangeiro para financiar o balanço de pagamentos, quanto o IDE (Investimento Direto
Externo) necessário para modernizar a indústria brasileira, e permitir maior capacidade
de exportação. Logo, fica claro que a classe priorizada pelo governo são os grupos
internacionais.
Por outro, sempre viu com desconfiança a burguesia interna, posição essa
que pode ser compreendida desde a publicação do livro Dependência e
Desenvolvimento na América Latina, a burguesia nacional não tem, e não terá o papel
civilizatório que teve nos países centrais, sempre preferiu a associação com o capital
estrangeiro à promoção dos interesses nacionais. Sempre criticou algumas frações de
classes nacionais, especialmente os industriais. Quando na implementação do plano
Real criticou a posição da FIESP, defendiam que não havia correlação entre déficit
público e inflação (CARDOSO, 2006, P.144), por isso, a fração nacional que se
colocasse antagônica aos interesses da abertura da economia seria criticada por Cardoso.
Estas são vistas como atrasadas, dependentes do clientelismo estatal, responsáveis junto
das elites estatais da crise do estado desenvolvimentista, portanto, estariam sempre
alijadas de terem seus interesses promovidos pelo governo, a não ser que se colocassem
como parceiras do capital estrangeiro.
Mais do que uma crítica a burguesia interna, FHC enxerga no processo de
abertura da economia uma forma de modernizar a economia brasileira, eliminaria
setores artificiais que só existiam em decorrência do protecionismo, politicamente,
pode-se aludir que o processo de abertura minaria o poder político de “velhos” grupos
industriais paternalistas que cresceram ao longo da industrialização sob as expensas do
Estado. Essa burguesia sairia renovada do processo de abertura, as que sobrevivessem
deixariam de requererem do Estado proteção para se aliarem ao processo de abertura
para terem novas oportunidades competitivas. Logo, estar-se-ia forjando com a abertura
uma configuração de forças políticas interna capaz de responder ao desafio da
globalização.
Em nosso entendimento, o processo de abertura é central no projeto de país
de Cardoso, é quase um valor absoluto, um fim em si mesmo, que em seu processo
excomungaria todos os males nacionais. A economia seria moderna e competitiva; a
competição poria fim no clientelismo e no patrimonialismo; socialmente permitiria a
incorporação de camadas sociais historicamente excluídas dos processos de
modernização ocorridos no Brasil.
Em síntese, podemos dizer que o projeto de país de FHC pode ser resumido
em dois pontos essenciais – reforma do Estado e abertura econômica. O segundo guia a
primeira. Com a reforma do Estado pretendia substituir o Estado produtor pelo Estado
regulador, com isso, resguardar os cofres público para atuar como agente transformador
das mazelas sociais. Deveria realizar os investimentos em bem-estar e deixar o mercado
cuidar da economia. A abertura da economia permitiria que a ausência do Estado fosse
compensada com o investimento privado que seria atraído por esse novo espírito
empresarial do Estado brasileiro, esses investimentos podem ser tanto externos como
internos, mas a aposta de FHC é que ele seria em sua maior parte externo.

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