HISTÓRIA DA ARTE A Idade da Pedra Lascada, ou Período Paleolítico
(cerca de 400 mil anos atrás) é o tempo dos “homens das
Professora: Maria Cristina Mendes
PRIMEIRA UNIDADE
Introdução
Quando estudamos a história da arte, em primeiro
lugar, nos apoiamos em objetos ou imagens que o tempo
consagrou como importantes para a compreensão da
trajetória do homem desde a antiguidade até os dias de
hoje. Notamos que diferentes épocas são representadas de
diferentes maneiras. Perceber e expressar o mundo de
modos distintos, não significa dizer que a arte de tal período
é melhor ou pior que a arte de outro. Estudar arte nos ajuda
a compreender melhor o caminho da humanidade e sua
relação com o mundo que nos cerca.
Todos nós temos, no entanto, a sensação de
prazer ou desprazer diante de determinadas imagens. É
importante, neste momento, lembrar que muitas vezes a
arte não vai tratar das questões do belo de um modo
simples. Por exemplo: muitas vezes uma obra de arte pode
nos parecer extremamente “feia” e ser um excelente
trabalho; com certeza ela se refere aos momentos
históricos onde os padrões de beleza eram outros, ou
ainda, esta mesma obra necessariamente expressa alguma
circunstância atroz de nossa civilização.
De acordo com o respeitado historiador da arte
“Há razões erradas para não se gostar de uma obra de
arte” (GOMBRICH, 1999, p.5). Este fato pode ser alterado,
todavia, quando nos decidimos a compreender melhor o
que aquela pintura ou escultura nos diz. Este
aprofundamento na leitura da imagem gera uma mudança
de gosto, aprimora nossa sensibilidade, assim como nos
mostra um cotidiano mais repleto de significações.
Isto não implica, entretanto, que tenhamos que
saber de cor tudo que os grandes nomes da história da arte
já escreveram. Neste caminho, onde não há receita de
verdade, o ideal é nos cercarmos de referências
importantes, sem cair nas armadilhas de um saber frio e
repetitivo. O legado desta disciplina, hoje, mais do que
nunca, circula na publicidade, nas bancas de revista ou na
internet. O acesso às obras, que se mantinha atado aos
museus ou aos específicos livros de arte, atinge o grande
público, mas, ma maioria das vezes, de um modo muito
superficial. Espera-se, deste texto, que contribua para uma
visão mais abrangente dos distintos períodos artísticos e
sua seqüência temporal. Elemento norteador para possíveis
estudos posteriores, ele pode ser considerado como uma
espécie de bússola nesta trama de imagens do mundo
contemporâneo.
Pré-História
Por mais estranho que nos possa parecer, o
surgimento do homem no planeta terra é um complexo e
intrincado problema. Até o surgimento da teoria
evolucionista de Charles Darwin, se alguém afirmasse que
o homem descende do macaco, seria, com certeza,
considerado insano.
Fato é que encontramos vestígios de nossos mais
remotos antepassados há cerca de um milhão de anos,
quando a fabricação de utensílios, ao associar forma e
função, comprova um ato mais complexo do pensamento
que pode se caracterizar como humano.
cavernas”. E muito embora saibamos que na áfrica e
mesmo no continente americano são encontrados crânios
de espécies similares, os estudos sobre arte, detêm-se
mais especificamente no norte da Espanha e sudeste da
França. São os povos Aurinhacences e Madalenenses, que
deixaram seus registros nas paredes das cavernas, no que
se denomina por Pintura rupestre. Executadas em recantos
escuros e profundos das grutas que intrigam os
pesquisadores por seu propósito mais complexo que a
mera decoração.
Certamente estes povos desconheciam o que hoje
chamamos de arte. E para eles, a gravação de imagens tais
como bizões, cavalos ou touros, tinha uma função mágica.
Segundo Janson “...não pode haver dúvida de que foram
executadas para servir um rito mágico destinado, talvez, a
assegurar o êxito da caça” (JANSON, 1999, p.24). Segundo
este mesmo pensamento, um outro tipo de objeto também é
característico do Período Paleolítico: pequenas estatuetas
de osso, pedra ou marfim, em formas femininas
arredondadas, às quais se atribui o título de deusas da
fertilidade. Como se apreende do nome, elas seriam um
auxílio divino para a garantia da continuidade destas tribos
nômades. Um belo exemplar destas deusas é a Vênus de
Willendorf, encontrada na Áustria; ela possui cerca de doze
centímetros de altura e deve ter sido executada entre 25 e
20 mil anos a. C.
As primeiras tentativas bem sucedidas de
domesticar animais e cultivar plantas aconteceram a cerca
de 10 mil anos atrás. Surgiram, então, as aldeias, que são o
marco do Período Neolítico, também conhecido por Idade
da Pedra Polida. Aparecem a cerâmica, a fiação e a
tecelagem. Iniciam-se as construções em madeira, tijolo e
pedra.
Em Jericó, na Palestina, foi encontrado um grupo
de cabeças modeladas que teria sido executado, segundo
os restes realizados, em cerca de 7000 a.C. Estas imagens
são as precursoras da arte do retrato, tema que perdurará
até a queda do Império Romano. Modeladas sobre caveiras
humanas, eram veneradas pelos descendentes do morto e
garantiam a tradição da continuidade familiar.
Em Çatal Hüyük, na Anatólia, encontram-se os
primeiros santuários da humanidade. As pinturas de cenas
de caça que decoram as paredes lembram o paleolítico,
muito embora, neste sítio arqueológico, elas se
assemelhem mais a um ritual em honra da divindade
masculina do que atividades vitais para a sobrevivência do
grupo.
Em várias regiões da Europa, encontram-se
preservados monumentos megalíticos, ou seja: blocos de
pedra que serviram a propósitos religiosos, cujo sentido não
pode mais ser compreendido. Os Dolmens seriam os
sepulcros ou casas dos mortos e os Cromlechs serviriam
para cerimônias religiosas. Um bom exemplo deste último é
o monumento de Stonehenge, na Inglaterra, que aparece
freqüentemente em filmes do circuito comercial, ou em
documentários de canais especializados.
No continente americano, um intrigante trabalho do
período Pré-histórico é o complexo das Linhas de Nazca
(200 a.C a 700 d.C), onde as formas de diversos animais só
podem ser vistas por completo a uma altura muito superior
à capacidade humana antes do advento das aeronaves.
Também na Ilha de Páscoa, encontramos uma série de
esculturas exemplares.
O que fica claro, do período pré-histórico é a
preocupação com as forças superiores que, para estes
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povos, rege a natureza. Natureza, esta, da qual o ser
humano é parte integral. Assim como as pinturas corporais
utilizadas pelos aborígenes australianos, povos africanos e
índios brasileiros, isto a que hoje chamamos de arte, parece
ser algo mais próximo a um meio de comunicação entre os
deuses e os homens.
. Seu sucessor, Tutankhamon, seguiu estes mesmos
SEGUNDA UNIDADE
Egito
A arte do antigo Egito é relevante para nosso
estudo, pois existe uma tradição que a liga diretamente até
nós. Segundo Gombrich “os mestres gregos freqüentaram a
escola dos egípcios – e todos nós somos discípulos dos
gregos” (GOMBRICH, 1999, p. 30). Explico: os romanos
seguram a cultura grega e deram origem à tradicional
cultura ocidental da qual fazemos parte, tanto pela língua
de origem latina quanto pela série de “colonizações a que
fomos submetidos. Apesar de parecer mais fácil a nossa
identificação com a tradição grega, é um desafio procurar
descobrir no nosso dia-a-dia, que tipo de familiaridade nos
proporciona esta arte produzida nas margens do rio Nilo,
entre os anos 3.000 e 500 a.C.
Sempre que falamos do Egito, lembramos das
pirâmides que emergem sobre um imenso deserto que
parece não ter fim. Construídas na quarta dinastia do Antigo
Império, Quéops, Quefren e Miquerinos representam o
ponto culminante deste tipo de monumento. Serviam, em
primeira instância, para preservar o corpo do faraó da
decomposição. É importante lembrar que o faraó era
considerado, ao mesmo tempo, humano e divino e,
segundo a crença egípcia, retornaria do mundo dos mortos
para aquele mesmo corpo, razão pela qual seu cadáver
passava por cuidadosos processos durante a mumificação.
Para nós, isso pode parecer demasiadamente estranho,
mas foi perfeitamente aceito, por muito tempo, que os
servidores do faraó o acompanhassem nessa temporária
jornada no mundo dos mortos. Mais uma vez, a arte surgiu
para socorrer os vivos: no lugar do sacrifício de servos e
escravos, as imagens funcionam como substitutos. Muitas
pinturas e esculturas encontradas nas pirâmides e em
outros túmulos egípcios mostram os servidores do faraó ou
do nobre no cumprimento de suas funções; suas vidas
foram poupadas pois suas imagens os representariam no
outro mundo.
A escultura teria também a potência de se
transformar em uma magnífica morada para o espírito. O
corpo, mesmo representado com certa impessoalidade,
costuma sugerir alguns traços do indivíduo. A observação
da natureza e a regularidade geométrica serão as maiores
características da arte egípcia.
A figura humana, na pintura e no baixo-relevo,
segue os cânones estabelecidos pela Lei da Frontalidade: o
rosto desenhado de perfil, o olho e os ombros vistos de
frente, os quadris de frente e as pernas e pés de lado. A
idéia dos artífices era utilizar as formas no seu modo mais
claro de representação. A pele das mulheres era pintada em
um tom mais claro que a dos homens, e a estatura feminina
devia ser menor que a masculina. As pessoas mais
importantes da cena eram também desenhadas num
tamanho menor do que aquele de seus criados.
A estabilidade da arte egípcia na representação do
homem e da natureza só foi abalada por Amenófis IV, faraó
da 18° Dinastia do Novo Império. Até então, o Egito era
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politeísta, isto é, seu povo acreditava na existência de
muitos deuses, cada um deles com suas características
específicas. Akhnaton, como se autodenominou o faraó,
segundo Aton, o deus sol, mudou-se com a corte para um
local que hoje se chama El-Amarna. As obras de arte deste
período são muito mais naturalistas e menos geométricas.
padrões, mas ainda em seu reinado as “velhas crenças
foram restabelecidas e a janela para o mundo exterior
voltou a ser fechada” (GOMBRICH, 1999, p.42). Nos mil
anos que o seguiram, a arte egípcia retornou aos padrões
de estabilidade anteriores.
TERCEIRA UNIDADE
Arte Grega
Ao estudarmos a arte da Grécia antiga, o que mais
nos surpreende é percebermos o quanto ela moldou nossa
forma de ver o mundo. Os padrões de beleza, ideal e
perfeição, remontam a este período. A complexidade desta
civilização, entretanto, requer uma análise detalhada, que
inclui uma incursão pela filosofia, pois foi na terra de
Sócrates, Aristóteles e Platão que se forjou aquilo que se
considera o pensamento ocidental.
Grande parte do nosso vocabulário provém de
radicais gregos, ou ainda dos romanos, que se apropriaram
do conhecimento grego. A riqueza da mitologia grega até
hoje define os padrões do comportamento humano. Na
literatura, Homero é constantemente atualizado, na
arquitetura, muitos edifícios ainda remetem aos padrões
clássicos estabelecidos durante a supremacia grega.
Foi na ilha de Creta que se deu o germe desta
civilização, naquilo que é denominado por Mundo Egeu.
São deste período os relatos do Minotauro, de Helena de
Tróia e outros acontecimentos tão difundidos pelo cinema.
O que estudaremos como “Arte Grega”, no entanto,
aconteceu num período posterior, a partir do século VI a.C.
quando, no lugar da utilização da madeira, eles passaram a
construir seus templos em pedra.
Dentre as cidades-Estado gregas, Atenas se
tornou a mais famosa por sua produção artística. E é na
escultura que percebemos com mais clareza a evolução
estilística do período. Inicialmente rígidas e estáticas, à
representação tridimensional das figuras humanas dava-se
o nome de Kouroi e Kourai, denominações que equivalem,
respectivamente, às esculturas masculinas e femininas;
eram rígidas, geometrizadas e remetiam aos padrões da
escultura egípcia. Com o transcorrer do tempo, estas
esculturas foram se tornando mais soltas, até atingirem um
ideal de movimento jamais imaginado.
A arte grega costuma ser dividida em três
períodos: arcaico, clássico e helênico. É importante lembrar,
todavia, que entre o mundo Egeu e o período arcaico, uma
extensa produção de pintura em vasos de cerâmica, os
estilos geométrico e orientalizante, mereceria um olhar mais
atento, não fosse a brevidade necessária deste texto.
De um modo muito resumido, do período arcaico
importa lembrar os Kouroi ou Kourai, anteriormente
mencionados e a cerâmica que se divide entre os vasos de
figuras negras e de figura vermelhas. É deste período
também, a primeira escultura que esboça uma pessoa que
sorri – este sorriso arcaico é pontual para a história da arte,
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pois, é onde os historiadores diagnosticam o início da idéia
da “animação” que permeia a evolução da escultura.
No período clássico (anos 400 a.C.), além desta
gradativa liberdade de expressão, são construídos os
templos da Acrópole de Atenas. Erigidos para seus deuses
e deusas, neles encontramos a definição das “ordens”
arquitetônicas clássicas: dórica, jônica e coríntia.
Já o período helenístico, que vai até o século I
a.C., acontece no auge da expansão do mundo grego, com
trabalhos patrocinados por Alexandre Magno. Os templos e
as esculturas, agora produzidas num vasto território, têm
sua representação mais conhecida através das estátuas em
mármore do Grupo Laoconte e da Vitória ou Nike de
Samotrácia.
É importante pontuar, antes de concluir este texto,
que para um melhor entendimento da arte produzida na
Grécia antiga, é importante mencionar a relação entre a
política e a arte. As diversas guerras e os conflitos internos
desempenharam um papel decisivo para a estética da
época. Este fato pode ser percebido pela atenção que a
indústria cinematográfica dedica ao assunto, abordando
constantemente, de novas formas, relevantes informações.
Arte Romana
O Império romano foi fundado sobre as ruínas dos
reinos helênicos e até hoje estudamos muito sobre a
escultura grega a partir das cópias romanas. Executadas
exaustivamente, muitas delas perderam suas
características originais, mas mesmo assim, atestam a
admiração que os romanos nutriam pela arte grega.
Uma característica dos romanos era preservar o
costume dos povos conquistados e. se devemos mencionar
de alguma inovação na arte romana, ela se restringe ao
campo da engenharia civil.
No entanto, devemos lembrar que, é sob a égide
do Império Romano que se estabelece o principal
fundamento da civilização ocidental: o nascimento de
Cristo. E é em função dele que a arte dos períodos
subseqüentes se pautará. É dentro do período romano que,
posteriormente, se institui o ano zero, razão mais do que
suficiente para compreendermos seu valor.
Neste momento, tratamos de um período
de imeradores, cujo principal intuito era manter seu poder
sobre os territórios conquistados. Estradas e aquedutos
garantiam a comunicação e o bem estar social. Arcos do
Triunfo louvavam os feitos dos imperadores através de boa
parte do continente europeu.
O mais famoso dos edifícios romanos é o Coliseu.
Três ordens de arcos sobrepostos estruturam os assentos
do lado interno do anfiteatro. O térreo é uma variação do
estilo dórico, o segundo andar tem características jônicas e
o terceiro e quarto, coríntias. Arena criada para lutas entre
gladiadores, possui em seu subsolo dutos que permitiam
que ela se enchesse de água e abrigasse, também,
batalhas navais.
Os romanos adotaram também dos gregos a
utilização de retratos que representassem os modelos reais.
O rosto do imperador deveria ser olhado com temor.
Distintamente dos gregos, estes retratos eram mais fiéis
aos modelos e é graças a eles que podemos, hoje,
conhecer as feições de muitos destes valorosos homens.
Com a arte romana se encerra um período clássico
da história da arte. As mudanças advindas do pensamento
cristão alterarão substancialmente as formas artísticas dos
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períodos subseqüentes e todo um novo imaginário será
estruturado a partir da nova religião monoteísta.
Referências Bibliográficas
GOMBRICH, E. H. História da Arte. São Paulo: Círculo do
Livro, 1999.
JANSON, H.W. História da Arte. São Paulo: Martins Fontes,
1993.
QUARTA UNIDADE
Paleocristão
A ascensão do cristianismo significou o fim do
mundo antigo. Em. 311 d.C o Imperador Constantino
estabeleceu que a Igreja Cristã era um poder do Estado Em
313, o Édito de Milão deu liberdade de culto aos cristãos e
em 323, Constantino mudou a capital do Império Romano
para Bizâncio, que foi posteriormente chamada de
Constantinopla e hoje é a cidade de Istambul. Com a
liberação do culto cristão, os encontros que eram às
escondidas, puderam ser realizados à luz do dia.
O Império do Ocidente, por esta espécie de
abandono dos governantes, passou a ser presa dos povos
bárbaros e o poder centralizado acaba por desaparecer. O
Império do Oriente, sob o comando de Justiniano (527 a
565) adquire nova estabilidade e mantém-se até 1453,
quando os turcos conquistam Constantinopla.
A divisão do Império Romano gera um cisma
religioso. A Igreja Ocidental forma a Igreja Católica e a
Oriental forma a Igreja Ortodoxa. A Igreja Católica tem uma
independência da autoridade política e a Igreja Ortodoxa,
por sua vez, une as autoridades espiritual e secular na
pessoa do Imperador, ou seja, o Patriarca. Este segundo
modelo de gestão religiosa é uma adaptação cristã da
herança egípcia.
A separação religiosa entre o Ocidente e o Oriente,
mais do que a diferença política entre ambos, terá
repercussão constante em toda nossa história. No caso
específico da história da arte, estas diferenças
impossibilitam estudar a arte cristã do Império Romano em
um único capítulo.
O que chamamos de Paleocristão não constitui um
estilo no sentido exato do termo. Referimo-nos, neste
momento, a qualquer obra que precedeu o cisma da Igreja
Ortodoxa. Pelo fato do culto à Cristo ter sido, inicialmente,
proibido pelos governantes da época, nenhum registro da
arte praticada pelos cristãos é encontrado antes do ano
200. As primeiras obras de arte estudadas são as pinturas
encontradas nas catacumbas, local de encontro dos
cristãos, cuja característica principal é registrar, com
simplicidade de meios técnicos, as cenas do Antigo e do
Novo Testamento.
A escultura tinha um papel secundário, pois as
estátuas poderiam levar à idolatria, procedimento proibido
no Velho Testamento. A produção de estátuas de figuras
humanas em tamanho natural foi, portanto, evitada.
Diferentemente da arte greco-romana, a estatuária
do período tinha um sentido nitidamente anti-monumental.
Alguns exemplos de trato com o relevo, no Século III, são
encontrados nos sarcófagos de mármore de proeminentes
membros da Igreja.
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As representações da imagem do rosto de Cristo,
tanto no período Paleocristão, como no Estilo Bizantino,
mostram uma figura austera, com feições fortes. Este tipo
de representação é denominado Cristo Pantocrator.
Arte Bizantina
A Arte Bizantina é um tipo peculiar de arte do
Império Romano do Oriente. Um novo sistema arquitetural
foi criado, mas, das Basílicas construídas, nenhuma delas
chegou até os dias de hoje em sua forma original. Quando
Janson se refere às construções do período, afirma: ”Aqui,
deixando atrás de nós o mundo cotidiano, encontramo-nos
num resplandecente domínio de luz e cor, onde as
superfícies de preciosos mármores e a brilhante cintilação
dos mosaicos evocam o esplendor do reino de Deus”
(JANSON, 1993. p. 197). Um bom exemplo deste tipo de
sistema arquitetural é a Igreja de Santa Maria Maggiore, em
Roma, pois no Oriente, nada restou deste tipo de
construção.
Janson divide a arte bizantina em dois períodos: A
primeira e a segunda Idade de Ouro.
Na primeira Idade de Ouro, os monumentos de
Constantinopla foram destruídos. Tal e qual nas
construções do Paleocristão, os exemplares que nos
restam encontram-se na Itália, na Igreja San Vitale e na
San Apollinare in Classe. Nesta última está localizado um
dos mais importantes mosaicos do período: o Imperador
Justiniano, sua esposa Teodora e seu séqüito parecem
habitar em um tempo diferente. Longe da efemeridade da
vida terrena, a imagem invoca um eterno presente, cuja
eternidade se ancora na dourada transparência do céu.
O outro templo bizantino, cujo esplendor é
inquestionável é a Hagia Sophia, ou Igreja da Sagrada
Sabedoria, construída entre 532 e 537. Transformada em
Mesquita após a conquista turca, inicialmente uma Igreja
Cristã, foi transformada, posteriormente em uma mesquita.
Na segunda Idade de Ouro, as igrejas são mais
modestas, de espírito mais monástico que imperial. Os
monumentos mais famosos são: a Igreja de São Marcos em
Veneza e a Catedral de São Basílio em Moscou.
Depois da época de Justiniano, a escultura e a
pintura bizantinas foram afetadas pela Questão
Iconoclástica. O Édito Imperial de 726 proibia o uso de
imagens religiosas e por cerca de 100 anos o povo se
dividiu. Os iconoclastas ou destruidores de imagens das
províncias orientais reduziram a arte religiosa a símbolos
abstratos e a signos vegetais ou animais. Os iconófilos das
províncias ocidentais representavam Cristo através de uma
doce melancolia, constituindo a melhor tradição do período.
Também são importantes no sistema
representativo do período bizantino, os rolos, os livros e as
iluminuras, cuja utilidade era, basicamente, divulgar os
preceitos da nova religião.
Os ícones, que haviam surgido no Paleocristão,
são imagens sagradas que, supunha-se, apareciam na terra
milagrosamente por vontade divina e eram as fontes de
representação depois executadas pelos homens. Eram
objetos de veneração, cujos padrões de rigidez foram
repetidos exaustivamente. Os mais preciosos são
mosaicos, mas muitos deles também são pequenas
pinturas. Os ícones se alastraram através da doutrina
ortodoxa e continuaram a ser executados mesmo depois do
final do período bizantino.
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Arte Românica
“Toda arte medieval anterior a 1200,..., pode ser
considerada românica”. (GOMBRICH, 1999.p.261) e é
resultado de um amálgama de componentes diversos
executados num estilo coerente. O cristianismo havia se
imposto na Europa e, juntamente com outros fatores,
provocou um novo surto de vitalidade no continente.
Na arquitetura houve um aumento no número de
construções, que passaram a ser maiores, mais complexas
e de aspecto mais romântico que as anteriores. Também há
um ressurgimento da escultura monumental de pedra. As
estátuas de vulto redondo que haviam desaparecido
retornam e é no sudoeste da França e norte da Espanha,
nas estradas de peregrinação para Santiago de
Compostela que encontramos os melhores exemplos.
Arte Gótica
No ano de 1150, apenas Paris e seus arredores
apresentavam características góticas. Cem anos depois, o
novo estilo havia tomado conta da Europa e atingido o
Oriente Próximo por meio das Cruzadas.
O termo Gótico foi cunhado para a arquitetura,
onde as características do estilo podem ser mais facilmente
reconhecidas. As obras escultóricas mais importantes foram
criadas entre 1220 e 1420 e a pintura atingiu seu apogeu
entre 1300 e 1350, na Itália. Em cerca de 1400, o Gótico
Internacional, um estilo mais homogêneo, prevalece por
toda a Europa.
A Catedral de Notre Dame de Paris é um exemplo
do verticalismo que invade o interior das construções. Para
atingir esta idéia de verticalidade, tanto os arcos em ogiva,
como os arcobotantes e as arquitraves são elementos
construtivos essenciais. A grande rosácea, vitral da fachada
ocidental, bem como as gárgulas, esculturas singulares da
Catedral, são fundamentais para o reconhecimento do
estilo.
O interior das Catedrais, agora, é banhado pela luz
externa, trazendo ao ambiente de leveza e conexão
espiritual. Há uma relação entre a luz terrena e a luz divina.
Se no início do cristianismo, as Basílicas eram espaços que
separavam o mundo sagrado do mundo profano através de
grossas paredes, no estilo gótico, o profano (espaço
externo) e o sagrado (espaço interno) se comunicam pelas
finas colunas e transparência dos vitrais.
QUINTA UNIDADE
Renascimento
No início do Século XII, Giotto di Bondonne realiza,
em Pádua, na Itália, afrescos que alteram significativamente
o modo de representação das pinturas. É o início da
utilização da perspectiva geométrica, que irá ser o ponto
alto do Renascimento. No Século XIII, Masaccio, também
italiano, realizou um mural onde a imagem representada
dava a ilusão de que poderíamos entrar na cena; nela uma
Capela no estilo do arquiteto Bruneleschi se soma ao
aspecto corpóreo das figuras e a impressão de fidelidade
ao mundo físico é muito mais intensa.
Bruneleschi, além de ser o pioneiro da arquitetura
renascentista, ao compreender as leis matemáticas que
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regem a perspectiva, forneceu aos artistas os meios para
expressar a profundidade. Isto é: tornou possível
representar no plano bidimensional (altura e largura) uma
imagem tridimensional (altura, largura e profundidade).
Pertencia ao seu círculo de amigos o escultor Donatello,
cujas obras mostram uma nova e aguda observação da
natureza, as quais rompem definitivamente com os moldes
góticos de representação. Este retorno aos padrões da
antiga arte da Grécia e de Roma, somado à observação da
natureza, fez com que estes homens que habitavam
Florença, criassem um novo estilo em todos os aspectos da
arte. As mudanças na ciência também colaboraram para
esta mudança no modo de compreender a vida, e não é ao
acaso, que estes acontecimentos estão próximos das
grandes navegações que irão ampliar a medida do mundo e
expandir suas fronteiras para o novo continente americano.
Em Flandres, onde hoje se situa a Bélgica, já no
Século XV, Jan van Eyck desenvolvia uma pesquisa que
partia do acréscimo de detalhes minuciosos, que fazia a
pintura parecer um espelho da realidade. Sua obra mais
conhecida é As núpcias do Casal Arnolfini. A diferença entre
este modo de representação e o modo italiano residia no
fato de que os pintores florentinos partiam de uma estrutura
de linhas em perspectiva, num método científico das leis da
perspectiva e do conhecimento da anatomia.
Estas descobertas dos artistas, além de tratar das
histórias sagradas, permitia mostrar um fragmento do
mundo real, os temas podem então, deixar de se ater
apenas aos aspectos da religiosidade. Um exemplo
esclarecedor deste aspecto é a atuação da Família dos
Medici, em Florença, cidade de mercadores ricos que
encomendavam obras para os artistas. O regime de
mecenato, que até hoje subsidia a criação de eventos
artísticos, teve origem neste período.
É no Renascimento, também, que os pintores e
escultores são elevados à categoria de artistas, espaço
antes ocupado basicamente por arquitetos, poetas e
escritores. Agora, ao invés de serem considerados artífices
ou artesãos, os pintores e escultores podem opinar sobre
questões mais importantes para a sociedade. Que fique
claro ainda, que o domínio da Igreja, permanece por todo
este período, muito embora, exista uma ascensão gradativa
da nobreza.
Alberti foi um arquiteto que se manteve fiel aos
princípios de Bruneleschi, mas tem seu nome eternizado na
história da arte por encontrar a solução para a construção
de palácios e residências particulares, adequando as
inovações aos ideais redescobertos da Roma Antiga. É dele
também o famoso Tratado da Pintura, que até hoje é
estudado no meio artístico.
Outros pintores famosos do período são Fra
Angélico, Paolo Uccello, Andrea Mantegna e Piero Della
Francesca. Entre as obras mais conhecidas dos artistas
florentinos da segunda metade do século XV está o
Nascimento de Vênus de Sandro Botticelli (1446 – 1510). A
Vênus, em pé sobre uma imensa concha, com seus longos
cabelos envolvendo o corpo, é reproduzida à exaustão nos
nossos livros de história e usada largamente nos recursos
da publicidade. Lourenço de Médici, o mecenas que
encomendou esta obra ao artista, foi também o
patrocinador de Américo Vespucio, a quem o nosso
continente deve seu nome. Havia uma mudança de espírito
que permeava o período e permitia que os artistas não
reproduzissem apenas os temas bíblicos.
Se o Século XV foi chamado pelos Italianos de
Quattrocento, os Cinquecento foram os anos contidos no
5
século XVI. Este último é “o mais famoso período da arte
italiana e um dos maiores períodos de todos os tempos”
(GOMBRICH, 1999. p.217). Leonardo da Vinci, Miguel
Ângelo, Rafael Sanzio, Ticiano, Giorgione e Dürer foram
alguns dos artistas da época, chamada também de Alta
Renascença.
O valor da obra de Leonardo é inquestionável. A
Virgem do Rochedo, a Santa Ceia e, principalmente a
Mona Lisa são pinturas que constituem parte de nossa
cultura e até hoje geram novas interpretações. Além da
utilização magistral da perspectiva geométrica, Leonardo
criou uma técnica chamada esfumato, onde o claro e o
escuro da imagem final é o resultado da sobreposição de
inúmeras camadas de tinta bem diluída. Este seu método é
fundamental para a compreensão de outro tipo de
perspectiva utilizado pelos pintores do renascimento: a
perspectiva atmosférica. É através dela que parecemos
respirar o mesmo ar que as figuras representadas. À
geometria das linhas soma-se uma ambientação ímpar, que
potencializa a sensação ilusionista de profundidade.
Miguel Ângelo Buonarroti (1475 – 1564) teve uma
longa vida na qual pode testemunhar uma mudança radical
na posição do artista. Assim como Leonardo, fez sua
própria pesquisa de anatomia humana através da
dissecação de cadáveres, fato que possibilitou uma nova
dinâmica na execução de suas pinturas. Reconhecido como
um dos mais notáveis mestres de sua época criou as
famosas esculturas de David e de Moisés, mas seu trabalho
mais conhecido é a pintura da Capela Sistina, no Vaticano.
Rafael Sanzio (1483 – 1520) não tinha o
conhecimento de Leonardo nem o poder de Miguel Ângelo.
Seu comportamento dócil, no entanto, tão diferente dos dois
outros artistas, garantia-lhe encomendas de importantes
mecenas. A aparente simplicidade de suas Madonas
esconde uma árdua pesquisa na direção de um equilíbrio
harmônico. Na sua pintura Galatéia, fica claro o sentido de
uma beleza ideal, que havia sido tão procurado pelos
artistas da Grécia Antiga.
Além de Florença e Roma, outro centro importante
da arte italiana foi Veneza. Cidade ligada ao Oriente graças
ao comércio, quando aplicou as formas clássicas nos
edifícios, o fez de um modo mais alegre. Giorgione e
Ticiano são os pintores mais celebrados desta região.
O artista alemão, Albrech Dürer (1471 – 1528),
talentoso desde a infância foi um herdeiro da tradição da
observação do detalhe do norte da Europa. Viajou para a
Itália e é considerado um dos responsáveis pelo diálogo
entre o renascimento italiano e o setentrional. A liberdade
de criação e o reconhecimento que os italianos obtinham da
sociedade foi surpreendente para ele, pois apenas quando
atingiu cinqüenta anos teve seu trabalho plenamente
reconhecido em seu país. Além das pinturas, suas
gravuras, como Adão e Eva, são extremamente
valorizadas, mas sua obra mais discutida é, sem dúvida,
Melancolia, onde o tema da alquimia serve de diretriz para
artigos de psicologia, medicina e até mesmo gastronomia.
Ieronimus Bosch, falecido em 1516, é o mais
enigmático dos artistas do Renascimento. Sua obra mais
famosa é O Jardim das Delícias, um tríptico, isto é, uma
pintura realizada em três partes, que representa o céu e o
inferno. Ele se tornou famoso por mostrar, como ninguém,
as forças do mal. Apesar da distância no tempo, é
considerado o primeiro precursor do Movimento Surrealista,
que acontecerá, na França, nos anos 1920 e 1930.
Diante da grandiosidade das obras do
Renascimento, percebemos que, em um dado momento,
 Curso de Especialização em Arte,
Educação e Terapia
fica difícil superar os cânones estabelecidos. A este período
deu-se o nome de Maneirismo; quando os artistas
trabalhavam à maneira de Miguel Ângelo, Leonardo et
cetera. Alguns pintores, entretanto, destacam-se por
desenvolver uma linguagem pessoal, contribuindo assim,
para o estudo da estética da época. O veneziano Tintoretto
pinta suas cenas de um modo dramático e intenso. El
Greco, oriundo da Ilha de Creta, após uma estadia em
Veneza, instala-se em Toledo, na Espanha onde produz um
conjunto de obras cujo “audacioso descaso de formas e
cores naturais (GOMBRICH, 1999. p.286) levou muito
tempo para ser reconhecido.
SEXTA UNIDADE
Barroco
À estabilidade da cena do Renascimento, quando
permeado por uma dinâmica mais intensa, se dá o nome de
Período Barroco.
Se na arquitetura é mais difícil distinguir estes dois
períodos, na pintura, os parâmetros são mais passíveis de
compreensão.
Um exemplo singular pode ser identificado na obra
de Miguel Ângelo. Se o teto da Capela Sistina é
renascentista, o painel da parede do batistério, último
trabalho do artista, já dá indícios da mudança ocorrida no
período. O Juízo Final é uma obra precursora do Barroco.
A organização geométrica não é abandonada, mas
a inclusão de linhas diagonais se torna mais evidente. A
calma e a ordem que consideravam o homem como a
medida do mundo é alterada e um aumento de tensão no
espaço pictórico pode ser percebido, como se, além do
controle exercido pelo homem, pudéssemos ser
surpreendidos pela intensidade das forças externas.
A luz, que no Renascimento parecia banhar as
cenas homogeneamente, agora se altera em claros escuros
mais evidentes e plenamente demarcados.
Caravaggio, nascido nos arredores de Milão, é um
dos mestres no tratamento desta luz e no modo mais
humano e menos ideal de representar as personagens.
Nicolas Poussin, através de seu conhecimento artístico
transmite-nos uma visão de terras antigas onde a beleza e
a dignidade eram prioritárias. Peter Paul Rubens dá uma
intensa impressão de vigor nas suas telas, onde a
pincelada mais livre toma o lugar de desenhos preliminares,
tão utilizados por outros artistas. Diego Velazquez devotou
sua arte à observação desapaixonada da natureza e
libertou-se de inúmeras convenções; produziu muitas obras
para a corte espanhola e teve sua consagração com a
pintura As Meninas.
A divisão da Europa em Católica e protestante
afetou a arte de muitos países. A região meridional dos
Países Baixos, a Bélgica, permaneceu católica. A região
setentrional aderiu ao protestantismo com holandeses mais
austeros e que nunca aceitaram plenamente o estilo
Barroco. Tanto na Inglaterra como na Alemanha diminuiu a
atração pela produção de arte, especialmente na pintura.
Há, entretanto, um aumento na procura de pintura de
retratos individuais ou em grupo.
Dentre todos os artistas, merecem destaque
Rembrandt e Jan Vermeer. O primeiro é o grande
conhecedor da luz, da origem dela e de sua máxima
capacidade de aproveitamento. O segundo é o mestre do
detalhe e da representação de cenas do interior. Sobre a
6
obra deste último, podemos aprender mais através do filme:
A Moça do Brinco de Pérolas.
Rococó
Fizemos uma trajetória, neste capítulo, que vai
desde a liberação do culto cristão até chegar ao período
posterior ao Barroco. Chegamos, então, aos primórdios da
revolução francesa. Obviamente, este é um salto gigante
que só se justifica quando estudamos a história da arte de
um modo tão ligeiro. Enquanto muitos desprezariam esta
possibilidade, tenho a convicção de que este olhar mais
abrangente nos capacita a perceber o conjunto da cena
artística de uma maneira mais dinâmica, onde o
mapeamento dos acontecimentos permitirá um posterior
aprofundamento das situações mencionadas.
A Igreja Católica rege grande parte da produção
artística da Idade Média e do Renascimento, o
protestantismo altera significativamente os temas da
produção de arte. Parece fácil, pois, compreender que, com
a ascensão cada vez maior da nobreza, e com a
emancipação da mesma em relação às diretrizes da Igreja,
se configure uma outra modalidade artística no continente
europeu.
Antes que o efetivo domínio da burguesia assuma
o comando da política européia, teremos uma espécie de
decadência da nobreza, cujos valores morais ainda não são
pautados pelos ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade que vão compor o universo do mundo
moderno.
A este período anterior à modernidade, um último
movimento artístico se destaca: o Rococó. Para muitos
historiadores, ele nada mais é do que uma exacerbação do
Barroco, sem a sua sobriedade e profundidade de conceitos
existenciais.
O Rococó vai representar, na pintura e nos objetos
decorativos, as cenas de costume da época. Paisagens
campestres, pessoas envolvidas em silencioso glamour.
Quando olhamos mais atentamente para este excesso de
curvas, para esta espécie de exagero da felicidade,
percebemos determinada tristeza; um ar de despedida de
um tempo que se sabe no fim. Por mais que as formas
traduzam uma aristocracia dominadora, há um indício de
decadência no ar.
Sir Joshua Reynolds, Gainsborough, e Jean
Chardin são pintores que nos mostram a evidência de um
tempo que irá desaparecer. Mas é nas obras de Fragonard
e de Watteau que encontramos as mais expressivas
representações do período.
Como já foi mencionado anteriormente, uma das
ferramentas contemporâneas mais eficazes que acorrem no
auxílio da compreensão da história da arte é o cinema. Para
uma visão mais ampla do estilo Rococó, nada mais
contundente que o filme Maria Antonieta, dirigido por
Sophia Copolla, onde a qualidade da pesquisa realizada é
uma prova de que o manancial das imagens da arte é parte
essencial da memória da humanidade.
Referências Bibliográficas
GOMBRICH, E. H. História da Arte. São Paulo: Círculo do
Livro, 1999.
 Curso de Especialização em Arte,
Educação e Terapia
JANSON, H.W. História da Arte. São Paulo: Martins Fontes,
1993.
SÉTIMA UNIDADE
Romântico e Neoclássico
Estes movimentos aconteceram e foram teorizados
entre a segunda metade do século XVIII e a primeira
metade do século XIX, quando surge a Estética e a Teoria
da Arte. Os procedimentos artísticos ficaram mais próximos
de uma filosofia que põe sua ênfase na análise entre a
produção de arte e a reflexão sobre o mundo no qual esta
arte se insere.
Romantismo e Neoclassicismo são duas
concepções diferentes de mundo que se associam e se
integram a duas mitologias opostas, numa evidente relação
dialética. O modo clássico de ver o mundo se relaciona com
o mundo antigo greco-romano e estabelece uma relação
clara e positiva com a natureza e sua possível ordenação. A
maneira romântica de perceber a vida aproxima-se da visão
do período medieval, mais especificamente dos períodos
românico e gótico, onde a natureza representa uma força
aterradora e misteriosa.
Este processo de análise de suas características
gerou uma espécie de autonomia da arte, vista como um
elemento essencial para os movimentos sociais e culturais.
Há uma influência evidente do Iluminismo, que trata a
natureza como o ambiente no qual a existência humana se
insere. A ideologia, pensada como uma imagem ideal que
se forma na mente, faz com que, salvas as diferenças, o
clássico e o romântico pertençam a um mesmo ciclo de
pensamento.
Embora as definições que serão dadas a seguir
possam ser consideradas equivocadas, elas são
necessárias para a compreensão deste movimento do
pensamento humano. Temos uma primeira fase pré-
romântica quando as obras de arte são permeadas pela
poética do sublime e do horror; artistas exemplares deste
período são Constable e Turner. A segunda fase,
denominada neoclássico, coincide com a revolução
francesa e o império napoleônico; o artista mais celebrado
do período é Jacques-Louis David e entre suas pinturas
mais conhecidas estão O Juramento dos Horácios e A
Morte de Marat. Já a terceira fase romântica acontece
simultaneamente aos movimentos de independência
nacionais e Eugene Delacroix, com a Liberdade Guiando o
Povo é seu representante supremo.
Ingres é o pintor que nos permite compreender que
estes três períodos se entrelaçam, mostrando em suas
pinturas uma estreita relação entre classicismo e
romantismo. Considera-se, não obstante, que o espírito
romântico é o mais relevante como tomada de posição
frente aos destinos da história da arte. As famosas brigas
entre Ingres e Delacroix, graças às suas discordâncias
poéticas, são famosas até hoje e apontam um tempo onde,
pela primeira vez, não existe mais uma resposta única para
as questões da arte. Sabemos que muitos artistas
discordavam de seus pares ou de seus antecessores, mas
é neste momento, que uma verdade única se torna
impossível e os homens começam a compreender a
dificuldade em se ter um ponto de vista fixo sobre
determinados assuntos.
Realismo
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Este movimento surge para enfatizar ainda mais a
superação das diferenças entre o clássico e o romântico.
O pintor Gustave Courbet, no ano de 1847, define
bem o significado deste movimento: “realismo integral,
abordagem direta da realidade, independente de qualquer
poética previamente constituída.” (ARGAN, p 75.) Ele não
nega a influência dos mestres do passado, mas busca uma
adequação do mundo ao aqui e agora, bem como uma
libertação da regras artísticas que impeçam a percepção
imediata do mundo.
Os realistas, como Corot ou Daumier, buscam
mostrar o mundo do modo como é percebido por eles,
pintam agora cenas de pessoas simples, sem a grandeza
das cenas que representavam a riqueza ou a grandiosidade
de espírito de homens nobres. Este modo de ver o mundo,
este abandono das encomendas que determinavam o
conteúdo das pinturas, permite que o artista estruture mais
fortemente sua poética pessoal e atue na sociedade, não
apenas como quem enaltece a beleza, mas como quem dá
visibilidade a um pensamento individual e mostra um lado
mais verdadeiro da vida.
Impressionismo
Com o intuito de possibilitar uma compreensão das
transformações ocorridas na história da arte a partir do
impressionismo, alguns fatos têm que ser apontados. Em
primeiro lugar, a fotografia, lançada pelo fotógrafo Nadar em
1839, teve grande difusão a partir da segunda metade do
século XIX. Muitos serviços sociais, como retratos ou fotos
de família, passam para as mãos dos fotógrafos, e cabe à
pintura pesquisar novos rumos para ter sua relevância na
história. O tempo reduzido da exposição da imagem
fotográfica permitiu, também, que novas imagens, mais
realistas, derrubassem a lentidão do olhar. O exemplo mais
evidente deste fenômeno é a corrida do cavalo,
representado de uma forma totalmente equivocada até que
a câmera fotográfica revelou o movimento do animal.
A pintura passou a integrar os encontros da elite
da época, aproximando-se cada vez mais de uma reflexão,
alternadamente, científica ou poética. Eduard Manet não foi
um impressionista, mas o conjunto de suas obras
influenciou diretamente o surgimento do movimento. O
realismo de suas pinturas, o imediatismo da percepção
poética, com pinceladas rápidas e leves, contrastava com
os planos chapados em preto, que Manet havia aprendido
com a pintura japonesa. Para ele, a representação da
profundidade e da veracidade da cena não tinha mais tanto
valor; importante agora é a interpretação mais livre daquilo
que é real. Manet liberta a percepção de qualquer
convencionalismo.
A primeira exposição dos impressionistas foi
realizada no Estúdio do fotógrafo Nadar, em Paris, no ano
de 1874. O quadro Impression soleil levant de Claude
Monet é até hoje o mais representativo desta mudança de
paradigmas estabelecida pelo impressionismo. Renoir,
Degas. Cézanne, Pissarro e Sisley, são outros artistas
fundamentais para a compreensão da arte do período.
Os artistas não tinham um programa preciso, mas
concordavam em alguns aspectos que merecem ser
citados: aversão pela arte acadêmica dos salons oficiais;
orientação realista; influência da arte japonesa; preferência
pela paisagem e natureza-morta; recusa dos hábitos de
atelier como sombreamento e contorno; trabalho em plein-
 Curso de Especialização em Arte,
Educação e Terapia
air com sombras coloridas e cores complementares. Para
estes artistas, a técnica da pintura faz parte de um
conhecimento que não pode ser excluído do mundo
moderno.
Neo-Impressionismo
Fruto das pesquisas impressionistas, este
movimento tem como prioridade a busca da análise da
visão como fundamento científico, a partir das pesquisas
óticas de Chevreul. Os artistas usavam a técnica do
pontilhismo, com o intuito de desvendar alguns dos
mecanismos da visão. Utilizavam as cores primárias, e
executavam as sombras com suas complementares. Isto é:
ao amarelo, vermelho e azul, correspondiam sombras
violeta, verde e laranja. A cor complementar é sempre a
soma das duas outras primárias. Seus maiores
representantes são Seurat ( 1859 a 1891) e Signac ( 1863 a
1935)
Simbolismo
O simbolismo é uma espécie de antítese do Neo-
Impressionismo. Seus artistas buscam a superação da
visualidade num sentido espiritualista. Na literatura o maior
exemplo é Mallarmé e na pintura Gustave Moreau. A
pesquisa dos simbolistas vai repercutir, mais tarde, na
poética dos surrealistas. Neste momento, é importante
lembrar que muitos artistas transitam entre um movimento e
outro e que algumas destas manifestações do fazer artístico
acontecem simultaneamente. Não podemos negar que
muitos outros artistas do período também tenham
características simbolistas em sua produção, pois o campo
do simbólico é muito próximo do campo da visualidade do
que se possa imaginar. Relaciona-se aqui, aqueles que
podem servir de guia para uma pesquisa mais aprofundada
sobre o assunto. Para finalizar, é importante frisar que o
nome dado a um estilo ou escola tem por objetivo dar
clareza ao objeto principal da pesquisa dos artistas, mas
deve-se evitar acreditar que ele encerra em si a pesquisa
sobre determinado assunto.
OITAVA UNIDADE
Arte Moderna
O estudo da arte moderna seria impossível sem
uma análise mais detalhada de alguns artistas que abriram
o caminho para a percepção de um novo mundo, agora
transformado pela industrialização, que altera a essência do
objeto artesanal, único e típico de um fazer especializado,
mas ainda ligado à capacidade do homem. Os movimentos
da última década do Século XIX até a metade do Século XX
“revolucionam radicalmente as modalidades e finalidades
da arte” (ARGAN, 1996. p.185)
Estes artistas, que abriram as portas para a
modernidade, viveram em um período de transformação,
guiados pela forte influência das descobertas que advêm
das teorias de Karl Marx, Einstein e Freud.
Paul Cézanne define a formação do pensamento
moderno. Ele é o tronco do qual nascem as correntes
artísticas da primeira metade do século XX. Suas pinturas
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mostram a determinação de um artista que dedicou toda
sua vida àquilo que disse ser pequenas descobertas. Ele foi
o primeiro a planificar o espaço pictórico, possibilitando o
surgimento posterior do cubismo. Suas pinturas do Mont
Saint-Victoire, executadas à exaustão, mostram o esforço e
a perseverança do artista no decorrer de sua produção.
Van Gogh institui o drama do artista excluído pela
sociedade pragmatista que visa, cada vez mais, o lucro.
Interroga-se sobre o significado da existência e abandona a
polêmica social. Para este artista, “o quadro não
representa, é” (ARGAN. P.125). Apesar da forte influência
do Impressionismo, suas pinturas adquirem um caráter
mais expressivo, onde a intensidade das cores é
fundamental. Pintou inúmeros quadros com girassóis, auto-
retratos, e a pintura O Quarto do Artista é uma das mais
conhecidas no mundo ocidental.
Paul Gauguin criou sua própria lenda ao
abandonar a sociedade e ir de encontro à natureza, no Taiti.
Compreende Cézanne e estende a área da consciência
para além do intelecto. Foi importante para a formação do
movimento Fauve.
Rodin é quem dá o impulso inicial para a escultura
moderna. Abandona o uso do pedestal em busca de uma
aproximação com a realidade. Deixa as marcas do fazer
escultórico. A monumentalidade de suas obras é exaltada
para além do equilíbrio clássico. O Pensador e As Portas
do Inferno são bons exemplos de sua produção.
Agora, depois de levantados os nomes dos
precursores do Movimento Modernista, fica mais fácil
compreender a impossibilidade de se estruturar este estudo
de uma forma linear, como foi possível na antiguidade.
Tanto a proximidade temporal quanto as transformações na
sociedade, inviabilizam uma história da arte moderna e
contemporânea destituída de conflitos. Os “ismos” se
sucedem à exaustão, ao mesmo tempo e em diversos
países, num movimento de ir e vir ao mesmo tempo
contraditório e complementar.
O movimento Art Nouveau, por exemplo, é o
primeiro a se adaptar às questões da moda e se
encaminhar para uma pesquisa mais próxima do design. O
pintor Gustave Klimt é um artista que dialoga com esta
poética.
As vanguardas russas foram movimentos de
extrema importância para a arte moderna, sufocados,
posteriormente por um ideal de igualdade social que
impediu pesquisas posteriores. Malevich, com quadrado
branco sobre branco, é referência constante para estudos
sobre pintura. Suprematismo é o nome dado à pesquisa
de Malevich.
O Expressionismo é um fenômeno europeu
surgido em 1905, que tem dois centros distintos.
Literalmente, expressão é o contrário de impressão,
movimento do interior do sujeito em relação ao exterior. A
observação da realidade, entretanto, ainda é o que move os
artistas. Na França, expressionista é o Fauvismo com o
colorido exacerbado de Herry Matisse; sem este movimento
não teria surgido em 1908 o Cubismo. Na Alemanha o
movimento Die Brücke (A Ponte) com Emil Nolde, gerará,
logo em seguida, o movimento Der Blaue Reiter (O
Cavaleiro Azul), que terá em seu corpo artistas como
Wassily Kandinsky ( que pintou a primeira aquarela
abstrata, em 1910) e Paul Klee, professores da Bauhaus e
responsáveis por uma abstração espiritualizada.
Mas é o Cubismo que mais influenciará a arte
contemporânea e alterará nosso modo de perceber o
mundo. Les Demoiselles d’Avignon, é o quadro pintado por
 Curso de Especialização em Arte,
Educação e Terapia
Pablo Picasso, em 1907, que inicia a transformação da
representação da arte no ocidente. Influenciado pelas
máscaras africanas, o artista elimina a profundidade e
mostra alguns rostos, simultaneamente de frente e de perfil.
Por mais que isso possa parecer comum nos dias de hoje,
toda a concepção de arte foi transformada a partir desta
pintura. A planificação do plano pictórico que Cézanne havia
dado início será potencializada por Braque e Picasso, que
buscavam eliminar o caráter ilusório da pintura e
transformá-la em um objeto pintura, livre de associações
com uma representação fiel da natureza. O Cubismo pode
ser dividido em três fases; cubismo cezanniano, analítico e
sintético. É no cubismo sintético que os artistas utilizarão,
pela primeira vez, a colagem. O mais importante,
entretanto, é perceber que as pinturas cubistas quebraram
aquele espelho que permitia vislumbrar um outro mundo
atrás da tela, isto é: a obra de arte não serve mais para nos
conduzir a um outro mundo, assim como era vista desde o
renascimento. O mundo a ser observado deve ser o aqui e
agora; a atualidade das coisas é potencializada em
detrimento de uma idéia de outro mundo, seja ele melhor ou
pior.
A primeira guerra mundial eclode e os artistas já
não acreditam mais na idéia de progresso, como havia sido
instituída no início da modernidade. O Dadaísmo - ou
Movimento Dada - tem seu início na Alemanha e se estende
para a Bélgica. Assustados com os rumos da humanidade
estes artistas são contra; contra tudo, contra os museus de
arte, contra a arte para deleite, contra a violência que se
estabelece na Europa. Fazem performances, recitam
poesias sem sentido, assim como lhes parece ser a vida.
Este movimento anti-arte, devidamente contextualizado,
mostra seu valor. Dele surgem artistas radicais como
Marcel Duchamp, que vai transformar ainda mais o
panorama das artes, agora numa discussão aterradora
sobre o que é e o que não é arte. Seu trabalho a Fonte, até
hoje influencia a produção dos jovens artistas e norteou
muitas obras criadas na contemporaneidade. É dele
também o Nu Descendo a Escada e o Grande Vidro.
O Futurismo italiano, diferentemente do cubismo,
que tentava ver o mesmo objeto de diversos ângulos ao
mesmo tempo, busca mostrar na arte a velocidade do
mundo. A demonstração do movimento num mesmo suporte
– pintura ou desenho - é sua principal preocupação.
Giacomo Balla, em 1911, pinta: O Dinamismo de um cão na
coleira.
Já no final dos anos 1920 e início dos anos 1930, o
Surrealismo, baseado nas pesquisas de Freud, também
terá sua importância nas artes plásticas. O poeta Andre
Breton era o mentor do grupo; para ele a vida e o sonho
faziam parte de um complexo como o dos vasos
comunicantes utilizado nas experiências químicas. O que
poderia garantir que o que passamos em vigília é mais
importante do que aquilo que vivemos em sonho? O
inconsciente e a imaginação assolam o mundo da
representação pictórica através de imagens oníricas, de
narrativas destituídas de um sentido que se possa
acompanhar. O que importa, para estes artistas, é dar
vazão a uma imagem interna, é descobrir e dar visão a
imagens que não poderiam ser vistas nem pela fotografia,
nem por outro modo senão com a realização das pinturas.
Marc Chagall, Magritte, Salvador Dali, são bons exemplos
deste movimento.
A Escuela Metafísica Italiana, diferia do
surrealismo por sua relação mais efetiva com o mundo
trancendental. Seus artistas misturavam perspectivas
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distintas e criavam um universo vazio e silencioso. De
Chirico e Morandi são representantes deste movimento.
Outros artistas, como Mondrian e seu
Neoplasticismo, ou Fernand Leger, com sua adoração
pelas máquinas modernas, estruturam pesquisas que irão
dialogar com a arte produzida nos Estados Unidos. Henry
Matisse, após sua relação com o movimento Fauve,
mantém uma extensa e significativa produção de pinturas,
sempre pautado pelo caráter benigno da arte, isto é:
travando um esforço imenso para manter a alegria de viver.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial,
muitos artistas se refugiarão no continente americano e
abrirão o caminho para a Arte Contemporânea.
NONA UNIDADE
Arte Contemporânea
A Arte Contemporânea, grosso modo, é a arte
produzida da segunda metade do século XX até os dias de
hoje. A primeira dificuldade que se encontra ao estudá-la é
o fato de que ainda estamos vivendo este tempo e um olhar
interno é sempre mais complicado do que um olhar externo.
A arte está em constante transformação, muito embora sua
morte venha sendo anunciada a mais de um século. A
perda da função da arte, aliada ao desenvolvimento de
novas tecnologias, alteram todo o sistema de produção de
bens humanos. Após a criação da bomba atômica, pela
primeira vez em sua história, a humanidade se dá conta de
sua possível extinção. Estes fatos impedem que a poética
do artista siga as diretrizes dos movimentos clássicos, no
sentido de se conceber uma ordem do mundo. Se a
Modernidade foi um período que iniciou com o otimismo do
progresso, o período contemporâneo, também chamado de
pós-moderno, é o período da desilusão e da falta de
idealismo.
Numa espécie de compensação das coisas, nunca
a arte foi tão valorizada, recebendo verbas imensas para a
realização de eventos dirigidos à cultura de entretenimento,
onde a responsabilidade social impele os investidores a
canalizar verbas para a cultura. A indústria cultural, onde se
inserem as Artes Visuais, tem uma valorização intensa nas
últimas décadas e se, na modernidade o artista podia ser
excluído da sociedade, hoje ele tem que se esforçar para
não ceder aos apelos do mundo, tal a demanda por
trabalho. Isto não significa, necessariamente, dinheiro para
o artista, pois percebemos que o mecanismo de produção
de arte, ao tratar o campo como indústria cultural, tem muito
mais gente na folha de pagamento. A industrialização e o
capitalismo triunfaram sobre o planeta, englobaram todos
os conceitos de vida e se apropriam da arte para gerar
valor. Mas o valor intrínseco da obra de arte, onde
encontrá-lo? Com a ampliação da rede de informações,
hoje temos muito mais trabalho para discernir aquilo que é
efetivamente relevante, daquilo que no futuro, poderá ser
esvaziado de seu valor.
Fato é que, ainda no final dos anos 1930, com a
mudança do eixo das artes de Paris para New York, a arte
da América do norte foi extremamente beneficiada. Marcel
Duchamp já tinha exposto lá. Foi para esta cidade que
Mondrian se mudou e que outros tantos artistas acolheram
como refúgio da guerra. Surgiu nos Estados Unidos um
movimento influenciado pelo cubismo, pelo surrealismo, e
 Curso de Especialização em Arte,
Educação e Terapia
pelo muralismo mexicano de Diego Rivera. O
Expressionismo Abstrato, representado por Jackson
Pollock, Mark Rothko e muitos outros, invadiu a cena
mundial. Vale ressaltar que a qualidade das obras destas
artistas é extrema: as grandes dimensões das telas e a falta
de resposta para as angústias do mundo assumem um
caráter extremamente verdadeiro e reflexivo para a
sociedade contemporânea.
Na contramão do Expressionismo Abstrato, a Pop
Art vai trazer o assunto do banal e do comercial para a
cena artística. Cansados do hermetismo da arte da New
York School, como também eram chamados os
expressionistas abstratos, Jasper Johns, Roy Lichtenstein
e, principalmente Andy Warhol, trarão para a esfera da arte
as histórias em quadrinhos, as embalagens de sabão e as
divas do cinema americano. As imagens em serigrafia de
Marilin Monroe, executadas na Factory - ateliê de Warhol -
ficaram tão famosas na história da arte quanto toda a aura
que envolve a própria atriz. O mercado de consumo atinge
a esfera da arte, a arte é feita para ser compreendida por
todos, e não apenas por uma elite que conhece os códigos.
Este fenômeno, todavia, tinha em seu cerne uma espécie
de cinismo, de desconsolo do mundo. Andy Warhol achava
graça que suas obras da Sopa Campbell valessem muito
mais que a própria sopa e fossem adquiridas por pessoas
que passavam longe deste alimento popular.
A forma da arte, sempre vai ser dada a partir de
uma idéia, e alguns artistas trabalham no sentido de
potencializar esta conceitualização. O movimento chamado
Arte Conceitual caminha em direção à desmaterialização
da arte, transformando-a em postulado e/ou filosofia. Os
limites entre a materialidade e sua ausência são
necessários para o processo reflexivo, quando se espera
que a arte possibilite novas percepções para o observador.
Aumenta ainda mais a dificuldade de se estabelecer os
limites do fazer artístico, e o hermetismo volta a rondar a
cena artística. Joseph Kossuth tem uma obra exemplar cujo
título é: Três cadeiras. Composta por três elementos, um
deles é um objeto cadeira, outro é uma foto de uma cadeira
e o terceiro é um cartaz com a definição do dicionário do
que é uma cadeira. Realmente são três cadeiras, o que em
princípio poderia parecer óbvio, nos leva a refletir sobre a
veracidade das coisas. A Arte Conceitual faz ver que nem
tudo é tão simples como possa parecer. Quem quiser pode
refazer o trabalho de Kossuth, não importa mais a autoria,
nem a originalidade, tampouco a novidade. O que importa é
o modo como esta obra permanece em quem a conhece e
altera seu modo de perceber o mundo. O que importa é a
idéia ancorada na forma e suas posteriores reflexões.
O conceitualismo vai permear toda produção
contemporânea, seja ela pintura, escultura, instalação,
performance, ou ainda, obras baseadas nas novas mídias.
Já o Minimalismo, vai trabalhar com a essência da arte,
com materiais encontrados na indústria, afastando o artista
do fazer manual e incorporando os produtos da tecnologia
como acrílico, ou placas de metal já prontas, na montagem
das obras. Carl André, Donald Judd, Frank Stella e mais
tarde Eva Hesse e Richard Serra, são artistas que seguem
estes princípios.
A Land Art vai utilizar o solo da terra como
suporte, a arte, feita para todos, não será mais vista em
museus e galerias, poderá ser apreciada por todos que
tiverem acesso ao local, mas poderá também ser
trabalhada em diversas mídias como fotografias da obra,
vídeos etc.
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O que vale ressaltar é que a arte contemporânea,
produto do homem, procura soluções para os nossos
problemas mais imediatos. Por isso se afasta das questões
da contemplação e busca uma interação mais efetiva com o
observador. Artistas performáticos, isto é, que usam seu
corpo como partes integrantes da obra, foram os pioneiros
desta interatividade, que hoje também se dá por meio das
mídias eletrônicas. Joseph Beuys é um exemplo a ser
citado. Nascido na Alemanha, foi professor da Bauhaus e
teve sua vida transformada em lenda, quando retornou de
um acidente aéreo enquanto era piloto na Segunda Guerra
Mundial. Atuante até sua morte, seu último trabalho foi
plantar quatro mil pés de carvalho em torno do prédio da
Dokumenta de Kassel, uma das maiores exposições do
planeta. Obviamente preocupado com questões ecológicas,
acreditava que todo ser humano era um artista em maior ou
menor grau e que a arte deveria ser realizada para e por
todas as pessoas como um modo de perceber a vida dentro
de uma realidade maior.
Louise Bourgeois, artista francesa radicada em
New York, tem sua poética estruturada na infância, nas
questões femininas e psicanalíticas; Cindy Chermann, com
a fotografia, reconstrói obras de arte onde ela é parte
integrante da cena. Andréas Serrano une a imagem de
Cristo com elementos profanos e a cada dia descobrimos
novos trabalhos que se inserem no circuito contemporâneo.
O número de artistas é grande, muito embora, com o
tempo,se perceba que são quase sempre os mesmo
chamados para importantes mostras internacionais.
Os movimentos encontrados dentro da arte
contemporânea beiram ao infinito, pois a cada dia um
artista pode criar seu próprio movimento. Desdobramentos
da optical art, intervenção urbana, grafitte, retorno da
pintura, desenho, obra de arte eletrônica, convivem
harmoniosamente ou não no panorama das artes. As
transformações parecem dar indício de que não estão nem
próximas de uma estabilidade. Equilibrar-se neste mundo é
vital, e ter critérios de discernimento é fundamental para
não cairmos nos perigos do excesso de subjetividade do
gosto pessoal.
Já que as fontes de informação são inesgotáveis,
se tivermos alguns pontos cardeais poderemos nos situar
com menor dificuldade, Este texto foi criado com o intuito de
fornecer alguns dados básicos para evitar o descaminho no
labirinto da pós modernidade.