Sei sulla pagina 1di 22

Artigo

Voltametrias: Uma Breve Revisão Sobre os Conceitos


Pacheco, W. F.;* Semaan, F. S.; Almeida, V. G. K.; Ritta, A. G. S. L.;
Aucélio, R. Q.
Rev. Virtual Quim., 2013, 5 (4), 516-537. Data de publicação na Web: 12 de agosto de 2013
http://www.uff.br/rvq

Voltammetry: A Brief Review About Concepts


Abstract: The present work presents a simple and didactic approach regarding some
concepts involved in voltammetric techniques, starting from some basic principles of
electrochemistry and advancing to the field of electroanalysis, passing through a
discussion of mass transport phenomena, and culminating in a breakdown between
different types of voltammetric techniques.
Keywords: Voltammetry; electrochemical; mass transport.

Resumo
O presente trabalho apresenta uma abordagem simples e didática sobre conceitos
envolvidos nas técnicas voltamétricas, partindo de alguns princípios básicos de
eletroquímica e avançando para o campo da eletroanálise, passando por uma
discussão sobre os fenômenos de transporte de massa e culminando numa
classificação entre os diferentes tipos de técnicas voltamétricas.
Palavras-chave: Voltametria; eletroquímica; transporte de massa.

* Universidade Federal Fluminense, Departamento de Química Analítica, Rua Outeiro São João
Batista s/n, CEP 240120-141, Centro, Niterói-RJ, Brasil.
wagner@vm.uff.br
DOI: 10.5935/1984-6835.20130040

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537| 516


Volume 5, Número 4 Julho-Agosto 2013

Revista Virtual de Química


ISSN 1984-6835

Voltametrias: Uma Breve Revisão Sobre os Conceitos


Wagner Felipe Pacheco,a,* Felipe S. Semaan,a Vanessa G. K. de Almeida,a
Almir Guilherme S. L. Ritta,a Ricardo Q. Aucéliob
a
Universidade Federal Fluminense, Departamento de Química Analítica, Rua Outeiro São João
Batista s/n, CEP 240120-141, Centro, Niterói-RJ, Brasil.
b
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rua Marquês de São Vicente, 225, CEP
22451-900, Gávea, Rio de Janeiro-RJ, Brasil.
* wagner@vm.uff.br

Recebido em 21 de novembro de 2012. Aceito para publicação em 10 de janeiro de 2013

1. Introdução
2. Fundamentos
3. Voltametria de Varredura Linear
4. Voltamentria Cíclica
5. Técnicas de Pulso
5.1. Voltametria de Pulso Diferencial
5.2. Voltametria de Onda Quadrada
6. Voltametria Adsortiva de Redissolução (ADSV)
7. Conclusão

1. Introdução anunciou em carta enviada à Royal Society,


em Londres, que ao unir placas de zinco e
prata por uma pasta e mergulhá-las em uma
Os estudos sobre a Eletroquímica tiveram solução salina, era observado um fluxo de
seu início na Itália, ao final do século XVIII energia. Entretanto, Volta considerou que
(1791), quando Luigi Galvani (1737 – 1798) esse fluxo era resultado apenas do contato
dessecava um sapo e, acidentalmente, das diferentes placas de metal,
percebeu que ao tocar com certas lâminas negligenciando a presença da solução salina.
metálicas as terminações nervosas, os seus Devido à grande influência de Volta, a
músculos se contraíam; tal observação foi importância da solução salina não foi
umas das principais evidências, e ponto de considerada até 1834, quando, ao
partida, para os estudos que culminaram na estabelecer as leis estequiométricas da
descoberta e definição de corrente elétrica.1 eletroquímica, Michael Faraday (1791 –
Alguns anos mais tarde (1800) Alessandro 1867) pode demonstrar o papel do eletrólito
Volta (1745 – 1827), seu conterrâneo, nos processos relacionados à pilha. Também

517 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537|


Pacheco, W. F. et al.

devido a essa descoberta, foi possível fácil manipulação e emprego. Dentro deste
abandonar a ideia do átomo indivisível âmbito, as técnicas voltamétricas se
postulado por John Dalton (1766 – 1844) e apresentam como uma boa alternativa para
dar início aos estudos que permitiram a muitas aplicações em química analítica, seja
definição atual do modelo atômico. Mais no controle de qualidade de produtos
tarde, já no século XX, Debye (1884 – 1966) e farmacêuticos,4-13 controle de qualidade de
Hückel (1896 – 1980) descreveram a primeira produtos alimentícios,14-18 estudos
teoria válida para descrever a condutividade ambientais,19-21 análise de combustíveis entre
de soluções iônicas.2-4 outras.22-27 Suas vantagens se baseiam
principalmente na alta sensibilidade, baixo
Assim, com base aos princípios
custo instrumental e operacional, embora
observados e descritos, surgem, então, as
encontre certa resistência a um maior uso
primeiras aplicações consideradas analíticas,
por parte dos analistas, o que pode estar
nas quais parâmetros elétricos tais como
relacionado ao fato de sua teoria básica ser
condutividade, corrente elétrica e potencial,
o side ada difí il e a a ge te.
são relacionados às propriedades ou mesmo
concentrações de dados componentes nas Nesse trabalho é apresentado um
soluções em estudo. Neste contexto, material auxiliar com uma revisão sobre a
apresentam papel fundamental as técnicas técnica de voltametria, alguns exemplos de
condutimétricas, eletrolíticas ou suas aplicações, um histórico da
potenciométricas. Especial atenção será aqui instrumentação e algumas perspectivas
dedicada às técnicas eletrolíticas nas quais futuras, representando ser um material de
não há esgotamento do par redox envolvido. fácil acesso e compreensão para alunos de
graduação e pesquisadores da área.
Reportadas a Jaroslav Heyrovsky, as bases
das técnicas voltamétricas foram inicialmente
estudadas por meio de sistemas envolvendo
eletrodos de mercúrio, aplicados ao estudo 2. Fundamentos
de processos envolvendo íons metálicos em
soluções; nestes sistemas parâmetros
qualitativos e quantitativos eram observados, Os métodos eletroanalíticos fazem uso de
permitindo suas aplicações na identificação, propriedades elétricas mensuráveis (corrente
especiação e mesmo quantificação de elétrica, diferenças de potencial, acúmulo
diferentes componentes em diversas interfaciais de carga, entre outros) a partir de
matrizes. Tais procedimentos, classificados fenômenos nos quais uma espécie redox
em conjunto como polarografia, tiveram interage física e/ou quimicamente com
berço na antiga Tchecoslováquia, em 1922, demais componentes do meio, ou mesmo
tendo sua repercussão gerado, em 1959, o com interfaces. Tais interações são
Prêmio Nobel em Química. observadas quando se aplicam perturbações
controladas ao sistema, como, por exemplo,
Desta forma, desde as primeiras uma diferença de potencial entre eletrodos
configurações experimentais aos dias atuais, de uma cela eletroquímica. Essas medidas
os sistemas eletroquímicos vêm recebendo (chamadas de sinais eletroanalíticos) podem,
substanciais contribuições dos avanços não então, ser relacionadas com algum
só da Química, mas, em especial, da parâmetro químico intrínseco da espécie.28
Eletrônica; componentes miniaturizados, Uma gama variada de técnicas
robustos e versáteis, com baixo custo, eletroanalíticas têm sido utilizada para várias
transformam sistemas inicialmente aplicações, entre elas o monitoramento
complexos em equipamentos portáteis, ambiental, o controle de qualidade de
leves, de fácil uso em qualquer situação; a produtos e processos industriais e as análises
Engenharia de Materiais vem, paralelamente, biomédicas.
permitindo o desenvolvimento de eletrodos
híbridos, mais versáteis, mais estáveis, de Os métodos eletroanalíticos oferecem

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537| 518


Pacheco, W. F. et al.

uma série de vantagens tais como (i) aumentará a corrente que passará através
seletividade e especificidade das dos eletrodos, o que provocará distorções
determinações - resultante da oxirredução nos voltamogramas, tornando inviável a
das espécies analíticas de interesse em um utilização da técnica nessas condições.
potencial aplicado específico; (ii) seletividade
Para sanar as tais limitações, sistemas
- decorrente dos processos de oxirredução do
com três eletrodos são mais frequentemente
analito em eletrodo de trabalho feito com
empregados. O terceiro eletrodo é chamado
material específico (material de eletrodo);
de eletrodo auxiliar ou de contra-eletrodo,
(iii) grande sensibilidade e baixos limites de
podendo ser de platina, ouro, carbono vítreo,
detecção - resultante tanto das técnicas de
etc. Tal eletrodo foi introduzido para
pré-concentração quanto de modos de
assegurar uma situação potenciostática,
aquisição de sinal que proporcionam baixo
nessa configuração, os eletrodos são
sinal de fundo, entre outras.29
conectados a um amplificador operacional,
A voltametria é uma técnica que atuará quando for aplicada uma
eletroanalítica que se baseia nos fenômenos diferença de potencial entre o eletrodo de
que ocorrem na interface entre a superfície trabalho e o eletrodo de referência, fazendo
do eletrodo de trabalho e a camada fina de com que a resistência do eletrodo de
solução adjacente a essa superfície. Essa referência aumente e a do eletrodo auxiliar,
técnica é classificada como dinâmica, pois a diminua. Assim, a corrente passará entre o
cela eletroquímica é operada na presença de eletrodo de trabalho e o auxiliar, evitando
corrente elétrica (i > 0) que, por sua vez, é que ocorram distúrbios no eletrodo de
medida em função da aplicação controlada referência.
de um potencial.30 Assim, nessa técnica, as
Com esse recurso, o eletrodo de
informações sobre o analito são obtidas por
referência realizará seu papel (manter o seu
meio da medição da magnitude da corrente
potencial constante durante as medidas) sem
elétrica que surge entre o eletrodo de
interferência. De modo geral, a célula de três
trabalho e o eletrodo auxiliar ao se aplicar
eletrodos apresenta as seguintes vantagens:
uma diferença de potencial entre o eletrodo
é mais adequada para soluções diluídas, pode
de trabalho e o eletrodo de referência.
ser usada para soluções de alta resistência e
As celas eletroquímicas utilizadas em pode ser usada com eletrólitos de suporte
voltametria podem ser compostas por dois, mais diluídos (Figura 1).
três ou mesmo quatro eletrodos: focaremos
Os eletrodos de trabalho, inicialmente
aqui nos sistemas de dois e três eletrodos,
representados pelo mercúrio na polarografia,
mais comuns com propósito analítico.
evoluíram substancialmente, passando por
Nos sistemas de dois eletrodos tem-se o eletrodos metálicos puros e ligas, materiais
eletrodo de trabalho de superfície compósitos e pastas. Atualmente diferentes
relativamente pequena e um eletrodo de materiais nanoestruturados são empregados
referência de área relativamente grande. Em visando melhorias em sensibilidade,
tais sistemas o potencial é aplicado no seletividade, estabilidade, entre outros.
eletrodo de trabalho frente a um eletrodo de Conforme a aplicação pretendida, há ainda a
referência, de modo que apenas o eletrodo possibilidade de modificações químicas
de trabalho se polarize. Tal configuração transitórias ou permanentes por
apresenta alguns inconvenientes, pois a eletrodeposição, adsorção por interações
corrente resultante da varredura percorre o iônicas, e/ou covalentes, entre outros; neste
eletrodo de referência; outra limitação é a ínterim, biossensores conquistam papel de
resistência da célula: quando ela aumenta, destaque nas análises bioquímicas.
como no caso de meio não aquoso,

519 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537|


Pacheco, W. F. et al.

Figura 1. Configuração de um sistema envolvendo três eletrodos

Tendo em vista que o contato elétrico do eletrodo e consequentemente, na cela


entre os eletrodos envolvidos se dá via eletroquímica. Obviamente existe a
solução torna-se necessário tecer alguns necessidade de o analito ser capaz de sofrer a
comentários com relação ao meio reacional. reação redox na janela de potencial
estudada.
Em geral, visando assegurar adequada
condutividade elétrica ao sistema, eletrólitos-
suporte são escolhidos, consistindo de
soluções com concentrações relativamente
elevadas de sais inertes (em geral 50-100
vezes acima das concentrações esperadas do Esquema 1. Reação de redução, sendo O a
analito ou espécies em estudo); tais sais forma oxidada e R a forma reduzida
podem, ainda, ser responsáveis não apenas
por assegurar a condutividade elétrica do
meio, mas também por garantir força iônica Um eletrodo atrai predominantemente
adequada e constante, controle de pH espécies carregadas positivamente ou
(quando os sais são combinados visando negativamente, que podem ou não reagir na
obtenção de sistemas tamponados) etc. sua superfície. Espécies neutras também
Outras propriedades importantes afetadas interagem com o eletrodo via adsorção. Logo,
pelo eletrólito suporte são a viscosidade, a reação eletródica é composta por uma série
densidade e tensão superficial do meio de etapas; para se descrever qualquer
reacional. Apesar de serem negligenciadas processo eletródico deve ser considerado
em boa parte dos planejamentos primeiro o transporte das espécies até a
experimentais, essas propriedades devem ser superfície do eletrodo e segundo, a reação
mantidas por afetarem de forma direta e que ocorre no eletrodo, assim, a corrente (ou
decisiva os fenômenos interfaciais, nos quais velocidade de reação eletródica) é governada
os fenômenos eletroquímicos se por processos como: (i) transferência de
enquadram.31 massa (transferência da espécie do corpo da
solução para a interface eletrodo-superfície);
Na voltametria o parâmetro ajustado é o (ii) transferência de carga (transferência de
potencial (E) e o parâmetro medido é a elétrons na superfície do eletrodo); (iii)
corrente resultante (i), ou seja, i = f(E). O reações químicas que precedem ou sucedem
registro da corrente em função do potencial a transferência de elétrons, que podem por
é denominado voltamograma e a magnitude sua vez, ser homogêneos (protonação,
da corrente obtida pela transferência de dimerização, etc.) ou heterogêneos
elétrons durante um processo de oxirredução (decomposições catalíticas, adsorção,
(Equação 1), pode ser relacionada com a dessorção, cristalização). A Figura 2 mostra
quantidade de analito presente na interface um exemplo desse conjunto de etapas.
Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537| 520
Pacheco, W. F. et al.

Figura 2. Esquema do conjunto de etapas que resulta na medida voltamétrica

É indispensável que o transporte de massa movimentação espontânea da espécie


seja contínuo, caso contrário, a concentração química devido à formação de um gradiente
da espécie eletroativa de interesse na de concentração do analito de interesse.30
superfície do eletrodo irá decrescer
Por exemplo, considerando a reação
rapidamente, inviabilizando a relação com a
redox (Equação 1) no sentido direto, à
concentração do analito no seio da solução.
edida ue a espé ie oxidada O o eça a
Existem três formas pela qual o transporte de
ser reduzida, há um decréscimo da
massa pode ocorrer: a migração, a convecção
o e t ação de O a superfície do
e a difusão.
eletrodo, e espontaneamente surgirá um
Em voltametria, as condições fluxo de O do seio da solução pa a a
experimentais são ajustadas para que os interface eletrodo/solução devido a criação
transportes por migração (movimento de do gradiente de concentração.
íons através da solução causada pela atração
A transferência de carga e
ou repulsão entre as espécies iônicas em
consequentemente as reações eletródicas
solução e o eletrodo de trabalho) e
(processos de oxidação e redução) ocorrem
convecção (movimentação das espécies
na interface eletrodo-solução, gerando
causadas por perturbação mecânica do fluxo
corrente elétrica. A corrente total é
da solução) sejam minimizados.
constituída de duas componentes. A corrente
No caso da migração, o uso de excesso de faradáica, relativa à reação de oxirredução da
eletrólito não reativo na solução ou eletrólito espécie em estudo no eletrodo e a corrente
suporte (concentração de 50 a 100 vezes capacitiva, que é a corrente necessária para
maior que a concentração da espécie carregar a dupla camada elétrica existente na
eletroativa de interesse) impede a formação interface eletrodo/solução.
de um campo elétrico devido ao gradiente de
A interface eletrodo/solução é uma região
cargas.
bem diferente de todo o restante da solução
Já o transporte convectivo é minimizado e é onde a maior diferença de potencial
cessando o distúrbio mecânico da solução ocorre podendo ser descrita pela síntese de
(agitação mecânica e/ou borbulhamento de Stern dos modelos de Helmholtz, Gouy e
gás) antes de se aplicar o potencial de Chapman. A dupla camada pode ser
trabalho. Assim, em voltametria, considera- representa esquematicamente pela Figura 3.
se que o transporte de massa seja feito
basicamente por difusão, ou seja,

521 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537|


Pacheco, W. F. et al.

Figura 3. Representação esquemática da dupla camada segundo a síntese de Stern dos


modelos de Helmholtz e Gouy-chapman

Quando a superfície do eletrodo de certa mobilidade, e sofrem atração do


trabalho, imerso na solução de eletrólito eletrodo por interações de longa distância.
suporte, se encontra carregado
A concentração de analito na camada
(positivamente ou negativamente), ela irá
difusa é proporcional à concentração de
alterar a camada de solução imediatamente
analito no seio da solução, o que tem a
vizinha da superfície do eletrodo.32 Seguindo
importante consequência de proporcionar
este raciocínio, Helmholtz postulou que tal
um aspecto analítico quantitativo na medida
distribuição de cargas ao longo do eletrodo
de corrente gerada pela interação do analito
iria produzir uma orientação das moléculas
com o eletrodo. A largura da camada externa
do solvente imediatamente vizinha ao
depende da composição da solução e é
eletrodo de forma a criar uma contra camada
limitada por convecção, variando entre 0,3 a
elétrica cuja carga total e densidade de carga
0,5 mm num ambiente sem agitação
seriam igual ao eletrodo de trabalho, porém
mecânica. Quando a solução é mantida sob
possuiria sinal oposto, de forma a manter a
agitação, a largura dessa camada decresce
neutralidade elétrica do sistema.
significantemente para valores entre 0,01 a
Esta interface formada por duas lâminas 0,001 mm. Além desta camada externa existe
de carga oposta em sinais é denominada de o seio da solução, onde as moléculas não
dupla camada elétrica, sendo bastante sofrem nenhum tipo de interação com o
compacta, ou seja, as moléculas do solvente eletrodo.
na camada adjacente não possuem
Normalmente, a transferência de carga se
mobilidade estando especificamente
dá quando analito atinge a camada externa
adsorvidas no eletrodo (plano interno de
(difusa), mas em alguns casos, onde ocorre
Helmholtz ou camada interna). Além dessa
adsorção específica, o analito pode chegar
camada, uma região na qual as moléculas
até a camada interna (compacta)
solvatadas da espécie eletroativa de interesse
substituindo moléculas do solvente e
estariam presentes, porém, devido ao seu
adsorvendo especificamente ao eletrodo. A
raio de hidratação, não conseguem atingir a
corrente observada na interação do analito
superfície do eletrodo. Este plano se estende
com o eletrodo (oxirredução) é a faradáica
a partir da fronteira da camada interna até a
(denominada assim por obedecer a lei de
fronteira da região denominada seio da
Faraday), e é proporcional à concentração de
solução. Essa região é denominada plano
analito ativo no seio da solução. O outro tipo
externo de Helmholtz, camada externa ou
de corrente, a corrente capacitiva, não é
camada difusa. Nessa camada externa, que é
proporcional à concentração do analito e
mais larga que a camada interna, as
nem obedece à lei de Faraday (não
moléculas do analito solvatados possuem

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537| 522


Pacheco, W. F. et al.

faradáica), é apenas uma corrente que é a corrente faradáica proveniente de


gerada devido à presença de um acúmulo de substâncias potencialmente interferentes se
elétrons na superfície do eletrodo, manifeste.
aumentando a carga da dupla camada
O potencial aplicado no eletrodo de
elétrica (corrente transiente causada por
trabalho atua como a força motriz para a
mudanças na superfície do eletrodo e da
reação eletroquímica. É o potencial
solução).
controlado que possibilita a espécie presente
Muito dos ganhos instrumentais obtidos na solução ser oxidada ou reduzida na
nos últimos anos tem sido em função da superfície do eletrodo. Na medida em que o
diminuição da contribuição da corrente não potencial se torna mais negativo, o eletrodo
faradáica na corrente total medida. se torna uma fonte de elétrons favorecendo
a redução das espécies na interface solução-
Como já mencionado nesse texto, para
eletrodo. No caso de um potencial mais
que seja possível determinar um analito por
positivo a oxidação das espécies será
voltametria, é necessário que o analito em
favorecida. Por esta razão, quando se faz
questão seja eletroativo, ou seja, que ele
uma varredura de potencial no sentido
oxide ou reduza em uma região de potencial
negativo usa-se a denominação de varredura
aplicado na qual a transferência de elétrons
catódica, enquanto que uma varredura de
seja favorável termodinamicamente ou
potencial no sentido positivo é a varredura
cineticamente, criando-se um fluxo de
anódica.
elétrons.1 Nesse caso, a corrente faradáica
deve ser medida em um ambiente de baixo A corrente elétrica surge quando o
ruído, que é formado pelas correntes não potencial aplicado atinge um valor tal que
faradáicas e por correntes faradáicas permite a reação de oxirredução do analito
provenientes de processos de oxirredução de acontecer. Se essa corrente elétrica é
outras espécies na solução da cela de proporcional à quantidade das espécies que
trabalho (eletrólito de suporte e solvente, reagem, pode-se fazer uso desse fenômeno
componentes da amostra, gases dissolvidos). do ponto de vista analítico quantitativo.
No primeiro caso, as correntes não A corrente faradáica, i, proveniente da
faradáicas podem ser minimizadas pelo uso oxirredução do analito na superfície do
de eletrodos de pequena área superficial e eletrodo é dada por:
pelo uso de um modo de aquisição de sinal
(corrente) mais apropriados. No caso das
correntes faradáicas não específicas do i = zF dn/dt Equação 1
analito, o uso de eletrodo polarizado garante
que nenhuma transferência de carga possa
ocorrer entre o eletrodo e a solução de Onde: z é um número inteiro de sinal e
eletrólito suporte em função do potencial magnitude da carga iônica da espécie
aplicado. eletroativa; F é a constante de Faraday
(96.484,6 C); dn/dt é a taxa de variação de
Muito embora nenhum eletrodo seja mols da espécie eletroativa.
idealmente polarizado (transferência de
carga na interface eletrodo/eletrólito suporte Se considerarmos a taxa de variação dn/dt
nula em todo o intervalo de potencial), como o produto entre o fluxo de espécies
eletrólitos suporte proporcionam eletroativas (J) e a área da seção reta (A),
comportamento polarizado para alguns tem-se que a corrente instantânea é:
eletrodos num intervalo limitado de potencial
(janela de potencial de trabalho).33 A
seletividade do eletrodo em condições i = zFAJ Equação 2
experimentais específicas também evita que

523 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537|


Pacheco, W. F. et al.

Ao contrário da polarografia clássica com c0 é concentração superficial de espécies


eletrodo gotejante, na voltametria com na superfície do eletrodo em um dado
eletrodo estático, onde a área do eletrodo se instante.
mantém constante, tem-se que A é
Como na camada externa existe um
independente do tempo.
gradiente de concentração aproximadamente
Na voltametria, as espécies ativas chegam constante (Figura 3), dc/dx é igual à diferença
ao eletrodo primariamente por difusão, pois entre a concentração de analito na dupla
outras formas de transporte de massa são camada e a concentração no seio da solução
propositalmente limitadas. Nesse caso J é (c – c0) dividido por dx, que equivale à largura
dependente do tempo e é descrito pela da camada difusa (), assim:
primeira lei de Fick, que descreve J como o
produto entre o coeficiente de difusão, D,
multiplicado pela variação de concentração dc0/dx = (c – c0)/  Equação 6
na interface eletrodo/solução (onde a
distância, x, entre a superfície do eletrodo e a
solução é zero). Logo, substituindo (6) em (4), tem-se:

J = D dc0/dx Equação 3 i = zFA D (c – c0)/  Equação 7

Assim a corrente é limitada por difusão ou Quando a corrente é limitada por difusão,
está sob o controle difusional. Sendo que as o material que chega à superfície do eletrodo
espécies envolvidas no processo são iônicas é imediatamente reduzido ou oxidado
(fluxo envolvendo transferência de carga), a mantendo sua concentração, c0, nula. Assim,
corrente pode ser expressa por: a Equação 8 pode ser simplificada, no caso de
um processo anódico, para:

i = zFA D dc0/dx Equação 4


i = - zFA DOx cOx/  Equação 8

Similarmente, se o fluxo de espécies para


o eletrodo não envolve transferência de no caso do processo catódico:
carga (transferência de cátions ou ânions)
mas é adsortivo, temos um processo
heterogêneo cineticamente controlado. A i = zFA DRed cRed/  Equação 9
adsorção é um processo heterogêneo e o
fluxo de espécies eletroativas pode ser
descrito como uma etapa cinética de Desde que  seja limitado por convecção,
primeira ordem (Equação 5). Nesse caso tem- pode ser considerada constante.
se também uma relação onde a corrente é Para sistemas controlados pelas leis da
proporcional à concentração da espécie de termodinâmica, o potencial do eletrodo (E)
interesse. pode ser usado para estabelecer a
concentração da espécie eletroativa na
superfície do eletrodo, de acordo com a
i = zFAkhc0 Equação 5 equação de Nernst:

Onde: kh é uma constante de


G = - = -qE Equação 10
velocidade heterogênea
q = nF  G = -nFE Equação 11

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537| 524


Pacheco, W. F. et al.

G=Go +RTLnQ Equação 12 E0 o potencial padrão da reação.

o
R a constante dos gases (4,18 J mol-1 K-1).
-nFE = -nFE + RTLnQ Equação 13
T a temperatura absoluta.
RT
∆E = ∆E − LnQ Equação 14 n o número de mols elétrons transferido
F
na reação.
Para soluções com força iônica adequada: cOx e cRed são as concentrações superficiais
das espécies oxidada e reduzida
Yx>>[X] Equação 15 respectivamente.

Logo:
A corrente resultante de uma reação de
0 RT cox
E=E + , F
Log c Equação 16 oxirredução é faradáica (a reação de n mols
R
de substância envolve a transferência de n x
96.487 coulombs), e esta reação não é
Para sistemas em equilíbrio:
homogênea em toda a solução, pois todo
este processo acontece na interface entre a
E = 0
solução e o eletrodo de trabalho. A corrente
Q=K
irá então depender de dois fatores: (1o) a
RT velocidade na qual as espécies se movem do
∆E = ∆E − F
LnQ Equação 17 seio da solução para a superfície do eletrodo
(transporte de massa) e (2O) a velocidade na
RT qual os elétrons são transferidos do eletrodo
0 = ∆E − LnK
nF para a espécie em solução e vice-versa
(transferência de carga).34
RT
∆E = LnK Equação 18
F Como vimos que a concentração das
espécies ativas são proporcionais à corrente,
temos aproximadamente que:
Sendo:

RT  iox zFADred 
E  E 0  2,3 log  x 
nF   zFADox ired 
Equação 19

Como DOx é aproximadamente igual a DRed, temos:

RT  i 
E  E 0  2,3 log  ox 
nF  ired  Equação 20

Assim, tem-se a relação entre o potencial analítico (corrente) é adquirido, irá


aplicado e a corrente de difusão ou faradáica denominar o tipo de técnica voltamétrica em
que por sua vez pode ser relacionada com a questão. O modo de aquisição repercute na
concentração das espécies de interesse. sensibilidade do método principalmente
devido à magnitude da corrente capacitiva
A forma na qual o potencial é aplicado, e
observada para cada caso e também na
por consequência a forma como o sinal

525 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537|


Pacheco, W. F. et al.

seletividade devido ao formato do os diferentes modos de aquisição são


voltamograma e à largura dos pulsos de descritos a seguir.
resposta medidos. Além do modo de
aquisição, os métodos voltamétricos variam
de acordo com as etapas utilizadas antes ou 3. Voltametria de Varredura Linear
durante a medida do sinal, tais como a pré-
concentração de analito (proveniente da
capacidade do analito em reagir ou adsorver Na voltametria de varredura linear,
com o material do eletrodo de trabalho) ou também chamada por alguns autores de
direção ou inversão da direção da varredura cronoamperometria de varredura de
de potencial. A escolha da técnica potencial linear,35 o potencial aplicado ao
voltamétrica a ser utilizada está relacionada eletrodo de trabalho varia linearmente com o
com o tipo e a qualidade de informação tempo (Figura 4a), esta técnica possibilita a
quantitativa-qualitativa que se quer obter a aplicação de velocidades de varredura
respeito do analito ou do processo que relativamente altas (até 1000 mV s-1), no
envolve a interação entre o analito e o entanto não é uma técnica muito sensível.
eletrodo de trabalho. Maiores detalhes sobre

Figura 4. Representação esquemática da voltametria com varredura linear: a) Variação do


potencial em função do tempo, b) variação da corrente em função do tempo

A corrente é medida de forma direta, em 4. Voltamentria Cíclica


função do potencial aplicado, desta forma a
corrente total medida possui contribuições
tanto da corrente faradáica (desejável) A voltametria cíclica é a técnica mais
quanto da corrente capacitiva (ruído), o que comumente usada para adquirir informações
prejudica em muito a aplicação desta técnica qualitativas sobre os processos
para aplicações quantitativas. Os limites de eletroquímicos. A eficiência desta técnica
detecção obtidos por essa técnica, nas resulta de sua característica de rapidamente
estimativas mais otimistas, são da ordem de fornecer informações sobre a termodinâmica
10-6 mol L-1. de processos redox, da cinética de reações
heterogêneas de transferência de elétrons e

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537| 526


Pacheco, W. F. et al.

sobre reações químicas acopladas a simétrico ao pico da redução. O tipo de


processos adsortivos.28 voltamograma gerado depende do tipo de
mecanismo redox que o composto em
Em um experimento voltamétrico, inicia-
questão sofre no eletrodo, o que faz da
se a aplicação do potencial em um valor no
voltametria cíclica uma ferramenta valiosa
qual nenhuma redução ocorre. Com a
para estudos mecanísticos.
variação de potencial para regiões mais
negativas (catódica) ocorre a redução do Existem dois componentes principais que
composto em solução, gerando um pico de determinam as reações que ocorrem no
corrente proporcional à concentração deste eletrodo: a transferência difusional de massa
composto. Quando o potencial já tiver do analito em solução para a superfície do
atingido um valor no qual nenhuma reação eletrodo, e a transferência heterogênea de
de redução ocorre, o potencial é varrido no carga entre o analito e o eletrodo. Em alguns
sentido inverso até o valor inicial. No caso de casos ainda podem ocorrer reações químicas
uma reação reversível, os produtos que acopladas a algum destes processos. A
tiverem sido gerados no sentido direto (e se equação de Butler-Volmer (21), equação
localizam ainda próximos à superfície do básica da cinética eletroquímica, expressa
eletrodo) serão oxidados, gerando um pico estas relações.

i n F (1   )na
 Ca ( 0,t ) K s exp[  a ( E pc  E o )]  Cb( 0,t ) K s exp[ ( E pc  E o )]
nF RT RT Equação 21

Para uma reação reversível, ou seja, uma Nernst, pois como a cinética da reação de
reação que ocorre com velocidade transferência de carga é rápida (Ks > 10-1 cm
suficientemente alta para estabelecer um s-1) apenas a etapa de transferência de massa
equilíbrio dinâmico na interface, a equação irá ditar as regras do processo. A corrente do
de Butler-Volmer se reduz na equação de pico (em ampéres) neste caso é dada por:

i pc  (2,69 x10 5 )n 2 / 3 AD0


1/ 2 1/ 2
v C0
Equação 22

Sendo que n é o número de elétrons constante e independe de v.28,29,31,36


envolvidos no processo, A é a área do
Quando a velocidade de transferência de
eletrodo (cm2), D0 é o coeficiente de difusão
carga é lenta, comparada com a velocidade
(cm2 s-1), C0 é a concentração da espécie em
de varredura (Ks < 10-5 cm s-1) as
solução (mol cm-3) e v é a velocidade de
concentrações das espécies oxidadas (O) e
varredura (V s-1).
reduzida (R) não são mais função apenas do
Para uma reação reversível a corrente de potencial, não possuindo portanto um
pico varia linearmente com a raiz quadrada comportamento nersntiniano. Neste caso, os
da velocidade de varredura. Outros critérios termos  (coeficiente de transferência) e Ks
para reversibilidade são a razão da corrente (velocidade de transferência de carga) devem
de pico anódico e catódico igual a unidade e ser considerados. Nestas circunstâncias, a
independente de v, a não variação do equação que descreve a corrente de pico (ipc)
potencial de pico com a velocidade de é dada por:
varredura de potencial e a razão ip v-1/2

527 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537|


Pacheco, W. F. et al.

i pc  (2,99 x105 )n(n)1/ 2 AC0 D0 v1/ 2


1/ 2
Equação 23

Nestes casos, o voltamograma costuma varredura do potencial, o potenciostato


apresentar apenas pico anódico, que irá registra a corrente que é gerada como função
deslocar-se como aumento da velocidade de do potencial aplicado (Figura 5c). Em alguns
varredura. Além disso, este pico varia casos, porém, o potencial é aplicado na
também com  e Ks. forma de escada (staircase) como pode ser
visto na Figura 5b, com degraus de potenciais
Para uma reação eletródica quase-
pequenos (da ordem de 10 mV) e tempo de
reversível (10-1 > Ks > 10-5 cm/s), a corrente é
duração pequena (50 ms), onde a corrente é
controlada tanto pela etapa de transferência
lida apenas no final deste intervalo. Esse
de massa como pela etapa de transferência
étodo staircase su stitui a o te to a
de carga. A equação de Nernst é apenas
varredura linear.
aproximadamente satisfeita.
O objetivo desta variação é conseguir uma
A forma de aplicação do potencial na
minimização da contribuição da corrente
voltametria cíclica está representado na
capacitiva na corrente total. Como as etapas
Figura 5, onde o potencial é varrido
de potencial são pequenas, as equações para
linearmente com o tempo no eletrodo de
as espostas da volta et ia í li a staircase
trabalho estacionário, em uma solução sem
são consideradas como idênticas das
agitação varia-se o potencial de forma linear
provenientes da voltametria cíclica de
alternando entre crescente e decrescente
varredura linear.
frente à referência (Figura 5a). Dependendo
da informação desejada, simples ou múltiplos
ciclos podem ser utilizados. Durante a

Figura 5. Aplicação do potencial para a voltametria cíclica: a) potencial com varredura linear e
b) potencial do tipo escada c) voltamograma obtido para um sistema reversível

Do ponto de vista dos estudos tipo de reação de eletrodo em solução, a


mecanísticos, a voltametria cíclica representa expressão de Arrhenius (1889) relaciona a
uma das principais técnicas não entalpia de ativação, H*, com a constante
espectrométricas empregadas inclusive por de velocidade k; a maior parte das reações
não eletroquímicos, especialmente devido a apresentam relação direta entre variações de
sua facilidade de aplicação e interpretação. suas taxas e temperatura, desta forma:
Para uma abordagem sintética deste aspecto,
consideremos, segundo (29) (28) (36) (4), um
processo eletroquímico simples e reversível, k  A exp  H * 
representado na equação 1. Para qualquer  RT  Equação 24

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537| 528


Pacheco, W. F. et al.

Presumindo uma reação simples de


transferência de elétrons, o rearranjo da
Sendo A um fator pré-exponencial,
atmosfera iônica é fundamental, sendo desta
determinado experimentalmente. Quando
forma, não só interessante mas sobretudo
dados experimentais são plotados na forma
útil a inclusão da energia envolvida em tal
de ln k versus T-1, teremos como resultante
uma reta, da qual a inclinação reflete a processo, o S*.
energia de ativação ou o próprio H*, e, Desta forma, é possível a reescrita do
consequentemente, o fator pré-exponencial fator pré-exponencial como função do estado
se torna calculável. inicial:
O valor da energia de ativação pode, ainda
ser determinado pela adequada derivação de
(25): A  A`exp  S * 
 R Equação 26

d ln k
Ea  H *  RT 2 da qual:
RT Equação 25

k  A`exp  (H * T S*)   A`exp  G * 


 RT   RT  Equação 27

Pelo apresentado, nitidamente é havendo efeitos de migração nem convecção,


observada uma relação entre energia livre de pode-se, então chamar tal corrente de
Gibbs e potencial de eletrodo; sendo O e R corrente limitada por difusão.
um par redox de substâncias solúveis nas
Considerando tal corrente, os efeitos da
condições experimentais, o par tem
velocidade de varredura sobre a mesma e os
associado a si uma energia redox, associada
parâmetros para sistemas reversíveis, pode-
ao potencial do eletrodo. Aplicando um
se concluir que o estudo mecanístio por meio
potencial ao eletrodo influenciamos o nível
de voltametria cíclica se torna vantajoso, a
eletrônico mais elevado ocupado no
despeito da mais alta corrente capacitiva
eletrodo, chamado nível de Fermi.29 Assim,
(quando comparada às respectivas
pode-se dizer que o próprio eletrodo,
observadas nos sistemas de pulso, a seguir).
polarizado, terá atividade catalisadora, ou
seja, será medido na realidade, um evento
eletrocatalítico, no qual a própria velocidade
de varredura influenciará (não
5. Técnicas de Pulso
necessariamente na mesma proporção) as
componentes da corrente elétrica observada
nos sentidos de oxidação e redução. Inicialmente desenvolvidas como forma
de sincronizar os pulsos aplicados com a
Apesar desta afirmação, as constantes nos formação e desprendimento das gotas em
sentidos de oxidação e redução (ka e kc) não sistemas de mercúrio gotejante
variam de forma indefinida, são limitadas (polarográficos), reduzindo, desta forma, a
pelo transporte de massa (espécie redox) da contribuição capacitiva por ocasião da
solução à interface com eletrodo. Quando o amostragem de corrente ao final do tempo
máximo possível das espécies atinge a de vida da gota como eletrodo, as técnicas de
interface eletrodo-solução a corrente pulso e suas variantes são baseadas na
faradáica se apresentará máxima; não aplicação de degraus de potencial, fixos ou

529 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537|


Pacheco, W. F. et al.

variáveis. Após a aplicação dos pulsos de contribuir, mas não definir por si só,
potencial a corrente capacitiva se extingue mecanismos de reação, visto serem aspectos
mais rapidamente que a componente tão vinculados aos processos de eletrodo
faradáica, sendo o sinal analítico mensurado quanto ao perfil e condições de pulso
ao final da aplicação.29,28,31,36 aplicadas.
Tal perturbação adicional, o pulso de Estes sistemas se apresentam, sob o
potencial, assim como uma alteração sensível enfoque analítico, como mais sensíveis,
de temperatura e/ou pressão em sistemas rápidos e melhores resolvidos em picos que
homogêneos, representa uma alteração as demais voltametrias anteriormente
instantânea no sistema eletroquímico. abordadas.29,28,31,36
Degraus de potencial e/ou corrente
fornecem informações adicionais, mas não
5.1. Voltametria de pulso diferencial
decisivas sob o aspecto mecanístico,
enquanto no primeiro caso as variações de
potencial geram breve corrente de pico de Na voltametria de pulso diferencial, pulsos
natureza capacitiva. No segundo caso, uma de amplitude fixos sobrepostos a uma rampa
parte da corrente aplicada (variável em de potencial crescente são aplicados ao
função do tempo) é empregada para carregar eletrodo de trabalho. A Figura 6 mostra essa
a dupla camada. Aspectos como corrente e combinação.
potencial de pico, altura e largura de pico,
bem como largura a meia altura, podem

Figura 6. Sinais de excitação para voltametria de pulso diferencial

A corrente é medida duas vezes, uma forma gaussiana, cuja área deste pico é
antes da aplicação do pulso (S1) e outra ao diretamente proporcional à concentração do
final do pulso (S2). A primeira corrente é analito, de acordo com a seguinte equação:
instrumentalmente subtraída da segunda, e a
diferença das correntes é plotada versus o
potencial aplicado. O voltamograma
resultante consiste de picos de corrente de
Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537| 530
Pacheco, W. F. et al.

nFAD 1 / 2 C  1    minimização da contribuição da corrente de


ip    fundo.28 Esta correção de correntes,
t m  1    Equação 28 possibilitada pelo modo de pulso diferencial,
permite obter limites de detecção da ordem
de 10-8 mol L-1.
Sendo:

5.2. Voltametria de onda quadrada


ip = corrente do pico (A).
n = número de elétrons envolvido na
Na voltametria de onda quadrada (do
reação redox.
inglês, square-wave), uma onda quadrada
F = constante de Faraday (coulombs). simétrica de amplitude Ep sobreposta a uma
A = área do eletrodo (cm2). rampa de potencial na forma de escada
(staircase) caracterizada pela amplitude Es,
tm = tempo entre o segunda e a primeira largura a e período  é aplicada ao eletrodo
leitura de corrente (s). de trabalho,36 como representado na figura 7.
D = coeficiente de difusão (cm2s-1). A corrente é amostrada duas vezes, uma ao
final do pulso direto, quando a direção do
C = concentração do analito (mmol L-1). pulso é igual à direção da varredura, e outro
 = exp(nFE /2RT). ao final do pulso reverso (que ocorre no meio
do deg au da o da staircase), onde a
E = amplitude do pulso. direção do pulso é contrária à direção da
varredura. Assim como na voltametria de
pulso diferencial, esta dupla amostragem da
O pico de potencial (Ep) pode também ser
corrente garante uma minimização da
usado para identificar as espécies, uma vez
contribuição da corrente capacitiva sobre a
que estes picos aparecem próximos ao
corrente total medida.
potencial de meia-onda da correspondente
análise polarográfica: O voltamograma resultante consiste da
diferença entre estas duas correntes versus a
rampa de potencial aplicado. Na figura 7 está
Ep = E1/2 - E1/2 Equação 29 também representado o pico de corrente
resultante da voltametria de onda quadrada,
onde o pico é caracterizado por um potencial
O objetivo de se fazer duas medidas da E1/2 e largura W1/2.
corrente e trabalhar com a diferença entre
A sensibilidade desta técnica é
elas é a correção da corrente capacitiva. À
comparável com aquela proveniente da
medida que se aplica o pulso, ocorre um
voltametria de pulso diferencial. A maior
acréscimo da contribuição da corrente
vantagem desta técnica é a velocidade de
capacitiva e da corrente faradáica, mas a
aquisição dos dados. Frequências de 1 a 100
corrente capacitiva diminui
ciclos de onda quadrada por segundo
exponencialmente, enquanto que a corrente
permitem o uso de velocidades de varredura
faradáica diminui linearmente, assim,
de potenciais extremamente rápidas.
escolhendo um tempo apropriado para se
Enquanto na voltametria de pulso diferencial
fazer a segunda leitura, faz-se a medida da
a velocidade de varredura varia de 1 a 10 mV
corrente total a um valor de corrente onde a
s-1, na voltametria de onda quadrada esta
contribuição da corrente capacitiva (não
velocidade varia de 100 a 1000 mV s-1, isto
faradáica) pode ser desconsiderada. Assim,
diminui o tempo de análise de cerca de 3 a 5
desvinculando o valor da primeira leitura de
minutos para alguns poucos segundos (3 a 10
corrente da segunda, obtém-se uma

531 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537|


Pacheco, W. F. et al.

s) sem haver perda da resolução dos picos.

Figura 7. Representação esquemática da voltametria de onda quadrada

6. Voltametria de Redissolução anódica (ASV, do inglês) é mais utilizada para


a análise de íons metálicos através da
deposição catódica. 39-42 Quando esta análise
ocorre em eletrodo de gota pendente de
Na voltametria de redissolução, uma
mercúrio (EGPM), a reação que ocorre entre
reação eletroquímica entre o analito (ou um
o analito e o eletrodo é:
complexo do analito) e o eletrodo de
trabalho deve ocorrer antes da varredura e
aquisição de sinal iniciar. Devido a essa
An+ + ne- + Hg  A(Hg) Equação 30
reação, o analito pode ser pré-concentrado
no eletrodo de trabalho. Como consequência,
um aumento da magnitude da corrente
Em eletrodos sólidos, a reação que ocorre
medida é obtido, com diminuição significativa
é:
dos limites de detecção alcançados para
estas espécies químicas.
Esta etapa normalmente ocorre sob An+ + ne-  A Equação 31
aplicação de um potencial controlado
durante um tempo determinado, e com
condições hidrodinâmicas (transporte de Sendo A o analito.
massa) controlados e reprodutíveis.38 Esse tipo de interação é mais comum para
Após esta etapa de pré-concentração, é os íons metálicos, mas também ocorre no
feita uma varredura de potencial no qual o caso de algumas substâncias orgânicas (por
analito é redissolvido (do inglês, stripping) exemplo, a adenina) que atingem o eletrodo
para a solução. A análise voltamétrica por de mercúrio por difusão e convecção (uma
redissolução possui duas variantes, a catódica vez que nesta etapa ainda existe agitação da
e a anódica, a voltametria de redissolução

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537| 532


Pacheco, W. F. et al.

solução). A concentração de analito no id = 2,72x105n3/2AD1/2v1/2CHg Equação 34


amalgama, CHg é regida pela lei de Faraday.
il td Sendo A um fator de frequência e D o
C Hg  coeficiente de difusão do analito no eletrólito
nFV Hg
Equação 32 suporte utilizado.
A voltametria de redissolução catódica
Sendo: il a corrente limite para a (CSV) é utilizada para determinar uma grande
difusão de metal variedade de compostos orgânicos e
inorgânicos.43-47 Nesta voltametria, aplica-se
td o tempo de deposição um potencial relativamente positivo ao
VHg o volume do eletrodo de eletrodo de trabalho na presença do analito,
mercúrio e este irá reagir com o eletrodo, formando
um sal insolúvel sobre o eletrodo. Esta reação
A quantidade de analito depositado pode ser representada da seguinte forma:
representa uma pequena (porém
reprodutível) fração do analito presente na
solução. M  Mn+ + ne- Equação 35a
Terminada a etapa de deposição, a
agitação da solução é encerrada para se
terminar com o transporte de massa Mn+ + An- MA Equação 35b
convectivo, e o potencial é então varrido
anodicamente, de forma linear ou pulsada
(pulso diferencial ou onda quadrada). Sendo M o material eletródico, A o analito
Os metais amalgamados durante esta e MA o sal insolúvel formado na superfície do
varredura anódica são reoxidados, sendo eletrodo.
redissolvidos do eletrodo para a solução, A varredura se dá no sentido catódico
numa sequencia que respeita os seus (negativo), e o analito é redissolvido da
potenciais padrões. seguinte forma:
A reação que representa esta reação é:
MA + ne-  M + An- Equação 36
A(Hg)  A + ne (EGPM)
n+ -
Equação 33a

Como esta técnica envolve a formação de


ou um filme sob a superfície do eletrodo, é até
mesmo comum que a curva de calibração
perca a linearidade em concentrações altas,
A  An+ + ne- (eletrodo sólido) Equação 33b devido à saturação da superfície do eletrodo.
A figura 8 mostra uma representação
A corrente de pico depende de vários gráfica das etapas da voltametria de
parâmetros das etapas de deposição e redissolução (anódica e catódica) e uma
redissolução, assim como das características comparação sobre a diferença que poderia
do analito e da geometria do eletrodo. Para o ser observada nos voltamogramas obtidos.
eletrodo de gota pendente de mercúrio, a
expressão para a corrente de pico é:

533 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537|


Pacheco, W. F. et al.

Figura 8. A) Voltametria de redissolução anódica B) Voltametria de redissolução catódica e C)


voltamograma obtido

7. Voltametria Adsortiva de Em ambos os casos, como a acumulação


não é baseada em processos faradaicos, o
Redissolução (ADSV) analito se mantém ligado ao eletrodo por
ligações covalentes, troca iônica e outras
ligações eletrostáticas.
Uma possibilidade de se conseguir
deposição do analito sobre o eletrodo de Como em todo processo de adsorção, a
trabalho e um consequente ganho no limite quantidade de analito acumulada na
de detecção da técnica, mesmo quando o superfície do eletrodo é uma função de
analito não reage eletroliticamente com o muitos fatores, como solvente, material do
material do eletrodo é utilizando a eletrodo, força iônica, pH, transporte de
voltametria adsortiva de redissolução. massa, potencial ou temperatura. O processo
deve ser reprodutível e ocorrer sem
Esta técnica é baseada na capacidade que passivação do eletrodo (cuidado este
alguns compostos orgânicos e inorgânicos obviamente desnecessário quando o eletrodo
possuem de adsorverem na superfície do de trabalho é uma gota de mercúrio).
material eletródico. Esta adsorção pode
ocorrer espontaneamente na superfície de Como este procedimento também
um eletrodo comum,48-50 ou pode-se fazer envolve a formação de um filme sobre a
uso de um eletrodo quimicamente superfície do mercúrio, também é comum a
modificado para se conseguir tal adsorção. perda de linearidade em concentrações
Essa modificação pode ser obtida não apenas relativamente altas (em torno de 10-6 mol L-
1
por eletrodeposição, na qual filmes metálicos ). Para remediar isto, usam-se menores
finos ou mesmo de óxidos são depositados, tempos de acumulação, menores velocidades
mas, sobretudo, em sistemas nos quais de agitação da solução ou mesmo diluição
ligações com agentes de intercruzamento das soluções.
como glutaraldeído51-54 e epicloridrina55-57 são
empregados a fim de fixar sobre a superfície
dos eletrodos algum substrato de interesse.
Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537| 534
Pacheco, W. F. et al.

8. Conclusão chegando a permitir análise em campo, uso


de sondas para sensoriamento remoto, e, até
mesmo, uso de nanossensores para
aplicações in vivo. Neste contexto, e com tal
Vista pela maioria como um conjunto de
perspectiva, o presente texto teve por
técnicas complexas e de pouca aplicabilidade,
objetivo corroborar para um melhor
a Eletroanálise, em especial no que se refere
aprendizado e aproveitamento dos recursos
às técnicas amperométricas e voltamétricas
vêm, gradativamente e, muitas vezes, de já disponíveis, bem como possibilitar uma
forma "anônima", conquistando espaço; maior versatilidade e adequação dos
desde detectores para cromatógrafos até sistemas já descritos a novos problemas
analíticos.
sistemas domésticos para avaliação de
índices de glicose em sangue para diabéticos,
sensores e procedimentos eletroanalíticos
Referências Bibliográficas
vêm contribuindo direta e indiretamente
para melhoria dos dados analíticos obtidos, e
consequentemente, para diversos setores da 1
Ticianelli, E. A.; Gonzales, E. R.;
sociedade. As inúmeras relações, diretas e Eletroquímica , Princípios e aplicações, 2a.ed.,
indiretas, aqui apresentadas demonstram a Edusp: São Paulo, 2005.
ampla gama de informações inter-
2
relacionáveis pelas técnicas eletroanalíticas, Bockris, O'M. J.; Reddy, A. K. N.; Modern
provendo o analista de informações físico- Electrochemistry, 2a. ed., Plenum Press: New
químicas, eletroquímicas e eletroanalíticas, York, 1998.
desde aspectos fundamentais até respectivas 3
de Oliveira, L. A. A.; Valle G. G.; Zanluqui, L.
aplicações; da indústria química, A. Eclet. Quim. 2001, 26, 235. [CrossRef]
farmacêutica e alimentícia, passando pela 4
cosmética e análises biomédicas e Bagotsky, V. S.; Fundamentals of
toxicológicas, várias são as áreas de Electrochemistry, 2a. ed., Wiley: Moscou,
penetração das técnicas e sensores 2001. [CrossRef]
eletroanalíticos, conforme apresentado nesta 5
Fonseca, C. A.; Vaz, G. C. S.; Azevedo, J. P.
breve abordagem. A.; Semaan, F. S. Microchem. J. 2011, 99, 186.
A despeito de tais aspectos, as técnicas [CrossRef]
voltamétricas continuam sendo 6
Jain, R.; Gupta, V. K.; Jadon, N.; Radhapyari,
negligenciadas e, frequentemente, K. Anal. Biochem. 2010, 1, 79. [CrossRef]
apresentadas en passant aos alunos dos mais 7
diversos cursos de Graduação em Química e Jain, R.; Vikas. Colloids Surf., B 2011, 87,
áreas afins. Sendo, em geral, apresentadas 423. [CrossRef]
8
nas disciplinas de Físico-química, tópicos Pacheco, W. F.; Farias, P. A. M.; Aucelio, R.
básicos sobre eletrodinâmica acabam por se Q. Anal. Chim. Acta 2005, 549, 67. [CrossRef]
perder por ocasião de uma aplicação 9
Bonifácio , V. G.; Marcolino-Jr., L. H.;
analítica, desta forma, no presente texto, os
Teixeira, M. F. S.; Fatibello-Filho, O.
autores buscaram, de forma sucinta e direta,
Microchem. J. 2004, 78, 55. [CrossRef]
apresentar partes relevantes desta
10
importante interface das ciências. Cavalheiro, E. T. G.; Brett, C. M. A.; Brett,
A. M. O.; Fatibello-Filho, O. Bioanal. Rev.
É interessante notar que, contrário à tal
2012, 4, 31. [CrossRef]
carência, o presente trabalho apresentou de
11
forma sucinta um mercado em franco Perantoni, C. B.; Carbogim, L. G. S.;
desenvolvimento, com equipamentos mais Semaan, F. S.; Matos, R. C.; Lowinsohn, D.
sofisticados, de eletrônica mais sensível e Electroanalysis 2011, 23, 2582. [CrossRef]
robusta, mais seguros e miniaturizados,

535 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537|


Pacheco, W. F. et al.

12
Semaan, F. S; Cavalheiro, E. T. G.; Brett, C. L. B.; Baugis, G. L.; Fonseca, T. C. O.; Song, C.;
M. A. Anal. Lett. 2009, 42, 1119. [CrossRef] Zhang, J.; Marques, E. P. Fuel 2012, 91, 26.
13 [CrossRef]
Semaan, F. S; Pinto, E. M.; Cavalheiro, E. T.
28
G.; Brett, C. M. A. Electroanalysis 2008, 20, Wang, J.; Analytical Electrochemistry, 2a.
2287. [CrossRef] ed., Wiley-VCH: New Jersey, 2000.
14 29
Alghamdi, A. H. Arabian J. Chem. 2010, 3, Brett, C. M. A.; Brett, A. M. O.;
1. [CrossRef] Electroanalysis, 1a. ed., Oxford University
15 Press: , 1998.
Medeiros, R. A; Rocha-Filho, R. C; Fatibello-
30
Filho, O. Food Chem. 2010, 123, 886. Skoog, D. A.; Holler, F. J.; Nieman, T. A.;
[CrossRef] Princípios de análise instrumental, 5a. ed.,
16 Bookman: Porto Alegre, 2002.
Pacheco, W. F.; Doyle, A.; Duarte, D. R. A.;
31
Ferraz, C. S.; Farias, P. A. M.; Aucelio, R. Q. Agostinho, S. M. L.; Villamil, R. F. V.;
Food Anal. Method. 2010, 3, 205. [CrossRef] Agostinho Neto, A.; Aranha, H. Quim. Nova
17 2004, 27, 813. [CrossRef]
Silva, M. L. S.; Garcia, M. B. P.; Lima, J. L. F.
32
C.; Barrado, E. Talanta 2007, 72, 282. Aleixo, L. M.; Voltametria: Conceitos e
[CrossRef] técnicas, Wiley: Chemkey.
18 33
Ni, Y. N.; Rong, Y. W.; Kokot, S. Chinese Plambeck, J. A.; Electroanalytical
Chem. Lett. 2008, 19, 1491. [CrossRef] Chemistry: Basic Principles and Applications,
19 John Wiley & Sons: New York, 1982.
Bruland, K. W.; Rue, E. L.; Donat, J. R.;
34
Skrabal, S. A.; Moffett, J. W. Anal. Chim. Acta Bard, A. J.; Electrochemical Methods:
2000, 405, 99. [CrossRef] Fundamentals and Applications, Wiley : John
20 Wiley & Sons, 2001.
Locatelli, C. Talanta 2011, 85, 546.
35
[CrossRef] Barek, J.; Fogg, A. G.; Muck, A.; Zima, J.
21 Crit. Rev. Anal. Chem. 2001, 31, 291.
Luther III, G. W.; Glazer, B. T.; Shufen, M.;
[CrossRef]
Trouwborst, R. E.; Moore, T. S.; Metzger, E.;
36
Kraiya, C.; Waite, T. J.; Druschel, G.; Sundby, Scholz, F.; Electroanalytical methods,
B.; Taillefert, M.; Nuzzio, D. B.; Shank M., T.; Electroanalytical Methods Guide to
Lewis, B. L.; Brendel, P. J. Marine Chem. 2008, Experiments and Applications, Springer-
108, 221. [CrossRef] Verlag: Berlin, 2010.
22
Pie h, R.; Baś, B.; Ku iak, W. W.; Pa zosa- 37
Vassos, B. H.; Ewing, G. W.;
Bator, B. Fuel 2012, 97, 876. [CrossRef] Electroanalytical chemistry, John Wiley &
23 Sons: Las Vegas, 1983.
Cardoso, C. E.; Pacheco, W. F.; Sarubi, R.;
38
Ribeiro, M. L. N.; Farias, P. A. M.; Aucélio, R. EG&G Princeton Applied Research.
Q. Anal. Sci. 2007, 23, 1065. [CrossRef] Operation and Service Manual, model 384B
24 polarographic analyser. [Link]
Trindade, M. A. G.; Ferreira, V. S.;
39
Gonçalves, M. A.; Zanoni, M. V. B. Dyes Wang, J; Stripping Analysis, VCH
Pigments 2007, 74, 566. [CrossRef] Publishers: New York, 1985.
25 40
Serafim, D. M.; Stradiotto, N. R. Fuel 2008, Wu, Y.;Bing, N. L.; Luo, H. Q. Sensors
87, 1007. [CrossRef] Actuat. B-Chem. 2008, 133, 677. [CrossRef]
26
Miguel, E. M.; da Cunha, A. L. M. C.;
Pacheco, W. F.; Farias, P. A. M.; Aucélio, R. Q.
Electroanalysis 2010, 22, 1505. [CrossRef]
27
Trindade, J. M.; Martiniano, L. C.;
Gonçalves, V. R. A.; Souza, A. G.; Marques, A.

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537| 536


Pacheco, W. F. et al.

41 49
Chen, L.; Su, Z.; He, X.; Liu, Y.; Qin, C.; Zhou, Vire, J. C.; Kauffmann, J. M.; Patriarche, G.
Y.; Li, Z.; Wang, L.; Xie, Q.; Yao, S. J. J. Pharm. Biomed. Anal. 1989, 7, 1323.
Electrochem. Commun. 2012, 15, 34. [CrossRef]
[CrossRef] 50
Ashournia, M.; Aliakbar, A. J. Hazardous
42
Li, B. L.; Wu, Z. L.; Xiong, C. H.; Luo, H. Q.; Mat. 2010, 174, 788. [CrossRef]
Li, N. B. Talanta 2012, 88, 707. [PubMed] 51
Moyo, M.; Okonkwo, J. O.; Agyei, N. M.
43
da Silva, J. G.; Silva, M. R. L.; de Oliveira, A. Sensors 2012, 12, 923. [CrossRef]
C.; SouzaDe, J. R.; Vaz, C. M .P.; de Castro, C. 52
Curulli, A.; Dragulescu, S.; Cremisini, C.;
S. P. J. Food Compos. Anal. 2012, 25, 1.
Palleschi, G. Electroanalysis 2001, 13, 236.
[CrossRef]
[CrossRef]
44
Santos-Echeandía, J. Talanta 2011, 85, 506. 53
Iwuoha, E. I.; Smyth, M. R.; Lyons E. G. M.
[CrossRef]
Biosens. Bioelectron. 1997, 12, 53. [CrossRef]
45
Sopha, H.; Jovanovski, V.; Hocevar, S. B.; 54
Gooding, J. J.; Hibbert, D. B. Trends Anal.
Ogorevc, B. Electrochem. Commun. 2012, 20,
Chem. 1999, 18, 525 . [CrossRef]
23. [CrossRef]
46
55
Paździo h, W.M.; Mll he t, E. Przem.
Gibbon-Walsh, K.; Salaün, P.; van den Berg,
Chem. 2008, 87, 270.
C. M. G. Anal. Chim. Acta 2010, 662, 1.
56
[CrossRef] Huang, Z.; Zou, Y.; Yuan, F.; Li, W.; Pu, X.
47 Adv. Mat. Res. 2012, 399-401, 1363.
Ghoneim, E. M. Talanta 2010, 82, 646.
[CrossRef]
[CrossRef]
57
48 Bai, X.; Ye, Z.-f.; Li, Y.-f.; Zhou, L.-c.; Yang,
Garay, F. J. Electroanal. Chem. 2001, 505,
L.-q. Proc. Biochem. 2010, 45, 60 . [CrossRef]
100. [CrossRef]

537 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |516-537|

Potrebbero piacerti anche