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serviço social
Sobral
2014
Sobral
2014
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Prof.(a) Renata Castro da Ponte
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Dedico este trabalho a minha família, que sempre me apoiou em minha formação. Mas
principalmente a minha mãe, que é meu exemplo de mulher guerreira e que sempre acreditou
em minhas conquistas, apoiando e colaborando no meu desempenho acadêmico.
agradecimentos
Primeiramente a Deus, que proporcionou esta caminhada, ajudando a superar todos os
obstáculos até aqui e que nos ilumina todos os dias.
A minha mãe e a minha família que acompanharam todo este percurso sempre incentivando a
continuar.
Ao meu amor, que teve todo cuidado e paciência comigo durante esse percurso tão difícil.
A tutora de sala Renata Ponte, que nos acompanhou e orientou durante os últimos e mais
difíceis semestres letivos, colaborando significativamente para o alcance de nossas metas.
Aos professores que contribuíram para a nossa formação acadêmica, com todo conteúdo
disciplinar oferecido.
As minhas colegas de sala, algumas em especial, que sempre contribuíram durante esses
longos períodos do curso, principalmente nas atividades em grupo.
A nossa orientadora Márcia Santos, que colaborou de forma significativa para a execução
deste trabalho.
E, finalmente, as minhas supervisoras de estagio, Edna Pacheco e Nízia Araujo, que sempre
sanaram as dúvidas e colaboraram para a aprendizagem em campo, e sem a orientação e
auxilio delas não estaria aqui.
ABSTRACT
This paper will examine the historical context of social services across the adoption process
along the importance of the work of professionals during this process. The social worker
professional category is established by law in federal law, and is inserted in various fields of
social action such as health, education and care of children and teen court , focusing on the
presence of crew adoption processes . This study aims to understand the role of the social
worker against the adoption process in the face of the court and social aspect that covers such
institute, contextualizing the history of social work and adoption process coming to the present
day and the contributions of such profession at this institute. In this approach, it is noticed, the
importance of this study about the knowledge on the role of social worker in the adoption
process as this makes up one of the areas of the profession
UNOPA
Universidade Norte do Paraná
R
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Desde as sociedades primitivas a prática da assistência sempre foi um aspecto presente em
diversas culturas. Pobreza, fome e miséria sempre foram cenários comuns em diferentes
sociedades e épocas, porém em um determinado período tais fatores se agravaram
necessitando de uma intervenção menos paliativa e mais profunda por parte do estado e da
sociedade nascendo assim o Serviço Social. Que surgiu inicialmente com o intuito de amenizar
conflitos sociais/trabalhistas, hoje se constitui em profissão regulamentada por lei que possui
diferentes campos de trabalho e ações, como saúde, educação, assistência e juizado da
infância e adolescente, com destaque de trabalho nos processos de adoção.
O processo de adoção no Brasil consisti em processo jurídico, que visa transferir os direitos de
pais biológicos a famílias substitutas. Tal instituto advém de séculos atrás encontrando-se
presente em varias civilizações antigas e até mesmo na bíblia. Contudo com o passar das eras
esse processo foi-se modificando e reformulando-se para melhor atender aos seus objetivos.
Hoje, no Brasil, a adoção conta com legislações referentes as diretrizes processuais, como o
estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei de Adoção – Lei 12.010 de 2009 – tais
legislações visão reforçar o processo de adoção legalmente, contando com uma equipe técnica
que opera em prol do menor assessorando a decisão do juiz.
O presente estudo tem por objetivo geral compreender a atuação do assistente social frente ao
processo de adoção em face da jurisdição e aspecto social que tal instituto abrange. Para
atingir tal objetivo o estudo aborda os seguintes objetivos específicos:
Para o alcance de tais objetivos utilizamos como metodologia a pesquisa bibliográfica através
de artigos acadêmicos retiradas de sítios eletrônicos e livros de autores da área abordada para
que se possa compreender a atuação do assistente social diante do processo de adoção.
O primeiro capítulo aborda o contexto histórico do Serviço Social até a cena contemporânea
brasileira. No segundo capitulo será discutido o contexto da adoção desde os primeiros fatos
ocorridos historicamente, o conceito e a representação social de tal instituto e as modalidades
cabidas neste processo. No capitulo final será abordado o processo jurídico da adoção bem
como a importância da atuação do assistente social neste processo.
Busca-se com uma abordagem geral sobre o tema, bem como uma análise crítica dos
objetivos, compreender a importância do profissional de Serviço Social como ferramenta de
resolução no processo de adoção.
Serviço social
O Serviço Social, enquanto profissão, na maioria dos países, encontra-se estreitamente ligada
às relações capitalista. Uma vez que o sistema capitalista gera desigualdades sociais e má
distribuição de renda, originando, desta forma, indivíduos em situação pobreza e miséria, sem
as mínimas condições de subexistência.
Sua origem é distinta, e advém de séculos passados, inicialmente, concebido pela burguesia,
para “acalmar” a classe proletária insatisfeita com as condições de trabalho instituídas pela
classe detentora do capital. Posteriormente o Serviço Social foi-se expandindo através dos
países estando sempre vinculado a práticas caritativas e de cunho religioso, buscando entre
suas práticas, inicialmente assistencialistas, a racionalização teórica para a profissão.
Para Martinelli:
É uma profissão que nasce articulada com um projeto de hegemonia do poder burguês,
gestada sob o manto de uma grande contradição que impregnou suas entranhas, pois
produzida pelo capitalismo industrial, nele imersa e com ele identificada “como a criança no
seio materno” (Hegel, 1978, § 405: 228), buscou afirmar-se historicamente – sua própria
trajetória o revela – como uma prática humanitária, sancionada pelo Estado e protegida pela
Igreja, como uma mistificada ilusão de servir. (p.66, 2000)
Na idade media o trabalho se instituía em uma estrutura familiar, onde a família trabalhava
durante o dia nas terras dos senhores feudal para prover sua subsistência, e manter a lavoura
do senhor (SIKORSKI,2009, p.3). A pobreza nesse período era um fator comum, porem
controlado, com o passar dos tempos o comercio foi se expandindo e consequentemente as
cidades, onde ocorriam às trocas de mercadoria, a população foi deixando o campo dando
origem aos aglomerados urbanos e ao sistema capitalista.
Tratava-se de um tempo marcado não somente pelas grandes invenções que revolucionaram
as técnicas e os processos produtivos, mas também pelo surgimento e ascensão do
capitalismo industrial, trazendo consigo uma revolução econômica e social sem precedentes.
Caracteriza-se por um novo modo de produção, desenvolvido em um espaço específico – a
fábrica, a indústria –, exigindo uma demanda contínua de mão de obra, com formas coercitivas
de recrutamento para satisfazer o ritmo da produção fabril, levando uma concentração de
trabalhadores a viver nos arredores da fábrica. (BOGADO; BRANCO, p.118/119, 2009)
BOGADO; BRANCO (2009) coloca que essa transformação capitalista que propicia à
concentração de operários próximos a indústria, faz surgir as “cidades industriais, condição
necessária ao capitalismo”. Dispõe também, que a classe burguesa tratava a população
operária com submissão e “abusiva exploração”, nesse momento o Estado, por sua vez,
encontrava-se estreitamente ligado à burguesia, subordinando-se de forma a estabelecer uma
legislação incabível ao proletário, pois se compunha de leis que protegiam e colaboravam com
a ascensão do capital e de seus possuidores, conferindo à classe operária, inúmeras e difíceis
situações no que concerne a esfera social. Martinelli (1991, p.55) explicita que a classe
trabalhadora era visualizada “como um mero atributo do capital, como um modo de existência
deste, os capitalistas não hesitavam em criar formas coercitivas de recrutamento do operariado
e de sua abusiva exploração”.
Num primeiro momento as fábricas surgiam com uma forma tenebrosa, em grandes edifícios
lembrando quartéis, com chaminés, apitos e grande número de operários. O ambiente interno
era inadequado e insalubre, com pouca iluminação e ventilação deficiente; ou seja,
apresentava condições precárias, era abafado e sujo, o que de certa forma propiciava a
infestação de doenças. [...]
A remuneração dos operários era insignificante, pois não conseguiam manter sua família em
suas necessidades básicas Por sua vez essa situação levava à requisição do trabalho das
crianças e das mulheres, cujos salários, entretanto, eram mais baixos ainda que os dos
homens e levam à corrosão da saúde e à exaustão. (p. 80/81, 2006)
Os operários eram levados a morar em cortiços sem as mínimas condições de higiene, o que
resultava na propagação de doenças e epidemias. Essa situação provocou inúmeros conflitos
entre patrões e empregados. A burguesia controlava o Estado e considerava a questão
trabalhista caso de policia, estando protegidos pela lei que estipulava multas aos operários por
irregularidade ou má execução do trabalho, controlava o horário e a utilização das maquinas e
ferramentas (Martinelli, 2000).
Esta lei, firmada primeiramente, pela rainha Elizabeth I, por volta de 1601 (SIKORSKI, p.6) se
tratava de um estatuto que reunia normas de acolhimento aos pobres, classe em constante
expansão devido aos crescentes meios capitalistas que levaram a população para a cidade em
busca de trabalho. Esse conjunto de leis, não visava assistência como um meio de melhoria de
condições de vida, mas sim uma forma de controlar e amenizar os problemas sociais causados
pela expansão do capitalismo. A lei dos pobres defendia o fim da vagabundagem e da
mendicância, o individuo que vivia na rua deveria obter assistência da igreja recebendo
condições de sobrevivência (comida e moradia), sendo levados à indústria em detrimento do
aumento da produção capitalista (SIKORSKI, 2006, p.8). A revogação desta lei foi concebida
em 1834 “para administrar o auxílio aos pobres, de acordo com as leis já existentes antes
desse período” (DORIGON, p.67).
[...] o objetivo maior dessa lei era administrar o auxílio aos pobres da Inglaterra, bem como
impedir o homem produtivo de reivindicar ajuda, prover refúgio para o doente e desamparado,
formando um grupo para gerenciar as instituições que estavam sendo organizadas e executar a
lei, como estabelece o parágrafo 15 da lei de 1834. (DORIGON, p.67)
Martinelli acrescenta:
Com a reformulação da lei, que nada perdeu de seu caráter rigoroso e excludente, foram
criadas as Casas de Trabalho e instituídas as Caixas dos Pobres para concessão de auxilio
dependiam de rigoroso inquérito da vida pessoal e familiar dos solicitantes. [...] O atendimento
implicava assumir-se como dependente do poder público e, portanto, preso a uma vida
controlada por normas e regulamentos. (MARTINELLI, 1991, p.58)
Bogado; Branco (2009) expõem que, ainda assim, permanecia forte a dominação e exploração
dos burgueses sempre buscando artifícios para viabilizar e consolidar seus interesses,
reproduzindo o aumento intensivo da pobreza e miséria, mesmo com a evidente insatisfação da
classe trabalhadora. Neste âmbito, encontrava-se a necessidade de implantar um regime para
conter as manifestações operárias e os crescentes problemas gerados pelo aumento
incoercível da pobreza.
Com o acirramento da pobreza nas décadas iniciais da segunda metade do século XIX,
membros da alta burguesia, vinculados à Igreja Evangélica e motivados por autoridades locais,
reuniram-se com o objetivo de estudar a reforma do sistema de assistência pública inglesa,
pois a forma anacrônica de atuação desse sistema, com base na experiência pré-capitalista
posta por ações individualistas reducionistas, não mais atendia às mudanças provocadas pela
revolução Industrial e pela explosão de seqüelas sociais. (BOGADO; BRANCO, 2009, p.121)
Com o intuito de reduzir tais conflitos sociais, os burgueses recorreram aos filantropos,
estudiosos que tinham como filosofia que as contradições impostas pelo capitalismo deveriam
cessar, sem eliminar os burgueses, mas sim tornando todos os homens burgueses
(MARTINELLI, 2000). Tais estudiosos denominavam-se “reformistas sociais”, e objetivavam
impor novas práticas sociais que atendesse as controversas relações sociais existentes que
incidiam sobre o proletário refletindo-se na hegemonia burguesa. A burguesia aliando-se aos
reformistas visava uma reforma que constituísse a consolidação do modo de produção
capitalista, desta forma os transformou em agentes sociais, responsáveis por disseminar o
discurso de socialização ideológica burguesa, com estratégias garantidoras “da manutenção e
expansão da ordem capitalista”. (BOGADO; BRANCO, 2009)
O Serviço Social origina-se como profissão, marcado profundamente pelo capitalismo em face
do conjunto de variáveis que a ele estão aliados – alienação, contradição, antagonismo –, foi
nesse cenário intenso de conflitos que ele foi gerado e desenvolvido.
O Serviço Social já surge, portanto, no cenário histórico com uma identidade atribuída, que
expressava uma síntese das práticas sociais pré-capitalistas – repressoras e controlistas – e
dos mecanismos e estratégias produzidas pela classe dominante para garantir a marcha
expansionista e a definitiva consolidação do sistema capitalista.
[...]
O agravamento da situação dava-se de forma tão intensa que, em 1851, Florence Nightingale,
enfermeira pertencente à alta sociedade inglesa, tomou conhecimento de trabalhos
desenvolvidos na Alemanha e na França, no âmbito da assistência a enfermos, e resolveu
estagiar nestes locais para conhecer melhor tais praticas sociais desenvolvidas nestes países.
Nos dois locais a preocupação mais iminente era com os pobres e os doentes e a realização de
visitas domiciliares como método de amenizar os sofrimentos físicos e sociais. Estes trabalhos
desenvolvidos por Nightingale, situando a visita domiciliar como instrumento eficaz de práticas
educativas, foi determinante no processo de racionalização da assistência e sua sistematização
em bases cientifica. Para Martinelli (1991, p.103):
O contato direto com a família operaria era muito valorizado nesta época, pois, segundo a
concepção da burguesia, tanto seus problemas de subsistência como suas reivindicações no
contexto de trabalho eram relacionados com ‘problemas de caráter’. Foi com base nessa
concepção que a Sociedade de Organização da Caridade adotou e difundiu a idéia da
assistência social como uma ação de ‘reforma do caráter’.
Sob o exemplo de Florence Nightingale e Octavia Hill, que originou um trabalho de instrução
familiar e social em Londres, Charles Loch, em 1875 (MARTINELLI) através da Sociedade de
Organização da Caridade, deu inicio às suas atividades nesta área, seguindo as experiências e
práticas adquiridas por estas, defendeu também a ideia de um local destinado ao atendimento
às famílias operarias e em situação de desemprego e abandono social. Com o apoio de
membros da igreja, Loch conseguiu implantar, em Londres, um Centro de Ação Social, com o
intuito de ampliar tais trabalhos em setores de educação familiar sobre higiene e saúde, além
dos demais. Com tais trabalhos desenvolvidos na intenção de reorganizar a assistência sob os
padrões do domínio burguês, a Sociedade de Organização da Caridade, ganhou força e
expandiu-se através dos países alcançando a América, defendendo a ordenação da
assistência em fundamentos científicos.
Mary Richmond foi pioneira no Serviço Social, por sistematizar sua construção prática.
Preocupou-se em conhecer, na Assistência Social, o que era questionado pelos agentes
sociais ao concederem o auxilio e como se comportava a pessoa que o recebia. A partir dessas
indagações, procurou caracterizar o problema social, conceituando pessoa e mundo,
considerando que o individuo só pode ser pessoa se participa do meio social.
Para Martinelli:
O crescimento das escolas de Filantropia Aplicada permitiu ordenar a ação assistencial sob
procedimentos técnicos especializados, nesta perspectiva, a assistência passava de
organização caritativa de cunho religioso a ações relacionadas a propósitos mais abrangentes,
realizar tais práticas sociais exigia o domínio sobre seus fundamentos e procedimentos que lhe
eram próprios, com objetivos mais amplos firmava-se em bases mais consistentes.
Martinelli ressalta que a intenção inicial e primordial era tornar a ação destes reformistas
sociais, marcantes de uma forma distinta, desviando-se dos objetivos implantados durante o
período feudal e pré-capitalista veiculando-a como um novo meio de abordagem da “questão
social”, no entanto, ainda desprovida de uma sistematização profissional para inserção na
divisão social de trabalho. Nessa nova fase, expressões como caridade, assistência e
filantropia aplicada não mais satisfazia a real intenção desse “trabalho social”, como Richmond
tratava e que agradou os interesses burgueses, pois favorecia a legitimação do conceito de que
se tratava de uma atividade destinada a auxiliar a família trabalhadora e de que “o agente
profissional também era um trabalhador” (MARTINELLI. 1991).
De acordo com Martinelli (1991), tais práticas continuavam, na Europa, fortemente entrelaçada
as bases da Igreja sendo denominadas de Serviço Social, como a atividade de servir, de
doação, e seus agentes executores de assistentes sociais, desvinculado totalmente de uma
racionalização profissional. Enquanto as Sociedades de Organização da Caridade americanas
defendiam o processo sistemático desta nova categoria profissional, na tentativa de
desvincular-se do domínio religioso imposto, até pouco tempo, pela igreja, as europeias
colocavam-se inteiramente a disposição da disseminação da “caridade” conforme influencia
desta.
Desta forma, em uma trajetória histórica, os caminhos percorridos pelo Serviço Social, assim
como seus espaços geográficos de atuação, foram se diferenciando, remetendo a
operacionalização da prática e a organização da categoria profissional a diferentes patamares.
Assim não perdemos de vista as circunstancias sob as quais surgiu o serviço social, e ainda, a
qual necessidade histórica esta profissão veio atender [...] Nessa perspectiva, entendemos que
o Serviço Social surge como mais uma das estratégias do capital para manter sob controle as
necessidades dos trabalhadores.
A luta pela vida, pela sobrevivência, pelo trabalho, pela liberdade levava o proletário a avançar
em seu processo organizativo, o que era visto com muita apreensão pela burguesia. Unindo-se
ao estado e à Igreja, como poderes organizados, a classe dominante procurava conceber
estratégias com força disciplinadora e desmobilizadora do movimento do proletariado. Porém,
os antagonismos que marcavam as relações sociais do sistema capitalista e que penalizavam o
trabalhador e sua família já não admitiam mais recuos. A luta de classes se impunha como
realidade irreversível, determinando um quadro social marcado pela permanente tensão. A
República Velha estava desmoronando e teve seu fim com o movimento político-militar de
1930. (MARTINELLI, 1991, p.122)
De acordo com Martinelli (1991) foi criado em 1932, com o objetivo de tornar as atividades
promovidas, pela filantropia burguesa apoiada pela Igreja, mais eficazes e produtivas, o Centro
de Estudos e Ação Social de São Paulo – CEAS, que deu início a seus trabalhos, oficialmente
a partir da abertura do “Curso Intensivo de Formação Social para Moças” constituído por
jovens, de formação ligada a Igreja, que se mostravam empenhadas a aprender os novos
problemas da sociedade da época que as remetiam.
Como descrito por Iamamoto; Carvalho (2006) o objetivo principal do CEAS era de:
“[...] promover a formação de seus membros pelo estudo da doutrina social da Igreja e
fundamentar sua ação nessa formação doutrinária e no conhecimento aprofundado dos
problemas sociais”, visando “tornar mais eficiente à atuação das trabalhadoras sociais” e
“adotar uma eficiente orientação definida em relação aos problemas a resolver, favorecendo a
coordenação de esforços dispersos nas diferentes atividades e obras de caráter social”.
Até o fim do ano de 1932, o CEAS contava com quatro Centros operários, fundados com o
objetivo de aproximar-se do proletariado buscando investigar suas necessidades e possíveis
formas de atuação social, através de atividades diversas. Para Bogado; Branco (2009) sob o
efeito da vasta amplitude que a assistência social se difundia neste período, através do CEAS,
marcada pelo forte assistencialismo e influencia religiosa, iniciaram-se os trabalhos de
formação de profissionais sociais com a criação da Escola de Serviço Social de São Paulo.
A partir desta fase, começam a surgir uma demanda de especialistas na área social por parte
do Estado que originaram, em primeira iniciativa, cargos de fiscais femininos para o trabalho de
mulheres e menores. Em conseguinte criou-se o departamento de Assistência Social do Estado
com o objetivo de gerir e organizar a demanda de serviços sociais estatais, à população.
Segundo Iamamoto; Carvalho (2006), em 1938, seria estruturado a Seção de Assistência
Social, com o objetivo de:
A partir do primeiro Congresso Brasileiro de Serviço Social promovido em 1947, pelo CEAS, o
Serviço Social nacional começou a incorporar bases norte-americanas, com a reunião de
sujeitos determinados pela busca de uma profissão competente, com o intuito de obter uma
carreira remunerada e melhores salários para sua atuação. Do ponto de vista de GOES (2009):
A atuação prática desenvolvida pelos primeiros Assistentes Sociais estará, assim, voltada
essencialmente para a organização da assistência para a educação popular, e para a pesquisa
social. Seu público preferencial – e quase exclusivo – se constituirá de famílias operárias,
especialmente mulheres e crianças. (grifo do autor)
Seguindo dos anos 1960 (PIANA, 2009), acontece a primeira crise ideológica em algumas
instituições de Serviço Social, tornando uma fase importante na construção da profissão no
âmbito nacional, pois a partir deste momento começa-se a perceber a “perspectiva política” de
sua prática. É neste momento que se inicia o movimento de reconceituação da profissão,
“representou uma tomada de consciência crítica e política dos assistentes sociais” o qual
questionavam-se sobre seus papeis na sociedade por meio de analise das contradições
acometidas no meio profissional. “Suas expectativas e desejos voltavam-se para a busca da
identidade profissional do Serviço Social e sua legitimação no mundo capitalista”. (PIANA,
2009).
Com o intuito de construir uma proposta que determinasse a ação profissional, desencadeou-
se um processo de discussão e revisão crítica, numa abordagem teórico-metodológica,
buscando promover o desenvolvimento de uma ação articulada com as lutas de movimentos
populares, objetivando a transformação social. (2009, p.161)
Para Netto (apud PIANA, 2009) podemos perceber a presença de três tendências no processo
de renovação do Serviço Social no Brasil e instauraram o pluralismo profissional: a vertente
modernizadora, a reatualização do conservadorismo e a intenção de ruptura.
Piana (2009) destaca ainda que, na tentativa de modernizar as práticas de serviço social
partindo do principio instrumental vigente, “a vertente modernizadora teve hegemonia até os
anos 70, iniciando-se no Seminário de Araxá em 1967 e se consolidando no Seminário de
Teresópolis em 1970”, fazendo a retificação de técnicas e métodos para adequar-se as novas
necessidades sociais. A segunda tendência constitui-se da reatualização do conservadorismo,
momento em que o Serviço Social “reatualiza a forma mais tradicional de atuação profissional”
“fundado na valorização do dialogo e do relacionamento” (BARROCO, apud Piana, 2006).
Neste período foram lançados os alicerces mais sólidos para as análises da historicidade da
profissão, em suas relações com o Estado e o movimento das classes sociais, detectando
nessas relações as particularidades da profissionalização do Serviço Social sob diversos
pontos de vista. Foi feita, ainda, uma ampla reconstituição histórica da sua evolução no país,
sob diferentes angulações. (2006, p.52)
Neste período o Serviço Social amplia suas bases relacionando sua prática às relações entre
classes, visando à questão social em detrimento das classes menos abastadas. A década de
1980 (Ferreira, 2009) marcou fortemente os rumos técnicos do Serviço Social, período em que
pode se elaborar um projeto profissional que orienta as ações de diversos profissionais em todo
o país. Nesta mesma década e fruto deste projeto podemos identificar a criação do Conselho
Federal de Assistentes Sociais – CFAS – hoje Conselho Federal de Serviço Social – CFESS –
e dos CRESS – Conselho Regional de Serviço Social, a criação do Código de Ética Profissional
(Resolução CFESS nº 273, de 13 de março de 1993) (BRASIL, 2011) e as leis de
regulamentação da profissão – Lei nº 8.662/93 (BRASIL, 2011). Do ponto de vista de
GONÇALVES; KERNKAMP (2013) estas legislações técnicas “conjugaram não somente um
novo olhar sobre a autonomia profissional, como também a definição de valores humanistas,
éticos e o estabelecimento de atribuições e competências”. As autoras ressaltam ainda que:
Enquanto a lei de regulamentação da profissão Lei 8.662 de 1993 dispõe sobre a profissão do
Assistente Social e atribuições relativas a estes, tais como: elaborar políticas sociais junto aos
órgãos da administração pública; elaborar, coordenar, executar e avaliar planos programas e
projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social; orientar indivíduos e grupos no
sentido de identificar recursos e fazer uso destes no atendimento e na defesa de seus direitos.
(BRASIL, 2012)
Adoção
A adoção consisti em um procedimento jurídico que visa “transferir direitos e deveres de pais
biológicos a uma família substituta” atribuindo a criança ou adolescente todos os direitos e
deveres de filho (Adoção passo a passo, AMB). Ao longo dos anos, o processo de adoção
passou por inúmeras transformações jurídicas, contudo a legislação, ainda hoje, prima pelo
parentesco consanguíneo: o Estatuto da Criança e do Adolescente que rege os direitos e
deveres, bem como o processo de adoção de crianças e adolescentes, ressalta que tal
procedimento só acontece quando todos os recursos para que a criança permaneça com os
pais biológicos encontrem-se esgotados, sendo utilizado como uma última forma de encontrar
um lar para uma criança/adolescente que não pode mais conviver com a família consanguínea.
(DIACOMO, 2013)
FERNANDES (2008) afirma também que a adoção pode, ainda, ser conhecida como:
[...] filiação civil, pois não resulta de uma relação biológica, mas de uma manifestação de
vontade, conforme o sistema do Código Civil de 1916, ou de sentença judicial, no atual sistema
do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei 8.069/90), e Código Civil.
A filiação natural repousa sobre o vínculo de sangue, genético ou biológico. A adoção é uma
filiação exclusivamente jurídica, que se sustenta sobre a pressuposição de uma relação não
biológica, mas afetiva.
A adoção forma-se em uma conduta que remete há séculos atrás sendo praticamente
impossível determinar sua origem, uma vez que, durante todo o processo histórico quase todos
os povos o praticaram em algum momento: seja para dar conforto aos casais estéreis ou
mesmo como critério de escolha de futuros chefes de Estado. Segundo MAUX; DUTRA (2010)
a adoção é um instituto que advém de tempos antigos, na Bíblia já encontram-se os primeiros
relatos sobre adoção em períodos antes de Cristo, bem como no decorrer dos tempos ela foi
adquirindo vários significados “conforme a cultura e o modo de pensar da época”. Ovando;
Pinto completa que tal processo surgiu regulamentado pela primeira vez no Código de
Hamurabi, na Babilônia por volta de 2283 a.C. onde neste período contata-se uma
preocupação em relação ao abandono do filho não biológico, resguardando a este uma terça
parte dos bens do adotante a titulo de herança. Tal Legislação promulgava o seguinte direito a
respeito da adoção:
Enquanto o pai adotivo não criou o adotado, este pode retornar à casa paterna; mas uma vez
educado, tendo o adotante despendido dinheiro e zelo, o filho adotivo não pode sem mais
deixá-lo e voltar tranqüilamente à casa do pai de sangue. Estaria lesando aquele princípio de
justiça elementar que estabelece que as prestações recíprocas entre os contratantes devam
ser iguais, correspondentes, princípio que constitui um dos fulcros do direito babilonense e
assírio. (CHAVES, 1983. p. 40).
Em tempos antigos, a procriação tinha importância não apenas para a perpetuação da espécie
humana, como também para preservar o culto religioso doméstico, o sobrenome e o patrimônio
familiar. Weber (2009, p.69) destaca que:
A adoção na antiguidade atendia aos anseios de ordem religiosa, pois as civilizações primitivas
acreditavam que os vivos eram protegidos pelos mortos. A religião só podia propagar-se pela
geração. O pai transmitia vida ao filho e, ao mesmo tempo, a sua crença, o seu culto, o direito
de manter o lar, de oferecer o repasto fúnebre, de pronunciar as fórmulas da oração. Assim,
adotar um filho era, portanto, garantir a perpetuidade da religião doméstica, era a salvação do
lar pela continuação das oferendas fúnebres pelo repouso dos antepassados. Não havia
sequer a preocupação com os laços afetivos entre adotante e adotado.
Desta forma, MORENO (2009) afirma que entre o século XVIII e XIX, a ausência de prole
biológica era um dos principais incentivos à adoção no Brasil, enquanto que MAUX; DUTRA
(2010) defende que a historia da adoção nacional se faz presente desde a colonização e que
as primeiras práticas estavam estreitamente ligadas à caridade, onde as famílias prestavam
assistência “criando” parte da prole dos menos abastados, sem qualquer direito a herança e
sendo utilizados mais tarde – na maioria dos casos – como mão de obra gratuita. Concluindo
que “foi através da possibilidade de trabalhadores baratos e da caridade cristã, que a prática de
adoção foi construída no país”. Assim Fernandes (2008) afirma que “a adoção não envolvia
uma relação de afeto, não visava a proteção ou bem estar do adotando, o seu objetivo era
servir aos interesses do adotante”.
A primeira regulamentação sobre adoção, no Brasil, surgiu com a promulgação do Código Civil,
em 1916, em meio a um cenário de crescente abandono fato que levou a adoção de um
dispositivo utilizado em vários países na Europa chamado de Roda dos Expostos onde às
crianças eram depositadas em uma abertura de formato cilíndrico no muro, ou janela, de uma
instituição acolhedora, em seguida tocava-se uma sineta para que a criança fosse recolhida
pela instituição, tal sistema vigorou até meados da década de 50, e visava reduzir o aborto e o
abandono nas ruas, o que geralmente levava a morte por frio, fome ou comido por animais,
garantindo também o anonimato do expositor (Ovando; Pinto, 2009).
O Código Civil de 1916 instituiu esse processo para pessoas maiores de 50 anos, sem filhos
legítimos, pois a prole adotiva serviria para ocupar o espaço deixado pela natureza de filhos
legítimos (Ovando; Pinto, 2009). As autoras MAUX; DUTRA (2010) ressalta que a adoção, de
acordo com esta Lei, poderia ser revogada e o adotando jamais perdia o vinculo com a família
consanguínea. No decorrer dos anos as regulamentações foram se moldando acerca do tema,
e em 1957 ocorreu uma primeira mudança significativa na legislação deste tópico, que reduziu
a idade do adotante para 30 anos, instaurando à adoção um caráter mais assistencial, em que
o objetivo primordial passa a ser a melhoria das condições de vida do adotando, e não mais,
somente, como o desígnio inicial de “suprir o vazio deixado pela ausência de filhos biológicos”,
embora no caso de haverem filhos biológicos, o adotando não teria direito a herança (Ovando;
Pinto, 2009). A legislação de 1965 possibilitou a adoção, para, além de pessoas casadas, às
viúvas e divorciados. Esta mesma Lei concebeu a “legitimação adotiva” que:
[...] se caracterizava pela possibilidade de o filho por adoção ter praticamente os mesmos
direitos legais do filho biológico (com exceção dos direitos sucessórios) e, automaticamente,
interromper os vínculos com a família biológica, o que significava a irrevogabilidade do ato de
adotar. Entretanto (...) a adoção somente seria irrevogável nos casos envolvendo crianças
abandonadas até os seus sete anos de idade ou aquelas cuja identidade dos pais era
desconhecida. (MAUX; DUTRA, 2010. p.360)
Rui Ribeiro de Magalhães acrescenta ainda:
Apesar de todo avanço social que representou essa lei para a adoção, não deixou o legislador
de discriminá-la, e o fez amparado no mesmo princípio mesquinho da redação sucessória,
mandando observar, quanto a essa parte, a regra do art. 1.605 § 2º, do Código Civil Brasileiro,
assegurando ao legitimado adotivo apenas a metade do que coubesse na herança aos filhos
legítimos supervenientes.
A adoção plena, possuía outra conotação, pois apagava todo e qualquer vestígio do parentesco
natural do adotado. A certidão de nascimento era alterada, o nome dos pais e avós
substituídos, para que o atual parentesco se firmasse como o único existente. (2009, p.5)
As autoras MAUX; DUTRA (2010) acrescenta ainda que a adoção plena se tratava de
adotando até os sete anos de idade, situação em que o processo se tornaria irrevogável, o
processo exigia que o casal estivesse em vínculo matrimonial há no mínimo cinco anos, e
possuir uma diferença entre adotando e adotante de ao menos 16 anos. A simples se referia a
adoção de crianças e adolescentes entre sete e dezoito anos, que se encontrasse em situação
irregular. O Código de Menores deu origem, neste processo, ao Estagio de Convivência,
período de um ano em que o adotando convivia com o adotante antes da sentença final.
A partir da Constituição Federal de 1988, o Brasil adotou um novo conceito para o instituto da
família, agregou novos padrões afetivos, primando pelo bem estar dos membros a partir dos
princípios constitucionais, família começou a ser vista como um ambiente de afeto. A
constituição trouxe também um novo conceito à infância tratando as crianças como sujeitos
detentores de direitos e priorizando os seus cuidado, neste ensejo as lei de adoção passaram a
abordar os direitos de forma igual todos os filhos, sanguíneos ou por ato de adoção, e a partir
da promulgação do ECA em 1990, a adoção simples foi extinta e ampliou-se o beneficio de
adoção plena a todos os menores de 18 anos definindo, ainda, o direito de adotar a todas as
pessoas maiores de 21 anos, independendo de “estado civil ou condições de fertilidade”
(MAUX; DUTRA, 2010). Assim expõe a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227, que:
“Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos
e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”.
Já a nova lei de adoção, segundo CUNHA (2009) – contida no Código Civil de 2002 – propõe a
redução da idade do adotante de 21 para 18 anos, mantendo a diferença de idade entre
adotante e adotando de 16anos pelo fato do “propósito da adoção é de tornar tudo semelhante
à paternidade natural, assim, o fato do adotante ser mais velho viabiliza o exercício pleno do
poder familiar”, Diniz ainda completa que “[...] não se poderia conceber um filho de idade igual
ou superior à do pai, ou mãe, por se imprescritível que o adotante seja mais velho para que
possa desempenhar cabalmente o exercício do poder familiar”. (Diniz, 2010, p.529)
Dentro deste contexto o ato de adotar, hoje, compõe um processo jurídico pelo qual o vinculo
de filiação é criado artificialmente, consistindo em transferir as obrigações de pais biológicos
para uma família substituta, quando esgotados as formas para que a convivência com a família
original seja mantida. A sociedade atual primando pela consanguinidade, em casos que os pais
biológicos querem “dar” os filhos em adoção à preferência de adotar fica aos parentes
próximos, quando estes não demonstram interesse então acontece à adoção por “estranhos”
que tornam estas crianças, abandonadas pela família biológica, parte de sua família (Adoção
passo a passo, p.9).
De acordo com CUNHA (2009), a adoção foi muito conceituada por diversos civilistas, mas os
mesmos concordam que tal processo implica na construção de “um vínculo fictício de filiação,
trazendo para sua família [adotante], na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é
estranha”. Dentro desta perspectiva podemos perceber ao longo das mudanças jurídicas e
sociais que os conceitos e representação da adoção na sociedade muito tem se modificado.
No Brasil, não distante da realidade de outros países, o instituto da adoção, foi recorrido, por
muitos anos a partir do código civil de 1916, para sanar o problema da falta herdeiros naturais,
contudo, após a Constituição Federal de 1988 este quadro se inverteu, pois tal constituição
passou a zelar pelos direitos humanos e tratas as crianças como cidadãos detentores de
direitos, passando esse instituto a preocupar-se com a inserção de um menor desamparado em
família substituta, consagrando a proteção integral e do melhor interesse da criança. Maux;
Dutra afirma que:
“[...] suprir o vazio que a ausência de filhos biológicos gera, ou ainda para compensar a perda
de um filho natural.Outras motivações também são encontradas, como para resolver problemas
conjugais, fazer companhia a solidão, para pagar uma promessa, pela simples necessidade de
ajudar uma criança, ou pelo simples fato de querer dar amor” (Ovando; Pinto, 2009, p.4)
Concluímos assim que através das legislações vigentes em nosso país, esse processo passou
de remediador da esterilidade, para conceder uma serie de melhorias no que tange ao
adotando e ao processo de adoção. As autoras, acima citadas, defendem ainda que os “efeitos
que a adoção proporciona são de integral incorporação do adotado na família adotante”. Assim,
na adoção prevista pelo ECA, existe o marcante interesse público que afasta a noção
contratual. A ação de adoção é de competência do Estado, de caráter constitutivo, a qual
confere a posição de filho ao adotado. Podemos averiguar, nesta perspectiva, que o maior o
interesse do Estado é proporcionar ao infante um lar, cercado de afeto e respeito, buscando
sempre agir em favor da criança e do adolescente, porém nem sempre acontece isso. Bordalho
(2011, p. 293) descreve que:
A adoção é o grande exemplo da filiação socioafetiva, seu único elo é o afeto, que deve
prevalecer sobre tudo. Toda criança/adolescente que tem a possibilidade de ser adotada já
passou por um momento de rejeição em sua vida, tendo conseguido obter e dar amor a um
estranho que vê, agora, como um pai, superando o sentimento de perda. Não se justifica que,
em nome ao respeito a uma regra que tem a finalidade única de dar publicidade e legalidade às
adoções, o sentimento, o sustentáculo da adoção, seja colocado em segundo plano e a criança
seja obrigada a passar por outro drama em sua vida, sair da companhia de quem aprendeu a
amar.
tipos de adoção
Diferentes são as modalidades de adoção, embora, após o advento do Código Civil de 2002,
tenha havido unificação quanto ao regime jurídico desse instituto, passando de simples ou
pleno para um só, o judicial. Assim, adoção pode ser: conjunta, unilateral, póstuma, intuitu
personae e internacional. (ECA,1990)
A adoção conjunta trata-se da mesma forma, antes denominada adoção bilateral, onde
conforme § 2º do artigo 42 do ECA, “é indispensável que os adotantes sejam casados
civilmente ou mantenham união estável, comprovada estabilidade da família”. Esta nova
denominação se originou com a Lei da Adoção – Lei 12.010 de 29 de julho de 2009 – que
instituiu o rompimento de todos os vínculos do adotando com a família biológica, salvo os
impedimentos matrimoniais. Nessa modalidade, a lei não descarta a possibilidade de que
divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros adotem em conjunto, contudo é
imprescindível que o estagio de convivência tenha havido início durante o relacionamento do
casal, demonstrado a presença de vínculos afetivos com aquele não detentor da guarda,
havendo, assim, um acordo de guarda e visitas. (Lei 12.010 /ECA, 1990)
Assim, em tese, para que ocorra a adoção conjunta é necessário que entre os indivíduos haja
ou tenha havido um relacionamento com intuito de constituir família, sendo casados civilmente
ou mantenham união estável, logo um casal de amigos ou irmãos não podem adotar
conjuntamente.
A adoção unilateral trata sobre a adoção dos filhos de um dos cônjuges ou companheiro, pelo
outro, oriundos de algum relacionamento anterior, não reconhecido ou mesmo renegado pelo
outro genitor. Essa modalidade está prevista no artigo 41, § 1º, do ECA, e prevê o rompimento
do vinculo familiar à apenas um dos genitores, tratando o processo de forma hibrida por se
tratar da substituição de apenas um dos pais (pai ou mãe), admitindo que em lugar do pai/mãe
biológico passe a existir a figura do adotante. (ECA, 1990)
(...) se uma mulher tem um filho, seu cônjuge ou companheiro pode adotá-lo. O infante
permanecerá registrado em nome da mãe biológica e será procedido ao registro do adotante
(cônjuge ou companheiro da genitora) como pai. O filho manterá os laços de consanguinidade
com a mãe e com os parentes dela. O vínculo pelo lado paterno será com o adotante e os
parentes dele. O poder familiar será exercido por ambos, e o parentesco se estabelece com os
parentes de cada um dos genitores. (DIAS, 2006, p. 390-391)
Neste enfoque podemos compreender que a adoção unilateral é aquela em que apenas um,
esposo ou esposa, pleiteará a adoção do filho de seu cônjuge, visando regularizar uma
situação que já existe, qual seja, tornar legal sua paternidade ou maternidade, baseado no
afeto e respeito demonstrado por adotante e adotado.
A adoção póstuma dispõe sobre casos em que a tal instituto é concedido após a morte do
adotante, sendo impreterível que o mesmo tenha manifestado interesse na adoção e que os
tramites legais tenham iniciado-se antes de sua morte, esta modalidade integrou-se ao
ordenamento jurídico a partir da CF de 88 e encontra-se exposta no artigo 42, § 6º do ECA.
Deixa claro o texto legal que, para o adotante, a essência da adoção consiste na sua
manifestação de vontade para adotar alguém e, em virtude disso, o legislador mantém a
possibilidade da concretização da adoção, mesmo após a morte do adotante, durante o curso
do procedimento de adoção.
Os efeitos da sentença são de natureza constitutiva e retrocedem ao momento da morte do
autor da ação, desse modo, impedindo qualquer ruptura nos laços socioafetivos já construídos
entre adotante e adotado. Em síntese, esse processo póstumo é uma forma de inserir
criança/adolescente numa família que a receba como filho recebendo sobrenome e amparo
jurídico por toda a sua vida, mesmo após a morte do adotante.
Já na adoção intuito personae acontece a “doação” da criança por seus pais biológicos a uma
família especifica, acreditando que esta será a melhor escolha para a vida da criança, no
entanto a mesma família deve preencher os requisitos exigidos para a adoção. Segundo o
doutrinador Bordalho (2013, p. 323): “nesta modalidade de adoção há a intervenção dos pais
biológicos na escolha da família substituta, ocorrendo esta escolha em momento anterior à
chegada do pedido de adoção ao conhecimento do Poder Judiciário”.
Ressaltamos aqui que na adoção convencional os pais biológicos consentem, porém, não
escolhem e também desconhecem a nova família de seu filho. Os pais adotivos serão
escolhidos a partir de um cadastro nacional previsto no artigo 50 do ECA, enquanto na
adoção intuito personae os pais biológicos entregam o filho para pessoas específicas,
escolhidas por eles mesmos, por achar ser o melhor para a criança, sendo desnecessário tal
cadastro, por parte do casal adotante. Dias (2010, p. 37) dispõe sobre a referida adoção que:
[...] nada impede que a mãe escolha quem sejam os pais de seu filho. Às vezes a patroa, às
vezes uma vizinha, em outros casos um casal de amigos que têm uma maneira de ver a vida,
uma retidão de caráter que a mãe acha que seriam os pais ideais para seu filho. É o que se
chama adoção intuitu personae, que não está prevista na lei, mas também não é vedada [...]
basta lembrar que a lei assegura aos pais o direito de nomear tutor a seu filho (CC, art. 1.729).
E, se há a possibilidade de eleger quem ficar com o filho depois da morte, não se justifica negar
o direito de escolha a quem dar em adoção.
A ausência de jurisdição a essa modalidade, muitas vezes, impede a adoção por aqueles que
não constam no cadastro nacional de adotantes, obstando que seja aplicado o princípio do
melhor interesse do menor no caso da adoção Intuitu Personae. Há relatos em que alguns
juízes deferem tal processo aludindo que não se sabe se a atitude dos genitores de “doar” a
criança é de espontânea vontade ou de origem coerciva, ou ainda por não saber se a família
preterida tem aptidões para adotar, preenchendo os requisitos legais para o processo (Leite,
2005).
Contudo alguns profissionais da área reservam o direito aos pais biológicos decidirem qual
família que melhor cuidará de sua prole, aceitando, assim esta forma de adoção, segundo
Motta (apud Leite, 2005, p.248):
Se não houver problemas que se considere serem impeditivos de uma adoção, pensamos que
não há porque não respeitar a vontade e a iniciativa da mãe biológica, que, a nosso ver, não
pode mais ser considerada com uma “fonte” de crianças que deve ser esquecida e não tem
direito nenhum a participar do destino do filho que entrega em adoção.
Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não
cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de
afinidade e afetividade; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos
ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de
afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações
previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Embora, o legislador tenha tido boa intenção, ao tentar diminuir as obscuridades que maculam
a adoção, esqueceu-se ele do fator mais importante, qual seja, a afetividade. Deve ele
entender que o Direito caminha lado a lado com o amadurecer da sociedade que o cria,
entretanto, não é capaz de abranger todas as situações fáticas, principalmente quando estão
envolvidos sentimentos. Bordalho (2013, pp. 327-328) argumenta sobre a inclusão desse novo
parágrafo ao Estatuto, que:
É uma péssima regra, que não deveria constar de nosso ordenamento jurídico. Trata-se, (...) de
necessidade de controle excessivo da vida privada e ideia de que todas as pessoas agem de
má-fé. Esta regra restringe a liberdade individual, viola o poder familiar, pois tenta impedir que
os pais biológicos, ainda detentores do poder familiar, escolham quem lhes pareça deter
melhores condições para lhes substituir no exercício da paternidade. À primeira vista podemos
ver um quê de inconstitucionalidade nesse dispositivo.
A adoção intuitu personae deve ser vista, não como um meio ilegal, mas sim como uma
possibilidade real e legal de se construírem novos ambientes familiares, adotantes e adotados
ligados pelo laço de afeto e amor. Devendo, indubitavelmente, prevalecer o interesse da
criança ou adolescente. O que se busca com a adoção, independentemente, da sua
modalidade, é inserir o menor em uma família distinta que o ofereça amor e proteção social.
Os requisitos para adoção, nesta modalidade, devem ser preenchidos pelo adotante no país
em que reside, sendo o Brasil responsável por indicar os pressupostos que a
criança/adolescente deverá preencher afim de ser adotado. O processo de adoção se realizará
em escritório brasileiro e deverá obedecer as regras do direito local. (ECA, 1990)
Essa figura não pode ser classificada como uma modalidade do instituto da adoção, pois se
trata, na verdade, do registro de filho alheio como próprio. Vem recebendo esta denominação
pela doutrina e jurisprudência pelo fato de configurar a paternidade socioafetiva, cujo grande
exemplo é a adoção e a ela se assemelhar neste ponto.
Tal forma de adoção não segue procedimento legal e pode ser considerada ilegal por não
possuir nem uma origem jurídica, segundo o código penal:
Art. 242. Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-
nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:
Pena – detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena. (Código Penal
Brasil)
Contudo, na prática, em poucos casos a pessoa que realizou tal adoção será responsabilizada
penalmente. Devendo-se esse fato a muitos juízes que poderão reconhecer erro de proibição
ou mesmo aplicar o perdão judicial previsto no parágrafo único do artigo 242 do código penal
(Código Penal Brasil).
A adoção à brasileira tem muitas probabilidades de ser um fracasso, pois além de ser crime, os
pais não receberam nenhuma preparação ou orientação quanto à adoção e a criança corre o
risco de ser novamente abandonada.
Além disso, este tipo de adoção facilita o tráfico de crianças, pois muitas vezes as mães estão
confusas, inseguras e não tem certeza de qual procedimento tomar por falta de orientação
adequada. Como não possuem condições de ficarem com seus bebês, são persuadidas por
pessoas de má índole a entregarem suas crianças, ma maioria das vezes por parcos trocados.
Isso faz expandir a máfia do tráfico de menores.
Segundo o ECA em seu art. 45, para que tal processo aconteça é necessário que haja o
consentimento dos pais ou representante legal do adotando, salvo em casos em que os pais
são desconhecidos ou encontrem-se destituídos do poder familiar. Em casos em que os pais
biológicos falecem, a dispensa do consentimento também é relevante, embora não conste no
estatuto (OVANDO; PINTO, 2009).
Segundo Regina Bandeira (CNJ online), o processo de adoção pode durar cerca de um ano, ou
mais dependendo do perfil escolhido pelo adotante. No momento em que uma pessoa, ou um
casal, decide adotar uma criança/adolescente deve procurar o Fórum da cidade com os
documentos requisitados para cadastrar-se como pretendente (OVANDO; PINTO, 2009). De
acordo a lei 12.010/09 – que dispõe sobre adoção alterando alguns parágrafos do ECA – a
adoção deve ser concedida a interessados maiores de 18 anos mantendo a diferença de 16
anos entre adotante e adotando, levando em consideração estabilidade familiar, concordância
do adotando – quando este tiver discernimento para expressar sua vontade – e o estágio de
convivencia. OVANDO; PINTO (2009) aponta que:
A lei não faz qualquer distinção em relação ao estado civil do pretenso adotante, entretanto, na
hipótese de ser casado ou manter uma relação de concubinato, a adoção deverá ser
pretendida e solicitada por ambos, que necessariamente participarão juntos de todas as etapas
do processo.
Neste enfoque muito se debate a adoção por casais homoafetivos, embora alguns juízes já
tenham atribuído sentenças favoráveis, esse tipo de adoção não encontra-se amparada na lei
(Regina Bandeira CNJ online). Sobre este tipo de adoção OVANDO; PINTO (2009) ressalta
que o comportamento dos pretendentes será sempre investigado, “mas nunca vetada por
opção sexual, aliás, isso representaria latente violação à Carta Magna por discriminação, o que
em geral ocorre, é a adoção em nome de um membro desta nova concepção familiar”.
Para tanto os pretendentes a adoção são entrevistados pela equipe técnica do poder judiciário
– psicólogos, assistentes sociais, promotores e juízes. Nesse momento os requerentes são
constantemente avaliados e podem definir o perfil da criança que querem adotar, sendo
possível escolher sexo, idade, faixa etária, etc. (Regina BandeiraCNJ online). A partir do laudo
da equipe e deferida a habilitação, o postulante é inscrito no cadastro.
Após satisfeitas essas exigências, a pessoa será inscrita no cadastro, devendo esta obedecer a
uma ordem, como bem menciona Bordalho (2013, p. 292):
Habilitada, a pessoa será inscrita no cadastro, que terá uma ordem sequencial e ficará
aguardando o surgimento de uma criança ou adolescente que se enquadre nas suas opções de
idade e sexo. Será entregue certificado à pessoa, constando que se encontra habilitada a
adotar.
Assim, quando uma criança aparece com o perfil escolhido, os requerentes serão chamados de
acordo com a ordem cronológica de cadastro, com o intuito de conhecer o menor, caso ocorra
um empatia com o menor o processo dar-se-á inicio, em caso contrario, o requerente inscrito
posteriormente será chamado (Regina Bandeira CNJ online). Em caso de obter-se êxito no
encontro entre adotante e adotando, o juiz pode determinar a guarda provisória ou “estágio de
convivência”. Essa fase é instaurada com o intuito de avaliar a adaptação da criança ou
adolescente à sua nova família sendo imprescindível, na maioria dos casos, para a
concretização da adoção, por possibilitar “a consolidação do liame emocional entre eles”
(LIBERATI, 2006). Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente:
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo
prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso.
Findado o prazo de convivência e após apresentado estudo social ou laudo pericial do caso o
juiz proferirá a sentença. “Sendo lavrada a sentença, a criança/adolescente passará a ter uma
certidão de nascimento na qual os adotantes constarão como pais. O processo judicial será
arquivado, e o registro original do adotado será cancelado” (OVANDO; PINTO, 2009).
“São poucas as restrições para adotar e quase todas dependem da avaliação do Juiz em face
do conjunto de informações prestadas pelos técnicos do juizado” (OVANDO; PINTO, 2009).
Vale ressaltar que o juizado trabalha prioritariamente com o interesse do infante, desta forma,
se ocorrer qualquer circunstância que o juiz considere negativa à criança, durante o estagio de
convivência, poderão ser corrigidas as concessões de guarda e a criança poderá retornar para
o juizado. Contudo, após definida a adoção, o adotante não mais poderá desistir da criança e
simplesmente devolvê-la ao juizado. “A adoção é um caminho sem volta, por isso exige muita
reflexão e maturidade. Pela lei a adoção é irrevogável” (OVANDO; PINTO, 2009).
Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela
legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência,
e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento,
prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a
livre manifestação do ponto de vista técnico.
Através do que foi dito aqui, até então, podemos observar que o trabalho do assistente social,
junto a tal instituto, consisti em oferecer suporte à família requerente a adoção orientando-a
sobre os trâmites judiciais, encaminhamento a grupos de adoção, sugerindo leituras sobre o
tema sempre avaliando se a família é capaz de responsabilizar-se pelos cuidados de filho
através deste processo. Além de sua prática especifica oferecendo subsídios ao estudo de
caso como um todo, dentro as competências que lhe são conferidas mediante pareceres
sociais escritos ou verbalmente em audiência em Juízo.
Gomes (2001) explicita que o fazer profissional na área da adoção envolve a articulação das
dimensões técnica, política e ética exigindo o domínio de conhecimentos teóricos, instrumentos
de intervenção e no desígnio para direcionar o processo de trabalho.
Segundo Pryscila Maria De Moura em seu artigo: “O papel do assistente social na adoção e o
sistema de garantia de direitos à luz do ECA” compete-se ao assistente social:
3. Exerce um papel preventivo importante, quando detecta situações de risco a exigir imediata
resposta jurisdicional;
O assistente social judiciário deve ter em mente que precisam buscar a imparcialidade evitando
pré-julgamento. Necessitam ter clareza do poder que a situação de avaliação que o lugar
institucional lhe confere buscando estabelecer uma vinculação positiva com os atendidos. O
clima deve ser amistoso e proporcionar um espaço que facilite as reflexões, o que gerará –
provavelmente – maior disponibilidade para revelações e reais motivações. Recomenda-se que
os profissionais apurem suas escuta e a observação em relação a como os pretendentes à
adoção lidam com as suas relações sócio familiar e afetivas, pois elas trarão elementos
significativos para a avaliação. (2006, pg. 156)
Concluído o estudo social, o profissional irá fornecer seu parecer técnico ao juiz que marcará a
audiência para executar a sentença final. O assistente social faz o acompanhamento como
uma investigação sobre a maneira como vivem e se relacionam os requerentes em relação ao
menor, averiguando se a família encontra-se bem estruturada em âmbito psicossocial e
econômico.
Neste enfoque, através do que foi aqui investigado conclui-se que o assistente social deve
manter o profissionalismo ético e moral instituídos no código de ética profissional
demonstrando imparcialidade evitando pré-julgamentos, mostrando-se como ferramenta
importante para a melhor inclusão da criança/adolescente abandonada em família substituta.
CONCLUSÃO
Na sociedade contemporânea, o assistente social cumpre um papel sócio-assistencial de
inclusão de classes, e de luta contra o frágil sistema governamental de desorganização em
distribuição de capital no setor de políticas publicas, para viabilização de projetos sociais.
Através do estudo acima relatado, concluímos que o processo de adoção passou por inúmeras
trajetórias e desafios, passando de remediador da esterilidade a reprodutor de direitos sociais
para o bem da criança/adolescente. A adoção na legislação atual prima pela afetividade e
empatia entre adotando e adotante, originando a preocupação com a vida que a criança
adotada terá após findado o processo, e é nesse intuito a intervenção do assistente social que
observa e estuda a inserção do menor no novo seio familiar, para a concessão da guarda pelo
juizado.
A adoção não deve ser vista apenas como um meio de se inserir uma criança/adolescente no
seio de uma família substituta, mas, acima de tudo, um meio de se dar pais presentes e
amáveis àqueles que, por ironia do destino, lhes foram negados.
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