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Faculdade de Engenharia

Tese de Licenciatura em Engenharia Hidráulica

MELHORAMENTO DA SIMULAÇÃO HIDROLÓGICA NA ALBUFEIRA


DE CAHORA BASSA, BACIA DO ZAMBEZI, MOÇAMBIQUE

Autor: Samito Joaquim Naife

Songo, Outubro de 2016


Faculdade de Engenharia

Tese de Licenciatura em Engenharia Hidráulica

MELHORAMENTO DA SIMULAÇÃO HIDROLÓGICA NA ALBUFEIRA DE CAHORA,


BASSA BACIA DO ZAMBEZE, MOÇAMBIQUE

AUTOR

Samito Joaquim Naife

Tese apresentada ao Instituto Superior


Politécnico de Songo, como parte dos
requisitos para aquisição do título de
Licenciado em Engenharia Hidráulica.

Rosaque João Guale (MSc.)


(Especialista em Gestão de Recursos Hídricos e Ambiente, HCB)

_____________________________
(Supervisor)

Songo, Outubro de 2016


Tese de Licenciatura em Engenharia Hidráulica

Júri
Presidente: Professor Doutor Francisco Vieira
Supervisor: Mestre Rosaque João Guale
Oponente: Eng° Ezequiel Fernandes Carvalho, MSc
Melhoramento da Simulação Hidrológica na Albufeira de Cahora
Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

Declaração

Eu, Samito Joaquim Naife, Declaro por minha honra, que a presente Tese é resultado
da minha própria investigação, e das orientações do supervisor, o conteúdo é original e
todas as fontes consultadas, foram devidamente mencionadas e nunca foi submetida
para outro grau que não seja o indicado – Licenciatura em Engenharia Hidráulica, no
Instituto Superior Politécnico de Songo (ISPSongo).

Songo, Outubro de 2016

Assinatura

---------------------------------------------------

Tese de Licenciatura em Engenharia Hidráulica Samito Naife I


Melhoramento da Simulação Hidrológica na Albufeira de Cahora
Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

Índice

Declaração ....................................................................................................................... I
Lista de Figuras ............................................................................................................... V
Lista de Gráficos ............................................................................................................. V
Lista de Tabelas ............................................................................................................. VI
Lista de Abreviaturas..................................................................................................... VII
Lista de Símbolos ........................................................................................................... IX
Dedicatória ..................................................................................................................... XI
Agradecimentos ............................................................................................................ XII
Resumo ........................................................................................................................ XIII
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1
1.1 Generalidades .................................................................................................... 1

1.2 Problemática do trabalho de Pesquisa ............................................................... 2

1.3 Questões de pesquisa ....................................................................................... 3

1.3.1 Questão principal ......................................................................................... 3

1.3.2 Questões específicas .................................................................................. 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 4


2.1 Introdução .......................................................................................................... 4

2.2 Componentes do balanço hídrico....................................................................... 4

2.2.1 Afluências .................................................................................................... 7

2.2.2 Efluências .................................................................................................. 11

2.3 Abordagem empírica de estimativa de balanço hídrico .................................... 12

2.3.1 Precipitação ............................................................................................... 12

2.3.2 Escoamento superficial.............................................................................. 14

2.3.3 Evaporação ............................................................................................... 16

2.3.4 Técnicas de GIS e modelagem baseado sensoriamente remoto .............. 20

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Melhoramento da Simulação Hidrológica na Albufeira de Cahora
Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

2.3.5 Critério para escolha de modelo hidrológico .............................................. 21

2.4 Descrição das regras de operação correntes de albufeira de Cahora Bassa .. 25

2.4.1 Balanço hídrico na albufeira ...................................................................... 25

2.4.2 Determinação das afluências .................................................................... 26

2.4.3 Determinação das efluências .................................................................... 27

2.4.4 Segurança hidráulica-operacional ............................................................. 31

2.4.5 Regras de exploração................................................................................ 32

3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ........................................................ 34


3.1 Localização e caracterização ........................................................................... 34

3.2 Geomorfologia.................................................................................................. 35

3.3 Aspectos climáticos.......................................................................................... 35

3.4 Características hidrológicas ............................................................................. 36

4 METODOLOGIA DO ESTUDO ............................................................................... 37


4.1 Colecta de dados ............................................................................................. 41

4.2 Configuração do modelo .................................................................................. 42

4.3 Calibração de modelo ...................................................................................... 44

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 45


5.1 Melhoramento no cálculo de afluências à albufeira de Cahora Bassa ............. 45

5.2 Dados relevantes no cálculo das afluências e sua contribuição na estimativa de


afluências. .................................................................................................................. 55

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................. 59


6.1 Conclusões ...................................................................................................... 59

6.2 Recomendações .............................................................................................. 61

7 LISTA DE REFERÊNCIA ........................................................................................ 62


Anexo 1: Dados hidro-meteorológicos .......................................................................... 65
Anexo 2: Calibração ...................................................................................................... 66

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Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

Anexo 3: Instrumentos de medição dos dados meteorológicos utilizados na estação


meteorológica do Songo. .............................................................................................. 70
Anexo 4: Estações meteorológicas automáticas ........................................................... 71
Anexo 5: Disposição dos descarregadores na barragem de Cahora Bassa ................. 73
Anexo 6: Características principais da albufeira de Cahora Bassa ............................... 74
Anexo 7: Valores tabelados dos números de escoamentos e tipos de solos ................ 76

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Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

Lista de Figuras
Figura 2-1: Representação conceptual do balanço hídrico (Fonte: Carmo Vaz, s/d) ...... 5
Figura 2-2: Curva-guia da barragem de Cahora Bassa (Fonte HCB: 2008).................. 33
Figura 3-1: Localização geográfica da albufeira de Cahora Bassa (Fonte: adaptado de
Guale, 2004) ................................................................................................................. 34
Figura 4-2: Metodologia geral adaptada para o estudo ................................................. 39
Figura 4-3: Visão geral do Menu de calibração do modelo WAFLEX ........................... 42

Lista de Gráficos
Gráfico 5-1: Caudais corrigidos por eliminação do sinal negativo ................................. 46
Gráfico 5-2: Caudais corrigidos a partir de médias movidas centradas em três dias .... 47
Gráfico 5-3: Comparação entre os métodos aplicados para correcção dos caudais
brutos ............................................................................................................................ 48
Gráfico 5-4: Calibração da cota e a capacidade de armazenamento da albufeira de
Cahora Bassa ............................................................................................................... 51
Gráfico 5-5: Calibração do caudal descarregado e caudal efluente na albufeira de
Cahora Bassa ............................................................................................................... 52
Gráfico 5-6: Relação entre caudais afluente e efluente com o volume armazenado na
albufeira de Cahora Bassa ............................................................................................ 54
Gráfico 5-7: Relação entre caudais afluente e efluentes com o volume armazenado em
períodos críticos ............................................................................................................ 54
Gráfico 5-8: Relação entre caudal afluente e a cota da albufeira de Cahora Bassa ..... 55
Gráfico 5-9: Relação entre volume afluente e volume de precipitação na albufeira de
Cahora Bassa ............................................................................................................... 56
Gráfico 5-10: Relação entre volume efluente e volume evaporado na albufeira de
Cahora Bassa ............................................................................................................... 57
Gráfico 5-11: Comparação entre as efluências de Kariba e Kafué com as afluências
estimada na albufeira de Cahora Bassa na base do balanço hídrico ........................... 58

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Lista de Tabelas

Tabela 2-1: Vantagens e desvantagens de métodos de estimativa de precipitação


(Adaptado a partir de Almeida, 2010).............................................................................. 8
Tabela 2-2: Vantagens e desvantagens de métodos de evaporação (adaptado a partir
de Almeida, 2010) ......................................................................................................... 11
Tabela 2-3: Sumário de critérios para escolha do modelo hidrológico (adaptado depois
de Guale, 2015) ............................................................................................................ 23
Tabela 4-1: Abordagem metodológica das questões de pesquisa ................................ 40
Tabela 4-2: Colecta de dados ....................................................................................... 41
Tabela 4-3: Avaliação de desempenho para R2 e coeficiente de Nash-Sutcliffe
(adaptado a partir de Guale 2015) ................................................................................ 44
Tabela 5-1: Caudais negativos verificados no banco de dados .................................... 46
Tabela 5-2: Coeficiente de determinação (R2) e coeficiente de Nash-Sutcliffe (NSC)
para calibração dos parâmetros .................................................................................... 49

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Lista de Abreviaturas

AB Abertura de Turbinas
ABM Abertura de Descarregador de Meio Fundo
AI Abertura de Descarregador da Superfície
AMC Condição de humidade antecedente
ARA - Zambeze Administração Regional de Águas do Zambeze
BH Balanço Hídrico
CBS Cahora Bassa Central Sul
NME Nível Mínimo de Exploração
NMC Nível de Máxima Cheia
NPA Nível no Pleno Armazenamento
CN Número de Escoamentos
DGO Direcção de Gestão da Operação
DGO-GH Direcção de Gestão da Operação – Gestão Hidráulica
DNA Direcção Nacional de Águas
DSI Direcção de Sistema de Informação
EMA Estação Meteorológica Automática
HCB Hidroeléctrica de Cahora Bassa
HEC Centro de Engenharia Hidrológica
HMS Sistema de Modelação Hidrológica
HP Hidrotécnica Portuguesa

ITCZ Zona de Convergência Intertropical

LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil

RDC República Democrática de Congo


SCS Serviço de Conservação de Solos
SIG Sistema de Informação Geográfica
SWAT Ferramenta de Avaliação do Solo e da Água
s/d Sem Data
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VII
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TM Tempo de Manobra
WAFLEX Modelo Hidrológico - Bacia de Drenagem e Distribuição de Água
WHAT Ferramentas de análise hidrográfica baseadas na web
WMO Organização Mundial Meteorológica

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VIII
Melhoramento da Simulação Hidrológica na Albufeira de Cahora
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Lista de Símbolos

A Área da superfície inundada


A(h) Área da superfície inundada em função da cota
C Coeficiente de escoamento
e Tensão de vapor não saturado
Ea Evaporação isométrica
Ed Evaporação diária
ew (Ts) Tensão de vapor saturado em função da temperatura seca
e (Ts) Tensão de vapor não saturado em função da temperatura seca
H Queda Bruta
hu Precipitação útil
ho Perdas iniciais da chuvada
h00 Cota da albufeira no início do dia as 0 horas
h24 Cota da albufeira no final do dia as 24 horas
I Volume de água que entra no sistema
I Intensidade da precipitação
Lan-1 Leitura ajustada do dia anterior no tanque de classe A
Ln Leitura de evaporação do dia presente as 9 horas
Ln-1 Leitura de evaporação do dia anterior as 9 horas
P Precipitação
Pa Pressão atmosférica
Pi Precipitação em cada posto
Pn Precipitação do dia
PT Potência Turbinada
Q Caudal ou escoamento
Qalf Caudal afluente total à albufeira
QB Caudal bombeado
QD Caudal descarregado
Qdi Caudal descarregado parcial
Qelf Caudal efluente

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Melhoramento da Simulação Hidrológica na Albufeira de Cahora
Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

Qlw Radiação de ondas longas


Qn Radiação útil
Qobs Caudal observado
Qs Radiação solar incidente
Qsr Radiação solar reflectida
QT Caudal turbinado
Qt Caudal turbinado de um grupo gerador
QT Caudal turbinado total
Qt (H) Caudal turbinado em função da queda bruta
Qt(PT,AB) Caudal turbinado de um grupo gerador em função de PT e AB
Qv Água em condições normais de temperatura e pressão
Qve Água evaporada
R2 Coeficiente de determinação
S Área da superfície inundada
Tr Duração da precipitação
Tc Tempo de concentração
U Humidade relativa
u2 Velocidade do vento à altura de 2 metros do solo
V Volume armazenado
V(h) Volume armazenado em função da cota da água na albufeira
Δ/A Parâmetro de Penman para pressão atmosférica
Δ/A’ Parâmetro de Penman para pressões atmosféricas variáveis
ΔQ Variação de energia do lago
Δt Variação do tempo
ΔV Variação do volume armazenado

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Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

Dedicatória

Ao meu tio Zefanias (em memória)

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Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

Agradecimentos

Agradeço a Deus, pela sabedoria e generosidade na sua criação.

A minha mãe por ter-me educado com amor e dedicação e por ser exemplo de vida
para mim.

Aos meus irmãos, Elcídio, Clara e minha sobrinha, Marisa, e primo, Gildo, pela torcida
das minhas conquistas.

Ao Instituto Superior Politécnico do Songo pela Bolsa de estudo concedida.

À HCB por ter disponibilizado a vaga para a realização do estágio profissional e pelo
fornecimento de dados importantes para a realização do trabalho.

Agradeço ao meu supervisor Rosaque João Guale (MSc) (Especialista em Gestão de


Recursos Hídricos e Ambiente, HCB) pela sua orientação cuidadosa ao longo dos dias
de trabalho e pelos tantos e valiosos ensinamentos.

Ao Eng° José Rodrigues Matola (Hidrólogo Sénior, HCB) que se demonstrou sempre
disponível a colaborar de forma excelente no meu processo de aprendizagem e
conhecimento transmitido de forma interessante e pela paciência durante a minha
formação académica.

A equipa técnica da empresa Hidroeléctrica de Cahora Bassa na Direcção de Ambiente


e Analises Laboratoriais (dra Binte Insa, dra Edite César, dr Félix Nuno e dr Nico
Savaio) e na Direcção de Gestão da Operação – Gestão Hídrica (Sr. Humberto
Levessen, Sr. Juma Matsinhe e Sr. Januário Ngovene).

Agradeço ao meu amigo Manuel Marcelino, Márcio de Nino, Idílio Massango e Wilson
Saul que estiveram sempre presente nos melhores e piores momentos.

Aos meus colegas e amigos que de forma directa ou indirecta contribuíram ao longo
do percurso académico para a minha formação.

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XII
Melhoramento da Simulação Hidrológica na Albufeira de Cahora
Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

Resumo

No presente trabalho é feito o melhoramento de simulação hidrológica na albufeira de


Cahora Bassa, com o objectivo de melhorar a estimativa das afluências. Foram
aplicados dois métodos: i) eliminação do sinal negativo nos caudais afluentes a
albufeira de Cahora Bassa; e, ii) correcção a partir de médias movidas centradas em
três dias.

O modelo WAFLEX foi proposto nesta Tese. A sua configuração foi baseada nas
operações correntes na Hidroeléctrica de Cahora Bassa com referência de dados de
exploração diária da albufeira, no período hidrológico de 2000 a 2015, período que
representa uma exploração do empreendimento de Cahora Bassa em plena potência
de geração de energia após a reposição das linhas de transmissão de energia à África
do Sul.

Em relação a conclusão obtida depois da análise dos resultados do melhoramento das


afluências, o método das médias movidas centradas em três dias demostrou-se ser o
mais efectivo, porque o hidrograma resultante desse método apresentou oscilações
menores e sinuosamente ajustado.

O desempenho do WAFLEX foi avaliado comparando os dados observados e


simulados a partir do WHAT, o parâmetro R2 e NSC para os caudais turbinados e a
potência, onde se concluiu que foram “muitos bons” e “perfeitos”, respectivamente.
Além dos caudais turbinados e da potência, o nível de água e armazenamento na
albufeira apresentaram desempenhos “aceitáveis”. Contudo, os parâmetros caudal
efluente, caudal descarregado, níveis de água a jusante foram considerados “não
satisfatórios” porque os valores de parâmetro de R2 apresentaram-se abaixo de 50%.

O balanço hídrico na albufeira de Cahora Bassa no período de simulação traduziu-se


em uma média diária das afluências de 184,94 Mm3. As estimativas feitas das médias
das afluências diárias mostraram que os caudais provenientes da barragem de Kariba
apresentaram a maior contribuição com total de 60,74 %, enquanto 13,04% foram
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XIII
Melhoramento da Simulação Hidrológica na Albufeira de Cahora
Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

provenientes da barragem de Kafué, 2,83% provieram da contribuição da precipitação


e os 23,39% representaram as afluências não medidas.

PALAVRAS - CHAVE: WAFLEX; Bacia do rio Zambeze; Albufeira de Cahora Bassa;


Balanço hídrico; Caudais afluentes.

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XIV
Melhoramento da Simulação Hidrológica na Albufeira de Cahora
Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

1 INTRODUÇÃO

1.1 Generalidades

Segundo Campos (2009) a água é o líquido mais abundante na Terra, existe uma
quantidade enorme, estimada em cerca de 1.600 milhões de Km3. Aproximadamente
15% desta água está quimicamente ligada à crusta terrestre, a sua quantidade livre é
cerca de 1.386 milhões de Km3, é ainda, parte integrante dos seres vivos e essencial à
vida. Um atributo notável da água é ser um bem de múltiplos usos, destinando-se aos
mais diversos fins, como abastecimento público, geração de energia eléctrica,
navegação, suprimento industrial, crescimento de culturas agrícolas, conservação da
flora e da fauna, recreação e lazer. Além disso, recebe, dilui e transporta esgotos
domésticos, efluentes industriais e resíduos das actividades rurais e urbanas (Hipólito &
Vaz, 2011).

A bacia hidrográfica do rio Zambeze distribui-se por 8 países (Angola, Republica


Democrática de Congo, Namíbia, Botswana, Zimbabwe, Moçambique, Malawi e
Tanzânia) e é a maior da região austral de África, com uma área de 1. 351. 365 Km2. O
rio principal nasce nas montanhas Kalene na República Democrática de Congo e
atravessa uma vasta região até a foz, no delta do Zambeze, com 2.700 km de
comprimento. Esta dimensão revela bem a sua importância na região austral em que a
disponibilidade de água tem enorme irregularidade espacial e temporal e é fortemente
dependente da variabilidade climática (Silva, Jessen & Guale, 2003).

Segundo Guale (2004) a albufeira de Cahora Bassa teve o seu enchimento pleno em
1975 na sequência da construção da barragem. A albufeira apresenta uma capacidade
de armazenamento máxima de 65 km3, e o volume útil de 52 km3 de água, com 270 km
de comprimento, 30 km de largura máxima e 2.900 km2 de superfície ao nível de
máxima cheia, e Silva (1996) apresenta um volume morto cerca de 4.000 m3
correspondente ao volume situado a cota 256,5 m e 295 m.

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Melhoramento da Simulação Hidrológica na Albufeira de Cahora
Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

A gestão da albufeira de Cahora Bassa é feita em obediência da produção de energia


eléctrica para satisfazer os compromissos contratuais. A prossecução deste objectivo
implica que o recurso hídrico seja gerido com base em princípios de ordem científica e
de avaliação probabilística de riscos tendo em conta o regime hidrológico histórico do
rio, os novos factores de alteração climática e as sempre falíveis previsões
meteorológicas de médio e longo prazo (Silva, 2003).

Com o presente de trabalho de pesquisa, pretende-se melhorar a simulação hidrológica


na albufeira de Cahora de Bassa de modo a contribuir para eficiente controlo e
regularização dos afluentes.

1.2 Problemática do trabalho de Pesquisa

Para a Hidroeléctrica de Cahora Bassa interessa dispor de toda a informação hidro-


meteorológica que garanta a gestão eficaz da albufeira por forma a manter os
compromissos contratuais do complexo hidroeléctrico em regime de exploração normal
e a minimizar os riscos no empreendimento e a jusante.

A informação directa sobre caudais afluentes à albufeira de Cahora Bassa é


praticamente inexistente. A informação sobre dados climatológicos com os quais se
poderia estimar empiricamente o escoamento é muito escasso, uma vez que a gestão
hidrológica da albufeira é feita à vista, ou seja, apoia-se quase que exclusivamente na
observação da cota, na análise de tendências e em constantes simulações de curto
prazo (Silva & Jessen, 1998). Depois da observação de cota é calculada a variação de
volume de armazenamento e o caudal efluente registado, com a finalidade de se
determinar o caudal afluente a albufeira a partir do balanço hídrico. Deste modo, por
forma a melhorar a determinação dos caudais afluentes à albufeira de Cahora Bassa é
relevante a melhoria de cálculo de balanço hídrico na albufeira de modo a garantir um
banco de dados eficiente.

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Melhoramento da Simulação Hidrológica na Albufeira de Cahora
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1.3 Questões de pesquisa

1.3.1 Questão principal

Como se pode melhorar a simulação hidrológica na albufeira de Cahora Bassa com


ausência da informação directa sobre os dados hidro-meteorológicos de cada afluência
dos principais tributários que desaguam na albufeira?

1.3.2 Questões específicas

1) Quais são os procedimentos correntes no melhoramento de simulação


hidrológica de uma albufeira?
2) Como melhorar a aquisição de dados hidro-meteorológicos na área de estudo
para determinação de afluências?
3) Qual é o método a aplicar para estimativa dos caudais afluentes que desaguam
na albufeira de Cahora Bassa?

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Introdução

A presente revisão bibliográfica é relativa ao estudo da bacia de rio Zambeze, baseada


na abordagem de estimativa de balanço hídrico e a descrição das regras de operação
corrente na albufeira de Cahora Bassa.

2.2 Componentes do balanço hídrico

Segundo Lencastre & Franco (2006) uma equação de balanço hídrico relaciona as
entradas e saídas (afluências e efluências), ocorridas num determinado espaço e
durante um certo período de tempo, com variação do volume do mesmo líquido no
interior de espaço, durante o intervalo do tempo referido. Constitui assim uma forma da
equação de continuidade.

As afluências são constituídas por:

1. Escoamentos superficiais medidos e não medidos na bacia;


2. Escoamentos subterrâneos que entram na bacia;
3. Precipitação que atinge a área da bacia.

As efluências são constituídas por:

1. Escoamento superficial que sai na bacia;


2. Evaporação superficial a partir da massa liquida e transpiração das plantas;
3. Escoamentos subterrâneos que saem na bacia.

A fórmula geral de uma equação do balanço hídrico representa-se de acordo com


(Lencastre & Franco, 2006).

∆𝑆
= 𝐼(𝑡) − 𝑂(𝑡) (2.1)
∆𝑡

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onde:

I (t) – afluências;

O (t) – efluências;

A figura 2 – 1 Ilustra a representação conceptual do balanço hídrico

Figura 2-1: Representação conceptual do balanço hídrico (Fonte: Carmo Vaz, 1990)

Onde:

E – evaporação superficial na bacia (mm/dia);

P – precipitação na bacia (mm/dia);

T – transpiração das plantas na bacia (mm/dia);

Qefl – caudal efluente na bacia (1 x 106 m3/s);

Qafl – caudal afluente na bacia (1 x 106 m3/s);

I – infiltração (1 x 106 m3);

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ΔSsub – variação do volume armazenado no subsolo na bacia (1 x 106 m3/s);

ΔSs – variação do volume armazenado na superfície na bacia (1 x 106 m3/s);

Gafl – escoamento subterrâneo afluente na bacia (1 x 106 m3/s);

Gefl – escoamento subterrâneo efluente na bacia (1 x 106 m3/s);

Qsub – percolação da água (1 x 106 m3/s).

As variáveis volume armazenados que intervêm nas equações de balanços hídricos


são expressas como volumes por unidade de tempo.

a) Balanço hídrico da superfície

O balanço hídrico da superfície é aquela que apenas considera a superfície da terra. A


sua equação representa-se por (Vaz, 1990):

(𝑄𝑎𝑙𝑓 + 𝑃 + 𝑄𝑠𝑢𝑏 ) − (𝑇 + 𝐸 + 𝐼 + 𝑄𝑒𝑓𝑙 ) = ∆𝑆𝑠 (2.2)

b) Balanço hídrico subterrâneo

Balanço hídrico subterrâneo é aquele que apenas considera a água no subsolo. De


acordo com o mesmo autor a sua equação representa-se por (Vaz,1990):

(𝐺𝑎𝑓𝑙 + 𝐼) − (𝑄𝑠𝑢𝑏 + 𝐺𝑒𝑙𝑓 ) = ∆𝑠𝑠𝑢𝑏 (2.3)

Fazendo a soma das duas equações tem-se:

𝑃 − (𝑄𝑒𝑓𝑙 − 𝑄𝑎𝑓𝑙 ) − (𝑇 + 𝐸) − (𝐺𝑒𝑓𝑙 − 𝐺𝑎𝑓𝑙 ) = ∆𝑆𝑠 + ∆𝑠𝑠𝑢𝑏 (2.4)

A equação do balanço hídrico pode ser consideravelmente simplificada quando a


região considerada é a bacia hidrográfica. Esta região é definida topograficamente,
drenada por um curso de água ou sistema interligado por um curso de água, tal que a
única entrada de água na região seja precipitação e todos os efluentes sejam
descarregados através de uma única saída (Vaz, 1990).

Tese de Licenciatura em Engenharia Hidráulica Samito Naife 6


Melhoramento da Simulação Hidrológica na Albufeira de Cahora
Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

Sendo assim temos a seguinte equação simplificada (Vaz, 1990):

𝑃 − (𝑄 + 𝐸 + 𝑇 + 𝐺) = ∆𝑆 (2.5)

∆𝑆
𝑃 − (𝑄 + 𝐸𝑇 + 𝐺) = (2.6)
∆𝑡

Onde:

ET – evapotranspiração (mm/dia);

ΔS/ Δt – variação do volume sobre tempo (1 x 106 m3/s).

A precipitação e a evapotranspiração são componentes estimados pontualmente numa


região, na equação de balanço hídrico propõe-se a extrapolação para toda área da
bacia de modo a estimar o seu volume, nesse caso a equação (2.6) torna-se:

∆𝑆
[(𝑃 − 𝐸𝑇) × 𝐴 − (𝑄 + 𝐺)] = (2.7)
∆𝑡

A informação sobre águas subterrâneas para a albufeira de Cahora Bassa é


praticamente ausente, em contrapartida assume-se que a sua interacção no balanço
hídrico é insignificante ou nula. Nessas condições a equação (2.7) passa ser:

∆𝑆
[(𝑃 − 𝐸𝑇) × 𝐴 − 𝑄] = (2.8)
∆𝑡

Onde:

A – área da bacia (1 x 106 m2).

2.2.1 Afluências

a) Precipitação

Conforme Almeida (2010) precipitação é a queda das águas meteorológica da


atmosfera para superfície do globo terrestre. Esta variável é crucial no balanço hídrico,
porque a existência das restantes dependem dela. Existem três métodos que são
usados para estimativa da precipitação média numa bacia.
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Esses métodos são média Aritmética, Polígono de Thiessen e Isoieta (Almeida, 2010).
A tabela 2-1 ilustra as vantagens e desvantagens de cada método de estimativa de
precipitação.

Tabela 2-1: Vantagens e desvantagens de métodos de estimativa de precipitação


(Adaptado a partir de Almeida, 2010)
Métodos de estimativa de
Vantagens Desvantagens
precipitação
 Método mais simples;
 Se há poucos
 Se o número de pluviómetros
pluviómetros e se a
for adequado e se estes se
distribuição destes não for
encontram bem distribuídos ao
adequada os resultados
longo da área, o método
não serão bons;
Média aritmética apresenta boa estimativa;
 Requer maior número de
 Em áreas montanhosas só da
pluviómetros para uma
bons resultados se o factor
mesma precisão, em
topografia for levado em conta
comparação com os
na localização dos
demais métodos.
pluviómetros.
 Proporciona resultados mais
precisos do que os obtidos
pela média aritmética;  O método é muito
 Não é influenciado pela trabalhoso;
distribuição não uniforme dos  Os polígonos devem ser
Polígono de Thiessen pluviómetros; refeitos quando ocorre
 Os pluviómetros colocados uma mudança na rede de
fora mas próximos ao limite da pluviómetros.
área podem ser utilizados nos
cálculos.

 Teoricamente é o método
mais preciso;
 É o método mais
 Permite a visualização da
trabalhoso dos métodos;
variação espacial da
requer muita prática;
Isoietas precipitação ao longo da área;
 O procedimento de
 Os pluviómetros colocados
cálculo pode ter erro
fora mas próximos ao limite da
subjectivo
área podem ser utilizados nos
cálculos

Após a apresentação das vantagens e desvantagens dos três métodos de estimativa


de precipitação média numa bacia, o método de Polígonos de Thiessen é aplicável no
presente trabalho de pesquisa. Para Vaz (1990) a sua principal vantagem sobre o
método das Isoietas não depende dos valores da precipitação registados nos postos,
portanto, o cálculo da precipitação ponderada na região faz-se sempre com os mesmos

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coeficientes. Apenas, é necessário recalcular os polígonos se algum dos postos não


haver registos para a precipitação ponderada que se pretende calcular e as Isoietas
dependem dos valores das precipitações. Isso torna o método muito trabalhoso para
aplicação rotineira, razão pela qual se reserva a aplicação do método das Isoietas ao
cálculo de precipitações ponderadas para precipitações médias.

O método de polígono de Thiessen é mais cuidadoso que o da média Aritmética


entretanto, possui a desvantagem de ter que ser sempre refeito de acordo com a
secção de controlo e as estações pluviométricas consideradas (Saraiva, 2010).
Entretanto, ressalta que para a estimativa de chuva em bacias onde ocorrem
predominantemente precipitações do tipo convectivas ou orográficas esse método pode
ser inadequado devido à grande variabilidade pluviométrica em pequenas áreas.
Nesses locais, é necessária uma rede mais extensa de monitoramento pluviométrico
(Saraiva, 2010).

b) Escoamento

O escoamento em uma albufeira inclui toda a água que entra através de rios, riachos
directo por escoamento superficial. São calculados considerando os escoamentos
medidos e não medidos na bacia hidrográfica (Phiri, 2011).

Segundo Lencastre & Franco (2006) o escoamento superficial é influenciado por tipo de
solo, factores climatológicos (intensidade e duração da precipitação), factores
fisiográficos (permeabilidade e capacidade de infiltração e topografia do terreno)

 Escoamentos não medidos

Para Phiri (2011) grande parte dos escoamentos na bacia do Zambeze permanece não
medido, necessitando a estimativa do escoamento dessas áreas. Os registros de
caudais na bacia do Zambeze são espacialmente incompletos por uma razão: porque
as estações hidrométricas são normalmente por vários quilómetros a montante das
afluências, deixando lacunas espaciais em dados para descrever o caudal na área
perto da albufeira.

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Segundo Kaka (2012) o escoamento superficial pode ser estimado diariamente,


mensalmente ou anualmente usando o método Racional; Serviço de Conservação dos
Solos (SCS) e Determinísticos.

1) Método racional

Esse método é baseado na fórmula empírica e estima escoamento de uma


determinada área sujeita a uma intensidade máxima de precipitação, com um
determinado tempo de concentração. É muito usado devido aos seus resultados directo
e da sua aparente simplicidade e facilidade de uso.

2) Método de Serviço de Conservação de Solos

Conforme Kaka (2012) o Serviço de Conservação de Solos é do Departamento de


Agricultura dos Estados Unidos que desenvolveu um conjunto de técnicas para o
cálculo de caudais de cheia em pequenas bacias naturais e urbanas em que não se
dispõe de registos hidrométricos. Neste método, a relação de escoamento de
precipitação é expressa sob a forma de número de escoamentos (CN). O CN tem
pouco significado intrínseco, uma vez que é uma transformação não-linear de um
parâmetro de armazenamento de bacias hidrográficas. Com efeito, o CN relaciona
escoamento total a precipitação total para uma grande variedade de usos do solo por
quatro grupos de solos hidrológicos (A, B, C e D) e três condições de humidade
antecedente (AMC I, II e III). Estes valores de CN devem ser corrigidos quando se
pretende efectuar cálculos para situações antecedentes particularmente secas (AMC I)
ou particularmente húmidas (AMCIII).

A quantidade de escoamento é calculada por uma equação simples, usando a


quantidade total de precipitação e o CN. O valor do CN está compreendido entre 0 e
100, correspondendo 0 a uma bacia de condutividade hidráulica infinita e 100 a uma
bacia totalmente impermeável.

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2.2.2 Efluências

A componente efluência no balanço hídrico inclui escoamento superficial que se


registra na região de descargas e evaporação superficial a partir da massa liquida da
albufeira e solo (Kaka, 2012).

a) Evaporação

É um conjunto dos fenómenos de natureza física que transformam em vapor a água da


superfície do solo; a dos cursos de rios; lagos e albufeiras, para além de mares (Pinto
et. al., 2008).

A evaporação é componente relevante no cálculo do balanço hídrico e é também


influenciada pela profundidade de massa de água, quanto mais profunda a massa de
água, maior é a diferença entre a temperatura do ar e a da água devido à maior
demora na homogeneização da temperatura do líquido (Pinto et. al., 2008).

A evaporação nas albufeiras tem um contributo importante para o cálculo de balanço


hídrico e depende da disponibilidade da energia, do mecanismo de transferência de
massa, profundidade e área de superfície da albufeira.

A tabela 2-2 ilustra as vantagens e desvantagens de alguns métodos de evaporação.

Tabela 2-2: Vantagens e desvantagens de métodos de evaporação (adaptado a partir


de Almeida, 2010)

Métodos de estimativa de evaporação Vantagens Desvantagens

 Assume que a
evaporação é
uniforme sobre toda a
 Integra todos os área de superfície do
Tanque de evaporação
vários efeitos físicos lago e que a taxa de
evaporação é
também uniforme ao
longo do ano
 Mais detalhada do  Não tem em conta o
que outros métodos; efeito da variação do
Penman  Usa rotineiramente teor de calor na
colectados dados massa de água
meteorológicos, durante a estação de

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como velocidade do evaporação


vento e temperatura

 São utilizados para


medir a evaporação  Não são utilizados
Evaporímetros que se verifica numa nas estações
superfície livre de meteorológicas.
água.

b) Descargas

Esta componente no balanço hídrico refere-se a saída da água na albufeira (caudal


turbinado, caudal descarregado e caudal bombeado).

2.3 Abordagem empírica de estimativa de balanço hídrico

2.3.1 Precipitação

a) Média aritmética

Vaz (1990) afirma que método da média Aritmética consiste em igualar a precipitação
sobre a região à média aritmética dos valores registados nos vários postos existentes
na região e próximos dela. É um método muito grosseiro que apenas deve ser usado
se os postos se distribuírem uniformemente na região e o valor de cada um não se
afastar muito do valor médio. A equação é a seguinte (Vaz, 1990):

1
𝑃̅ = ∑𝑛𝑖=1 𝑃𝑖 (2.9)
𝑛

Onde:

𝑃̅ – Precipitação sobre a região (mm);


𝑃𝑖 – Precipitação para os vários postos (mm);
𝑛 – Número total dos postos.

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b) Método de Thiessen

O método de polígono de Thiessen é um método muito aproximado desde que a


precipitação varie a intensidade e duração de região para região. A precipitação
registrada na estação pluviométrica é ponderada de acordo com a área que representa
(Vaz, 1990).

A equação usada é seguinte (Vaz, s/d):

𝐴 ×𝑃 +𝐴 ×𝑃 +⋯+𝐴𝑛 ×𝑃𝑛
𝑃̅ = 1 1 2 2 (2.10)
𝐴1 +𝐴2 +⋯+𝐴𝑛

Onde

A1, A2…e An são áreas de polígono de Thiessen a partir do resultado de construção


perpendicular das bissectrizes entre estações pluviométricas.

c) Método de isoietas

De acordo com o mesmo autor o método das isoietas é, como o método de Thiessen,
um método de base gráfica. Para se calcular a precipitação na região, é necessário
começar por traçar as isoietas (linhas de igual precipitação). Para tal, pode utilizar-se o
seguinte procedimento:
 Consideram-se estações próximas 2 a 2;
 Admite-se que entre 2 estações próximas a precipitação varia
linearmente;
 Determinam-se assim pontos de ocorrência de determinados valores de
precipitação P1, P2, etc.;
 As isoietas traçam-se unidas por curvas pontos com o mesmo valor de
precipitação.
Designando por Ai a subárea da região localizada entre as isoietas Pi e Pi+1, a
precipitação ponderada na região é dada por (Vaz, 1990):

1 𝐴 (𝑃 +𝑃 )
𝑃̅ = ∑𝑛𝑖=1 𝑖 𝑖 𝑖+1 (2.11)
𝑛 2×𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

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2.3.2 Escoamento superficial

a) Método racional

Ramos (2012) descreve que o método racional baseia-se em uma fórmula empírica
para calcular o caudal de máximo de uma determinada bacia, considerando uma
secção de estudo. O escoamento pode ser estimado por:

𝑄 = 0,28 × 𝐶 × 𝐼 × 𝐴 (𝑚3 ⁄𝑠) (2.12)

Em que:
C – coeficiente de escoamento;
I – intensidade da chuva (m/s);
A – área de contribuição (m2);
Q – caudal de máxima cheia (m3/s).

𝐼(𝑚𝑚⁄ℎ) = 𝑎 × 𝑡𝑚𝑖𝑛 𝑏 (2.13)

0,385
𝐿3
𝑡𝑐 = 57 × ( 𝐻 ) (2.14)

tc - tempo de concentração (min);

L - comprimento de linha de água principal (km);

H - diferença de cotas entre o ponto mais afastado da bacia e o ponto considerado em


m.

b) Método de Serviço de Conservação de Solos

Segundo mesmo autor a equação fundamental de precipitação-escoamento é a


seguinte:

0,277𝑘𝐴ℎ𝑢
𝑄= (2.15)
𝑇𝑝

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Onde:

Q – caudal de máxima cheia (m3/s);

k – factor de ponta, em função de declive da bacia (pode variar entre 1, no caso de


bacias muito declivosas, e 0,5 no caso de bacias muitos planas; nos cálculos habituais
utiliza-se k=0,75);

A – área da bacia (m2);

hu – precipitação útil (m);

Tp – tempo de crescimento (s).

0,277 é o factor de conversão das unidades utilizadas.

Para (ℎ > ℎ0 )

(ℎ−ℎ0 )2
ℎ𝑢 = (2.16)
ℎ+4ℎ0

Para (ℎ > ℎ0 )
ℎ𝑢 = 0
Em que:
h – precipitação total da chuvada considerada;
h0 – perdas iniciais da chuvada, antes de iniciar o escoamento da superfície, e calcula-
se com a expressão

5080
ℎ0 = − 50,8 (2.17)
𝐶𝑁
CN – número de escoamentos.

1
𝑇𝑝 = 𝑇𝑟 + 0,6 × 𝑇𝑐 (2.18)
2
Tr – duração da precipitação (s);

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Tc – tempo de concentração (s).


𝑇𝑟 = 𝑇 − ℎ(𝑇)0⁄𝑇 (2.19)

Comparando os dois métodos, o método racional é um método usado apenas para a


determinação de caudais máximos; não calcula volume em forma do hidrograma; é
aplicado apenas para pequenas bacias, eventos simples e avaliações preliminares e
quanto ao método ao método de Serviço Conservação de Solos é simplificado e os
valores do CN encontram-se tabelados para diversos tipos de solos; utilizado
principalmente para projecto em locais sem dados de caudais; aplicado com chuvas de
projecto (eventos relativamente simples e de curta duração) e em pequenas bacias
(Ramos, 2012). Para o presente trabalho de pesquisa os dois métodos não são
aplicáveis devido a extensão da bacia sendo assim, as técnicas de GIS são aplicáveis
atendendo e considerando a escassez dos dados hidro-meteorológicos em algumas
partes da bacia do Zambeze.

2.3.3 Evaporação

a) Método analítico de Penman

A fórmula de Penman foi estabelecida com base no balanço hídrico energético, estima
a evaporação da superfície liquida.
Segundo Vaz (1990) o método de Penman oferece o melhor compromisso entre uma
base teórica suficientemente sólida e a facilidade de aplicação prática. O método deve
ser usado para períodos da ordem de 7-10 dias e nunca em períodos superiores a 1
mês (para que ΔQ ≈ 0).
A fórmula de Penman foi estabelecida com base no balanço energético, em lagos tais
que se possa aceitar (Lencastre & Franco, 2006):

∆𝑄 + 𝑄𝑣𝑒 − 𝑄𝑣 = 0 (2.20)

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O que acontece, por exemplo, quando se podem ignorar as variações de energia do


lago 𝛥𝑄 = 0, sendo a água evaporada substituída por água à mesma temperatura (𝑄
=𝑄𝑣). Outras condições poderão também satisfazer à equação (2.20).

Segundo Lencastre & Franco (2006) e Vaz (1990) a fórmula de Penman para cálculo
da evaporação a uma pressão atmosférica correspondente a 1000 mbar é a seguinte:


𝐻 𝐴+𝐸𝑎
𝐸= ∆ (2.21)
+1
𝐴

Ed – evaporação diária (mm);


H – radiação útil em altura da água (mm/dia);
Ea – evaporação isotérmica (mm/dia);
Δ/A – parâmetro adimensional de Penman para pressão atmosférica correspondente a
1000 mbar.

De acordo Vaz (1990) para pressões atmosféricas diferente de 1000 mbar, substitui-se
na expressão (2.21), o parâmetro adimensional 𝛥/𝐴 por 𝛥/𝐴’, sendo:

∆ ∆ 1000
= × (2.22)
𝐴′ 𝐴 𝑃𝑎

Em que:
Δ/A’- parâmetro adimensional de Penman para pressões atmosféricas variáveis;
Pa - pressão atmosférica (mbar).

A pressão atmosférica pode ser determinada para diferentes altitudes usando


correlações estabelecidas por vários autores. Uma das correlações, segundo Reichardt
(1990), é como se segue:

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𝐴𝑙𝑡
𝑃𝑎 = 101,3 × 𝑒 − 8.4 (2.23)

Onde Pa é a pressão atmosférica em kPa (equivalente a 10 mbar), e 𝐴𝑙𝑡 é a altitude em


Km.
De acordo com o mesmo autor a evaporação isotérmica determina-se:

𝐸𝑎 = (0,13 + 0,14𝑢2 )[𝑒𝑤 (𝑇𝑠 ) − 𝑒(𝑇𝑠 )] (2.24)

u2 - velocidade do vento à altura de 2 metros do solo (m/s);


ew(Ts) – tensão do vapor saturado em função da temperatura seca Ts em mbar;
e(Ts) - tensão do vapor não saturado e em mbar.

Para Lencastre & Franco (2006) a radiação útil em altura de água 𝑁 é determinada
dividindo a radiação útil 𝑄n pelo produto de densidade da água 𝜌 e calor latente de
vaporização 𝑙.

𝑄𝑛
𝐻= (2.25)
𝜌𝑙

Para uma superfície de água, pode utilizar-se a expressão de Szeicz:

𝑄𝑛 = 0,890𝑄𝑠 − 56 (2.26)

Onde
Qs – radiação solar incidente (cal/cm2).

Segundo Vaz (1990) radiação solar de incidente pode ser medido directamente através
de instrumentos como o piranómetro. No entanto, são pouco frequentes as estações
meteorológicas em que essa medição é feita. Na província de Tete existe apenas um
piranómetro na Estação Meteorológica de Tete. Por essa razão, faz-se então a

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determinação de Qs a partir de fórmulas obtidas a partir dos dados de medições


directas de Qs.
A partir da fórmula de Black pode estimar-se (Lencastre & Franco, 2006):

𝑄𝑠 = 𝐼0 (0,803 − 0,34𝐶 − 0,458𝐶 2 ) (2.27)

C – média mensal da nebulosidade, expressa em décimos.

Esse método analítico a Hidroeléctrica de Cahora Bassa não aplica para a estimativa
de evapotranspiração no balanço hídrico, sendo assim propõe-se aplicação no
presente trabalho de pesquisa porque oferece o melhor compromisso entre uma base
teórica suficientemente sólida e a facilidade de aplicação prática e usa rotineiramente
dados meteorológicos colectados, como velocidade do vento e temperatura.

b) Medição directa da evaporação

Segundo Vaz (1990) para além do método analítico referido no ponto anterior, a
evaporação pode ser medida directamente. Os instrumentos mais usados para esse
efeito são o evaporímetro e a tina evaporométrica.

c) Medição com evaporímetro

Mede a evaporação latente, o poder evaporante da atmosfera. A evaporação é definida


como a evaporação máxima duma superfície saturada, plana, horizontal e negra,
exposta às condições meteorológicas (energia solar, vento, temperatura, humidade
relativa) naturais do meio onde se pretende estudar a evaporação (Vaz, 1990).
O evaporímetro não mede, portanto, directamente a evaporação da superfície líquida
embora esta esteja certamente relacionada com a evaporação latente.

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d) Medição com tina evaporométrica


Segundo Vaz (1990) a tina evaporométrica permite medir directamente a evaporação
duma superfície líquida, simulando a situação real. A tina é um reservatório aberto,
cheio de água e exposto às condições atmosféricas.

O mesmo autor afirma que todos estes factores induzem com que a evaporação na tina
seja bastante superior à evaporação que se verifica na albufeira. Por este motivo, a
evaporação medida na tina deve ser multiplicada por um coeficiente de redução para
se obter a evaporação na albufeira. Este coeficiente é chamado de “coeficiente de tina”
e é inferior à unidade.
A tina evaporométrica utilizada actualmente na estação meteorológica convencional do
Songo encontra-se no Anexo 3 na imagem A3-1.

Vaz (1990) confirma que a equação usada para a estimativa da evaporação é:

𝐸(𝑚𝑚⁄𝑑𝑖𝑎) = 𝐾𝑡𝑖𝑛𝑎 × 𝐸𝑡𝑖𝑛𝑎 (2.28)

Em que
Ktina – coeficiente da tina;
Etina – evaporação na tina.

2.3.4 Técnicas de GIS e modelagem baseado sensoriamente remoto

O sistema de informações Geográficas são softwares que permitem a realização de


uma série de operações de cruzamento de informações, mantendo um referencial
geográfico. Tem a capacidade de integrar dados de várias origens: mapas com
diferentes escalas, informações cadastrais, fotos aéreas, sensoriamente remoto
(imagem satélite, radares, etc.)

Devido à falta de dados de escoamento em algumas partes da bacia do rio Zambeze,


em geral e caso da albufeira de Cahora Bassa em particular, os modelos de simulação

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hidrológica são aplicados para simular escoamentos provenientes de tributários sem


estações hidropluviométrica ou hidro-climatológicos .

Para (Kaka 2012) a simulação de escoamentos não medidos é actualmente


considerado como uma das mais tarefas desafiadora em hidrologia das águas
superficial. Segundo (Phiri 2011) este problema de longa data tem recebido maior
atenção recentemente devido ao PUB. Saraiva (2010) define PUB como a previsão de
informações hidrológicas em bacias não monitoradas ou pouco monitoradas, no que diz
respeito à quantidade ou qualidade da água, associadas às incertezas dessas
estimativas, usando dados climáticos, pedológicos, de uso do solo e geológicos.

O modelo hidrológico é uma ferramenta que visa entender e representar o


comportamento da bacia hidrográfica e prever saídas para diferentes condições,
possibilitando antecipar cenários, tais como impactos da urbanização de uma bacia ou
de eventos extremos, subsidiando a adopção de medidas preventivas (Saraiva, 2010).

Assim, modelos como modelo hidrológico - bacia de drenagem e distribuição de água


(WAFLEX), Centro de Engenharia Hidrológica – Sistema de Modelo Hidrológico (HEC –
HMS), e Ferramenta de avaliação do solo e da água (SWAT) são exemplos de modelos
hidrológicos encaixados em SIG e técnicas de sensoriamente remoto que tentam
mostrar a interacção entre fenómeno natural e os arredores físicos.

Além disso, a proximidade espacial é como uma medida de similaridade comum usada
em técnicas de regionalização e supõe-se que bacias fechadas têm condições de
regime de escoamento semelhantes, clima (uso do solo, tipo de solo e características
topográficas) (Kaka, 2012).

2.3.5 Critério para escolha de modelo hidrológico


O tipo de modelo a ser utilizado depende inicialmente do objectivo a ser atingido,
avaliando a viabilidade de aplicação da estratégia de simulação, considerando a
quantidade e qualidade dos dados disponíveis no local.

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Sugerem quatro aspectos importantes a serem considerados para a escolha do modelo:


finalidade de aplicação, escala temporal, escala espacial e dados disponíveis (Saraiva,
2010).

Segundo Saraiva (2010) o objectivo para o qual se pretende utilizar o modelo é um


aspecto importante a ser considerado na sua escolha devido às limitações e
características particulares de cada tipo de modelo hidrológico. No caso de previsões
em bacias não monitoradas não é desejável um modelo que requeira uma extensa
colecta de dados ou a estimativa de muitos parâmetros. Embora a identificação da
relação funcional entre os parâmetros do modelo e as características físicas da bacia
contribua para alargar a aplicação de modelos de simulação hidrológica em bacias não
monitoradas, tal abordagem possui problemas na aproximação dos valores dos
parâmetros, devido à existência de múltiplos óptimos para estas variáveis. Em modelos
cuja estrutura possui muitos parâmetros a serem estimados, esse problema torna-se
mais grave, devendo ter preferência, portanto, um modelo parcimonioso (Saraiva,
2010).

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Tabela 2-3 ilustra sumários de critérios para escolha do modelo hidrológico

Tabela 2-3: Sumário de critérios para escolha do modelo hidrológico (adaptado depois de Guale, 2015)

Modelo HEC-HMS (Campos, 2009; US Army WAFLEX (Guale, 2015) SWAT ( Guale, 2015; Neitsch et al.,
Corps of Engineers, 2010) 2009)
Aspecto de Modelo desenvolvido para simular os Modelo hidrológico muito simples que Bom modelo para processos
aplicação e processos de precipitação- usa a plataforma de folha de Microsoft hidrológicos e variabilidade de recursos
de gestão escoamento em bacias hidrográficas Excel para simular um complexo sistema hídricos. Foi desenvolvido para
1
dendríticas . Esse programa simula fluvial. prognosticar o impacto de boa prática
problemas hídricos em uma bacia O modelo é muito forte para modelar a de gestão de recursos hídricos e
hidrográfica e pode simular cheias distribuição de água, a operação da produção de sedimentos, efeito de
para eventos de chuvas curta barragem e gestão de albufeiras. albufeiras a operação de quantidade e
duração e longa duração. qualidade de água.
Principais Gestor de dados temporais Precipitação, evaporação, afluências. Modelo digital de elevação, uso de solo
dados (pluviométrica, estações de níveis e Características da albufeira e regras de e terra, clima e dados de qualidade de
requeridos evaporométricas);gerir dados operação da barragem. água; características e operação de
hidrológicos (curvas cota x volume, estado de reservatórios, a demanda de
curvas cota x caudal); gerir dados de água de usuário.
chuvas obtidas de radares.
Entrada Baseia-se em equações para O modelo é baseado em balanço Baseia-se na equação do balanço
chave e componentes que modelam o hídrico. O caudal do rio é calculado a hídrico para conteúdo de água no solo;
processo processo hidrológico; partir do montante para jusante na base o volume do escoamento superficial é
O escoamento superficial é calculado das entradas e saídas. calculado usando o SCS número de
usando SCS número de A operação da barragem é baseada na escoamentos.
escoamentos. divisão do armazenamento em
diferentes níveis e a descarga é feita de
acordo com o volume de encaixe
existente.
Saída chave Descarga diária, mensal do rio e Abstracções e Descarga diária, mensal e anual do rio,
nível de água na albufeira armazenamento, volumes e níveis de questão de qualidade de água e nível
água na albufeira. A descarga dos rios de água na albufeira

1
Bacia em forma de espinha de peixe na qual os pequenos riachos vão se juntando, formando rios superiores e afluem para um rio principal na qual se
concentram as vazões escoadas e, em consequência, os recursos hídricos superficiais da área.

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Intervalo de Diário Diariamente e mensalmente Diário


tempo de
etapa
Acesso O modelo pode ser baixado na O modelo é transparente, interactivo e O modelo é de código aberto que
Internet e fácil acesso. fácil de modificar o parâmetro e permite que o usuário modifique o
www.hec.usace.army.mil variáveis. O usuário pode construir código
livremente o modelo baseado em seu
entendimento da bacia
Custo O programa, bem como o conjunto de O modelo é construído sobre a planilha É gratuito e fácil de descarregar a partir
documentação pode ser obtido do Microsoft Excel, deste modo é muito de web.
gratuitamente na barato
web. www.hec.usace.army.mil
Limites Menos limitante, mas o modelo é Exige ArcGIS interface com preço.
simplificado. O modelo não considera a relação entre Requer ampla gama de conjunto de
chuva - escoamento dados de entrada

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Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

2.4 Descrição das regras de operação correntes de albufeira de Cahora Bassa

2.4.1 Balanço hídrico na albufeira

A gestão da albufeira de Cahora Bassa é feita actualmente com base no balanço


hídrico usando a plataforma de folha de cálculo Microsoft Excel, em que os
escoamentos são estimados a partir das cotas observadas na albufeira junto ao
paredão. Este método empírico apesar de ser usado em muitos casos para estimativa
das componentes que fazem parte do balanço hídrico, por vezes traduz-nos resultados
ineficientes nas condições de eventos não hidrológicos na albufeira, como é o caso das
ondas na superfície causadas por acção do vento, influenciando na variação da cota da
albufeira induzindo ao erro no cálculo das afluências.

A equação do balanço hídrico da albufeira de Cahora Bassa foi elaborada com


objectivo de calcular o escoamento total afluente diário à albufeira e essa se traduz na
seguinte da equação de balanço hídrico (Guale, 2015):

∆𝑉
= {[𝑄𝑎𝑓𝑙 + (𝑃 − 𝐸) × 𝐴𝑖𝑛𝑑 − 𝑄𝑒𝑙𝑓 ]} (2.29)
∆𝑡

∆𝑉
= {[(𝑄𝑚𝑒𝑑 + 𝑄𝑛−𝑚𝑒𝑑 ) − (𝑄𝑇 +𝑄𝐷 ) + (𝑃 − 𝐸) × 𝐴𝑖𝑛𝑑 ]} (2.30)
∆𝑡

∆𝑉
𝑄𝑚𝑒𝑑 + 𝑄𝑛−𝑚𝑒𝑑 = + (𝑄𝑇 + 𝑄𝐷 ) − (𝑃 − 𝐸) × 𝐴𝑖𝑛𝑑 (2.31)
∆𝑡

O caudal total afluente à albufeira representa o valor total dos escoamentos afluentes
(rio principal e tributários ao longo da albufeira).

Onde:

QT – caudal turbinado (1 x 106m3/s);


QD – caudal descarregado (1 x 106m3/s);
P – precipitação diária na albufeira (mm/dia)
Aind – área inundada (1 x 106m2);
Qmed – caudal medido (1 x 106 m3/s);
ΔV – Variação de volume de água armazenado na albufeira (1 x 106 m3);

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E – evaporação diária na albufeira (mm/dia)


Qn – med – caudais não medidos (1 x 106 m3/s);
Δt – variação de tempo (s)

2.4.2 Determinação das afluências

a) Escoamentos medidos

São resultantes dos escoamentos produzidos na sub-bacia de alto Zambeze,


controlados e regularizados pelas barragens Kariba e Kafué.

b) Escoamentos não medidos

Escoamentos provocados por algumas afluências que desaguam na albufeira de


Cahora Bassa. A existência de escoamentos não medidos a albufeira de Cahora Bassa
é devido a falta de informação de dados hidroclimatológicos em algumas sub-bacias,
adicionalmente muitas bacias do Médio Zambeze não são controladas, uma das razões
é que as estações localizam-se vários quilómetros das afluências.

Esses escoamentos não possuem controlo e regularização, sobretudo os que são


provavelmente drenados pelos rios Luangwa, Manyame, Messenguezi e Mucanha.

c) Precipitação

Na albufeira de Cahora Bassa, a precipitação é medida pontualmente fazendo-se


depois a extrapolação para toda a área envolvida pelo método de Thiessen, na
albufeira as afluências são estimada na base de precipitação ocorrida na margem norte
e sul ao longo de toda albufeira.

A estação meteorológica de Songo estima a precipitação diária, mas as águas de


drenagem não representam significativamente a albufeira Cahora Bassa. Actualmente
a albufeira de Cahora Bassa possui quatro (4) estações meteorológicas automáticas
(EMA) no anexo 4 na imagem A4-1 que localizam-se nas seguintes coordenadas:

 EMA 1 – Chicoa (15°36’23.84’’ S 32°24’37.02’’ E)


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 EMA 2 – Katcholicholi (15°37’48.90’’ S 31°44’54.00’’ E)


 EMA 3 – Carinde II (15°40’20.36’’ S 31°18’25.46’’ E)
 EMA 4 – Barragem (15°35’13.32’’ S 32°42’16.15’’ E)

Essas estações começaram a funcionar na totalidade no ano de 2014, e que


actualmente algumas não estão operacionais. As EMAs ainda estão na fase de
desenvolvimento de plataforma de folha de cálculo Microsoft Excel para a inclusão dos
dados meteorológicos no cálculo de balanço hídrico. É prematuro a inclusão da
precipitação e evapotranspiração a partir de Penman nas EMAs para o balanço hídrico
pois a série estudada é curta e apresenta grandes falhas e deficiência do próprio
funcionamento do sistema.

Essas estações servirão também para a determinação de evapotranspiração na


albufeira de Cahora Bassa.

2.4.3 Determinação das efluências

a) Evaporação

A estimativa da evaporação na albufeira de Cahora Bassa é a partir da superfície


liquida usando os métodos de medição directos.

Segundo Silva (1996) a expressão matemática para a estimativa da evaporação diária


com recurso a tina evaporométrica de classe “A” (Anexo 3 imagem A3-1), utilizada no
balanço hídrico diário da albufeira de Cahora Bassa, é a seguinte:

𝑙𝑛−1 − 𝑙𝑛 + 𝑃𝑛 ; 𝑠𝑒 𝑙𝑎𝑛−1 = 0
𝐸𝑑 = { (2.32)
𝑙𝑎𝑛−1 − 𝑙𝑛 + 𝑃𝑛 ; 𝑠𝑒 𝑙𝑎𝑛−1 > 0

ln-1 – leitura do dia anterior as 9 horas (mm);


ln – leitura do dia presente as 9 horas (mm);
lan-1 - leitura ajustada do dia anterior no tanque as 9 horas (mm);
Pn – precipitação do dia presente (mm).

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Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

O volume da água evaporada é obtido a partir da multiplicação da evaporação diária e


a área da superfície inundada.

𝑉𝑒𝑣𝑝 = 𝐸𝑑 × 𝐴(ℎ) (2.33)

Vevp – volume de água evaporada na albufeira (1 x106 m3);


Ed – evaporação diária (mm/dia);
A(h) – área da superfície inundada da albufeira (1 x 109m2).

b) Descargas

Segundo Silva (1996) as descargas na barragem de Cahora Bassa são feitas


obedecendo os seguintes critérios:

1455,6866(ℎ − 244,95)0,5 ; 𝑠𝑒 ℎ < 320,9


0,5 1,5
𝑄𝑑 = { 1455,6866(ℎ − 244,95) + 21,2(ℎ − 320,9) ; 𝑠𝑒 320.9 ≤ ℎ ≤ 324,9 (2.34)
1455,6866(ℎ − 244,95)0,5 + 29,6(ℎ − 321,6)1,5 ; 𝑠𝑒 ℎ > 324,9

Onde
Qd – caudal descarregado (m3/s);
h – cota da água na albufeira (m).

Para o caudal do descarregador de superfície (Silva, 1996):


𝑁𝐻
21,2 × (ℎ − 320,9)1,5 × ; 𝑠𝑒 𝐴𝐼 = 1 320,9 < ℎ < 324,9
24
𝑁𝐻
𝑄𝑑 = 29,6 × (ℎ − 321,6)1,5 × ; 𝑠𝑒 𝐴𝐼 = 1 ℎ ≥ 324,9 (2.35)
24
{29,6 × (ℎ − 326,57)1,5 ; 𝑠𝑒 𝐴𝐼 = 0 ℎ > 326,57

O mesmo autor afirma que o caudal dos descarregadores do meio fundo:

𝑄𝑑𝑖 = 181,54118 × 𝐴𝑇 × (ℎ − 244,95)0,5 × [(𝑇𝑀⁄48) + (𝑁𝐻 ⁄24)] 𝑚3 ⁄𝑠 (2.36)

𝐴𝑇 = (1,41602𝐴𝐼 − 2,892587𝐴𝐼 2 + 2,069642𝐴𝐼 3 + 0,681344)𝐴𝐼

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𝐴𝐼 = 𝐴𝐵 ⁄100 (2.37)

𝑄𝐷 = ∑8𝑖=1 𝑄𝑑𝑖 (2.38)

Onde:
QD – caudal descarregado total (m3/s);
Qdi – caudal descarregado parcial (m3/s);
H – cota da albufeira (m);
NH – Numero de horas de funcionamento do descarregador (horas);
TM – tempo de manobra do descarregador (horas);
ABM – abertura do descarregador do meio fundo (%);
AI – abertura do descarregador de superfície (se AI = 0, descarregador aberto; e se AI
= 1, descarregador fechado).

 Relação entre a cota da restituição e o caudal efluente

Segundo Silva (1996) a expressão matemática que relaciona cota da restituição e


caudal efluente é:
𝑄
𝑒𝑓𝑙
193,98 + (25,0472471 )0,53179 ; 𝑠𝑒 𝑄𝑒𝑓𝑙 < 1600
𝑒𝑓𝑙 𝑄
ℎ𝑟 = 193,64 + (23,38244923)0,53179 ; 𝑠𝑒 1600 ≤ 𝑄𝑒𝑓𝑙 < 3150 (2.39)
𝑄𝑒𝑓𝑙 0,53179
{ 193,42 + (22,68245197) ; 𝑠𝑒 3150 ≤ 𝑄𝑒𝑓𝑙

De acordo com o mesmo autor o caudal turbinado é calculado de seguinte fórmula:

𝑄𝑡 (𝑃𝑇, 𝐴𝐵) = 0,523568𝑃𝑇 − 0,000141998𝑃𝑇 2 − 0,0000000903582𝑃𝑇 3 + 3,20726𝐴𝐵 +


0,000213033𝐴𝐵 2 − 0,0000185191𝐴𝐵 3 + 1,93404 (2.40)

Onde:
Qt (PT,AB) – caudal turbinado de um grupo gerador em m3/s em função de PT e AB;
PT – potência da turbina (MW);

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AB – abertura da turbina (%).

O caudal turbinado total, QT, é a somatória dos caudais turbinados produzidos pelos
geradores. Nesta fase do empreendimento estão em funcionamento 5 grupos
geradores da Central Sul (Silva, 1996).

𝑄𝑇 = ∑5𝑛=1 𝑄𝑇(𝑃𝑇, 𝐴𝐵)𝑛 (2.41)

 Área de superfície inundada e volume inundado

Segundo Silva (1996) a área de inundação na albufeira de Cahora Bassa foi


estabelecida a partir de da relação entre a cota da albufeira, que foi usada no manual
de HIDROLOG, a sua expressão matemática é:

𝐴(ℎ) = 0,65738(ℎ − 256,5)1,95873 (2.42)

Onde:
𝐴(ℎ) − Área da superfície inundada (1 x 109m2)
ℎ − Cota da água na albufeira (m).

A expressão matemática do volume útil armazenado em função da cota da albufeira foi


estabelecida a partir da integração da equação acima, com a cota mínima de 295 m
(Silva, 1996).

𝑉(ℎ) = 0,22218 × (ℎ − 256,5)2,95873 − 10906 (2.43)


Onde:
𝑉(ℎ) − Volume útil armazenado (1 x 106m3)
ℎ – Cota da água na albufeira (m)

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2.4.4 Segurança hidráulica-operacional

A segurança hidráulica-operacional é entendida como a capacidade da barragem para


satisfazer as exigências de comportamento hidráulico-operacional dos órgãos de
segurança e exploração (HCB, 2008).

A albufeira de Cahora Bassa esta provida de órgãos de segurança e exploração


(Anexo 5) constituídos por oito descarregadores de meio fundo, com capacidade total
de evacuação de 12.800 m3/s e por um descarregador de superfície automático, com
capacidade de descarga máxima de cerca de 600 m 3/s. O caudal turbinado por grupo
gerador pode atingir 452 m3/s para uma queda bruta da ordem de 103,5 m. A
capacidade total máxima de evacuação do sistema é, assim, de 15.665 m3/s quando a
totalidade das turbinas estiverem em produção (HCB, 2008).

Em cada margem a barragem é dotada de quatro descarregadores em que a tendência


é de abrir os descarregadores alternadamente e que são abertos em ordem impar
começando aos que se encontram no centro até ao mais afastado.

Além dos 8 descarregadores de meio fundo, o aproveitamento da barragem de Cahora-


Bassa é munido dum descarregador de emergência (descarregador de superfície) de
12 m de vão com a crista à cota 320,9 m (HP, 1973).

A gestão hidrológica da albufeira e a segurança hidráulica-operacional deverá ser feita


com base na metodologia de aproximação dinâmica que se considere a quantificação e
balanço volumétrico das afluências e não exclusivamente os caudais de ponta (HCB,
2008).

Segundo HCB (2008) os oito descarregadores do fundo estão inseridos na zona central
do corpo da barragem, tem secção rectangular com dimensões à saída de 7,8 m (altura)
por 6 m (largura), e a soleira é ascendente, com lábios a montante à cota 231 m e a
jusante, à cota 244,3 m, originando um ângulo do jacto de 32° 30’ com a horizontal.

Cada orifício dispõe de quatro tubos de arejamento, dois do lado de montante, com
diâmetro de 1 m, e dois do lado de jusante, com diâmetro de 0,3 m. Os oito

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descarregadores estão agrupados em dois grupos de quatro, dispostos simetricamente


em relação ao eixo da barragem e fazendo com ele um angulo de 7°, que projecta
convergentemente os jactos de dois grupos para o centro do vale, afastando-os das
margens (HCB, 2008).

A montante, existem calhas-guia para deslise e instalação de e instalação de


ensecadeiras plana (quatro elementos com 15.5m de altura por 6 m metros de largura)
que permite a obturação do orifício e a ensecagem deste e é manobrada por um pórtico
móvel que se desloca sobre o coroamento da barragem. A jusante existem comportas
de sector, com raio de 13,5 m, cuja charneira se situa em peças de betão armado e
pré-esforçado fixas ao corpo da barragem (HCB, 2008).

O descarregador de superfície, situa-se a meio do coroamento, é do tipo lamina livre e


é constituído por um vão de 12 m de largura e 14 m de altura. A comporta do tipo alça,
com um curso de 88°,6, tem as dimensões de 12 m de largura e 5,1 m de altura, com
charneira de articulação entalhada na crista do descarregador à cota 320,9 m. Quando
totalmente aberta, constitui uma soleira descarregadora normal, cujo principal objectivo
é limpeza dos objectos flutuantes na albufeira (HCB, 2008).

A abertura pode ser manual ou automática, ocorrendo esta quando o nível da água na
albufeira a cota 326 m. O fecho é sempre por comando manual. Por razoes de
segurança deste equipamento, a abertura automática deverá estar sempre activada
(HCB, 2008).

2.4.5 Regras de exploração

Segundo Silva (2003) a gestão de albufeira de Cahora Bassa é feita em obediência na


produção de energia eléctrica e que a prossecução deste objectivo implica que o
recurso hídrico seja gerido com base em princípios de ordem científica e de avaliação
probabilística de riscos tendo em conta o regime hidrológico histórico de rio, os novos
factores de alteração climática e as sempre falíveis previsões meteorológicas de médio
e longo prazo.

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A curva-guia ilustrada na figura 2-2 considerada como limite superior de segurança da


exploração define as condições máximas de risco que não devem ser ultrapassadas
sob pena de se poder vir a gerir uma catástrofe sem precedentes na barragem e no
vale do Zambeze a jusante de Cahora Bassa (Silva, 2003). Razão pela qual, que é
também designada por curva de hidráulica-operacional e foi acordada entre a HCB e
DNA em Julho de 1997, tem como limite da cota máxima o NMC a 329 m e no início de
Janeiro deve estar a cota de 320.8 m de modo a absorver volumes de água excessivos
que afluam nos meses seguintes, sobretudo em Fevereiro, Março e Abril, quando
normalmente os caudais afluentes são mais elevados.

A aplicação destes critérios de gestão permitiram desde a construção da barragem


actuar, quer no domínio da minimização das secas, quer sobretudo na minimização das
cheias.

Figura 2-2: Curva-guia da barragem de Cahora Bassa (Fonte HCB: 2008)

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3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.1 Localização e caracterização

A albufeira de Cahora Bassa localiza-se na bacia do rio Zambeze, no troço terminal do


médio Zambeze entre o distrito de Zumbu e a barragem de Cahora Bassa, com as
coordenadas variando entre as latitudes 15.5º - 16.2º Sul e longitudes 30.5º - 32.7º
Este.

A figura 3-1 ilustra a localização geográfica e geometria da albufeira de Cahora Bassa

Figura 3-1: Localização geográfica da albufeira de Cahora Bassa (Fonte: adaptado de


Guale, 2004)

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3.2 Geomorfologia

Grande parte da bacia é ocupada por um planalto a uma altitude entre os 1.000 - 1.500
metros. Os planaltos são profundamente cortados pelos vales dos rios afluentes. A
zona central da bacia é dominada por uma topografia ondulante marcada por
montanhas, escarpas e vales de falhas e de erosão (Jessen & Silva, 2008).

O percurso inicial do rio Zambeze, desde a sua nascente até às quedas de Victória, é
relativamente largo, com um gradiente longitudinal moderado. Aqui, o rio precipita-se
cerca de 60 metros, através de uma escarpa talhada por erosão remontante nos
basaltos do Karoo Superior, correndo então num vale estreito e profundo até à albufeira
de Kariba, onde alarga a partir de Batoka Gorge. Desde Victoria Falls até a confluência
com o rio Messenguezi, na margem direita a jusante do Zumbu, exceptuado a zona de
rápidos de Mupata Gorge, a jusante de Kariba, o gradiente mantém-se suave. Daqui
em diante, até à confluência com o rio Luia-Kapoche, na margem esquerda a jusante
de Cahora Bassa, o gradiente aumenta significativamente, suavizando de novo na
região de Tete até à garganta de Lupata, onde se abre para as largas planícies do
baixo Zambeze, meandrizando até atingir a foz em Chinde (Jessen & Silva, 2008).

3.3 Aspectos climáticos

Segundo Guale (2004) o clima da bacia do Zambeze é influenciado pela convergência


de três correntes de ar distintas: a corrente do sudeste, a corrente da monção de
nordeste e a corrente de noroeste conhecida por massa de ar húmido de Congo.

A Norte da bacia, a precipitação média anual é da ordem dos 1.100 a 1.400mm, que
declina à medida que se caminha para Sul, podendo atingir cerca de metade deste
valor a sudoeste. A precipitação ocorre durante 4 a 6 meses do ano, derivado
sobretudo do movimento do ITCZ (Zona de Convergência Intertropical), sobre a bacia.
A época de maior precipitação em toda a bacia compreende habitualmente os meses

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de Dezembro a Março o que favorece a ocorrência de escoamento elevado ao longo da


bacia hidrográfica do Zambeze (Jessen & Silva, 2008).

Para Guale (2004) a precipitação anual é mais elevada na parte norte da bacia,
sobretudo no território do Congo, Zâmbia, Malawi e norte da Província de Tete, e tem
atingido valores normais máximos de 1400 mm, enquanto na parte sul da bacia,
sobretudo no território do Zimbabwe e sul da província de Tete, atinge valores normais
máximos da ordem de 500 mm.

A taxa de evaporação é alta (1.600 a 2.300mm) e por esta via ocorre muita perda de
água em extensas regiões planas inundadas e pântanos, especialmente a sudoeste da
bacia (Jessen & Silva, 2008).

3.4 Características hidrológicas

Devido a distribuição da precipitação, por influência da morfologia e da ITCZ, os


tributários da margem esquerda contribuem com volumes muito maiores de água do
que os da margem direita. Na bacia a montante de Kariba gera-se cerca de 45% do
escoamento médio anual, enquanto na bacia do Kafué gera-se 12%, na bacia própria
de Cahora Bassa gera-se cerca de 15% e no Baixo Zambeze cerca de 28% (Jessen &
Silva, 2008).

As décadas de 40 e 50 foram particularmente húmidas. Ao longo do último século, os


registos de caudais na bacia revelam um comportamento sinusoidal, com períodos de
volumes transitados na secção de Cahora Bassa predominantemente mais baixos (da
ordem ou inferiores a 75 km3) até 1930 e de 1980 a 2000 e os períodos de volumes
mais elevados (superiores a 75 km3) entre 1930 e 1980 e de 2000 em diante (Jessen &
Silva, 2008).

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4 METODOLOGIA DO ESTUDO

O presente trabalho de pesquisa, deriva do estágio profissional na empresa


Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), Direcção de Ambiente e Análise Laboratoriais
(DAL-GA) no Departamento de Hidrologia e Estruturas, com a duração de 5 meses
num período de 3 de Abril a 5 de Setembro de 2016.

A sua metodologia geral está presente na figura 4-1 e tabela 4-1. Numa primeira fase,
realizou-se o acompanhamento das actividades diárias desenvolvidas pela DAL-GA.
Com ajuda do supervisor, escolheu-se o tema desenvolvido no presente trabalho e
efeituou-se a revisão das bibliografias gerais e especificas disponíveis na DAL-GA e no
Arquivo Técnico da HCB.

Assim, para a realização deste trabalho de pesquisa relevante, que gerou


desdobramentos positivos na prática profissional, foi necessário que o autor elaborasse
questões importantes dentro da temática escolhida e que sejam factíveis em sua
realidade profissional. Essas questões podem ser entendidas como objecto de estudo
ou objecto da pesquisa e orientam os tipos de dados a serem colectados e o tipo de
estudo a ser desenvolvido.

O modelo WAFLEX foi proposto a exploração uma vez que é um modelo de balanço
hídrico simples que utiliza a capacidade básica de planilhas para simular conjunto de
sistemas. É fácil de construir e muito transparente como tudo acontece em planilhas do
Microsoft Excel. As estratégias de alocação de água deste modelo baseiam-se na
comparação entre demanda e disponibilidade (Juízo & Lidén, 2010).

O balanço hídrico na albufeira de Cahora Bassa foi o objecto do estudo neste trabalho
de pesquisa e foi calculado pelo modelo WAFLEX que representa o armazenamento do
volume de água na albufeira com base no princípio da conservação de massa. Como
ferramenta para gestão de recurso hídrico, o balanço hídrico tem sido usado para
estimar a disponibilidade de água da albufeira e permitir a tomada de decisão sobre a
alocação de água para diferentes usos.

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O modelo WAFLEX baseou-se na equação hidrológica representada na equação (2.30)


na descrição das regras de operação correntes na albufeira de Cahora Bassa.

As efluências na albufeira foram calculadas usando macros do Microsoft Excel tendo


em conta as regras de operação corrente na albufeira de Cahora Bassa.

A figura 4-2 ilustra o esquema adaptado da metodologia usada para o desenvolvimento


do presente trabalho de pesquisa. A metodologia do estudo considera basicamente
duas etapas: proposta do projecto de pesquisa e a realização de projecto com dados
de saídas satisfatórias.

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Figura 4-1: Metodologia geral adaptada para o estudo


(Fonte: adaptado de Guale, 2015)

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Tabela 4-1 ilustra a abordagem metodológica das questões de pesquisa:

Tabela 4-1: Abordagem metodológica das questões de pesquisa

Pergunta de Pesquisa Metodologia/actividades Coleta de dados Fonte principal Resultados esperados

Documentos existentes na Garantir e maximizar


DGO-GH, relacionados com antecipadamente a
Na HCB Junto a
Quais são os procedimentos projectos recentemente feitos a estimativa dos caudais
Departamento da Gestão
correntes no melhoramento de cerca de gestão hidrológica na Modelo de simulação afluentes à albufeira de
Hídrica
simulação hidrológica de uma albufeira de Cahora Bassa; hidrológica WAFLEX Cahora Bassa, de forma a
albufeira? Modelo de simulação WAFLEX. proceder com maior
qualidade o
monitoramento a albufeira.

Revisão dos projectos Departamento de Gestão


Como melhorar a aquisição de existentes na HCB e ARA- Hídrica dos dados afluentes
Modelo de simulação Estimar as afluências
dados hidro-meteorológicos na Zambeze relacionados com o a albufeira de Cahora
hidrológica WAFLEX tributárias à albufeira de
área de estudo para mesmo; Bassa; estação
Cahora Bassa.
determinação de afluências? Desenvolver modelo hidrológico meteorológica convencional
(WAFLEX) de Songo
Garantir a informação dos
caudais afluentes à
Na HCB junto a
albufeira de Cahora Bassa
Departamentos de Gestão
Qual é o método a aplicar para Revisão de documentos
Ambiental e Gestão Hídrica Média movida centrada por forma a correlacionar
estimativa dos caudais afluentes relevantes dos projectos
de três dias
que desaguam na albufeira de existentes e documentos com os estimados por
Cahora Bassa? relacionados.
balanço hídrico da HCB de
modo a prosseguir com a
sua correcção.

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4.1 Colecta de dados


Os dados hidrológicos e meteorológicos utilizados no presente trabalho de pesquisa
foram disponibilizados pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) na Vila de Songo.

Os dados hidro-meteorológicos utilizados neste trabalho de pesquisa são: evaporação


de tanque classe “A” e a precipitação. Esses dados possuem o mesmo período base
para possibilitar a simulação hidrológica duma forma contínua, dependendo das
características temporais de cada série. O resumo da colecta dos dados, série histórica
e a fonte da colecta dos dados está presente na tabela 4-2.

Tabela 4-2: Colecta de dados


Tipo de dados Serie histórica Fonte Observações
Caudal afluente; Base de dados de
2000 – 2015 Para a simulação
Caudal efluente HCB a partir de
hidrológica usou-
Caudal descarregado; sistema de
Dados diários a partir se modelo
Caudal turbinado; operação e
de 01 de Outubro de WAFLEX com
Cota a montante e departamento de
2000 a 30 de Setembro dados de 2000 a
jusante; gestão hidráulica
de 2015 2015
Volume de água. no Songo
Base de dados da
Estação
Precipitação e 2000 – 2015 estação
meteorológica
evaporação Diariamente meteorológica de
convencional
Songo
Escoamentos efluentes
medidos a partir das 2000 – 2015
Base de dados
barragens de Kariba e Diariamente
Kafué Gorge

Os dados dos caudais afluentes foram obtidos através de balanço hídrico na albufeira,
conhecidos o caudal efluente (caudal descarregado mais o caudal turbinado) e a
variação do armazenamento (armazenamento correspondente à cota no fim do dia
menos o armazenamento correspondente à cota no início do dia) esses dados servem
para comparação dos dados simulados por WAFLEX.

Para complementar a informação da tabela 4-2, no anexo 6 encontra-se disponível a


tabela A6-1 com toda a informação das variáveis da simulação hidrológica.

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Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

4.2 Configuração do modelo

A sua configuração foi baseada nas operações correntes na Hidroeléctrica de Cahora


Bassa com referência de dados de exploração diária da albufeira e com suporte de
informação relacionado com regras de operação da albufeira de Cahora Bassa, no
período hidrológico de 2000 a 2015, período que representa uma exploração do
empreendimento de Cahora Bassa em plena potência de geração de energia após a
reposição das linhas de transmissão de energia à África do Sul, que coincide com um
período longo e relativamente húmido.

Os dados das afluências à albufeira de Cahora Bassa foram inseridos no modelo


WAFLEX. Esses valores foram calculados com base no balanço hídrico diário na
albufeira conhecidas as efluências (caudal turbinado e descarregado) e a variação do
volume.

As fórmulas usadas no modelo WAFLEX encontram-se disponíveis na revisão


bibliográfica onde se aborda a descrição das regras de operação corrente de albufeira
de Cahora Bassa.

A figura 4-3 representa uma visão geral do menu principal do modelo WAFLEX.

WAFLEX MODEL
Para "Melhoramento de Simulacao Hidrologica na Albufeira de Cahora Bassa" , ISPSongo, Songo,2016

Dados de Entrada Simulação Saída


Número de temporizadores
Dados historicos de entrada 5478 Operação
Dados da albufeiraEfluencias da barragem de Kariba FIM Cota a montante
Efluencia da barragem de Kafue Cota a jusante
Afleuncias a Cahora Bassa Série Compute Volume armazenado
Evaporação Modelo potencia produzida
Precipitação Efluências
Potencia Temporário atual Caudal turbinado requerido
T= 5478 Caudal turbinado
CONTADOR caudal efluente minimo
Regras de operação da albufeira Bacia de Tete
Regras de Operação da albufeira Bacia do rio Zambeze Efluências total

Figura 4-2: Visão geral do Menu de calibração do modelo WAFLEX

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Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

Para os dados de saída fora considerado seguintes aspectos:

 A eficiência de energia (eficiência da turbina) para barragem de Bassa Cahora


foi definida como 0,88 de acordo com a operação do sistema actual e ajuste de
configuração do modelo;
 Caudal efluente de 1.800m3/s foi considerado como descarga mínima de água a
jusante, a qual foi reduzida para 1.200 m3/s, quando a albufeira está abaixo do
nível mínimo de operação, em que pode ocorrer durante anos secos.
 Considerando a mudança da curva-guia com a operação da cota 320,80 m a ser
alcançado no início de Janeiro e o mais alto nível de água a ser alcançado em
329 m no fim da estação chuvosa em Abril;
 Os dados observados e simulados foram analisados aplicando o modelo WHAT
para comparação dos parâmetros: potencia produzida; caudal descarregado;
níveis de água; volume armazenado e caudal turbinado.
 A inspecção visual da calibração dos dados de saída foi feito para se garantir o
balanço hídrico desejado na configuração do modelo.

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Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique

4.3 Calibração de modelo

Devido à incerteza da precisão dos ajustes de modelo os dados gerados foram


baseadas em uma inspecção visual e comparação entre os dados observados e os
simulados. A tabela 4-3 mostra que a calibração foi avaliada comparando os dados
observados e simulados com ajuste de coeficiente de determinação R2 e coeficiente de
Nash- Sutcliffe.

Tabela 4-3: Avaliação de desempenho para R2 e coeficiente de Nash-Sutcliffe


(adaptado a partir de Guale 2015)
Ajustamento
Coeficiente Limite Mau Aceitável Perfeito
2
R 0 para 1 0 0,5 para 0,99 1
Nash-Sutcliffe -∞ para 1 -∞ para 0 0,1 para 0,99 1
0,65 <NSC ≤0,75
NSC ≤ 0,5
Bom
Insatisfatório
NSC=1
Nash-Sutcliffe (NSC)
0.75 <NSC ≤ Perfeito
0,5 <NSC ≤ 0,65
0,99
Satisfatório
Muito bom
Nível aceitável de
Valor ideal. Os
desempenho.
O valor observado é melhor dados
Mas, muito boa
do que o valor simulado, simulados são
Comentários previsão do
que indicam o nível de partidas com
modelo do valor
desempenho inaceitável. dados
de eficiência é
observados.
acima de 0,5.

O modo de calibração hidrograma WHAT (Ferramentas de análise hidrográfica


baseadas na web) https://engineering.purdue.edu/mapserve/WHAT/ aplicado para
comparar os dados simulados com os observados.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Melhoramento no cálculo de afluências à albufeira de Cahora Bassa


Os resultados dos caudais afluentes à albufeira de Cahora Bassa foram obtidos através
do balanço hídrico diário na albufeira, tendo em conta os caudais efluentes registados e
a variação do volume de armazenamento com base na cota diária observada.

A principal desvantagem que o balanço hídrico diário da albufeira de Cahora Bassa


possui, é a dificuldade de se obter as leituras diárias reais das cotas da albufeira.
Todavia, as leituras das cotas são influenciadas por outros factores alheios ao
fenómeno hidrológico. Essas leituras são vulneráveis às ondas que são provavelmente
causadas pelos factores climáticos e outros que ocorrem na barragem e ao longo da
albufeira, tais como: o vento, queda de maciços à albufeira, variação brusca da
potência da central e pelo afunilamento da albufeira junto a garganta onde se situa a
barragem.

Estas ondas podem induzir a erros na leitura da cota da albufeira, o que se transmite
no erro do cálculo da variação do volume de armazenamento que, por sua vez, pode
induzir a erro no cálculo do caudal afluente. No pior dos casos o erro é tal que
encontramos valores negativos das afluências, o que, em condições normais, é
impossível, já que o limite mínimo das afluências deve ser superior a zero.

Actualmente, as cotas da albufeira são lidas automaticamente numa base instantânea.


Em seguida são calculadas cotas médias horárias. Para efeitos de balanço hídrico
diário, consideram-se a cota no início do dia (cota das 00:00 horas) e a cota do fim do
dia (cota das 24:00 horas). Devido ao impacto das ondas num período longo (mais de 6
horas) ocorre que em certos dias a cota às 24:00 horas esteja na crista da onda ou no
vale da onda. Este facto induz ao erro de se considerar que a cota da albufeira subiu
ou que desceu.

A título de exemplo, na tabela 5-1 estão alistados alguns valores de caudais afluentes
não admissíveis calculados através do balanço hídrico diário, em que a origem dos
mesmos deve-se a influência das ondas na leitura das cotas da albufeira.

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Tabela 5-1: Caudais negativos verificados no banco de dados


Caudal Afluente
Dias 00:00 Horas [m] 24:00 Horas [m] V [Mm3]
Mm3 m3/s
12/10/2006 323,43 323,27 -395,19 -163,85 -1896,36
18/10/2006 323,15 323,06 -220,70 -8,06 -93,25
06/11/2006 322,46 322,33 -312,17 -83,10 -961,82
(Fonte: Banco de dados DGO-HCB)

Contudo, para o melhoramento do cálculo das afluências recorreu-se a dois métodos


de correcção dos caudais.

1) Correcção de caudais brutos pelo método de eliminação do sinal negativo


Este método consiste em eliminar os caudais brutos negativos que são consequência
de erro de leitura das cotas na albufeira durante a estimativa dos caudais afluente a
partir de balanço hídrico. Neste caso os caudais afluentes negativos foram substituídos
pelos efluentes à albufeira de Cahora Bassa.

O gráfico 5-1ilustra as oscilações dos caudais brutos corrigidos pelo método de


eliminação do sinal negativo.

Gráfico 5-1: Caudais corrigidos por eliminação do sinal negativo

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2) Correcção de caudal afluente a partir do método de médias movidas


centradas de três dias
O método de médias movidas centradas de três dias, permite atenuar as oscilações
inter-diárias do caudal afluente. O cálculo do caudal corrigido por este método consiste
na determinação da média dos caudais calculados no dia anterior, no próprio dia e no
dia seguinte. Sendo, caudal diário corrigido = (caudal calculado de ontem + caudal
calculado de hoje + caudal calculado de amanhã) /3.

O gráfico 5-2 ilustra as oscilações dos caudais brutos corrigidos pelo método de médias
movidas centradas de três dias.

Gráfico 5-2: Caudais corrigidos a partir de médias movidas centradas em três dias

Analisando-se os resultados dos dois métodos, pode afirmar-se que cada um deles
atenua as discrepâncias entre os caudais afluentes diários subsequentes de uma
maneira efectiva. No entanto, importa verificar qual dos métodos apresenta o melhor
desempenho. Para tal, criou-se um gráfico de comparação dos hidrogramas resultantes
da aplicação da eliminação de sinal negativo e da correcção dos caudais afluentes a
partir da média movida centrada de três dias.

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Gráfico 5-3: Comparação entre os métodos aplicados para correcção dos caudais
brutos

Com base nos resultados obtidos da simulação, observando o gráfico 5-3 conclui-se
que os dois métodos apresentaram ajustamentos satisfatórios, pois apresentaram
afluências positivas em toda série simulada. No entanto, o método da correcção de
caudais afluentes a partir da média movida centrada de três dias apresentou-se mais
efectivo do que o da eliminação do sinal negativo. Pode-se ver que as discrepâncias do
hidrograma resultante da eliminação do sinal negativo contêm oscilações maiores que
as resultantes do hidrograma da correcção do caudal afluente a partir da média movida
centrada de três dias.

 Calibração do modelo e verificação dos parâmetros

Segundo os pressupostos apresentados na metodologia do presente trabalho, o


desempenho do modelo WAFLEX foi avaliado comparando os dados observados e
simulados a partir do WHAT (Anexo- 2), utilizando coeficientes R2 e NSC. O R2 e NSC
para os caudais turbinados e potência foram dados classificados com “muito bons” e
“perfeitos”, respectivamente, porque a produção de energia durante o período de
calibração foi considerada referência na produção histórica e bom desempenho da
geração de Cahora Bassa Central Sul (CBS). Além disso, o desempenho de nível de
água a montante e armazenamento na albufeira de Cahora Bassa foram classificados
com “aceitáveis”, com valores de R2 acima de 50%.

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Contudo, os parâmetros caudal efluente, caudal descarregado e nível de água a


jusante foram classificados com “não satisfatórios” porque os valores de R2 estão
abaixo de 50%. Umas das razões foram relacionadas com a avaliação da curva-guia de
Cahora Bassa que foi feita e aprovada em Julho de 1997 e desde então foram
definidos os caudais mínimos à jusante na ordem 1800 m 3/s (Guale, 2015). Assim,
antes desse período os valores dos caudais efluentes foram, na maioria dos anos
menores que o mínimo estabelecido para jusante. Além disso, a maior parte do caso,
quando a barragem de Kariba descarrega, a HCB é provável que também descarregue
independentemente da curva-guia e da cota. Portanto, as justificações acima
mencionadas fazem com que o modelo não considere afluências adicionais.

As afluências não foram medidas, mas calculadas baseando na cota ou nível de água.
Deste modo, torna-se claro que foram uma fonte de incerteza que contribui para um
menor desempenho do modelo WAFLEX.

A tabela 5-2 ilustra de uma forma resumida a avaliação do desempenho e os valores


R2 e NSC dos parâmetros comparados.

Tabela 5-2: Coeficiente de determinação (R2) e coeficiente de Nash-Sutcliffe (NSC)


para calibração dos parâmetros
2 Nash – Avaliação do
Parâmetros R Comentários
Sutcliffe desempenho
Nível de água a montante 0.59 0.30 Aceitável Medido

Caudal efluente a Cahora Bassa 0.38 0.09 Não satisfatório Medido


Volumes armazenados na albufeira
0.59 0.42 Aceitável Calculado
de Cahora Bassa
Nível de água a Jusante de Cahora
0.28 0.26 Não satisfatório Medido
Bassa
Caudal descarregado 0.37 0.08 Não satisfatório Medido

Potência na Central Sul 1.00 1.00 Perfeito Calculada

Caudal turbinado na Central Sul 0.90 0.86 Muito bom Medido

Com base nos resultados obtidos pela simulação, o gráfico 5-4 mostra que o
desempenho da capacidade do armazenamento da albufeira de Cahora Bassa está
relacionado com o ano hidrológico e a curva-guia, onde durante os períodos húmidos é

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necessário reduzir-se a capacidade do armazenamento na albufeira ao invés de


armazenar, sobre pena de ultrapassar o limite que define as condições máximas do
risco.

A gestão da cota na albufeira é feita através da aplicação da curva-guia que estabelece


a segurança na cota máxima ao longo do ano hidrológico para controlar o volume de
encaixe de cheias.

As oscilações dos hidrogramas do gráfico 5-4, em que referenciam o armazenamento e


o nível de água na albufeira mostraram que ambos tiveram o mesmo comportamento
em todo período de simulação (2000-2015), sendo assim o volume de armazenamento
de água na albufeira de Cahora Bassa é em função do nível de água.

Para os períodos de Março de 2001 a Abril de 2002, Março de 2010 a Dezembro de


2010 e Abril de 2011 a Outubro de 2011, verificou-se que o modelo WAFLEX estimou
valores de volume armazenado simulados relativamente altos em relação aos volumes
observados. A diferença pode existir devido a ineficiência da calibragem da cota
automaticamente observada. Outro facto pode estar ligado com as flutuações diárias
das cotas causadas pelos factores climáticos e outros que ocorrem na barragem e ao
longo da albufeira, tais como o vento, queda de maciços à albufeira, variação brusca da
potência da central que influenciam no cálculo das variações do volume observados a
partir do balanço hídrico na albufeira de Cahora Bassa.

Nesta fase de análise, segundo o gráfico 5-4 pode afirmar-se na base da comparação
temporal que o armazenamento da água na albufeira de Cahora Bassa foi satisfatório
porque garante no mínimo a capacidade útil em quase todos os anos de simulação
(2000-2015).

Segundo os pressupostos apresentados na metodologia do presente trabalho, as cotas


simuladas ultrapassaram o limite do NPA ou o volume útil da albufeira de Cahora
Bassa exactamente nos meses (Março a Junho de 2001; Março a Junho de 2006; Abril
a Junho de 2008; Abril a Junho de 2010 e Maio a Junho de 2011) nos períodos que
foram húmidos.

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Todavia, entre 17 de Abril e 01 de Junho de 2001 (46 dias) período que se verificaram
cheias na bacia do Zambeze; 18 de Abril e 01 de Junho de 2010 (45 dias), o volume foi
de 60 Km3 correspondente ao NMC e uma albufeira não pode armazenar água em
permanência acima do NPA, sendo esta uma situação que ocorre apenas durante as
cheias, num intervalo de tempo relativamente curto. Contudo, em certos casos a
albufeira foi explorada a uma cota abaixo do limite mínimo (320.8 m) estabelecido pela
curva-guia da albufeira de Cahora Bassa.

Gráfico 5-4: Calibração da cota e a capacidade de armazenamento da albufeira de


Cahora Bassa

Com base nos resultados obtidos pela simulação, o mínimo das efluências apresentado
na metodologia do estudo, foi reduzido para 1.200 m3/s, durante o período onde as
afluências apresentaram-se relativamente baixas, porque durante a calibração do

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modelo as efluências apresentaram um desempenho “não satisfatório” devido as


efluências mínimas estabelecidas a jusante na ordem de 1.800 m 3/s que durante os
períodos de estiagem foram em alguns anos menor que o mínimo estabelecido para
jusante.

As oscilações das efluências medidas comportaram-se bem que a das efluências


simuladas, verificados no hidrograma no gráfico 5-5 no período 2000 a 2015. Contudo,
a avaliação do desempenho das efluências não se apresentou satisfatório. A simulação
mostrou que as efluências foram altas nos períodos muito húmidos e atingiram o seu
pico no período de Fevereiro a Março de 2001, ano que se verificou cheias na bacia do
rio Zambeze.

Gráfico 5-5: Calibração do caudal descarregado e caudal efluente na albufeira de


Cahora Bassa

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O gráfico 5-6, que é resultado da simulação feita relaciona os caudais afluentes e


efluentes com volume armazenado de água na albufeira de Cahora Bassa mostra que
o armazenamento aumentou quando as afluências eram maiores que as efluências.

Contudo, o comportamento dos hidrogramas do gráfico 5-7, para o período de 01


Outubro de 2000 a 01 Outubro de 2001, mostra que no início do ano hidrológico de
2000 as efluências destacavam-se altas em relação as afluências e o volume de água
na albufeira reduzia, em que em 31 de Dezembro de 2000 as afluências eram
relativamente baixas com um volume de cerca de 38.834,8 Mm3, durante o período
húmido que culminou com as cheias a jusante da barragem, ao longo do rio Zambeze.
O hidrograma mostra que as afluências no dia 22 Fevereiro de 2001 atingiram o pico
de toda série de simulação com um valor de 12.413,25 m3/s, e o atingiu o nível mais
alto 329 m no dia 17 Abril de 2001.

No período de 01 Outubro de 2013 a 01 Outubro de 2015 verificou-se que no início do


ano hidrológico o volume de água reduziu e as efluências aumentaram. A partir de
Maio de 2014 as efluências permaneceram quase estáveis e maiores relativamente as
afluências, excepto ao início de Janeiro a Abril de 2015. Verificou-se também no
mesmo hidrograma que o volume armazenado apresentou oscilações quase
constantes, porque as efluências apresentaram-se altas em relação as afluências
durante Maio a Dezembro de 2014.

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Gráfico 5-6: Relação entre caudais afluente e efluente com o volume armazenado na
albufeira de Cahora Bassa

Gráfico 5-7: Relação entre caudais afluente e efluentes com o volume armazenado em
períodos críticos
A título de comprovação do comportamento dos hidrogramas dos gráficos 5-6 e 5-7, o
gráfico 5-8 mostra que os resultados obtidos da simulação no período hidrológico de 01
Outubro de 2000 a 01 Outubro de 2001, num período relativamente de estiagem para
húmido, mostram que as afluências variaram em função das cotas, mas o hidrograma
mostrou oscilações não semelhantes, visto que as afluências foram determinadas na
base do balanço hídrico ou as possíveis descargas durante o período.

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Gráfico 5-8: Relação entre caudal afluente e a cota da albufeira de Cahora Bassa

5.2 Dados relevantes no cálculo das afluências e sua contribuição na estimativa


de afluências.
Os resultados das afluências à albufeira de Cahora Bassa foram determinados na base
do balanço hídrico diário.

Para a gestão diária da albufeira, o Departamento de Gestão Hídrica da HCB realiza a


colecta de dados meteorológicos às 09 horas da manhã, no posto climatológico do
Songo, situado na Subestação da HCB, latitude 15º37’, longitude 32º57’ e altitude
901,32 metros. Os dados referentes a cota da albufeira e dos grupos geradores foram
extraídos na base de dados da rede industrial HDSR (Armazenamento e Recuperação
de Dados Históricos). Os dados dos descarregadores foram fornecidos pelo
Departamento de Manutenção Mecânica (DEM-GM).

Entre os dados colectados diariamente para o cálculo do Balanço Hídrico, os mais


importantes foram os dados da gestão diária da albufeira: cota, precipitação,
evaporação (Anexo: A-1), caudais turbinados e caudais descarregados.

A contribuição directa da precipitação nas afluências foi baseada na precipitação diária


medida pontualmente na estação meteorológica do Songo, fazendo-se depois a
extrapolação em toda área envolvida pelo método de Thiessen. Porém, a precipitação
observada nesta estação meteorológica, apenas serve de indicativo das suas águas de
drenagem ou escoamento, embora sem uma contribuição directa nas afluências da

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Cahora Bassa. Contudo, actualmente dispõem-se das estações de informação


automática e espera-se que com essa informação, se pode alimentar o cálculo de
precipitação e evaporação em locais em que as informações dos dados hidro-
climatológicos apresentam-se praticamente inexistente.

Para o período hidrológico de simulação (2000-2015) a média da precipitação na


albufeira de Cahora Bassa na base dos dados obtidos na estação meteorológica de
Songo foi de 2,2 mm/dia. O gráfico 5-9 que é resultado da simulação mostra que a
relação entre o comportamento dos hidrogramas do volume afluente e volume da
precipitação assemelha-se. Com uma média de 5,23 Mm3 durante o período de
simulação (2000-2015), a precipitação dispersa nas proximidades da albufeira, sem
impacto significativo no aumento dos caudais afluentes, pode se considerar que
contribuiu nas afluências com cerca de 2,83 % dos 184,96 Mm3 correspondente ao
volume total das afluências à albufeira de Cahora Bassa.

Gráfico 5-9: Relação entre volume afluente e volume de precipitação na albufeira de


Cahora Bassa

A falta de estimativa da evaporação na albufeira de Cahora Bassa pode impulsionar ao


erro de cálculo dos caudais diários afluentes à albufeira através do balanço hídrico
diário. Tendo em conta que, a evaporação lida no posto climatológico de Songo usada
para o balanço hídrico, pode não representar a evaporação média que se faz sentir em
toda a extensão da albufeira. A estimativa de evaporação na albufeira de Cahora

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Bassa não traduz a realidade pelo facto de a albufeira ser muito extensa e não se
tomar em consideração a diferença entre a temperatura de Songo, a altitude 901,32 m
e altitude máxima onde localiza-se a extensão da massa liquida, 329 m
aproximadamente. A estimativa da evaporação através das leituras feitas no tanque
Classe “A” pode ser mal feita devido os inconvenientes que este método possui
(problema de evitar que os pássaros e outros animais utilizem a tina como bebedouro;
transbordo do tanque devido as chuvas intensas de longa duração; etc.).

Segundo a análise feita na simulação a partir dos dados do gráfico 5-10 mostra que a
evaporação no período de simulação (2000-2015) contribuiu com um valor estimado de
7,92 % das efluências no total de 176,69 Mm3.

Gráfico 5-10: Relação entre volume efluente e volume evaporado na albufeira de


Cahora Bassa
O cálculo das séries das afluências à albufeira de Cahora Bassa resultou do somatório
das efluências registadas das barragens de Kariba e Kafué. Com base nos resultados
obtidos pela simulação (2000-2015), a média do escoamento das afluências à albufeira
de Cahora Bassa foi de 184,94 Mm3 com a barragem de Kariba que contribui com
maior percentagem que se estima em 60,74 % (112,33 Mm3), Kafué com 13,04 %
(24,12 Mm3), 2,83% (5,23 Mm3) que representa a precipitação dispersa nas
proximidades da albufeira e 23,39 % dos escoamentos não medidos, que representam
provavelmente os caudais afluentes provenientes dos rios com destaque significativo:

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Luangwa, Manyame, Mussenguezi, Mucanha, representando as margens sul e norte da


albufeira de Cahora Bassa.

Gráfico 5-11: Comparação entre as efluências de Kariba e Kafué com as afluências


estimada na albufeira de Cahora Bassa na base do balanço hídrico

Portanto, as efluências das barragens Kariba e Kafué (gráfico 5-11) foram usadas para
comparar o propósito das afluências calculadas na barragem de Cahora Bassa por
balanço hídrico.

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6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1 Conclusões
Com o trabalho realizado concluiu-se que, um dos maiores problemas de simulação
dos caudais afluentes baseia-se nos dados observados do nível de água na barragem,
representado pela cota e, consequentemente, influência na quantificação do
armazenamento na albufeira. Isto é, devido a provável flutuação das ondas de água
perto de paredão da barragem, desde as de menor amplitude e as de curto
comprimento de onda, até as de maior amplitude e longo comprimento de onda. Estas
ondas induzem a erros na leitura da cota da albufeira, o que se transmite no erro do
cálculo da variação do volume de armazenamento que, por sua vez induz a erro no
cálculo dos caudais afluentes.

O método de médias movidas centradas em três dias permitiu a exploração para


correcção dos caudais afluentes brutos à albufeira de Cahora Bassa não admissíveis
calculados através do balanço hídrico diário, em que a origem dos mesmos deveu-se a
provável influência das ondas na leitura das cotas da albufeira.

A calibração geral do modelo WAFLEX que foi utilizado para a simulação dos caudais
afluentes apresentou bom desempenho. Os parâmetros de R2 e NSC para o caudal
turbinado e a potência traduziram-se em bons resultados. Além disso, o nível de água a
montante na barragem de Cahora Bassa e o volume armazenado apresentaram um
desempenho aceitável com o valor de R2 acima 50%. No entanto, os parâmetros
caudal efluente, caudal descarregado e nível de água a jusante foram considerados
não satisfatórios uma vez que os valores de R2 estão abaixo de 50%.

O balanço hídrico na albufeira de Cahora Bassa no período hidrológico de 2000 a 2015


traduziu-se em uma média diária das afluências de 184,94 Mm3. As estimativas feitas
das médias das afluências diárias mostraram que o caudal proveniente da barragem de
Kariba apresentou a maior contribuição com total de 60,74 %, enquanto 13,04% foram
provenientes da barragem de Kafué, 2,83% provieram da contribuição da precipitação
e os 23,39% representaram as afluências não medidas, provavelmente dos rios com

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destaque: Luangwa, Mucanha e Manyame e Messenguezi, representando as margens


norte e sul da albufeira de Cahora Bassa.

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6.2 Recomendações

Com perspectiva de melhorar a determinação das afluências à albufeira de Cahora


Bassa recomenda-se o prosseguimento do projecto em curso de instalação de
estações hidro-meteorológicas em vários pontos da albufeira devidamente identificados,
o que vai permitir obter leituras correctas das cotas, e outros parâmetros climatológicos
associados as flutuações das cotas, estimativa de evaporação e precipitação sobre a
região onde a albufeira se encontra implantada.

Recomenda-se a exploração das estações meteorológicas automáticas para a


estimativa de precipitação através de satélites, o que pode contribuir significativamente
no melhoramento de cálculo dos escoamentos e consequentemente as afluências, com
base nos resultados colectados sistematicamente na bacia da própria Cahora Bassa.

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Anexo 1: Dados hidro-meteorológicos

Gráfico A1- 1: Afluências diárias a albufeira de Cahora Bassa

Gráfico A1- 2: Dados obtidos na estação meteorológica do Songo

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Anexo 2: Calibração
Gráfico A2- 1: Nível de água a jusante (m)

Gráfico A2- 2: Nível de água a montante (m)

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Gráfico A2- 3: Volume armazenado (Mm3)

Gráfico A2- 4: Potência produzida (MW)

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Gráfico A2- 5: Caudal descarregado (m3/s)

Gráfico A2- 6: Caudal turbinado (m3/s)

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Gráfico A2- 7: Caudal efluente (m3/s)

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Anexo 3: Instrumentos de medição dos dados meteorológicos utilizados na estação


meteorológica do Songo.

Imagem A3- 1: Tina evaporométrica de classe “A” e pluviómetro

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Anexo 4: Estações meteorológicas automáticas

Imagem A4- 1: Localização das estações meteorológicas automáticas na albufeira de


Cahora Bassa

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Imagem A4- 2: Algumas estações meteorológicas automáticas instaladas na barragem de


Cahora Bassa e ao longo da albufeira

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Anexo 5: Disposição dos descarregadores na barragem de Cahora Bassa

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Anexo 6: Características principais da albufeira de Cahora Bassa

Tabela A6- 1: Algumas variáveis da simulação hidrológica na albufeira de Cahora Bassa

Variáveis Símbolo Unidades Entrada Saída


Cota H m X
Caudal afluente Qafl m3/s X
Caudal turbinado QT m3/s Х
Caudal descarregado QD m3/s Х
Caudal bombeado QB m3/s Х
Volume evaporado Vev Mm3 Х
Volume armazenado V Mm3 X
Balanço do volume ΔV Mm3 X
Volume afluente Vafl Mm3 X
Volume descarregado VD Mm3 X
Volume turbinado VT Mm3 X
Volume bombeado VB Mm3 X
Precipitação P mm/dia X
Queda bruta média H m X
Potencia turbinada PT MW X
Abertura media ABm % X
Potencia planeada Pp MW X
Evaporação E mm/dia X

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Tabela A6- 2: Características da albufeira de Cahora Bassa

Parâmetros Unidades Cahora Bassa CBS

Queda bruta média m 115


Nível médio a jusante m 204
Nível de Pleno Armazenamento (N.P.A) m 326
Extensão máxima Km 270
Largura máxima Km 30
Capacidade de armazenamento Km3 60
Nível de Máxima Cheia (N.M.C) m 329
Nível de Mínima de Exploração (N.M.E) m 315
Área inundada no N.P.A Km2 2665
Capacidade útil Km3 52

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Anexo 7: Valores tabelados dos números de escoamentos e tipos de solos

Tabela A7- 1: Condições antecedentes de humidade em função da precipitação total


nos cinco dias antecedentes

Precipitação total nos cinco dias


Condição antecedente de humidade que deve ser
antecedentes (mm)
considerada
Período dormente Período de crescimento
<13 <36 AMC I
13 a 28 36 a 53 AMC II
>28 >53 AMC III

Tabela A7- 2: Tipos de solos


Solo dando origem a baixo escoamento directo ou que apresentam
Tipo A permeabilidade bastante elevada. Inclui areias profundas com muito pouco limo
ou argila e também “loess” profundo muito permeável
Solos menos permeáveis do que os do Tipo A. Inclui fundamentalmente solos
arenosos menos profundos que os do Tipo A e “loess” menos profundos e
Tipo B
menos agregado que o do Tipo A. Estes solos apresentam, no entanto,
permeabilidade superior à média.
Solos originando escoamentos directos superiores à média e superiores aos
Tipo C originados pelos tipos anteriores. Inclui solos pouco profundos e solos com
quantidades apreciáveis de argila, se bem que menos do que os solos do Tipo D
Solos que contem argilas expansivas e alguns solos pouco profundos com sub-
Tipo D
horizontes quase impermeáveis que originam elevados escoamentos directos.

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Tabela A7- 3: Valores corrigidos do número de escoamento para AMCI e AMCII em


função dos valores de escoamento para AMCII.

Valor corrigido de CN
CN para AMC II
Para AMCI Para AMCIII
100 100 100
95 87 98
90 78 96
85 70 94
80 63 91
75 57 88
70 51 85
65 45 82
60 40 78
55 35 74
50 31 70
45 26 65
40 22 60
35 18 55
30 15 50
25 12 43
20 9 37
15 6 30
10 4 22
5 2 13

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