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Introdução
Segundo a teoria de sistemas sociais, uma organização é um sistema constituído com base em
regras de pertencimento e reconhecimento, cujas comunicações assumem forma de tomada de
decisões. Como todo sistema, a organização tem seu modo de operação próprio, onde o
“ambiente1” influencia, mas não determina o seu modo único de funcionamento, ou seja, a sua
identidade. Os integrantes da organização interagem de forma recíproca e, normalmente, não-
linear, na qual emergem padrões de comportamento coletivo. Tais padrões são associados à
cultura organizacional e aos valores da organização.
O sistema influencia mais do que imaginamos. Somos capazes de, em um lugar, agirmos de
determinada maneira e, em outro, na mesma situação, agirmos diferente em função dos valores e
cultura vigentes. Podemos citar, como exemplo, o respeito maior às leis e normas de trânsito
quando andamos de carro nos EUA.
Em seguida, vamos observar algumas definições clássicas e observações sobre os valores de uma
organização:
“Valores são o conjunto de princípios culturais, dialógicos, morais e éticos que deve caracterizar a
organização e pautar a conduta de seus integrantes. Estão associados à cultura organizacional”
“Valores são os princípios da instituição que são incorporados à sua maneira de agir. São conjuntos de
padrões éticos que norteiam a vida cotidiana. Os valores se revelam pelas atitudes e comportamentos que
a instituição adota diante dos desafios que enfrenta”
“Desafio é criar uma interseção de valores propostos pela empresa com os valores presentes nas pessoas”
A partir destas definições, percebe-se a associação direta entre valores, cultura organizacional e
padrões de comportamento, como já mencionado na visão sistêmica. Dois outros pontos me
chamam a atenção. O primeiro refere-se a questões internas da organização. Os valores são
propostos ou emergem? Sem dúvida, a proposição de valores tem um efeito na organização, mas
é da interação cotidiana, em cada atitude e tomada de decisão que os valores emergem como
padrões de comportamento coletivo. São esses valores “emergentes” que devem ser identificados
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Aqui utilizamos a diferença clássica entre sistema e ambiente, onde o ambiente é tudo aquilo que se
encontra fora do sistema e tem a capacidade de influenciá-lo.
em um Planejamento Estratégico. Não para que sejam colocados nas paredes, mas para se ter uma
noção aproximada do “gap” entre os valores propostos e os valores praticados. Não é uma tarefa
fácil, mas é melhor enfrentar a questão com todas as suas variáveis do que perder tempo propondo
valores que não serão seguidos.
Outro ponto interessante é termos a noção de que cada membro carrega de casa um conjunto de
valores próprios e realmente é um desafio alinhá-los com os valores propostos. Sistemas formados
por humanos são dinâmicos e complexos. Cada novo membro já altera o sistema. E depende muito
da capacidade de influência deste integrante na organização. Entendemos melhor tais pontos a
partir da analogia de rede.
Como vemos na figura, existem nódulos centrais com muitas conexões e outros, periféricos, com
poucas. E dependendo do tamanho da rede, podemos ter vários nichos ou sub-redes se formando.
Este tipo de configuração de rede é muito comum em sistemas sociais. Membros da alta
administração, normalmente, são nódulos centrais. Eu disse normalmente, pois também existem
nódulos centrais que não, necessariamente, são membros da alta administração. São os “líderes”
de redes informais dentro da organização, que por suas características pessoais influenciam os
demais. O mapeamento da rede social da organização é muito importante e pode facilitar bastante
a tarefa de propagação dos valores propostos, pois proporciona a compreensão aos gestores
quanto ao impacto de suas atitudes e decisões cotidianas na organização (uma das razões porque
a liderança é tão importante), além de identificar os colaboradores-chave no processo de difusão.
Intenção do Comandante
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Os princípios de guerra norteiam a conduta de uma operação militar. São eles: simplicidade, surpresa,
moral, massa, objetivo, manobra, economia de meios, segurança e unidade de comando.
com as ideias e princípios do Comandante, que não pode ser onipresente. O mesmo vale para uma
organização. Quando se observa um padrão fractal3 das atitudes e decisões de seus integrantes,
seja nas interações internas ou externas, é porque houve um processo exitoso de internalização de
valores propostos pelos gestores.
Considerações finais
Agora sim começamos a sair da superfície e entender o porquê da fundamental importância dos
valores em uma organização. É uma simples palavra dentro da primeira etapa da metodologia de
Planejamento Estratégico, mas incorpora toda uma complexidade para sua correta definição e
implementação, ainda mais no mundo líquido atual, onde as relações sociais são cada vez mais
efêmeras e desprovidas, justamente, de valores. No entanto, se o gestor enfrentar o tema
considerando todas as variáveis aqui descritas, certamente colherá benefícios duradouros.
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Fractal é um conceito proveniente da matemática, onde os padrões de um sistema se repetem em diferentes
escalas.