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Universidade Católica de Petrópolis

Data: 21/04/17
Professora: Vanessa Cristina dos Santos
Aluno: Ricardo Almeida Marques
Ciências Econômicas

CAPÍTULO 1 – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

A ideia de desenvolvimento econômico surgiu no século XX. A princípio o


principal objetivo dos policymakers era de aumentar os poderes do soberano, tanto a nível
econômico quanto militar. Não havia qualquer preocupação com fatores como saúde, bem
estar da população ou qualidade de vida, e tal situação só viria a ser modificada a partir de
episódios como o Renascimento e a emergência do Estado nacional moderno, onde tais
fatores começaram a ganhar certo destaque.

Origens da questão do desenvolvimento econômico

Origens teóricas

Diversos autores consideram que a raiz do subdesenvolvimento econômico atual


parte da ideia do pacto colonial, considerando que o foco no acúmulo de metais preciosos
acabou por retirar a atenção devida a outras áreas da economia. Por conta dos ideais
mercantilistas predominantes, surgem escolas como a fisiocrática e a clássica, que são
concebidas de forma reativa a estes, e que visam lidar com os problemas de crescimento e
distribuição.

A ideia de crescimento econômico se torna mais preponderante com Adam Smith.


Dito isso, de acordo com Souza (2009, p. 2) “o desenvolvimento ocorre com o aumento da
proporção dos trabalhadores produtivos em relação aos improdutivos; pela redução do
desemprego e elevação da renda média do conjunto da população”.

Origem nas crises econômicas

Fatores como a concentração de renda e disparidades nos níveis de riqueza em


âmbito mundial (tendo por agravante o alto nível de industrialização de uns poucos países)
deixaram claro o descompasso entre países pobres e ricos, e tal observação motivou
estudo que demonstraram que tais disparidades também são presentes entre regiões e
classes sociais.
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A crise de 1929 e subsequente depressão dos anos 1930 mostraram a importância


do Estado como mitigador dos efeitos da crise, bem como de desenvolvedor de políticas
públicas que visem melhorar tanto fatores econômicos quanto o próprio bem-estar da
população. Partindo desse ponto, muitos autores afirmam que “tanto a estabilidade torna-
se condição necessária ao desenvolvimento econômico, como o crescimento precisa
ocorrer em ritmo o suficiente para atender às reivindicações das diferentes classes sociais”
(SOUZA, 2009, p. 2).

Os níveis baixos de riqueza e qualidade de vida, bem como a condição geral de


miséria em diversos países fez com que durante muito tempo as causas da pobreza nas
nações fosse objeto de discussão e estudo de diversos indivíduos e instituições, motivando
desde rodadas de discussão e artigos até intervenções e missões humanitárias. A partir daí,
uma série de teorias vai surgindo para tal, como a teoria do imperialismo, que afirma que
as nações antes colonizadas deveriam romper de vez com seus laços coloniais, dado que
eram altamente desvantajosos por conta da deterioração dos termos de troca.

Um ponto em que diversas dessas teorias concordam é que um dos principais


motivos para o atraso no desenvolvimento é de origem política, dado ser cômodo para
muitos países que outros ficassem responsáveis pela produção de matérias-primas e
alimentos, ambos baratos.

Origem nos estudos empíricos na América Latina

Diversos economistas, por volta das décadas de 1940 e 1950, começaram a fazer
estudos sobre as situações dos países subdesenvolvidos, visando propostas de intervenções
pelas economias mais fortes. Na América Latina, a CEPAL visava propor algo como o
Plano Marshall, um empréstimo para investimento em áreas cruciais nos países do
continente.

Tal posicionamento foi criticado em um primeiro momento, dado que ia contra os


interesses da divisão internacional do trabalho. No entanto, uma das ideias visando
eliminar o legado colonial deu certo em alguns países. A saber, “Brasil, México e Índia,
adotaram com visível sucesso uma política de industrialização por substituição de
importações” (SOUZA, 2009, p. 4). Isso acabou não apenas fazendo com que os países
centrais modificassem consideravelmente suas estratégias para com os subdesenvolvidos
como também motivou a criação de novos grupos com outras propostas para a superação
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do estado de subdesenvolvimento, como, no caso brasileiro, a Comissão Mista Brasil-


EUA e o Grupo Misto BNDE-CEPAL.

Conceito de desenvolvimento econômico

Há uma série de teorias que consideram desenvolvimento e crescimento


econômicos como sendo sinônimos, no entanto o pensamento mais voltado para a
realidade empírica entende que o crescimento é necessário para o desenvolvimento, mas
não é a única condição. Assim, considera-se determinado país como subdesenvolvido
“porque cresce menos do que os desenvolvidos, embora apresente recursos ociosos, como
terra e mão-de-obra. Ele não utiliza integralmente os fatores de produção de que dispõe e,
portanto, a economia expande-se abaixo de suas possibilidades” (SOUZA, 2009, p. 5).

Crescimento e desenvolvimento

É importante ter em mente que os conceitos em questão são diferentes um do


outro, dado que não necessariamente uma expansão na atividade econômica há de
favorecer a economia como um todo e especialmente a população. Existe uma série de
fatores que pesam negativamente para tal, como por exemplo, a possibilidade de aumento
do desemprego, a transferência do excedente produtivo para fora do país, a concentração
de renda e os baixos salários. No final das contas pode-se dizer que “o desenvolvimento
caracteriza-se pela transformação de uma economia arcaica em uma economia moderna,
eficiente, juntamente com a melhoria do nível de vida do conjunto da população”
(SOUZA, 2009, p. 6).

Desenvolvimento como mudança de estrutura

De acordo com a corrente estruturalista de economia, o desenvolvimento


econômico demanda uma mudança em diversas estruturas integrantes da realidade, em
âmbitos social, econômico, político e institucional, visando em geral o aumento da
produtividade e da renda média.

Entretanto existem uma série de entraves para tal desenvolvimento, sendo que um
deles está relacionado com a mudança de mentalidade e conduta dos agentes econômicos,
que mediante a mudança da projeção econômica a que são submetidos, resistem e
permanecem com objetivos diferentes, como a obtenção de um nível fixo de renda ou a
manutenção do consumo famílias, ao invés da busca pelo lucro e seu eventual
reinvestimento.
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O desenvolvimento econômico implica em um crescimento da economia em nível


maior do que o crescimento populacional, de forma que haja uma expansão no nível de
empregos e aumento na arrecadação do governo, o que permitiria ao mesmo sua
redistribuição sob a forma de programas sociais e melhoria na qualidade de vida da
população em geral.

Por fim, em se tratando da renda, de acordo com Souza (2009, p. 7), “a questão é
saber como ela se distribui entre as pessoas e se as razões de seu crescimento se devem à
construção de habitações populares ou equipamentos militares, ao aumento das horas de
trabalho ou à maior produtividade”.

Desenvolvimento e meio ambiente

Conforme há o progresso da humanidade e consequente desenvolvimento


econômico, há o consumo de recursos naturais, o que acaba por causar impacto no meio
ambiente. A partir desse ponto, acontece uma série de encontros para decidir medidas que
possam reverter ou amenizar tal impacto na natureza.

São episódios como a Conferência de 1992, no Rio de Janeiro, onde foi criada a
Agenda 21, com uma série de pontos que os países assinantes se comprometiam a sanar.
Também foi constatada a necessidade de envolver a sociedade nessa causa, visto que
apenas governos e empresas não seriam o suficiente para reverter o quadro. Em 1997
houve uma convenção em Kyoto, onde foi criado o Protocolo de Kyoto, um documento no
qual os países se comprometeriam a reduzir a emissão de gases-estufa em níveis
diferenciados dependendo do país. Vale lembrar que os EUA não assinaram o protocolo,
alegando que seria prejudicial para a economia norte-americana. Houve também uma
reunião em Johannesburgo na África do Sul em 2002, em que houve um enfoque maior
nos aspectos de justiça social.

Outras reuniões ocorreram a nível oficial e extraoficial, bem como houve o


surgimento de tantas outras áreas de atenção dentro do aspecto ambiental, porém uma
realidade que é aceita pela maioria é que “apenas o jogo das forças de mercado não é
suficiente para preservar o meio ambiente” (SOUZA, 2009, p. 9), sendo necessário o
envolvimento de praticamente todas as camadas e classes que compõem a sociedade em
geral.

Pobreza, miséria e subdesenvolvimento


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Um importante indicador de desenvolvimento é o número de pessoas pobres, sem


recursos para atender necessidades básicas. Uma alto percentual de pessoas em dadas
condições demonstra um mercado consumidor de baixo potencial, e consequentemente um
baixo consumo. Tal problema é agravado em tempos de crise. Indicadores como a renda
per capita devem ser utilizados com cuidado, pois não consideram fatores como a
concentração de renda, o que enviesa os resultados finais, fazendo com que estes não
representem a realidade de fato. Assim, uma considerável parte da população é
socioeconomicamente marginalizada, à mercê do desemprego. O que contribui ainda para
o surgimento de favelas, epidemias, criminalidade, empobrecimento e evasão escolar.

Há uma série de questionamentos que surge com esse assunto, sendo um dos
principais a questão de como aumentar a taxa de crescimento econômico e melhorar tais
indicadores. Entretanto, já é de consenso que “cabe ao Estado o papel essencial na
organização do esforço de desenvolvimento: regulação do crédito; implantação da
infraestrutura básica; oferta dos serviços sociais básicos, como saúde, educação e
segurança” (SOUZA, 2009, p. 10). Por fim, vale lembrar que o grau de pobreza brasileiro
é comparativamente maior analisando países com a renda per capita semelhante.

Subdesenvolvimento

A ideia de subdesenvolvimento pode ser definida como um crescimento


econômico insuficiente se comparado com o crescimento demográfico, levando em
consideração fatores como irregularidade e concentração de renda. Geralmente é
associado também a índices sociais e ambientais desfavoráveis. Além disso, existe um
aspecto muito presente em economias como tal: a forma dualista entre uma “economia
moderna capitalista” e uma “economia atrasada não capitalista”. Tal cenário se manifesta
dentro da própria economia do país, o que gera “uma discrepância crescente entre
capacidade de arrecadação insuficiente do setor público e necessidades de investimentos
em infraestruturas econômicas e sociais” (SOUZA, 2009, p. 12).

Com a tendência das empresas de procurarem os grandes centros urbanos, há um


aumento das desigualdades sociais em nível regional. Isso leva a um aumento da dívida
pública, o que determina que o governo deve usar uma parte maior de seus recursos para
resolver problemas eventuais. Com isso uma série de consequências acabam por surgir,
como o aumento de pessoas no nível abaixo da pobreza, favelização, aumento da
violência, prostituição, subnutrição e analfabetismo. Além disso, a economia brasileira se
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caracteriza principalmente pela instabilidade e dependência do exterior para uma série de


fatores.

Indicadores de desenvolvimento econômico

A partir dos anos 1990 os indicadores sociais evoluíram na América Latina,


sobretudo pelo avanço na educação, conscientização dos governantes e aumento da renda
per capita. Esse comportamento tem sido verificado em diversas outras regiões. É
importante ter em mente que a renda per capita é um importante indicador do
desenvolvimento social, porém outros ainda devem ser considerados, como alimentação,
educação, acesso a atendimento médico, segurança e meio ambiente. Tais áreas devem ser
contempladas, dentre outros meios, por programas governamentais.

Indicadores econômicos globais do desenvolvimento mundial

Diversos indicadores demonstram a melhora do nível de vida ao redor do mundo.


Basicamente fatores como expectativa de vida, analfabetismo entre adultos e taxa de
mortalidade infantil mostraram que a condição de vida em geral tem melhorado, apesar de
ainda deixar a desejar em certos países. Há de se considerar ainda o crescimento anual do
PIB per capita, que também pode indicar a situação interna da qualidade de vida dos
indivíduos. “Os países com as maiores taxas de crescimento anual do PIB per capita, entre
1990/2001 foram China (8,8%) e Coreia do Sul (4,7%). Nesse mesmo período, o PIB per
capita se reduziu em alguns países, como Serra Leoa (-6,6%) e Federação Russa (-3,5%)”
(SOUZA, 2009, p. 14).

Nutrição e expectativa de vida

Em geral, a partir dos anos 1980 houve uma melhora nos níveis de expectativa de
vida em geral. A taxa de mortalidade infantil, por exemplo, caiu consideravelmente,
levando em consideração fatores como “vacinação infantil (sarampo, poliomielite),
difusão de água tratada, saneamento básico e melhorias no sistema de higiene” (SOUZA,
2009, p. 15), bem como o combate à fome. No geral, tem-se aumentado a expectativa de
vida ao nascer.

Há de se considerar ainda que gastos com educação e saúde em relação ao PNB


dos países aumentaram de acordo com o nível de renda (países com alta renda tiveram
uma porcentagem maior de tais gastos do que os de baixa renda).

Indicadores econômicos e de infraestrutura do desenvolvimento mundial


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Por conta do crescimento demográfico acelerado dos últimos anos, os países têm
de aumentar a produção de alimentos. Para países ricos há uma grande facilidade em se
importar gêneros alimentícios, dado seu baixo valor agregado. No entanto países pobres,
com economias voltadas para o setor agrícola, terão problemas sérios que comprometerão
toda a estrutura econômica interna caso tal setor tenha um desempenho insatisfatório. Para
tal melhora são utilizados insumos modernos, a fim de se elevar a produtividade da terra e
do trabalho.

Outro indicador importante é a taxa de expansão de importações (que entre


1990/1999 chegaram a 4,9% ao ano no caso brasileiro, uma porcentagem considerada
satisfatória). Além desse, tem-se o consumo de eletricidade per capita, que dentre outros
aspectos pode identificar o nível de industrialização do país, o percentual de casas com
energia elétrica, o gasto com ar condicionado e aquecedores (inferindo nas condições
climáticas) e o nível de eletrificação rural.

Por fim, vale mencionar o Índice de Gini, que mede a distribuição de renda entre
as diferentes classes sociais. “Serra Leoa possui a pior distribuição de renda do mundo
(Gini igual a 62,9), seguido pelo Brasil (60,0) e África do Sul (59,3)” (SOUZA, 2009, p.
17).

Índices de desenvolvimento humano mundial

O IDH basicamente mede o nível de desenvolvimento dos países, levando em


conta três elementos principais: longevidade, educação e nível de renda, sendo uma média
simples dos três. Em 2001, o IDH brasileiro foi de 0,777, no entanto regionalmente há
uma desigualdade considerável nos índices, sendo os estados com os maiores deles Santa
Catarina (0,822), São Paulo (0,820) e Rio Grande do Sul (0,814), e em geral os que
possuem os menores índices estão localizados nas regiões Norte e Nordeste.

Estrutura de uma economia subdesenvolvida

De maneira simples, a economia subdesenvolvida está segmentada em três setores


principais: subsistência, mercado externo e interno.

O setor de subsistência é composto em geral de divisões de produtividade baixa e


pouco monetizadas. Além disso, ele consome parte considerável de sua produção, havendo
apenas um pequeno excedente que é direcionado ao mercado.
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O setor do mercado interno “forma-se pelas atividades ligadas ao atendimento da


população residente e ao fornecimento de insumos e serviços às empresas e pessoas
vinculadas ao comércio externo, como alimentos, matérias-primas beneficiadas,
embalagens, transportes, etc.” (SOUZA, 2009, p.19). Vale lembrar que tal setor se estende
desde produtos agrícolas quanto à indústria urbana.

Por fim, o setor de mercado externo “compreende a agricultura comercial,


especializada para a exportação, e as atividades comerciais ligadas ao comércio de
importação e de exportação da economia urbana” (SOUZA, 2009, p. 19). O crescimento
de tal setor vai depender em boa parte (porém não unicamente) da situação a nível
internacional para o mercado de produtos primários, dado que é a demanda internacional
pelo produto que irá de fato estabelecer o preço.

Crescimento no longo prazo

A economia começa a produzir bens antes importados, se considerarmos o longo


prazo. Isso ocorre por conta do processo de substituição de importações. Para que tal
processo possa ocorrer é necessário, no entanto, a realização de uma política protecionista,
em um primeiro momento, dado que a indústria nacional incipiente ainda não teria forças
para competir com os produtos importados, mais baratos e de qualidade.

O fator que impulsiona esse processo é a demanda internacional por produtos


primários, que favorece a captação de recursos, e então o investimento destes na produção
de bens mais complexos. Assim:

Quanto mais diversificada for a base exportadora, menores serão os


impactos de reduções de preços ou de quantidades exportadas de alguns
produtos sobre o setor de mercado interno. Da mesma forma, quanto
maiores a dimensão e a diversidade da economia nacional, tanto menor
será, em termos relativos, o impacto das exportações sobre o nível da
produção e do emprego em termos agregados (SOUZA, 2009, p. 22).

Isso ocorre até o ponto em que o dinamismo da economia deixa de depender dos
fatores externos e passa a ser determinado pelas variáveis inerentes ao mercado interno.
Dessa forma, pode-se resumir que “a base exportadora aparece como a causa do
crescimento econômico das regiões subdesenvolvidas, principalmente nos seus primeiros
estágios, e como elemento dinâmico de aumento de eficiência e competitividade em
economias industrializadas” (SOUZA, 2009, p. 23), e o fator industrialização ocorre em
seguida, e como um resultado positivo do desenvolvimento da base exportadora.
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Estrangulamentos do desenvolvimento

São chamados “pontos de estrangulamento” áreas ou problemas específicos que


podem prejudicar o desenvolvimento econômico se não forem corrigidos ou remediados.
Tais pontos são geralmente alvo de políticas governamentais a fim de serem sanados. São
fatores como “a dificuldade em diversificar e expandir as exportações e fatores como
concentração de renda, educação defasada, falta de mão-de-obra especializada, deficiência
de infraestrutura e insuficiência de poupança interna e de investimentos públicos”
(SOUZA, 2009, p.24).

Em grande parte dos Estados subdesenvolvidos, há certa ênfase em políticas que


favoreçam o processo de substituição de importações e incentivos às exportações. São
medidas como a adoção de barreiras alfandegárias, o controle do volume de importações,
incentivos a certos segmentos industriais específicos, políticas que afetem a população
rural aumentando seu poder de compra e desenvolvimento da infraestrutura nacional em
geral, sobretudo as áreas de energia, comunicações e transporte (Souza, 2009, p.24).

Vale lembrar que a tendência atual é que o Estado se torne cada vez menos
intervencionista, atuando apenas no sentido de orientar a economia em geral. Isso pode
acontecer através do estabelecimento de um órgão responsável pela criação de projetos
estratégicos e pela busca de agentes privados interessados no investimento em tais áreas.
Dessa forma, os recursos públicos seriam destinados exclusivamente a áreas de interesse
social, como educação e saúde.

CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO EM UMA PERSPECTIVA


HISTÓRICA

A história dos países europeus é marcada, em seu início, por uma série de
conflitos. Entretanto, surge um ponto de inflexão com a emergência do Mercantilismo e
do Renascimento, o que permitiu aos países a realização de mudanças internas em âmbito
social e produtivo.

Revolução Industrial na Inglaterra

A Revolução Industrial inglesa foi resultado de diversas inovações nos métodos


de produção que levaram a um aumento considerável de produtividade e redução dos
custos de produção, o que gerou empregos no meio urbano e retroalimentou outros
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processos de mudanças, como a revolução na agricultura e nos transportes. Entretanto,


deve-se ter em mente que tais avanços não significaram melhoras na qualidade de vida e
bem-estar dos ingleses. De fato, em suas fases iniciais, a Revolução Industrial causou
retrocessos sociais onde era preponderante (essencialmente nos grandes centros urbanos
do país).

Com a revolução em questão houve um aumento indireto da produção


agropecuária, dado que “a substituição da indústria doméstica e artesanal (...) deslocou
trabalhadores especializados da atividade manufatureira para as atividades agrícolas. O
aumento da produção agropecuária ocorreu também pelas leis do cercamento dos campos
(...) e unificação de minifúndios” (SOUZA, 2009, p. 29). Os contingentes populacionais
afetados por tais mudanças nos campos deslocaram-se, em geral, para os meios urbanos,
providenciando assim a mão-de-obra e a demanda por produtos que viriam a sustentar a
Revolução Industrial inglesa.

Após certo tempo, o progresso industrial e o desenvolvimento em áreas-chave


como saúde pública e higiene contribuíram para uma melhoria das condições de vida da
população, bem como o aumento desta em números. Além disso, fatores como a utilização
de máquinas movidas a vapor, teares modernos na indústria têxtil e utilização em massa
de rodovias para o transporte de mercadorias possibilitaram alterações ainda maiores em
todo o processo produtivo, tais como a redução dos custos com transporte, integração
maior de territórios dentro do país e barateamento dos preços em geral. Todos esses
fatores combinados viriam a estender ainda mais os mercados ingleses, bem como a
eficiência de sua produção e aumentar os níveis de emprego no país (apesar de não ter
sido acompanhado de uma melhoria igualmente impressionante dos níveis de qualidade de
vida).

Fase oligopolista da Revolução Industrial

Com a crescente expansão dos empregos e emigrações para as colônias, houve


uma relativa escassez de mão-de-obra no país. Nesse momento, “a Revolução Industrial
saiu da fase concorrencial e ingressou na fase oligopolista (relativa escassez de trabalho e
elevação dos salários monetários), emergindo o capitalismo oligopolista” (SOUZA, 2009,
p. 31). Com isso, houve uma ênfase na elaboração de novas estratégias para sustentar os
níveis de desenvolvimento do país, tais como a liberalização do comércio exterior,
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incentivo a exportação de bens em geral, sobretudo de capital e uma expansão colonialista


mais agressiva, visando a conquista de mercados.

Houve uma expansão da renda per capita inglesa, que era de fato a manifestação
em números do considerável desenvolvimento econômico possibilitado pelos fatores até
então observados. Além disso, as estratégias de iniciativa estatal foram de suma
importância para tal processo. Dessa forma, pode-se dizer que:

A ofensiva comercial vitoriana, a regulamentação comercial, a proteção


internacional de interesses privados ingleses, como a abertura e
preservação de novos mercados indicam que, mesmo no berço do
capitalismo modero, a atuação do Estado foi fundamental para o
desenvolvimento (SOUZA, 2009, p. 32).

Redução da hegemonia inglesa

A hegemonia inglesa começou a entrar em declínio no início do século XX. Com


o surgimento de grandes concorrentes em âmbito internacional, como a Alemanha, o
Japão e os EUA, o mercado já não era tão propício a nível externo. Além disso, com o
advento da Primeira Guerra Mundial, houve um considerável desenvolvimento interno
norte-americano, potencializando ainda mais a capacidade produtiva dos EUA.

Com o crescente acesso dos demais países às tecnologias industriais, o diferencial


inglês começou a deixar de existir, o que agravou, consequentemente, problemas internos
como o desemprego. Fora isso, a questão das duas guerras mundiais teve seu efeito na
situação econômica do país: uma vez que a economia inglesa já havia atingido sua
maturidade muito antes de outros países europeus, a simples utilização de programas de
reconstrução baseados em transferência de recursos não produziria o mesmo efeito na
Inglaterra, se comparado a países como a França e a Itália, que ainda tinham setores
produtivos a serem desenvolvidos.

A consequente diminuição da participação inglesa no mercado mundial levou a


criação de teorias de desindustrialização de economias avançadas, nas quais “a perda de
competitividade nos mercados externos teria provocado a queda da produção
manufatureira e da produtividade industrial, levando ao baixo crescimento da renda per
capita” (SOUZA, 2009, P. 34).

Desenvolvimento dos EUA


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O desenvolvimento norte-americano foi estimulado inicialmente por conta do


expansionismo inglês, que através de sua colonização de povoamento acabou por levar a
cultura e os métodos produtivos, bem como o ideal protestante (o trabalho como forma de
se atingir a salvação espiritual e recompensas terrenas, bem como a não condenação de
práticas como os juros. Apesar de se opor a bens de luxo e ostentação, o protestantismo
considerava justa a acumulação de riquezas). Com isso estavam lançadas as bases que
viriam a orientar o desenvolvimento dos EUA. De acordo com Mota: “A expansão
territorial permitiu a exploração colonial, seguindo o modelo inglês. No início do século
20, passaram a tutelar Cuba e o Panamá e a exercer grande influência na América Latina.
Nas décadas seguintes, essa influência estendeu-se a todos os países do mundo” (MOTA,
1964, p. 168, apud SOUZA, 2009, p. 36).

Migrações e inovações tecnológicas

Um dos principais fatores responsáveis pelo alto grau de desenvolvimento dos


EUA foi o fluxo de emigrantes europeus altamente qualificados a diversas funções de
trabalho, bem como seu capital proveniente de seus respectivos países de origem. Além
disso, as inovações tecnológicas, agrícolas e de transportes, sustentadas pelo alto volume
de exportações de produtos agrícolas. Há de se considerar ainda que o consumo de tais
produtos foi alto por conta de diversos fatores pontuais, como por exemplo, o algodão
(área de intensa produção nos EUA) era consumido em larga escala pela Inglaterra, a fim
de sustentar sua produção têxtil.

Muitas outras inovações também foram contribuindo, ao longo dos anos, com o
aumento da produtividade norte-americana, como o arado de ferro fundido e
posteriormente de aço, a ceifadeira, o ancinho de tração animal e os secadores de cereais.
Tais itens também foram beneficiados pela introdução de métodos científicos para o
cultivo e criação de animais, e a importação de animais e outras tecnologias. O homestead
act de 1862 também contribuiu com tal área, uma vez que democratizou o acesso a terras
cultiváveis.

Dados todos esses fatores, mais a expansão ferroviária no país, possibilitaram um


desenvolvimento cada vez maior e em diversas áreas. Assim, “entre 1790 e 1860, os EUA
estabeleceram sua Revolução Industrial a partir da diversificação da produção agrícola, do
desenvolvimento de agroindústrias e da fabricação de equipamentos diversos para a
agricultura” (SOUZA, 2009, pp. 37-38). Assim como na Inglaterra, houve a ampla
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utilização de máquinas a vapor, movidas a carvão, adaptadas para o uso industrial e


largamente difundidas por conta da malha ferroviária (a princípio incipiente e depois
consideravelmente desenvolvida), abarcando as proporções continentais do país. Além
disso, houve também diversas iniciativas governamentais para a criação de estradas e
canais, bem como melhorias na navegabilidade dos canais e rios já existentes.

A partir de 1910 houve ainda a introdução de novas técnicas de irrigação, que


potencializaram ainda mais a agricultura, e fomentaram o investimento em outras áreas
relacionadas, como a energia elétrica, piscicultura e recreação.

A Grande Depressão

O acelerado ritmo de crescimento, somado com uma série de outros fatores, veio
a causar a Crise de 1929, que basicamente teve por seu primeiro sintoma a queda
vertiginosa das ações na Bolsa de Nova York. Com isso, aumentou o risco de
investimentos em geral, o que causou demissões em massa por não haver estímulo à
produção. Diversas empresas, bancos e indivíduos decretaram falência.

Tal fato foi agravado, como antes dito, por conta do excedente de produção
gerado pelo acelerado ritmo de crescimento industrial, excedente este que não encontrava
comprador externo, dado o ritmo de recessão geral na situação internacional da época,
nem interno, uma vez que o poder aquisitivo da população não acompanhou o ritmo de
crescimento produtivo em escala equivalente. Há de se considerar ainda que tal quebra
atingiu o mundo praticamente por inteiro, dada a influência internacional dos EUA.

Em 1933 o presidente Roosevelt implanta o New Deal, um plano que conseguiu,


em dado tempo, tirar o país da situação crítica. Basicamente o plano preconizava a
atuação do Estado como fomentador e regulador da economia, bem como gerador de
empregos através de obras públicas, retirando o quadro de liberalismo completo em que
era pautada a economia norte-americana até então.

Desenvolvimento do Japão

Tendo uma área cultivável muito pequena (apesar de altamente produtiva), o


Japão adotou uma estratégia de desenvolvimento diferenciada dos demais. Em um
primeiro momento, o país tinha por base social estruturas consolidadas e imutáveis, onde
o poder era exercido pelo Xogum, sendo que o maior xogunato em extensão era
responsável por um terço das terras do país, sendo o restante dividido entre senhores
feudais (daimios) servidos pelos samurais. Dito isso, é importante frisar que “a política do
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Xogum era isolacionista, o que obstruía o comércio exterior e a assimilação de


conhecimentos; até mesmo a tradução de livros estrangeiros era proibida” (ALLEN, s.d.,
p. 12, apud SOUZA, 2009, p. 42).

Com a expansão dos EUA, um primeiro tratado com o Japão foi firmado em
1854, juntamente com a abertura dos portos do país. Assim, isso representou uma brecha
para que outros países também conseguissem firmar tratados comerciais com o Japão, de
modo que em um tempo relativamente curto começaram a acontecer iniciativas
reformistas internas, ao perceberem a possibilidade de desenvolvimento. Assim, com o
fim do xogunato e a chamada Restauração Meiji, as estruturas sociais anteriores foram
derrubadas, pondo fim principalmente ao imobilismo entre as classes.

A restauração tinha como principais diretrizes a expansão do poder econômico e


político japonês a níveis internacionais, e como principal estratégia inicial a centralização
dos poderes nas mãos do Estado, fato que foi oficializado com a constituição de 1889.
Havia ainda a ideia de se ocidentalizar o país, para que ele também pudesse se aproveitar
das inovações tecnológicas estrangeiras.

Estratégias da restauração

A fim de atingir suas metas, a estratégia no âmbito econômico era basicamente


impulsionar e desenvolver a infraestrutura japonesa sob o comando do Estado, bem como
realizar grandes investimentos na educação profissionalizante. Tal medida democratizou e
popularizou a educação, que antes era privilégio apenas das classes nobres e dos samurais.

No âmbito agrícola a principal estratégia envolvia a melhor utilização das terras,


já escassas, e a arrecadação de impostos visando financiar o desenvolvimento econômico.
Além disso, as novas legislações favoreceram a obtenção de terras e sua melhor
distribuição, o que, conjugado com os impostos sobre a terra, resultou em consideráveis
arrecadações para o Estado, e seu subsequente reinvestimento. Parte do dinheiro também
foi utilizada para a importação de maquinário, técnicas produtivas, energia e outros
recursos de outros países, impulsionando ainda mais o desenvolvimento do país. Além
disso, o Estado também esteve à frente na implantação de novas indústrias no país, bem
como da expansão da pauta de exportações.

O governo também esteve presente na implantação de técnicas agrícolas


modernas e projetos de irrigação, fundação de escolas, criação de portos e ferrovias,
telecomunicações e canais de navegação internos. A partir de 1882 ele começou a
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privatizar suas atividades econômicas, visando aumentar a proporção da participação


privada na economia japonesa, sobretudo em seu desenvolvimento econômico. Vale
mencionar ainda que a era Meiji foi marcada pela desconfiança quanto aos rumos do país,
de modo que os investimentos externos no Japão eram quase que totalmente estatais,
sendo menos de 5% de tais investimentos provenientes do setor privado.

Imperialismo japonês

Internacionalmente, o Japão se envolveu em uma série de conflitos durante seu


período de industrialização. Desde seus embates com a China e a Rússia até suas
pretensões e investidas imperialistas contra a Coreia, bem como seu envolvimento na
Segunda Guerra Mundial.

A nível econômico deve-se considerar que houve um surto de crescimento


demográfico no Japão, propiciado pelo crescimento da economia nacional. Nas palavras
de Souza (2009, p. 45), “o que facilitou o crescimento demográfico japonês foram as
facilidades para importar alimentos, face à expansão comercial”. Isso gerou também
correntes migratórias para diversos países, inclusive o Brasil. Outra característica
interessante é que o surgimento de grandes indústrias no Japão não afetou de maneira
considerável as pequenas indústrias e produções artesanais, justamente por conta da
complementariedade entre estas e aquelas, não implicando em concorrência direta de
mercados.

Com o advento dos diversos conflitos nos quais o país se envolveu, por ocasião
do fim da Segunda Guerra Mundial o Japão terminou desmilitarizado, desarmado e com
seu território restrito às suas ilhas principais, bem como tendo uma constituição vigente
redigida por estrangeiros. Isso, apesar de ter sido um fato negativo em primeira instância,
favoreceu a recuperação posterior da economia japonesa.

O Plano Marshall e a recuperação da economia japonesa

A recuperação econômica japonesa se deu em pouco tempo, tendo como principal


fator impulsionador as exportações para os EUA, e em 1951 o Japão recupera sua
independência. Nesse período o país possuía uma baixa renda per capita, mesmo tendo
alto crescimento econômico e baixo crescimento demográfico. Isso se deve principalmente
por conta do “relativo imobilismo da população rural e o fato de a agricultura deter, ainda
em 1930, 50% da força de trabalho, gerando apenas 20% do produto líquido” (SOUZA,
2009, p. 47). Somente com o advento do aumento das importações tal fase negativa pôde
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ser remediada e superada, dado que nos anos posteriores a produção industrial do país
seria triplicada, dando ênfase para os bens duráveis e não duráveis de consumo. Por fim, o
país também se tornou especializado na produção de seda, fios e tecidos finos de algodão
e sintéticos.

A partir daí o país teria um nível de crescimento considerável, vindo a reduzir a


partir dos anos 1970. No entanto houve um incremento considerável da renda per capita e
da qualidade de vida da população, o que acabou por compensar, ao menos em termos
práticos, os níveis de crescimento menores.

Especulação imobiliária dos anos de 1990

Com os anos 1990 o Japão sofre uma queda ainda mais expressiva nos níveis de
desenvolvimento. Tal fato pode ser explicado pela bolha especulativa em seu setor
imobiliário, cujos níveis altos de valorização forçaram a adoção de uma política restritiva
de crédito em 1989. No entanto os agentes econômicos e instituições demoraram para
responder positivamente a tal política, o que resultou na limitação de empréstimos para
aquisição de imóveis, ordenada pelo Ministro das Finanças. Isso provocou o estouro da
bolha, queda no consumo e consequentemente uma grave recessão econômica.

Houve ainda aumento nas exportações, indicando que o problema está de fato na
falta de dinamismo no mercado interno, o que de fato acaba por retroalimentar a recessão
gerada. Apesar disso, o Japão continuou sendo uma das mais fortes e confiáveis
economias do mundo, tendo índices econômicos invejáveis. Por fim, apesar dos níveis de
crescimento melhores alcançados a partir dos anos 2000, não é de se esperar que o país
alcance níveis semelhantes aos anteriores, dado que se trata de um país já bem
desenvolvido. Isso não significa no entanto que ele deixará de se desenvolver ou perderá a
confiabilidade no mercado, já que existem diversos outros fatores que conferem bastante
credibilidade à economia japonesa, desde o histórico processo de desenvolvimento e
investimento em educação até fatores da própria cultura do Japão.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOUZA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento Econômico. Editora Atlas S.A., 5ª


ed., São Paulo, 2009.

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