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1. Introdução
Este breve ensaio teórico tem como tema de interesse o processo de avaliação de
crianças consideradas com “dificuldades de aprendizagem”1 a partir de uma perspectiva
crítica, que questiona os modelos de avaliação centrados apenas nas crianças e seus
supostos déficits, os quais contribuem com o fenômeno da patologização e medicalização
na educação, provenientes do processo de culpabilização dos alunos e suas famílias pelas
dificuldades encontradas durante o processo de escolarização. A partir dos pressupostos
da Teoria Histórico-Cultural esperamos romper com o viés biologizante sobre o
desenvolvimento e aprendizagem dos alunos presente no senso comum dos professores e
de muitos profissionais que lidam com as queixas escolares e discutir uma outra proposta
de avaliação que possa oferecer ferramentas para o trabalho pedagógico, ao invés de
reforçar a prática vigente de rotulação das crianças e a realização de encaminhamentos
dos alunos para serviços externos às escolas.
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O termo “dificuldades de aprendizagem” é utilizado entre aspas neste texto, pois é um termo bastante
utilizado no senso comum e que traz a falsa ideia de que as dificuldades no processo de escolarização
estariam centradas apenas no indivíduo que não-aprende. Assim, utilizamos o termo como um rótulo que
acaba sendo comumente empregado para se dirigir a um grupo de crianças que apresentam algum tipo de
dificuldade no seu processo de escolarização, embora não compactuemos com uma visão reducionista do
problema.
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Processo de avaliação de crianças com “dificuldades de aprendizagem”: um
ensaio teórico na perspectiva histórico-cultural
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Processo de avaliação de crianças com “dificuldades de aprendizagem”: um
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Não por mero acaso a maior demanda por atendimento psicológico de crianças e
adolescentes, no Brasil, se refere às queixas de dificuldades escolares (NEVES,
MARINHO-ARAUJO, 2006). Se a busca por uma avaliação sobre as “dificuldades de
aprendizagem” tranquiliza os envolvidos porque nomeia um fenômeno, por outro, pode
isentar de responsabilidade àqueles que se ocupam do ensino. Argumentamos que a
prática dos encaminhamentos escolares e a busca por diagnósticos que encaixem a criança
em algum transtorno neurológico ou psiquiátrico funcionam como pretexto para que as
pessoas que a cercam se eximam da responsabilidade sobre seu desenvolvimento ou
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Processo de avaliação de crianças com “dificuldades de aprendizagem”: um
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melhora. É como se, pelo fato de a criança apresentar algum comprometimento, ao qual
se atribui um nome, colocasse sobre ela toda a responsabilidade das inadequações e
fracassos e liberasse os que com ela interagem de promoverem condições mais adequadas
para o seu desenvolvimento. Mello (2007) argumenta que:
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4. Considerações Finais
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Por fim, consideramos que mais estudos nesta perspectiva são necessários, de
modo que possam fornecer diretrizes mais práticas sobre como poderia se dar o processo
de avaliação educacional numa perspectiva que não produza rotulações, mas que permita
descolar o eixo de análise das “dificuldades de aprendizagem” do indivíduo para o
processo de escolarização e o conjunto de relações históricas, sociais, institucionais,
pedagógicas, dentre outras, que constituem o cotidiano escolar. A partir desta mudança
de paradigma, esperamos, ainda, como resultado deste ensaio, assim como de pesquisas
futuras, contribuir com a prática pedagógica e a superação do fracasso escolar, a partir de
uma visão mais sistêmica sobre a problemática das dificuldades de aprendizagem, de
modo que o processo de avaliação forneça as bases para mudanças na dinâmica de ensino
das escolas e para aprimorar o trabalho docente, se constituindo, portanto, como um
instrumento de transformação da realidade social.
5. Referências
LUCKESI, C. C. Verificação ou avaliação: o que pratica a escola? In: Série Ideias, n.8.
São Paulo: FDE, 1998. p.71-80. Disponível em:
<http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_08_p071-080_c.pdf>. Acesso em: julho
de 2019.
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