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Excelentíssimo Senhor Presidente.

Senhores Componentes da Mesa.


Senhores e Senhoras

Gostaria de iniciar o meu discurso falando do ser feminino. A mulher profissional,


a mãe, avó... Mas é preciso abrir a voz do coração para tecer-lhes algumas palavras,
neste momento, em que assumo esta Tribuna para em nome do IAB, efetuar a outorga
da 1ª edição “PRÊMIO MYRTES GOMES CAMPOS” à advogada paraense Roberta
Menezes Coelho Souza.

Myrthes Gomes de Campos abriu as portas da advocacia às mulheres em 1898,


quando concluiu o bacharelado em Direito, mas, por conta dos padrões da época, só em
1906 conseguiu o seu registro como advogada. Passados anos do desafio de Myrthes, o
contexto mudou e as mulheres atuam de forma competente como profissionais do
direito, reiterando, cada vez mais, as qualidades do feminino que compõem grandes
nomes da advocacia e nas carreiras jurídicas.

Não poderia aqui deixar de registrar resumidamente a luta das mulheres para
conquistas dos seus direitos políticos até os dias de hoje.

Considerada como paradigma do consumo, a mulher foi um elemento


determinante para a ocorrência de importantes mudanças ao longo do século passado.
Não só no mundo do consumo, como na vida social, na política, e no mundo do trabalho.
Temos o exemplo na luta das mulheres no campo político os movimentos das minorias e
os antirraciais para alcançar a igualdade.

Até o início do século XX, cabia inquestionavelmente à mulher ocupações


relacionadas à maternidade; ou seja, amamentar, alimentar e educar as crianças, o que
implicava no estafante trabalho de cuidar da casa. Ao homem, cabia prover a
alimentação da sua família com seu trabalho, ou se dedicava às guerras. Portanto, se a
honra ou nobreza do homem estavam ligadas à defesa da pátria, em relação à honra da
mulher estava em manter e defender os valores sociais na educação dos filhos, e em sua
atividade doméstica exemplar.

Com o progresso tecnológico, que se iniciou no último terço do século XIX e,


principalmente, no século XX, houve uma grande transformação das novas atividades
das mulheres, modernizando a sua mão de obra. As mulheres passaram a trabalhar em
escritórios, fábricas, bibliotecas, e serviços públicos. Todavia, essa modernização das
atividades das mulheres não foi bem aceita no início, por estar sendo aproveitada no
mercado de trabalho. Por essa razão, foi necessário o empenho de várias lutas de
feministas para que a mulher obtivesse um novo status, e, por outro lado, até hoje a luta
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continua para que a mulher possa ter o mesmo reconhecimento político e profissional
que os homens, e ainda possa receber o salário justo pelo seu trabalho, dentre outros.

Não se pode esquecer que com sua maior participação no panorama econômico,
era justo e necessário que a mulher participasse também das decisões políticas tomadas
no controle da economia e do bem estar social. Surgiu, assim, o movimento sufragista
feminino. Em 1893 as mulheres começaram a votar. Na Austrália (1902), na Filandia
(1906), na Noruega (1913). Na revolução russa de 1917 foi concedido o direito de voto.

No Brasil, a luta começou antes mesmo da proclamação da República. A


discussão sobre o voto feminino no Brasil data do final do século XIX. Durante a
Constituinte de 1890, a discussão foi intensa, mas todas as propostas de incluir o
sufrágio feminino na nova Constituição foram derrotadas, com a justificativa de que
com a respectiva aprovação, seria decretado o fim da "família brasileira".

Com a proclamação da República, o periódico "A Família" de Josefina Álvares


de Azevedo se tornou um veículo de propaganda do direito ao voto. Josefina passou a
publicar artigos, afirmando que sem esse direito, a igualdade prometida pelo regime
republicano não seria alcançada.

A luta pelo direito ao voto ganha mais força no início do século XX. Em 1910, a
educadora Leolinda Daltro funda o Partido Republicano Feminista, após ter seu pedido
de alistamento eleitoral negado. Leolinda era uma mulher desquitada, que criou seus
cinco filhos, separada do marido, sendo muito ativa politicamente. Por sua atuação, foi
apelidada de "mulher do diabo."

Inspirado no movimento sufragista inglês, o Partido Republicano Feminista


organizava passeatas para reivindicar o direito ao voto e condições dignas de trabalho e
educação para as mulheres brasileiras. O partido se tornou a primeira organização a
liderar a luta pelo sufrágio feminino no Brasil. Posteriormente, foi substituído
pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminista, criada por Bertha Lutz. Ela foi
uma das figuras brasileiras mais importantes na luta pela conquista do direito de voto,
ainda pode ser considerada responsável, entre outras conquistas, pela garantia de
emprego à gestante.

Outra pioneira de destaque foi Maria Ernestina Carneiro Santiago Manso


Pereira, mais conhecida como Mietta Santiago, era mineira e foi escritora, advogada e
feminista do começo do século XX, marcado pela busca de direitos políticos, trabalhistas
e civis igualitários. Em 1928, notou que a proibição ao voto feminino contrariava o
artigo 70 da Constituição da República Federativa dos Estados Unidos do Brasil (1891),
que dizia: "São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da
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lei", sem qualquer discriminação de sexo. Com base nisso, Mietta impetrou, como
advogada, Mandado de Segurança e obteve sentença que lhe permitiu votasse em si
mesma para um mandato de deputada federal. Mietta tornou-se a primeira mulher a
exercer, plenamente, os seus direitos políticos: direito político ativo (votar), amparado
em sentença, fundada em direito líquido e certo previsto na Constituição Federal, e
também direito político passivo (ser votada). Em 1928, Alzira Soriano na cidade de
Lajes, no Rio Grande no Norte, tornou-se a primeira mulher escolhida para um cargo
eletivo no país. Foi eleita prefeita da cidade como candidata para representar
o movimento feminista nas eleições, liderado por Bertha Lutz. Seu governo, no entanto,
só durou dois anos. O mandato foi interrompido pela revolução de 1930.

Em 1932 a mulher passou a votar. Tivemos muita luta, há 88 anos, quando as


mulheres conquistaram o direito ao voto no Brasil. Muito ainda há o que fazer agora
para eleger mulheres, mas devemos reconhecer a luta daquelas que vierem antes de nós!

Caminhando por essa estrada, temos vários movimentos de libertação da mulher.


A luta pela igualdade de direitos não parou. Há ainda um longo caminho a percorrer,
para que essa igualdade seja alcançada.

Poderia senhoras e senhores iniciar o encerramento do meu discurso por aqui,


agradecendo ao doutor André Meira por este espaço concedido a mim, representante do
IAB, e a tantas outras bravas e aguerridas mulheres que estão ocupando com louvor
seus lugares públicos na nossa sociedade. Mas, não poderia sem antes deixar esse breve
registro histórico sobre o reconhecimento das nossas conquistas. Porque essa luta do
reconhecimento dos direitos das mulheres não acabou em 1932,

A mulher tem que travar combates desiguais com o homem para alcançar
lugares de topo na Administração Pública e nas empresas, sem falar que os salários são
sempre desiguais. Ademais além do emprego que desempenha, também, em casa, a
mulher desenvolve um papel muito mais preponderante que o homem, seja na luta
doméstica, seja nos cuidados a prestar aos filhos. A sociedade de consumo ainda reserva
à mulher que ela enfrente várias atividades, no comando da família e do lar.

Temos muito ainda a construir, porque a nossa luta continua. Agora, temos que
lutar é pelo respeito às nossas conquistas, há ainda um longo caminho de igualdade a
percorrer, pois a luta não esmorece!

Então, nós mulheres, especialmente, as mulheres juristas, precisamos nos inspirar


no exemplo candente de tantas outras mulheres, daí a beleza deste momento,
valorizando todas aquelas tão bem representadas aqui hoje nesta linda homenagem, que
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foram e são tão imprescindíveis à manutenção de nossa identidade nacional. Vejo aqui as
pioneiras e as jovens advogadas reunidas. Cada uma registra uma árdua história de
luta! E a vocês é a quem me dirijo em minhas derradeiras palavras, com os versos nos
quais colhi em forma de botão de rosas de uma poetisa feminista, Ana Paula Tavares,
onde o sujeito feminino dialoga com a mãe mostrando, de certa forma, uma
”reinvenção” das tradições para construção de novos paradigmas:

Trouxe as flores...
Não são todas brancas, mãe
Mas são as flores frescas da manhã
Abriram ontem...
E toda noite as guardei
Enquanto coava o mel
E tecia o vestido
Não é branco, mãe...
Mas serve à mesa do sacrifício.
Trouxe a tacula
Antiga do tempo da avó
Não é espessa, mãe...
Mas cobre o corpo.
Trouxe o canto
Não é claro, mãe...
Mas tem os pássaros certos
Para seguir a queda dos dias
Entre o meu tempo e o teu...
(Ana Paula Tavares, A Ex-votos. Lisboa: Editorial Caminho, 2003, p.26-7)

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