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Os valores e as regras que permitem o equilíbrio da pessoa na sociedade são relevantes para a qualidade de vida,
sendo a sua negação ou violação elementos perturbadores à saúde, nomeadamente à saúde mental, com é
afirmado pela Organização Mundial da Saúde.
O respeitar, o cuidar de si e dos outros são critérios geradores de bem-estar e de satisfação que levam àquela
saúde, pelo que cuidar adequadamente é de extrema importância tanto do ponto de vista individual como do
ponto de vista social.
A afetividade é uma dinâmica profunda e complexa ligada a sentimentos tais como o ciúme, a raiva, o ódio, a inveja,
a saudade, o amor...sendo a mistura de todos estes sentimentos, e o aprender a cuidar adequadamente de todas
essas emoções, que vai proporcionar à pessoa uma vida emocional plena e equilibrada.
O padrão emocional do ser humano é formado nos primeiros anos de vida. Se os pais fornecerem um modelo
deformado durante a infância desse padrão, será difícil modificá-lo mais tarde. Por vezes os pais desconhecem as
consequências para a criança de não se atribuir às emoções uma importância significativa.
O aspeto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual podendo acelerar ou diminuir
o ritmo desse desenvolvimento sendo, igualmente, o princípio norteador da autoestima.
Os adultos-cuidadores são, digamos, como espelhos que devolvem determinadas imagens à criança. Quando se
demonstra afetividade por alguém, essa pessoa torna-se o nosso espelho e nós nos tornamos o dela; e refletindo
um no sentimento de afeto do outro, desenvolvemos o forte vínculo do amor - essência humana em matéria de
sentimentos.
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É nesta interação afetiva que desenvolvemos nossos sentimentos positiva ou negativamente e construímos a
nossa autoimagem.
Se se age a partir de uma perspetiva negativa para com as crianças, ir-se-á formando nelas uma imagem "pequena"
e negativa do seu valor. Se pelo contrário se agir numa perspetiva positiva formarão um conceito positivo de si
mesmo.
É sabido que a inteligência emocional da criança é determinada, até certo ponto, pelos traços de personalidade
com os quais nasce, mas também é moldada pelas interações com os adultos e com o meio. Essa influência começa
nos primeiros dias de vida, quando o sistema nervoso imaturo da criança está no seu início formativo, podendo as
primeiras impressões da infância durar toda a vida.
É comum não se fazer caso das emoções das crianças alegando-se que “são apenas crianças”.
Deixar, sistematicamente, de dar um abraço, recusar beijos, evitar um carinho, é como deixar de alimentar a
criança e pode deixar marcas irreversíveis.
Uma criança privada de afeto fica sujeita a ter de enfrentar situações de desconforto para o qual não está ainda
preparada, originando alterações gravosas no seu desenvolvimento.
Nas relações familiares aprende-se a viver o “jogo” da afetividade de forma adequada. No entanto, essa
adequação é tanto melhor quanto melhor forem as referências positivas necessárias ao desenvolvimento de uma
personalidade emocionalmente equilibrada.
Uma das mais meritórias funções da família é a de socializar e estruturar as crianças como seres humanos. Vários
têm sido os estudos que apontam para o facto das chamadas “crianças problema”, serem oriundos de famílias que,
independentemente do seu nível socioeconómico, não lhes proporcionam o afeto suficiente. O que efetivamente
faz a diferença é a capacidade da família estabelecer vínculos afetivos unindo-se tanto no amor como nas
frustrações.
É na família que a criança vive as mais gratificantes sensações de alegria, felicidade, prazer e amor. A família é o
espaço onde e no qual experimenta tristezas, desencontros, brigas, ciúmes, medos e ódios, mas também é no seu
seio que a criança aprende a linguagem mais complexa da vida: a linguagem da afetividade.
Na família existem, forçosamente, momentos de desencontro mas, igualmente, momentos de amor. Uma família,
digamos, normal, passa por momentos de satisfação e de prazer, alternados por momentos de tristeza e
desentendimentos os quais são reparados através da compreensão e dos valores da tolerância, da amizade e do
amor, sendo esta aprendizagem de extrema importância na preparação adequada para se ser cidadão sociável e
integrado.
A “tarefa” de cuidar, adequadamente, de um ser em formação não é uma tarefa fácil exigindo dos pais e
restantes educadores, capacidade para lidar com os conflitos gerados pelos impulsos imediatos das crianças e
bem como às suas necessidades biopsíquicosociais a cada momento.
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No entanto importa ter presente que uma criança com auto - conceito positivo parece mais ativa; tem
facilidade em fazer amigos, tem senso de humor, participa em discussões e em projetos, lida melhor com o erro,
sente orgulho por contribuir e é mais feliz, confiante, alegre e afetiva.
Para além da família, a sociedade tem uma responsabilidade direta na educação, formação e
desenvolvimento da criança dado que é em ambas, através dos mitos, ritos e regras sociais que adquirimos o
sentido da vida, sendo as referências oferecidas por essa cultura que nos proporcionam a noção de pertença e,
saber que se pertence a alguém e a um lugar, proporciona à pessoa um referencial de valor significativo.
Numa sociedade solidária, saudável e cidadã, os seus membros nunca estão sós, dado que o desejo de
cuidar de si, do outro e do nós, assenta na ética das relações entre as pessoas ressaltando o facto de que quando
melhor o outro estiver, melhores estaremos todos.
Assim sendo CUIDAR das nossas crianças a níveis diversos, mas, principalmente, ao nível da
afetividade, é um ato de cidadania.