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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

ESCARLETE RAÍSSA EVANGELISTA DA SILVA

ESTÁGIO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL: ESTUDO DAS


SINGULARIDADES DO ESTÁGIO CURRICULAR DO CURSO DE
SERVIÇO SOCIAL DA UFAM

MANAUS
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

ESCARLETE RAÍSSA EVANGELISTA DA SILVA

ESTÁGIO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL: ESTUDO DAS SINGULARIDADES DO


ESTÁGIO CURRICULAR DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA UFAM

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


Departamento de Serviço Social, da Universidade
Federal do Amazonas, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª Drª Marinez Gil Nogueira Cunha

MANAUS
2018
Ficha Catalográfica
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) .

Silva, Escarlete Raíssa Evangelista da


S586e Estágio e Formação Profissional : Estudo das singularidades do Estágio
Curricular do curso de Serviço Social da UFAM / Escarlete Raíssa
Evangelista da Silva. 2018
142 f.: il. color; 31 cm.

Orientadora: Marinez Gil Nogueira Cunha


TCC de Graduação (Serviço Social) - Universidade Federal do
Amazonas.

1. Serviço Social. 2. Formação Profissional. 3. Estágio Supervisionado.


4. Dificuldades de Inserção e permanência. 5. Dificuldades de
acompanhamento . I. Cunha, Marinez Gil Nogueira
II. Universidade Federal do Amazonas III. Título
ESCARLETE RAÍSSA EVANGELISTA DA SILVA

ESTÁGIO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL: ESTUDO DAS SINGULARIDADES DO


ESTÁGIO CURRICULAR DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA UFAM

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


Departamento de Serviço Social, da Universidade
Federal do Amazonas, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Aprovado em 15 de janeiro de 2019.

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Marinez Gil Nogueira Cunha – Presidente


Professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas –
UFAM

Profa. Dra. Roberta Justina da Costa- Membro


Professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas –
UFAM

Liara Souza Lima - Membro


Assistente Social – SUSAM/SEMSA
DEDICATÓRIA

Para todos que já tiveram dificuldades no processo de


inserção, permanência e acompanhamento no estágio
supervisionado. As dificuldades são necessárias no
processo de ensino aprendizado para fazermos uma
reflexão crítica. Lembrem-se, elas serão momentâneas.
Não deixe que uma frustração afete seu
amadurecimento teórico-prático.
AGRADECIMENTOS

A construção desta pesquisa foi compósita por vários percalços e só tornou-se possível com a
colaboração de pessoas que se dispuseram em energia e tempo para a sua materialização.
Meus sinceros agradecimentos aos discentes que estudaram no semestre 2018/01 e
compartilharam suas experiências no processo de formação, descrevendo suas fragilidades e
inseguranças no estágio supervisionado.

O processo de ensinar e orientar é desafiador, afortunado o discente que tem a oportunidade


de ter um orientador como à querida professora Marinez Gil Rodrigues Cunha, mais
conhecida como a “professora dos quadros”. Meus sinceros agradecimentos pelas orientações,
diálogos, paciência e empenho em ensinar com praticidade.

O processo de aprendizado no estágio supervisionado só possível através da relação tríade da


supervisão. Meus sinceros agradecimentos as minhas estimadas supervisores de ensino Maria
Joseilda, Maria Magela, Simone Baçal e supervisora de campo Liara Lima que contribuíram
para meu amadurecimento teórico-prático e me encorajarem a fazer uma reflexão crítica sobre
minhas vivências no estágio supervisionado.

A cada passo na trajetória acadêmica aprendemos e conhecemos pessoas que compartilham


experiências e saberes que contribuem para o crescimento pessoal e amadurecimento teórico.
Meus sinceros agradecimentos às minhas amigas Izabelle Fragoso, Jéssica Afonso,
Claudomira Ramos, Jussara Nunes, Taynara Picanço e Beatriz Eleres que estiveram presentes
nos momentos de alegria e tristeza me incentivando a continuar, dando o apoio necessário
para que este estudo se concretizasse.

Meus sinceros agradecimentos ao meu parceiro de alma Andrey Thiago que possui um jeito
peculiar e característico de personalidade o qual precisa se expressar e se comunicar
constantemente, porém no processo da pesquisa colaborou fazendo silêncio, mesmo sendo
muito difícil para ele. Meu bem, eu amo você! Aguardando chegar a sua vez, para que eu
possa retribuir todas as suas gentilezas e apoio.
EPÍGRAFE

Vamos emancipar o aluno e dar-lhe tempo e


oportunidade para cultivar sua mente de sorte
que em seu aprendizado ele não seja um
boneco nas mãos alheias, porém, sobretudo
um ser humano autoconfiante e reflexivo.

Sir William Osler


RESUMO

A presente pesquisa realizou um estudo para identificar as dificuldades de inserção,


permanência e acompanhamento no estágio supervisionado do curso de serviço social da
UFAM que incidem na fragilização da formação profissional. Assim, foram levantadas as
opiniões dos discentes que cursaram a disciplina estágio supervisionado nos semestres
2017/02 e 2018/01. Em relação aos procedimentos metodológicos, a pesquisa caracteriza-se
como uma pesquisa descritiva e explicativa. A abordagem descritiva possibilitou descrever as
dificuldades vivenciadas pelos discentes e os condicionantes que fragilizam o processo de
aprendizagem no estágio e que repercutem na formação profissional. Na abordagem
explicativa se buscou aprofundar a reflexão crítica na análise das causas que geram as
dificuldades no acesso e permanência. Os procedimentos técnicos utilizados na coleta de
dados da pesquisa foram de natureza quanti-qualitativa, pautada em três processos: pesquisa
bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa de campo. O universo da pesquisa de campo
focalizou os discentes no semestre 2018/01, em que se teve 49 alunos matriculados na
disciplina de estágio supervisionado. E foi utilizada uma amostragem intencional e censitária,
buscando garantir representatividade dos diversos espaços sócio ocupacionais e áreas de
estágio. Nesta perspectiva foram entrevistados 48 alunos (98%), apenas um discente não
participou por ser a pesquisadora do estudo. Em relação aos resultados do estudo, espera-se
que a identificação dos fatores que dificultam o acesso, permanência e acompanhamento dos
estagiários do curso de serviço social nas diferentes instituições que são campos de estágio
em Manaus contribua para subsidiar a reflexão crítica dessas dificuldades, visando a
elaboração de estratégias para a viabilização dos direitos destes discentes à vivencia da prática
profissional com supervisão de estágio de qualidade, bem como o incentivo ao cumprimento
dos princípios Política Nacional de Estágio.

Palavras chaves: Serviço social, Formação Profissional; Estágio Supervisionado;


ABSTRACT

The present research carried out a study to identify the difficulties of insertion, permanence
and monitoring in the supervised stage of the social service course of UFAM that affect the
weakening of professional training. Thus, the opinions of the students who attended the
course supervised in the semesters 2017/02 and 2018/01 were raised. Regarding the
methodological procedures, the research is characterized as a descriptive and explanatory
research. The descriptive approach made it possible to describe the difficulties experienced by
the students and the conditioning factors that weaken the learning process at the stage and
which have repercussions on professional training. In the explanatory approach it was sought
to deepen the critical reflection in the analysis of the causes that generate the difficulties in
access and permanence. The technical procedures used in the collection of the data of the
research were quantitative-qualitative nature, based on three processes: bibliographic
research, documentary research and field research. The field research universe focused on the
students in the semester 2018/01, in which there were 49 students enrolled in the subject of
supervised internship. And an intentional and census sampling was used, aiming to guarantee
the representativeness of the different socio-occupational spaces and internship areas. In this
perspective 48 students were interviewed (98%), only one student did not participate because
she was the researcher of the study. Regarding the results of the study, it is expected that the
identification of the factors that hinder access, stay and follow-up of the trainees of the social
work course in the different institutions that are field internships in Manaus contribute to
subsidize the critical reflection of these difficulties, aiming at the elaboration of strategies for
the realization of the rights of these students to the experience of the professional practice
with supervision of the quality internship, as well as the incentive to the fulfillment of the
principles National Policy of Internship.

Keywords: Social work, Vocational training; Supervised internship;


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Quantitativo de discentes matriculados na disciplina estágio supervisionado no


semestre 2018/01 ............................................................................................................................ 45
Gráfico 2: Sexo dos discentes matriculados em Estágio Supervisionado no semestre2018/01 por
área sócio-ocupacional ................................................................................................................... 47
Gráfico 3: Identidade de gênero dos discentes matriculados em Estágio Supervisionado no
semestre 2018/01 por área sócio-ocupacional ................................................................................ 48
Gráfico 4: Subdivisão das turmas de Estágio Supervisionado do Curso de Serviço Social no
semestre 2018/01 ............................................................................................................................ 51
Gráfico 5: Discentes que realizaram trocas de turno na disciplina de estágio supervisionado no
semestre 2018/01 ............................................................................................................................ 52
Gráfico 6: Dificuldades de inserção nos campos que ofereciam Estágio Supervisionado no
semestre 2017/02 ............................................................................................................................ 55
Gráfico 7: Área de estágio almejada pelos discentes ..................................................................... 59
Gráfico 8: Dificuldades de encontrar estágio que conciliasse com horário da graduação ............. 61
Gráfico 9: Disponibilização de auxílio / recurso ............................................................................ 66
Gráfico 10: Opinião do discente sobre a visão da instituição concedente no Estágio
Supervisionado ............................................................................................................................... 67
Gráfico 11: Discentes que ultrapassaram às 150 horas obrigatórias no Estágio Supervisionado .. 67
Gráfico 12: Posicionamento dos discentes quanto às irregularidades vivenciadas ........................ 68
Gráfico 13: Visão dos discentes sobre as causas da indisponibilidade de tempo do supervisor de
ensino.............................................................................................................................................. 76
Gráfico 14:Visão dos alunos sobre a eficácia da visita nos estágio I e II...................................... 86
Gráfico 15: Visão dos discentes sobre as causas da indisponibilidade de tempo do supervisor de
campo para dar orientações no estágio I e II .................................................................................. 89
Gráfico 16: Planejamento ou roteiro de acompanhamento do estágio I e II .................................. 95
Gráfico 17: A opinião dos discentes sobre a visão do supervisor sobre o estágio como espaço de
formação no estágio I e II ............................................................................................................... 97
Gráfico 18: Dificuldades da participação efetiva nos instrumentais do estágio I e II .................... 98
Gráfico 19: Visão dos discentes sobre qualidade da supervisão de campo no estágio I e II ........ 100
Gráfico 20: Grau de conhecimento dos instrumentos legais norteadores no Estágio Supervisionado
...................................................................................................................................................... 104
Gráfico 21: Quantitativo geral de discentes que pretendem seguir carreira na área de estágio ... 105
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Áreas sócio-ocupacionais de inserção dos discentes matriculados na disciplina


Estágio Supervisionado nos semestres 2017/02 e 2018/01 ...................................................... 46
Tabela 2: Faixa etária dos discentes matriculados em estágio supervisionado no semestre
2018/01 ..................................................................................................................................... 48
Tabela 3: Discentes que aproveitaram o estágio não-obrigatório para realizar o estágio
obrigatório ................................................................................................................................ 54
Tabela 4: Dificuldades de permanência nos estágios em campo nos semestres 2017/02 e
2018/01 ..................................................................................................................................... 62
Tabela 5: Carga horária do estágio afetando a rotina acadêmica por área ............................... 65
Tabela 6: Carga horária exercida no estágio no campo de estágio por área ............................. 65
Tabela 7: Levantamento de orientações recebidas sobre os instrumentais de estágio ............. 74
Tabela 8: Disponibilidade do supervisor de ensino para dar orientações individuais .............. 75
Tabela 9: Dificuldades de compreender o conteúdo teórico abordado na sala de aula ............ 78
Tabela 10: Dificuldades de questionar ou perguntar algo do supervisor de ensino ................. 80
Tabela 11: Levantamento sobre a quantidade de visitas recebidas no campo de estágio ........ 82
Tabela 12: Levantamento da carga horária da visita recebida no campo de estágio ................ 83
Tabela 13: Dificuldades de expor irregularidades na visita de acompanhamento ................... 83
Tabela 14: visão dos discentes sobre as dificuldades vivenciadas no acompanhamento do
estagiário pelo supervisor de ensino ......................................................................................... 86
Tabela 15: Motivos da indisponibilidade de tempo do supervisor de campo para dar
orientações no estágio ............................................................................................................... 88
Tabela 16: Aprendizado da prática profissional no estágio em campo .................................... 92
Tabela 17: Momentos que o discente ficou sem acompanhamento do supervisor de campo .. 93
Tabela 18: Visão sobre o aprendizado individual dos discentes nos Estágios Supervisionados
................................................................................................................................................ 103
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Dimensões que direcionam a Formação Profissional do Assistente Social ............ 29


Quadro 2: Carga horária das disciplinas Estágio Supervisionado I, II e III da UFAM ............ 41
Quadro 3: Ementa das disciplinas Estágio Supervisionado I, II e II da UFAM ....................... 42
Quadro 4: Atribuições da Coordenação de Estágio do Curso de Serviço Social da UFAM .... 43
Quadro 5: Atribuições do estagiário no Estágio Supervisionado I, II e III do Curso de Serviço
Social da UFAM ....................................................................................................................... 44
Quadro 6: Trocas de áreas sócio-ocupacionais do semestre 2017/02 para o semestre 2018/01
.................................................................................................................................................. 46
Quadro 7: Campos de inserção do Estágio Supervisionado II no semestre 2018/01 ............... 49
Quadro 8: Motivos que ocasionaram a troca do horário na disciplina de Estágio
Supervisionado ......................................................................................................................... 52
Quadro 9: Justificativas de outras dificuldades não abordadas nas opções do formulário de
entrevista................................................................................................................................... 56
Quadro 10: Motivos dos discentes não realizarem estágio na área almejada ........................... 59
Quadro 11 Justificativas das dificuldades de conciliar o estágio supervisionado em campo
com a graduação ....................................................................................................................... 61
Quadro 12: Justificativa das dificuldades de permanências no estágio supervisionado em
campo ....................................................................................................................................... 62
Quadro 13: Principais motivos de não relatarem as irregularidades ........................................ 68
Quadro 14: Visão dos discentes sobre possíveis estratégias na defesa do estágio de qualidade
.................................................................................................................................................. 70
Quadro 15: Pesquisa Documental - Atribuições do Supervisor de Acadêmico segundo PCC
/2009 ......................................................................................................................................... 73
Quadro 16: Justificativas dos discentes sobre as causas de indisponibilidade de tempo do
supervisor de ensino no acompanhamento ............................................................................... 76
Quadro 17: Justificativa sobre dificuldades de compreensão do conteúdo teórico abordado na
sala de aula................................................................................................................................ 78
Quadro 18: Justificativa sobre as dificuldades de perguntar ou questionar algo ao supervisor
de ensino ................................................................................................................................... 80
Quadro 19: Justificativas sobre as dificuldades de expor críticas ou irregularidades nas visitas
de acompanhamento ................................................................................................................. 84
Quadro 20: Pesquisa Documental - Atribuições do Supervisor de Campo .............................. 87
Quadro 21: Justificativa sobre as causas da indisponibilidade de tempo na percepção do
discente ..................................................................................................................................... 90
Quadro 22: Justificativas sobre a ausência de acompanhamento no estágio ............................ 94
Quadro 23: Justificativas sobre ausência de roteiro ou planejamento no processo da
supervisão ................................................................................................................................. 95
Quadro 24: Opinião dos discentes sobre o posicionamento dos supervisores quanto ao estágio
como espaço de formação......................................................................................................... 97
Quadro 25: Justificativa sobre a ausência da participação efetiva dos supervisores de campo
na elaboração e construção dos instrumentais de Estágio Supervisionado I e II ..................... 99
Quadro 26: Opinião dos discentes entrevistados sobre a qualidade da supervisão de campo 100
Quadro 27: Opinião dos discentes entrevistados sobre a importância do estágio na formação
profissional ............................................................................................................................. 102
Quadro 28: Visão dos discentes sobre o aprendizado nos estágios nos semestres 2017/02 e
2018/01 ................................................................................................................................... 103
Quadro 29: Justificativa dos discentes que não irão seguir carreira na área de estágio ......... 106
LISTA SIGLAS

ABEPSS Associação Brasileira De Ensino e Pesquisa em Serviço Social


CFESS Conselho Federal de Serviço Social
CNS Conselho Nacional de Saúde
DSS Departamento de Serviço Social
IES Instituição Ensino Superior
PNE Política Nacional de Estágio
PPC Plano Pedagógico do Curso
PNAS Política Nacional de Assistência Social
SUAS Sistema Único de Assistência Social
UFAM Universidade Federal do Amazonas
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................... 16

CAPÍTULO I: A CENTRALIDADE DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO


ASSISTENTE SOCIAL ........................................................................................................................................................ 21

1.1 Abordagem conceitual sobre a profissão: surgimento, identidade, legitimação e diretrizes da formação
profissional segundo a ABEPSS ...................................................................................................................................... 21

1.2 O estágio supervisionado na formação do assistente social: conceito, principais instrumentos legais e
políticos ................................................................................................................................................................................ 31

1.3 Principais diretrizes da política de estágio do curso de Serviço Social da UFAM ........................................ 38

CAPÍTULO II: AS SINGULARIDADES DO ESTÁGIO NA UFAM NOS SEMESTRES 2017/02 E 2018/01: AS


DIFICULDADES DE INSERÇÃO E PERMANÊNCIA ................................................................................................... 45

2.1 Caracterização do estágio curricular em Serviço Social nos semestres 2017/02 e 2018/01 na UFAM 45

2.2 Perfil dos discentes inseridos no Estágio Curricular Obrigatório ................................................................... 47

2.3 Descrição das áreas que aglutinam os espaços sócio-ocupacionais campos de estágio................................ 49

2.4 Dificuldades de inserção nos possíveis campos de Estágio Supervisionado ................................................ 55

2.5 Dificuldades de permanência dos discentes no Estágio Supervisionado ...................................................... 62

CAPÍTULO III: O ACOMPANHAMENTO DOS ESTAGIÁRIOS PELO SUPERVISOR DE ENSINO E CAMPO:


DIFICULDADES E POSSIBILIDADES ........................................................................................................................... 73

3.1 Abordagem das dificuldades de acompanhamento do supervisor de ensino .............................................. 73

3.2 Abordagem das dificuldades de acompanhamento do supervisor de campo .............................................. 87

3.3 Contribuições do estágio no processo de formação profissional .................................................................. 101

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................................. 107

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................................. 112

APÊNDICES ....................................................................................................................................................................... 117

ANEXOS .............................................................................................................................................................................. 134


INTRODUÇÃO

No que concerne à discussão teórica da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em


Serviço Social (ABEPSS), o estágio assume centralidade na formação profissional, por isso, a
importância deste processo ter qualidade, sendo o estágio considerado fundamental para a
compreensão das competências e habilidades profissionais. As dificuldades de materialização
dessa centralidade e da relação dos sujeitos envolvidos no estágio sempre foram tema de
debates e discussões, pois as transformações e mudanças políticas, econômicas, culturais e
sociais afetam os diferentes espaços sócio-ocupacionais do assistente social, os chamados
campos de estágios, em que se inserem supervisores e discentes que fazem parte do objeto de
estudo.
A razão da escolha da temática desta pesquisa teve três pontos de partidas. O primeiro
ponto de partida surgiu a partir da observação dos conflitos e dificuldades vivenciadas no
estágio supervisionado em campo. Ao observar a prática no campo foi possível identificar
várias situações que fragilizam o processo de ensino aprendizagem na formação profissional,
dentre elas estavam as competências do assistente social e falta de organização para a
orientação do discente. Observou-se que havia uma indisponibilidade de tempo para o
acompanhamento contínuo no processo de materialização da supervisão, por conta da
sobrecarga de trabalho do supervisor, ocasionando uma limitação no tempo de supervisão.
O segundo ponto de partida se formou em sala aula, quando discentes da disciplina
estágio supervisionado descreviam suas experiências e inseguranças em relação ao processo
de ensino aprendizagem e suas dificuldades de comunicação com supervisores, dificuldades
que se estendem à supervisão de ensino. Embora haja um leque de instrumentos legais e
políticos que direcionam a realização do estágio supervisionado em Serviço Social, ainda há
desafios relacionados à materialização do estágio supervisionado como espaço privilegiado de
aprendizado, o que significa que o estágio está além de uma disciplina em que o discente
precisa ser aprovado.
O terceiro ponto de partida é a organização do acompanhamento dos supervisores de
campo e ensino. A presença de um supervisor de campo que compreenda o estágio
supervisionado como espaço de formação é fundamental neste processo de ensino
aprendizagem, pois para o discente esse é um momento de análise, construção e descobertas.
Diante disso, a comunicação e capacitação são elementos essenciais no processo de
supervisão, pois as dúvidas e questionamentos são sanados quando há uma qualidade na troca
16
de informações, e isso precisa de tempo, organização e conhecimento. Evidenciou-se que os
discentes estavam tendo dificuldades por conta da ausência de um plano de trabalho e
compreensão do estágio como espaço de aprendizado.
Através dos relatos ficou evidente que nem todo supervisor de campo compreende o
estágio curricular como espaço de formação, e quando compreende, ainda assim solicita
algumas atividades dentro da lógica de trabalho institucional. Pressupõe-se que há uma
distorção quanto às atribuições que devem ser exercidas pelo discente, bem como uma
limitação do discente às questões burocráticas, administrativas ou apenas na parte técnica do
exercício profissional, quando no processo de aprendizado é necessário desenvolver a parte
interventiva e investigativa da profissão e ter como base as dimensões: teórico-metodológica,
ético-política e técnico-operativa.
Nesta perspectiva, a pesquisa teve como questão norteadora central: Quais as
principais dificuldades vivenciadas pelos discentes no processo de inserção, permanência e
acompanhamento no estágio supervisionado do curso de serviço social da UFAM que incidem
na fragilização da formação profissional? Para responder essa questão central e compreender
seus desdobramentos, foi necessário responder a questões secundárias em suas
especificidades: Quais os principais aspectos do debate atual sobre a importância do estágio
supervisionado na formação do assistente social? Quais as visões dos discentes sobre as
dificuldades vivenciadas na inserção e permanência no estágio em diferentes espaços sócio-
ocupacionais que são campos de estágio da UFAM? Quais as visões dos discentes sobre as
dificuldades de acompanhamento pelo supervisor de campo e ensino?
A partir das supracitadas questões, definiu-se o objetivo geral desta pesquisa: Analisar
as principais dificuldades vivenciadas pelos discentes na inserção e permanência no estágio
supervisionado do curso de serviço social da UFAM que incidem na fragilização da formação
profissional. E como objetivos específicos: 1) Discorrer sobre os principais aspectos do debate
atual sobre a importância do estágio supervisionado na formação do assistente social; 2)
Identificar as visões dos discentes sobre as dificuldades vivenciadas na inserção e
permanência no estágio em diferentes espaços sócio-ocupacionais que são campos de estágio
da UFAM; e 3) Caracterizar as visões dos discentes sobre as dificuldades de acompanhamento
pelo supervisor de campo e ensino. Assim, a pesquisa teve como propósito a análise das
dificuldades vivenciadas, correlacionando-as ao processo de ensino aprendizado na relação
entre supervisores e discentes.

17
Em relação aos procedimentos metodológicos, de acordo com objetivos do estudo (ver
apêndice A), a pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa descritiva e explicativa. No que se
refere à sua natureza Descritiva, o estudo buscou descrever as visões dos discentes sobre as
dificuldades de inserção, permanência e acompanhamento no estágio supervisionado,
focalizando a relação com os sujeitos envolvidos na materialização do estágio supervisionado
na universidade e espaços sócio-ocupacionais. Enquanto à natureza Explicativa, o estudo
buscou aprofundar a análise da realidade do estágio supervisionado em suas singularidades,
identificando as causas e/ou fatores condicionantes das dificuldades no processo de ensino e
aprendizagem no desenvolvimento do estágio curricular. Nesta perspectiva, a presente
pesquisa analisou as causas das dificuldades na materialização do estágio e as repercussões
dessas dificuldades na formação profissional.
No que se refere aos procedimentos técnicos da coleta de dados da pesquisa, foi
desenvolvida uma abordagem quanti-qualitativa, pautada em três processos complementares:
pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica
esteve presente durante todo o processo da pesquisa, subsidiando a discussão e
fundamentação teórica sobre o Serviço Social, a formação profissional, e o estágio
supervisionado, que são as categorias teóricas centrais da pesquisa.
Na pesquisa documental se obteve dados primários e secundários, tendo sido realizada
para fazer um levantamento dos campos de inserção nos diversos espaços sócio ocupacionais,
visando identificar a quantidade desses espaços, bem como, identificar a quantidade de alunos
matriculados em estágio supervisionado e suas respectivas turmas. O universo da pesquisa
documental definiu-se em 31 espaços sócio ocupacionais, tendo 49 alunos matriculados na
disciplina estágio supervisionado, subdivididos em 06 turmas.
A pesquisa de campo foi realizada mediante a abordagem quanti-qualitativa. No
primeiro momento foi elaborado um roteiro de observação para compreender a visão dos
discentes frente às dificuldades vivenciadas. A coleta de dados foi materializada através da
aplicação de formulários de entrevista semiestruturado (ver apêndice C), com perguntas
fechadas (com respostas fixas) referentes ao processo do estágio e, também, com perguntas
abertas, para obtenção, de forma qualitativa, das visões dos discentes sobre as dificuldades
vivenciadas no estágio. A combinação entre perguntas fechadas e abertas, também contou
com a contribuição de questões de múltipla escolha, visando uma melhor quantificação de
dados.

18
A aplicação dos formulários ocorreu por meio do contato direto e individual mediante
o Consentimento Livre e Esclarecido dos discentes entrevistados (ver apêndice B), para que
não houvesse riscos de perguntas ficarem em branco, bem como, esclarecer para os
entrevistados quais eram os objetivos da pesquisa, a sua importância e a contribuição
científica, visando também o esclarecimento de dúvidas caso o entrevistado ficasse
desconfortável ou confuso com o formulário. A pesquisa foi realizada nas dependências da
Universidade Federal do Amazonas (conforme termo de anuência/ver anexo A),
especificamente no pavilhão de Serviço Social, em local reservado com discentes que já
haviam concluído o estágio I, e estavam matriculados no estágio II, nos turnos vespertino e
noturno do semestre 2018 /01.
O universo da pesquisa de campo constituiu-se dos discentes que estavam realizando
o estágio supervisionado no semestre 2018/01 do curso de serviço social da UFAM, em que
foram levantados 49 alunos matriculados. A amostragem foi censitária e intencional, em que
se buscou ter representatividade dos diversos espaços sócio ocupacionais e áreas de estágio.
Nesta perspectiva foram entrevistados 48 alunos (98%), pois apenas um discente não
participou por ser a pesquisadora do estudo.
Cabe ressaltar que a pesquisa obedeceu todos os critérios éticos da confidencialidade
das informações prestadas pelo sujeito de pesquisa, e garantiu o sigilo total da identidade dos
entrevistados. Portanto, não será revelado nos resultados da pesquisa o nome dos sujeitos de
pesquisa e nem das instituições campos de estágio. Essa pesquisa foi aprovada no comitê de
ética em Pesquisa da UFAM com o registro de número do parecer consubstanciado do CEP
2.844.922(ver em anexo C).
No que se refere aos aspectos de organização da apresentação dos resultados desse
estudo, esta monografia foi estruturada em três capítulos:
O primeiro capítulo a aborda a Centralidade do Estágio na formação profissional do
Assistente Social, através de uma breve contextualização histórica dos marcos legais da
profissão e da formação profissional, discutindo a importância do estágio supervisionado na
formação profissional e seus desafios na contemporaneidade. Aborda também as principais
diretrizes para a materialização do estágio supervisionado de acordo com a política da UFAM.
O segundo capítulo apresenta os resultados e discussões das singularidades do Estágio
na UFAM nos semestres 2017/02 e 2018/01, através da descrição do perfil dos discentes
matriculados na disciplina estágio supervisionado, assim como das áreas sócio-ocupacionais

19
em que estavam inseridos. Após essa descrição buscou-se analisar as dificuldades de inserção
e permanência.
O terceiro capítulo apresenta as dificuldades em relação ao acompanhamento dos
estagiários pelo Supervisor de Ensino e Campo e finaliza abordando as visões dos discentes
sobre as contribuições do estágio supervisionado na formação profissional.

20
CAPÍTULO I

A CENTRALIDADE DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA


FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL

O Serviço Social é uma profissão construída historicamente, sendo assim, uma


profissão que apresentou mudanças de acordo com o que determinava o momento histórico
social, cultural, político e econômico da sociedade. A construção da sua identidade (valores
éticos, função social e legitimidade) é decorrente de um processo marcado por conflitos,
contradições, tensões políticas e ideológicas, que culminaram no movimento de
reconceituação da profissão, no qual foi construído o atual posicionamento hegemônico da
profissão frente ao seu objeto de investigação e intervenção: as expressões da questão social.
Entende-se que a formação profissional passou por transformações advindas desse processo
de legitimidade na sociedade, assumindo assim, diferentes configurações e influencias em
momentos diferentes.
Sob essa ótica, o presente capítulo tem por finalidade apresentar uma abordagem
conceitual da profissão, através de uma breve contextualização histórica sobre o surgimento
da profissão, da construção da sua identidade e sua legitimação em solo brasileiro. Ainda
buscou-se abordar a diretriz curricular e os instrumentos legais e políticos que norteiam a
atuação, formação e estágio supervisionado na contemporaneidade. Ademais, o presente
capítulo aborda as fragilidades da formação profissional de Serviço Social frente à
precarização das condições e relações de trabalho do assistente social, que repercutem na
materialização do estágio supervisionado como espaço de formação. Por fim, elenca os
principais objetivos das disciplinas “Estágio Supervisionado em Serviço Social”, de acordo
com o Plano Pedagógico do Departamento de Serviço Social e Política de Estágio da UFAM.

1.1 Abordagem conceitual sobre a profissão: surgimento, identidade, legitimação e


diretrizes da formação profissional segundo a ABEPSS

O surgimento da profissão Serviço Social para Netto (2006) está relacionado aos
impactos do avanço industrial no final da terceira década do século XIX, em que surge a
expressão questão social com a finalidade de nomear o “pauperismo”, fenômeno que é

21
resultado dos impactos da revolução da industrial no período em que se consolidava a
instauração do sistema do capitalista. É neste cenário de mudanças que o objeto de
intervenção e investigação da profissão ganha notoriedade. O autor aponta que os impactos
causados pela revolução industrial para a classe trabalhadora desvelaram-se através na
crescente desigualdade e pobreza, emergindo entre as camadas sociais os conflitos e lutas de
classe entre a burguesia e o proletariado. Esses conflitos entre a classe trabalhadora e donos
do capital estavam primordialmente relacionados à manutenção do poder e riqueza.
Segundo Martinelli (2000), o objetivo central era manter as riquezas das classes
dominantes, assim, os donos do capital exploravam a força de trabalho da classe trabalhadora,
ocasionando a organização da mesma para luta de direitos através de protestos das diversas
formas, materializando assim uma ameaça real para a burguesia. É neste cenário que surge a
necessidade do Estado intervir nas relações de trabalho entre a classe operária e donos do
capital, para conter e minimizar os problemas sociais causados pela exploração da força de
trabalho e da acumulação desigual das riquezas. Assim, propiciando naquele momento uma
abertura para o surgimento do Serviço Social como profissão, pautada naquele primeiro
momento em atender os interesses das classes dominantes frente aos novos contornos que as
necessidades sociais assumiam. Mas a autora salienta que a real intenção do posicionamento
do Estado frente à questão social era coibir as manifestações dos trabalhadores, como afirma:

Burguesia, Igreja e Estado uniram-se em um compacto e reacionário bloco político,


tentando coibir as manifestações dos trabalhadores eurocidentais, impedirem suas
práticas de classe e abafar sua expressão política e social [...] surgiam, assim, no
cenário histórico os primeiros assistentes sociais, como agentes executores da
pratica da assistência social, atividade que se profissionalizou sob a denominação de
‘Serviço Social’, acentuando seu caráter de prática de prestação de serviços
(MARTINELLI, 2000, p.66).

Nesta perspectiva, a igreja, burguesia e Estado diante das manifestações da classe


trabalhadora, aliaram-se para apaziguar o chamado “caos social” que era causado pela
reivindicação de direitos. Portanto, o Serviço Social se inseriu na divisão social e técnica do
mercado de trabalho, tendo como centralidade o enfrentamento da questão social como
resposta estratégica do Estado frente às condições de desigualdades as quais estavam
submetidas à classe trabalhadora. Martinelli (2000) concorda com Netto (2006) quando
explica que as transformações procedentes da Revolução Industrial deixaram em evidência a
questão social, propiciando a abertura de espaço para que a profissão fosse desenvolvida,
porém destaca que essas mudanças ocorreram de forma contraditória, pois o Serviço Social
22
naquele contexto era um instrumento nas mãos da burguesia e que de imediato foi-lhe
atribuído uma identidade que afastava a profissão das relações sociais, como a mesma
explica:

A origem do Serviço Social como profissão tem, pois a marca profunda do


capitalismo e do conjunto de variáveis que a ele estão subjacentes – alienação,
contradição, antagonismos –, pois foi nesse vasto caudal que ele foi engendrado e
desenvolvido( MARTINELLI, 2000, 66).

Martinelli (2000) explica que a identidade atribuída ao Serviço Social em suas origens
tem caráter contraditório, pois a profissão nasce articulada com o projeto de hegemonia
burguês, marcando a profissão como uma criação engendrada pelo sistema capitalista e
desenvolvida como estratégia de controle social para garantir a expansão e consolidação do
sistema capitalista. Afirma ainda que foi roubada do Serviço Social a possibilidade de
construir sua própria identidade e suas práticas sociais. Neste sentido, a identidade do Serviço
Social foi construída envolta de contradições que levaram a profissão a assumir características
e atribuições peculiares à particularidade do cenário histórico.
Desta forma, o curso da trajetória histórica da profissão nos permite observar que os
primeiros passos do Serviço Social frente à questão social estavam alicerçados em um viés
assistencialista e filantrópico, buscando controlar os conflitos e caos social. Por conseguinte,
após o avanço do capitalismo e dos novos contornos da questão social, a profissão vai assumir
novas faces e surge uma preocupação com a formação profissional. É nesta perspectiva que o
Serviço Social dá os primeiros passos para a busca da construção de sua própria identidade, e
décadas mais tarde busca romper com a identidade que lhe foi atribuída dentro do contexto
capitalista.
No Brasil, a formação profissional em Serviço Social acompanhou o processo de
construção da identidade profissional e da legitimidade da profissão, adequando-se ao
contexto histórico social, cultural, político e econômico do país. A profissão que nasce no seio
da instauração do sistema capitalista se apropria em sua trajetória histórica de diferentes
influências teórico-metodológicas. Segundo Portes e Portes (2017), o desenvolvimento da
formação profissional nas décadas de 1930, recebe a influencia do humanismo cristão e o
neotomismo, através dos modelos de formação franco e belga. A formação nesse período tem
como base a influência do Serviço Social Europeu e a influência da Igreja Católica através da
doutrina cristã.
23
Segundo Aguiar (1995), a formação profissional estava fundamentada na ideia de que
para ter “vocação social”, era necessário ter “formação social”. A vocação social exigia não
apenas profissionais católicos, mas profissionais competentes e cientes da doutrina social da
igreja. Desta forma, a preparação na formação profissional em suas bases de estudo deveria
conter: formação científica, formação técnica, formação prática e formação pessoal. Aguiar
(1995) faz um breve esboço sobre as linhas de estudo, discorrendo o significado da mesma:

A formação científica se dará através das disciplinas científicas como Sociologia,


Psicologia e Biologia e também da Moral. E deve proporcionar um conhecimento
"exato do homem e da sociedade, de todos os problemas que dele se originam e
neles se refletem", bem como dar-lhes condições para que possam utilizar o saber
recebido como instrumentos de trabalho. A formação técnica é a formação
especifica do Assistente Social. Consiste no estudo das teorias do Serviço Social
então existentes e sua adaptação à nossa realidade. O Assistente Social deve
combater os desajustamentos individuais e coletivos. Daí a formação técnica ensinar
"como" fazê-lo. E a formação técnica que vai dar, ao Assistente Social,
conhecimento sobre o Serviço Social e dar-lhe condições de colocá-lo em prática. A
formação técnica compreende o estudo da natureza do Serviço Social, noções de
técnicas auxiliares e da moral profissional. A formação prática é a aprendizagem
do "como fazer" na realidade das diferentes instituições com que os futuros
assistentes sociais mantinham contatos [...] A formação pessoal: A escola deve se
preocupar com o desabrochar da personalidade integral do aluno. Deve dar ao futuro
Assistente Social uma formação moral muito sólida. [...]sem uma formação moral
solidamente edificada sobre uma base de princípios cristãos, a atividade da
assistente será falha, porque lhe faltarão os elementos que garantem uma ação
educativa, que é visada pelo Serviço Social. (AGUIAR, 1995, p.33)

As linhas de fundamentação na formação profissional, citadas acima demonstram um


distanciamento do real papel do Serviço Social e o autor aponta que foram temas de
discussões e debates nos Anais de Serviço Social. É evidente que o Serviço Social no
contexto era visto como uma profissão meramente técnica que cuidava dos “desajustes” da
sociedade. Portes e Portes (2017) corroboram com pensamento de Aguiar (1995) e salientam
que neste período os assistentes sociais estavam sem direcionamento quanto ao fazer
profissional, tendo em vista que não havia um perfil crítico e a base da formação era
totalmente doutrinária como aponta a formação pessoal, sem essa base a ação profissional era
vista como falha.
Segundo Aguiar (1995), ainda na década de 40 o Serviço Social brasileiro começa a se
aproximar da influencia norte americana, porém ainda ligado a influência europeia. Na
segunda metade da década de 40 e inicio da década de 50, a influência norte americana se
dará através da adoção de técnicas no agir profissional que estavam fundamentadas no
funcionalismo. O autor salienta ainda que haverá uma convivência das duas vertentes. Para
24
Portes e Portes (2017), a formação profissional na década de 50 estava direcionada para a
técnica especializada. As autoras explicam que a linguagem utilizada vai ser positivista-
funcionalista.
Segundo o Plano Pedagógico do Curso de Serviço Social da UFAM (2009) é dentro
deste contexto, das décadas de 40 e 50 do século XX, que surge a primeira Escola de Serviço
Social no Amazonas, sua fundação ocorre em 15 de Janeiro de 1941. É um dos primeiros
cursos implantados no Brasil e seguia o modelo das primeiras escolas implantadas em São
Paulo (1936) e Rio de Janeiro (1937). O curso na época era privado e tinha a duração de dois
anos. Segundo Duarte (2009) embora a fundação da Escola da Escola de Serviço Social de
Manaus ocorra em 1941, apenas em 1945 é reconhecida legalmente pelo Governo do Estado
através do Decreto nº 1.412 /1945 e no âmbito federal através do Decreto nº. 41.463 /1957.
Assumpção e Carrapeiro (2014) destacam que no século XX, no período das décadas
de 50 a 60, ocorreram vários congressos e conferências internacionais de Serviço Social com
intuito de discutir a prática profissional e a formação profissional. Essa discussão tem um
aprofundamento na década de 60 quando a categoria de Serviço Social começa a desvincular-
se dos dogmas religiosos da igreja. As discussões questionam as bases fundantes da profissão,
o reconhecimento da profissão, suas regulamentações e eixos estruturadores das escolas
quanto ao ensino. Enfatiza que as discussões geraram na categoria de Serviço Social a
construção de um perfil mais crítico situado à realidade do contexto da época, porém ao
mesmo tempo em que se pensava na construção de um perfil crítico, a década marcou
profundamente a profissão por conta da instauração da ditadura militar. Conforme
mencionam:

O período da ditadura militar marcou profundamente o Serviço Social brasileiro. Ao


mesmo tempo em que a vertente profissional crítica, que emergiu entre os anos 1961 e
1964, foi sufocada pela repressão, a profissão foi reforçada pela expansão do mercado
de trabalho e pelo debate gerado na categoria sobre questões relacionadas à teoria e ao
método do Serviço Social (ASSUMPÇÃO E CARRAPEIRO, 2014, p.106).

Netto (2009) corrobora com o pensamento Assumpção e Carrapeiro (2014) e salienta


que neste período os assistentes sociais foram vitimas de perseguição política, por conta de
sua organização coletiva contra o regime militar. É partir desta nova conjuntura que se tornou
necessário pensar em uma reformulação para o Serviço Social. Entre 1964 e 1968 se
configura o movimento de reconceituação da profissão, quando se desperta para as limitações

25
teóricas, instrumentais, políticas e -ideológicas da categoria. O movimento expressava uma
forte crítica ao Serviço Social tradicional, questionando suas raízes e o papel da profissão
frente à questão social. Nesta perspectiva, o movimento de reconceituação dá retomada a
procura de novas bases para o Serviço Social, visando à construção de uma profissão com
uma perspectiva crítica e atenta à totalidade da realidade brasileira.
Neste mesmo contexto, segundo Duarte (2009), ocorreu a incorporação do curso
Serviço Social à Universidade Federal do Amazonas em 1968, após 27 anos de sua fundação:

A Escola de Serviço Social de Manaus foi incorporada à Universidade do Amazonas


– UA, por meio da Resolução 2, de 19 de fevereiro de 1968, do Conselho
Universitário daquela instituição federal de ensino superior, que também aprovou
sua nova nomenclatura: Escola de Serviço Social André Araújo, da Universidade do
Amazonas. Na década de 70, a instituição perdeu sua denominação de Escola e
integrou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da antiga UA, atual Instituto de
Ciências Humanas e Letras – ICHL, da Ufam. Nos dias de hoje, funciona em um dos
blocos dessa unidade acadêmica, no Campus Universitário, bairro Coroado (
DUARTE, 2009, p.199).

Para Portes e Portes (2017) é partir da década de 1970 que a formação vai se
adequando às exigências sociopolíticas emergentes após a ditadura militar. No final da
década, a categoria de profissionais passa a questionar quais os objetivos da profissão, quais
os conteúdos a serem abordados na formação, qual a estrutura curricular e sua concepção. As
autoras salientam que é neste cenário que a formação passa a visualizar novas perspectivas,
levando em consideração o aprimoramento metodológico do ensino e reformulando as grades
curriculares das escolas. Segundo o PCC (2009) no Amazonas o curso de Serviço Social da
Universidade Federal do Amazonas terá sua primeira reformulação, como afirma:

Em fins da década de 70, tem sua 1ª reformulação curricular. E no início da década


de 80, realiza o 1º curso de Especialização em Teoria e Metodologia do Serviço
Social. O fato de se integrar à Universidade, fez com que o curso ganhasse mais
visibilidade e interdisciplinaridade, na medida em que possibilitou diálogos com
outros cursos da universidade. O curso de Serviço Social da Universidade do
Amazonas assume o direcionamento da formação profissional no Brasil, de acordo
com as diretrizes da ABESS. É sob esse ordenamento que a trajetória do curso
assinala a preocupação de seu corpo docente em fazer-se presente no cenário
político e ideológico da formação profissional e, assumir o compromisso de rever
seus conteúdos, analisá-los à luz da cientificidade, à luz das demandas que emergem
ininterruptamente no cenário social (PCC, 2009, p.9-10).

Para Netto (2010) o período entre as décadas de 1960 a 1970 gerou um processo
crescente de reflexão crítica e política no âmbito da categoria dos assistentes sociais. Tal

26
posicionamento gerou novas propostas teórico-metodológicas que rompiam com a prática do
assistencialismo. Esse novo posicionamento tinha como princípio um comprometimento
político com a classe trabalhadora e com as lutas populares na sociedade, na defesa dos
valores de democracia, liberdade e direitos. É nesta perspectiva crítica que a profissão adota
em sua base científica uma fundamentação teórica: o materialismo histórico dialético. Era
necessário então estudar a questão social vivida pelo homem através de sua relação com a
sociedade com base em sua historicidade. A influência desse método possibilitou a construção
de um novo perfil profissional desvinculado do Serviço Social tradicional, o que exigia uma
ruptura com o viés conservador da profissão.
Nesta perspectiva a profissão vai ter como fundamentação o pensamento marxiano e
essa nova base vai mudar os eixos e estruturas da atuação e formação profissional do
assistente social. Respaldado por essa vertente ideológica, o Serviço Social se encaminha para
a década de 1980 com um novo posicionamento teórico-metodológico e político-ideológico.
Salienta-se que o Brasil teve uma realidade peculiar dos demais países, a profissão vai se
adaptar de acordo com a realidade do solo brasileiro à corrente marxista, que se ampara no
materialismo dialético, propiciando a interpretação e análise das contradições na sociedade.
Iamamotto (2005) complementa quando menciona a importância da década de 1980 nos
rumos técnicos e acadêmicos da profissão, pois propiciaram a construção de vários elementos
que na contemporaneidade direcionam o perfil profissional do assistente social. Conforme me
menciona:

A década de 1980 foi extremamente fértil na definição de rumos técnico-acadêmicos


e políticos para o Serviço Social. Hoje existe um projeto profissional, que aglutina
segmentos significativos de assistentes sociais no país, amplamente discutido e
coletivamente construído ao longo das duas últimas décadas. As diretrizes
norteadoras desse projeto se desdobraram no Código de Ética Profissional do
Assistente Social, de 1993, na Lei da Regulamentação da Profissão de Serviço
Social e, hoje, na nova proposta de Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social
(IAMAMOTO, 2005, p. 50).

É importante destacar que a consciência coletiva mencionada por Netto (2010) vai
ganhar mais força nas décadas de 1980 a 1990, quando a categoria de assistentes sociais
começa a discutir nos congressos a atuação e respostas da profissão frente à realidade
brasileira em seus desafios conjunturais. Segundo Cardoso (2013) a renovação do Serviço
Social possibilitou a inserção do pluralismo na profissão, no que se refere às diferentes formas
de enfrentar, interpretar e intervir na questão social, como menciona:

27
A renovação do Serviço Social é, portanto, fruto de um processo histórico que
possibilita o pluralismo no seio do Serviço Social, ao encontrarmos a diversidade no
que diz respeito às maneiras de enfrentar a realidade social, de compreender a
questão social e o próprio Serviço Social. Diversidade teórico-metodológica, ético-
política e técnico-operativa na profissão: do modo de pensar, fazer e escolher
(CARDOSO, 2013, p. 135).

É nesta perspectiva que em 1982 a ABEPSS vai elaborar um documento salientando a


necessidade de uma revisão curricular. O documento (parecer n° 412/1982) descreve que o
currículo anterior tinha como proposta uma visão fragmentada da realidade em que deveria
atuar. O documento afirma ainda que:

A formação do profissional de Serviço Social tem como referência básica, o homem


como ser histórico de uma realidade em que os relacionamentos emergem,
principalmente, da correlação de forças e contradições produzidas pela dinâmica da
realidade social (...) torna-se, portanto, fundamental capacitar o aluno para
compreender e analisar de forma crítica a realidade histórico-estrutural e o contexto
institucional, onde se processa a prática do Serviço Social, habilitando-o a propor e
operar alternativas de ação.(...) Trata-se, por conseguinte, de uma formação que se
situa no plano da re-flexão-ação, tendo em vista o desencadear de um processo de
capacitação (ABESS, PARECER, 1982, n° 412).

Segundo ABEPSS (1996), o documento foi elaborado entre 1994 e 1996 como
resultado de várias oficinas e encontros, que discutiam a necessidade de uma proposta que
estabelecesse diretrizes gerais para o Curso de Serviço Social. No ano de 1995 a proposta
apenas continha pressupostos, diretrizes, metas e núcleos de fundamentação. É no ano de
1996 que a proposta salienta que o aporte teórico-metodológico, ético-político e técnico-
operativo da intervenção profissional do assistente social são dimensões fundamentais nesta
nova lógica curricular. Nos dia 07 e 08 a proposta é aprovada resultando nas “Diretrizes
Curriculares de 1996” que direcionam a formação profissional no Brasil. A aprovação é um
marco para profissão, pois representa uma ruptura e crítica com a concepção conservadora e
fomenta uma formação profissional comprometida com o projeto ético político. Quanto ao
direcionamento na formação profissional a ABEPSS (1999) elenca que:

A formação profissional deve viabilizar uma capacitação teórico metodológica e


ético-política, como requisito fundamental para o exercício de atividades técnico-
operativas, com vistas à apreensão crítica dos processos sociais numa perspectiva de
totalidade. Análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as
particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país; Compreensão do
significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio-histórico, nos
cenários internacional e nacional, desvelando as possibilidades de ação contidas na
realidade; Identificação das demandas presentes na sociedade, visando formular

28
respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, considerando as
novas articulações entre o público e o privado (ABEPSS,1999, p.01).

Segundo a ABEPPS (1999) todos os elementos propostos na diretriz estão em


consonância com as determinações da Lei n. 8662 /1993, que regulamenta a profissão de
assistente social e estabelece suas competências e habilidades técnico-operativas. O quadro 1
apresenta a definição de Guerra (2016), de acordo com diretrizes da ABEPSS, sobre as
dimensões que direcionam a formação e atuação do assistente social.

Quadro 1: Dimensões que direcionam a Formação Profissional do Assistente Social

TRIPÉ NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM SERVIÇO SOCIAL

DIMENSÃO TÉCNICO-
“Razão de ser da profissão desenvolve a capacidade de dar respostas instrumentais às
OPERATIVA diferentes e divergentes requisições sócio-profissionais e políticas que se
institucionalizam” (GUERRA, 2016, p. 102).

“Trata-se da dimensão recorrentemente questionada e em certos aspectos negada por


parte significativa de assistentes sociais que ou desdenham a necessidade de referencial
DIMENSÃO TEÓRICO-
teórico para responder as demandas do cotidiano ou reconhecem a teoria como capaz de
METODOLÓGICA dar respostas instrumentais às requisições institucionais. Nessa direção, há que se
considerar o pragmatismo e o utilitarismo como tendências extremamente recorrentes no
cotidiano profissional. Não obstante, estuda-se muito pouco suas configurações e formas
pelas quais essas se manifestam no cotidiano profissional” (GUERRA, 2016, p. 102).

“Trata-se de uma dimensão central, posto que abarca desde a perspectiva do homem e
DIMENSÃO ÉTICO-
mundo do profissional até o método através do qual ele apreende a realidade e as
POLÍTICA estratégias a serem selecionadas, segundo determinados objetivos, prioridades, modo de
fazer, dentro outros. Por ela passam as escolhas teóricas , valorativas, técnicas e
políticas” (GUERRA, 2016, p. 102).
Fonte: (GUERRA, 2016. – A supervisão de Estágio em Serviço Social: Aprendizados, Processos e Desafios).

Segundo a ABEPPS (1999), o aprendizado do conteúdo dessas dimensões está


desdobrado no tripé dos conhecimentos constituídos pelos núcleos de fundamentação da
formação profissional, que são: 1)Núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida
social; 2) Núcleo de fundamentos da particularidade da formação sócio histórica da sociedade
brasileira; 3) Núcleo de fundamentos do trabalho profissional. Esses núcleos são desdobrados
em disciplinas que abordam teoria, trajetória histórica, ética e processos de trabalho do
assistente social. Para Guerra (2016) as dimensões mencionadas acima são essenciais para
compreender a função do Serviço Social, seus instrumentos e processos de investigação e
intervenção.
Para Pereira (2015), a necessidade da formação profissional ter como base essas
dimensões é essencial para reafirmar a indissociabilidade entre o exercício profissional e a
29
formação profissional, pois um dos desafios na materialização de uma formação de qualidade
é romper com a ideia de que o que se aprende na teoria é diferente na realidade. Embora as
três dimensões sejam individuais, devem ser trabalhadas de forma complementar para
compreender a totalidade necessária.
Na contemporaneidade “o Serviço Social é uma profissão que se particulariza na
divisão social e técnica do trabalho pelo seu trato com a questão social, expressão da
desigualdade do modo de acumulação capitalista” (MATOS, 2013, p.55). A atuação
profissional está estreitamente ligada à viabilização da efetivação dos direitos e políticas
sociais e está regulamentada pela Lei n° 8.662 de 1993. A atuação profissional é norteada por
três eixos: o Código de Ética Profissional do Assistente Social de 1993, a Lei da
Regulamentação da Profissão de Serviço Social e as Diretrizes Curriculares para o Curso de
Serviço Social de 1996. Segundo a ABEPSS (1999) o perfil do bacharel em Serviço Social é
caracterizado pelo:

Profissional que atua nas expressões da questão social, formulando e implementando


propostas para seu enfrentamento, por meio de políticas sociais públicas,
empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais. Profissional
dotado de formação intelectual e cultural generalista crítica, competente em sua área
de desempenho, com capacidade de inserção criativa e propositiva, no conjunto das
relações sociais e no mercado de trabalho. Profissional comprometido com os
valores e princípios norteadores do Código de Ética do Assistente Social (ABEPSS,
1999, p.01).

Segundo Iamamoto (2009) o Código de Ética é aprovado em 1993 pela Resolução nº


273 de 13 de março, onde se firma uma nova concepção do projeto da profissão, rompendo de
uma vez com a ética da neutralidade, pois o mesmo está comprometido com os interesses da
classe trabalhadora, defendendo valores como a defesa da democracia e os princípios de
liberdade e justiça social. Esse posicionamento abriu espaço para mudanças tanto no exercício
profissional, quanto na formação profissional. Não apartado, em 07 de junho de 1993 é
sancionada a Lei n° 8.662/93 que dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras
providências. A lei de regulamentação da profissão representou um avanço para categoria no
que diz respeito às atribuições privativas e competências profissionais do assistente social.
Para Hopner e Prates (2017) a década de 1990 trouxe significativas mudanças no
cenário brasileiro com a adoção de medidas neoliberais, salienta que a educação enquanto
política pública foi uma das mais afetadas. Essas medidas causaram um impacto na formação
profissional com a expansão desenfreada do curso de Serviço Social. Para Boschetti (2016) as
30
tendências mercantis na formação profissional geraram currículos flexíveis que fragilizam a
formação profissional em Serviço e colocam o estágio supervisionado como elemento
dispensável no processo de ensino aprendizado. Essas medidas são fortemente críticadas pela
categoria de Serviço Social que defende uma formação de qualidade e de capacitação
contínua.
Segundo Ramos e Abreu (2016) a categoria organizou vários movimentos em defesa
da formação de qualidade. Salienta que em 2010 o Conselho Federal de Serviço Social lançou
a campanha “Educação não é fast-food: diga não para a graduação à distância em Serviço
Social”, porém a campanha foi proibida pelo Ministério de Educação. Em 2011 o CFESS
retorna com a discussão da “incompatibilidade entre graduação à distância e Serviço Social”,
desta vez a crítica é sobre como estão sendo moldados os novos profissionais que atuarão e
serão supervisores no processo de formação de outros discentes. Esses autores fazem uma
crítica ao descompromisso do Ministério da Educação frente à precarização do ensino. Para o
CFESS (2011):

A questão a ser problematizada é a “produção” de profissionais em massa e com


conteúdos banalizados; é a qualidade do ensino que está sendo oferecido, que não
assegura o perfil das Diretrizes Curriculares; é a educação bancária e mercantilizada
que não garante o serviço social de qualidade de que o Brasil precisa (CFESS, 2011,
p.12).

Nesta perspectiva, entende-se que a formação profissional estava se caracterizando


como flexível à lógica do mercado, que os currículos estavam banalizados e distantes do
propõe as Diretrizes Curriculares. Neste cenário a formação profissional vai passar por
desafios e vai se modelar de acordo com o contexto neoliberal, porém diferente da trajetória
histórica explicitada anteriormente neste capítulo, a categoria de profissionais na
contemporaneidade vai se organizar na contramão do contexto neoliberal na defesa de
formação de qualidade com viés crítico e questionador.

1.2 O Estágio Supervisionado na Formação do Assistente Social: conceito, principais


instrumentos legais e políticos.

Para se compreender o conceito de Estágio Supervisionado torna-se necessário


primeiramente compreender o que vem a ser o processo de ensino aprendizado. Segundo

31
Vygotsky (1989), o processo de aprender assume um papel fundamental para o
desenvolvimento do intelecto e do saber. Esse respectivo processo vai envolver trocas de
saberes das partes envolvidas, pois aprendizagem inclui aquele que ensina e aquele que
aprende. Na mesma perspectiva, Freire (1996) complementa que neste processo de
aprendizado não há docência sem discência, não há aprendizado sem pesquisa, sem
criticidade, sem ética, sem reflexão crítica sobre prática. Salienta que “ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”
(FREIRE, 1996 p.12). Desta forma, compreende-se que o estágio supervisionado é uma das
estratégias que tem como centralidade possibilitar a construção do conhecimento de uma
profissão na sua prática.
Não obstante das ideias demonstradas por Vygotsky (1989) e Freire (1996), o Estágio
Supervisionado em Serviço Social tem um papel fundamental na formação do assistente
social. Segundo Guerra (2016), o estágio assume centralidade na formação profissional, pois a
sua materialização aproxima o discente da relação teoria-prática em um espaço permeado por
contradições que possibilitam não só construção de um perfil profissional, mas instiga o
discente a olhar pelas entrelinhas do imediato. Lewgoy (2016) complementa que o estágio
supervisionado é uma atividade complementar na formação profissional, pois tem como
objetivo o aprendizado das competências e atribuições privativas do assistente social. E
quando o discente é inserido em um espaço para aprender, ele tem a possibilidade de obter o
conhecimento da realidade, contradições, correlações de forças. Propiciando uma
aproximação do discente das possíveis respostas profissionais referentes aos problemas que
aparecem no cotidiano da profissão.
Segundo a ABEPSS (2010) o estágio supervisionado no curso de Serviço Social é uma
atividade curricular obrigatória onde o discente é inserido em espaço sócio institucional para
ser capacitado quanto ao processo do trabalho do assistente social. Enfatiza a importância do
acompanhamento da supervisão de ensino e campo neste processo, para que o discente
desenvolva a reflexão entre teoria e prática, propiciando a compreensão do objeto de
trabalho do assistente social (as expressões da questão social). Para Pinto (1997) o processo
de ensino aprendizagem no estágio supervisionado desenvolve a criticidade e reflexão do
discente, possibilitando o entendimento das dimensões teórico-metodológica, ético-política e
técnico-operativa do exercício profissional. A mesma define que o estágio curricular no curso
de Serviço Social é:

32
[...] o momento em que se oportuniza ao aluno aprender, identificar-se e
apropriar-se de sua futura profissão. Mediante a experiência do estágio, é possível
que o aluno estabeleça relações mediatas entre os conhecimentos teóricos, que já
tem e os que estão em processo de construção, e a realidade da prática profissional, a
partir das quais pode desenvolver sua capacidade técnico-operativa e as habilidades
desejáveis ao exercício profissional (PINTO, 1997, p.3, grifo nosso).

Nesta perspectiva, depreende-se que o estágio supervisionado é momento ideal para


fortalecer as dimensões técnico-operativa, teórico-metodológica e ético-política. Pois é no
processo de desenvolvimento do estágio que o discente vai aprender a usar essas bases em sua
investigação e intervenção. Além de aprender as competências profissionais e estratégias a
serem adotadas nos desafios cotidianos da profissão, que exigem muitas vezes uma postura
mais crítica e reflexiva sobre a prática.
Quantos aos instrumentos legais e políticos do Estágio Supervisionado em Serviço
Social, pode-se dizer que estão subdivido em três categorias: Sua legitimação no Ensino
Superior através da lei nº 11.788. Na resolução nº 533/2008 do CFESS e na Política Nacional
de Estágio da ABEPPS. Ressalta-se que os dois últimos estão articulados com as Diretrizes
Curriculares de 1996, que é um importante norteador na formação profissional em Serviço
Social conforme menciona Lewgoy:

O estágio supervisionado está vinculado às Diretrizes Curriculares para os Cursos de


Serviço Social (1996), da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço
Social (ABEPSS), e as Resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE) na
Lei nº 8662/1993(Lei de Regulamentação da Profissão do Assistente Social), no
Código de Ética do Assistente Social (1993), na Resolução CFESS nº 533/2008 –
Supervisão Direta de Estágio e na Política Nacional de Estágio (PNE), da ABEPSS
(2009) (LEWGOY, 2016, p.128).

Nesta perspectiva, o primeiro instrumento legal político a ser abordado será aquele que
realizou a legitimação do Estágio no Ensino Superior Brasileiro. O Governo Federal em 25 de
setembro de 2008 promulgou a lei nº 11.788 que regulamenta todos os estágios no ensino
superior. Estabelece o estágio como atividade didática pedagógica fundamental na formação
profissional, visando o aprendizado das competências profissionais. A lei esclarece as
obrigações dos órgãos envolvidos no estágio, seja em esfera privada ou pública, define os
tipos de estágio em curricular e não curricular e contextualiza os procedimentos para o
cumprimento e registro legais. Para complementar a lei nº 11.788 que regulamenta o estágio,
o CFESS em conjunto com a ABEPSS regulamenta o Estágio Supervisionado em Serviço
Social em 29 de setembro de 2008 pela resolução nº 533, que organiza a supervisão direta de

33
estágio e compreende a necessidade de normatização, fiscalização, garantia a qualidade no
processo de ensino aprendizado. Considerando:

[...] que a atividade de supervisão direta do estágio em Serviço Social constitui


momento ímpar no processo ensino-aprendizagem, pois se configura como elemento
síntese na relação teoria prática, na articulação entre pesquisa e intervenção
profissional e que se consubstancia como exercício teórico-prático, mediante a
inserção do aluno nos diferentes espaços ocupacionais das esferas públicas e
privadas, com vistas à formação profissional, conhecimento da realidade
institucional, problematização teórico-metodológica (RESOLUÇÃO CFESS Nº 533,
de 29 de setembro de 2008).

Desta forma, a resolução reafirma o pensamento de Pinto (1997) quando salienta que o
estágio é o momento de aprender uma profissão e identificar-se com seus instrumentos nos
desafios cotidianos.
Porém, para Ramos e Abreu (2016) a lei nº 11.788/2008 não atendia ao real
significado do estágio supervisionado em Serviço Social como centralidade na formação
profissional, tendo em vista que o estágio supervisionado era visto como mercadoria. Nesta
perspectiva, os desafios que permeavam a materialização do estágio de forma qualificada
ganharam destaque nos debates e congressos realizados pelas entidades CFESS, ABEPSS e
ENESSO, que se posicionavam contra a precarização do ensino. Esses debates e congressos
culminaram na criação da PNE que foi aprovada em 2010, organizada pela ABEPPS.
A PNE (2010) é um norteador para a materialização dos princípios e objetivos do
estágio supervisionado na formação profissional. Define o estágio como espaço privilegiado
de aprendizado que deve impulsionar a compreensão da realidade nos campos de estágio,
compreensão das contradições presentes na profissão, compressão das atribuições do
assistente social e operacionalização das ações interventivas e investigativas. Orienta acerca
dos objetivos do estágio, elenca os princípios norteadores para sua realização, define sua
concepção, destaca parâmetros das atribuições e competências dos participantes envolvidos.
Além de alertar sobre os desafios na contemporaneidade e sua importância na formação
profissional. Para Lewgoy (2016) um dos desafios da PNE é:

[...] estar na contramão da reforma neoliberal da educação superior no Brasil.


Contudo, é exatamente aí que se encontra sua potencia. Como estratégia, entendo
que a política de Estágio vinculada ao projeto profissional e aos projetos
pedagógicos dos cursos, possa criar um canal de comunicação entre os sujeitos
envolvidos nesse processo (docentes, supervisores acadêmicos e de campo,
estagiários e coordenadores de departamentos ou comissões de estágio), a fim de
favorecer a identificação dessas contradições (LEWGOY, 2016, p.143).
34
Os desafios da formação profissional em Serviço Social na contemporaneidade
desvelam-se em vários segmentos: sua relação teoria-prática, a precarização no processo de
ensino, a falta da formação continuada, a falta de incentivo à pesquisa científica, as mudanças
na lei educacional e, principalmente, o tema central desta pesquisa, o estágio supervisionado
que é componente obrigatório na grade curricular da profissão.
O debate atual apresenta uma forte crítica referente à precarização do ensino,
enfatizando que a fragilização no processo de aprendizado compromete não apenas a
formação, mas especificamente o exercício profissional. Quando a formação não fornece os
elementos básicos que fundamentam e direcionam a identidade profissional do assistente
social, o exercício tende a ser desvinculado ao que se preconiza no projeto ético político da
profissão e projeto de formação profissional.
Na discussão sobre precarização do ensino é impossível não abordar o estágio
supervisionado, pois “o estágio se desenvolve em articulação com a política educacional, num
contexto em que educação vem sendo tratada como mercadoria.” (BEHRING, 2016, p.5).
Efeito da contrarreforma do ensino superior decorrente da proposta da LDB, que propunha a
substituição dos currículos mínimos por diretrizes curriculares mais flexíveis, mudança que
ocasionou o crescimento elevado do curso de Serviço Social. Assim, os efeitos na formação
profissional são citados por Boscheti, 2016 p.19:

Esse processo, sobretudo a expansão do ensino a distância, fragiliza a formação, que


se torna mais curta, mais superficial, com menos fundamentação crítica e mais
sujeita à submissão ao mercado consumidor. Essa condição provoca o avanço e
retomada do conservadorismo na profissão, que se expressam de várias maneiras.

Iamamoto (2014, p.116) corrobora com o pensamento e salienta que “a proposta de


currículo mínimo foi atropelada pelo processo de contrarreforma do ensino superior”. A
mesma faz uma crítica às novas ideias do Ministério da Educação quando em 2001 os
currículos mínimos são substituídos por diretrizes mais flexíveis que atendam à lógica do
mercado, salienta ainda que foi necessário recorrer à Lei De Regulamentação da Profissão e
Código de Ética para que não houvesse uma descaracterização da profissão.

É incontestável que a formação em Serviço Social no Brasil tem passado por


mudanças. O crescimento do número de escolas privadas (presenciais e a distância)
de Serviço Social concomitante ao crescimento de profissionais vem se colocando
como desafios quanto à adequação desta formação ao currículo mínimo proposto
pelo corpo coletivo crítico da profissão (ALVES; ALVES, 2015, p.06).

35
Segundo Boschetti (2016), as tendências mercantis tem provocado uma intensificação
no trabalho do assistente social, no que se refere a tempo e demanda. A autora aponta que as
mudanças ocasionadas pelo mercado vêm causando uma alteração estrutural, gerando um
sistema de trabalho padronizado, competitivo e multifuncional. Faz uma reflexão quanto à
extensa e intensa jornada de trabalho do assistente social no ensino, ressaltando que a pressão
por produtivismo fragiliza a qualidade do ensino. Esta não é uma realidade recente, vale
ressaltar o posicionamento de Iamamoto (2009) quando afirma que “a massificação e a perda
de qualidade da formação universitária estimulam o reforço de mecanismos ideológicos que
facilitam a submissão dos profissionais às ‘normas do mercado’, redundando em um processo
de despolitização da categoria” (IAMAMOTO, 2009, p.37).
Esses mecanismos ideológicos são exemplificados através das medidas neoliberais de
mercantilização do ensino. Mas qual a relação da mercantilização do ensino com o estágio e
trabalho do assistente social?. Pereira (2016) explica que o processo de expansão e
empresariamento do ensino superior deve ser compreendido à luz do processo de
produção/reprodução do capital, pois houve uma flexibilização e rebaixamento nas exigências
educacionais que geraram um novo perfil de profissional como menciona Boschetti. Nesta
perspectiva, houve um impacto na formação profissional em serviço social, ou seja, a
precarização do ensino trouxe sérias implicações no espaço profissional da categoria, como
explica Pereira: “Tais profissionais poderão exercer a supervisão de campo ou até mesmo a
docência, retroalimentando as fragilidades no processo formativo de outros profissionais.
Portanto, parece um circulo vicioso, que não se esgota, mas alimenta a precariedade” (2016
p.46).
Na contemporaneidade há uma exigência de um novo perfil profissional que seja
flexível a essas medidas. Essa exigência afeta fortemente o exercício profissional do assistente
social, tanto na academia como nos campos de estágios onde estão inseridos os discentes em
aprendizado, desta forma a problemática citada tornou-se um dos desafios impostos na
formação profissional. De acordo com análise de Boschetti (2016), a crise na
contemporaneidade afeta fortemente a educação, pois a mesma está ligada ao processo de
ensino e estágio. Aponta que o curso de Serviço Social através da contrarreforma do ensino
sofreu mudanças e uma expansão que reestruturou as bases metodológicas. Essa expansão
afeta fortemente o processo de formação, pois estão gerando novos profissionais sem bases
adequadas para se ter um posicionamento crítico político e social nos campos de inserção dos
estagiários.

36
Nesta perspectiva, o processo de supervisão sofre com essas mudanças, pois abre
possibilidades para a retroalimentação do perfil do profissional na lógica do institucional. Para
que não haja uma precarização do trabalho profissional que está diretamente ligado à
qualidade da formação de novos assistentes sociais, torna-se necessário uma organização
coletiva e um sério compromisso com as bases norteadoras da profissão. Segundo Guerra
(2016), o estágio supervisionado é um dos agentes que contribuem para a compreensão entre
o trabalho e a formação profissional, mas salienta que o espaço e condições de trabalho são
determinantes para que ocorra essa materialização. As condições de trabalho de certa forma
influenciam no aprendizado e possibilitam à construção de um perfil crítico atento as
contradições presentes no processo de aprendizado da prática profissional.
Quanto aos desafios no processo de supervisão nos campos de inserção e também na
universidade, Ortiz (2014) aponta que uma das principais características no debate atual de
estágio supervisionado é a necessidade de se “orientar professores, assistentes sociais
supervisores e discentes quanto ao desenvolvimento do estágio em Serviço Social.” (Idem,
2014, p.205). Embora a categoria apresente avanços com as regulamentações da política de
estágio, ainda existe uma precarização nas condições e relações de trabalho que influenciam a
concepção e compreensão do estágio supervisionado como espaço de formação. Ortiz (2016)
aponta que a supervisão no estágio supervisionado pode ser confundida com ato de delegar
tarefas. O autor destaca que alguns supervisores delegam tarefas estratégicas para os
discentes e que desqualificam o amadurecimento teórico, técnico e interventivo da profissão.
A problemática está relacionada às novas configurações de trabalho que são solicitadas pelas
instituições e que confundem o processo de formação do estágio com o processo de trabalho,
conforme explica Santana (2008):

[...] o processo de supervisão figura enquanto elemento integrante do processo de


trabalho do Serviço Social, portanto não é “sobre-trabalho”. [...] Significa
ultrapassar a lógica institucional, que concebe a sua prática restrita à prestação de
serviço e exclui o processo de supervisão (SANTANA, 2008, p.02).

Depreende-se que um dos desafios na formação profissional em defesa do estágio


supervisionado como ferramenta de aprendizado tem sido a concepção errônea dos objetivos e
finalidades do estágio. Santana (2008) salienta a importância de ultrapassar a lógica
institucional, pois as exigências de produtividade estatística dos profissionais que acabam por
não dar o tempo necessário ao processo de supervisão no que se refere ao diálogo e
orientações sobre as competências profissionais. Ortiz (2014) corrobora e aponta que a
37
sobrecarga no trabalho dos assistentes sociais que afetam a qualidade no processo de
supervisão, salienta que “os assistentes sociais supervisores têm muita dificuldade de se
dedicarem à supervisão de estágio e a capacitação permanente em si” (ORTIZ, 2014 p. 212).
Compreende-se que o desgaste profissional é um dos desafios atuais, por isso a necessidade
da formação continuada para que a renovação e aprimoramento do conhecimento possibilitem
novas estratégias na resolutividade dos problemas nos processos interventivos, mas também
na relação com o supervisionado.

1.3 Principais diretrizes da política de Estágio do Curso de Serviço Social da UFAM

Segundo o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CONSEPE e Câmara de Ensino


de Graduação – CEG (2011), a Resolução nº 067/2011 organiza os estágios obrigatórios e
não obrigatórios na Universidade Federal do Amazonas. A resolução é criada considerando a
necessidade de adequação a Lei nº 11.788 que regulamenta os estágios no ensino superior.
Nesta perspectiva, a Resolução nº 067/2011 define em seu Art. 1º a natureza do estágio na
UFAM:

Art. 1º Considera-se estágio na Universidade Federal do Amazonas o ato educativo


escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, visando ao
aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização
curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o
trabalho (RESOLUÇÃO Nº 067/2011, p.01).

Não obstante do que compõe a Lei nº 11.788, a Resolução nº 067/2011 salienta a


importância do estágio supervisionado para o desenvolvimento do aprendizado de uma
profissão. A Resolução nº 067/2011 é composta por vinte e três artigos que definem os
estágios em “obrigatório” e “não obrigatório”, classificando suas diferenças e critérios a
serem cumpridos. Antes da Lei nº 11.788 o Departamento de Programas Acadêmicos
organizava (DPA) somente os estágios “não obrigatórios” conforme menciona Dutra (2014):

O DPA que antes só administrava o estágio não obrigatório passou também a cuidar
do estágio obrigatório em função das prerrogativas exigidas por essa legislação. A
Universidade passou a se organizar no sentido de assegurar o acompanhamento
sistemático por parte de um professor supervisor e por um profissional de campo da
área de formação do estagiário. No caso do Serviço Social, esses profissionais
devem estar devidamente inscritos no CRESS (DUTRA, 2014, p.82).

38
A Resolução nº 067/2011 (2001) também organiza os espaços que serão inseridos os
discentes aptos a realizar o estágio supervisionado. Determina que os campos de estágio
devem estar conveniados com a UFAM. O convênio é materializado através de um termo
jurídico legal entre ambas as parte que asseguram a supervisão, avaliação e os direitos e
deveres dos discentes no estágio em campo. A resolução determina os critérios da Supervisão
no processo de estágio, conforme menciona os artigos:

Art. 11. A supervisão de estágio dar-se-á da seguinte forma: I - Supervisão direta -


acompanhamento do planejamento elaborado pelas partes, que pode ser
complementado com outras atividades acadêmicas pertinentes desenvolvidas na
Universidade Federal do Amazonas e/ou no Campo de Estágio; II - Supervisão
semidireta - orientação por meio de visitas sistemáticas ao Campo de Estágio pelo
professor orientador o qual manterá contatos com o supervisor técnico responsável
pelos estágios, para detectar as possíveis complementações; III - Supervisão
indireta: supervisão através dos relatórios parciais, reuniões e visitas com o
supervisor técnico responsável pelos estágios. Art. 12. São supervisores de Estágios:
I - Obrigatório - os docentes da UFAM de acordo com sua área de formação e
experiência profissional; Art. 13 As avaliações dos estagiários serão realizadas
pelo(s) professor (es)orientador (es) com a colaboração do(s) supervisor(es)
técnico(s) da entidade concedente. Observando-se o Regimento Geral da UFAM
(RESOLUÇÃO Nº 067, 2011, p.4).

Como explicitado anteriormente, a Supervisão no processo de ensino aprendizado do


Estágio Supervisionado é uma ferramenta essencial no acompanhamento dos discentes. A
Resolução nº 067/2011 salienta três categorias de supervisão que são materializadas no Curso
de Serviço Social, que através do Projeto Pedagógico organiza quais instrumentos serão
utilizados no processo de supervisão quanto ao aprendizado e à avaliação dos discentes.
Segundo o CONSEPE e CEG (2009) a Resolução nº 33A/2009 regulamenta o Projeto
Pedagógico do Curso de Serviço Social e define as normas para realização do estágio
obrigatório do departamento de Serviço Social da UFAM. A Política de Estágio
Supervisionado organiza e orienta quanto à concepção do estágio, sua estrutura, seus
objetivos, condições de funcionamento e atribuições dos segmentos envolvidos no estágio
curricular obrigatório. A Resolução nº 33A/2009 define a Concepção e estrutura de Estágio
como espaço privilegiado de ensino-aprendizado, conforme menciona:

I - Concepção de Estágio: O estágio de acordo com o Projeto de Formação


Profissional é concebido como um espaço privilegiado de ensino-aprendizagem,
sendo visualizado como expressivo segmento do processo educacional e como
forma de inserção do aluno, professor e supervisor na realidade social mais ampla.
Constituí-se, assim, em momentos de aprofundamento da proposta de ação-reflexão-
ação buscando levar o aluno a assumir o compromisso profissional tendo como base
o exercício do processo de trabalho do Assistente Social.

39
II - Estrutura do Estágio: O estágio está inserido no conjunto de disciplinas do
curso que fundamentam essencialmente o núcleo de ensino-aprendizagem, devendo
ser veículo para subsidiar a elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso e a
reflexão sobre a produção de novas alternativas de ação profissional. Será efetivado
através dos núcleos de ensino-aprendizagem visando a inserção do discente na
realidade, estabelecendo correlação entre as referências teóricas, as propostas
metodológicas e as conjunturas da sociedade. Constituir-se-á num exercício
contínuo e coletivo assumido de forma compartilhada pelo professor, supervisor e
aluno, através do exercício do processo de trabalho do Serviço Social, em todas suas
possibilidades e limites. A supervisão de estágio é compreendida como um processo
de ensino-aprendizagem, através de uma relação entre supervisores/supervisionados,
abrangendo o planejamento, desenvolvimento e avaliação com total entrosamento
das partes envolvidas (RESOLUÇÃO N˚ 33A/2009-CEG/CONSEPE, p.19).

A concepção defendida na resolução salienta a importância do estágio supervisionado


na centralidade da formação profissional como ato educativo no processo de ensino
aprendizado. A inserção do discente em campo contribui para compreensão da realidade e
aprofundamento no exercício profissional do assistente social. Quanto à estrutura do estágio a
disciplina Estágio Supervisionado está inserida dentro do Núcleo de Fundamentos do
Trabalho Profissional. Segundo o CONSEPE e CEG (2009), o Núcleo de Fundamentação
objetiva: aproximar, potencializar, instrumentalizar e favorecer a reflexão teórico-prática
sobre a trajetória do estágio, conforme menciona:

Aproximar o aluno ao contexto da profissão, sensibilizando-o para a questão social,


para as grandes questões da profissão e para a função social na mesma realidade.
Favorecer a reflexão sobre a realidade social e as organizações em que o Assistente
Social desempenha seu trabalho profissional. Potencializar o desenvolvimento de
atitudes científicas e habilidades técnicas que concorram para a utilização
consciente, consequente e adequada do instrumento técnico-operativo do Serviço
Social. Instrumentalizar o aluno para formulação de propostas teórico-
metodológicas do Serviço Social, situando-o diante de instrumentos e recursos
disponíveis e/ou construído para o exercício profissional. Favorecer a reflexão
teórico-prática sobre a trajetória do estágio, bem como sobre o Trabalho de
Conclusão de Curso, devidamente referenciado a todo o processo de formação.
(RESOLUÇÃO N˚ 33A/2009-CEG/CONSEPE, p.20)

Não obstante da Resolução CFESS nº 533/2008 – Supervisão Direta de Estágio e da


Política Nacional de Estágio (PNE), os objetivos da fundamentação apontam a importância
de aproximar o discente da realidade da profissão, tanto teoricamente como na prática. As
disciplinas trabalho e contemporaneidade são elementos essenciais para fazer reflexão da
realidade social e a organização das configurações de trabalho do assistente social. Assim, é
necessário compreender as contradições e a construção da profissão inserido no estágio
supervisado, possibilitando a construção de uma leitura crítica no discente. Quanto as

40
diretrizes gerais da disciplina Estágio Supervisionado em Serviço Social na UFAM, a
Resolução nº 33A/2009 aponta que:

A atividade teórico-prática que compõe o conteúdo das disciplinas Estágio


Supervisionado I, II, e III, constituem-se como uma atividade obrigatória no Curso
de Serviço Social, regulamentado no 2º par. do Art. 1º, do PARECER 412/82 do
Conselho Federal de Educação, que estabelece: “Haverá um Estágio Supervisionado
obrigatório com a duração de no mínimo 10% do tempo de duração do curso, tempo
esse que não se computará na carga horária mínima do curso (RESOLUÇÃO N˚
33A/2009-CEG/CONSEPE, p.20).

A Resolução nº 33A/2009 salienta que o estágio irá se realizar em instituições


vinculadas a Universidade Federal do Amazonas de caráter público, privado, movimentos
sociais e projetos de pesquisa e/ou extensão que atendam aos critérios estabelecidos pelo
Departamento de Serviço Social em consonância com as diretrizes curriculares. Aponta ainda
que o estágio curricular obrigatório deve ser iniciado no primeiro mês do semestre letivo
quando o aluno já tenha cumprido as disciplinas pré-requisitos que são: Fundamentos
Teórico-Metodológicos do Serviço Social e Política Social II, conforme especificam a matriz
do curso. O quadro abaixo faz uma descriminação da divisão de carga de horária e
organização da disciplina:

Quadro 2: Carga horária das disciplinas Estágio Supervisionado I, II e III da UFAM

CARGA HORÁRIA TEÓRICA - PRÁTICA ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL


Carga Horária Carga Horária Carga Horária Total
(P +T)
DISCIPLINA Prática Teórica
Estágio Supervisionado I 150 30 180
Estágio Supervisionado II 150 30 180
Estágio Supervisionado III 150 30 180
Total 450 90 540

Fonte: Resolução n˚ 33a/2009-CEG/CONSEPE.

Quanto à organização e estrutura, as disciplinas do estágio obrigatório curricular


totalizam 540 horas a serem desenvolvidas, ao longo de três períodos letivos divididos em
150 horas de prática no espaço de inserção e 30 horas de aula teórica na sala de aula. O
cumprimento das horas é obrigatório e é documentado através do Registro de Frequência
exigido pelo Departamento de Serviço Social. As disciplinas de Estágio Supervisionado I II e
III são desenvolvidas em três semestres e uma é pré-requisito para outra, tendo objetivos
diferentes em cada fase, conforme demonstra o quadro a seguir:
41
Quadro 3: Ementa das disciplinas Estágio Supervisionado I e II da UFAM

FASES DA DISCIPLINA ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Exercício teórico-prático mediante a inserção do aluno nos diferentes espaços


institucionais de atuação profissional. Aproximação acadêmica do instrumental
técnico-operativo do trabalho do Assistente Social, orientado por uma postura
investigativa. Conhecimento da realidade institucional e do espaço de atuação
profissional. Análise dos objetivos institucionais e profissionais. Reflexão crítica
DISCIPLINA ESTÁGIO
a cerca dos objetos de intervenção. Delimitação do objeto e formulação de
SUPERVISIONADO I
estudo-diagnóstico para o levantamento das alternativas de intervenção.

Exercício teórico-prático mediante a inserção do aluno nos diferentes espaços


institucionais de atuação profissional. Aprofundamento do conhecimento do
instrumental técnico-operativo do trabalho do Assistente Social, orientado por
uma postura interventiva. Elaboração, implementação/implantação do projeto de
DISCIPLINA ESTÁGIO
intervenção. Supervisão do processo de operacionalização do projeto de
SUPERVISIONADO II
atividades.

Exercício teórico-prático mediante a inserção do aluno nos diferentes espaços


institucionais de atuação profissional, orientando por uma postura
DISCIPLINA ESTÁGIO
avaliativa/propositiva. Reflexão crítica sobre os limites e possibilidades da ação
SUPERVISIONADO III
profissional nos processos de trabalho nos diversos espaços institucionais
Fonte: Resolução n˚ 33a/2009-CEG/CONSEPE.

A Resolução nº 33A/2009 elenca ainda as condições básicas para o funcionamento do


estágio e atribuições em: exigências específicas dos campos de estágio e atribuições dos
envolvidos. As exigências específicas dos campos de estágio desvelam que a Instituição
Concedente precisa ter:

Ter um plano, programa e/ou projeto de Serviço Social de onde partam as diretrizes
das atividades do estagiário, garantindo a relação ensino-aprendizagem buscada pelo
Projeto de Formação Profissional; Conceber o estagiário como aprendiz da prática
profissional e priorizar ações de supervisão em cujo processo seja contemplada a
relação triádica estagiário – supervisor de ensino – supervisor de campo; Possibilitar
ao estagiário o conhecimento e emprego do instrumental técnico-operativo referente
aos projetos em que esteja inserido, criando-lhe condições para análise e crítica ao
seu conteúdo, bem como a estruturação de instrumentos, quando necessário;
Propiciar condições adequadas ao desempenho do estágio no cumprimento de suas
atribuições; Garantir ao supervisor de campo o tempo solicitado pelo Curso de
Serviço Social para a atividade de supervisão, nos encontros programados com o
supervisor de ensino e com o estagiário; (RESOLUÇÃO N˚ 33A/2009-
CEG/CONSEPE, p.21)

Nesta perspectiva salienta-se a importância da Instituição Concedente compreender o


estágio como espaço de formação e não como trabalho como aponta o atual debate sobre os
desafios na materialização do Estágio Supervisionado. Salienta-se que as instituições
concedentes têm como norteador a Lei 11.788, sem considerar a Resolução CFESS nº

42
533/2008 – Supervisão Direta de Estágio e a Política Nacional de Estágio (PNE) que norteiam
a supervisão em Serviço Social. A Resolução nº 33A/2009 de acordo com o que propõe a
Resolução do CFESS nº 533/2008, aponta os objetivos do estágio, os papéis e função dos
envolvidos. Quanto ao papel do Departamento de Serviço social define:

Selecionar, credenciar e, posteriormente, conveniar os Campos de Estágio,


objetivando assegurar o desenvolvimento dos mesmos mediante cumprimento das
condições básicas exigidas para o seu funcionamento. Realizar gestões junto aos
atores das Instituições de Campos de Estágio, mediante constante intercâmbio e
articulação para viabilizar a realização do processo de estágio curricular. Promover
encontros periódicos que propiciem condições de aperfeiçoamento das atividades
teórico-práticas dos supervisores de campo e supervisores de ensino (RESOLUÇÃO
N˚ 33A/2009-CEG/CONSEPE, p.22).

Quanto ao Coordenador de Estágio, essa regulamentação salienta a importância de


coordenar as atividades de estágio, sendo elas administrativas e práticas. O Coordenador
realiza contato no inicio do semestre letivo com as instituições de campo em vínculo com a
Universidade para possível inserção dos discentes, disponibiliza a documentação necessária
para inserção destes. Prepara a documentação de inserção, permanência, acompanhamento e
avaliação do discente. O quadro abaixo descrimina as atividades dispostas na Resolução nº
33A/2009:

Quadro 4: Atribuições da Coordenação de Estágio do Curso de Serviço Social da UFAM

ATRIBUIÇÕES NA MATERIALIZAÇÃO DO ESTÁGIO SUPERVISIOANDO

▪ Coordenar as atividades de Estágio;


▪ Fazer contatos no início de cada semestre letivo com as Instituições de Campos de Estágio, selecionadas
pelo Departamento de Serviço Social;
▪ Distribuir, no término de cada semestre, as fichas de solicitação de estágio aos alunos, a fim de inseri-los
nos campos já e /ou a serem selecionados pelo Departamento;
▪ Preparar, juntamente com o professor supervisor, a documentação de acompanhamento e avaliação do
aluno, responsabilizando-se pela mesma;
▪ Encaminhar à Chefia do Departamento a relação dos alunos que oficialmente serão enviados aos campos
de Estágio;
Do Coordenador de ▪ Solicitar do Supervisor de Ensino no inicio de cada semestre letivo um Programa de Supervisão de
Estágio Estágio elaborado conjuntamente com o supervisor de campo;
▪ Avaliar semestralmente os Campos de Estágio, conjuntamente com os Supervisores de Ensino, de
Campo e alunos;
▪ Participar de reuniões, encontros, treinamentos, seminários e cursos promovidos pelo Departamento;
▪ Articular com os dirigentes dos campos de Estágio a viabilidade de obtenção de estágio remunerado
(bolsas);
▪ Analisar e dar parecer nos pedidos de transferência dos estagiários dos campos de estágio.

Fonte: Plano Pedagógico do curso Serviço Social 2009-CEG/CONSEPE.

43
Quanto às atribuições do discente, o quadro a seguir apresenta algumas competências.
No primeiro item ressalta-se a importância de cumprir as normas de estágio do Curso de
Serviço Social previstas no plano pedagógico.

Quadro 5: Atribuições do estagiário no Estágio Supervisionado I, II e III do Curso de Serviço Social da UFAM

ATRIBUIÇÕES NA MATERIALIZAÇÃO DO ESTÁGIO SUPERVISIOANDO

▪ Cumprir as normas de estágio do Curso de Serviço Social previstas neste documento;


Do ▪ Iniciar o estágio após encaminhamento por escrito do Departamento de Serviço Social;
▪ Estabelecer com o supervisor de campo o horário de estágio e dar a conhecê-lo, por escrito, ao Supervisor de Ensino;
Estagiário
▪ Delimitar, juntamente com o Supervisor de Campo e de Ensino, a problemática objeto do Estágio, bem como os projetos
a serem desenvolvidos na área de atuação;
▪ Assumir somente atividades compatíveis com sua condição de aluno e com o processo de ensino-aprendizagem;
▪ Participar juntamente com o Supervisor de Ensino e de Programa das reuniões de supervisão e das avaliações periódicas
estabelecidas. Comunicar por escrito o Supervisor de Ensino, qualquer anormalidade que ocorra no campo de Estágio;
▪ Solicitar à Coordenação de Estágio do curso de Serviço Social transferência de campo de Estágio, a qual se fará mediante
a exposição de motivos, que deverá ser avaliada pela Coordenação de Estágio e em última instância, pelo colegiado do
curso;
▪ Entregar regularmente a documentação do Estágio: diário de campo, folha de produção, ficha de observação, relatórios,
projetos e outras documentações solicitadas pelos Supervisores de Campo e de Ensino;
▪ Elaborar o Relatório de Estágio em duas vias, a serem entregues aos Supervisores de Ensino e de Campo, no final de
cada período letivo;

Fonte: Plano Pedagógico do curso Serviço Social 2009-CEG/CONSEPE.

As competências apresentam o papel do estagiário na disciplina estágio


supervisionado em Serviço Social. No primeiro item ressalta-se a importância de cumprir as
normas de estágio do Curso de Serviço Social previstas no plano pedagógico. De acordo com
o que determina as atribuições da coordenação, determina o inicio do estágio e a devida
documentação necessária que são o termo de compromisso entre as partes e o
encaminhamento para inserção do discente. Estabelece critérios no processo de ensino
aprendizado, através do acompanhamento das atividades de estágio como identificação do
objeto da profissão e problemáticas relacionadas a contradição presente na atuação
profissional. Entre os principais objetivos do estagiário ressalta-se a elaboração do
instrumental de estágio como: diário de campo, folha de produção, plano individual de
estágio, relatórios do estágio supervisionado, projetos e outras documentações solicitadas
pelos Supervisores de Campo e de Ensino. Essas documentações são entregues aos
Supervisores de Ensino e de Campo, no final de cada período letivo.

44
CAPÍTULO II

AS SINGULARIDADESDO ESTÁGIO NA UFAM NOS SEMESTRES 2017/02 E


2018/01: AS DIFICULDADES DE INSERÇÃO E PERMANÊNCIA

Neste capítulo serão apresentadas as visões dos discentes sobre as dificuldades


vivenciadas no processo de inserção e permanência do estágio curricular obrigatório I e II, nos
diferentes espaços sócio-ocupacionais vinculados à UFAM. E, também, a partir da análise de
conteúdo das entrevistas, buscou-se explicar as principais causas e efeitos das dificuldades na
materialização do estágio.

2.1 Caracterização do estágio curricular em Serviço Social nos semestres 2017/02 e


2018/01 na UFAM

Segundo dados do DSS (2018), o semestre 2018/01 conteve quarenta e nove discentes
matriculados na disciplina de Estágio Supervisionado em Serviço Social II, sendo 37% (18)
do turno vespertino e 63% (31) do turno noturno. Conforme a grade curricular ativa do curso,
essa é a única disciplina no semestre envolvendo o tripé de estágio no processo de formação
profissional. A carga horária da disciplina é composta por 180 horas, subdivididas em 30
horas de aulas teóricas e 150 horas de aprendizado prático. O gráfico a seguir apresenta o
quantitativo de alunos matriculados por turno e área sócio-ocupacional.

Gráfico 1: Quantitativo de discentes matriculados na disciplina estágio supervisionado no semestre 2018/01

VESPERTINO NOTURNO

16
9 11
5 4
43% 41% 1 10% 2 4% 1 2%

SAÚDE SÓCIOJURÍDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA


Fonte: Pesquisa Documental no Departamento de Serviço Social - Folha de frequência das turmas de Estágio
Supervisionado II no semestre 2018/01.

Evidencia-se que as áreas de maior destaque são a saúde e o campo sóciojurídico com
maior número de inserções. O formulário de entrevista aplicado foi respondido
voluntariamente, tendo como enfoque obter dados das experiências vivenciadas pelos
45
discentes, quando realizaram o Estágio Supervisionado I e II 1. Desta forma, cabe apresentar
neste estudo às áreas de inserção nos semestres 2017/02 e 2018/01, conforme apresenta a
tabela a seguir.

Tabela 1: Áreas sócio-ocupacionais de inserção dos discentes matriculados na disciplina Estágio


Supervisionado nos semestres 2017/02 e 2018/01
ESTÁGIO I - 2017/02 F.a F.r % ESTÁGIO II - 2018/01 F.a F.r %
SAÚDE 20 42% SAÚDE 20 42%
SÓCIOJURÍDICO 20 42% SÓCIOJURÍDICO 20 42%
ASSISTÊNCIA 03 6% ASSISTÊNCIA 05 10%
EDUCAÇÃO 02 4% EDUCAÇÃO 02 4%
EMPRESA 01 2% EMPRESA 01 2%
HABITAÇÃO 01 2% - - -
PESQUISA E EXTENSÃO 01 2% - - -

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

Observa-se que alguns discentes trocaram de área do semestre 2017/02 para o


2018/01. Evidencia-se um crescimento na área da assistência e a ausência nos espaços de
habitação, pesquisa e extensão. Quanto aos discentes que realizaram as trocas, o quadro que
segue apresenta especificamente para qual área os discentes migraram.

Quadro 6: Trocas de áreas sócio-ocupacionais do semestre 2017/02 para o semestre 2018/01

Nº ENTREVISTADOS ESTÁGIO I - 2017/02 ESTÁGIO II - 2018/01.

01 FORMULÁRIO 02 SÓCIOJURÍDICO ASSISTÊNCIA


02 FORMULÁRIO 12 SAÚDE ASSISTÊNCIA
03 FORMULÁRIO 19 SAÚDE SÓCIOJURÍDICO
04 FORMULÁRIO 29 HABITAÇÃO SAÚDE
05 FORMULÁRIO 31 SAÚDE SÓCIOJURÍDICO
06 FORMULÁRIO 33 PESQUISA E EXTENSÃO SAÚDE
07 FORMULÁRIO 42 SÓCIOJURÍDICO SAÚDE

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

Dos quarenta e oito (48) discentes entrevistados, 14,58 % (7) realizaram trocas de
áreas ocupacionais, ainda assim, as áreas saúde e sociojurídica permaneceram com
quantitativo igual.

1
A pesquisa abrangeu especificamente 94% (17) dos discentes matriculados no turno vespertino, apenas a
pesquisadora que estava inserida na área da saúde, não respondeu o formulário de entrevista. No que se refere ao
turno noturno 100 % (31) dos discentes matriculados em Estágio Supervisionado II, foram entrevistados. Nesta
perspectiva que a representatividade desta pesquisa equivale a 98 % (48).
46
2.2 Perfil dos discentes inseridos no estágio curricular obrigatório

Entre os discentes entrevistados, 96% (46) são do sexo feminino e apenas 4% (02) do
sexo masculino. Segundo Cisne (2004) a marca de “feminização” da profissão está articulada
a gênese da profissão. Esse perfil permanece presente na contemporaneidade e pode ser
refletido com base nos dados fornecidos pelo CFESS (2018) quando aponta que a 15ª região
possui 9.873 assistentes sociais inscritos com registros ativos e cancelados. Especificamente
no Amazonas, com registros ativos há 6.067 assistentes sociais, sendo 96,48% (5.853) do
sexo feminino e apenas 3,52% (214) do sexo masculino.

Gráfico 2: Sexo dos discentes matriculados em Estágio Supervisionado no semestre2018/01 por área sócio-
ocupacional

FEMININO MASCULINO

19 20

5
1 2 1
40% 2% 42% 10% 4% 2%

SAÚDE SÓCIOJURÍDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESARIAL

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01

A marca da “feminização” pode ser também percebida no curso de Serviço Social da


UFAM, pois o percentual do sexo masculino matriculado na disciplina estágio é apenas de
4% (2), uma clara demonstração que ainda há traços da herança da profissão, no que se refere
ao Serviço Social como uma profissão para mulheres. Ainda na premissa de identificação
desses sujeitos, identificou-se que 4% (02) dos entrevistados se identificaram como “homem
cis” e 94% (45) se identificam como “mulher cis”, apenas 2% (01) preferiu não responder a
questão. É relevante ressaltar que a discussão sobre a identidade de gênero tem ganhado
notoriedade nos últimos cinco anos, porém ainda permeada por tabus e pré-conceitos
estabelecidos. O gráfico a seguir apresenta a identificação de gênero dos discentes, por área
de inserção no semestre 2018/01.

47
Gráfico 3: Identidade de gênero dos discentes matriculados em Estágio Supervisionado no semestre 2018/01
por área sócio-ocupacional

MULHER CIS HOMEM CIS OPTOU NÃO RESPONDER

19 19
1 1 5 2 1

SAÚDE SÓCIO JURÍDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESARIAL

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01

É importante destacar que o formulário oferecia como opção os gêneros2: mulher e


homem cisgênero, mulher e homem trans, travesti e não binário. Outro aspecto relevante é
que a análise por área de inserção no campo apresenta que os entrevistados que se
identificaram como “homem cis” estavam inseridos nas áreas de saúde e organização
empresarial. O perfil de faixa etária desses discentes é demonstrado na tabela 2 que segue:

Tabela 2: Faixa etária dos discentes matriculados em estágio supervisionado no semestre 2018/01

TOTAL DE PORCENTAGEM
IDADE SAÚDE SÓCIOJURÍDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA
MATRICULADOS GERAL
18 a 22 anos 09 16 02 - - 27 56%
23 a 27 anos 03 03 01 - - 07 15%
28 a 32 anos 02 - - - 01 03 6%
33 a 37 anos 01 01 - - - 02 4%
38 a 42 anos 01 - 01 - - 02 4%
43 a 48 anos 03 - 01 - - 04 8%
Acima de 49
01 - - 02 - 03 6%
anos

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

No tocante à questão da faixa etária dos discentes entrevistados, mais da metade dos
discentes encontra-se na faixa de 18 a 22 anos de idade, um perfil jovem. A análise por área
demonstra que os discentes que estão no perfil de 18 a 22 anos estão inseridos nos espaços
saúde, sociojurídico e assistência social. Observou-se também a representatividade da área
saúde nas diferentes faixas etárias. Uma curiosidade interessante é que as discentes acima de
49 anos estão em sua segunda graduação, essas discentes entrevistadas aproveitaram o espaço
de trabalho para realizar o estágio supervisionado.

2
Significados: Cisgênero: Indivíduo que se apresenta ao mundo e se identifica com o seu gênero biológico. Não-
binário: Individuo cuja identidade ou expressão de gênero não se limita às categorias "masculino" ou "feminino”.
Transgênero: Individuo que têm uma identidade de gênero, ou expressão de gênero diferente de seu sexo
atribuído.

48
2.3 Descrição das áreas que aglutinam os espaços sócio-ocupacionais campos de estágio

Segundo o DSS (2018) o semestre 2018/01 possuiu conveniados, trinta e um (31),


espaços de caráter público e privado nas áreas ocupacionais: saúde, sociojurídica, assistência
social, educação e organização empresarial, conforme descrimina o quadro a seguir.

Quadro 7: Campos de inserção do Estágio Supervisionado II no semestre 2018/01

CLASSIFICAÇÃO (13) ESPAÇOS DE INSERÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE


SEMSA - Unidade Básica de Saúde Mansour Bulbol
Atenção Básica SEMSA - Unidade Básica de Saúde Morro da Liberdade
SEMSA - Unidade Básica de Saúde José Palhano
HUGV – Hospital Universitário Getúlio Vargas
SUSAM – Maternidade Nazira Daou
SUSAM – HPS - Dr. João Lúcio Pereira Machado
Média e Alta SUSAM – HPS - 28 de Agosto
Complexidade FHAJ – Fundação Hospital Adriano Jorge
SAMEL – Assistência Médica Hospitalar
CDR - Centro de Doenças Renais do Amazonas
FMTAM - Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado
SUSAM - Assessoria de Serviço Social
Assessoria
CEREST- Centro de Referência Estadual em Saúde do Trabalhador do Amazonas
CLASSIFICAÇÃO (12) ESPAÇOS DE INSERÇÃO NA ÁREA SÓCIOJURÍDICA
TJAM – Fórum Henoch Reis – Centro de Soluções de Conflitos e Cidadania –
Família
TJAM – Fórum Lúcio Fontes de Resende - 2ª Vara de Família
Judiciário: Serviço de
TJAM – Fórum Henoch Reis - Vara da Infância e Juventude Cível
Acolhimento
TJAM – Vara Especializada em Crimes Contra a Dignidade Sexual da Criança e da
Institucional/ Família,
Adolescente
Cidadania, Infância e
TJAM – Fórum Ministro Henoch Reis / Coordenadoria da Infância e Juventude
Juventude. / Execução
TJAM – Fórum Henoch Reis – Setor Psicossocial
de medidas
TJAM – I Juizado Maria da Penha
socioeducativas.
TJAM – Fórum Ministro Henoch Reis/ Vara de Execuções de Medidas e Penas
Alternativas
SEAP – Unidade Prisional Feminino Semiaberto e Aberto – UPFSA
Segurança pública SEAP – Departamento de Reintegração Social e Capacitação – DERESC
SEAP –, Semiaberto Masculino – COMPAJ
Ministério Público MPE – Ministério Público Estadual: Programa Recomeçar
CLASSIFICAÇÃO (03) ESPAÇOS DE INSERÇÃO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Proteção Social
Abrigo Moacir Alves
Especial de Alta
Complexidade
Instituto Amazônia
Proteção Básica
Centro de Convivência do Idoso da Aparecida
CLASSIFICAÇÃO (02) ESPAÇOS DE INSERÇÃO NA EDUCAÇÃO

Gestão e Planejamento
Divisão Distrital da Zona Oeste - DDZO
Educação Especial
Complexo Municipal de Educação Especial André Vidal de Araújo
CLASSIFICAÇÃO (01) ESPAÇOS DE INSERÇÃO EM ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL

Organização e Gestão
Yamaha Motor da Amazônia LTDA
Fonte: Pesquisa Documental no Departamento de Serviço Social – Espaços Institucionais de Inserção no
semestre 2018/01.
49
Nesta perspectiva, é importante fazer uma breve descrição das áreas dos espaços
sócio-ocupacionais que são os campos de estágio. Em relação aos espaços sócio-ocupacionais
na área da saúde, o DSS possui 43% (13) dos campos de inserção no semestre 2018/01. Os
espaços estão divididos em subáreas de atenção básica, média e alta complexidade. Segundo o
CNS (1999) o aparato da atuação do Assistente Social na área da saúde está na Resolução Nº
218/1997 onde reconhece a categoria como profissionais de saúde e considera as ações a
serem desenvolvidas nos programas de saúde na atenção básica, na média e alta
complexidade. Para complementar a resolução do CFESS nº 383/1999, caracteriza o
assistente social como profissional da saúde, porém salienta que o Serviço Social não é
exclusivo da saúde, mas qualificado a atuar nas diversas dimensões das expressões da questão
social no âmbito das políticas sociais, inclusive no que se refere a ações educativas no acesso
e promoção da saúde.
Em relação aos espaços sócio-ocupacionais na área sociojurídica, o DSS possui 39%
(12) dos campos de inserção no semestre 2018/01. Pinto (2016) aponta que houve um grande
crescimento do espaço na última década, especifica que o crescimento está atrelado com
criminalização da pobreza e judicialização das contendas sociais. Observa-se a materialização
dos pontos citados pela autora, na classificação dos segmentos dos espaços de inserção dos
discentes na área sociojurídica. É importante destacar que não há uma resolução especifica
caracterizando a atuação do assistente social na área sociojurídica, os instrumentos
norteadores da atuação estão desdobrados nos subsídios para reflexão elaborados pelo CFESS
em 2014, além da lei de regulamentação da profissão e código de ética.
Em relação aos espaços sócio-ocupacionais na área da assistência social, o DSS
possui 10% (03) dos campos de inserção no semestre 2018/01. Segundo o CFESS (2011) a
atuação do assistente social nestes espaços é caracterizada através da política de assistência
social prevista na Constituição Federal de 1988 e pela Lei Orgânica de Assistência Social.
Elenca que em 2004 é aprovada a Política Nacional de Assistência Social que organiza e
estabelece diretrizes através de uma gestão compartilhada para a implementação do SUAS,
que possui um conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios na assistência social. É
importante salientar que a assistência social é diferente de assistencialismo e que o quadro
traz referências de espaços do terceiro setor que oferecem serviços enquadrados no SUAS.
Em relação aos espaços sócio-ocupacionais na área da educação, o DSS possui 6%
(02) dos campos de inserção no semestre 2018/01. Desde 2001 o CFESS vem trazendo
questionamentos e reflexões sobre a importância do Serviço Social na Educação. Segundo o

50
CFESS (2011) apesar da área não ser um espaço novo, ainda há muitos questionamentos
sobre qual seria o papel do assistente social nesse lócus, por conta da pouca contribuição de
material teórico elaborado. Com intuito de organizar e orientar esses profissionais o conselho
elaborou com outras categorias o Projeto de Lei 3688/2000, que ainda está em tramitação. Em
2001 elaborou uma cartilha que salienta a importância do assistente social na política de
educação no que se refere às pesquisas do acesso, permanência e inclusão dos alunos. Aponta
também que um dos principais objetivos seria materializar a garantia dos direitos e proteção
social que irá envolver uma articulação com outras políticas como saúde, assistência social,
habitação, cultura e esporte e lazer e outras.
Em relação aos espaços sócio-ocupacionais na área da organização empresarial, o
DSS possui 3% (01) dos campos de inserção no semestre 2018/01. Lima e Cosac (2005)
descrevem que a atuação do assistente social neste espaço está relacionada ao assessoramento
de questões de cunho administrativo e questões que afetam o cotidiano dos trabalhadores.
Apontam que as atividades mais realizadas são administração de benefícios sociais,
planejamento estratégico para resultados positivos, coordenação de projetos sociais e outras
atividades que envolvem recrutamento de pessoas, organização salarial e gestão de recursos.
Quanto à estruturação do estágio no âmbito da UFAM, a subdivisão das turmas
referente à disciplina estágio supervisionado II no semestre 2018/01 estava organizada
conforme descrimina o gráfico a seguir.

Gráfico 4: Subdivisão das turmas de Estágio Supervisionado do Curso de Serviço Social no semestre 2018/01

VESPERTINO - IH06 NOTURNO - IH26

11 12
7 8
5 5
14% 10% 10% 22% 24% 16%

TURMA 01 TURMA 02 TURMA 03 TURMA 04 TURMA 05 TURMA 06

Fonte: Pesquisa Documental no Departamento de Serviço Social - Folha de Frequência das turmas de Estágio
Supervisionado no semestre 2018/01.

Observa-se uma disformidade no quantitativo de alunos matriculados por turma, o fato


decorre da migração de discentes do turno vespertino para o noturno. Quando questionados
sobre o código de matricula de origem 52% (25) responderam que são do segmento IH06 e

51
48% (23) do segmento IH26, o inverso do que se apresenta no gráfico. Neste contexto, 21%
(10) dos discentes afirmaram que fizeram a troca de turno. O maior quantitativo de trocas
veio dos alunos inseridos na área sociojurídica, conforme descrimina o gráfico a seguir.

Gráfico 5: Discentes que realizaram trocas de turno na disciplina de estágio supervisionado no semestre
2018/01

13%
6%
2% 10 38

SAÚDE SÓCIOJURÍDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA %


SIM 3 6 1 21%
NÃO 17 14 4 2 1 79%

Fonte: Pesquisa de Campo - 2018/01.

É importante destacar que os discentes inseridos nas áreas da educação (2) e empresa
(1) conciliaram o horário de estágio com o horário de trabalho. Quanto aos motivos de troca
de horário, o quadro abaixo descrimina que as trocas ocorreram para conciliação de horário
com outras atividades e acompanhamento metodológico de ensino do docente.

Quadro 8: Motivos que ocasionaram a troca do horário na disciplina de Estágio Supervisionado


CATEGORIAS
ELABORADAS A PARTIR
DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

“Curso no noturno devido à troca de orientadora, pois ela foi trocada pro noturno” (Entrevistado n°9/
sóciojurídico).
Acompanhamento da
metodologia do docente “Um dos motivos que me fez trocar foi porque grande parte das minhas colegas do mesmo setor que eu, estão a
noite, a gente queria articular o projeto, cada uma trabalhando numa variável do mesmo problema e seria mais
(03 sujeitos) fácil trabalhar em conjunto do que trabalhar com uma professora que não conhecesse tanto da área”
(Entrevistado n°19/ sóciojurídico).

“O meu foi por causa da professora, ela foi para a noite e eu a acompanhei” (Entrevistado n°44/ saúde).

“Porque eu precisei conciliar meus dois estágios, porque onde eu estagio, não aceita o estágio supervisionado,
eles não tem convênio, então se eu não trocasse de turno eu não iria conseguir passar na disciplina” (Entrevistado
n°01/ saúde).

Conciliação de Horário “Porque eu fico com o dia livre para fazer as coisas, estudar à tarde é bem mais corrido, porque tu fica o tempo
com outras atividades limitado” (Entrevistado n° 02/ assistência).

“Porque deu divergências nos horários, eu coloquei pesquisa na sexta-feira e coloquei estágio para a tarde
(07 sujeitos) também, só que aí não estava batendo as disciplinas, aí eu tive que ir para a noite” (Entrevistado n° 6/
sóciojurídico).

“Devido ao horário do meu estágio, faço algumas disciplinas no turno vespertino e estágio (disciplina) no
noturno, desde o quarto período que faço algumas disciplinas à tarde” (Entrevistado n° 8/ sóciojurídico).

52
“Na verdade desde o início da graduação eu me matriculo à noite, porque de dia a gente pode fazer várias outras
coisas, estou até fazendo outra faculdade agora” (Entrevistado n°27/ sóciojurídico).

“Na época que eu fiz, que foi os primeiros períodos, eu precisava trabalhar o dia todo e aí por conta disso, eu
joguei as disciplinas desde o segundo período para noite, aí eu me acostumei com a didática e acabei ficando,
mesmo estagiando só pela parte da manhã e preferi ficar com a turma da noite” (Entrevistado n° 32/
sóciojurídico).

“Não consegui vaga no horário de origem” (Entrevistado n°46/ saúde).

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

Quanto ao acompanhamento metodológico de ensino, observa-se uma preferência a


dar continuidade com o mesmo docente para articular o projeto de intervenção3. A mudança
do docente no processo de desenvolvimento do projeto pode ocasionar um percalço quanto ao
tempo, tendo em vista que o novo docente ainda irá se apropriar do conteúdo para
acompanhar e orientar. É importante considerar que não existe um modo padronizado no
processo de ensinar, pois há particularidades individuais de organização e planejamento.
Gonçalves (2011) assinala que a prática docente no ensino superior está além transmitir
conhecimento, pois é preciso saber ensinar esse conhecimento. Nesse contexto, em razão das
falas, observa-se que houve uma identificação do discente com a metodologia abordada pelo
docente, embora o quadro apresente apenas aqueles que migraram para o turno noturno, no
decorrer do capítulo será apresentado pontos positivos e negativos na opinião dos discentes
que continuaram com o mesmo supervisor de ensino, assim como as dificuldades dos
discentes que não conseguiram se matricular com o mesmo docente.
Quanto às dificuldades de conciliação de horário observam-se dois aspectos
divergentes. O primeiro aspecto é divergência de horários, alguns discentes não conseguiram
se matricular no turno por conta do conflito de horário com outras disciplinas ou por falta de
vagas. A causa deste problema pode estar relacionada ao coeficiente do discente ou
desperiodização no curso, pois a solicitação de matrícula é realizada eletronicamente e possui
alguns critérios de preferências como:

I. Aluno periodizado que solicita disciplina/turma do período, oferecida


prioritariamente para a versão de currículo a que se encontra vinculado; II. Aluno
periodizado que solicita turma diferente da oferecida para a versão de currículo a
que se encontra vinculado; III. Aluno finalista do semestre; IV. Aluno que requer
pela 1ª vez disciplina obrigatória de período anterior; V. aluno que requer disciplina
obrigatória pela 2ª vez por ter sido reprovado por nota; VI. Aluno que requer
disciplina obrigatória pela 2ª vez por tê-la trancado antes; VII. Aluno que requer
disciplina obrigatória pela 2ª vez por ter sido reprovado por falta; VIII. Aluno que
requer disciplina pela 3ª vez, seguindo a ordem estabelecida entre os itens V, VI e
VII (UFAM, PORTARIA Nº079/2010, p. 03).

3
O projeto de Intervenção começa a ser elaborado no final do Estágio I. A implantação e execução são
desenvolvidas no Estágio II.
53
Nesta perspectiva, pressupõe-se que os discentes que não conseguiram vagas, não
estavam dentro dos critérios. O segundo aspecto é relacionado à manutenção de duas
atividades, como trabalho e estágio, ou ainda, estágio não obrigatório com o estágio
obrigatório. Oliveira (2004) faz uma crítica a este processo e salienta que o estágio tem sido
caracterizado como emprego, pois muitos discentes o têm como fonte de renda e manutenção
de despesas acadêmicas, em face de situação socioeconômica. Apesar da distância de
quatorze anos após sua crítica, podemos fazer uma reflexão no contexto atual e observar que
essa caracterização tem se acentuado historicamente e tem gerado consequências na formação
profissional no que se refere à compreensão do papel do estágio como espaço de formação.
Outro aspecto mencionado no quadro é a dificuldade de conciliar o estágio não
obrigatório com obrigatório. Observou-se no decorrer das entrevistas que algumas instituições
às quais os discentes realizavam o “estágio não obrigatório” não possuíam interesse em
vincular com a UFAM, situação que decorre, pois na contemporaneidade há uma resistência
no que se refere ao acompanhamento dos estagiários no estágio curricular obrigatório. De
acordo com as falas dos discentes, algumas instituições oferecem critérios de trocas e/ou
quando aceitam vincular, o assistente social não possuí interesse em supervisionar. É
importante destacar que embora a lei de regulamentação da profissão determine como uma
atribuição privativa a supervisão direta, ainda há uma resistência por parte de alguns
profissionais. Nesta perspectiva, a tabela 3 apresenta o percentual de discentes que
conseguiram aproveitar o estágio não obrigatório.

Tabela 3: Discentes que aproveitaram o estágio não-obrigatório para realizar o estágio obrigatório

ESTÁGIO I - 2017/02 F.a F.r % ESTÁGIO II - 2018/01 F.a F.r %


SAÚDE 03 6% SAÚDE 05 38%
SÓCIO JURÍDICO 14 29% SÓCIO JURÍDICO 18 10%
HABITAÇÃO 01 2% ASSISTÊNCIA 01 02%
PESQUISA E EXTENSÃO 01 2% - - -
TOTAL 19 40% TOTAL 24 50%

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

Dos quarenta e oito entrevistados que estavam inseridos nos espaços sócio
ocupacionais, apenas 50% dos discentes conseguiram realizar o aproveitamento do estágio
não curricular para realizar o obrigatório. Ressalta-se que alguns discentes até realizavam o

54
estágio não obrigatório, porém as instituições concedentes não possuíam vínculo com a
universidade ou não tinham o interesse de complementar com o estágio supervisionado
obrigatório. Observa-se que os espaços de inserção na área sociojurídica tem o maior
quantitativo de discentes bolsistas. Outro aspecto relevante é o crescimento de 10% no
semestre 2018/01.

2.4 Dificuldades de inserção nos possíveis campos de estágio supervisionado

Em relação às dificuldades de inserção nos campos de estágios é importante destacar


que 17% (8) dos discentes não sentiram dificuldades na busca por vagas de estágio, pois
iniciaram o estágio não-obrigatório em semestres anteriores e posteriormente conseguiram
aproveitar para realizar o estágio obrigatório no semestre 2017/02. Quanto aos discentes que
não estavam inseridos em nenhum espaço sócio-ocupacional, as dificuldades desdobraram-se
em critérios e preferências por parte das “Intuições Concedentes”, conforme indica o gráfico a
seguir.

Gráfico 6: Dificuldades de inserção nos campos que ofereciam Estágio Supervisionado no semestre 2017/02

OUTRO 29 60%

SIM, POIS HAVIA PREFERÊNCIA POR SUJEITOS FORMADOS. 13 27%

SIM, POIS HAVIA PREFERÊNCIA POR DISCENTES DO NOTURNO 13 27%

SIM, POIS HAVIA INDICAÇÃO DE QUEM JÁ ESTAVA DENTRO. 14 29%

SIM, POIS HAVIA PRIORIDADES PARA FACULDADES CADASTRADAS. 22 46%

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01 – Questão Múltipla Escolha.

Aparentemente uma das maiores dificuldades estava relacionada às faculdades que


estavam conveniadas com as instituições concedentes. Os relatos dos discentes apontam que
algumas IES, estavam cadastradas e eram preferenciais para preenchimento das vagas
disponíveis ou que para ser inserido era necessário ser indicado por membros que já estavam
no espaço. Segundo Lima (2017), a partir da década de 1990, há grande um crescimento nas
instituições formadoras de assistentes sociais em Manaus, afirma que o curso que era
oferecido somente na UFAM, passa a ser ofertado em outras oito IES, de caráter presencial.

55
Nesse sentido, a disputa por vagas se acentua ainda mais com crescimento desenfreado do
EAD, problemática que não é recente e vem sendo discutida desde 2001, pelo CFESS.
No que se refere à preferência por discentes do turno noturno, é importante considerar
que turno vespertino conteve dezessete (17) discentes matriculados, ou seja, 76% (13) dos
discentes sentiram dificuldade por conta do horário da graduação. Evidencia-se que a parte
prática da disciplina no estágio obrigatório não deve conflitar com o horário das aulas teóricas
do curso e algumas instituições têm horários específicos de funcionamento, por exemplo,
hospitais de urgência e emergência tem preferência por discentes que realizem o estágio em
uma carga de 12 horas no sistema plantão, raramente há o profissional diarista, outro exemplo
é que algumas instituições iniciam o estágio curricular às 08:00 horas e o finalizam 14:00
horas, conflitando com horário da graduação. Esta situação pressupõe que por questões legais
é preferível que os estagiários sejam do turno noturno ou que tenham disponibilidade diurna.
Em relação à preferência por sujeitos formados, treze (13) discentes relataram que ao
procurar por vagas em uma Instituição na área da Saúde, se depararam com o critério de
preferência por sujeitos formados, pressupõe-se que a dificuldade ocorre, pois algumas
instituições tem se apropriado do voluntariado, problemática que é criticada pela categoria de
Serviço Social, uma vez que influencia na precarização do trabalho e desemprego. Yasbek
(2002) assinala que a prática se acentua com a expansão do terceiro setor e que há uma
relação perigosa entre profissionalismo e voluntariado, pois a proximidade entre ambas pode
ocasionar a desregulamentação da profissão no mercado de trabalho. Observa-se que essa
expansão tem se estendido a outras áreas por conta dos serviços terceirizados e voluntários,
principalmente na área da saúde.
Em relação aos discentes que apontaram ter outras dificuldades, o quadro 9 apresenta a
análise de conteúdo das justificativas.

Quadro 9: Justificativas de outras dificuldades não abordadas nas opções do formulário de entrevista
CATEGORIAS ELABORADAS
A PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

“No estágio I, houve bastante dificuldade, pois não houve o apoio da coordenação de estágio, [...]
todas as opções [...] foram respostas que ouvi quando estava à procura de estágio. A única
Falta de apoio da orientação que recebi da coordenação era que devia procurar por estágio no semestre anterior a ser
Coordenação de realizada a disciplina, mas quando fui à procura, as instituições concedentes diziam que era a
Estágio universidade que devia entrar em contato com eles, quando informei na coordenação o ocorrido,
(15 sujeitos) uma das coordenadoras disse que eles nunca atendiam aos pedidos da coordenação, tanto que só
comecei o estágio bem atrasada e só consegui porque fui indicada por colegas que estavam
finalizando o estágio III” (Entrevistado n° 01/Saúde).

“Sim, senti muitas dificuldades, primeiro porque eu que fui procurar [...] a gente não teve apoio

56
nenhum da coordenação, a gente ia começar o estágio e tinha quer ter um estágio, eles não deram
no primeiro momento nenhum suporte, [...] quem foi atrás fui eu, passei dias e dias andando pra
conseguir um estágio e nos lugares que eu fui sempre tinha algum critério [...] eu tive sim, muita
dificuldade de encontrar, por causa da falta de apoio da coordenação, por causa [...] das
instituições que tinha limites e critérios pra gente conseguir”. (Entrevistado n° 14/Sociojurídico).

“[...] dificuldades e muitas, ela veio através da própria instituição UFAM mesmo, da
Coordenação, é porque eles colocam a responsabilidade diretamente no estudante, então ele vai
em busca, aí quando chega na instituição onde você almeja fazer o estágio, o que acontece,
pedem algumas referências, e a gente não tem como dar essa resposta esclarecida para eles, vem
em busca na UFAM, mas eles também não dão esse amparo pra gente de uma forma mais
concreta”. (Entrevistado n°35 / Educação).

“[...] a alegação de todos os locais que eu fui, era que a universidade não tinha convênio, a
universidade não faz parceria. A universidade nunca compareceu nos locais para abrir campo de
estágio pra nós aqui [...] onde eu bati, eu falei: Tem estágio obrigatório curricular? Eu preciso
fazer! Eu tenho disponibilidade de tempo! Mesmo assim eles disseram: não, não podemos!”.
Convênio / Parceria
(Entrevistado n°26 / Educação)
(06 sujeitos)
“Faltava vagas onde eu procurava e onde tinha vaga não tinha convênio com a UFAM, foi bem
difícil, até que consegui por indicação” (Entrevistado n°34 / Sociojurídico).

“[...] eu senti dificuldades, sim, porque nas instituições que eu fui atrás, todas queriam estagiários
[...] porem, elas não tinham convênio com a UFAM ”. (Entrevistado n°02 / Assistência)

“Eu senti dificuldades devido a não ter tempo para estagiar, porque eu trabalhava” (Entrevistado
n° 04/Assistência).
Conciliação do Tempo
(06 sujeitos) “Porque como eu trabalho, fica muito limitada à questão do estágio, ou você se encaixa num
horário, ou então o horário tem que se encaixar com você”. (Entrevistado n°23 /Saúde).

“Eu senti uma dificuldade enorme, devido ao fato de eu trabalhar”. (Entrevistado n°25 / /Saúde).

“[...] minha primeira experiência [...] foi numa instituição que surgiram vagas e eles estavam
pedindo estagiários. Quando cheguei nesse processo seletivo, eu percebi que eles buscavam saber
a respeito da temática do departamento, se a gente tinha uma noção básica, pelo menos a respeito,
e se tinha noções de informática [...] botaram como pauta idade, que foi uma coisa que eu
estranhei muito, de tipo, uma pessoa por ter 30 anos e fazer serviço social, talvez não tivesse as
mesmas oportunidades de uma de 21 e de 19 [...] em outro processo seletivo [...] a primeira etapa
Critérios Isolados
foi uma prova online de português, lógica, [...] mas quando você vai para um determinado setor
(02 sujeitos)
que eles propõem no dia da entrevista, [...] lá eles vão fazer perguntas específicas a respeito de
atividades do departamento, principalmente de normativas [...] a pessoa tem que saber de certa
forma articular [...] se houver empate, [...] eles pegam experiências passadas, se a pessoa já foi
voluntária, se já tem experiência com atendimento de público” (Entrevistado n° 32/Sociojurídico).

“Eu fui discriminada porque eu fazia um estágio remunerado e a assistente social falou que se eu
quisesse o estágio lá na [hospital na cidade de Manaus*] ela não ia me aceitar se eu tivesse com
dois estágios” (Entrevistado n° 37/Assistência).

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01.


Nota: * O nome das instituições foi preservado.

Em relação à falta de apoio da Coordenação de Estágio, é importante destacar que as


competências determinadas no PPC (2009) e PNE (2009) estabelecem a “Coordenação de
Estágio” como a responsável pelo primeiro contato com as Instituições Concedentes. No
entanto, as falas evidenciam que os discentes realizaram o primeiro contato e não obtiveram
êxito. Diante do exposto, é importante se pensar quais teriam sido as causas da não

57
participação efetiva da coordenação. Embora a coordenação seja tripartite4, os docentes não
são exclusivos da disciplina estágio supervisionado, eles continuam ministrando aulas e
desenvolvendo outros projetos no departamento, o que demanda tempo e energia. Pressupõe-
se que o desenvolvimento de várias atividades é cansativo, principalmente as que se referem
ao estágio, pois o trabalho não envolve somente encontrar vagas disponíveis, o processo
depende da contribuição das concedentes e supervisores no que se refere ao convênio e
aceitação em supervisionar.
A segunda categoria da análise de conteúdo do quadro 9 indica uma característica já
apresentada, porém é importante destacar que o DPA, disponibiliza o termo de firmação de
convênio na página da PROEG, inclusive salienta que “a iniciativa para firmar convênio de
estágio deverá partir da própria organização (público ou privado) ou pela própria UFAM
através de suas unidades acadêmicas (via diretores, chefes de departamentos, coordenadores
de cursos, coordenadores de estágio)” (DPA, 2018, chamada pública). Nesta perspectiva, se
presume que não há interesse das instituições em vincularem com a UFAM, por conta das
“parcerias” que a mesma não realiza.
A terceira categoria do quadro 9 apresenta a dificuldade na conciliação do tempo para
os discentes que trabalhavam, a opção seria realizar estágio aos finais de semana,
característica da área da saúde que trabalha em sistema plantão e aos finais de semana, porém
devido a grande demanda de estagiários e concorrência com outras IES, é difícil inserir-se. É
preciso considerar que nem sempre o tempo disponível desse discente, vai conciliar com os
horários das instituições. Ainda de acordo com dados da pesquisa, a área da saúde é a segunda
área de maior interesse dos discentes matriculado em estágio na UFAM, o que sinaliza que
esse anseio também parta dos discentes matriculados em outras IES.
Em relação aos critérios isolados, podemos destacar dois aspectos de preferências:
experiência na área de estágio e perfil predeterminado. É importante destacar que esses
critérios geralmente estão articulados com estágios que irão oferecer bolsa, então o processo
seletivo vai envolver alguns critérios de aceitação. Em relação ao perfil pré-determinado do
discente não conciliar dois estágios, essa dificuldade está relacionada às instituições que não
aproveitam o estágio não-obrigatório, e alguns do discentes dependem da bolsa para manter
despesas acadêmicas e pessoais, por isso é necessário procurar outro estágio para realizar o
obrigatório, no caso específico referenciado no quadro 9, o profissional da instituição
apresentou resistência, infelizmente a pesquisa não detectou o motivo.
4
É importante destacar que a Coordenação de Estágio no semestre 2017/02 foi administrada por três docentes e
encerrou sua gestão no mesmo semestre.
58
Ao se tratar das dificuldades de inserção, a pesquisa também buscou saber qual era a
área sócio-ocupacional em que os discentes tinham interesse em serem inseridos.

Gráfico 7: Área de estágio almejada pelos discentes

CULTURA 1 2%
ASSISTÊNCIA SOCIAL 9 19%
PREVIDÊNCIA SOCIAL 4 8%
SÓCIOJURÍDICO 29 60%
MOVIMENTOS SOCIAIS 1 2%
SAÚDE 14 29%
EDUCAÇÃO 4 8%

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01 – Questão Múltipla Escolha.

Observa-se no gráfico 7 que o maior anseio era a área sociojurídica, conforme os


resultados apresentados anteriormente, apenas 42% (20) dos discentes conseguiram ser
inserido em campos na área sociojurídica. O quadro a seguir, apresenta as narrativas de alguns
discentes sobre não estarem estagiando na área desejada.

Quadro 10: Motivos dos discentes não realizarem estágio na área almejada
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

“Devido mesmo à questão tempo, eu não consegui ter o tempo para fazer na área da educação” (Entrevistado
n°04 /Assistência).
Conciliação de Tempo “Eu queria na área sociojurídica, mas aí acabou que aconteceram algumas situações chatas de horário e acabou
(12 sujeitos) que hoje em dia eu não desejo mais” (Entrevistado n° 42/ Saúde).
“Porque eu trabalho e conciliar trabalho, faculdade e mais o estágio foi bem complicado”(Entrevistado n°48
/Empresa).
“Eu queria no sócio jurídico, mas como não foi um campo que eu encontrei, eu fiquei lá mesmo na
assistência” (Entrevistado n°02 /Assistência).
Disponibilidade de vagas
(19 sujeitos) “Eu tinha muita vontade de fazer no sócio jurídico, mas não consegui vaga, mas eu gostei bastante do que eu
vi em assistência, me senti realizada”. (Entrevistado n° 15/Sociojurídico).
“Porque sociojurídico é uma área bastante concorrida” (Entrevistado n° 29/ Saúde).
“Eu procurei em alguns lugares e eles não queriam supervisionar, eles alegavam que a instituição não tinha
vínculo, eles só pegavam estágio renumerado, mas sem supervisão”. (Entrevistado n°27 /Sociojurídico).
“A assistência foi realmente o que eu te falei, a [Instituição de Assistência Social em Manaus*] não tem
convênio com a UFAM, então me falaram da possibilidade de fazer convênio. Então eu fui atrás de conveniar
Recusa para Estágio o CRAS, mas na [Instituição de Assistência Social em Manaus*] eles se mostram fechados a isso, tanto que já
Supervisionado/Convênio tem outras pessoas que estagiam no CRAS, mas não é válido o estágio delas pra ser curricular. E na área da
(08 sujeitos) educação, essa minha busca não foi muito pra área da educação, nem lembro porque” (Entrevistado n°31
/Sociojurídico).
“Queria na assistência porque eu faço estágio remunerado na assistência, sendo que eu tentei colocar ele para
ser o meu supervisionado, mas a instituição não tem convênio com a UFAM e não tinha interesse em ter”
(Entrevistado n°44 / Saúde).
“A bolsa do estágio foi a principal influência, o valor do sócio jurídico era mais compatível com as
necessidades financeiras”. (Entrevistado n°18 /Sociojurídico).
Preferência em ser Bolsista “Porque não consegui vagas mesmo e eu precisava de um que me desse bolsa. O primeiro que consegui foi na
(07 sujeitos) saúde”. (Entrevistado n°47 / Saúde).
“Eu já tinha feito um PIBIC no [Hospital na cidade de Manaus*] e eu precisava conhecer o ambiente que eu
estava estudando, então pra mim queria muito a saúde, só não fiquei porque tive a oportunidade de fazer um
estágio remunerado e a saúde por mais que fosse uma área que me identificasse muito, as limitações

59
financeiras me fizeram ir pro sociojurídico”. (Entrevistado n° 19/Sociojurídico).

“Pois, não havia vagas disponíveis e a maioria dos lugares em que havia vagas para o sociojurídico pediam
que o coeficiente fosse no mínimo sete, o que não era meu caso, eu estava disperiorizada e consequentemente
Coeficiente meu coeficiente estava baixo”. (Entrevistado n° 01/ Saúde).
(02 sujeitos) “Porque eu não consegui encontrar vaga, na previdência não pegam estágio voluntário, lá só aproveitam
aqueles que fazem o remunerado e no sócio jurídico tem que fazer uma prova online e ter no mínimo
coeficiente sete e no meu caso o meu coeficiente estava baixo”. (Entrevistado n° 12/Assistência)

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01.


Nota: * O nome das instituições foi preservado.

De modo geral, as dificuldades apontadas pelos discentes já foram abordadas


anteriormente, então será apresentado aspectos que ainda não foram discutidos. Em relação às
dificuldades referentes à disponibilidade de vagas, estão relacionadas ao quantitativo de
discentes à sua busca, como referenciado anteriormente, existe um número muito grade de
IES formadoras e para não perder a disciplina é necessário garantir uma vaga, mesmo não
sendo a área de interesse e isso decorre porque no semestre 2017/02 os discentes foram à
procura do estagio, quando as outras coordenações já haviam feitos parcerias. No que
concerne a “Recusa para Estágio Supervisionado”, os discentes apontaram que algumas
instituições, principalmente na área da assistência apresentaram resistência no que se refere a
“supervisionar”. E embora alguns discentes do curso já realizassem o estágio não curricular,
não conseguiram aproveitar para realizar o estágio obrigatório, principalmente na área da
assistência social como demonstra o quadro 10. A situação decorre pela ausência de convênio
com a UFAM e interesse do Assistente Social em supervisionar.
Em relação à preferência para ser bolsista, alguns discentes tiveram que priorizar a
questão socioeconômica, embora desejassem fazer estágio em uma área especifica, optaram
por outra área pela preferência em ser bolsista, justamente para auxiliar nas despesas
financeiras. Outro aspecto é o coeficiente dos discentes, em algumas áreas onde há processo
seletivo para estágio há um perfil predeterminado a preencher a vaga, por exemplo, na área
sociojurídica, em que os discentes passam por duas etapas: prova online e entrevista sobre
conhecimentos específicos da área. Nesse processo de entrevista existem alguns critérios para
preencher a vaga, como: ter no mínimo coeficiente sete, ter o perfil de idade adequado ao
setor e ter conhecimento básico de informática. Esses critérios geralmente são estabelecidos,
pois o discente irá poder aproveitar o estágio não curricular para realizar o obrigatório.
Em relação às dificuldades de encontrar estágio que conciliasse com o horário da
graduação, ainda assim houve dificuldades, conforme apresenta a o gráfico 8.

60
Gráfico 8: Dificuldades de encontrar estágio que conciliasse com horário das aulas teóricas da graduação

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

13 12 11
9 8
5 4 5
27% 19% 25% 23% 17% 10% 8% 10%

SIM, POIS SIM, POIS SIM, POIS SÓ OUTRO


ESTUDAVA NO PRECISAVA TINHA O
TURNO CONCILIAR FINAL DE
VESPERTINO COM SEMANA
HORÁRIO DE DISPONIVEL
TRABALHO

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01 – Questão Múltipla Escolha


Já o quadro 11 apresenta algumas das justificas dos discentes em relação à dificuldade
de conciliar o horário do estágio com o horário da graduação.

Quadro 11 Justificativas das dificuldades de conciliar o estágio supervisionado em campo com as aulas teóricas
da graduação
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

“Senti dificuldades (estágio I) porque estudava a noite, mas foi justamente por conta do estágio”
(Entrevistado n°02/Assistência).

“Sim, porque os estágios que me apareciam eles começavam 08:00h da manhã e terminavam às 14:00h e as
14:00h nós tínhamos aula, então não teria tempo pra chegar até aqui, obrigatoriamente eu teria que ir pra
noite, isso se eu quisesse estágio remunerado, que era a maioria dos remunerados tinha esse pré- requisito, o
que acaba impactando no seu ensino, que é o que acontece muito” (Entrevistado n°15/ Assistência).

“O que eu fiz no meu estágio I e estou fazendo no meu estágio II, no I como sou funcionária pública eu
Conflito de Horário tinha direito à licença premium, aí eu tirei licença premium então eu estou fazendo no meu período de
(06 sujeitos) licença premium” (Entrevistado n°26/Educação).

“Senti dificuldade, porque olha só, eu ia para o meu estágio remunerado à tarde, que era de 12h às 16 horas,
aí eu tive que conseguir um estágio que fosse nesse horário de 7 às 12 horas, no estágio I, eu consegui
porque era aqui do lado, então eu ia tranquila, saia daqui 11 horas e tudo, só que agora, eu tive que alinhar
os meus horários”. (Entrevistado n°33/Saúde).

“Houve dificuldades porque eu estudava, porque eu estudava no turno vespertino no primeiro, a maioria
dos estágios que eu encontrava era de tarde e conciliar com horário de trabalho também, porque eu já tinha
dispensado vários estágios, justamente porque eu faço o remunerado. E eu só tinha disponibilidade no final
e semana e não encontrava nenhum no final de semana”. (Entrevistado n°37/Assistência).

“Na verdade, dificuldade eu tive no início, porque não queriam aceitar o renumerado, no mesmo horário
do supervisionado, mas aí, tive uma visita recentemente, que disse que não tem nada a ver, pode sim, ser
em horário igual” (Entrevistado n°03/Saúde).

“Sim, porque eu não sou daqui de Manaus, sou do município lá de Barreirinha lá no interior, então pra mim
Conciliação do estágio estar aqui, eu não tenho família aqui, então eu teria que trabalhar, e me sustentar, pra poder me manter aqui
obrigatório e não-obrigatório na universidade, o que acontece, eu estagiava pela parte da tarde e da manhã num curricular que eu
(03 sujeitos) consegui, então pra mim sair do curricular eu tive que sair do outro estágio, ai eu ficava assim, até porque
eu estou disperiorizada agora, porque eu não conseguia mesmo me manter, não conseguia dinheiro, não
conseguia passe pra cá, então foi muito difícil pra mim conseguir” (Entrevistado n°20/Saúde).

“No estágio II, precisei pedir desligamento do renumerado e foi muito triste porque era minha renda,
porém priorizei o estágio supervisionado e consegui mudar de horário por insistência das minhas colegas
de trabalho” (Entrevistado n°34/Sóciojurídico).
Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

61
As duas categorias já foram abordadas anteriormente, mas cabe ressaltar aspectos não
mencionados como a realização de horas extras no estágio não curricular para realizar o
obrigatório. Alguns discentes precisavam ir aos finais de semanas, pois o assistente social ou
a instituição considerava que o estágio obrigatório deveria ser desvinculado do não-
obrigatório, uma irregularidade, tendo em vista que nos termos de adesão institucionais e
contratos das agências organizadoras de estágio em Manaus, não existe uma cláusula
impedindo o aproveitamento, porém ainda assim, alguns discentes optam por continuar no
espaço.

2.5 Dificuldades de permanência dos discentes no estágio supervisionado

Quanto às dificuldades dos discentes permanecerem inseridos no campo de estágio a


tabela 4 faz uma comparação das indicações dos discentes dos Estágios I e II. A análise por
área demonstra que no semestre 2017/02, os discentes que estavam inseridos na área da
saúde, sociojurídica e empresa tiveram mais dificuldades de permanecerem no estágio em
campo. Outro aspecto a ser mencionado está no semestre 2018/01, observa-se uma queda nas
dificuldades das áreas sociojurídica e saúde.

Tabela 4: Dificuldades de permanência nos estágios em campo nos semestres 2017/02 e 2018/01

ESTÁGIO I - 2017/02 SIM NÃO ESTÁGIO II - 2018/01 SIM NÃO


SAÚDE 07; 15% 13; 27% SAÚDE 04; 8% 16; 33%
SÓCIOJURÍDICO 07; 15% 13; 27% SÓCIO JURÍDICO 04; 8% 16; 33%
ASSISTÊNCIA - 03; 6% ASSISTÊNCIA - 05; 10%
EDUCAÇÃO - 02; 4% EDUCAÇÃO - 02; 4%
EMPRESA 01; 2% - EMPRESA 01; 2% -
HABITAÇÃO - 01; 2% - - -
PESQUISA E EXTENSÃO 01; 2% - - - -
TOTAL 16; 33% 32; 67% TOTAL 09; 19% 39; 81%
Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01.

O quadro 12 a seguir apresenta a percepção dos discentes sobre as dificuldades de


permanência nos campos de estágios.

Quadro 12: Justificativa das dificuldades de permanências no estágio supervisionado em campo


CATEGORIAS ELABORADAS
A PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

Questões “No estágio um, foi por conta da questão financeira, eu não tinha como me manter, o dinheiro da passagem era
financeiras/Distância contado, a instituição não pagava nada pra mim, mas eu precisava ir. E agora estou tendo muita dificuldade de
(06 sujeitos) permanecer no estágio II, pois anteriormente eu não era bolsista, só consegui a bolsa no estágio II, então antes
só ia quando minha supervisora estava. Agora vou cinco vezes à semana e trabalho com todos os assistentes

62
sociais.” (Entrevistado n° 01/ Saúde).
“Senti bastante dificuldade! No primeiro eu não era bolsista, então era um gasto que não estava previsto e no
segundo foi mais por conta da distancia,”. (Entrevistado n°47 / Saúde).
“Porque no primeiro momento que eu entrei nesse estágio, eu já entrei um mês atrasada, a supervisora de
estágio foi uma pessoa bem flexível comigo, eu fiz durante todos os dias da semana pra poder cumprir a
minha carga horária, ai pra mim permanecer, ela meio que me intimou a conciliar outro horário, tentar uma
Conciliação de tempo nova forma de ficar mais tempo, ai eu consegui agora no segundo estágio conciliar esse horário”
(02 sujeitos)
(Entrevistado n°25 / Saúde).
“No I, foi bem difícil permanecer por causa do horário, na saúde está mais tranquilo”. (Entrevistado n°33 /
Saúde).
“Eu realmente não consegui me identificar com essa área, eu até gosto do sociojurídico, mas não na área da
Não Identificação com segurança pública, eu só permaneci porque preciso passar na disciplina estágio e porque depois consegui o
área estágio remunerado”. (Entrevistado n°09 /Sociojurídico).
(04 sujeitos) “Sim, porque não era uma área do meu interesse, não consegui me identificar nessa área.”. (Entrevistado n°
11/ Saúde).
“Somente no estágio um, porque a experiência foi péssima, eu particularmente preciso de um tempo pra me
adaptar e tenho dificuldade de pegar as coisas rápido e na saúde era uma correria, não tinha tempo pra
Dificuldades com perguntar nada, fora que te comparam com estagiários antigos que já tem experiência, não é legal pra quem tá
supervisores tendo a primeira experiência”. (Entrevistado n°12 / Assistência).
(02 sujeitos) “Senti muitas dificuldades nos dois, principalmente no início porque eu era a primeira estagiária do setor e
minha supervisora tinha uma visão um pouco fechada, medo de que eu fizesse ou falasse a coisa errada”
(Entrevistado n°27 /Sociojurídico).
Longa permanência no
“Por eu ter ido cedo para a área da saúde, eu enjoei do trabalho administrativo, de chegar lá e sempre fazer a
Estágio
mesma coisa, mas aí depois ficou tranquilo, foi uma fase” (Entrevistado n°44 / Saúde).
(01 sujeito)

Distanciamento da teoria “Na verdade o local que eu estágio não muito ligado ao serviço social em si, a equipe mesmo é chamada de
colaborador e, é bem diferente do que nós vemos na teoria” (Entrevistado n° 48/Empresa).
(01 sujeito)

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01

Em relação à questão financeira, precisamos considerar dois perfis: discentes bolsistas


e discentes voluntários. Quanto aos discentes bolsistas, parte da remuneração estabelecida no
contrato é destinada ao transporte coletivo. Quanto aos “discentes voluntários”, termo
atribuído nas instituições concedentes nos termos de adesão, fica estabelecido dias na semana
e cumprimento da carga horária que muitas vezes ultrapassa as normas e leis do estágio.
Quando esse discente não tem renda própria, nem sempre é possível que ele consiga
comparecer nos dias predeterminado, em face da situação econômica. É preciso levar em
consideração que as vagas disponíveis de estágio, nem sempre são próximas à residência dos
discentes, por exemplo, os discentes matriculados no turno vespertino seguem direto para a
universidade, após o estágio.
Quanto a não identificação com a área, pode ocorrer por vários motivos relacionados
ao ambiente de trabalho ou a falta de identificação com o modo de supervisionar os discentes.
Os espaços sócio-ocupacionais do assistente social possuem diversos segmentos, nem sempre
a realidade condiz com o que o discente conjectura na universidade, tendo em vista que
geralmente o estágio é a primeira experiência com a prática profissional em espaço
institucional. Segundo Garcia (2012) os tratamentos verbais e comportamentais no estágio
supervisionado formam impressões que posteriormente irão gerar opiniões. Nesse contexto, se

63
a experiência do discente não é positiva, é possível que este não se identifique com a área,
pois de certa forma, o supervisor influência no desenvolvimento profissional do discente.
Em relação às dificuldades com supervisores no que se refere à abordagem de
perpassar o conhecimento da área é preciso levar em consideração a formação deste
profissional e a capacitação continuada no seu desenvolvimento profissional. Segundo Garcia
(2012) para que um supervisor desempenhe suas funções com qualidade é necessário
estabelecer uma boa comunicação. O processo envolve ter um arcabouço teórico qualificado,
pois a comunicação no processo de estágio, não envolve somente saber se comunicar, é
preciso compreender o estagiário em suas dificuldades no processo de aprender. Nesse
contexto, observa-se que as falas apresentam uma falta de interação e compreensão com o
estagiário em sua primeira experiência.
Em relação à longa permanência no estágio curricular, o problema exposto no quadro
12 ocorre porque o discente iniciou o estágio não curricular, antes de iniciar o estágio
obrigatório, pressupõe-se que o trabalho se tornou mecanizado por conta da rotina repetitiva.
Para Lewgoy (2013, p.72) “a cotidianidade do processo de formação apresenta uma
multiplicidade de atividades que, ao se tornarem rotineiras e reprogramáveis, correm o risco
de absorver e ofuscar o exercício de pensar sobre o realizado, de forma alienante e
alienadora”. É preciso refletir ainda, sobre quais atividades eram exercidas neste espaço e
salientar as diferenças do estágio não curricular para o obrigatório. Essa problemática
geralmente está relacionada ao processo de leitura do discente. A fundamentação teórica é de
extrema importância para que o discente consiga realizar uma leitura crítica das contradições
e ambiguidades da profissão, principalmente no que concernem as leis que regulamentam o
estágio e norteadores da materialização como a Política Nacional de Estágio e Código de
Ética.
Em relação ao distanciamento da teoria no espaço de estágio é preciso considerar que
o trabalho em organização empresarial tem uma tendência a se confundir com administração
técnica, porém para a realização da leitura e interpretação das expressões da questão social
nesse ambiente é necessário arcabouço teórico, principalmente conhecimento sobre tripé da
seguridade no que concerne a auxílios e benefícios dos trabalhadores. Ressalta-se ainda que
um dos eixos indissociáveis na materialização do estágio é a relação teoria-prática, elemento
essencial para compreender os objetivos do estágio supervisionado.

64
Em relação às dificuldades de ordem interna na permanência do estágio evidencia-se
que a carga horária dos estágios afeta a rotina acadêmica do discente, conforme descrimina a
tabela.
Tabela 5: Carga horária do estágio afetando a rotina acadêmica por área

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - SEMESTRE 2017/02


DIFICULDADES SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO EXTENSÃO TOTAL
A 14; 29% 11; 23% 03; 6% 01; 2% 01; 2% 01; 2% 01; 2% 32; 67%
B 14; 29% 11; 23% 03; 6% 01; 2% 01; 2% 01; 2% 01; 2% 32; 67%
C 08; 17% 02; 4% 02; 4% - 01; 2% - - 13; 27%
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - SEMESTRE 2018/01
DIFICULDADES SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL
A 13; 27% 13; 27% 05; 10% 01; 2% 01; 2% 33; 69%
B 13; 27% 12; 25% 05; 10% 02; 4% 01; 2% 33; 69%
C 05; 10% 03; 6% 04; 8% 01; 2% 13: 27%

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01 – Questão Múltipla Escolha.


Legenda:

A - Sim, pois falta tempo para realizar leituras acadêmicas;


B - Sim, pois falta tempo para fazer atividades acadêmicas;
C - Sim, pois sempre atrasava por conta do horário de término do estágio;

O curso de Serviço Social exige uma disciplina para o estudo do discente, pois a
leitura é constante em todas as disciplinas. As disciplinas teóricas envolvem análises,
interpretações e conhecimento histórico, inclusive, ações necessárias para compreender os
objetivos do estágio no campo e processos de investigação e intervenção. Nesse sentido, cabe
conhecer a carga horária exercida pelos discentes nos estágios em campo, conforme
descrimina a tabela a seguir.

Tabela 6: Carga horária exercida no estágio no campo de estágio por área

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - SEMESTRE 2017/02


CARGAS SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO EXTENSÃO TOTAL
10 HORAS 02; 4% - - - - - - 02; 4%
12 HORAS 09; 19% 02; 4% 01; 2% 01; 2% - - - 13; 27%
20 HORAS 07; 15% 13; 27% - 01; 2% - - - 21; 44%
24 HORAS - 01; 2% 01; 2% - - - - 02; 4%
30 HORAS 02; 4% 03; 6% 01; 2% - 01; 2% 01; 2% - 08; 17%
+ 30 HORAS - 01; 2% - - - - 01; 2% 02; 4%
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - SEMESTRE 2018/01
CARGAS SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL
10 HORAS 01; 2% - 02; 4% - - 03; 6%
12 HORAS 06; 13% - 01; 2% 01; 2% - 08; 17%
20 HORAS 07; 15% 18; 38% - 01; 2% - 26; 54%
24 HORAS - 01; 2% 01; 2% - - 02; 4%
30 HORAS 04; 8% 01; 2% 01; 2% - 01; 2% 07; 15%
+ 30 HORAS 02; 4% - - - - 02; 4%
Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01

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Observa-se que alguns discentes excederam a carga horária de 30 horas semanais, uma
irregularidade em face da Lei 11.788/2008. É importante considerar que pela dificuldade em
conseguir vaga de estágio, alguns discentes começaram a cumprir o estágio obrigatório de
modo atrasado, e para poder completar a carga, fez-se necessário cumprir horas a mais. Outro
aspecto são os discentes que realizam o estágio obrigatório e não obrigatório na mesma
instituição. Na área sociojurídica a jornada semanal é de 20 horas (04 horas), enquanto na área
da saúde é de 30 horas (06 horas), inclusive os estágios na categoria de “06 horas” ocasionam
atrasos na sala de aula, principalmente no turno vespertino.
Outra questão que precisa ser discutida sobre as dificuldades de permanência é a
questão socioeconômica. Essa dificuldade se acentua para os alunos que não recebem bolsa e
auxilio transporte. O gráfico abaixo descrimina que apenas uma pequena porcentagem
recebeu auxilio no estágio não obrigatório.
Gráfico 9: Disponibilização de auxílio / recurso

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

28
23 24
19

1 1 2% 2% 58% 48% 40% 50%

Sim, ofereceu % Não, todos os % Sim, aproveitei o %


alimentação no recursos foram estágio não
estágio não financiados pelo curricular para
obrigatório; discente no estágio realizar o
obrigatório; obrigatório.

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01

O estágio obrigatório geralmente é confundido com o voluntariado, inclusive alguns


discentes apresentaram em suas respostas o termo “estágio voluntário”. De certo que algumas
instituições se apropriam da prática do voluntariado, porém essa prática é para sujeitos
formados e para outras profissões que aceitam o voluntariado como experiência. No caso do
Serviço Social, o estágio é obrigatório ou não obrigatório, porém algumas instituições
entendem esse momento de aprendizado como prática voluntária estrita ao trabalho. Nesse
contexto, existe uma relação de troca onde discente produz e não recebe auxilio em troca, pois
o que ele irá receber é uma declaração de que realizou o estágio. Observa-se que existe uma
dependência, pois para ser aprovado na disciplina, o discente precisa daquela instituição e
existe uma reserva de estagiários prontos para assumir a vaga se houver desistência.

66
Essa problemática ocorre porque a instituição concedente não está preocupada com o
processo de aprendizado do discente, pois o trabalho e a produtividade são prioridades. De
acordo com a opinião dos discentes, a visão da “Instituição Concedente” está dentro da lógica
trabalho, conforme descrimina o gráfico a seguir.

Gráfico 10: Opinião do discente sobre a visão da instituição concedente no Estágio Supervisionado
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

24 25 22 22
50% 52% 46% 46% 2 1 4% 2%

SIM, ESTAGIÁRIO É % NÃO, RESPEITAVA % OUTRO %


VISTO COMO MÃO AS NORMAS
DE OBRA BARATA REGULAMENTAÇÕES

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01

Observa-se no gráfico que o estagiário tem sido visto como mão de obra barata e isso
afeta o processo de ensino aprendizado, pois se existe o receio de perder a vaga, o discente vai
se sujeitar a qualquer irregularidade sendo o estágio obrigatório ou não. Inclusive quando
questionados se a instituição concedente solicitou atividades que feriam as leis e
regulamentações do estágio, eles responderam quem sim, sendo no estágio I 40% (19) e
Estágio II 35% (17). Os discentes mencionaram realizar horas extras em eventos organizados
pela instituição, ou horas extras nas férias para não perder a vaga de estágio, tendo em vista a
dificuldade de conseguir vaga no estágio I, no semestre 2017/02. No que concerne à
realização de horas extras, o gráfico abaixo apresenta os motivos.

Gráfico 11: Discentes que Ultrapassaram às 150 horas obrigatórias no Estágio Supervisionado

24
19
16 15
13
9
33% 40% 27% 31% 50% 19%

ESTÁGIO I % ESTÁGIO I I %
SIM, REALIZEI HORAS EXTRAS PARA NÃO PERDER A VAGA DE ESTÁGIO;
SIM, POIS REALIZAVA O ESTÁGIO NÃO CURRICULAR NA MESMA INSTITUIÇÃO
NÃO, NUNCA FIZ MAIS QUE 150H;

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01

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O gráfico11 apresenta uma pequena diminuição no Estágio II, porém um número
preocupante, pois os discentes estão vivenciando irregularidades nos campos de estágio.
Quando questionados se relataram as dificuldades para a coordenação de estágio e sujeitos
envolvidos nos estágios, uma minoria comunicou, conforme menciona o gráfico a seguir:

Gráfico 12: Posicionamento dos discentes quanto às irregularidades vivenciadas

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

11 10
5 5
10% 10% 23% 21%

SIM, COMUNIQUEI AO % NÃO COMUNIQUEI %


SUPERVISOR DE ENSINO.

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01

Os motivos de não terem comunicado os sujeitos responsáveis pela organização e


fiscalização desvelam-se em receios de perder a bolsa ou vaga de estágio, receio em reprovar
na disciplina de estágio supervisionado ou pela falta de diálogo ou conhecimento das leis e
regulamentações do estágio, conforme descrimina as falas dos discentes no quadro 13:

Quadro 13: Principais motivos de não relatarem as irregularidades


CATEGORIAS ELABORADAS
A PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

“[...] pra coordenação não comuniquei, porque no primeiro estágio eu falei e a professora só disse que era para
eu falar com a supervisora de campo. Aí quando eu falei, ela se chateou, levou pro pessoal dela, aí eu não quis
mais, porque toda vez que alguém fala alguma coisa que fere a instituição ou a fere como profissional, ela
rebate. Ela rebate mesmo quando a professora de estágio I, falou para a (estagiária A *) que não era para ela
fazer café [...] quando a (estagiária A *) só citou, ela já falou: Mas tu falou que eu faço comida para vocês? Ela
rebate assim! [...] Pra ela uma mão lava a outra, então se ela aceitou a gente no meio do período passado,
Porque as irregularidades agora a gente tem que aceitar ir nas férias,. É difícil! Se a gente está numa carga horária menor, a gente tem
não serão resolvidas que ir nas férias, [...] se a gente crítica, ela se dói [...] a coordenação do estágio não vai lá perguntar ou
questionar nada, nem o conselho vai lá, ela vai continuar fazendo isso, eu percebo que ela fazia isso com as
antigas assistentes sociais, com as antigas estagiárias e ela vai continuar fazendo, quando a gente sair não vai
mudar” (Entrevistado n°37 / Assistência).

“Eu já havia comunicado na primeira vez e minha supervisora disse que isso sempre acontecia e dizia para
nos posicionarmos lá dentro, mas também não questionou nada quando fez a visita, no segundo eu nem
comuniquei porque já sabia que não ia ser resolvido” (Entrevistado n°47 / Saúde).
Falta de conhecimento
“Não comuniquei no um, porque eu pensava que eles estavam corretos, que fosse uma regra da fundação
sobre as leis do estágio
mesmo, mas depois que eu peguei o contrato e li tudo direitinho, lá diz que não” (Entrevistado n°03 / Saúde).

“Não, porque foi uma escolha minha, eu sabia que não precisava fazer aquilo, eu fiz pra ajudar mesmo”
Porque estava consciente
(Entrevistado n°09 / Sociojurídico).
dos meus atos e queria
ajudar
“Porque no primeiro momento foi uma coisa tão pouca que acabei esquecendo, mas deveria ter dito, porque a
situação se repetiu e até hoje estou fazendo café” (Entrevistado n°14 / Sociojurídico).
Receio de perder a bolsa
de estágio “Porque é estágio remunerado, então recebo para estar lá. Não quero perder a bolsa, porque eu dependo dela”

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(Entrevistado n°07 / S0ciojurídico).

“Não, porque ninguém pode fazer nada, se eu quiser manter minha vaga, tenho que ir, porque a coordenação
Receio de perder a vaga de
não vai procurar outro estágio pra mim” (Entrevistado n° 10/ Saúde).
estágio
“Eu não queria perder minha vaga de estágio, então preferi ficar calada” (Entrevistado n° 11/ Saúde).
“Porque no momento em que eu fiz estágio, também foi difícil a comunicação com o departamento e
Receio de reprovar na
coordenação, foi tudo uma bola de neve e eu estava muito perdida a quem recorrer no estágio, eu não queria
disciplina
reprovar em nenhuma hipótese” (Entrevistado n°12 / Assistência).

“Talvez por medo de como seria à chegada da minha supervisora de ensino na instituição dizendo que eu não
poderia fazer aquilo e foi uma decisão bem ruim, porque se eu dissesse, talvez outras pessoas não passariam
pela mesma coisa. Isso aconteceu uma vez e foi por uma necessidade extrema, porque a instituição estava sem
Receio de afetar o funcionários no dia, estava havendo uma outra atividade e então me disseram: Olha, tu fica aqui até esse
supervisor de campo ao horário, por favor e tal!, fiquei, mas fiquei meio assim...seria legal se minha supervisora dissesse não, fosse lá
contar as irregularidades dissesse : Isso não é competência dela, ela não vai ficar! Mas ela não disse. E a gente não pode colocar nada
disso no relatório, porque o supervisor vai ler, teve muitas colegas minhas que escreveram a real situação da
instituição e assistente social disse: Olha, eu não vou deixar você entregar isso porque isso pode acabar me
afetando aqui dentro e acabar sendo chamada a atenção! Então a gente encontrou essas barreiras, é muito
complicado” (Entrevistado n°15 / Assistência).
Falta de diálogo com
“Não me sentia à vontade para ficar contando pro supervisor de ensino, então acabei aceitando” (Entrevistado
supervisor de ensino para
n° 04/ Assistência).
contar

“Porque ainda não tive a oportunidade, mas na minha próxima orientação, irei comunicar a irregularidade, pois
Falta de oportunidade
sei que a situação irá se repetir se providencias não forem tomadas” (Entrevistado n°01 / Saúde).

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01

Em relação à visão dos discentes em acreditarem que irregularidades não serão


resolvidas é importante mencionar que devido as dificuldades de comunicação com a
coordenação, criou-se uma barreira no sentido de enxerga-la como a organizadora do estágio,
pois observa-se na primeira fala uma expectativa da coordenação ser atuante nos campos de
estágio no que se refere as irregularidades vivenciadas. Outro aspecto é que ambas discentes
já haviam comunicado as irregularidades no semestre 2017/02, porém não tiveram resoluções
tendo em vista que os problemas continuaram no semestre 2018/01. É importante destacar que
a leitura sobre as leis e regulamentação do estágio e termo de compromisso são eficazes para
situar os direitos e deveres dos discentes, inclusive na realização de atividades não
condizentes ao estágio obrigatório.
Em relação aos discentes que sabiam que estavam realizando irregularidades e por
decisão própria decidiram não comunicar sujeitos envolvidos ou fiscalização do estágio, é
importante destacar os termos “ajuda” e “foi uma coisa tão pouca”, levando em consideração
que o estágio curricular geralmente é o primeiro contato do discente no espaço de trabalho do
assistente social, e pode ocorrer uma confusão em ser “proativo em aprender” com a “presteza
de atividades”. O discente precisa compreender que ele está lá para aprender e não realizar
um trabalho e embora rotina desses espaços requeira à realização de atividades com presteza,
o discente precisa estar atento aos reais objetivos do estágio. O plano de trabalho

69
desenvolvido pelos supervisores é essencial para orientar o discente sobre as atividades a
serem exercidas no estágio e como ele vai aprender as competências privativas do assistente
social.
Salienta-se às categorias que apresentam receios dos discentes no que se refere a
“perder a bolsa de estágio” e “perder a vaga de estágio” já foram abordadas anteriormente no
item 2.4, que aborda as dificuldades de inserção em face à situação socioeconômica e disputa
por vagas tendo em vista a grande expansão das IES que oferecem o curso Serviço Social.
Quanto às categorias que estão direcionadas ao receio de reprovar na disciplina de estágio e
ao receio de afetar o supervisor, ausência de diálogo com supervisor, serão temas abordados
no capítulo III, por se tratarem de dificuldades relacionadas ao acompanhamento dos
supervisores de ensino e campo.
Por fim, diante de todas as dificuldades apresentadas, torna-se necessário pensar em
estratégias que beneficiem a qualidade do Estágio Supervisionado em Serviço Social da
UFAM e embora no formulário de entrevista não tenha sido abordadas questões de estratégias
para enfretamento das dificuldades e irregularidades, o quadro 14 sinaliza as visões e/ou
expectativas de alguns discentes para a melhoria da materialização do estágio supervisionado
no que se refere ao processo de inserção e permanência nos campos de estágios.

Quadro 14: Visão dos discentes sobre possíveis estratégias na defesa do estágio de qualidade
CATEGORIAS
ELABORADAS A
TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
PARTIR DA ANÁLISE
DE CONTEÚDO.

“Eu acredito que a coordenação de estágio precisa ter um maior comprometimento com os alunos. [...] eu vejo
Participação Efetiva da alguns alunos que quando chegam no período de estagio , eles ficam correndo de um lado pro outro, fica
Coordenação de Estágio aquela dificuldade[...] então tem que ver essa questão de organização e pensar na população acadêmica como
no processo de inserção: um todo. Muitos tem dificuldades de conseguir um estagio que concilie com essa carga horaria da graduação,
Procurar vagas com nem todos tem a mesma disponibilidade. Então essa questão precisa ser vista com antecedência, para que o
antecedência aluno não tenha risco de reprovar nas disciplinas de estágio por conta de não ter conseguido estagio em campo,
porque isso não depende só dele, a coordenação tem que dar essa ajuda”. (Entrevistado n°05 / Sóciojurídico).

“[...]uma dica é um período antes do estágio, ela já começar a procurar locais pros alunos se inscreverem,
afinal ela deveria facilitar (Entrevistado n° 10/ Saúde).

“Em relação à coordenação de estagio, uma grande questão foi que no período em antecedeu o estagio, eles
não fizeram um levantamento dos locais de estagio pra gente atuar, por isso ficou muita gente sem estagio [...]
então é necessário que se faça um levantamento das instituições que estão aceitando estagiários e daqueles
que estão saindo, justamente pra poder inserir novos e na renovação desse contrato” (Entrevistado n°15 /
Assistência).

“Outra questão são as orientações, acho que precisa ser estabelecida algumas regras, ver essa questão do
Alinhamento no processo alinhamento do que os professores estão passando [...] eles têm que alinhar essa forma de passar
da construção dos conhecimento. E que os coordenadores de curso tenham noção disso, porque não adianta falar, falar, falar..
Instrumentais mas isso na prática não ocorrer. Ter discurso, isso e aquilo outro, mas na prática continuar sendo a mesma
coisa, acho que é algo que precisa ser refletido. A coordenação de estágio tinha que estar mais presente
nessa questão de alinhamento do conhecimento, de como elaborar os instrumentais, como fazer, como
entregar, tudo isso, porque nem sempre a gente vai ter o mesmo professor no estágio um, dois e três, até
porque tem professores substitutos que irão sair” (Entrevistado n°05 / Sóciojurídico).

70
“E outra coisa eu mudei de supervisora de ensino do estágio um para o dois, e foi bastante complicado porque
uma me ensinou os instrumentais de um jeito e outra agora do estágio dois, tá dizendo que tá tudo errado,
que não é dessa forma, eu estou tendo que fazer tudo de novo, e aí fica complicado, porque não é
padronizado. Os supervisores tinham que fazer as mesmas coisas, os mesmos assuntos, alinhar mesmo esses
conteúdos, porque fica meio que uma passa uma coisa, outra passa outra e ai gente fica perdido, porque
ninguém sabe qual é o certo” (Entrevistado n°06 / Sóciojurídico).

“[...] a troca de professores dificulta muito para o aluno, porque começamos a aprender de uma forma e
depois aprendemos de uma nova forma, é estressante porque temos que ficar mudando pie e relatório, ao
mesmo tempo que temos que lidar com outras disciplinas que também pedem a elaboração de projetos,
ficamos muito sobrecarregados” (Entrevistado n°07 / Sóciojurídico).

“Eu acho que deveria existir uma didática semelhante entre os professores, porque tem professores que são
muitos bons na disciplina de estágio, como foi no caso do estágio um [...] a gente aprendeu além daquilo que
estava previsto na ementa, foi muito profundo a forma que a professora trabalhou e está sendo diferente no
estágio dois, por exemplo, eu acho que regrediu bastante, eu até já fui pra algumas aulas da professora de
estágio um, que não é mais minha professora, ela está com outra turma e ela tá trabalhando a questão da
reflexão que a gente tem que ter, a reflexão crítica do setor pra como a gente pode observar aonde a gente pode
encontrar as dificuldades pra gente intervir, no caso ela tá trabalhando essa reflexão, manda fazer mapa
mental, manda fazer leitura, dá exemplo de outros trabalhos, ela tá instigando a gente a pensar, no caso ela não
dá resposta, ela quer que a gente chegue sozinho, e regrediu bastante no estágio dois, as professoras são boas,
só que não pra disciplina de estágio” (Entrevistado n°13 / Sóciojurídico).

“Tenho uma sugestão pra coordenação de estágio, acho que seria muito válido voltar com as oficinas de
estágio, porque essa é uma forma de atualizar os supervisores que tiveram uma formação antiga pra o que está
acontecendo agora” (Entrevistado n°11 / Saúde).

“[...] a questão das trocas de professores e métodos, essa é minha principal reclamação, nós começamos
Capacitação para estágio com um professor que tem um método e depois trocamos para outro com outro método, fora que todos
Supervisores nas Oficinas querem os relatórios e pie’s de acordo com o que acham que deveriam ser. Deveria ter um método único,
porque não fazemos só a disciplina estágio, esse foi o pior período de todos, pois tinha projeto de gestão,
projeto de pesquisa, projeto de intervenção, era projeto que não acabava mais. Quem sofre é o aluno que se
descabela pra dar conta de tanto projeto, eu achei até que eu ia reprovar, então minha sugestão é essa, ter um
método ou realizarem uma oficina com esses professores pra fazerem uma reciclagem” (Entrevistado n°47
/ Saúde).

Reformulação na grade “Acho só que a disciplina deveria começar antes, eu reprovei em algumas disciplinas e ficou muita coisa em
curricular cima até pra quem tá periodizado, é isso” (Entrevistado n°48 / Empresa).

“[...] Eu acredito que é necessário um maior acompanhamento da instituição nos campos, principalmente no
que diz respeito, as visitas agendadas, a gente sabe que nem todo lugar você pode simplesmente aparecer sem
Visitas surpresas no
marcar, mas de repente seria interessante fazer uma surpresa, porque você iria flagrar situações que o discente
Campo
não precisaria contar, porque o supervisor foi lá e viu, isso seria interessante” (Entrevistado n°15 /
Assistência).

“Quem sabe reuniões com os presidentes ou com os representantes desses lugares pra explicar a função do
estagiário e de alguma forma que ele seja tocado e mesmo que a instituição não faça aquilo, os outros que
Reunião com as
fazem, compreenderem que o papel do estagiário não é de levar café, não é de ficar em portaria, não é de ficar
instituições
recepcionando gente, a gente não tá fazendo quatro anos pra ser recepcionista, então pra de uma forma geral
todos ouvirem, isso seria muito interessante no acompanhamento, mas principalmente o levantamento das
instituições” (Entrevistado n°15 / Assistência).

“Fizeram uma lista dos alunos em relação a sua área de interesse, mas fizeram depois que já estávamos no
estágio, seria legal se fizessem antes e dissessem: Sua área de interesse é assistência? Olha! Nós temos esses
Ouvir as sugestões e locais disponíveis! E assim eles encaminhassem e depois fizessem uma avaliação do campo de estágio, o
desabafos dos discentes professor faz, mas faz de um modo muito superficial. As rodas de conversa na sala de aula é o momento em
através de Rodas de que a gente se sente mais à vontade pra dizer: Olha professora, eu passei por uma situação que eu tive que
Conversas levar cafezinho pro chefe e não era minha competência, eu fui assediado no meu trabalho e infelizmente eu
não sei como reagir! Talvez mais rodas de conversas ajudem bastante, acho que é nesse sentido” (Entrevistado
n°15 / Assistência).

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01


Nota: Algumas falas foram divididas, conforme a análise das categorias.

Observa-se que as visões e/ou expectativas referentes a operacionalização do estágio


são cunho externos e internos. A contactação e conhecimento prévio dos diferentes espaços
sócio-ocupacionais são de extrema importância para a viabilização da inserção dos discentes,
porém é importante destacar que as resistências institucionais e profissionais no processo de
71
vinculação são desafios para a coordenação de estágio. Em relação ao processo de
alinhamento na construção dos instrumentais as dificuldades estão relacionadas a didática
utilizada pelos docentes. A disciplina de estágio supervisionado é iniciada no 6º período
concomitante com outras disciplinas que requerem projetos e pesquisas, pressupõe-se que o
discente tiveram dificuldades com novas mudanças. Um dos fatores condicionantes dessas
dificuldades é a troca de docentes nos semestres posteriores. De acordo com a visão dos
discentes alinhar a forma de requerer a elaboração do conteúdo facilitaria na materialização
dos instrumentais.
Outras estratégias mencionadas envolvem a interação através de oficinas, reuniões e
rodas de conversas que possam evidenciar dificuldades, experiências e atualizações que
capacitem o aprendizado no estágio supervisionado para discentes e supervisores. Esses
pontos requerem um planejamento conjunto entre os envolvidos na operacionalização do
estágio, principalmente em atividades periódicas como encontros e palestras gestados pela
coordenação de estágio. Em relação a reformulação na grade curricular é uma situação que
precisa ser discutidas amplamente pelo corpo coletivo do Serviço Social na UFAM, pois
envolvem riscos uma vez que a disciplina estágio tem pré-requisitos que são essenciais para
compreender os objetivos do estágio, adiantar esse processo pode ocasionar uma fragilização
na formação no que se refere a desvelar as expressões da questão social e junção da unidade
teórico-prática.

72
CAPÍTULO III

O ACOMPANHAMENTO DOS ESTAGIÁRIOS PELO SUPERVISOR DE


ENSINO E CAMPO: DIFICULDADES E POSSIBILIDADES

O presente capítulo apresenta aspectos importantes da relação entre supervisores e


estagiários no processo de acompanhamento das atividades desenvolvidas nas disciplinas de
estágio supervisionado I e II. Apresenta ainda uma breve descrição da visão dos discentes
sobre a importância do estágio curricular e uma análise da compreensão dos discentes no que
se refere ao aprendizado teórico-prático nos estágios. Por fim, descreve sobre a contribuição
do estágio para escolha da carreira profissional após a formação.

3.1 Abordagem das dificuldades de acompanhamento do supervisor de ensino

No curso de Serviço Social da UFAM o papel da supervisão de ensino está além da


orientação e realização de leituras teóricas. O processo de ensino envolve estratégias
pedagógicas de acompanhamento através de visitas e oficinas que devem deixar claros os
objetivos do estágio na formação profissional. Assim, não é apenas orientar sobre como
proceder nos estágios, mas proporcionar a reflexão para o amadurecimento teórico e ético
político dos discentes. O quadro 15 apresenta as atividades desses supervisores de acordo
com o plano pedagógico do curso.
Quadro 15: Pesquisa Documental - Atribuições do Supervisor de Acadêmico segundo PCC /2009

ATRIBUIÇÕES NA MATERIALIZAÇÃO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

• Conhecer os objetivos, a estrutura, a programação, o funcionamento e o significado dos


campos de estágio onde se acham engajados os estagiários;

• Entrosar o Supervisor de Campo com a sistemática de Estágio adotada pelo Curso de


Serviço Social, através de contatos prévios no início de cada período, troca de
informações, visitas quinzenais e/ou mensais, e avaliação no final de cada período;

• Caracterizar e discutir as dificuldades encontradas nos campos de Estágio, buscando


estratégias de ação, através de reuniões com supervisores de campo e estagiários;
Do Supervisor
de Ensino
• Estabelecer juntamente com o supervisor de campo e os estagiários um cronograma de
supervisão que deverá devidamente ser observado pelas partes envolvidas;

• Elaborar no início do semestre letivo o plano, programa e/ou projeto de estágio,


juntamente com o supervisor de campo e estagiários;

• Participar, juntamente com o supervisor de campo, de todo o processo de ensino-


73
aprendizagem desenvolvido no campo de estágio, corresponsabilizando-se pelas
orientações, acompanhamentos e avaliações contínuas;

• Participar de reuniões, cursos, seminários, ciclos de estudo, treinamentos e encontros


promovidos pelo Departamento de Serviço Social.

Fonte: Plano Pedagógico do curso Serviço Social 2009-CEG/CONSEPE.

O quadro expõe as atividades internas e externas que são realizadas durante as três
fases do estágio supervisionado. Assim, cabe apresentar a rotina de trabalho desses
supervisores sob a opinião dos discentes matriculados na disciplina de estágio. Conforme
descrito por 98% (47) dos discentes, as aulas na disciplina de estágio supervisionado II
ocorreram uma vez por semana com carga horária de 02 horas por semana. Apenas 2% (01)
afirmou ter aula duas vezes por semana. As principais atividades realizadas pelo supervisor
mencionadas pelos discentes foram: orientações sobre instrumentais de estágio e visitas de
avaliações na instituição. No que se refere às orientações gerais e individuais uma parcela dos
discentes sentiu dificuldades no acompanhamento da supervisão de ensino, conforme
menciona a tabela 7.

Tabela 7: Levantamento de orientações recebidas sobre os instrumentais de estágio

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I – SEMESTRE 2017/02


ORIENTAÇÕES SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO E.P.E TOTAL
UMA VEZ 02; 4% 01; 2% - - 01; 2% - - 04; 8%
DUAS VEZES 01; 2% 02; 4% - - - - - 03; 6%
TRÊS VEZES 02; 4% 02; 4% - - - - - 04; 8%
MAIS DE QUATRO VEZES 14; 29% 14; 29% 03; 6% 01; 2% - 01; 2% 01; 2% 34; 71%
NUNCA 01; 2% 01; 2% - 01; 2% - - - 03; 6%
ESTÁGIO SUPERVISIOANDO II - SEMESTRE 2018/01
ORIENTAÇÕES SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL
UMA VEZ 02; 4% 05; 10% 04; 8% - 01; 2% 12; 25%
DUAS VEZES 01; 2% - - - - 01; 2%
TRÊS VEZES 02; 4% 12; 25% - - - 03; 6%
MAIS DE QUATRO VEZES 14; 29% 01; 2% - - - 27; 56%
NUNCA - 01; 2% - - - 01; 2%
AINDA CURSANDO 01; 2% 01; 2% 01; 2% 01; 2% - 04; 8%

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

Apesar de a tabela 7 (que é comparativa) apresentar uma diminuição quanto aos


alunos que obtiveram poucas orientações, ainda assim, é um número relevante que precisa ser
discutido. Geralmente as dificuldades para compreender os instrumentais de estágio ocorrem
no primeiro contato com a disciplina de Estágio I. Essas dificuldades estão relacionadas à
compreensão teórico-prática individual do discente, qual é desenvolvida no processo de
aprendizado. Quando o discente não consegue absorver de maneira adequada a prática do

74
assistente social no campo, ocasiona dificuldades em perpassar as atividades exercidas para os
instrumentais. A orientação do supervisor de ensino nesse processo é de extrema importância
para esclarecer as dúvidas e dificuldades do discente.
Quando questionados pelos motivos de poucas orientações, os discentes mencionaram
a falta de organização de tempo de alguns supervisores, por exemplo, em algumas orientações
demoravam uma carga de tempo maior com algum discente, ocasionando na falta de tempo
para dar outra orientação. Conforme explicitado pelos discentes, as primeiras aulas são
coletivas e as demais são individuais. O turno que apresentou mais dificuldades foi o noturno,
devido a quantidade de alunos para um professor orientar. É importante destacar que a postura
de descobrir e interpretar precisa vir do discente, geralmente as dúvidas são sanadas nas
orientações individuais que são planejadas com a turma de acordo com o tempo disponível do
docente. A visão dos discentes sobre a disponibilidade de tempo desses professores é
indicada na tabela a seguir.

Tabela 8: Disponibilidade do supervisor de ensino para dar orientações individuais

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - SEMESTRE 2017/02


DISPONIBILIDADE SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO EXTENSÃO TOTAL
SIM 11; 23% 10; 21% 03; 6% 01; 2% - 01; 2% 01; 2% 27; 56%
NÃO 03; 6% 05; 10% - - 01; 2% - - 09; 19%
ÂS VEZES 03; 6% 03; 6% - 01; 2% - - - 07; 15%
NUNCA 03; 6% 02; 4% - - - - - 05; 10%
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - SEMESTRE 2018/01
DISPONIBILIDADE SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL
SIM 11; 23% 13; 27% 03; 6% 01; 2% - 28; 58%
NÃO 04; 8% 03; 6% 01; 2% - 01; 2% 09; 19%
ÂS VEZES 03; 6% 02; 4% - 01; 2% - 06; 13%
NUNCA 01; 2% - - - - 01; 2%
AINDA CURSANDO 01; 2% 02; 4% 01; 2% - - 04; 8%

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01.

A tabela sinaliza que grande parte dos discentes conseguiu ter orientações individuais,
as exceções estavam relacionadas ao número de atividades extras que os docentes realizam no
DSS e outras disciplinas para ministrar aula. No que se refere aos alunos que responderam
que ainda estavam cursando, salienta-se que o semestre letivo 2018/01 começou e não havia
docente para lecionar a disciplina, desta forma começaram atrasados. A tabela também indica
uma diminuição significativa quanto aos alunos que apontaram que nunca receberam
orientações individuais. De modo geral, a maioria dos discentes conseguiu receber
orientações individuais. Mas essa informação se contrasta quando os discentes apontam quais
são as maiores causas da indisponibilidade de tempo dos supervisores de ensino para dar
orientações individuais. Essa situação está apresentada no gráfico a seguir:

75
Gráfico 13: Visão dos discentes sobre as causas da indisponibilidade de tempo do supervisor de ensino

81, 25% 87, 50%

52, 08%
37,50% 31, 25% 27, 08%

MUITOS ALUNOS PARA APENAS DUAS HORAS DE AULA INTENSA E EXTENSA JORNADA
ORIENTAR NA SEMANA DE TRABALHO
ESTÁGIO I 25 15 39
ESTÁGIO II 18 13 42

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01 – Questão Múltipla Escolha

O gráfico apresenta um comparativo sobre as visões dos discentes relativas ao período


de quando cursaram os estágios I e II. No que se refere à quantidade de alunos para orientar,
se compararmos com gráfico 04 no capítulo II, veremos que algumas turmas ficaram com
mais discentes que outras, principalmente o turno noturno. Essa superlotação de uma turma
ocasiona dificuldades ao supervisor de ensino, pois a carga horária total em sala de aula é de
30 horas, porém acaba se excedendo por conta das dúvidas e orientações individuais. Outro
aspecto relevante é que a maioria dos discentes apontou como causa a intensa e extensa
jornada de trabalho do docente, o fato decorre da grande demanda de atividades que estes
docentes são responsabilizados, conforme quadro a seguir:

Quadro 16: Justificativas s dos discentes sobre as causas de indisponibilidade de tempo do supervisor de ensino
no acompanhamento
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“Eu acho que é a precarização do ensino, a exploração do trabalho do docente porque é humanamente
impossível você dar conta de quinze alunos de estágio, tendo que visitar quinze campos de estágios e o
professor ter que disponibilizar tempo individual pra cada aluno e tendo uma outra turma de outra disciplina
de vinte, trinta alunos e tendo orientação de outra coisa, então é humanamente impossível, isso sobrecarrega
os professores e a qualidade das aulas, dependendo do professor caí muito e a dos alunos também, porque se
o professor não tá muito bem pra dar aquela disciplina, os alunos também não vão acompanhar muito bem.
No dois menos, porque na disciplina de estágio houve uma reconfiguração da disciplina, das turmas e as
professoras agora estão com uma turma de sete alunos, por ai, diminuiu um pouco mais o que possibilita
mais orientação individuais, um pouco mais de tempo disponível pra ler, até porque são o pie, o relatório,
esses instrumentais multiplicados por quinze alunos, então é uma pilha imensa de trabalho, o professor não
dá conta” (Entrevistado n° 15/ Assistência).
Precarização do trabalho
(42 sujeitos) “Porque, eles têm, pelo menos no estágio I e II, sempre existiu a boa vontade, talvez o próprio docente que
não tem muito interesse em procurar, mas sempre que eu procurei eu tive retorno, o problema mesmo é que
eles fazem muitas coisas ao mesmo tempo” (Entrevistado n° 26/ Educação).

“Porque, por mais que ele se desdobre a prestar orientação para os alunos, às vezes a jornada de trabalho é
sobrecarregante para eles” (Entrevistado n°32 / Sociojurídico).

“Acredito que todos três influenciam na rotina acadêmica, nesse último período foi bem complicado em
específico no meu caso, porque além de muitos alunos para orientar, nós não tivemos aula no ICHL,
tivemos aula no mini campos, então era uma correria” (Entrevistado n° 47/ Saúde).

“Em todos os estágios que fiz, sempre teve esses problemas” (Entrevistado n°48 / Empresa).

76
Organização e Planejamento “Acho que a falta de organização do professor também foi uma das causas, porque a nossa turma começou
(06 sujeitos) atrasada e quando a professora chegou foi uma decepção, porque saímos de um ritmo e entramos em outro.
A professora do Estágio I é mil vezes mais organizada que a de agora, eu não entendo nada do que ela
explica e a forma como ela trata a gente, não é legal! Já estamos quase no meio do semestre e não tivemos
nenhuma leitura e ela já estava cobrando o relatório” (Entrevistado n° 07/ Sociojurídico).

“Na minha opinião, no estágio um houve muito conteúdo teórico e pouco tempo para discutirmos ele,
minha supervisora de ensino ficou doente na época, então teve que ser substituída por outra, só que ainda
não tinham contratado, então começamos o estágio bem tarde e devido a isso não falamos sobre os
instrumentais, eu fiz do meu jeito e olhando os das minhas colegas. No estágio dois, eu ainda estou
cursando, mas vejo que a professora é bem ocupada com outras atividades” (Entrevistado n° 12/
Assistência).

“Eu acredito também, eu acho que tem pouco tempo, porque são 04 horas se não me engano e muita das
vezes quando a gente vai ser orientado, uma pessoa passa 01 hora, outra passa mais 01 hora e vai
diminuindo o tempo pros outros, né? Porque tem o nosso tempo também, tem até 21:30 se não me engano e
isso atrapalha bastante” (Entrevistado n° 25/ Saúde).

“Olha eu sou professora, sei como é dar aula e sei o quanto é difícil se organizar quando temos um
calendário de atividades a seguir, mas a falta de planejamento de alguns professores precisa ser
mencionada, porque nós temos uma ementa, mas se você for comparar e ver se realmente aconteceu de
fato, não aconteceu” (Entrevistado n° 35/ Educação).

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01.

Segundo Boschetti (2016), a precarização do trabalho docente tem se intensificado no


cenário atual, decorrente das tendências dos novos perfis de profissionais exigidos no
mercado de trabalho. A autora salienta que o Serviço Social não está isento desta
característica, uma vez que a expansão acelerada dos cursos tem causado uma tendência a
produtivismo e competitividade. A problemática principal são as consequências dessa pressão
que fragilizam a formação profissional, pois provocam mudanças no processo de “ensinar,
pesquisar e orientar”, salienta ainda que:

No Brasil, a cada dia constatamos a insatisfação [...] de docentes com as pressões


institucionais e com o produtivismo. Também é inegável que o avanço tecnológico
impõe um ritmo infinitamente mais acelerado na relação
docente/discente/demandas/tempo. Para docentes não existe mais o “tempo formal
ou regulamentar” de trabalho. Às 8 horas diárias de um docente em dedicação
exclusiva se multiplicam em 12, 14, 16 horas cotidianas de trabalho, remetendo-nos,
em intensidade, às jornadas extenuantes [...] A jornada se estende pela noite, pelos
finais de semana, e o trabalho passa a fazer parte das relações pessoais. Não existe
mais longo prazo, tempo longo; tudo deve ser feito no menos espaço de tempo
possível. (BOSCHETTI, 2016, p. 25-26)

Nesse sentido, observa-se que as falas dos discentes apontam uma sobrecarga nas
atividades realizadas pelos docentes que limitam o tempo nas orientações individuais. O
segundo ponto mencionado pelos discentes sobre “organização e planejamento” não está
desarticulado da precarização do trabalho, pois essa situação é um dos efeitos das pressões de
tempo que estão sujeitos os docentes. Pressupõe-se que apesar das ementas de ensino
estabelecerem uma organização na ministração das aulas, os docentes não a materializam no
77
tempo previsto por conta de todas as atividades que exercem na UFAM. Desta forma, alguns
discentes se prejudicam no que se refere a ter uma orientação com tempo de qualidade. Outras
dificuldades apontadas pelos discentes relacionadas às orientações coletivas e individuais são
o conteúdo teórico abordado nas disciplinas. A análise demonstra um número relativamente
baixo, porém importante para entender quais foram às dificuldades da pequena parcela,
conforme tabela a seguir.

Tabela 9: Dificuldades de compreender o conteúdo teórico abordado na sala de aula

ESTÁGIO SUPERVISIOANDO I – SEMESTRE 2017/02


DIFICULDADES SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO EXTENSÃO TOTAL
SIM 05; 10% 03; 6% 02; 4% - 01; 2% 01; 2% - 12; 25%
NÃO 15; 31% 17; 35% 01; 2% 02; 4% - - 01; 2% 36; 75%
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - SEMESTRE 2018/01
DIFICULDADES SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL
SIM 04; 8% 04; 8% 01; 2% - 01; 2% 10; 21%
NÃO 16; 33% 16; 33% 04; 8% 02; 4% - 38; 79%

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01

A tabela 9 apresenta que houve uma pequena queda no semestre 2018/01 em relação
ao semestre anterior. Observa-se que os discentes que estavam na área da educação não
apresentaram dificuldades e os que mais tiveram estavam inseridos na área da saúde.
Evidencia-se que arcabouço teórico metodológico é de suma importância para compreender a
teoria e como transformá-la em prática nos campos de estágios. Esse processo de aprendizado
e construção desta base requer leituras, interpretação e orientação. Apesar, de o quantitativo
ser baixo é importante analisar as opiniões dos discentes sobre essas dificuldades, conforme
descrimina o quadro a seguir.

Quadro 17: Justificativa sobre dificuldades de compreensão do conteúdo teórico abordado na sala de aula
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

“No estágio II, a linguagem usada pela docente, tem me causado dificuldades para compreender, são
usados muitos termos técnicos e muitas vezes quando realizo a leitura pré-aula, acho que compreendi o
conteúdo, mas quando ela vai explicar fica clara a diferença dos nossos entendimentos” (Entrevistado n°
01/ Saúde).

Dificuldades de compreender “Depois que troquei de supervisor de ensino, eu tive muita dificuldade porque é um outro método, uma nova
a linguagem do docente forma de preencher os documentos obrigatórios é muito complicado e a linguagem que a professora usa não
(04 sujeitos) é muito compreensiva, fico mais confusa com as explicações dela” (Entrevistado n° 09/ Sóciojurídico).

“No estágio I, apesar do tempo corrido a docente explica bem, mas ainda assim eu tive muitas dificuldades
porque ela saiu antes do tempo, o que prejudicou a orientação dos instrumentais. E agora no II, eu sinto
muito sono na aula, a docente atual não explica com clareza, ela vai pra assuntos que não tem nada a ver
com a disciplina” (Entrevistado n°11 / Saúde).

78
“[...] a dificuldade que eu encontro dentro da disciplina de estágio é que não existe consenso na forma que
eles vão lecionar a disciplina, porque alguns não sabem, por exemplo, de acordo com a ementa no estágio
dois, você aplica o projeto de intervenção e no três você faz o relatório do projeto aplicado, aí no caso dessa
professora do II, ela não sabia e já estava pedindo o relatório como nota de avaliação, [...] eu percebo assim,
que não existe um conhecimento do que, que é a disciplina mesmo” (Entrevistado n° 13/ Sóciojurídico).
Dificuldades de acompanhar
“Não sei, eu acho que as coisas que ela abordava [...] ela desmistificava parágrafo por parágrafo e aquilo
metodologia do docente
cansava muito a minha mente, preferia que ela explicasse como um todo, e os instrumentais também, então
(03 sujeitos)
uns dois, três meses foi só ela explicando os instrumentais passo a passo e eu senti muita dificuldade [...]
minha mente cansava e eu não conseguia compreender” (Entrevistado n°37 / Assistência).

“Sim, nos dois estágios, principalmente quando houve troca de professores, é muito ruim quando você está
dentro de um método e entra em outro, tem necessidade de recomeçar tudo, é bem desgastante pro aluno”
(Entrevistado n°47 / Saúde).

“No um porque o conteúdo era bem intenso, bastante material a ser lido, muitas leis e regulamentações”
(Entrevistado n° 05/ Sóciojurídico).

“Porque o conteúdo de estágio é bem difícil, tem que elaborar projeto, preencher os instrumentais, então
Conteúdo Teórico intenso e não é fácil aprender com facilidade” (Entrevistado n° 07/ Sóciojurídico).
extenso
(04 sujeitos) “No estágio um a dificuldade foi um pouco no sentido de que a gente viu muitas leis de regulamentação da
profissão, código de ética, política de estágio, pra gente era muita coisa pra assimilar, nós tínhamos que
aprender mesmo e no dois foi um pouco mais leve, porque os textos mais pesados nós lemos em estágio um
e no dois a gente estava lendo mais sobre como fazer projetos, porque a gente estava sendo orientado sobre
como fazer o projeto de intervenção, como elaborar e etc” (Entrevistado n°15 / Assistência).

“Senti dificuldade mais no estágio um, mais porque é bem difícil fazer a relação entre teoria e prática,
principalmente quando o supervisor de campo não contribui, diversas vezes eu me senti dividida no estágio,
porque na sala eu ouvia que não existe teoria sem a prática e no estágio, por incrível que pareça minha
supervisora me dizia que a maioria das coisas que tínhamos na graduação não aplicávamos no exercício da
Dificuldade de fazer a profissão ” (Entrevistado n° 12/ Assistência).
relação teoria-prática
(04 sujeitos) “Sim, sobre nossos direitos, tanto no campo de estágio que a gente não conhecia, ai foi bastante complicado
assimilar qual era a atribuição do serviço social, o que era competência e o que não era” (Entrevistado n°29
/ Saúde).

“Sim, principalmente no estágio I, e eu senti muita dificuldade porque no meu local de estágio tinha muitas
limitações, fazer a relação da teoria e pratica foi bem difícil.” (Entrevistado n°48 / Empresa).

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

Os conteúdos teóricos abordado nas disciplinas de Estágio Supervisionado são


extremamente importantes para a compreensão dos objetivos do estágio, competências
privativas do assistente social e diretrizes legais de sua atuação. O quadro 17 apresenta
algumas dificuldades em relação à compreensão teórica dos assuntos abordados na sala de
aula. De modo geral, observa-se que algumas falas apresentam uma comparação quando há
troca de professor do Estágio I para o Estágio II. É evidente que na percepção dos discentes
essa prática prejudica o desenvolvimento do estágio supervisionado no que se refere ao
preenchimento dos instrumentais de estágio e construção do projeto de intervenção. Essas
dificuldades irão se desvelar em duas situações: dificuldades de compreender a linguagem do
docente e dificuldades de acompanhar metodologia do docente.
Ainda na perspectiva de compreensão do conteúdo teórico os discentes descrevem
sentir dificuldades em assimilar o conteúdo por ele ser extenso e envolver muita leitura,
porém evidencia-se que sem essa particularidade outras problemáticas são desenvolvidas
79
como a: dificuldade de fazer a relação da teoria e prática. Ambas as dificuldades são mais
acentuadas no estágio I, tendo em vista que no estágio II, o discente começa a realizar leituras
sobre a construção do projeto de intervenção. A comunicação nesse processo é um elemento
essencial para esclarecer e tirar dúvidas. Quando questionados se sentiam dificuldades de
perguntar ou questionar algo do supervisor de ensino, a mesma porcentagem de discentes
respondeu que sim, conforme indica a tabela a seguir:

Tabela 10: Dificuldades de questionar ou perguntar algo do supervisor de ensino

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - SEMESTRE 2017/02


DIFICULDADES SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO EXTENSÃO TOTAL
SIM 06; 13% 03; 6% - - 01; 2% - - 10; 21%
NÃO 14; 29% 17; 35% 03; 6% 02; 4% - 01; 2% 01; 2% 38; 79%
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - SEMESTRE 2018/01
DIFICULDADES SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL
SIM 07; 15% 05; 10% 01; 2% - 01; 2% 14; 29%
NÃO 13; 27% 15; 31% 04; 8% 02; 4% - 34; 71%

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01

De modo geral os discentes não sentiram dificuldades de perguntar ou questionar,


observa-se que os discentes que mais sentiram dificuldades estavam inseridos na área da
saúde e área sociojurídica, tendo um pequeno crescimento no semestre 2018/01. As
dificuldades apontadas ainda estão relacionadas à linguagem e metodologia abordada pelo
docente no processo de interação e comunicação com o discente. O quadro 18 apresenta as
visões dos discentes sobre algumas ações e posturas do corpo docente que em suas percepções
fragilizam o processo de ensino aprendizado na formação profissional.

Quadro 18: Justificativa sobre as dificuldades de perguntar ou questionar algo ao supervisor de ensino
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

“Minha supervisora de ensino, não abria muito espaço para falarmos e ela sempre chegava atrasada na sala
de aula e tinha que correr pra não atrasar o conteúdo” (Entrevistado n°07 / Sóciojurídico).
Linguagem e falta de diálogo
(02 sujeitos)
“Sim, no primeiro por conta do tempo, as aulas eram bem rápidas e no segundo porque eu não consigo
compreender as aulas, como eu disse a docente tem uma dificuldade de falar com clareza e coesão”
(Entrevistado n°11 / Saúde).
Dificuldades de ordem
“Sim, eu senti um pouco de dificuldade, porque na verdade eu faltava muito, conciliar as coisas foi bem
interna pessoal
complicado, eu não podia exigir dos professores, na verdade a minha professora me ajudou muito”
(01 sujeito)
(Entrevistado n°48 / Empresa).

“Houve dificuldade na resposta, porque ela não tinha entendimento do meu campo de estágio” (Entrevistado
n°02 / Assistência).
Dificuldades de obter
respostas
“Sempre existe, porque [...] existem campos que quando a gente aprende a teoria, a gente desconhece a
(06 sujeitos)
prática, então embora eu seja da saúde tem coisas que a gente precisa tirar algumas dúvidas. E que às vezes
o próprio docente não sabe” (Entrevistado n° 28/ Saúde).

80
“As respostas dela são muito abertas e as aulas não são muito produtivas, então você não tem muita coisa
pra perguntar. Primeiro porque ela te responde de uma forma muito meia boca. Segundo, a aula é realmente
improdutiva, como se não tivesse passando nada” (Entrevistado n° 31/ Sóciojurídico).

“[...] porque não há tempo pra ficar perguntando e tirando dúvidas e nós só vemos eles uma vez por semana
e depois nem uma vez, porque as orientações começam a ser individuais e por incrível que pareça eu sempre
sou a última a ser orientada e minha orientação acontece na correria, porque ela já orientou outros antes e
demorou mais tempo, então fica meio inviável perguntar tudo”. (Entrevistado n° 42/ Saúde).

“Sim, principalmente porque alguns professores não gostam de ouvir, infelizmente é complicado quando
você faz algum questionamento e o mesmo não mostra disposto a responder” (Entrevistado n° 47/ Saúde).

“Sobre essa questão, acho relevante considerar sobre a correção dos instrumentais. No estágio I, a docente
corrigia na frente de todos os outros alunos, o que de certa forma, deixa o discente meio envergonhado,
principalmente quando o docente ri do que escrevemos, por estarmos em fase de aprendizado, acho falta de
ética expor o discente dessa forma” (Entrevistado n° 01/ Saúde).

“Sim, pois era uma professora que eu ainda não havia tido aula, ela agia de forma um pouco sarcástica
quando alguém perguntava algo, mas não parecia proposital” (Entrevistado n° 06/ Sóciojurídico).

“[...] porque ficar interrompendo aula é chato e alguns professores gostam de corrigir o discente na frente de
outros alunos, isso é constrangedor, todos nós sabemos que estamos aprendendo, a faculdade é pra aprender,
Constrangimento e sigilo ninguém sabe de tudo, acho que deveria ter mais sigilo na correção dos instrumentais e na orientação”
(05 sujeitos) (Entrevistado n° 09/ Sóciojurídico).

“[...] no estágio II, eu senti certa dificuldade, estou sentindo porque estou estudando ainda, por exemplo, ela
corrigiu o PIE na sala de aula junto com a outra professora e ela foi falando os erros em voz alta e ela foi
rindo de algumas coisas que era fora do comum, por exemplo, eu sou do sóciojurídico e eu tinha colocado lá
no meu PIE alguma coisa a ver com a carteira de vacinação quando o discente for do campo de saúde, mas
mesmo eu assim eu coloquei no meu PIE, e a professora de estágio um, não questionou porque tinha a ver
com a regulamentação do estágio, mas aí a do II, riu, então assim, eu já criei uma barreira interna que eu não
vou mais perguntar coisas dela, porque se riu, se achou engraçado, disse que tinha muita coisa errada, eu já
fico meio mal, ela tentou fazer algo muito comum na sala, mas acabou que ela não conseguiu perceber que
isso acaba constrangendo um pouco, independente se todo mundo é amigo ali, a gente fica pouco
constrangida com o erro exposto” (Entrevistado n° 13/ Sóciojurídico).

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

O quadro 18 apresenta novamente dificuldades relacionadas à linguagem utilizada


pelo docente e a falta de interação nas aulas de estágio de uma pequena parte dos discentes.
Segundo Garcia (2012) a comunicação e a relação interpessoal no processo de supervisão
influenciam no aprendizado do discente. Nesse sentido, observa-se a importância do discente
ter uma boa relação de comunicação na sala de aula, essa relação envolve diálogos abertos
sobre as vivencias e dificuldades do estágio em campo e na própria sala de aula. Levando em
consideração que os discentes expõem suas dificuldades sobre a supervisão de campo na sala
de aula, não seria necessário discutir e ouvir as dificuldades que são relacionadas à supervisão
de ensino?. O quadro 18 demonstra que alguns docentes não estão abertos ao diálogo, o que
de certa forma dificulta ao discente obter algumas respostas.
Em relação às dificuldades de obter respostas sobre temas específicos do estágio em
campo, é preciso considerar que o docente é um eterno aprendiz, nem sempre a área do
estágio é a área de especialização do docente e o discente precisa ir à busca do conhecimento,
independente se o conteúdo está sendo abordado nas salas de aula. Pressupõe-se que as
dificuldades relacionadas a esta situação ocorrem por conta da não compreensão das

81
atividades exercidas no campo, por isso é extremante necessário à visita de acompanhamento
e o plano de trabalho construído entre os supervisores, principalmente no que se refere a
atividades práticas. Em relação às dificuldades pessoais internas, o principal responsável pelo
aprendizado é próprio discente, então se observa na fala que o discente preferiu não expor
suas dificuldades por conta da sua ausência na sala de aula.
Em relação ao comportamento no ato de correção e orientação nas aulas de estágios,
os discentes apontaram que ficaram constrangidos com algumas situações e posturas de
alguns docentes. Essa problemática está relacionada à metodologia de ensino abordada pelo
docente, mas é importante evidenciar que o discente está em fase de aprendizagem e que
possibilitar a construção do conhecimento envolve técnicas e posturas que não deixem os
discentes com receio de expor suas inseguranças, medos e dúvidas. Principalmente, porque o
docente é aquele que geralmente ouve as irregularidades que ocorrem no estágio em campo,
então se há dificuldades de comunicação, torna-se necessário refletir sobre as metodologias
abordadas pelos docentes ou começar a se pensar em avaliações estratégicas respondidas
pelos próprios discentes, que indiquem mudanças e melhorias no que se refere ao aprendizado
no estágio em campo e na universidade. Essa relação entre a supervisão de campo e ensino
também é caracterizada nas visitas de acompanhamento do supervisor de ensino nos estágios
em campo, conforme tabela a seguir.

Tabela 11: Levantamento sobre a quantidade de visitas recebidas no campo de estágio

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - SEMESTRE 2017/02


VISITAS NO CAMPO SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO EXTENSÃO TOTAL
UMA VEZ 12; 25% 18; 38% 03; 6% 02; 4% - 01; 2% 01; 2% 37; 77%
VISITA NÃO REALIZADA 01; 2% 01; 2% - - - - - 02; 4%
VISITA NÃO AGENDADA 07; 15% 01; 2% - - 01; 2% - - 09; 19%
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - SEMESTRE 2018/01
VISITAS NO CAMPO SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL
UMA VEZ 05; 10% 04; 8% 01; 2% - - 10; 21%
DUAS VEZES 01; 2% 02; 4% - - - 03; 6%
VISITA AGENDADA 08; 17% 13; 27% 03; 6% 02; 4% 08; 17% 26; 54%
VISITA NÃO AGENDADA 06; 13% 01; 2% 01; 2% - 01; 2% 09; 19%

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

A visita de acompanhamento nos estágios em campo é de extrema importância para


fortalecer a qualidade do estágio e esclarecer seus principais objetivos, além de possibilitar a
construção conjunta de um plano de supervisão articulado com o supervisor de campo, porém
a precarização das condições de trabalho no que se refere a tempo e demanda institucional
afeta o tempo do supervisor de campo para realizar essas visitas, principalmente porque não

82
há recurso que os auxiliem nessas visitas e tempo que se adeque ao do supervisor de campo,
tendo em vista que este também tem suas particularidades de tempo e demanda. Ainda assim,
a tabela 11 apresenta que no semestre 2017/02, apenas 23% (11) dos discentes não receberam
visitas de acompanhamento nos campos de estágio. Evidencia-se que no semestre 2018/01
alguns discentes receberam duas visitas, porém é preciso levar em consideração que a coleta
desta pesquisa foi realizada em período letivo, ou seja, é possível que número de visitas tenha
crescido. Segundo os discentes a carga horária dessas visitas ocorreu conforme descrimina a
tabela a seguir:

Tabela 12: Levantamento da carga horária da visita recebida no campo de estágio

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - SEMESTRE 2017/02


TEMPO DE QUALIDADE SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO EXTENSÃO TOTAL
10 a 15 MINUTOS 02; 4% 01; 2% - - - - 01; 2% 04; 8%
30 MINUTOS A 01 HORA 08; 17% 15; 31% 02; 4% 01; 2% - 01; 2% - 27; 56%
02 HORAS 02; 4% 02; 4% 01; 2% 01; 2% - - - 06; 13%
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - SEMESTRE 2018/01
TEMPO DE QUALIDADE SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL
10 a 15 MINUTOS 01; 2% - 01; 2% - - 02; 4%
20 MINUTOS A 01 HORA 02; 4% 05; 10% - - - 07; 15%
02 HORAS 03; 6% 01; 2% - - - 04; 8%

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

De modo geral, as visitas tiveram uma carga horária excelente, tendo em vista as
dificuldades de conciliação de tempo dos supervisores de ensino e campo, apenas o discente
da área de organização empresarial não recebeu a visita de acompanhamento nos estágio I e
II. Quanto aos discentes na área da educação, responderam que a visita estava agendada, mas
ainda não havia sido realizada. Evidencia-se que as maiores dificuldades nessas visitas não
foram sua materialização, mas sim, expor críticas ou irregularidades vivenciadas no campo de
estágio na frente de ambos os supervisores, conforme descrimina a tabela 13.

Tabela 13: Dificuldades de expor irregularidades na visita de acompanhamento

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - SEMESTRE 2017/02


DIFICULDADES SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO EXTENSÃO TOTAL
SIM 05; 10% 09; 19% 02; 4% 01; 2% - - 01; 2% 18; 38%
NÃO 07; 15% 09; 19% 01; 2% 01; 2% - 01; 2% 19; 40%
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - SEMESTRE 2018/01
DIFICULDADES SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL
SIM 02; 4% 02; 4% - - - 04; 8%
NÃO 04; 8% 04; 8% 01; 2% - - 09; 19%

Fonte: Pesquisa de Campo – Dificuldades de Acompanhamento do Supervisor de Ensino - 2018/01

83
A tabela demonstra que os discentes que mais sentiram dificuldades estavam inseridos
na área sociojurídica e na área da saúde. O quadro a seguir especifica quais foram essas
dificuldades:

Quadro 19: Justificativas sobre as dificuldades de expor críticas ou irregularidades nas visitas de
acompanhamento
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

“Acredito que todos os discentes, ficam receosos em prejudicar a nota da avaliação, embora eu tivesse uma
boa relação com a supervisora de campo, não consegui explicitar na frente de ambas, que eu só precisava
cumprir às 150 horas, no caso realizei horas extras para não perder a vaga” (Entrevistado n°01 / Saúde).

“Ninguém quer prejudicar a nota na avaliação, embora eu tivesse algumas reclamações, eu me calei porque
sempre quando eu falo algo, minha supervisora rebate, ela meio que não aceita minha opinião, então pra
evitar confusão, eu nem falei nada nas duas visitas”. (Entrevistado n°09 / Sociojurídico).

“É como eu falei, tem coisas que não dá pra falar na frente dos dois supervisores, ainda mais quando eu sei
que minha avaliação de estagiário vai definir minha nota, no estágio um a avaliação, valia cinco pontos, eu
tinha que tirar ótimo em tudo, para poder conseguir passar, mas a minha supervisora de campo não sabia
Medo de prejudicar a
disso, e ela disse que nunca daria ótimo em tudo, porque o estagiário tem que aprender. Honestamente,
avaliação
achei injusto” (Entrevistado n° 10/ Saúde).
(15 sujeitos)
“Sim, não vou negar não, eu senti dificuldade de falar algumas coisas, mas porque eu estava preocupada
com a minha nota” (Entrevistado n°14 / Sociojurídico).

“Acho que todos os alunos sentem dificuldades de questionar e contar coisas que na minha percepção não
estão de acordo com as leis de estágios, é mais fácil falar pro supervisor de ensino do que pro supervisor de
campo, agora imagina você falar na frente dos dois... é pedir para tirar nota ruim na avaliação do
estagiário” (Entrevistado n°47 / Saúde).

“A gente fica com medo da avaliação, é constrangedor, eu não sei, é muita, é porque tá as duas ali, aí você
fica meio assim, mas isso é no I, aí eu tinha outra cabeça, eu acredito que no II, isso não aconteça”
(Entrevistado n° 33/ Saúde).

“Sim, na verdade eu esperava que a professora fizesse questionamentos através de tudo que eu já tinha
contado na sala de aula, mas quando ela chegou lá, não fez perguntas pra mim, somente pra supervisora”
(Entrevistado n°08 / Sociojurídico).
Expectativa de o docente
questionar as irregularidades
“Sim, porque queria falar das irregularidades, mas não chegamos a falar de nenhuma” (Entrevistado n°46 /
vivenciadas no campo
Saúde).
(03 sujeitos)
“A questão do supervisor de campo, tinha algumas coisas que eu não concordava, então eu não tinha a
supervisão realmente como deveria, mas eu não consegui expor a situação aos dois supervisores, fiquei
esperando a professora perguntar” (Entrevistado n°30 / Sociojurídico).
Não abertura de espaço para
o estagiário contribuir com “Sim, eu sentia uma necessidade de falar assim, sobre a atuação lá dentro do assistente social, era muito
ideias e mudanças limitada para o estagiário. E eu, não gostava disso! Eu acho que deveriam dar mais espaço para o estagiário
(01 sujeito) poder contribuir com o conhecimento que ele tinha” (Entrevistado n° 02/ Assistência).

Capacitação continuada e “Na primeira vez senti, é muito difícil você estar frente a frente com dois supervisores e você contar as
renovação da profissão coisas. Porque a professora de ensino te explica o que, que é para você fazer realmente, o correto pela lei. E
(01 sujeito) o supervisor de campo se formou a mais de 20 anos, então não tem essa linha das professoras de ensino que
estão baseados na lei” (Entrevistado n° 04/ Assistência).
Interesses pessoais do
“Sim, porque minhas supervisoras se conheciam e eram amigas. Quando houve a visita o foco da conversa
docente conflitando na visita
não o estágio, na verdade não teve uma abertura para que eu falasse algo” (Entrevistado n° 07/
(01 sujeito)
Sociojurídico).

“Porque eu não queria detonar a assistente social, porque eu sentia que ela não mostrava o trabalho dela
Discente não participou da
efetivo. Eu não sentia que ela me mostrava o trabalho do assistente social como um todo, logo no primeiro,
conversa
ela me prendeu muito só a tabulação de dados, as coisas mais técnicas e não a prática mesmo e eu senti
(01 sujeito)
dificuldade na hora visita, porque elas estavam conversando só entre elas mesmo e eu fiquei no
computador, eu não participei da conversa” (Entrevistado n° 37/ Assistência).

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

84
O quadro aponta que as maiores causas dos discentes não exporem as irregularidades e
críticas foi o medo de prejudicar a nota na “avaliação do estagiário”, formulário que é
respondido pelo supervisor de campo que avalia o conhecimento, desempenho e compromisso
do estagiário. Essa avaliação determina se o discente se encaixa nas opções: bom, ótimo,
regular ou insuficiente. O medo de prejudicar esta avaliação se intensificou quando alguns
docentes decidiram atribuir notas de acordo com o desempenho individual de cada opção
descrita no formulário. Apenas três sujeitos tiveram expectativas que o supervisor de ensino
questionasse sobre as irregularidades vivenciadas no campo, evidencia-se que o papel de
fiscalização é do CRESS, porém existem algumas irregularidades inaceitáveis vivenciadas
pelos discentes do curso de Serviço Social que precisam ser discutidas como: estagiário ficar
na portaria da instituição; estagiário fazer café para o assistente social; estagiário ajudar no
banho de um paciente no hospital; estagiário fazer papel de secretário do assistente social;
estagiário ensinar a prática para outro assistente social;
São situações que precisam ser vistas e relatadas à coordenação de estágio. É preciso
evidenciar que essas situações ocorrem devido a fragilidades na formação do profissional
assistente social e discente. A importância da capacitação continuada e atualização no que se
refere ao processo de supervisão são essenciais. Outra situação que ficou evidente nas falas é
o compromisso ético com o seu papel, a visita tem objetivos e não é um momento de encontro
particular, talvez seja necessário pensar em estratégias que direcionem essas visitas de acordo
com as dificuldades apresentadas na sala de aula. Outra característica apresentada no quadro
19 refere-se a não participação do discente no momento da conversa na visita do supervisor de
ensino no campo de estágio, em contraste cabe destacar duas percepções de discentes que
descrevem a participação de supervisores de ensino que questionaram as irregularidades e
proporcionaram uma interação entre os sujeitos envolvidos no processo de estágio.

“Não, porque minha supervisora perguntou sobre as irregularidades e explicou na


frente da outra supervisora como a questão de conciliar a hora do estágio
supervisionado com o renumerado, porque eu pensava que não podia, mas minha
supervisora de ensino pediu que eu pegasse o termo de compromisso e lá diz que
não tem problema. E também questionou as minhas questões de confundirem minha
relação de estagiária renumerada e supervisionada” (Entrevistado n°03 / Saúde).

“Não, porque na visita que ela fez, ela fez com que houvesse uma interação entre eu
a supervisora e ela. Ela fez perguntas pra mim referentes à supervisora, fez
perguntas pra supervisora referente a mim, não foi uma visita só pra ver se eu tinha
supervisora, ela realmente quis que eu falasse coisas pra minha supervisora e a
minha supervisora também falou coisas de mim, então ela conseguiu inteirar a
conversa” (Entrevistado n°13 / Sociojurídico).

85
Observa-se na fala das discentes que dificuldades foram resolvidas e que a
comunicação fluiu em articulação com os três sujeitos envolvidos no estágio. Quando os
discentes foram questionados sobre a eficácia da visita no estágio em campo, o gráfico 14
demonstra que tanto no estágio I, quanto no II, as visitas foram eficazes.

Gráfico 14:Visão dos alunos sobre a eficácia da visita nos estágio I e II

INEFICAZ EFICAZ OUTRO


28

11
6 3 13% 58% 6% 2 4% 23%

ESTÁGIO I % ESTÁGIO I I %

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01.

Apesar de o gráfico demonstrar um número baixo em relação à opção ineficaz, essa


questão entra contradição, pois na opinião dos discentes houve dificuldades na compreensão
do docente em perceber a realidade que o discente estava sujeito no campo de estágio. A
tabela a seguir apresenta a visão dos discentes sobre essa questão.

Tabela 14: visão dos discentes sobre as dificuldades vivenciadas no acompanhamento do estagiário pelo
supervisor de ensino

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - SEMESTRE 2017/02


VISÃO DO DISCENTE SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO EXTENSÃO TOTAL
A - LEGENDA 07; 15% 08; 17% 01; 2% - - - 01; 2% 17; 35%
B - LEGENDA 06; 13% 05; 10% 01; 2% - - - - 12; 25%
C - LEGENDA 08; 17% 10; 21% 01; 2% 01; 2% 01; 2% - - 21; 44%
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - SEMESTRE 2018/01
VISÃO DO DISCENTE SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL
A - LEGENDA 06; 13% 03; 6% 01; 2% - - 10; 21%
B - LEGENDA 05; 10% - 01; 2% - - 06; 13%
C - LEGENDA 08; 17% 01; 2% 01; 2% 02; 4% 01; 2% 13; 27%

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01 – Questão Múltipla Escolha


Legenda:

A - Não, pois o docente não fez perguntas sobre as dificuldades do estágio.


B - Não, pois a visita foi muito rápida e sem tempo para conversar.
C - Não, porque uma visita não é o suficiente para compreender a realidade do estágio .

No que se refere às vivências no Estágio I, observa-se que as maiores dificuldades


estavam relacionadas ao questionamento das irregularidades e, também, ao fato de apenas
uma visita não ser o suficiente para o supervisor de ensino compreender a dinâmica
86
desenvolvida no estágio e perceber quais atividades ele está realizando naquele espaço. Esta
última característica, se acentua no Estágio II, observa-se que todos os discentes a apontaram
como dificuldade.

3.2 Abordagem das dificuldades de acompanhamento do supervisor de campo

O acompanhamento do supervisor de campo é de extrema importância no processo de


aprendizado do discente no estágio supervisionado, pois através das ações realizadas no
âmbito profissional pode propiciar para o discente a construção de um olhar crítico,
investigativo e reflexivo frente às contradições e desafios que aparecem no cotidiano
profissional. O quadro 20 apresenta as atribuições do supervisor de campo na materialização
da disciplina de acordo com o plano pedagógico do curso.

Quadro 20: Pesquisa Documental - Atribuições do Supervisor de Campo

ATRIBUIÇÕES NA MATERIALIZAÇÃO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

▪ Elaborar juntamente com o supervisor docente e o estagiário, o plano, programa e/ou


projeto de atividades de estágio a ser desenvolvido.

▪ Participar, juntamente com o Supervisor de Ensino, de todo o processo de ensino


Do Supervisor de aprendizagem desenvolvido no campo de estágio, corresponsabilizando-se pelas
Campo orientações, acompanhamento e avaliações continuas.

▪ Estabelecer, juntamente com o Supervisor de Ensino e os Estagiários, o cronograma de


supervisão que deverá ser devidamente observado pelas partes envolvidas.

▪ Manter a disposição do Supervisor de Ensino e/ou coordenador de estágio a documentação


de acompanhamento e avaliação de estagiário.

▪ Comunicar por escrito ao Departamento de Serviço Social qualquer alteração no estágio


do aluno que interfira no cumprimento das exigências curriculares.

▪ Participar de cursos, seminários, ciclos de estudo, treinamento e encontros promovidos


pelo Departamento de Serviço Social.

▪ Informar oficialmente ao Departamento de Serviço Social, no início de cada semestre


letivo, os nomes de profissionais habilitados e disponíveis ao exercício de supervisão de
estágio.

Fonte: Plano Pedagógico do curso Serviço Social 2009 - CEG/CONSEPE.


Nota: Acervo do SISTEBID

Observa-se que o quadro indica um acompanhamento efetivo e conjunto no que se


refere à elaboração do plano de trabalho a ser de desenvolvido com o discente e atividades no
desenvolvimento da disciplina. Salienta que o desenvolvimento da supervisão não é estrito ao
87
campo, pois envolve sua participação na universidade nas atividades desenvolvidas pelo DSS,
além da contribuição no que se refere a novos profissionais habilitados para supervisão. Nesse
sentido, é importante refletir se essas atribuições estão materializadas na universidade, por
exemplo, nos semestres 2017/02 e 2018/01 não houve seminários, oficinas ou atividades de
cunho coletivo, a articulação entre os sujeitos envolvidos no estágio ocorreu por meio de
visitas institucionais agendadas pelos dos supervisores de ensino nos espaços de inserção.
Pressupõe-se que para dar inicio a qualquer atividade a ser desenvolvida com o
discente é necessário uma organização e construção de um plano de trabalho que facilite a
compreensão e assimilação dos objetivos do estágio em suas particularidades. No entanto, a
pesquisa demonstra que os discentes estão tendo dificuldades na elaboração e construção
desses materiais com os supervisores, por conta da indisponibilidade de tempo para dar
orientações referentes a temáticas específicas do espaço sócio institucional, atividades
programadas e programas ou projetos desenvolvidos pelo setor. De acordo com os discentes,
os motivos sobre essa indisponibilidade estão relacionados à intensificação do trabalho do
assistente social, conforme descrimina a tabela a seguir.

Tabela 15: Motivos da indisponibilidade de tempo do supervisor de campo para dar orientações no estágio

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - SEMESTRE 2017/02


MOTIVOS SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO EXTENSÃO TOTAL
A 08; 17% 08; 17% 02; 4% - 01; 2% 01; 2% - 20; 42%
B 09; 19% 08; 17% 03; 6% - 01; 2% - - 21; 44%
C 06; 13% 02; 4% 02; 4% - - - - 10; 21%
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - SEMESTRE 2018/01
MOTIVOS SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL LEGENDA
A 09; 19% 07; 15% 04; 8% - 01; 2% 21; 44% A - Alta demanda de atendimentos
B 09; 19% 07; 15% 05; 10% - 01; 2% 22; 46% B - Ausência de profissionais
C 05; 10% 04; 8% 01; 2% - - 10; 21% C - Outra Opção

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01– Questão Múltipla Escolha.


Nota: Os dados apresentados são referentes somente aos discentes que sentiram dificuldades.

A causa dessas situações está relacionada às configurações de trabalho do assistente


social. Pinto (2016) explica que as alterações no mundo trabalho influenciam os espaços
sócios ocupacionais do assistente social no que se refere à intensificação do trabalho.
Pressupõe-se que as atividades realizadas de cunho privativo e não privativo tem afetado o
tempo nas orientações, principalmente quando o espaço institucional não possui auxiliar ou
outros profissionais para executarem as atividades do setor. Salienta-se que cada área
mencionada na tabela 15 tem sua particularidade nos desafios e demandas institucionais, e o
88
modo como o supervisor de campo vai lidar com essas dificuldades vai divergir em cada área,
porém cabe mencionar a visão dos discentes sobre como o supervisor lida com essa situação,
conforme mencionam:

“[...] é o trabalho que afeta o tempo da supervisão [...] eu sinto que a gente meio que
se orienta [...] Ela fica bem pouco com a gente [...] mas ela é daquelas que se você
perguntar, ela te orienta. Mas é muito do aluno ir procurar ela [...] é mais o aluno ser
autônomo e ir lá perguntar” (Entrevistado n°33 / Saúde).

“Ela não tem a disponibilidade. Na verdade a gente não encontra um horário em


comum com as três estagiárias [...] chegando à demanda, a gente vai fazendo as
atividades e nesse processo ela vai dizendo: olha vem aqui [...] é assim dessa forma
que isso vai acontecer [...] então as orientações são no fazer profissional”
(Entrevistado n°15 / Assistência).

[...] é muito trabalho e você acaba sendo jogado algumas vezes, [...] eu tenho que
fazer umas atividades que eu não sei como fazer, eu fico muito insegura [...] aí ela
tem que trabalhar em outras coisas e eu fico meio que sozinha [...] ela não tem muito
tempo nesse sentido, mas quando ela pode, ela me orienta, me supervisiona, mas em
alguns momentos eu fico meio que vai” (Entrevistado n°31 / Sociojurídico).

Observa-se nas falas que as orientações de estágio têm ocorrido no momento em que o
assistente social executa alguma atividade ou quando o discente questiona ou tira dúvidas
sobre as atividades institucionais. A pesquisa demonstra que os discentes possuem noção das
causas desses problemas. O gráfico 15 aponta a visão do discente sobre os condicionantes da
indisponibilidade de tempo do supervisor de campo para dar orientações.

Gráfico 15: Visão dos discentes sobre as causas da indisponibilidade de tempo do supervisor de campo para
dar orientações no estágio I e II

77,08% 72,91%

29,16% 31,25% 35,41% 33,33%


18,75% 18,75%

REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES
INTENSA E EXTENSA FALTA DE ORGANIZAÇÃO E FALTA DE CONHECIMENTO
QUE NÃO SÃO
JORNADA DE TRABALHO DO PLANEJAMENTO DA SOBRE O PAPEL DA
COMPETÊNCIAS DO
ASSISTENTE SOCIAL SUPERVISÃO DE CAMPO SUPERVISÃO
ASSISTENTE SOCIAL
ESTÁGIO I 37 14 17 9
ESTÁGIO II 35 15 16 9

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01 – Questão Múltipla Escolha

O gráfico sinaliza que as maiores causas estão relacionadas à intensa e extensa jornada
de trabalho e realização de atividades que não são competências da categoria. Pressupõe-se
89
que o exercício profissional tem uma tendência a se confundir com outros exercícios, diante
disso, há uma sobrecarga que ocasiona uma limitação no tempo de supervisão. Um dos fatores
condicionantes deste problema é a intensa jornada de trabalho do assistente social, pois os
espaços sócios ocupacionais exigem, por muitas vezes a realização de atividades que não são
privativas ao serviço social, gerando uma sobrecarga para o assistente social. Esse
condicionante, geralmente está ligado a outro desafio da categoria, que é ter conhecimento das
competências e atribuições do assistente social, problemática que está estreitamente articulada
com a formação profissional. É nesta perspectiva, que alguns profissionais realizam atividades
que não são privativas da categoria, propiciando um desalinho sobre as reais competências
privativas do assistente social. O quadro 21 apresenta a opinião dos discentes sobre esses
problemas.

Quadro 21: Justificativa sobre as causas da indisponibilidade de tempo na percepção do discente


CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

“Existe uma série de atividades que o assistente social precisa fazer, o trabalho no âmbito sócio jurídico
requer uma seriedade porque trabalhamos com processos e qualquer erro, pode ocasionar grandes problemas
burocráticos, geralmente essas atividades tomam a maior parte do tempo da assistente social e não sobra um
tempo para conversamos, ela ensina as coisas, mas não é algo programado, é algo rápido quando ela tem
tempo, ou quando faço algo errado” (Entrevistado n°08/ Sociojurídico).
“O trabalho em si, é exaustivo, é muita demanda, uma OSCIP pegando a demanda de um CRAS, é muito
A - Intensa e Extensa
cansativo, por exemplo, o tempo que nós devíamos estar fazendo fichas sociais, nós estamos organizando a
Jornada de Trabalho
parte cultural do PACE, o Serviço Social dá uma ajuda, mas é um tempo perdido porque não tem nada a ver
(25 sujeitos)
com o serviço social” (Entrevistado n°15 / Assistência).
“Olha lá onde eu tô é meio complicado, eles já querem nos explorar. O problema não é a falta de
conhecimento sobre o papel da supervisão, é o que tá acima dele, eu escuto muito isso lá no meu estágio, ela
é muito alienada a pessoa que tá acima dela, então ela só faz o que a pessoa lá em cima da à ordem pra ela
fazer, tem coisas que não é competência do serviço social fazer, mas ela realiza”. (Entrevistado n°20 /
Saúde).
“No estágio I e II, eu tive o acompanhamento do mesmo supervisor de campo, porém, no estágio II estou
sem nenhum acompanhamento documentado, quando tenho dúvidas questiono do assistente social que está
na escala. Todos os itens marcados fazem parte da rotina na saúde, pois o assistente social exerce muitas
atividades e na maioria das vezes, coisas que não são da sua atribuição privativa. No meu caso, sou a
primeira discente a ser supervisionada pela minha supervisora, é notório, a falta de organização e
planejamento da mesma, o trabalho a ser exercido no setor, afeta fortemente nosso tempo de supervisão. Um
exemplo é que ela demorou quase dois meses pra fazer a correção dos meus instrumentais e a professora de
ensino, me cobrando a entrega, mas eu não podia ficar cobrando da supervisora de campo” (Entrevistado n°
B - Organização e 01/ Saúde).
Planejamento
“No meu caso, o maior problema foi à falta de organização da supervisora de campo, ela é uma pessoa
(08 sujeitos)
muita legal, porém é muito desorganizada. Eu me atrasei à entrega dos instrumentais por conta dela, ela
deixou para ler em última hora e queria que eu fizesse alterações. Essa desorganização dela afeta o nosso
tempo de supervisão, ela até tem tempo disponível, mas não consegue administrar esse tempo”
(Entrevistado n°07 / Sociojurídico).

“Eu acho que é assim, falta um pouco de interesse deles, deixam a gente muita à vontade e a gente acaba
fazendo no dia-a-dia, tu aprende aquilo que é mandado, você fica tipo que por conta, aí quando você tem
duvida de algo, você acaba perguntando por si só para entender” (Entrevistado n°42 / Saúde).

“O supervisor não tem ideia de supervisão, é como falei, se formou há vinte e seis anos, está um pouco
longe da realidade da universidade atual” (Entrevistado n° 04/ Assistência).
Capacitação Continuada
“Nós aprendemos na sala de aula que o estágio é espaço de formação, mas nem sempre isso é refletido
(04 sujeitos)
dentro do campo, pois às vezes os supervisores de campo acham que a gente já deve saber de certas coisas,
ficam chateados quando perguntamos algo ou dizemos que não sabemos, parece que a partir do momento
que chegamos lá, é a folga deles, como se fossemos uma espécie de secretários deles, isso só mostra o
quanto eles não conhecem o papel da supervisão. Acredito que a maior causa é a formação deles, eles
90
estudaram em uma época que o serviço social tinha um caráter mais conservador e faz tanto tempo que eles
estiveram em uma sala aula, que não sabem como fazer a profissão diferente” (Entrevistado n°09 /
Sociojurídico).

“Só quem estagia na saúde, sabe como aparecem coisas pro serviço social, que não são da competência da
profissão, às vezes chegamos até a fazer mais coisas que não são da competência do que as reais demandas.
Mais isso de certa forma está ligado ao modo de trabalho do assistente social, alguns não fazem, outros
fazem, que é caso da minha supervisora, ela já é uma senhora, então na cabeça dela o serviço social tem que
fazer tudo, tem resolver até o que é não é da alçada dele, eu tive bastante problema no início para poder
entender qual era o papel do assistente social, mas ai observei os estagiários mais antigos e as outras
assistentes sociais e fui começando a entender . Acho que minha supervisora precisa passar por uma
atualização ou uma capacitação sobre a supervisão, porque realmente ela já tem anos nessa área e muitas
coisas mudaram desde a época que ela estudava” (Entrevistado n° 10/ Saúde).

“Todas as opções estão presentes no cotidiano do estagiário, acredito que tem muita influência do que a
instituição pede. Existe uma alta demandas de atendimentos e meio que somos obrigados a bater uma meta
de atendimentos. A maioria das assistentes sociais do meu setor tiveram uma formação bem antiga,
inclusive minha supervisora disse que o TCC dela teve oito laudas, então daí já da pra tirar, que a formação
é bem antiga. Eu acho que tem um despreparo, sabe, essa falta de conhecimento das competências é o maior
problema, porque isso é o que sobrecarrega o dia-a-dia do profissional e como estagiária eu tenho que fazer
o que elas pedem” (Entrevistado n°11 / Saúde).

“No estágio na área da saúde nunca havia tempo para tirar dúvidas, eu até chegava a anotar, porem minha
supervisora não parava e eu descia tarde das visitas ao leito. Eram muitas atividades ela me mandava fazer
coisas que na minha percepção, eram muito difíceis pra quem estava iniciando, deveria ter um pouco mais
de orientação e compreensão da parte dela. Fora que realizávamos muitas coisas que eram do serviço da
nutrição e não do serviço social. Percebi que minha supervisora acreditava no assistencialismo, assistente
Inversão e substituição de
social boa era aquela que fazia tudo, eu não concordei com muitas coisas e recebi regular na minha
papéis no estágio
avaliação de estagiária e isso prejudicou muito a minha nota. No estágio dois, não me sinto tão perdida,
(02 sujeitos)
porém quem me supervisiona de verdade, é a outra estagiária, porque foi ela quem ensinou praticamente
tudo.” (Entrevistado n°12 / Assistência).

“Ela não tinha um arcabouço teórico-metodológico, ela agia muito pela prática do dia -a -dia e eu que
levava o conhecimento crítico para ela, era uma relação de troca, só que era de mim para ela e não dela para
mim era meio que ensino e aprendizagem para ela”. (Entrevistado n°38 / Sociojurídico).
Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

Segundo Assis e Rosado (2012) a precarização das condições e relações de trabalho


resultam na intensa e extensa jornada de atividades do assistente social. Como mencionado
anteriormente, as atividades exercidas nos espaços institucionais podem ser de cunho
privativo ou não privativo. Observa-se nas categorias da análise de conteúdo 21e no gráfico
15 que os discentes apontam que a realização de atividades que não são privativas da
categoria são as causas da indisponibilidade de tempo. Essa situação não está desvinculada da
postura profissional do supervisor na instituição, pressupõe-se que alguns supervisores estão
dentro desse perfil padronizado e multifuncional mencionados no primeiro capítulo,
principalmente quando esses profissionais são terceirizados ou voluntários, pois existe uma
pressão por produtividade.
Em relação ao processo de organização e planejamento, é importante considerar que a
intensa e extensa jornada de trabalho pode afetar esse processo, às vezes pode não ser a falta
desorganização, apenas a falta de tempo para realizar um planejamento. Observa-se que os
discentes expõem situações em que se sentiram prejudicados, pois entregaram os
instrumentais de estágio com antecedência e o receberam próximo a entrega planejada pela
91
supervisora de ensino. Outro aspecto mencionado seria deixar o discente muito à vontade,
como se não houvesse um interesse em supervisionar, essa situação pode estar relacionada à
falta de conhecimento sobre o processo de supervisão e isso pode ser consequência da
formação acadêmica desse assistente social.
Diante desse descompasso, a capacitação e formação continuada é um elemento
essencial para atuação do assistente social na contemporaneidade, principalmente para aqueles
profissionais que não renovam os conhecimentos ou entendem a profissão com um viés
assistencialista. Essa postura ocasiona dificuldades para os discentes, pois se observa através
das falas que tudo o que os supervisores solicitam como atividade, eles realizam, sendo de
cunho privativo e não privativo. Outro aspecto observado é a inversão de papéis no estágio,
observa-se na última categoria do quadro 21, que o “estagiário” tem assumido o papel de
orientar outro discente e até mesmo o supervisor de campo, pressupõe-se que essa situação
também está relacionada à formação profissional desses supervisores e precarização do
trabalho.
A indisponibilidade de tempo acaba sujeitando os discentes a tirarem dúvidas através
de outros meios. Pressupõe-se que alguns discentes possuem insegurança e dificuldades de
expressar suas dúvidas, principalmente quando não possuem afinidade comunicativa com o
supervisor de campo, desta forma quando questionados se tiraram dúvidas com outros
profissionais, os discentes apontaram que as dúvidas são sanadas com outro assistente social
do setor e outros estagiários, conforme demonstra a tabela a seguir.

Tabela 16: Aprendizado da prática profissional no estágio em campo

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - SEMESTRE 2017/02


SUJEITOS SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO EXTENSÃO TOTAL
A 08; 17% 11; 23% - - - - 01; 2% 20; 42%
B 02; 4% 02; 4% - - - - - 04; 8%
C 09; 19% 10; 21% 01; 2% - - 01; 2% - 21; 44%
D 03; 6% 06; 13% 01; 2% - - - - 10; 21%
E 08; 17% 05; 10% 02; 4% 02; 4% 01; 2% - - 18; 38%
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - SEMESTRE 2018/01
SUJEITOS SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL LEGENDA
A 07; 15% 12; 25% - - - 19; 40% A – Outro assistente social
B 04; 8% 02; 4% - - - 06; 13% B – Técnico administrativo
C 07; 15% 10; 21% 02; 4% - - 19; 40% C – Estagiário do setor
D 03; 6% 06; 13% 01; 2% - - 10; 21% D – Outro profissional
E 08; 17% 04; 8% 03; 6% 02; 4% 01; 2% 18; 38% E – Somente meu supervisor

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01 – Questão Múltipla Escolha.

O ideal é que o discente tire dúvidas com seu supervisor ou outro assistente social do
setor. A tabela apresenta um número significativo de discentes que recebem orientações de

92
outros estagiários. Quando questionados sobre quais orientações receberam dos estagiários,
48% (23) apontaram que receberam orientações sobre as competências profissionais do
assistente social na instituição e outras como o preenchimento dos instrumentos de trabalho
do assistente social e normas e procedimentos da instituição. Essas situações ocorrem quando
discente fica sem o acompanhamento do assistente social, conforme demonstra a tabela a
seguir.

Tabela 17: Momentos que o discente ficou sem acompanhamento do supervisor de campo

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - SEMESTRE 2017/02


SUJEITOS SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA HABITAÇÃO EXTENSÃO TOTAL
A 07; 15% 06; 13% - - - - - 13; 27%
B 05; 10% - - - - - - 05; 10%
C 05; 10% 07; 15% 01; 2% - - - - 13; 27%
D 01; 2% 03; 6% 01; 2% - - - - 05; 10%
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - SEMESTRE 2018/01
SUJEITOS SAÚDE SÓCIOJURIDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA TOTAL
A 07; 15% 05; 10% - - 12; 25%
B 05; 10% - - - 05; 10%
C 05; 10% 05; 10% 03; 6% - - 15; 31%
D 01; 2% 03; 6% 01; 2% - - 05; 10%

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01 – Questão Múltipla Escolha.

Legenda:
A – Quando o assistente social falta o trabalho;
B – Quando a escala do supervisor de campo é diferente da escala do estagiário;
C – Quando o assistente social acha que posso resolver a situação sozinha (a);
D – Outra opção;

A tabela 17 sinaliza algumas características específica de cada área, por exemplo em


algumas instituições na área da saúde, geralmente hospitais de urgência e emergência,
demonstrando que o discente tem dias fixados na escala e nem sempre esses coincidem com
os dias dos supervisores, pois o sistema é o plantão, raramente há o assistente social diarista.
Em relação ao discente resolver ou realizar atividades sem acompanhamento, é preciso refletir
até que ponto vai essa liberdade, pois o discente não está lá para realizar um trabalho e
observou-se na pesquisa que quando os discentes mencionam o termo “autonomia” nas
atividades realizadas, verificou-se a ocorrência de algumas irregularidades onde o discente
fica como responsável pelo setor na ausência do assistente social. Assim, para que a demanda
não se eleve o assistente social já deixa os instrumentais assinados, essa situação ocorre
principalmente na área da saúde. O quadro 22 aponta outras dificuldades mencionadas pelos
discentes e algumas justificativas.

93
Quadro 22: Justificativas sobre a ausência de acompanhamento no estágio
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

“No estágio II, estou sem acompanhamento, pois minha supervisora está de licença [...] quando tenho
dúvidas pergunto de outro assistente social, mas a realidade é que já sou vista como profissional,
Acompanhamento por outros cheguei até ensinar para assistentes sociais novas como funcionava o exercício, o que me deixou
profissionais sem Supervisão bastante chateada, pois a instituição deveria fazer um treinamento com outro assistente social ensinando
e não o estagiário que está em fase de aprendizagem. A falta de acompanhamento tem causado muitas
dificuldades pra mim, enquanto realizo os atendimentos, o assistente social fica [...] sentado na cadeira
mexendo no celular, outros acham que devo fazer tudo. São coisas que não aconteceriam se minha
supervisora estivesse presente” (Entrevistado n° 01/ Saúde).

“Já aconteceu de ficar com outra supervisora, outra pessoa acompanhando, mas não supervisionando”
(Entrevistado n° 33/ Saúde).

Acompanhamento por outros “Quando ela faltava, eu ficava com as estagiárias mais antigas, então eu pedia orientação delas”
estagiários (Entrevistado n° 14/ Sociojurídico).

Ausência do supervisor nas “Sim, muitas vezes fiz e faço às visitas sozinha, e também da mesma forma fazer o acompanhamento
atividades privativas do nos questionários, fiz sozinha” (Entrevistado n°04 / Assistência).
Assistente Social
“Ela me deixa sozinha o tempo todo, por exemplo, hoje eu fui e fiquei sozinha lá em cima, porque não
tinha ninguém, aí quando eu desci, ela me deixou preenchendo uns negócios da mesa Brasil e foi lá para
frente, tipo assim, ela não faz questão de ficar com a gente direto, só quando ela não tem alguma
reunião, quando ela não tem nada para fazer que ela fica, não é uma prioridade para ela” (Entrevistado
n°37 / Assistência).

“No estágio I era mais a situação das reuniões, que ela tinha que ir e como te falei, só tinha uma
assistente social, no ambulatório, então era ela ou ela, ainda ela tinha que ir, não tinha como ela não ir,
então eu ficava com a outra estagiaria, que era os momentos que eu ficava sozinha. No II, ela ficou de
férias uma vez, mas veio uma outra profissional [...] Eu fico toda hora perguntando, eu não permito que
ela me deixe sozinha, eu não permito que ela me dê autonomia” (Entrevistado n°31 / Sociojurídico).

“É na situação mesmo da demanda, de repente um dia que dá muitos usuários e não tem como atender
de forma individual, então aquilo que eu já sabia fazer o acolhimento, fazer os primeiros atendimentos,
eu podia fazer sozinha, mas quando era necessário fazer encaminhamentos, necessário um atendimento
mas aplicado eu precisava da supervisão” (Entrevistado n° 41/ Sociojurídico).

“Logo no início, foi aquela complicação de sair um pouco da rotina de estágio não obrigatório, para
Falta de conhecimento sobre as obrigatório supervisionado, aí houve essa dificuldade, por que, por exemplo, elas estavam acostumada
diferenças dos Estágios já, por eu ter um tempo já anterior no campo de estágio, elas já estavam deixando eu fazer o
atendimento sozinha, entrevistas sociais e tudo mais sozinha e depois só conversava antes, sobre o que
precisava ser pautado, sobre o que precisava ser coletado, ai eu coletava sozinha com a pessoa ou com a
família, as pessoas envolvidas e depois levava os dados coletados para conversar com ela a respeito, a
justificativa que ela utilizava é que ela dá autonomia pro estagiário, então ela não fica, não ficava 24
horas ali, mas hoje de certa forma, isso já foi solucionado, porque o quê que acontece, como a demanda
e o fluxo é muito alto e nem todas as assistentes sociais têm estagiários, quando existe esse choque de
horários, aí se tiver alguma disponível elas falam, “orienta ela nesse processo para não deixar a
estagiária sozinha”, para sempre ter alguém acompanhando".(Entrevistado n°32 / Sociojurídico).

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

De modo geral as categorias expõem a ausência do supervisor de campo em atividades


de cunho privativo do assistente social, todas as dificuldades apresentadas no quadro foram
abordadas anteriormente, mas cabe discutir a conciliação dos estágios não obrigatório e
obrigatório, tendo em vista que 50% (24) dos discentes conseguiram aproveitar o estágio não
obrigatório. Os termos de adesão de das agências organizadoras de estágio, por exemplo,
determinam que o estagiário deve aprender “auxiliando nas atividades” desenvolvidas no
94
setor. Pressupõe-se que com o tempo o discente adquire experiência e já consegue resolver as
situações sem acompanhamento, torna-se necessário refletir até que ponto essa “autonomia” é
benéfica para o discente.
Outro aspecto evidente nas falas é relação com outros profissionais que não
compreendem o estágio como espaço de formação na ausência do supervisor, uma questão
que poderia ser resolvida se houver um plano de trabalho elaborado pelo supervisor de campo
ou até mesmo pelo setor. Segundo a PNE (2010) uma das atribuições do supervisor campo é a
elaboração do plano de trabalho do serviço social com a proposta de supervisão e cronograma
das atividades a serem desenvolvidas. Quando questionados se os supervisores de campo
apresentaram algum planejamento ou roteiro de trabalho sobre as atividades a serem
desenvolvidas a maior parte dos discentes apontou que não, conforme menciona o gráfico
abaixo.

Gráfico 16: Planejamento ou roteiro de acompanhamento do estágio I e II

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

31 33
17 15
35% 31% 65% 69%

SIM % NÃO %
Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01.

O gráfico apresenta uma leve queda do semestre 2017/02 para o 2018/01, observou-se
na aplicação do formulário que os discentes não possuíam conhecimento sobre o “plano de
trabalho” explicitado na PNE 2010 e PPC 2009, ficou evidente que eles confundiam o
planejamento das atividades com organização e divisão de tarefas a serem desenvolvidas na
rotina do dia em relação a demandas institucionais. O quadro 23 apresenta as justificativas dos
discentes sobre a ausência do plano de trabalho.

Quadro 23: Justificativas sobre ausência de roteiro ou planejamento no processo da supervisão

CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

Orientação da Rotina do Dia “Ela não tem de certa forma um roteiro de planejamento, mas a gente sempre tá conversando pelas
(19 sujeitos) manhãs, as atividades, o que a gente tem que fazer, quando a gente vai fazer um atendimento a gente
sempre planeja antes, só falta essa questão ainda de ela materializar isso, de criar um plano de trabalho”
(Entrevistado n°05 / Sociojurídico).

“Não há um planejamento, dependendo da demanda do dia, nós sentamos e nos organizamos de acordo
95
com aquilo que temos que resolver no dia” (Entrevistado n°15 / Assistência).

“Não, roteiro não, mas sem ser de forma formal, sim, mas com roteiro tipo papel não, informal sim”
(Entrevistado n° 25/ Saúde).

“Isso aconteceu no estudo de casa, que são realizados nas sextas-feiras, existe um planejamento á ser
seguido, porque são todos os profissionais juntos e cada um vai falando, dando seu parecer para chegar a
um resultado final, então existe um planejamento sobre isso, os estudos de casa” (Entrevistado n°26 /
Educação).

“Não, em nenhum dos estágios foi definido o que iriamos fazer, o que acontece é que você chega lá e
Aprendizado no cotidiano aprende de acordo com a demanda no cotidiano” (Entrevistado n°12 / Assistência).
(12 sujeitos)
“Não, me mostrou assim, como funcionava a rotina na internação, e aí eu ia conhecendo a rotina, e aí
durante as atividades tinha a supervisão, no I e no II" (Entrevistado n°40 / Saúde).

“Só mostrou mesmo como era o trabalho, como trabalho deveria ser feito” (Entrevistado n° 41/
Sociojurídico).

“No II tá sendo construído, que é a ideia do próprio projeto de intervenção, construir um plano de
trabalho” (Entrevistado n° 38/ Sociojurídico).
Construção do Plano de Trabalho
(02 sujeitos) “No estágio II, só teve uma apresentação, mas até elas admitem, mas no II as meninas disseram que vão
fazer ainda, só que não faz nem sentido, a gente está quase no fim do estágio, apresentar agora”
(Entrevistado n°33 / Saúde).

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

Como explicitado anteriormente, à organização e planejamento no estágio


supervisionado são fundamentais no desenvolvimento do estágio. Os espaços sócio-
ocupacionais do assistente social são permeados por vários desafios, é preciso levar em
consideração que o estágio curricular obrigatório, geralmente é o primeiro contato do discente
com a prática profissional no campo, é o momento oportuno para o amadurecimento da
compreensão da relação da teoria e prática. A ausência de um plano de supervisão no
acompanhamento dos discentes pode condicionar outras dificuldades que fogem dos reais
objetivos do estágio. Observa-se que não há uma preparação para receber esses discentes ou
roteiro para dar direcionamento nas atividades que serão exercidas no estágio.
A primeira categoria da análise de conteúdo do quadro 23 apresenta apontamentos dos
discentes em relação à rotina a ser desenvolvida no cotidiano de trabalho, mas não é somente
trabalho. A unidade teoria e prática envolve uma série de aprendizados que envolvem
investigação e intervenção. Nesta perspectiva, é de extrema importância que supervisor de
campo entenda o estágio supervisionado como espaço de formação para que não se confunda
as competências do estagiário com atividade de caráter técnico ou administrativo. Segundo
Santana (2008) é necessário romper com ideia da lógica trabalho para poder ultrapassar a
lógica institucional. Nesse sentido, o estágio deve ser espaço de formação onde o discente está
sujeito a aprendizados e erros. O gráfico 17 apresenta a opinião dos discentes sobre a visão
dos supervisores.
96
Gráfico 17: A opinião dos discentes sobre a visão do supervisor sobre o estágio como espaço de
formação no estágio I e II

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

32 32
7 5 9 11
67% 67% 15% 10% 19% 23%

SIM % NÃO % OUTRO %

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01

Observa-se que poucos discentes tiveram dificuldades com esta situação, tendo uma
queda no semestre 2018/01. Em relação aos discentes que optaram por outra resposta, o
quadro abaixo descrimina as percepções dos discentes.

Quadro 24: Opinião dos discentes sobre o posicionamento dos supervisores quanto ao estágio como espaço de
formação
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

“Porque ela confunde supervisão com trabalho, ela acha que sou uma secretária, tipo uma funcionária dela,
Confusão de supervisão com faço coisas que não era pra fazer e tenho consciência, faço mais para ajudar” (Entrevistado n°04 /
trabalho Assistência).
(04 sujeitos)
“Ela entende, mas às vezes faz umas cobranças estranhas, como se eu tivesse que mostrar trabalho pra ela”
(Entrevistado n° 07/ Sociojurídico).

“Percebi que sou tratada como alguém que exerce um trabalho, as cobranças que me fazem são as cobranças
de produtividade, tanto meu supervisor quantos outros profissionais do setor, entendem que estágio é espaço
de formação, mas as cobranças são de uma postura de profissionais que não entendem, embora tenham um
discurso bonito, sou vista como o estagiário que tem que atender a demanda, principalmente agora que sou
bolsista” (Entrevistado n°01 / Saúde).
Sem espaço para contribuir
com ideias “Elas entendem, porém não ajudam. E não dão abertura para você contribuir, dar ideias” (Entrevistado n°
(01 sujeito) 02/ Assistência).

Estagiário é Mão de Obra “Minha supervisora entende, quem não entende é a instituição” (Entrevistado n°06 / Sociojurídico).
barata na visão da Instituição
“Isso é uma situação muito complicada, porque querendo ou não a instituição sempre vê o estagiário como
(03 sujeitos) trabalhador, nos temos que mostrar dados quantitativos do que o setor está fazendo e mesmo que minha
supervisora saiba que estágio é espaço de formação ainda assim existe uma cobrança de produtividade,
como eu falei antes, o sócio jurídico é um âmbito muito sério e impressão que passa pra mim, é que não
posso cometer erros porque não posso causar problemas” (Entrevistado n°08 / Sociojurídico).

“Lá é meu local de trabalho, então o fato é que estou lá para trabalhar, então não tem esse parâmetro de
definição se estamos lá pra aprender ou somar com os colaboradores” (Entrevistado n°48 / Empresa).

Ações contrapostas ao “Entender, ela entende, mas o agir profissional dela é como se ela não compreendesse” (Entrevistado n° 09/
conhecimento Sociojurídico).
(07 sujeitos)
“No estágio um, ela tinha um discurso bem bonito, porém a objetivação se resumia em produção, apenas
trabalho. No dois, meu supervisor entende, porém ainda tem aquela ideia de que estamos fazendo um
trabalho e não aprendendo” (Entrevistado n°12 / Assistência).

“Entender, ela entende, sim! O negocio é que nas atitudes delas, não parece entender, sempre tem
questionamentos como: “Você não aprendeu isso nas aulas?” Às vezes são coisas que nem são competências
do assistente social!” (Entrevistado n°27 / Sociojurídico).
97
“Entender, eles até entendem e sabem que o estágio é espaço de formação para qualquer aluno, o que
acontece é que quando você se depara com a rotina, você percebe que o assistente social é mil e uma
utilidades dentro de uma instituição e querendo ou não o estagiário se torna como ele, é nessa correria que as
vezes esquecem que o estagiário ainda está aprendendo e tem uma cobrança maior, uma que não deveria ser
dada, porque estamos lá para auxiliar e não fazer o papel do assistente social” (Entrevistado n°47 / Saúde).

Não acompanhamento da “Não, porque a ideia que ela tem da profissão é bem distante da realidade de hoje, para ela temos que fazer
renovação da profissão tudo, assistente social bom é aquele que faz tudo e ela é a chefe do setor, os assistentes sociais mais novos,
batem de frente com ela, mas não ela não aceita” (Entrevistado n°10 / Saúde).
(02 sujeitos)
“Não, é como eu disse ela tem uma formação antiga, então a base é que você precisa mostrar que está
trabalhando, ela tem muita dificuldade para mexer com computador, então eu fico mais nessa parte e quando
não sei dar uma informação ou algo referente ao trabalho realizado lá, ela fica questionando se eu não
estudei na graduação” (Entrevistado n°11 / Saúde).

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

De modo geral, as dificuldades apontadas pelos discentes já foram discutidas


anteriormente, mas cabe destacar a situação das ações contrapostas ao conhecimento.
Observa-se nas falas que alguns profissionais entendem o estágio como espaço de formação,
utilizam o discurso, porém suas ações são influenciadas pela extensa rotina de trabalho, o que
talvez influencie na visão deste supervisor em se autoanalisar como instrumento de
conhecimento no estágio. Os apontamentos ainda relatam a confusão da supervisão com
trabalho, como se o estagiário aliviasse a carga de trabalho deste supervisor. O que subsidia a
ideia de que o estagiário é uma mão de obra barata, observa-se na terceira categoria que
instituição concedente não entende o estágio como espaço de aprendizado, essa situação causa
impactos na formação profissional desse discente, principalmente se não há o hábito da
leitura, pois pode retroalimentar essa situação quando for um profissional.
No que se refere ao acompanhamento das atividades didáticas como: plano individual
de estágio, relatórios de estágio, registro de produção e frequência é importante considerar
que esses documentos são assinados pelos sujeitos envolvidos no estágio, então a participação
e leitura é necessária. Nesse contexto, o gráfico 18 apresenta à participação efetiva dos
supervisores de campo nos instrumentais de estágio.

Gráfico 18: Dificuldades da participação efetiva nos instrumentais do estágio I e II

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

27 25 13 13
56% 52% 10 27% 21% 8 17% 27%

SIM % NÃO % OUTRO %

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01


98
O gráfico não registra um quantitativo elevado da não participação, porém é importante
refletir sobre as causas da não participação e analisar as outras respostas, conforme demonstra
o quadro a seguir.

Quadro 25: Justificativa sobre a ausência da participação efetiva dos supervisores de campo na elaboração e
construção dos instrumentais de Estágio Supervisionado I e II
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

Apenas assinou “Não, ela apenas assinou”. (Entrevistado n°10 / Saúde).


(03 sujeitos)
“No estágio I, deixei tudo pra última hora, ela só assinou. Mas no estágio II, adiantei e ela sempre opina,
corrige e me ajuda” (Entrevistado n°34 / Sociojurídico).

“Não, tudo foi feito por mim mesmo” (Entrevistado n°48 / Empresa).

“Só assinou, deu uma lida superficial” (Entrevistado n° 04/ Assistência).

Superficialmente “Mais ou menos, ela deu uma lida bem rápida e assinou os documentos” (Entrevistado n° 08/ Sociojurídico).
(07 sujeitos)
“Não, ela olhou apenas uma vez e já assinou, nem verificou se eu havia escrito algo que não podia estar no
relatório” (Entrevistado n° 09/ Sociojurídico).

“Mais ou menos, ela deu uma olhada bem rápida e me perguntou algumas coisas e assinou, mas tudo foi
escrito e elaborado somente por mim”. (Entrevistado n° 11/ Saúde).

“Apesar de ter uma boa supervisora, ela apenas olhou o documento de modo rápido e assinou” (Entrevistado
n° 18/ Sociojurídico).

“Tiveram, mas é só para ver se está de acordo com aquilo que condiz na unidade, mas assim,
participativamente ou orientar, não!” (Entrevistado n°42 / Saúde).

“Não considerei que foi efetivo, pois quem construiu tudo fui eu, o supervisor apenas assinou e fez algumas
restrições do que na opinião dele não podia entrar no relatório e pie” (Entrevistado n°47 / Saúde).

Atraso por parte do “O supervisor não teve uma participação efetiva no estágio I, no II tem sido complicado por conta da
supervisor licença, mas tenho enviado através de e-mail, mas não obtive nenhuma resposta no momento atual”.
(04 sujeitos) (Entrevistado n°01 / Saúde).

“Participou, mas sempre no último momento. Agora no estágio dois, eu já entreguei com antecedência, mas
ela ainda não em devolveu” (Entrevistado n°07 / Sociojurídico).

“Para falar a verdade, minha supervisora no I, era bem difícil ela sentar comigo, Porque ela nem aparecia às
vezes no plantão dela, eu nunca entendi essa jogada, por isso que eu fiquei mais desanimada, porque eu não
sei o que acontecia, ela é a assistente social lá no 28, mas às vezes ela não aparecia e eu ficava com uma
outra assistente social que fazia permuta com ela, era com ela que eu ficava” (Entrevistado n°44 / Saúde).

“Na minha opinião não foi muito participativa e eu até precisei de ajuda em algumas coisas a quais eu estava
com dúvidas, eu tinha um prazo pra entregar os instrumentais e entreguei atrasada porque ela não conseguiu
ler” (Entrevistado n°46 / Saúde).

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

O quadro apresenta situações comuns que ocorrem durante a disciplina de estágio


supervisionado, essa situação pode estar relacionada aos diversos aspectos de
indisponibilidade de tempo, que são causados pela rotina de trabalho ou outras atividades
realizadas pelo supervisor de campo. É importante considerar qual seria a estratégia para não
prejudicar o discente com atrasos, por isso entendemos que o plano de trabalho seria ideal
99
para a organização e planejamento, porém as ementas dos supervisores ensino podem ser
compartilhadas com o supervisor de campo, seria até um meio do supervisor de campo
compreender quais pontos precisam ser abordados no estágio em campo, para fazer a relação
da unidade teoria e prática. Por fim, os discentes avaliaram a qualidade da supervisão de
campo no processo de estágio, conforme demonstra o gráfico a seguir.

Gráfico 19: Visão dos discentes sobre qualidade da supervisão de campo no estágio I e II

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

33 31

13 13
2 4 69% 65%
4% 8% 27% 27%

INEFICAZ % EFICAZ % OUTRO %

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

Observa-se que apesar das dificuldades de acompanhamento os discentes apontam que


a qualidade do estágio foi eficaz, tendo uma pequena queda no semestre 2018/01. As
justificativas sobre as opções “ineficaz” e “outro” estão descriminadas no quadro a seguir.

Quadro 26: Opinião dos discentes entrevistados sobre a qualidade da supervisão de campo
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.

“No estágio I, embora tivesse muitas dificuldades tive o acompanhamento do supervisor de campo, foi
no estágio II, por conta da licença que acredito que a qualidade é ineficaz, principalmente porque realizo
Ausência do supervisor e o estágio não-curricular no mesmo local, não ter o acompanhamento da minha supervisora, me deixou
pluralidade de opiniões na forma suscetível ao comando de várias pessoas, e por ser plantão a pluralidade de opiniões é grande, não existe
de materializar as ações um assistente social chefe, o que deixa o setor muito desorganizado, enquanto alguns só realizam
atividades da competência, outros acreditam no assistencialismo, naquele assistente social que faz tudo,
(01 sujeito) [...]esse perfil de assistente social, não compreende que estou aprendendo e o quanto é confuso
trabalhar seguindo instruções de várias pessoas, modos diferentes de materializar as ações”
(Entrevistado n° 01/ Saúde).

“Totalmente ineficaz, mas ainda assim aprendi muita coisa, principalmente como não ser um
Contribuição do ineficaz no profissional igual a minha supervisora de campo” (Entrevistado n° 10/ Saúde).
aprendizado
“Ineficaz, porém aprendi bastante coisas, mas a qualidade deveria melhorar muito” (Entrevistado n°11 /
(04 sujeitos) Saúde).

“Não sei se seria ineficaz, para mim seria “regular” porque você acaba fazendo um julgamento daquilo
que não quer ser, a minha supervisora é regular” (Entrevistado n° 04/ Assistência).

“Foi mais ou menos, não foi tão ineficaz, mas também não foi ótima, porque mesmo com as limitações
eu aprendi muito com meu supervisor” (Entrevistado n° 48/ Empresa).

100
Conhecimento do Papel da “No um foi ineficaz, porque ficou a desejar, acredito que não só o estagiário precisa se esforçar para
Supervisão desempenhar um bom trabalho, o supervisor tem que entender que ele também faz parte desse processo
e precisa entender que fomos pra lá pra aprender e não somente executar um trabalho. Se ele se
(01 sujeito) disponibilizou a supervisionar, ele deveria supervisionar com qualidade. No dois, eu acho que está
sendo meio termo, meu supervisor é um bom supervisor, só que falta tempo pra ele me orientar”
(Entrevistado n° 12/ Assistência).

Supervisão Boa/Insuficiente “Acho que definiria que essa supervisão não é o suficiente” (Entrevistado n° 09/ Sociojurídico).

(07 sujeitos) “[...]não é ineficaz, porque eu não sou totalmente abandonada, digamos assim pelo supervisor de
campo, mas ela também não é eficaz, porque o meu supervisor ele não tá sempre ali para me orientar,
então eu sinto essa dificuldade, porque às vezes a gente tem que fazer do jeito que a gente acha que é
certo e ele só vai ver os resultados, ele não trabalha ativamente no processo, digamos assim, é mais nos
resultados, por isso que é outro” (Entrevistado n° 43/ Sociojurídico).

“Não posso dizer que foi ineficaz, porque aprendi muitas coisas, mas também não foi tão eficaz assim,
como disse, estamos aprendendo juntas” (Entrevistado n°27 / Sociojurídico).

“Não foi eficaz e nem ineficaz. Acho que está sendo boa, mas tem muita coisa para ser melhorada”
(Entrevistado n°46 / Saúde).

“Defino como boa, pois acredito que poderia ter sido melhor, talvez no estágio III eu já não sinta tantas
dificuldades” (Entrevistado n° 47/ Saúde).

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

De modo geral, a primeira categoria da análise de conteúdo do quadro 26 apresenta


dificuldades relacionadas à ausência do supervisor de campo. A pesquisa demonstra que os
discentes que realizavam o estágio não obrigatório e obrigatório no mesmo espaço, tiveram
dificuldades com outros profissionais, principalmente no que se refere concretização das
atividades. Pressupõe-se que os outros profissionais não entendem o estágio como espaço de
formação e como o discente está sujeito a vários comandos, torna-se difícil compreender
como materializar as ações. Esta situação também está relacionada à organização e
planejamento do estágio e do próprio setor. Outro aspecto já mencionado e que tem
influência é a formação desses profissionais e a falta de capacitação continuada. Obstava-se
na segunda categoria da análise de conteúdo do quadro 26 que mesmo com as limitações e
dificuldades os discentes consideram que aprenderam no estágio supervisionado. Quanto à
terceira categoria salienta a importância de o supervisor conhecer seu papel no processo de
supervisão. Em relação a última categoria os discentes apontam suas insatisfações e
acreditam que poderia ter sido uma experiência melhor.

3.3 Contribuições do estágio no processo de formação profissional

Em relação à importância do estágio na formação profissional, 100% (48) dos


discentes entrevistados avaliaram como um momento muito importante. De acordo com
análise de conteúdo, essa importância tem como teor central o momento de aprendizado da
articulação entre a teoria e prática, conforme descrimina o quadro 27:
101
Quadro 27: Opinião dos discentes entrevistados sobre a importância do estágio na formação profissional
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“Muito importante, pois é neste momento que o discente tem o primeiro contato com a prática das ações
profissionais do assistente social. É o momento oportuno, para fazer a relação entre teoria e prática e
formar uma identidade profissional que esteja articulada e embasada no projeto ético político da profissão”
(Entrevistado n°01 / Saúde).
SAÚDE
(20 sujeitos) “Muito importante porque é nessa fase onde se descobre os nuances da questão social, como ela se
apresenta na instituição onde você realiza o estágio, é como uma preparação para a realidade social a qual
Relação da Teoria e Prática nós teremos que intervir quando formos de fato os profissionais. É momento perfeito pra fazer a relação
entre a teoria e prática” (Entrevistado n° 21 / Saúde).
“Porque é no estágio que temos o contato com a prática profissional, é através dessa articulação da teoria e
prática que vamos moldar o nosso perfil profissional” (Entrevistado n° 22 / Saúde).
“Pra mim é muito importante, porque é um ambiente para você conhecer a prática do serviço social, mas
não só conhecer, você exerce a práxis, que é a junção da teoria com a prática em um ambiente que você vai
ter uma profissional pra te supervisionar, ela vai te orientar, então você não vai ter autonomia para agir
como profissional, mas em posição de estagiário, você vai ter novas experiências, vai conhecer o campo em
que está trabalhando [...] então é um campo muito rico para adquirir conhecimento também e sempre fazer
essa relação da teoria e prática, não é um momento desvinculado um do outro. É um momento muito
SÓCIOJURÍDICO importante para a gente conhecer a realidade do trabalho do assistente social nesses campos sócio-
(20 sujeitos) ocupacionais (Entrevistado n°05 / Sociojurídico).
“Eu acho extremamente importante porque é o momento da gente vincular a teoria na prática, o momento da
Relação da Teoria e Prática gente aprender um pouco mais, porque a gente assim aqui na sala, mas no campo de estágio a gente vai
vivenciar aquilo, aí vai vincular a teoria na prática, eu acho extremamente importante, é um instrumento
muito importante pra nossa formação” (Entrevistado n°14 / Sociojurídico).
“Porque é na prática que de certa forma você consegue ver a articulação da teórica e prática, as articulações
necessárias do profissional até para a gente também identificar certas situações que a gente analisa na
academia, vivendo na prática a gente consegue observar algumas realidades, serve de certa forma para a
gente criar um senso crítico a respeito do que a gente tem” (Entrevistado n° 32/ Sociojurídico).
“Porque é lá que a gente vai [...] realizar o exercício profissional de tudo o que a gente aprende na teoria e
[...] vai aprender a lidar com a realidade social mesmo, e ai, é isso, eu acho que é importante porque a gente
precisa ter uma atuação profissional pra ter entendimento da realidade, como um todo” (Entrevistado n° 02/
ASSISTÊNCIA SOCIAL Assistência).
(05 sujeitos) “O estágio supervisionado é o momento em que o discente passa a ter contato com a prática, relacionando-a
com a teoria aprendida em sala de aula, tornando-se dessa forma a base para ser futuramente um bom
Relação da Teoria e Prática profissional” (Entrevistado n° 12/ Assistência).
“É muito importante, porque é lá que a gente vai ter o contato com a profissão, a gente sabe bastante a
teórica aqui, mas é lá que a gente vai conhecer o que realmente o assistente social faz na prática
profissional” (Entrevistado n° 37/ Assistência).

“Porque a partir da vivência no campo de estágio você consegue detectar muitas coisas da relação teoria e
prática. Você vai fazer uma autocrítica [...] você vai fazer até perguntas, questionamentos, você vai tirar
EDUCAÇÃO
dúvidas, você pode de alguma forma contribuir no seu campo de estágio, com algo pela sua formação”
(02 sujeitos)
(Entrevistado n°26 / Educação).
Relação da Teoria e Prática
“Porque através dele, é que você vai ter embasamento da sua prática, é através do estágio, que você tem
aquela visão mais aprofundada do que realmente é a realidade” (Entrevistado n°35 / Educação).

EMPRESA
“Importante pra entendermos como funciona o serviço social na sua prática e na sua teoria” (Entrevistado
(01 sujeito)
n°48 / Empresa).
Relação da Teoria e Prática

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

As falas dos discentes apresentadas no quadro 27 definem que o Estágio


Supervisionado é um instrumento de aprendizado materializado em um espaço sócio-
ocupacional que possibilita fazer uma relação entre os conhecimentos teóricos e práticos, que
propiciam a compreensão das dimensões da técnico-operativa e ético política. De modo geral,

102
os discentes compreenderam os objetivos do estágio e entendem a importância da unidade
entre teoria e prática como uma preparação para a futura atuação profissional. De acordo com
a opinião dos discentes foi eficaz a qualidade de aprendizado no desenvolvimento da
disciplina na universidade e campo, conforme demonstra a tabela a seguir:

Tabela 18: Visão sobre o aprendizado individual dos discentes nos Estágios Supervisionados

ESTÁGIO I - 2017/02 EFICAZ INEFICAZ OUTRO ESTÁGIO II - 2018/01 EFICAZ INEFICAZ OUTRO
SAÚDE 13; 27% 06; 13% 01; 2% SAÚDE 16; 33% 03; 6% 01; 2%
SÓCIO JURÍDICO 18; 38% 01; 2% 01; 2% SÓCIO JURÍDICO 19; 40% - 01; 2%
ASSISTÊNCIA 01; 2% 01; 2% 01; 2% ASSISTÊNCIA 03; 6% 01; 2% 01; 2%
EDUCAÇÃO 01; 2% 01; 2% 01; 2% EDUCAÇÃO 02; 4% - -
EMPRESA - 01; 2% - EMPRESA - 01; 2% -
HABITAÇÃO 01; 2% - - - - - -
ENSINO PESQUISA E EXTENSÃO 01; 2% - - - - - -
TOTAL 35; 73% 09; 19% 04; 8% TOTAL 40; 83% 05; 10% 03; 6%

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

Observa-se que no Estágio I, apenas 19% (09) dos discentes relataram que o
aprendizado foi ineficaz, tendo uma queda no Estágio II para 10% (05). Apesar de o
quantitativo ser pequeno, é uma porcentagem que precisa ser levada em consideração, pois o
estágio assume papel central no que se refere em fazer a relação teoria-prática. Logo, se o
discente considera seu aprendizado ineficaz, isso quer dizer, que houve dificuldades nos
campos de inserção na compreensão do papel do assistente social e dificuldades em
transformar a teoria em prática. Essas dificuldades geralmente são causadas pela falta de
leitura teórica dos discentes, inclusive foram pontos mencionados pelos discentes que optaram
em responder a “opção outro”, conforme menciona o quadro 28 a seguir.

Quadro 28: Visão dos discentes sobre o aprendizado nos estágios nos semestres 2017/02 e 2018/01
CATEGORIAS
ELABORADAS A PARTIR
DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“Eu ainda estou estagiando, eu estou no estágio dois, então eu me considero aprendendo o tempo
todo. Mas eu considero que os supervisores da universidade, são bem melhores que os de campo”
(Entrevistado n° 04/ Assistência).
Aprendizado contínuo
através de leituras “Até agora tá sendo bom, não tá sendo ótimo, porque eu ainda preciso aprender um pouco mais
tanto na sala de aula, como lá mesmo na prática, eu ainda tenho muitas dúvidas, muitos
questionamentos, a questão da experiência ainda tem muita coisa pra aprender, então eu não acho
que tá ótimo, eu preciso aprender mais coisas.” (Entrevistado n° 14/ Sociojurídico).

103
“Acredito que como o estágio I, ele foi mais à observação mesmo, você fica mais tempo sem fazer
muitas perguntas, porque é um campo da educação, mas é uma educação especial , é um outro
segmento da educação, então o estágio é mais na observação. Já no estágio II, que a gente já está
mais seguro de perguntar, a gente está mais seguro até de dar opinião, de dizer alguma coisa eu
penso que foi mais proveitoso no II,. Por isso considero que não foi eficaz e nem eficaz, estou
aprendendo ainda” (Entrevistado n° 26/ Educação).

“Olha, o aprendizado depende 100% do estudante, a instituição influência porque ela tem toda
aquela carga que impõe na gente, porque é uma instituição pública com mais de 100 anos, então
eu boto muita fé nessa carga de responsabilidade, pra mim eu tenho que a instituição UFAM é
uma das melhores e eu tenho que dar o melhor de mim. E no momento não tô fazendo isso,
quando isso acontece eu paro dou um tempo e me reinvento, porque eu preciso ler, sem eu me
preparar eu não consigo ser 100% UFAM”. (Entrevistado n° 48/ Saúde).

“Não foi eficaz e nem ineficaz, porque eu tinha muita dificuldade, não participava de reuniões, eu
não sabia do que se tratava com os usuários, era um trabalho muito mecanizado de assinar papel e
resolver papel, arquivo, essas coisas, então eu meio que não aprendi de modo adequado e como
ainda fazendo o dois, eu acho que preciso ler mais pro meu aprendizado melhorar” (Entrevistado
n° 42/ Saúde).
Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

O quadro apresenta a visão dos discentes sobre a importância da leitura no processo de


desenvolvimento do estágio e como a falta dela afeta a compreensão das atividades exercidas
no estágio. Quando questionados sobre o conhecimento dos instrumentos legais da profissão e
das diretrizes norteadoras do estágio, grande parte dos discentes apontou que leram e
conhecem, conforme demonstra o gráfico que segue:

Gráfico 20: Grau de conhecimento dos instrumentos legais norteadores no Estágio Supervisionado

OUVI FALAR CONHEÇO E LI NUNCA LI NÃO LEMBRO

44 44
39
36
30
28

15
12
8
6 5
4 4 3
1 2 1 2 2 2

Lei Nº8.662/1993 Código de Ética Diretrizes Política Nacional Lei Nº11. Resolução CFESS
- do/a Assistente Curriculares da de Estágio – PNE 788/2008 - Lei de Nº 533/2008
Regulamentação Social (1993) ABEPSS (1996) (2010) Estágio
da Profissão

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01

104
Levando em consideração que os espaços de inserção apresentam múltiplas faces das
expressões da questão social e contradições institucionais que podem gerar confusão no
processo de apreensão do discente, cabe salientar a importância dos instrumentos legais
norteadores da profissão. Nesta perspectiva, a compreensão dos instrumentos legais e
políticos da profissão são essenciais no processo de formação e atuação profissional. No
tocante aos instrumentos legais e políticos que estão na base da graduação, ficou evidente que
grande parte dos discentes já conhece e leu sobre as leis de regulamentação da profissão e
outros instrumentos norteadores como o código de ética. O gráfico apresenta que poucos
alunos ainda não leram sobre as temáticas específica do estágio, sendo uma delas um dos
principais norteadores para a materialização do estágio, a resolução CFESS Nº 533/2008 que
é o documento que regulamenta a supervisão direta em de estágio em Serviço Social.
Em relação à contribuição do estágio para atuação profissional o gráfico 21 apresenta a
opinião dos discentes quantos aos rumos profissionais a serem seguidos após a conclusão da
graduação.

Gráfico 21: Quantitativo geral de discentes que pretendem seguir carreira na área de estágio

PRETENDE SEGUIR CARREIRA NÃO PRETENDE SEGUIR CARREIRA OUTRO


22 23

16 17

10
8

46% 33% 21% 48% 35% 17%

ESTÁGIO I % ESTÁGIO II %

Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01

O gráfico indica uma pequena mudança em relação aos discentes que pretendem
seguir carreira na área de estágio. A experiência no estágio geralmente é o primeiro contato
do discente com mundo de trabalho do assistente social. É o momento em que ele se
familiariza com a profissão, assimilando suas ambiguidades e contradições. A vivência no
campo de estágio possibilita conhecer os vários segmentos e desafios específicos de cada área
e possibilita a identificação do discente com o perfil que mais lhe agrada. Nesse sentido, as
causas dos discentes que optaram por não seguir carreiras desvelam-se em três motivos: a)
não identificação com área, b) experiências frustrantes; c) profissional desvalorizado

105
financeiramente; Essas situações também são mencionadas pelos discentes que optaram por
responder a opção “outro”, conforme demonstra o quadro a seguir:

Quadro 29: Justificativa dos discentes que não irão seguir carreira na área de estágio

CATEGORIAS
ELABORADAS A PARTIR DA TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
ANÁLISE DE CONTEÚDO.
“Eu já havia cursado a disciplina estágio um e já havia reprovada por falta de comunicação com
minha supervisora de campo, a minha experiência na saúde foi péssima. Eu não queria mais essa área,
mas quando começou o novo semestre foi a única área que consegui me inserir. A experiência vivida
no estágio I e II, me mostrou a realidade da área da saúde, as atividades exercidas, em sua maioria,
não são competências do assistente social, o que desgasta e estressa tanto o discente, quanto
supervisor de campo, antes eu não me identificava e agora tenho certeza que não terei êxito estando
Não identificação com área na saúde” (Entrevistado n° 01/ Saúde).
(14 sujeitos)
“[...] porque eu não me identifiquei muito. Só realizei o estágio dois nessa área porque tinha bolsa,
[...] eu vi que a demanda de trabalho era muito pouco, apesar de ser com bolsa, ainda assim não é tão
prazeroso quanto o sócio jurídico, que já é uma demanda maior” (Entrevistado n° 02/ Assistência).

“Não porque quero ter experiências em outros locais, por exemplo, assistência, saúde, mas o sócio
jurídico é o que melhor paga, mas a questão de gostar, não gostei não” (Entrevistado n°13 /
Sociojurídico).

“Porque a experiência na saúde foi de certa forma um pouco frustrante, é um trabalho rotineiro, você
se torna um profissional mecanizado” (Entrevistado n°11 / Saúde).

“A minha experiência no primeiro estágio foi péssima, eu realizei na saúde e não tinha nenhum
conhecimento de como era o trabalho do assistente na área, eu tive que trancar o curso, porque fiquei
Experiências Frustrantes muito desgastada. No estágio dois, foi um pouco melhor, mas ainda assim, não consegui me
identificar com área, pretendo seguir carreira no sócio jurídico ou previdência” (Entrevistado n° 12/
Assistência).

“Eu me decepcionei nessa área, apesar de a bolsa ser boa. Não é uma área que eu quero seguir
carreira” (Entrevistado n° 27/ Sociojurídico).

“Quando eu escolhi essa área, era devido a não ter tempo, o único local de estágio que eu consegui foi
Desvalorização financeira na área da assistência, mas não quero seguir carreira, porque é muito trabalho e o profissional não é
(01 sujeito) reconhecido, ganha pouco e quando ganha, porque sempre tem atrasos” (Entrevistado n° 04/
Assistência).

Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.

Em relação a não identificação com a área e experiências frustrantes vivenciadas pelos


discentes é importante destacar que essas dificuldades não são aleatórias. A experiência no
estágio supervisionado de certa forma exerce uma influência na opinião do discente sobre o
espaço em que ele está inserido. As atividades que o supervisor de campo exerce e o modo
como ensina e orienta o discente influenciam na opinião do discente.
A terceira categoria da análise de conteúdo do quadro 29 expressa a insatisfação do
reconhecimento salarial adequado à demanda de trabalho do assistente social. No que se
refere à desvalorização financeira do assistente social, é preciso salientar que a categoria não
possui um piso salarial unificado. Segundo o CFESS (2016) o Projeto de lei 5278/2009 ainda
está em tramitação e tem como intuito fixar o piso salarial do Assistente Social em R$
3.720,00.
106
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio supervisionado assume a centralidade na formação profissional no processo


de aprendizado, identificação e apropriação dos princípios, habilidades e competências da
profissão. Esse processo exige uma comunicação qualificada dos sujeitos envolvidos em sua
materialização e operacionalização, pois o estágio como instrumento desvelador no
aprendizado aproxima o discente da relação teoria-prática em espaços e situações permeadas
por contradições, desafios que instigam o discente a desenvolver sua criticidade e observar
pelas entrelinhas do imediato. Destaca-se que as atividades realizadas podem ter um cunho
técnico e administrativo que qualquer outro sujeito poderia preencher ou documentar, porém a
interpretação e análise das expressões da questão social só são possíveis através do olhar
crítico e investigativo propiciado na formação profissional em Serviço Social.
O estágio curricular do curso de Serviço Social da UFAM é compósito por desafios,
limites e possibilidades na materialização da Política Nacional de Estágio e leis que norteiam
sua operacionalização. Esses desafios desvelam-se em dificuldades na relação tríade da
supervisão e sujeitos envolvidos na organização e efetivação do estágio. Desta forma, o
desenvolvimento do presente estudo objetivou-se a identificar as principais dificuldades
vivenciadas pelos discentes no processo de inserção, permanência e acompanhamento no
estágio supervisionado em Serviço Social da UFAM.
No curso de Serviço Social da UFAM, identificaram-se dificuldades no processo de
inserção dos discentes nos espaços sócio-ocupacionais. Essas dificuldades estão relacionadas
mudanças na Política educacional e expansão dos cursos de Serviço Social em Manaus. A
concorrência e disputa por vagas se revelou um dos fatores condicionantes desta
problemática, principalmente para os discentes que conciliam a graduação com outras
atividades como o estágio não obrigatório, trabalho e atividades formais ou informais.
Evidenciou-se que os discentes tiveram autonomia quanto à procura de vagas, o que
ocasionou outras dificuldades, uma vez que na procura os discentes precisam se encaixar em
critérios de preferência ou serem indicados por outras pessoas vinculadas a instituição
concedente. Observou na visão dos discentes uma forte crítica quanto à falta de apoio da
Coordenação de Estágio nos semestre 2017/02, que acabou prejudicando alguns discentes no
sentido de começarem a disciplina atrasados.
Em relação a dificuldades de inserção de cunho externo, observou-se a resistência por
parte de alguns assistentes sociais em supervisionar e a resistência de algumas instituições em

107
vincularem com a UFAM, inclusive alguns discentes tiveram que manter o estágio não-
curricular e curricular por conta da resistência dessas instituições. Infelizmente a pesquisa não
detectou quais as causas dessa problemática, porém pressupõe que essas dificuldades estão
relacionadas a visão da instituição sobre o conceito de estágio supervisionado. Embora haja
um leque de instrumentos que orientem a operacionalização do estágio, ainda existe uma
confusão com a ideia de estágio obrigatório com prática voluntaria, o que acaba fazendo com
que o discente aceite qualquer termo para que possa concluir a disciplina estágio
supervisionado. É de extrema importância que o estágio ultrapasse a “lógica trabalho” no
sentido de apenas prestar um serviço voluntário, mas de concretizar os objetivos explicitados
na PNE e leis definidas na materialização do estágio.
Essas dificuldades não estão desarticuladas das dificuldades de permanência,
constatou-se que as maiores dificuldades de permanecer no estágio também estavam
relacionadas a conciliação de tempo da graduação com o estágio supervisionado obrigatório
em campo, tendo em vista, que o corpo discente trabalha ou realiza atividades
extracurriculares. Evidencia-se também que fator socioeconômico é um dos condicionantes
que incentivam o discente na permanência do estágio, situação que pode ocasionar confusão
com seus reais objetivos, uma vez que ele pode ser caracterizado como emprego. Inclusive,
alguns discentes tinham preferência em conseguir estágio que oferecesse bolsa, embora
tivessem interesses em outras áreas. Outras dificuldades foram as irregularidades vivenciadas
na manutenção do estágio, sendo uma delas a prática da realização de “horas extras”, receios
em reprovar na disciplina ou perder a bolsa de estágio. A pesquisa bibliográfica apresenta a
dubiedade desse problema, uma vez que as necessidades pessoais e até manutenção de
despesas na graduação depende da bolsa de estágio, porém não se pode esquecer que o estágio
é espaço de formação e o receio de perder a bolsa pode sujeitar o discente a vivenciar
irregularidades.
Rememorando o capítulo I, é importante considerar que a precarização do ensino na
universidade e campo fragilizam não só a formação profissional, mas o futuro exercício. As
posturas éticas, posicionamento interventivo e investigativo desenvolvido no processo de
aprendizado, desvelam o fazer profissional do discente no futuro. Quando o discente tem uma
formação qualificada e tem conhecimento dos elementos básicos que fundamentam e
direcionam a profissão, pressupõe que seu fazer profissional não estará desvinculado do que
preconiza o projeto ético político da profissão e projeto de formação profissional. É preciso
destacar que se há dificuldades e falta da fundamentação crítica, a formação pode direcionar o

108
discente a um perfil profissional sujeito as normas do mercado. Desta forma o
acompanhamento da supervisão é de extrema importância no processo de aprendizagem.
A pesquisa bibliográfica evidenciou que um dos desafios no processo de
acompanhamento é a intensificação da jornada de trabalho, no que se refere a tempo e
demanda. De modo geral, observou-se que atividades da supervisão de ensino e campo estão
sujeitas a pressões individuais de qualidade e curto prazo que fragilizam a qualidade do
ensino e no perpassar de um conhecimento. O estágio que deveria ser espaço privilegiado para
fazer relação teoria-prática pode estar sujeito a cotidianidade das demandas e perder a
essência de seus reais objetivos, ou seja, as condições de trabalho e arcabouço teórico do
discente são essenciais para não absorção rotineira de atividades e possível construção de um
perfil crítico atento as contradições presentes no processo de aprendizado da prática
profissional.
No curso de Serviço Social da UFAM, evidenciou-se que às dificuldades de
acompanhamento, estão relacionadas a precarização do trabalho que fragilizam a formação
através da indisponibilidade de tempo para orientar, ensinar e acompanhar. Como explicitado
anteriormente uma das principais características do debate do atual é necessidade de orientar e
capacitar docentes e assistentes sociais sobre a operacionalização do estágio.
Em relação à supervisão de ensino, observou-se que a metodologia de ensino adotada
por este docente vai influenciar no aprendizado do discente, uma vez que as falas
demonstraram inseguranças em relação a algumas posturas de correção e dificuldades de
compreender a linguagem adotada pelo docente.
No que se refere à supervisão de campo, evidenciou-se dificuldades relacionadas à
ausência de um plano de trabalho e ausência da materialização do estágio como espaço de
formação e não como trabalho. Outra característica peculiar são as delegações de atividades
estratégicas quando o supervisor tem mais de um discente para orientar. O estágio
supervisionado não tem como objetivo ser funcional e embora alguns discentes se destaquem
em algumas atividades é preciso qualificar o amadurecimento técnico operativo e
investigativo da profissão.
Pensar em estratégias na defesa do estágio supervisionado e capacitação permanente
são de extrema importância no contexto atual, uma vez que a desvalorização dos professores e
universidade tem sido colocadas em xeque através de novos posicionamentos e ideologias na
educação. Compreende-se que os desafios passados e atuais são os mesmos, o que diferencia
são as novas roupagens dos limites e possibilidades da sua materialização. É importante

109
destacar que Política educacional não está desarticulada do estágio, uma vez que as mudanças
intituladas com a ideia de “acesso inclusivo” podem ocasionar fragilidades na qualidade da
formação profissional. Desta forma, o investimento em palestras, oficinas e atualizações para
os sujeitos envolvidos na operacionalização do estágio estarão cooperando no aprimoramento
do conhecimento e possíveis resolutividades para as dificuldades no processo de
materialização do estágio supervisionado.
A construção do estudo e objetivos não estava direcionada a dificuldades relacionadas
à gestão organizadora do estágio, porém, observou-se em toda pesquisa que o processo de
organização e planejamento é essencial na operacionalização do estágio supervisionado.
Evidencia-se através das falas uma falta de organização por parte da Coordenação de Estágio
no semestre 2017/02 e ainda que não tenha sido possível pesquisar visão dos três
Coordenadores de Estágio sobre as dificuldades na operacionalização do estágio, é de extrema
importância se pensar em estratégias de enfretamento para facilitar o processo de inserção dos
discentes nos espaços sócio-ocupacionais. Esse processo é trabalhoso e requer organização e
planejamento conjunto da gestão de estágio. Destaca-se ainda, a importância do planejamento
conjunto das atividades que serão exercidas na tríade de estágio, principalmente as que se
referem à capacitação e atividades periódicas, inclusive notou-se a ausência dessas atividades
nos semestre 2017/02 e 2018/01.
A pesquisa evidenciou singularidades do estágio curricular do Curso de Serviço Social
da UFAM em antigos e novos desafios. Explicitou-se a importância do estágio e processo de
supervisão para o desenvolvimento de uma reflexão teórica e crítica sobre seus desafios,
limites e possibilidades que desvelam-se nas dificuldades de fazer a relação teoria-prática,
dificuldades relacionadas a precarização no processo de aprendizagem no ensino e campo e
dificuldades relacionadas as mudanças da Política educacional que fragilizam a formação
profissional do assistente social.
A presente pesquisa abrangeu apenas a percepção dos discentes, porém gerou novos
questionamentos e salienta a relevância de estudar a percepção dos supervisores de campo e
ensino sobre as dificuldades na materialização do estágio, quais as resistências em
supervisionar, quais as causas da indisponibilidade de tempo e quais as percepções destes
sobre as dificuldades da construção de um plano de trabalho. Para finalizar, evidencia-se a
importância da realização de pesquisas na área do estágio supervisionado em Serviço Social,
em especial na UFAM.

110
Por fim, acredita-se que os resultados da pesquisa podem contribuir para a discussão
teórica acerca da importância e centralidade do estágio supervisionado, assim como para a
reflexão crítica sobre os desafios da realização do estágio curricular (em termos de
dificuldades) que fragilizam a formação profissional, além de fornecer subsídios para adoção
de novas estratégias de avaliação e enfrentamento frente às dificuldades vivenciadas pelos
discentes no curso de Serviço Social da UFAM em Manaus.
Acredita-se também que este estudo pode contribuir para a viabilização do direito dos
discentes da UFAM à vivencia da prática profissional com supervisão de estágio de
qualidade, bem como, pode incentivar o cumprimento dos princípios da Política Nacional de
Estagio (PNE). Assim, a pesquisa buscou realizar um olhar crítico e aprofundado sobre a
realização do estágio no âmbito da formação profissional no curso de serviço social da
UFAM.

111
REFERÊNCIAS

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em:<http://www.abepss.org.br/arquivos/textos/docum ento_201603311138 166377210.pdf.>
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____________, Diretrizes Curriculares elaboradas pela equipe de especialistas de 1999. Rio


de Janeiro, 1999. Disponível em:
<http://www.abepss.org.br/arquivos/textos/documento_201603311140412406970.pdf.>
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116
APÊNDICES

117
APÊNDICE A: CONSTRUÇÃO DO OBJETO E QUESTÃO NORTEADORA
CENTRAL

ITENS CARACTERIZAÇÃO DETALHAMENTO


Formação e Estágio Supervisionado em
Tema
Serviço Social
Dificuldades de inserção e materialização do
acompanhamento dos supervisores de ensino e
Delimitação
campo no estágio supervisionado de serviço
social.
As percepções dos discentes que realizaram o
Objeto de estágio supervisionado nos anos de 2017-2018,
Estudo sobre as dificuldades no processo de ensino-
aprendizagem no campo de estágio.
Questões específica:

1. Quais os principais aspectos do debate


atual sobre a importância do estágio
supervisionado na formação do assistente
social?
Questão norteadora central:
Quais são as principais dificuldades 2. Quais as visões dos discentes sobre as
vivenciadas pelos discentes na inserção e dificuldades vivenciadas na inserção e
Problematização permanência no estágio supervisionado do
curso de serviço social da Ufam que incidem permanência no estágio em diferentes
na fragilização da formação profissional? espaços sócios ocupacionais que são
campos de estágio da UFAM?
3. Quais as visões dos discentes sobre as
dificuldades de acompanhamento pelo
supervisor de campo e ensino?

Objetivo específico:

1. Discorrer sobre os principais


aspectos do debate atual sobre a
importância do estágio supervisionado na
formação do assistente social;
Objetivo Geral:
2. Identificar as visões dos discentes
Analisar as principais dificuldades vivenciadas sobre as dificuldades vivenciadas na
Objetivos pelos discentes na inserção e permanência no
estágio supervisionado do curso de serviço inserção e permanência no estágio em
social da Ufam que incidem na fragilização da diferentes espaços sócio ocupacionais que
formação profissional.
são campos de estágio da UFAM;
3. Caracterizar as visões dos
discentes sobre as dificuldades de
acompanhamento pelo supervisor de campo
e ensino.

118
APÊNDICE B: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
PODER EXECUTIVO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Convidamos o (a) senhor (a) para participar da pesquisa intitulada “Estágio e


Formação Profissional - estudo das singularidades do estágio curricular do curso de serviço
social da UFAM”, sob a responsabilidade da pesquisadora Escarlete Raíssa Evangelista da
Silva, discente do Curso de Serviço Social da UFAM (Endereço institucional: Setor Norte,
Bloco Mário Ipiranga, no Campus Universitário Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e
Sociais, Av. General Rodrigo Otávio Jordão Ramos, 3000, Coroado), fone: (92) 99150-1018,
E-mail: escarleteraissa@gmail.com. O projeto está sob orientação da docente Dra. Marinez
Gil Nogueira, fone: (92) 98132-0806, e-mail: marinezgil@yahoo.com.br
A pesquisa tem como objetivo geral: Analisar as principais dificuldades vivenciadas
pelos discentes na inserção e permanência no estágio supervisionado do curso de serviço
social da Ufam que incidem na fragilização da formação profissional. E como objetivos
específicos: 1) Discorrer sobre os principais aspectos do debate atual sobre a importância do
estágio supervisionado na formação do assistente social; 2) Identificar as visões dos discentes
sobre as dificuldades vivenciadas na inserção e permanência no estágio em diferentes espaços
sócio ocupacionais que são campos de estágio da UFAM; 3) Caracterizar as visões dos
discentes sobre as dificuldades de acompanhamento pelo supervisor de campo e ensino.
Sua participação no estudo será inteiramente voluntária. A coleta das informações e
dos dados serão realizados a partir de formulário de entrevista com perguntas abertas e
fechadas, sendo de caráter primordial para alcance dos resultados da pesquisa. Sua
participação consistirá apenas no preenchimento deste formulário, respondendo às perguntas
descritas. Os dados da pesquisa podem contribuir indiretamente para I – Possibilitar pensar o
estágio curricular como fundamental para o processo de formação profissional do Assistente
social; II - Reforçar o respeito as normativas do estágio no âmbito da UFAM; III – Fomentar
melhorias no processo de supervisão de estágio; IV – Subsidiar novas pesquisas para estudar a
temática proposta.

119
Os riscos decorrentes de sua participação nessa pesquisa são mínimos como:
desconforto, constrangimento em algum momento da aplicação do questionário e, para
minimizar tais riscos, a aplicação do formulário de pesquisa ocorrerá sem a presença de
pessoas estranhas e não permitidas no local; as perguntas serão impessoais e respeitaremos o
seu direito de não responder algumas delas. Os formulários de entrevista serão registrados e
identificados por número, de modo que será mantido o sigilo de sua identidade. Caso
aconteçam, a pesquisadora se compromete em ressarcir possíveis despesas oriundas desse
processo, comprovadamente decorrentes da participação na pesquisa.
Em caso de dano ou sofrimento psíquico decorrentes da pesquisa, o Centro de
Serviços de Psicologia Aplicada – CSPA/UFAM o qual forneceu anuência e apoio à referida
pesquisa, irá recebê-lo, proporcionando-lhe adequado atendimento psicológico. Endereço: Av.
General Rodrigo Octávio, 6200, Bloco X, Coroado I, Fone: (92) 3305-4121/ (92) 99222-
2275.
Se depois de consentir em sua participação, o Sr. (a) desistir de continuar participando,
tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, seja
antes ou depois da coleta de dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo à sua
pessoa. O Sr. (a) não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração.
Mesmo quando os resultados da pesquisa forem analisados, publicados e divulgados em
qualquer forma, sua identidade não será divulgada, ficará sob sigilo. Os sujeitos da pesquisa
não serão identificados em nenhum momento.
Para qualquer informação o (a) senhor (a) poderá entrar em contato com a
pesquisadora responsável, ou pessoalmente no Departamento de Serviço Social da
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), conforme apresentado acima. Fica
disponibilizado, para eventuais informações, o endereço do Comitê de Ética em Pesquisa
(órgão responsável pela avaliação ética dos projetos de pesquisa) da Universidade Federal do
Amazonas (UFAM), localizado na Rua Teresina, 495 – Escola de Enfermagem de Manaus,
sala 07 – Adrianópolis, CEP: 69057-070 – Manaus/AM. Fone: 3305-1181/RAMAL: 2004 ou
(92) 99171-2496. E-mail: cep.ufam@gmail.com
Dessa forma, solicitamos sua autorização para responder o formulário de entrevista e
que possa ser gravado. Antes de concordar em participar desta pesquisa, é muito importante
que você compreenda as informações e instruções contidas neste documento. O pesquisador
deverá responder todas as suas dúvidas antes que você decida se quer participar. Marque uma
das opções abaixo:

120
 Me disponho a responder o formulário de entrevista, ciente que os dados e as

informações serão utilizadas paras fins do presente estudo.

 Não me disponho a responder o formulário de entrevista.

 Autorizo a gravação das respostas das perguntas por meio de áudio,

ciente que os dados e as informações serão utilizados para fins do presente


estudo.

 Não autorizo a gravação das respostas das perguntas abertas de áudio.

CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO

Eu, _______________________________________________________________, fui


informado (a) e estou ciente sobre os objetivos da pesquisa, o que a pesquisadora quer fazer,
dos procedimentos aos quais a pesquisadora precisa da minha colaboração, e entendi a
explicação. Por isso, eu concordo em participar da pesquisa, sabendo que eu não vou ganhar
nada e que posso sair quando quiser sem sofrer nenhum dano e com a garantia de
confidencialidade, bem como de esclarecimentos sempre que desejar. Estou recebendo uma
cópia deste documento, assinada, que vou guardar. Diante do exposto e de espontânea
vontade, expresso minha concordância em participar deste estudo.

_________________________________________ _________________________________________

Assinatura do (a) participante Assinatura da Orientadora

__________________________________________

Assinatura da Pesquisadora

Impressão Datiloscópica

1ª via- Pesquisador
2ª via - Participante

121
APÊNDICE C: INSTRUMENTAL DA PESQUISA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS


INSTITUTO DE FILOSOFIA CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
PROJETO DE PESQUISA

FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
Nº: ________

Título do projeto: Estágio e Formação Profissional: um estudo das singularidades do estágio


curricular do curso de serviço social da UFAM.
IDENTIFICAÇÃO E PERFIL DO DISCENTE

1. Idade

 18 a 22 anos  23 a 27 anos  28 a 32 anos  33 a 37 anos


 38 a 42 anos  43 a 48 anos  acima de 49 anos

2. Sexo

 Feminino  Masculino

3. Identidade de gênero

 Mulher Trans.  Mulher Cis  Travesti


 Homem Trans.  Homem Cis  Não-Binário.

4. Cursando o estágio supervisionado?

 Estágio I  Estágio II

5. Turno em que está cursando a disciplina estágio supervisionado na academia?

 Vespertino  Noturno

6. Código de matrícula institucional do curso Serviço Social?

 IH06  IH26

7. Houve troca de horário de origem da matrícula na academia?

 Sim  Não

122
7.1 Em caso afirmativo, justifique o motivo.
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
8. O (a) senhor (a) aproveitou o estágio não curricular para realizar o estágio curricular obrigatório?

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim  Não  Sim  Não

OUTRO/QUAL? ______________________________________________________________________

9. Em qual segmento o (a) senhor (a) realizou/realiza o estágio supervisionado?

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Educação  Educação
 Sócio Jurídico  Sócio Jurídico
 Saúde  Saúde
 Assistência  Assistência
 Empresarial  Empresarial

OUTRA/QUAL ÁREA?__________________________________________________________________

FORMAÇÃO PROFISSIONAL
]

10. Dos documentos abaixo, marque um x de acordo com seu grau de conhecimento.
OUVI NÃO
DOCUMENTOS FALAR
CONHEÇO E LI NUNCA LI LEMBRO

Lei de Regulamentação da Profissão 8662/93


Código de Ética do/a Assistente Social (1993)
Diretrizes Curriculares da ABEPSS (1996)
Política Nacional de Estágio – PNE (2009)
Lei Nº11. 788/2008 - A Lei do Estágio
Resolução CFESS Nº 533/2008

ESTÁGIO SUPERVISIONADO

11. Em sua opinião, como o (a) sr. (a) avalia a importância do estágio supervisionado na formação do
assistente social?

 Muito importante.  Não sei a importância.  Não é importante.

11.1 Justifique:

__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

123
12. A experiência que você viveu no estágio, foi determinante para a escolha da área profissional que você quer
seguir carreira?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, decidi seguir carreira na área do campo de estágio.  Sim, decidi seguir carreira na área do campo de estágio.
Sim, decidi não seguir carreira na área do campo de estágio. Sim, decidi não seguir carreira na área do campo de estágio.
Não, só realizei estágio nessa área, porque não tinha outra Não, só realizei estágio nessa área, porque não tinha outra
opção. opção

OUTRO/QUAL? ______________________________________________________________________________

13. Em sua opinião, como foi o seu aprendizado durante o estágio supervisionado?

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Eficaz  Ineficaz  Outro  Eficaz  Ineficaz  Outro

OUTRO/QUAL? ______________________________________________________________________________

DIFICULDADES DE INSERÇÃO NO ESTÁGIO EM CAMPO

14. Você sentiu dificuldades de “inserção” ao procurar estágio em campo? (Múltipla escolha)

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, pois havia prioridades pra faculdades cadastradas;  Sim, pois havia prioridades pra faculdades cadastradas;
 Sim, pois havia indicação por quem já estava dentro;  Sim, pois havia indicação por quem já estava dentro;
Sim, pois havia preferência por discentes do turno noturno; Sim, pois havia preferência por discentes do turno noturno;
 Sim, pois havia preferência por sujeitos formados;  Sim, pois havia preferência por sujeitos formados;
 Não, pois fui indicado por alguém de dentro;  Não, pois fui indicado por alguém de dentro;
 Não, pois aproveitei o estágio não curricular para realizar o  Não, pois aproveitei o estágio não curricular para realizar o
supervisionado; supervisionado;

OUTRO/QUAL? ______________________________________________________________________________

15. O estágio que você almejava era em que área? (Múltipla escolha).

 Educação  Sócio jurídico  Assistência


 Saúde  Meio ambiente  Habitação

 Movimentos sociais  Previdência social  Empresarial

15.1 Em caso de não estar estagiando na área desejada, qual o motivo?

__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

16. Sobre a disponibilidade de vagas das concedentes, você sentiu dificuldades de encontrar estágio que
conciliasse com o horário da graduação? (Múltipla escolha)

124
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, pois estudava no turno vespertino;  Sim, pois estudava no turno vespertino;
 Sim, pois precisava conciliar com horário de trabalho;  Sim, pois precisava conciliar com horário de trabalho;
 Sim, pois só tinha disponibilidade no final de semana;  Sim, pois só tinha disponibilidade no final de semana;
 Não houve dificuldades;  Não houve dificuldades;
OUTRO/QUAL MOTIVO? ______________________________________________________________________

17. Porque você escolheu realizar o estágio supervisionado no atual espaço sócio ocupacional no qual está
inserido? (Múltipla escolha)

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sempre foi à primeira opção.  Sempre foi à primeira opção.


 Opção que conciliava com horário de trabalho.  Opção que conciliava com horário de trabalho.
 Opção que conciliava com horário da graduação.  Opção que conciliava com horário da graduação.
 Só havia vagas nesse espaço sócio ocupacional.  Só havia vagas nesse espaço sócio ocupacional.
OUTRO/QUAL MOTIVO? ______________________________________________________________________

18. Você sentiu dificuldades de permanecer inserido no campo de estágio ?

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim  Não  Sim  Não

18.1 Em caso afirmativo, justifique o motivo.


__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

DIFICULDADES DE ACOMPANHAMENTO DO:


“SUPERVISOR DE ENSINO” NA UNIVERSIDADE E CAMPO DE ESTÁGIO

19. Quantas vezes por semana havia/ há aula da disciplina estágio supervisionado?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Uma vez por semana.  Uma vez por semana.

 Duas vezes por semana.  Duas vezes por semana.

20. Quantas vezes o supervisor de ensino lhe orientou sobre os instrumentais de estágio?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Uma vez  Uma vez  Ainda cursando


 Duas vezes  Duas vezes

 Três vezes  Três vezes


 Mais de quatro vezes  Mais de quatro vezes

 Nunca  Nunca
125
21. Seu supervisor de ensino tinha/tem disponibilidade de tempo para lhe dar orientações individuais (fora do
horário de aula)?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim  Sim  Ainda cursando


 Não  Não

 Às vezes  Às vezes

 Nunca  Nunca

22. Em sua opinião, quais as maiores causas da indisponibilidade de tempo do supervisor de ensino para dar
orientação? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Muitos alunos para orientar;  Muitos alunos para orientar;

 Apenas 02 horas de aula na semana;  Apenas 02 horas de aula na semana;

 Intensa jornada de trabalho do docente;  Intensa jornada de trabalho do docente;

OUTRO/QUAL CAUSA? _______________________________________________________________________

23. Houve/Há dificuldade de compreender o conteúdo teórico abordado nas disciplinas estágio?

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim  Não  Sim  Não


QUAL DIFICULDADE? ________________________________________________________________________

24. Houve/Há alguma dificuldade de perguntar ou questionar algo do supervisor de ensino?


ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim  Não  Sim  Não


QUAL DIFICULDADE? __________________________________________________________________

25. Quantas vezes o supervisor de ensino realizou visitas de acompanhamento/avaliação no campo de estágio?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Uma vez  Uma vez

 Duas vezes  Duas vezes

 Três vezes  Três vezes

 Visita foi agendada, mas não foi realizada.  Visita agendada

 Visita não foi agendada  Visita não agendada

26. Qual a carga horária de visitas que o supervisor de ensino realizou?


ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 10 minutos a 15 minutos  10 minutos a 15 minutos

126
 30 minutos a 01 hora  30 minutos a 01 hora

 02 horas  02 horas

 Visita foi agendada, mas não foi realizada.  Visita foi agendada, mas ainda não foi realizada.

 Visita não foi agendada  Visita não foi agendada

27. Como você definiria a qualidade da visita ao campo?


ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Ineficaz  Eficaz  Outro  Ineficaz  Eficaz  Outro

 Visita foi agendada, mas não foi realizada.  Visita foi agendada, mas ainda não foi realizada.

 Visita não foi agendada  Visita não foi agendada

27.1 Em caso negativo, justifique.


__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

28. Você sentiu dificuldade de expor alguma crítica ou irregularidade na frente de ambos os supervisores?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim  Sim

 Não  Não

 Visita foi agendada, mas não foi realizada.  Visita foi agendada, mas ainda não foi realizada.

 Visita não foi agendada  Visita não foi agendada

QUAL DIFICULDADE? _______________________________________________________________________

29. Na sua opinião, o supervisor de ensino consegue/conseguiu enxergar a realidade que o discente está sujeito
no campo estágio? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Não, pois o docente não fez/faz perguntas sobre as  Não, pois o docente não fez/faz perguntas sobre as
dificuldades do estágio; dificuldades do estágio;

 Não, pois a visita foi muito rápida e sem tempo para  Não, pois a visita foi muito rápida e sem tempo para
conversar; conversar;

 Não, porque uma visita não é o suficiente para compreender a  Não, porque uma visita não é o suficiente para compreender a
realidade do estágio; realidade do estágio;

 Sim, pois o docente questionava as dificuldades do discente  Sim, pois o docente questionava as dificuldades do discente
no estágio; no estágio;

 Sim, pois além de orientar ficou observando como era a  Sim, pois além de orientar ficou observando como era a
dinâmica do estágio; dinâmica do estágio;

OUTRO/QUAL? ________________________________________________________________________

DIFICULDADES DE ACOMPANHAMENTO DO:

127
“SUPERVISOR DE CAMPO” NO ESPAÇO SÓCIO OCUPACIONAL DE ESTÁGIO

30. Na sua opinião, o supervisor de campo, tem disponibilidade de tempo para dar orientações? (Múltipla
escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Não, por causa da alta demanda de atendimentos realizados  Não, por causa da alta demanda de atendimentos realizados
pelo serviço social; pelo serviço social;

 Não, por causa da ausência de profissionais para auxiliar nas  Não, por causa da ausência de profissionais para auxiliar nas
atividades; atividades;

 Sim, pois sempre existe um tempo livre/folga para dar  Sim, pois sempre existe um tempo livre/folga para dar
orientações; orientações;

 Sim, pois todas as atividades precisam ter acompanhamento  Sim, pois todas as atividades precisam ter acompanhamento
do supervisor; do supervisor;

OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________

31. Na sua opinião, quais são as maiores causas da indisponibilidade de tempo do supervisor de campo para dar
orientações? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Intensa e extensa jornada de trabalho do assistente social;  Intensa e extensa jornada de trabalho do assistente social;
 Falta de organização e planejamento da supervisão de campo;  Falta de organização e planejamento da supervisão de campo;
 Realização de atividades que não são competências do  Realização de atividades que não são competências do
assistente social; assistente social;

 Falta de conhecimento sobre o papel da supervisão;  Falta de conhecimento sobre o papel da supervisão;
 Não se aplica;  Não se aplica;
31.1 Justifique:

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

32. Em algum momento do estágio supervisionado em campo, outro profissional sem ser seu supervisor, ensinou
a prática para você? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, outro assistente social do setor;  Sim, outro assistente social do setor;

 Sim, técnico administrativo do setor;  Sim, técnico administrativo do setor;

 Sim, outro estagiário do setor;  Sim, outro estagiário do setor;

 Sim, outro profissional da instituição;  Sim, outro profissional da instituição;

 Não, somente meu supervisor;  Não, somente meu supervisor;

OUTRO/QUAL? __________________________________________________________________
33. Em algum momento do estágio supervisionado em campo, seu supervisor te deixou sem
acompanhamento/supervisão? (Múltipla escolha)
128
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, quando ele faltava o trabalho;  Sim, quando ele faltava o trabalho;
 Sim, pois a escala do supervisor de campo é diferente da  Sim, pois a escala do supervisor de campo é diferente da
escala do estagiário; escala do estagiário;

 Sim, quando ele achava que eu podia resolver a situação  Sim, quando ele achava que eu podia resolver a situação
sozinha (a). sozinha (a).

 Não, nunca me deixou sem acompanhamento;  Não, nunca me deixou sem acompanhamento;
 Não, quando ele faltava, outro assistente social me  Não, quando ele faltava, outro assistente social me
acompanhava. acompanhava.

OUTRO/QUAL? __________________________________________________________________
34. O supervisor de campo teve uma participação efetiva nos instrumentais do estágio?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim  Não  Outro  Sim  Não  Outro

34.1 Em caso negativo, justifique:


__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
35. Em algum momento do estágio supervisionado, seu supervisor de campo lhe mostrou algum planejamento ou
roteiro de acompanhamento?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Não, nunca mostrou roteiro ou planejamento.  Não, nunca mostrou roteiro ou planejamento.
 Sim, mostrou planejamento e roteiro do acompanhamento;  Sim, mostrou planejamento e roteiro do acompanhamento;
OUTRO/ QUAL? _____________________________________________________________________________

36. Na sua visão, seu supervisor de campo entendia/entende o estágio supervisionado como espaço de formação?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim  Não  Outro  Sim  Não  Outro

36.1 Em caso negativo, justifique:


__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

37. Você sentiu dificuldade de compreender o papel do assistente social no estágio em campo?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, pois realizava atividades que não eram da categoria;  Sim, pois realizava atividades que não eram da categoria;
Sim, pois o supervisor de campo tinha práticas assistencialistas; Sim, pois o supervisor de campo tinha práticas assistencialistas;
Não, o supervisor era bem competente e só realizava atividades Não, o supervisor era bem competente e só realizava atividades
da categoria; da categoria;

OUTRO/ QUAL? _____________________________________________________________________________

129
38. Há/Houve dificuldade de perguntar ou questionar algo de seu supervisor de campo?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim  Não  Outro  Sim  Não  Outro

OUTRO/ QUAL DIFICULDADE? ____________________________________________________________

39. Como você definiria a qualidade de supervisão de campo?


ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Ineficaz  Eficaz  Outro  Ineficaz  Eficaz  Outro

39.1 Em caso negativo, justifique:


__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
40. Em sua opinião, há/houve falhas de comunicação entre você e o supervisor de campo?

ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, pois só havia orientação quando eu questionava algo;  Sim, pois só havia orientação quando eu questionava algo;
 Não, pois eu tirava todas as dúvidas;  Não, pois eu tirava todas as dúvidas;
 Sim, pois eu tinha medo de perguntar algo que eu não tinha  Sim, pois eu tinha medo de perguntar algo que eu não tinha
conhecimento; conhecimento;

 Não, porque o supervisor era muito comunicativo;  Não, porque o supervisor era muito comunicativo;
OUTRO/QUAL? ________________________________________________________________________

41. Ao realizar o estágio em campo, como você aprendeu a prática profissional? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Através de treinamento;  Através de treinamento;

 Observando outros estagiários;  Observando outros estagiários;

 Observando o assistente social;  Observando o assistente social;

OUTRO/QUAL? _______________________________________________________________________

DIFICULDADES DE ORDEM INTERNA: PESSOAL E INSTITUCIONAL

42. Na sua opinião a carga horária do estágio em campo afeta a rotina acadêmica? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, pois falta tempo para realizar leituras acadêmicas;  Sim, pois falta tempo para realizar leituras acadêmicas;
 Sim, pois falta tempo para fazer atividades acadêmicas;  Sim, pois falta tempo para fazer atividades acadêmicas;
 Sim, pois sempre atrasava por conta do horário de término do  Sim, pois sempre atrasava por conta do horário de término do
estágio; estágio;

Não, sempre foi muito tranquilo; Não, sempre foi muito tranquilo;
OUTRO/QUAL? _____________________________________________________________________________

130
43. A instituição concedente disponibiliza ao estagiário material de apoio ou documentação institucional sobre
temáticas específica referentes às atividades realizadas no estágio?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, folders e cartilhas;  Sim, folders e cartilhas;


 Sim, fluxograma e organograma institucional;  Sim, fluxograma e organograma institucional;
 Não, o aprendizado acontece através da comunicação com o  Não, o aprendizado acontece através da comunicação com o
supervisor; supervisor;

OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________

44. Em sua opinião, como você avalia a instituição concedente de modo geral?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Boa  Boa

 Desorganizada  Desorganizada

 Excelente  Excelente

 Regular  Regular

OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________

45. A instituição concedente disponibiliza/disponibilizou algum auxílio/recurso para o supervisionado?


ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, ofereceu alimentação no estágio obrigatório;  Sim, ofereceu alimentação no estágio obrigatório;
 Sim, ofereceu passagem para comparecimento no estágio  Sim, ofereceu passagem para comparecimento no estágio
obrigatório; obrigatório;

 Não, todos os recursos foram financiados pelo discente no  Não, todos os recursos foram financiados pelo discente no
estágio obrigatório; estágio obrigatório;

 Sim, aproveitei o estágio não curricular para realizar o  Sim, aproveitei o estágio não curricular para realizar o
obrigatório. obrigatório

OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________

DIFICULDADE NOS CUMPRIMENTOS DAS NORMAS DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

46. Quantas vezes na semana você cumpre/cumpriu o estágio obrigatório?


ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Uma vez  Uma vez

 Duas vezes  Duas vezes

 Três vezes  Três vezes

 Quatro vezes  Quatro vezes

 Cinco vezes  Cinco vezes

OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________

131
47. Qual a carga horária que você cumpre/cumpriu por semana?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 10 horas  10 horas

 12 horas  12 horas

 20horas  20horas

 24 horas  24 horas

 30 horas  30 horas

OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________

48. Você já ultrapassou às 150 horas obrigatórias em algum estágio curricular obrigatório? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, realizei horas extras para não perder a vaga de estágio;  Sim, realizei horas extras para não perder a vaga de estágio;
 Sim, pois realizava o estágio não curricular na mesma  Sim, pois realizava o estágio não curricular na mesma
instituição; instituição;

 Não, nunca fiz mais que 150h;  Não, nunca fiz mais que 150h;
OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________

49. Em algum momento do estágio supervisionado em campo outro estagiário ensinou a prática profissional para
você?

NÃO SE
ORIENTAÇÃO SIM NÂO NÃO LEMBRO
APLICA

Competências profissionais do assistente social.

Normas e procedimentos da instituição;

Apresentação das dependências da instituição;

Programas e projetos realizados pelo setor;

Uso do sistema para dar baixa nas produções;

Interação com representações e outras instituições;

Interação com outros profissionais da instituição;

Preenchimento dos instrumentais do assistente social;

50. Em sua percepção, em algum momento do estágio supervisionado você se sentiu limitado apenas à parte
técnica da profissão?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim  Não  Ás vezes  Sim  Não  Ás vezes

50.1 Em caso afirmativo, justifique:


___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
132
51. Em sua opinião, a visão da instituição concedente sobre o estágio supervisionado está enraizada dentro da
lógica “trabalho” e não como espaço de formação?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, pois o estagiário é visto como mão de obra barata;  Sim, pois o estagiário é visto como mão de obra barata;
 Não, a concedente respeitava a regulamentação do estágio;  Não, a concedente respeitava a regulamentação do estágio;
OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________

52. A instituição concedente solicitou algo que feria as normas e regulamentações do estágio?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim  Não  Sim  Não

52.1 Em caso afirmativo, o que?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

53. Em caso afirmativo na questão anterior, comunicou as irregularidades para os responsáveis?


ESTÁGIO I ESTÁGIO II

 Sim, comuniquei ao supervisor de ensino.  Sim, comuniquei ao supervisor de ensino.

 Sim, comuniquei ao supervisor de campo.  Sim, comuniquei ao supervisor de campo.

 Sim, comuniquei a coordenação de estágio.  Sim, comuniquei a coordenação de estágio.

 Não.  Não.

53.1. Caso tenha respondido negativamente, por que não comunicou?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

54. Existe alguma experiência ou relato de dificuldade vivenciada no estágio supervisionado, que não foi
abordado no questionário que você queira compartilhar?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

133
ANEXOS

134
ANEXO A – TERMO DE ANUÊNCIA

135
ANEXO B: TERMO DE ANUÊNCIA DO CSPA

136
ANEXO C: PARECER CONSUBSTANCIADO PELO CEP

137
138
139
140
141
142

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