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MANAUS
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
MANAUS
2018
Ficha Catalográfica
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) .
BANCA EXAMINADORA
A construção desta pesquisa foi compósita por vários percalços e só tornou-se possível com a
colaboração de pessoas que se dispuseram em energia e tempo para a sua materialização.
Meus sinceros agradecimentos aos discentes que estudaram no semestre 2018/01 e
compartilharam suas experiências no processo de formação, descrevendo suas fragilidades e
inseguranças no estágio supervisionado.
Meus sinceros agradecimentos ao meu parceiro de alma Andrey Thiago que possui um jeito
peculiar e característico de personalidade o qual precisa se expressar e se comunicar
constantemente, porém no processo da pesquisa colaborou fazendo silêncio, mesmo sendo
muito difícil para ele. Meu bem, eu amo você! Aguardando chegar a sua vez, para que eu
possa retribuir todas as suas gentilezas e apoio.
EPÍGRAFE
The present research carried out a study to identify the difficulties of insertion, permanence
and monitoring in the supervised stage of the social service course of UFAM that affect the
weakening of professional training. Thus, the opinions of the students who attended the
course supervised in the semesters 2017/02 and 2018/01 were raised. Regarding the
methodological procedures, the research is characterized as a descriptive and explanatory
research. The descriptive approach made it possible to describe the difficulties experienced by
the students and the conditioning factors that weaken the learning process at the stage and
which have repercussions on professional training. In the explanatory approach it was sought
to deepen the critical reflection in the analysis of the causes that generate the difficulties in
access and permanence. The technical procedures used in the collection of the data of the
research were quantitative-qualitative nature, based on three processes: bibliographic
research, documentary research and field research. The field research universe focused on the
students in the semester 2018/01, in which there were 49 students enrolled in the subject of
supervised internship. And an intentional and census sampling was used, aiming to guarantee
the representativeness of the different socio-occupational spaces and internship areas. In this
perspective 48 students were interviewed (98%), only one student did not participate because
she was the researcher of the study. Regarding the results of the study, it is expected that the
identification of the factors that hinder access, stay and follow-up of the trainees of the social
work course in the different institutions that are field internships in Manaus contribute to
subsidize the critical reflection of these difficulties, aiming at the elaboration of strategies for
the realization of the rights of these students to the experience of the professional practice
with supervision of the quality internship, as well as the incentive to the fulfillment of the
principles National Policy of Internship.
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................... 16
1.1 Abordagem conceitual sobre a profissão: surgimento, identidade, legitimação e diretrizes da formação
profissional segundo a ABEPSS ...................................................................................................................................... 21
1.2 O estágio supervisionado na formação do assistente social: conceito, principais instrumentos legais e
políticos ................................................................................................................................................................................ 31
1.3 Principais diretrizes da política de estágio do curso de Serviço Social da UFAM ........................................ 38
2.1 Caracterização do estágio curricular em Serviço Social nos semestres 2017/02 e 2018/01 na UFAM 45
2.3 Descrição das áreas que aglutinam os espaços sócio-ocupacionais campos de estágio................................ 49
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Em relação aos procedimentos metodológicos, de acordo com objetivos do estudo (ver
apêndice A), a pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa descritiva e explicativa. No que se
refere à sua natureza Descritiva, o estudo buscou descrever as visões dos discentes sobre as
dificuldades de inserção, permanência e acompanhamento no estágio supervisionado,
focalizando a relação com os sujeitos envolvidos na materialização do estágio supervisionado
na universidade e espaços sócio-ocupacionais. Enquanto à natureza Explicativa, o estudo
buscou aprofundar a análise da realidade do estágio supervisionado em suas singularidades,
identificando as causas e/ou fatores condicionantes das dificuldades no processo de ensino e
aprendizagem no desenvolvimento do estágio curricular. Nesta perspectiva, a presente
pesquisa analisou as causas das dificuldades na materialização do estágio e as repercussões
dessas dificuldades na formação profissional.
No que se refere aos procedimentos técnicos da coleta de dados da pesquisa, foi
desenvolvida uma abordagem quanti-qualitativa, pautada em três processos complementares:
pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica
esteve presente durante todo o processo da pesquisa, subsidiando a discussão e
fundamentação teórica sobre o Serviço Social, a formação profissional, e o estágio
supervisionado, que são as categorias teóricas centrais da pesquisa.
Na pesquisa documental se obteve dados primários e secundários, tendo sido realizada
para fazer um levantamento dos campos de inserção nos diversos espaços sócio ocupacionais,
visando identificar a quantidade desses espaços, bem como, identificar a quantidade de alunos
matriculados em estágio supervisionado e suas respectivas turmas. O universo da pesquisa
documental definiu-se em 31 espaços sócio ocupacionais, tendo 49 alunos matriculados na
disciplina estágio supervisionado, subdivididos em 06 turmas.
A pesquisa de campo foi realizada mediante a abordagem quanti-qualitativa. No
primeiro momento foi elaborado um roteiro de observação para compreender a visão dos
discentes frente às dificuldades vivenciadas. A coleta de dados foi materializada através da
aplicação de formulários de entrevista semiestruturado (ver apêndice C), com perguntas
fechadas (com respostas fixas) referentes ao processo do estágio e, também, com perguntas
abertas, para obtenção, de forma qualitativa, das visões dos discentes sobre as dificuldades
vivenciadas no estágio. A combinação entre perguntas fechadas e abertas, também contou
com a contribuição de questões de múltipla escolha, visando uma melhor quantificação de
dados.
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A aplicação dos formulários ocorreu por meio do contato direto e individual mediante
o Consentimento Livre e Esclarecido dos discentes entrevistados (ver apêndice B), para que
não houvesse riscos de perguntas ficarem em branco, bem como, esclarecer para os
entrevistados quais eram os objetivos da pesquisa, a sua importância e a contribuição
científica, visando também o esclarecimento de dúvidas caso o entrevistado ficasse
desconfortável ou confuso com o formulário. A pesquisa foi realizada nas dependências da
Universidade Federal do Amazonas (conforme termo de anuência/ver anexo A),
especificamente no pavilhão de Serviço Social, em local reservado com discentes que já
haviam concluído o estágio I, e estavam matriculados no estágio II, nos turnos vespertino e
noturno do semestre 2018 /01.
O universo da pesquisa de campo constituiu-se dos discentes que estavam realizando
o estágio supervisionado no semestre 2018/01 do curso de serviço social da UFAM, em que
foram levantados 49 alunos matriculados. A amostragem foi censitária e intencional, em que
se buscou ter representatividade dos diversos espaços sócio ocupacionais e áreas de estágio.
Nesta perspectiva foram entrevistados 48 alunos (98%), pois apenas um discente não
participou por ser a pesquisadora do estudo.
Cabe ressaltar que a pesquisa obedeceu todos os critérios éticos da confidencialidade
das informações prestadas pelo sujeito de pesquisa, e garantiu o sigilo total da identidade dos
entrevistados. Portanto, não será revelado nos resultados da pesquisa o nome dos sujeitos de
pesquisa e nem das instituições campos de estágio. Essa pesquisa foi aprovada no comitê de
ética em Pesquisa da UFAM com o registro de número do parecer consubstanciado do CEP
2.844.922(ver em anexo C).
No que se refere aos aspectos de organização da apresentação dos resultados desse
estudo, esta monografia foi estruturada em três capítulos:
O primeiro capítulo a aborda a Centralidade do Estágio na formação profissional do
Assistente Social, através de uma breve contextualização histórica dos marcos legais da
profissão e da formação profissional, discutindo a importância do estágio supervisionado na
formação profissional e seus desafios na contemporaneidade. Aborda também as principais
diretrizes para a materialização do estágio supervisionado de acordo com a política da UFAM.
O segundo capítulo apresenta os resultados e discussões das singularidades do Estágio
na UFAM nos semestres 2017/02 e 2018/01, através da descrição do perfil dos discentes
matriculados na disciplina estágio supervisionado, assim como das áreas sócio-ocupacionais
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em que estavam inseridos. Após essa descrição buscou-se analisar as dificuldades de inserção
e permanência.
O terceiro capítulo apresenta as dificuldades em relação ao acompanhamento dos
estagiários pelo Supervisor de Ensino e Campo e finaliza abordando as visões dos discentes
sobre as contribuições do estágio supervisionado na formação profissional.
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CAPÍTULO I
O surgimento da profissão Serviço Social para Netto (2006) está relacionado aos
impactos do avanço industrial no final da terceira década do século XIX, em que surge a
expressão questão social com a finalidade de nomear o “pauperismo”, fenômeno que é
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resultado dos impactos da revolução da industrial no período em que se consolidava a
instauração do sistema do capitalista. É neste cenário de mudanças que o objeto de
intervenção e investigação da profissão ganha notoriedade. O autor aponta que os impactos
causados pela revolução industrial para a classe trabalhadora desvelaram-se através na
crescente desigualdade e pobreza, emergindo entre as camadas sociais os conflitos e lutas de
classe entre a burguesia e o proletariado. Esses conflitos entre a classe trabalhadora e donos
do capital estavam primordialmente relacionados à manutenção do poder e riqueza.
Segundo Martinelli (2000), o objetivo central era manter as riquezas das classes
dominantes, assim, os donos do capital exploravam a força de trabalho da classe trabalhadora,
ocasionando a organização da mesma para luta de direitos através de protestos das diversas
formas, materializando assim uma ameaça real para a burguesia. É neste cenário que surge a
necessidade do Estado intervir nas relações de trabalho entre a classe operária e donos do
capital, para conter e minimizar os problemas sociais causados pela exploração da força de
trabalho e da acumulação desigual das riquezas. Assim, propiciando naquele momento uma
abertura para o surgimento do Serviço Social como profissão, pautada naquele primeiro
momento em atender os interesses das classes dominantes frente aos novos contornos que as
necessidades sociais assumiam. Mas a autora salienta que a real intenção do posicionamento
do Estado frente à questão social era coibir as manifestações dos trabalhadores, como afirma:
Martinelli (2000) explica que a identidade atribuída ao Serviço Social em suas origens
tem caráter contraditório, pois a profissão nasce articulada com o projeto de hegemonia
burguês, marcando a profissão como uma criação engendrada pelo sistema capitalista e
desenvolvida como estratégia de controle social para garantir a expansão e consolidação do
sistema capitalista. Afirma ainda que foi roubada do Serviço Social a possibilidade de
construir sua própria identidade e suas práticas sociais. Neste sentido, a identidade do Serviço
Social foi construída envolta de contradições que levaram a profissão a assumir características
e atribuições peculiares à particularidade do cenário histórico.
Desta forma, o curso da trajetória histórica da profissão nos permite observar que os
primeiros passos do Serviço Social frente à questão social estavam alicerçados em um viés
assistencialista e filantrópico, buscando controlar os conflitos e caos social. Por conseguinte,
após o avanço do capitalismo e dos novos contornos da questão social, a profissão vai assumir
novas faces e surge uma preocupação com a formação profissional. É nesta perspectiva que o
Serviço Social dá os primeiros passos para a busca da construção de sua própria identidade, e
décadas mais tarde busca romper com a identidade que lhe foi atribuída dentro do contexto
capitalista.
No Brasil, a formação profissional em Serviço Social acompanhou o processo de
construção da identidade profissional e da legitimidade da profissão, adequando-se ao
contexto histórico social, cultural, político e econômico do país. A profissão que nasce no seio
da instauração do sistema capitalista se apropria em sua trajetória histórica de diferentes
influências teórico-metodológicas. Segundo Portes e Portes (2017), o desenvolvimento da
formação profissional nas décadas de 1930, recebe a influencia do humanismo cristão e o
neotomismo, através dos modelos de formação franco e belga. A formação nesse período tem
como base a influência do Serviço Social Europeu e a influência da Igreja Católica através da
doutrina cristã.
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Segundo Aguiar (1995), a formação profissional estava fundamentada na ideia de que
para ter “vocação social”, era necessário ter “formação social”. A vocação social exigia não
apenas profissionais católicos, mas profissionais competentes e cientes da doutrina social da
igreja. Desta forma, a preparação na formação profissional em suas bases de estudo deveria
conter: formação científica, formação técnica, formação prática e formação pessoal. Aguiar
(1995) faz um breve esboço sobre as linhas de estudo, discorrendo o significado da mesma:
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teóricas, instrumentais, políticas e -ideológicas da categoria. O movimento expressava uma
forte crítica ao Serviço Social tradicional, questionando suas raízes e o papel da profissão
frente à questão social. Nesta perspectiva, o movimento de reconceituação dá retomada a
procura de novas bases para o Serviço Social, visando à construção de uma profissão com
uma perspectiva crítica e atenta à totalidade da realidade brasileira.
Neste mesmo contexto, segundo Duarte (2009), ocorreu a incorporação do curso
Serviço Social à Universidade Federal do Amazonas em 1968, após 27 anos de sua fundação:
Para Portes e Portes (2017) é partir da década de 1970 que a formação vai se
adequando às exigências sociopolíticas emergentes após a ditadura militar. No final da
década, a categoria de profissionais passa a questionar quais os objetivos da profissão, quais
os conteúdos a serem abordados na formação, qual a estrutura curricular e sua concepção. As
autoras salientam que é neste cenário que a formação passa a visualizar novas perspectivas,
levando em consideração o aprimoramento metodológico do ensino e reformulando as grades
curriculares das escolas. Segundo o PCC (2009) no Amazonas o curso de Serviço Social da
Universidade Federal do Amazonas terá sua primeira reformulação, como afirma:
Para Netto (2010) o período entre as décadas de 1960 a 1970 gerou um processo
crescente de reflexão crítica e política no âmbito da categoria dos assistentes sociais. Tal
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posicionamento gerou novas propostas teórico-metodológicas que rompiam com a prática do
assistencialismo. Esse novo posicionamento tinha como princípio um comprometimento
político com a classe trabalhadora e com as lutas populares na sociedade, na defesa dos
valores de democracia, liberdade e direitos. É nesta perspectiva crítica que a profissão adota
em sua base científica uma fundamentação teórica: o materialismo histórico dialético. Era
necessário então estudar a questão social vivida pelo homem através de sua relação com a
sociedade com base em sua historicidade. A influência desse método possibilitou a construção
de um novo perfil profissional desvinculado do Serviço Social tradicional, o que exigia uma
ruptura com o viés conservador da profissão.
Nesta perspectiva a profissão vai ter como fundamentação o pensamento marxiano e
essa nova base vai mudar os eixos e estruturas da atuação e formação profissional do
assistente social. Respaldado por essa vertente ideológica, o Serviço Social se encaminha para
a década de 1980 com um novo posicionamento teórico-metodológico e político-ideológico.
Salienta-se que o Brasil teve uma realidade peculiar dos demais países, a profissão vai se
adaptar de acordo com a realidade do solo brasileiro à corrente marxista, que se ampara no
materialismo dialético, propiciando a interpretação e análise das contradições na sociedade.
Iamamotto (2005) complementa quando menciona a importância da década de 1980 nos
rumos técnicos e acadêmicos da profissão, pois propiciaram a construção de vários elementos
que na contemporaneidade direcionam o perfil profissional do assistente social. Conforme me
menciona:
É importante destacar que a consciência coletiva mencionada por Netto (2010) vai
ganhar mais força nas décadas de 1980 a 1990, quando a categoria de assistentes sociais
começa a discutir nos congressos a atuação e respostas da profissão frente à realidade
brasileira em seus desafios conjunturais. Segundo Cardoso (2013) a renovação do Serviço
Social possibilitou a inserção do pluralismo na profissão, no que se refere às diferentes formas
de enfrentar, interpretar e intervir na questão social, como menciona:
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A renovação do Serviço Social é, portanto, fruto de um processo histórico que
possibilita o pluralismo no seio do Serviço Social, ao encontrarmos a diversidade no
que diz respeito às maneiras de enfrentar a realidade social, de compreender a
questão social e o próprio Serviço Social. Diversidade teórico-metodológica, ético-
política e técnico-operativa na profissão: do modo de pensar, fazer e escolher
(CARDOSO, 2013, p. 135).
Segundo ABEPSS (1996), o documento foi elaborado entre 1994 e 1996 como
resultado de várias oficinas e encontros, que discutiam a necessidade de uma proposta que
estabelecesse diretrizes gerais para o Curso de Serviço Social. No ano de 1995 a proposta
apenas continha pressupostos, diretrizes, metas e núcleos de fundamentação. É no ano de
1996 que a proposta salienta que o aporte teórico-metodológico, ético-político e técnico-
operativo da intervenção profissional do assistente social são dimensões fundamentais nesta
nova lógica curricular. Nos dia 07 e 08 a proposta é aprovada resultando nas “Diretrizes
Curriculares de 1996” que direcionam a formação profissional no Brasil. A aprovação é um
marco para profissão, pois representa uma ruptura e crítica com a concepção conservadora e
fomenta uma formação profissional comprometida com o projeto ético político. Quanto ao
direcionamento na formação profissional a ABEPSS (1999) elenca que:
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respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, considerando as
novas articulações entre o público e o privado (ABEPSS,1999, p.01).
DIMENSÃO TÉCNICO-
“Razão de ser da profissão desenvolve a capacidade de dar respostas instrumentais às
OPERATIVA diferentes e divergentes requisições sócio-profissionais e políticas que se
institucionalizam” (GUERRA, 2016, p. 102).
“Trata-se de uma dimensão central, posto que abarca desde a perspectiva do homem e
DIMENSÃO ÉTICO-
mundo do profissional até o método através do qual ele apreende a realidade e as
POLÍTICA estratégias a serem selecionadas, segundo determinados objetivos, prioridades, modo de
fazer, dentro outros. Por ela passam as escolhas teóricas , valorativas, técnicas e
políticas” (GUERRA, 2016, p. 102).
Fonte: (GUERRA, 2016. – A supervisão de Estágio em Serviço Social: Aprendizados, Processos e Desafios).
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Vygotsky (1989), o processo de aprender assume um papel fundamental para o
desenvolvimento do intelecto e do saber. Esse respectivo processo vai envolver trocas de
saberes das partes envolvidas, pois aprendizagem inclui aquele que ensina e aquele que
aprende. Na mesma perspectiva, Freire (1996) complementa que neste processo de
aprendizado não há docência sem discência, não há aprendizado sem pesquisa, sem
criticidade, sem ética, sem reflexão crítica sobre prática. Salienta que “ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”
(FREIRE, 1996 p.12). Desta forma, compreende-se que o estágio supervisionado é uma das
estratégias que tem como centralidade possibilitar a construção do conhecimento de uma
profissão na sua prática.
Não obstante das ideias demonstradas por Vygotsky (1989) e Freire (1996), o Estágio
Supervisionado em Serviço Social tem um papel fundamental na formação do assistente
social. Segundo Guerra (2016), o estágio assume centralidade na formação profissional, pois a
sua materialização aproxima o discente da relação teoria-prática em um espaço permeado por
contradições que possibilitam não só construção de um perfil profissional, mas instiga o
discente a olhar pelas entrelinhas do imediato. Lewgoy (2016) complementa que o estágio
supervisionado é uma atividade complementar na formação profissional, pois tem como
objetivo o aprendizado das competências e atribuições privativas do assistente social. E
quando o discente é inserido em um espaço para aprender, ele tem a possibilidade de obter o
conhecimento da realidade, contradições, correlações de forças. Propiciando uma
aproximação do discente das possíveis respostas profissionais referentes aos problemas que
aparecem no cotidiano da profissão.
Segundo a ABEPSS (2010) o estágio supervisionado no curso de Serviço Social é uma
atividade curricular obrigatória onde o discente é inserido em espaço sócio institucional para
ser capacitado quanto ao processo do trabalho do assistente social. Enfatiza a importância do
acompanhamento da supervisão de ensino e campo neste processo, para que o discente
desenvolva a reflexão entre teoria e prática, propiciando a compreensão do objeto de
trabalho do assistente social (as expressões da questão social). Para Pinto (1997) o processo
de ensino aprendizagem no estágio supervisionado desenvolve a criticidade e reflexão do
discente, possibilitando o entendimento das dimensões teórico-metodológica, ético-política e
técnico-operativa do exercício profissional. A mesma define que o estágio curricular no curso
de Serviço Social é:
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[...] o momento em que se oportuniza ao aluno aprender, identificar-se e
apropriar-se de sua futura profissão. Mediante a experiência do estágio, é possível
que o aluno estabeleça relações mediatas entre os conhecimentos teóricos, que já
tem e os que estão em processo de construção, e a realidade da prática profissional, a
partir das quais pode desenvolver sua capacidade técnico-operativa e as habilidades
desejáveis ao exercício profissional (PINTO, 1997, p.3, grifo nosso).
Nesta perspectiva, o primeiro instrumento legal político a ser abordado será aquele que
realizou a legitimação do Estágio no Ensino Superior Brasileiro. O Governo Federal em 25 de
setembro de 2008 promulgou a lei nº 11.788 que regulamenta todos os estágios no ensino
superior. Estabelece o estágio como atividade didática pedagógica fundamental na formação
profissional, visando o aprendizado das competências profissionais. A lei esclarece as
obrigações dos órgãos envolvidos no estágio, seja em esfera privada ou pública, define os
tipos de estágio em curricular e não curricular e contextualiza os procedimentos para o
cumprimento e registro legais. Para complementar a lei nº 11.788 que regulamenta o estágio,
o CFESS em conjunto com a ABEPSS regulamenta o Estágio Supervisionado em Serviço
Social em 29 de setembro de 2008 pela resolução nº 533, que organiza a supervisão direta de
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estágio e compreende a necessidade de normatização, fiscalização, garantia a qualidade no
processo de ensino aprendizado. Considerando:
Desta forma, a resolução reafirma o pensamento de Pinto (1997) quando salienta que o
estágio é o momento de aprender uma profissão e identificar-se com seus instrumentos nos
desafios cotidianos.
Porém, para Ramos e Abreu (2016) a lei nº 11.788/2008 não atendia ao real
significado do estágio supervisionado em Serviço Social como centralidade na formação
profissional, tendo em vista que o estágio supervisionado era visto como mercadoria. Nesta
perspectiva, os desafios que permeavam a materialização do estágio de forma qualificada
ganharam destaque nos debates e congressos realizados pelas entidades CFESS, ABEPSS e
ENESSO, que se posicionavam contra a precarização do ensino. Esses debates e congressos
culminaram na criação da PNE que foi aprovada em 2010, organizada pela ABEPPS.
A PNE (2010) é um norteador para a materialização dos princípios e objetivos do
estágio supervisionado na formação profissional. Define o estágio como espaço privilegiado
de aprendizado que deve impulsionar a compreensão da realidade nos campos de estágio,
compreensão das contradições presentes na profissão, compressão das atribuições do
assistente social e operacionalização das ações interventivas e investigativas. Orienta acerca
dos objetivos do estágio, elenca os princípios norteadores para sua realização, define sua
concepção, destaca parâmetros das atribuições e competências dos participantes envolvidos.
Além de alertar sobre os desafios na contemporaneidade e sua importância na formação
profissional. Para Lewgoy (2016) um dos desafios da PNE é:
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Segundo Boschetti (2016), as tendências mercantis tem provocado uma intensificação
no trabalho do assistente social, no que se refere a tempo e demanda. A autora aponta que as
mudanças ocasionadas pelo mercado vêm causando uma alteração estrutural, gerando um
sistema de trabalho padronizado, competitivo e multifuncional. Faz uma reflexão quanto à
extensa e intensa jornada de trabalho do assistente social no ensino, ressaltando que a pressão
por produtivismo fragiliza a qualidade do ensino. Esta não é uma realidade recente, vale
ressaltar o posicionamento de Iamamoto (2009) quando afirma que “a massificação e a perda
de qualidade da formação universitária estimulam o reforço de mecanismos ideológicos que
facilitam a submissão dos profissionais às ‘normas do mercado’, redundando em um processo
de despolitização da categoria” (IAMAMOTO, 2009, p.37).
Esses mecanismos ideológicos são exemplificados através das medidas neoliberais de
mercantilização do ensino. Mas qual a relação da mercantilização do ensino com o estágio e
trabalho do assistente social?. Pereira (2016) explica que o processo de expansão e
empresariamento do ensino superior deve ser compreendido à luz do processo de
produção/reprodução do capital, pois houve uma flexibilização e rebaixamento nas exigências
educacionais que geraram um novo perfil de profissional como menciona Boschetti. Nesta
perspectiva, houve um impacto na formação profissional em serviço social, ou seja, a
precarização do ensino trouxe sérias implicações no espaço profissional da categoria, como
explica Pereira: “Tais profissionais poderão exercer a supervisão de campo ou até mesmo a
docência, retroalimentando as fragilidades no processo formativo de outros profissionais.
Portanto, parece um circulo vicioso, que não se esgota, mas alimenta a precariedade” (2016
p.46).
Na contemporaneidade há uma exigência de um novo perfil profissional que seja
flexível a essas medidas. Essa exigência afeta fortemente o exercício profissional do assistente
social, tanto na academia como nos campos de estágios onde estão inseridos os discentes em
aprendizado, desta forma a problemática citada tornou-se um dos desafios impostos na
formação profissional. De acordo com análise de Boschetti (2016), a crise na
contemporaneidade afeta fortemente a educação, pois a mesma está ligada ao processo de
ensino e estágio. Aponta que o curso de Serviço Social através da contrarreforma do ensino
sofreu mudanças e uma expansão que reestruturou as bases metodológicas. Essa expansão
afeta fortemente o processo de formação, pois estão gerando novos profissionais sem bases
adequadas para se ter um posicionamento crítico político e social nos campos de inserção dos
estagiários.
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Nesta perspectiva, o processo de supervisão sofre com essas mudanças, pois abre
possibilidades para a retroalimentação do perfil do profissional na lógica do institucional. Para
que não haja uma precarização do trabalho profissional que está diretamente ligado à
qualidade da formação de novos assistentes sociais, torna-se necessário uma organização
coletiva e um sério compromisso com as bases norteadoras da profissão. Segundo Guerra
(2016), o estágio supervisionado é um dos agentes que contribuem para a compreensão entre
o trabalho e a formação profissional, mas salienta que o espaço e condições de trabalho são
determinantes para que ocorra essa materialização. As condições de trabalho de certa forma
influenciam no aprendizado e possibilitam à construção de um perfil crítico atento as
contradições presentes no processo de aprendizado da prática profissional.
Quanto aos desafios no processo de supervisão nos campos de inserção e também na
universidade, Ortiz (2014) aponta que uma das principais características no debate atual de
estágio supervisionado é a necessidade de se “orientar professores, assistentes sociais
supervisores e discentes quanto ao desenvolvimento do estágio em Serviço Social.” (Idem,
2014, p.205). Embora a categoria apresente avanços com as regulamentações da política de
estágio, ainda existe uma precarização nas condições e relações de trabalho que influenciam a
concepção e compreensão do estágio supervisionado como espaço de formação. Ortiz (2016)
aponta que a supervisão no estágio supervisionado pode ser confundida com ato de delegar
tarefas. O autor destaca que alguns supervisores delegam tarefas estratégicas para os
discentes e que desqualificam o amadurecimento teórico, técnico e interventivo da profissão.
A problemática está relacionada às novas configurações de trabalho que são solicitadas pelas
instituições e que confundem o processo de formação do estágio com o processo de trabalho,
conforme explica Santana (2008):
O DPA que antes só administrava o estágio não obrigatório passou também a cuidar
do estágio obrigatório em função das prerrogativas exigidas por essa legislação. A
Universidade passou a se organizar no sentido de assegurar o acompanhamento
sistemático por parte de um professor supervisor e por um profissional de campo da
área de formação do estagiário. No caso do Serviço Social, esses profissionais
devem estar devidamente inscritos no CRESS (DUTRA, 2014, p.82).
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A Resolução nº 067/2011 (2001) também organiza os espaços que serão inseridos os
discentes aptos a realizar o estágio supervisionado. Determina que os campos de estágio
devem estar conveniados com a UFAM. O convênio é materializado através de um termo
jurídico legal entre ambas as parte que asseguram a supervisão, avaliação e os direitos e
deveres dos discentes no estágio em campo. A resolução determina os critérios da Supervisão
no processo de estágio, conforme menciona os artigos:
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II - Estrutura do Estágio: O estágio está inserido no conjunto de disciplinas do
curso que fundamentam essencialmente o núcleo de ensino-aprendizagem, devendo
ser veículo para subsidiar a elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso e a
reflexão sobre a produção de novas alternativas de ação profissional. Será efetivado
através dos núcleos de ensino-aprendizagem visando a inserção do discente na
realidade, estabelecendo correlação entre as referências teóricas, as propostas
metodológicas e as conjunturas da sociedade. Constituir-se-á num exercício
contínuo e coletivo assumido de forma compartilhada pelo professor, supervisor e
aluno, através do exercício do processo de trabalho do Serviço Social, em todas suas
possibilidades e limites. A supervisão de estágio é compreendida como um processo
de ensino-aprendizagem, através de uma relação entre supervisores/supervisionados,
abrangendo o planejamento, desenvolvimento e avaliação com total entrosamento
das partes envolvidas (RESOLUÇÃO N˚ 33A/2009-CEG/CONSEPE, p.19).
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diretrizes gerais da disciplina Estágio Supervisionado em Serviço Social na UFAM, a
Resolução nº 33A/2009 aponta que:
Ter um plano, programa e/ou projeto de Serviço Social de onde partam as diretrizes
das atividades do estagiário, garantindo a relação ensino-aprendizagem buscada pelo
Projeto de Formação Profissional; Conceber o estagiário como aprendiz da prática
profissional e priorizar ações de supervisão em cujo processo seja contemplada a
relação triádica estagiário – supervisor de ensino – supervisor de campo; Possibilitar
ao estagiário o conhecimento e emprego do instrumental técnico-operativo referente
aos projetos em que esteja inserido, criando-lhe condições para análise e crítica ao
seu conteúdo, bem como a estruturação de instrumentos, quando necessário;
Propiciar condições adequadas ao desempenho do estágio no cumprimento de suas
atribuições; Garantir ao supervisor de campo o tempo solicitado pelo Curso de
Serviço Social para a atividade de supervisão, nos encontros programados com o
supervisor de ensino e com o estagiário; (RESOLUÇÃO N˚ 33A/2009-
CEG/CONSEPE, p.21)
42
533/2008 – Supervisão Direta de Estágio e a Política Nacional de Estágio (PNE) que norteiam
a supervisão em Serviço Social. A Resolução nº 33A/2009 de acordo com o que propõe a
Resolução do CFESS nº 533/2008, aponta os objetivos do estágio, os papéis e função dos
envolvidos. Quanto ao papel do Departamento de Serviço social define:
43
Quanto às atribuições do discente, o quadro a seguir apresenta algumas competências.
No primeiro item ressalta-se a importância de cumprir as normas de estágio do Curso de
Serviço Social previstas no plano pedagógico.
Quadro 5: Atribuições do estagiário no Estágio Supervisionado I, II e III do Curso de Serviço Social da UFAM
44
CAPÍTULO II
Segundo dados do DSS (2018), o semestre 2018/01 conteve quarenta e nove discentes
matriculados na disciplina de Estágio Supervisionado em Serviço Social II, sendo 37% (18)
do turno vespertino e 63% (31) do turno noturno. Conforme a grade curricular ativa do curso,
essa é a única disciplina no semestre envolvendo o tripé de estágio no processo de formação
profissional. A carga horária da disciplina é composta por 180 horas, subdivididas em 30
horas de aulas teóricas e 150 horas de aprendizado prático. O gráfico a seguir apresenta o
quantitativo de alunos matriculados por turno e área sócio-ocupacional.
VESPERTINO NOTURNO
16
9 11
5 4
43% 41% 1 10% 2 4% 1 2%
Evidencia-se que as áreas de maior destaque são a saúde e o campo sóciojurídico com
maior número de inserções. O formulário de entrevista aplicado foi respondido
voluntariamente, tendo como enfoque obter dados das experiências vivenciadas pelos
45
discentes, quando realizaram o Estágio Supervisionado I e II 1. Desta forma, cabe apresentar
neste estudo às áreas de inserção nos semestres 2017/02 e 2018/01, conforme apresenta a
tabela a seguir.
Dos quarenta e oito (48) discentes entrevistados, 14,58 % (7) realizaram trocas de
áreas ocupacionais, ainda assim, as áreas saúde e sociojurídica permaneceram com
quantitativo igual.
1
A pesquisa abrangeu especificamente 94% (17) dos discentes matriculados no turno vespertino, apenas a
pesquisadora que estava inserida na área da saúde, não respondeu o formulário de entrevista. No que se refere ao
turno noturno 100 % (31) dos discentes matriculados em Estágio Supervisionado II, foram entrevistados. Nesta
perspectiva que a representatividade desta pesquisa equivale a 98 % (48).
46
2.2 Perfil dos discentes inseridos no estágio curricular obrigatório
Entre os discentes entrevistados, 96% (46) são do sexo feminino e apenas 4% (02) do
sexo masculino. Segundo Cisne (2004) a marca de “feminização” da profissão está articulada
a gênese da profissão. Esse perfil permanece presente na contemporaneidade e pode ser
refletido com base nos dados fornecidos pelo CFESS (2018) quando aponta que a 15ª região
possui 9.873 assistentes sociais inscritos com registros ativos e cancelados. Especificamente
no Amazonas, com registros ativos há 6.067 assistentes sociais, sendo 96,48% (5.853) do
sexo feminino e apenas 3,52% (214) do sexo masculino.
Gráfico 2: Sexo dos discentes matriculados em Estágio Supervisionado no semestre2018/01 por área sócio-
ocupacional
FEMININO MASCULINO
19 20
5
1 2 1
40% 2% 42% 10% 4% 2%
47
Gráfico 3: Identidade de gênero dos discentes matriculados em Estágio Supervisionado no semestre 2018/01
por área sócio-ocupacional
19 19
1 1 5 2 1
Tabela 2: Faixa etária dos discentes matriculados em estágio supervisionado no semestre 2018/01
TOTAL DE PORCENTAGEM
IDADE SAÚDE SÓCIOJURÍDICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO EMPRESA
MATRICULADOS GERAL
18 a 22 anos 09 16 02 - - 27 56%
23 a 27 anos 03 03 01 - - 07 15%
28 a 32 anos 02 - - - 01 03 6%
33 a 37 anos 01 01 - - - 02 4%
38 a 42 anos 01 - 01 - - 02 4%
43 a 48 anos 03 - 01 - - 04 8%
Acima de 49
01 - - 02 - 03 6%
anos
No tocante à questão da faixa etária dos discentes entrevistados, mais da metade dos
discentes encontra-se na faixa de 18 a 22 anos de idade, um perfil jovem. A análise por área
demonstra que os discentes que estão no perfil de 18 a 22 anos estão inseridos nos espaços
saúde, sociojurídico e assistência social. Observou-se também a representatividade da área
saúde nas diferentes faixas etárias. Uma curiosidade interessante é que as discentes acima de
49 anos estão em sua segunda graduação, essas discentes entrevistadas aproveitaram o espaço
de trabalho para realizar o estágio supervisionado.
2
Significados: Cisgênero: Indivíduo que se apresenta ao mundo e se identifica com o seu gênero biológico. Não-
binário: Individuo cuja identidade ou expressão de gênero não se limita às categorias "masculino" ou "feminino”.
Transgênero: Individuo que têm uma identidade de gênero, ou expressão de gênero diferente de seu sexo
atribuído.
48
2.3 Descrição das áreas que aglutinam os espaços sócio-ocupacionais campos de estágio
Proteção Social
Abrigo Moacir Alves
Especial de Alta
Complexidade
Instituto Amazônia
Proteção Básica
Centro de Convivência do Idoso da Aparecida
CLASSIFICAÇÃO (02) ESPAÇOS DE INSERÇÃO NA EDUCAÇÃO
Gestão e Planejamento
Divisão Distrital da Zona Oeste - DDZO
Educação Especial
Complexo Municipal de Educação Especial André Vidal de Araújo
CLASSIFICAÇÃO (01) ESPAÇOS DE INSERÇÃO EM ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL
Organização e Gestão
Yamaha Motor da Amazônia LTDA
Fonte: Pesquisa Documental no Departamento de Serviço Social – Espaços Institucionais de Inserção no
semestre 2018/01.
49
Nesta perspectiva, é importante fazer uma breve descrição das áreas dos espaços
sócio-ocupacionais que são os campos de estágio. Em relação aos espaços sócio-ocupacionais
na área da saúde, o DSS possui 43% (13) dos campos de inserção no semestre 2018/01. Os
espaços estão divididos em subáreas de atenção básica, média e alta complexidade. Segundo o
CNS (1999) o aparato da atuação do Assistente Social na área da saúde está na Resolução Nº
218/1997 onde reconhece a categoria como profissionais de saúde e considera as ações a
serem desenvolvidas nos programas de saúde na atenção básica, na média e alta
complexidade. Para complementar a resolução do CFESS nº 383/1999, caracteriza o
assistente social como profissional da saúde, porém salienta que o Serviço Social não é
exclusivo da saúde, mas qualificado a atuar nas diversas dimensões das expressões da questão
social no âmbito das políticas sociais, inclusive no que se refere a ações educativas no acesso
e promoção da saúde.
Em relação aos espaços sócio-ocupacionais na área sociojurídica, o DSS possui 39%
(12) dos campos de inserção no semestre 2018/01. Pinto (2016) aponta que houve um grande
crescimento do espaço na última década, especifica que o crescimento está atrelado com
criminalização da pobreza e judicialização das contendas sociais. Observa-se a materialização
dos pontos citados pela autora, na classificação dos segmentos dos espaços de inserção dos
discentes na área sociojurídica. É importante destacar que não há uma resolução especifica
caracterizando a atuação do assistente social na área sociojurídica, os instrumentos
norteadores da atuação estão desdobrados nos subsídios para reflexão elaborados pelo CFESS
em 2014, além da lei de regulamentação da profissão e código de ética.
Em relação aos espaços sócio-ocupacionais na área da assistência social, o DSS
possui 10% (03) dos campos de inserção no semestre 2018/01. Segundo o CFESS (2011) a
atuação do assistente social nestes espaços é caracterizada através da política de assistência
social prevista na Constituição Federal de 1988 e pela Lei Orgânica de Assistência Social.
Elenca que em 2004 é aprovada a Política Nacional de Assistência Social que organiza e
estabelece diretrizes através de uma gestão compartilhada para a implementação do SUAS,
que possui um conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios na assistência social. É
importante salientar que a assistência social é diferente de assistencialismo e que o quadro
traz referências de espaços do terceiro setor que oferecem serviços enquadrados no SUAS.
Em relação aos espaços sócio-ocupacionais na área da educação, o DSS possui 6%
(02) dos campos de inserção no semestre 2018/01. Desde 2001 o CFESS vem trazendo
questionamentos e reflexões sobre a importância do Serviço Social na Educação. Segundo o
50
CFESS (2011) apesar da área não ser um espaço novo, ainda há muitos questionamentos
sobre qual seria o papel do assistente social nesse lócus, por conta da pouca contribuição de
material teórico elaborado. Com intuito de organizar e orientar esses profissionais o conselho
elaborou com outras categorias o Projeto de Lei 3688/2000, que ainda está em tramitação. Em
2001 elaborou uma cartilha que salienta a importância do assistente social na política de
educação no que se refere às pesquisas do acesso, permanência e inclusão dos alunos. Aponta
também que um dos principais objetivos seria materializar a garantia dos direitos e proteção
social que irá envolver uma articulação com outras políticas como saúde, assistência social,
habitação, cultura e esporte e lazer e outras.
Em relação aos espaços sócio-ocupacionais na área da organização empresarial, o
DSS possui 3% (01) dos campos de inserção no semestre 2018/01. Lima e Cosac (2005)
descrevem que a atuação do assistente social neste espaço está relacionada ao assessoramento
de questões de cunho administrativo e questões que afetam o cotidiano dos trabalhadores.
Apontam que as atividades mais realizadas são administração de benefícios sociais,
planejamento estratégico para resultados positivos, coordenação de projetos sociais e outras
atividades que envolvem recrutamento de pessoas, organização salarial e gestão de recursos.
Quanto à estruturação do estágio no âmbito da UFAM, a subdivisão das turmas
referente à disciplina estágio supervisionado II no semestre 2018/01 estava organizada
conforme descrimina o gráfico a seguir.
Gráfico 4: Subdivisão das turmas de Estágio Supervisionado do Curso de Serviço Social no semestre 2018/01
11 12
7 8
5 5
14% 10% 10% 22% 24% 16%
Fonte: Pesquisa Documental no Departamento de Serviço Social - Folha de Frequência das turmas de Estágio
Supervisionado no semestre 2018/01.
51
48% (23) do segmento IH26, o inverso do que se apresenta no gráfico. Neste contexto, 21%
(10) dos discentes afirmaram que fizeram a troca de turno. O maior quantitativo de trocas
veio dos alunos inseridos na área sociojurídica, conforme descrimina o gráfico a seguir.
Gráfico 5: Discentes que realizaram trocas de turno na disciplina de estágio supervisionado no semestre
2018/01
13%
6%
2% 10 38
É importante destacar que os discentes inseridos nas áreas da educação (2) e empresa
(1) conciliaram o horário de estágio com o horário de trabalho. Quanto aos motivos de troca
de horário, o quadro abaixo descrimina que as trocas ocorreram para conciliação de horário
com outras atividades e acompanhamento metodológico de ensino do docente.
“Curso no noturno devido à troca de orientadora, pois ela foi trocada pro noturno” (Entrevistado n°9/
sóciojurídico).
Acompanhamento da
metodologia do docente “Um dos motivos que me fez trocar foi porque grande parte das minhas colegas do mesmo setor que eu, estão a
noite, a gente queria articular o projeto, cada uma trabalhando numa variável do mesmo problema e seria mais
(03 sujeitos) fácil trabalhar em conjunto do que trabalhar com uma professora que não conhecesse tanto da área”
(Entrevistado n°19/ sóciojurídico).
“O meu foi por causa da professora, ela foi para a noite e eu a acompanhei” (Entrevistado n°44/ saúde).
“Porque eu precisei conciliar meus dois estágios, porque onde eu estagio, não aceita o estágio supervisionado,
eles não tem convênio, então se eu não trocasse de turno eu não iria conseguir passar na disciplina” (Entrevistado
n°01/ saúde).
Conciliação de Horário “Porque eu fico com o dia livre para fazer as coisas, estudar à tarde é bem mais corrido, porque tu fica o tempo
com outras atividades limitado” (Entrevistado n° 02/ assistência).
“Porque deu divergências nos horários, eu coloquei pesquisa na sexta-feira e coloquei estágio para a tarde
(07 sujeitos) também, só que aí não estava batendo as disciplinas, aí eu tive que ir para a noite” (Entrevistado n° 6/
sóciojurídico).
“Devido ao horário do meu estágio, faço algumas disciplinas no turno vespertino e estágio (disciplina) no
noturno, desde o quarto período que faço algumas disciplinas à tarde” (Entrevistado n° 8/ sóciojurídico).
52
“Na verdade desde o início da graduação eu me matriculo à noite, porque de dia a gente pode fazer várias outras
coisas, estou até fazendo outra faculdade agora” (Entrevistado n°27/ sóciojurídico).
“Na época que eu fiz, que foi os primeiros períodos, eu precisava trabalhar o dia todo e aí por conta disso, eu
joguei as disciplinas desde o segundo período para noite, aí eu me acostumei com a didática e acabei ficando,
mesmo estagiando só pela parte da manhã e preferi ficar com a turma da noite” (Entrevistado n° 32/
sóciojurídico).
3
O projeto de Intervenção começa a ser elaborado no final do Estágio I. A implantação e execução são
desenvolvidas no Estágio II.
53
Nesta perspectiva, pressupõe-se que os discentes que não conseguiram vagas, não
estavam dentro dos critérios. O segundo aspecto é relacionado à manutenção de duas
atividades, como trabalho e estágio, ou ainda, estágio não obrigatório com o estágio
obrigatório. Oliveira (2004) faz uma crítica a este processo e salienta que o estágio tem sido
caracterizado como emprego, pois muitos discentes o têm como fonte de renda e manutenção
de despesas acadêmicas, em face de situação socioeconômica. Apesar da distância de
quatorze anos após sua crítica, podemos fazer uma reflexão no contexto atual e observar que
essa caracterização tem se acentuado historicamente e tem gerado consequências na formação
profissional no que se refere à compreensão do papel do estágio como espaço de formação.
Outro aspecto mencionado no quadro é a dificuldade de conciliar o estágio não
obrigatório com obrigatório. Observou-se no decorrer das entrevistas que algumas instituições
às quais os discentes realizavam o “estágio não obrigatório” não possuíam interesse em
vincular com a UFAM, situação que decorre, pois na contemporaneidade há uma resistência
no que se refere ao acompanhamento dos estagiários no estágio curricular obrigatório. De
acordo com as falas dos discentes, algumas instituições oferecem critérios de trocas e/ou
quando aceitam vincular, o assistente social não possuí interesse em supervisionar. É
importante destacar que embora a lei de regulamentação da profissão determine como uma
atribuição privativa a supervisão direta, ainda há uma resistência por parte de alguns
profissionais. Nesta perspectiva, a tabela 3 apresenta o percentual de discentes que
conseguiram aproveitar o estágio não obrigatório.
Tabela 3: Discentes que aproveitaram o estágio não-obrigatório para realizar o estágio obrigatório
Dos quarenta e oito entrevistados que estavam inseridos nos espaços sócio
ocupacionais, apenas 50% dos discentes conseguiram realizar o aproveitamento do estágio
não curricular para realizar o obrigatório. Ressalta-se que alguns discentes até realizavam o
54
estágio não obrigatório, porém as instituições concedentes não possuíam vínculo com a
universidade ou não tinham o interesse de complementar com o estágio supervisionado
obrigatório. Observa-se que os espaços de inserção na área sociojurídica tem o maior
quantitativo de discentes bolsistas. Outro aspecto relevante é o crescimento de 10% no
semestre 2018/01.
Gráfico 6: Dificuldades de inserção nos campos que ofereciam Estágio Supervisionado no semestre 2017/02
OUTRO 29 60%
55
Nesse sentido, a disputa por vagas se acentua ainda mais com crescimento desenfreado do
EAD, problemática que não é recente e vem sendo discutida desde 2001, pelo CFESS.
No que se refere à preferência por discentes do turno noturno, é importante considerar
que turno vespertino conteve dezessete (17) discentes matriculados, ou seja, 76% (13) dos
discentes sentiram dificuldade por conta do horário da graduação. Evidencia-se que a parte
prática da disciplina no estágio obrigatório não deve conflitar com o horário das aulas teóricas
do curso e algumas instituições têm horários específicos de funcionamento, por exemplo,
hospitais de urgência e emergência tem preferência por discentes que realizem o estágio em
uma carga de 12 horas no sistema plantão, raramente há o profissional diarista, outro exemplo
é que algumas instituições iniciam o estágio curricular às 08:00 horas e o finalizam 14:00
horas, conflitando com horário da graduação. Esta situação pressupõe que por questões legais
é preferível que os estagiários sejam do turno noturno ou que tenham disponibilidade diurna.
Em relação à preferência por sujeitos formados, treze (13) discentes relataram que ao
procurar por vagas em uma Instituição na área da Saúde, se depararam com o critério de
preferência por sujeitos formados, pressupõe-se que a dificuldade ocorre, pois algumas
instituições tem se apropriado do voluntariado, problemática que é criticada pela categoria de
Serviço Social, uma vez que influencia na precarização do trabalho e desemprego. Yasbek
(2002) assinala que a prática se acentua com a expansão do terceiro setor e que há uma
relação perigosa entre profissionalismo e voluntariado, pois a proximidade entre ambas pode
ocasionar a desregulamentação da profissão no mercado de trabalho. Observa-se que essa
expansão tem se estendido a outras áreas por conta dos serviços terceirizados e voluntários,
principalmente na área da saúde.
Em relação aos discentes que apontaram ter outras dificuldades, o quadro 9 apresenta a
análise de conteúdo das justificativas.
Quadro 9: Justificativas de outras dificuldades não abordadas nas opções do formulário de entrevista
CATEGORIAS ELABORADAS
A PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“No estágio I, houve bastante dificuldade, pois não houve o apoio da coordenação de estágio, [...]
todas as opções [...] foram respostas que ouvi quando estava à procura de estágio. A única
Falta de apoio da orientação que recebi da coordenação era que devia procurar por estágio no semestre anterior a ser
Coordenação de realizada a disciplina, mas quando fui à procura, as instituições concedentes diziam que era a
Estágio universidade que devia entrar em contato com eles, quando informei na coordenação o ocorrido,
(15 sujeitos) uma das coordenadoras disse que eles nunca atendiam aos pedidos da coordenação, tanto que só
comecei o estágio bem atrasada e só consegui porque fui indicada por colegas que estavam
finalizando o estágio III” (Entrevistado n° 01/Saúde).
“Sim, senti muitas dificuldades, primeiro porque eu que fui procurar [...] a gente não teve apoio
56
nenhum da coordenação, a gente ia começar o estágio e tinha quer ter um estágio, eles não deram
no primeiro momento nenhum suporte, [...] quem foi atrás fui eu, passei dias e dias andando pra
conseguir um estágio e nos lugares que eu fui sempre tinha algum critério [...] eu tive sim, muita
dificuldade de encontrar, por causa da falta de apoio da coordenação, por causa [...] das
instituições que tinha limites e critérios pra gente conseguir”. (Entrevistado n° 14/Sociojurídico).
“[...] dificuldades e muitas, ela veio através da própria instituição UFAM mesmo, da
Coordenação, é porque eles colocam a responsabilidade diretamente no estudante, então ele vai
em busca, aí quando chega na instituição onde você almeja fazer o estágio, o que acontece,
pedem algumas referências, e a gente não tem como dar essa resposta esclarecida para eles, vem
em busca na UFAM, mas eles também não dão esse amparo pra gente de uma forma mais
concreta”. (Entrevistado n°35 / Educação).
“[...] a alegação de todos os locais que eu fui, era que a universidade não tinha convênio, a
universidade não faz parceria. A universidade nunca compareceu nos locais para abrir campo de
estágio pra nós aqui [...] onde eu bati, eu falei: Tem estágio obrigatório curricular? Eu preciso
fazer! Eu tenho disponibilidade de tempo! Mesmo assim eles disseram: não, não podemos!”.
Convênio / Parceria
(Entrevistado n°26 / Educação)
(06 sujeitos)
“Faltava vagas onde eu procurava e onde tinha vaga não tinha convênio com a UFAM, foi bem
difícil, até que consegui por indicação” (Entrevistado n°34 / Sociojurídico).
“[...] eu senti dificuldades, sim, porque nas instituições que eu fui atrás, todas queriam estagiários
[...] porem, elas não tinham convênio com a UFAM ”. (Entrevistado n°02 / Assistência)
“Eu senti dificuldades devido a não ter tempo para estagiar, porque eu trabalhava” (Entrevistado
n° 04/Assistência).
Conciliação do Tempo
(06 sujeitos) “Porque como eu trabalho, fica muito limitada à questão do estágio, ou você se encaixa num
horário, ou então o horário tem que se encaixar com você”. (Entrevistado n°23 /Saúde).
“Eu senti uma dificuldade enorme, devido ao fato de eu trabalhar”. (Entrevistado n°25 / /Saúde).
“[...] minha primeira experiência [...] foi numa instituição que surgiram vagas e eles estavam
pedindo estagiários. Quando cheguei nesse processo seletivo, eu percebi que eles buscavam saber
a respeito da temática do departamento, se a gente tinha uma noção básica, pelo menos a respeito,
e se tinha noções de informática [...] botaram como pauta idade, que foi uma coisa que eu
estranhei muito, de tipo, uma pessoa por ter 30 anos e fazer serviço social, talvez não tivesse as
mesmas oportunidades de uma de 21 e de 19 [...] em outro processo seletivo [...] a primeira etapa
Critérios Isolados
foi uma prova online de português, lógica, [...] mas quando você vai para um determinado setor
(02 sujeitos)
que eles propõem no dia da entrevista, [...] lá eles vão fazer perguntas específicas a respeito de
atividades do departamento, principalmente de normativas [...] a pessoa tem que saber de certa
forma articular [...] se houver empate, [...] eles pegam experiências passadas, se a pessoa já foi
voluntária, se já tem experiência com atendimento de público” (Entrevistado n° 32/Sociojurídico).
“Eu fui discriminada porque eu fazia um estágio remunerado e a assistente social falou que se eu
quisesse o estágio lá na [hospital na cidade de Manaus*] ela não ia me aceitar se eu tivesse com
dois estágios” (Entrevistado n° 37/Assistência).
57
participação efetiva da coordenação. Embora a coordenação seja tripartite4, os docentes não
são exclusivos da disciplina estágio supervisionado, eles continuam ministrando aulas e
desenvolvendo outros projetos no departamento, o que demanda tempo e energia. Pressupõe-
se que o desenvolvimento de várias atividades é cansativo, principalmente as que se referem
ao estágio, pois o trabalho não envolve somente encontrar vagas disponíveis, o processo
depende da contribuição das concedentes e supervisores no que se refere ao convênio e
aceitação em supervisionar.
A segunda categoria da análise de conteúdo do quadro 9 indica uma característica já
apresentada, porém é importante destacar que o DPA, disponibiliza o termo de firmação de
convênio na página da PROEG, inclusive salienta que “a iniciativa para firmar convênio de
estágio deverá partir da própria organização (público ou privado) ou pela própria UFAM
através de suas unidades acadêmicas (via diretores, chefes de departamentos, coordenadores
de cursos, coordenadores de estágio)” (DPA, 2018, chamada pública). Nesta perspectiva, se
presume que não há interesse das instituições em vincularem com a UFAM, por conta das
“parcerias” que a mesma não realiza.
A terceira categoria do quadro 9 apresenta a dificuldade na conciliação do tempo para
os discentes que trabalhavam, a opção seria realizar estágio aos finais de semana,
característica da área da saúde que trabalha em sistema plantão e aos finais de semana, porém
devido a grande demanda de estagiários e concorrência com outras IES, é difícil inserir-se. É
preciso considerar que nem sempre o tempo disponível desse discente, vai conciliar com os
horários das instituições. Ainda de acordo com dados da pesquisa, a área da saúde é a segunda
área de maior interesse dos discentes matriculado em estágio na UFAM, o que sinaliza que
esse anseio também parta dos discentes matriculados em outras IES.
Em relação aos critérios isolados, podemos destacar dois aspectos de preferências:
experiência na área de estágio e perfil predeterminado. É importante destacar que esses
critérios geralmente estão articulados com estágios que irão oferecer bolsa, então o processo
seletivo vai envolver alguns critérios de aceitação. Em relação ao perfil pré-determinado do
discente não conciliar dois estágios, essa dificuldade está relacionada às instituições que não
aproveitam o estágio não-obrigatório, e alguns do discentes dependem da bolsa para manter
despesas acadêmicas e pessoais, por isso é necessário procurar outro estágio para realizar o
obrigatório, no caso específico referenciado no quadro 9, o profissional da instituição
apresentou resistência, infelizmente a pesquisa não detectou o motivo.
4
É importante destacar que a Coordenação de Estágio no semestre 2017/02 foi administrada por três docentes e
encerrou sua gestão no mesmo semestre.
58
Ao se tratar das dificuldades de inserção, a pesquisa também buscou saber qual era a
área sócio-ocupacional em que os discentes tinham interesse em serem inseridos.
CULTURA 1 2%
ASSISTÊNCIA SOCIAL 9 19%
PREVIDÊNCIA SOCIAL 4 8%
SÓCIOJURÍDICO 29 60%
MOVIMENTOS SOCIAIS 1 2%
SAÚDE 14 29%
EDUCAÇÃO 4 8%
Quadro 10: Motivos dos discentes não realizarem estágio na área almejada
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“Devido mesmo à questão tempo, eu não consegui ter o tempo para fazer na área da educação” (Entrevistado
n°04 /Assistência).
Conciliação de Tempo “Eu queria na área sociojurídica, mas aí acabou que aconteceram algumas situações chatas de horário e acabou
(12 sujeitos) que hoje em dia eu não desejo mais” (Entrevistado n° 42/ Saúde).
“Porque eu trabalho e conciliar trabalho, faculdade e mais o estágio foi bem complicado”(Entrevistado n°48
/Empresa).
“Eu queria no sócio jurídico, mas como não foi um campo que eu encontrei, eu fiquei lá mesmo na
assistência” (Entrevistado n°02 /Assistência).
Disponibilidade de vagas
(19 sujeitos) “Eu tinha muita vontade de fazer no sócio jurídico, mas não consegui vaga, mas eu gostei bastante do que eu
vi em assistência, me senti realizada”. (Entrevistado n° 15/Sociojurídico).
“Porque sociojurídico é uma área bastante concorrida” (Entrevistado n° 29/ Saúde).
“Eu procurei em alguns lugares e eles não queriam supervisionar, eles alegavam que a instituição não tinha
vínculo, eles só pegavam estágio renumerado, mas sem supervisão”. (Entrevistado n°27 /Sociojurídico).
“A assistência foi realmente o que eu te falei, a [Instituição de Assistência Social em Manaus*] não tem
convênio com a UFAM, então me falaram da possibilidade de fazer convênio. Então eu fui atrás de conveniar
Recusa para Estágio o CRAS, mas na [Instituição de Assistência Social em Manaus*] eles se mostram fechados a isso, tanto que já
Supervisionado/Convênio tem outras pessoas que estagiam no CRAS, mas não é válido o estágio delas pra ser curricular. E na área da
(08 sujeitos) educação, essa minha busca não foi muito pra área da educação, nem lembro porque” (Entrevistado n°31
/Sociojurídico).
“Queria na assistência porque eu faço estágio remunerado na assistência, sendo que eu tentei colocar ele para
ser o meu supervisionado, mas a instituição não tem convênio com a UFAM e não tinha interesse em ter”
(Entrevistado n°44 / Saúde).
“A bolsa do estágio foi a principal influência, o valor do sócio jurídico era mais compatível com as
necessidades financeiras”. (Entrevistado n°18 /Sociojurídico).
Preferência em ser Bolsista “Porque não consegui vagas mesmo e eu precisava de um que me desse bolsa. O primeiro que consegui foi na
(07 sujeitos) saúde”. (Entrevistado n°47 / Saúde).
“Eu já tinha feito um PIBIC no [Hospital na cidade de Manaus*] e eu precisava conhecer o ambiente que eu
estava estudando, então pra mim queria muito a saúde, só não fiquei porque tive a oportunidade de fazer um
estágio remunerado e a saúde por mais que fosse uma área que me identificasse muito, as limitações
59
financeiras me fizeram ir pro sociojurídico”. (Entrevistado n° 19/Sociojurídico).
“Pois, não havia vagas disponíveis e a maioria dos lugares em que havia vagas para o sociojurídico pediam
que o coeficiente fosse no mínimo sete, o que não era meu caso, eu estava disperiorizada e consequentemente
Coeficiente meu coeficiente estava baixo”. (Entrevistado n° 01/ Saúde).
(02 sujeitos) “Porque eu não consegui encontrar vaga, na previdência não pegam estágio voluntário, lá só aproveitam
aqueles que fazem o remunerado e no sócio jurídico tem que fazer uma prova online e ter no mínimo
coeficiente sete e no meu caso o meu coeficiente estava baixo”. (Entrevistado n° 12/Assistência)
60
Gráfico 8: Dificuldades de encontrar estágio que conciliasse com horário das aulas teóricas da graduação
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
13 12 11
9 8
5 4 5
27% 19% 25% 23% 17% 10% 8% 10%
Quadro 11 Justificativas das dificuldades de conciliar o estágio supervisionado em campo com as aulas teóricas
da graduação
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“Senti dificuldades (estágio I) porque estudava a noite, mas foi justamente por conta do estágio”
(Entrevistado n°02/Assistência).
“Sim, porque os estágios que me apareciam eles começavam 08:00h da manhã e terminavam às 14:00h e as
14:00h nós tínhamos aula, então não teria tempo pra chegar até aqui, obrigatoriamente eu teria que ir pra
noite, isso se eu quisesse estágio remunerado, que era a maioria dos remunerados tinha esse pré- requisito, o
que acaba impactando no seu ensino, que é o que acontece muito” (Entrevistado n°15/ Assistência).
“O que eu fiz no meu estágio I e estou fazendo no meu estágio II, no I como sou funcionária pública eu
Conflito de Horário tinha direito à licença premium, aí eu tirei licença premium então eu estou fazendo no meu período de
(06 sujeitos) licença premium” (Entrevistado n°26/Educação).
“Senti dificuldade, porque olha só, eu ia para o meu estágio remunerado à tarde, que era de 12h às 16 horas,
aí eu tive que conseguir um estágio que fosse nesse horário de 7 às 12 horas, no estágio I, eu consegui
porque era aqui do lado, então eu ia tranquila, saia daqui 11 horas e tudo, só que agora, eu tive que alinhar
os meus horários”. (Entrevistado n°33/Saúde).
“Houve dificuldades porque eu estudava, porque eu estudava no turno vespertino no primeiro, a maioria
dos estágios que eu encontrava era de tarde e conciliar com horário de trabalho também, porque eu já tinha
dispensado vários estágios, justamente porque eu faço o remunerado. E eu só tinha disponibilidade no final
e semana e não encontrava nenhum no final de semana”. (Entrevistado n°37/Assistência).
“Na verdade, dificuldade eu tive no início, porque não queriam aceitar o renumerado, no mesmo horário
do supervisionado, mas aí, tive uma visita recentemente, que disse que não tem nada a ver, pode sim, ser
em horário igual” (Entrevistado n°03/Saúde).
“Sim, porque eu não sou daqui de Manaus, sou do município lá de Barreirinha lá no interior, então pra mim
Conciliação do estágio estar aqui, eu não tenho família aqui, então eu teria que trabalhar, e me sustentar, pra poder me manter aqui
obrigatório e não-obrigatório na universidade, o que acontece, eu estagiava pela parte da tarde e da manhã num curricular que eu
(03 sujeitos) consegui, então pra mim sair do curricular eu tive que sair do outro estágio, ai eu ficava assim, até porque
eu estou disperiorizada agora, porque eu não conseguia mesmo me manter, não conseguia dinheiro, não
conseguia passe pra cá, então foi muito difícil pra mim conseguir” (Entrevistado n°20/Saúde).
“No estágio II, precisei pedir desligamento do renumerado e foi muito triste porque era minha renda,
porém priorizei o estágio supervisionado e consegui mudar de horário por insistência das minhas colegas
de trabalho” (Entrevistado n°34/Sóciojurídico).
Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.
61
As duas categorias já foram abordadas anteriormente, mas cabe ressaltar aspectos não
mencionados como a realização de horas extras no estágio não curricular para realizar o
obrigatório. Alguns discentes precisavam ir aos finais de semanas, pois o assistente social ou
a instituição considerava que o estágio obrigatório deveria ser desvinculado do não-
obrigatório, uma irregularidade, tendo em vista que nos termos de adesão institucionais e
contratos das agências organizadoras de estágio em Manaus, não existe uma cláusula
impedindo o aproveitamento, porém ainda assim, alguns discentes optam por continuar no
espaço.
Tabela 4: Dificuldades de permanência nos estágios em campo nos semestres 2017/02 e 2018/01
Questões “No estágio um, foi por conta da questão financeira, eu não tinha como me manter, o dinheiro da passagem era
financeiras/Distância contado, a instituição não pagava nada pra mim, mas eu precisava ir. E agora estou tendo muita dificuldade de
(06 sujeitos) permanecer no estágio II, pois anteriormente eu não era bolsista, só consegui a bolsa no estágio II, então antes
só ia quando minha supervisora estava. Agora vou cinco vezes à semana e trabalho com todos os assistentes
62
sociais.” (Entrevistado n° 01/ Saúde).
“Senti bastante dificuldade! No primeiro eu não era bolsista, então era um gasto que não estava previsto e no
segundo foi mais por conta da distancia,”. (Entrevistado n°47 / Saúde).
“Porque no primeiro momento que eu entrei nesse estágio, eu já entrei um mês atrasada, a supervisora de
estágio foi uma pessoa bem flexível comigo, eu fiz durante todos os dias da semana pra poder cumprir a
minha carga horária, ai pra mim permanecer, ela meio que me intimou a conciliar outro horário, tentar uma
Conciliação de tempo nova forma de ficar mais tempo, ai eu consegui agora no segundo estágio conciliar esse horário”
(02 sujeitos)
(Entrevistado n°25 / Saúde).
“No I, foi bem difícil permanecer por causa do horário, na saúde está mais tranquilo”. (Entrevistado n°33 /
Saúde).
“Eu realmente não consegui me identificar com essa área, eu até gosto do sociojurídico, mas não na área da
Não Identificação com segurança pública, eu só permaneci porque preciso passar na disciplina estágio e porque depois consegui o
área estágio remunerado”. (Entrevistado n°09 /Sociojurídico).
(04 sujeitos) “Sim, porque não era uma área do meu interesse, não consegui me identificar nessa área.”. (Entrevistado n°
11/ Saúde).
“Somente no estágio um, porque a experiência foi péssima, eu particularmente preciso de um tempo pra me
adaptar e tenho dificuldade de pegar as coisas rápido e na saúde era uma correria, não tinha tempo pra
Dificuldades com perguntar nada, fora que te comparam com estagiários antigos que já tem experiência, não é legal pra quem tá
supervisores tendo a primeira experiência”. (Entrevistado n°12 / Assistência).
(02 sujeitos) “Senti muitas dificuldades nos dois, principalmente no início porque eu era a primeira estagiária do setor e
minha supervisora tinha uma visão um pouco fechada, medo de que eu fizesse ou falasse a coisa errada”
(Entrevistado n°27 /Sociojurídico).
Longa permanência no
“Por eu ter ido cedo para a área da saúde, eu enjoei do trabalho administrativo, de chegar lá e sempre fazer a
Estágio
mesma coisa, mas aí depois ficou tranquilo, foi uma fase” (Entrevistado n°44 / Saúde).
(01 sujeito)
Distanciamento da teoria “Na verdade o local que eu estágio não muito ligado ao serviço social em si, a equipe mesmo é chamada de
colaborador e, é bem diferente do que nós vemos na teoria” (Entrevistado n° 48/Empresa).
(01 sujeito)
63
a experiência do discente não é positiva, é possível que este não se identifique com a área,
pois de certa forma, o supervisor influência no desenvolvimento profissional do discente.
Em relação às dificuldades com supervisores no que se refere à abordagem de
perpassar o conhecimento da área é preciso levar em consideração a formação deste
profissional e a capacitação continuada no seu desenvolvimento profissional. Segundo Garcia
(2012) para que um supervisor desempenhe suas funções com qualidade é necessário
estabelecer uma boa comunicação. O processo envolve ter um arcabouço teórico qualificado,
pois a comunicação no processo de estágio, não envolve somente saber se comunicar, é
preciso compreender o estagiário em suas dificuldades no processo de aprender. Nesse
contexto, observa-se que as falas apresentam uma falta de interação e compreensão com o
estagiário em sua primeira experiência.
Em relação à longa permanência no estágio curricular, o problema exposto no quadro
12 ocorre porque o discente iniciou o estágio não curricular, antes de iniciar o estágio
obrigatório, pressupõe-se que o trabalho se tornou mecanizado por conta da rotina repetitiva.
Para Lewgoy (2013, p.72) “a cotidianidade do processo de formação apresenta uma
multiplicidade de atividades que, ao se tornarem rotineiras e reprogramáveis, correm o risco
de absorver e ofuscar o exercício de pensar sobre o realizado, de forma alienante e
alienadora”. É preciso refletir ainda, sobre quais atividades eram exercidas neste espaço e
salientar as diferenças do estágio não curricular para o obrigatório. Essa problemática
geralmente está relacionada ao processo de leitura do discente. A fundamentação teórica é de
extrema importância para que o discente consiga realizar uma leitura crítica das contradições
e ambiguidades da profissão, principalmente no que concernem as leis que regulamentam o
estágio e norteadores da materialização como a Política Nacional de Estágio e Código de
Ética.
Em relação ao distanciamento da teoria no espaço de estágio é preciso considerar que
o trabalho em organização empresarial tem uma tendência a se confundir com administração
técnica, porém para a realização da leitura e interpretação das expressões da questão social
nesse ambiente é necessário arcabouço teórico, principalmente conhecimento sobre tripé da
seguridade no que concerne a auxílios e benefícios dos trabalhadores. Ressalta-se ainda que
um dos eixos indissociáveis na materialização do estágio é a relação teoria-prática, elemento
essencial para compreender os objetivos do estágio supervisionado.
64
Em relação às dificuldades de ordem interna na permanência do estágio evidencia-se
que a carga horária dos estágios afeta a rotina acadêmica do discente, conforme descrimina a
tabela.
Tabela 5: Carga horária do estágio afetando a rotina acadêmica por área
O curso de Serviço Social exige uma disciplina para o estudo do discente, pois a
leitura é constante em todas as disciplinas. As disciplinas teóricas envolvem análises,
interpretações e conhecimento histórico, inclusive, ações necessárias para compreender os
objetivos do estágio no campo e processos de investigação e intervenção. Nesse sentido, cabe
conhecer a carga horária exercida pelos discentes nos estágios em campo, conforme
descrimina a tabela a seguir.
65
Observa-se que alguns discentes excederam a carga horária de 30 horas semanais, uma
irregularidade em face da Lei 11.788/2008. É importante considerar que pela dificuldade em
conseguir vaga de estágio, alguns discentes começaram a cumprir o estágio obrigatório de
modo atrasado, e para poder completar a carga, fez-se necessário cumprir horas a mais. Outro
aspecto são os discentes que realizam o estágio obrigatório e não obrigatório na mesma
instituição. Na área sociojurídica a jornada semanal é de 20 horas (04 horas), enquanto na área
da saúde é de 30 horas (06 horas), inclusive os estágios na categoria de “06 horas” ocasionam
atrasos na sala de aula, principalmente no turno vespertino.
Outra questão que precisa ser discutida sobre as dificuldades de permanência é a
questão socioeconômica. Essa dificuldade se acentua para os alunos que não recebem bolsa e
auxilio transporte. O gráfico abaixo descrimina que apenas uma pequena porcentagem
recebeu auxilio no estágio não obrigatório.
Gráfico 9: Disponibilização de auxílio / recurso
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
28
23 24
19
66
Essa problemática ocorre porque a instituição concedente não está preocupada com o
processo de aprendizado do discente, pois o trabalho e a produtividade são prioridades. De
acordo com a opinião dos discentes, a visão da “Instituição Concedente” está dentro da lógica
trabalho, conforme descrimina o gráfico a seguir.
Gráfico 10: Opinião do discente sobre a visão da instituição concedente no Estágio Supervisionado
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
24 25 22 22
50% 52% 46% 46% 2 1 4% 2%
Observa-se no gráfico que o estagiário tem sido visto como mão de obra barata e isso
afeta o processo de ensino aprendizado, pois se existe o receio de perder a vaga, o discente vai
se sujeitar a qualquer irregularidade sendo o estágio obrigatório ou não. Inclusive quando
questionados se a instituição concedente solicitou atividades que feriam as leis e
regulamentações do estágio, eles responderam quem sim, sendo no estágio I 40% (19) e
Estágio II 35% (17). Os discentes mencionaram realizar horas extras em eventos organizados
pela instituição, ou horas extras nas férias para não perder a vaga de estágio, tendo em vista a
dificuldade de conseguir vaga no estágio I, no semestre 2017/02. No que concerne à
realização de horas extras, o gráfico abaixo apresenta os motivos.
Gráfico 11: Discentes que Ultrapassaram às 150 horas obrigatórias no Estágio Supervisionado
24
19
16 15
13
9
33% 40% 27% 31% 50% 19%
ESTÁGIO I % ESTÁGIO I I %
SIM, REALIZEI HORAS EXTRAS PARA NÃO PERDER A VAGA DE ESTÁGIO;
SIM, POIS REALIZAVA O ESTÁGIO NÃO CURRICULAR NA MESMA INSTITUIÇÃO
NÃO, NUNCA FIZ MAIS QUE 150H;
67
O gráfico11 apresenta uma pequena diminuição no Estágio II, porém um número
preocupante, pois os discentes estão vivenciando irregularidades nos campos de estágio.
Quando questionados se relataram as dificuldades para a coordenação de estágio e sujeitos
envolvidos nos estágios, uma minoria comunicou, conforme menciona o gráfico a seguir:
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
11 10
5 5
10% 10% 23% 21%
“[...] pra coordenação não comuniquei, porque no primeiro estágio eu falei e a professora só disse que era para
eu falar com a supervisora de campo. Aí quando eu falei, ela se chateou, levou pro pessoal dela, aí eu não quis
mais, porque toda vez que alguém fala alguma coisa que fere a instituição ou a fere como profissional, ela
rebate. Ela rebate mesmo quando a professora de estágio I, falou para a (estagiária A *) que não era para ela
fazer café [...] quando a (estagiária A *) só citou, ela já falou: Mas tu falou que eu faço comida para vocês? Ela
rebate assim! [...] Pra ela uma mão lava a outra, então se ela aceitou a gente no meio do período passado,
Porque as irregularidades agora a gente tem que aceitar ir nas férias,. É difícil! Se a gente está numa carga horária menor, a gente tem
não serão resolvidas que ir nas férias, [...] se a gente crítica, ela se dói [...] a coordenação do estágio não vai lá perguntar ou
questionar nada, nem o conselho vai lá, ela vai continuar fazendo isso, eu percebo que ela fazia isso com as
antigas assistentes sociais, com as antigas estagiárias e ela vai continuar fazendo, quando a gente sair não vai
mudar” (Entrevistado n°37 / Assistência).
“Eu já havia comunicado na primeira vez e minha supervisora disse que isso sempre acontecia e dizia para
nos posicionarmos lá dentro, mas também não questionou nada quando fez a visita, no segundo eu nem
comuniquei porque já sabia que não ia ser resolvido” (Entrevistado n°47 / Saúde).
Falta de conhecimento
“Não comuniquei no um, porque eu pensava que eles estavam corretos, que fosse uma regra da fundação
sobre as leis do estágio
mesmo, mas depois que eu peguei o contrato e li tudo direitinho, lá diz que não” (Entrevistado n°03 / Saúde).
“Não, porque foi uma escolha minha, eu sabia que não precisava fazer aquilo, eu fiz pra ajudar mesmo”
Porque estava consciente
(Entrevistado n°09 / Sociojurídico).
dos meus atos e queria
ajudar
“Porque no primeiro momento foi uma coisa tão pouca que acabei esquecendo, mas deveria ter dito, porque a
situação se repetiu e até hoje estou fazendo café” (Entrevistado n°14 / Sociojurídico).
Receio de perder a bolsa
de estágio “Porque é estágio remunerado, então recebo para estar lá. Não quero perder a bolsa, porque eu dependo dela”
68
(Entrevistado n°07 / S0ciojurídico).
“Não, porque ninguém pode fazer nada, se eu quiser manter minha vaga, tenho que ir, porque a coordenação
Receio de perder a vaga de
não vai procurar outro estágio pra mim” (Entrevistado n° 10/ Saúde).
estágio
“Eu não queria perder minha vaga de estágio, então preferi ficar calada” (Entrevistado n° 11/ Saúde).
“Porque no momento em que eu fiz estágio, também foi difícil a comunicação com o departamento e
Receio de reprovar na
coordenação, foi tudo uma bola de neve e eu estava muito perdida a quem recorrer no estágio, eu não queria
disciplina
reprovar em nenhuma hipótese” (Entrevistado n°12 / Assistência).
“Talvez por medo de como seria à chegada da minha supervisora de ensino na instituição dizendo que eu não
poderia fazer aquilo e foi uma decisão bem ruim, porque se eu dissesse, talvez outras pessoas não passariam
pela mesma coisa. Isso aconteceu uma vez e foi por uma necessidade extrema, porque a instituição estava sem
Receio de afetar o funcionários no dia, estava havendo uma outra atividade e então me disseram: Olha, tu fica aqui até esse
supervisor de campo ao horário, por favor e tal!, fiquei, mas fiquei meio assim...seria legal se minha supervisora dissesse não, fosse lá
contar as irregularidades dissesse : Isso não é competência dela, ela não vai ficar! Mas ela não disse. E a gente não pode colocar nada
disso no relatório, porque o supervisor vai ler, teve muitas colegas minhas que escreveram a real situação da
instituição e assistente social disse: Olha, eu não vou deixar você entregar isso porque isso pode acabar me
afetando aqui dentro e acabar sendo chamada a atenção! Então a gente encontrou essas barreiras, é muito
complicado” (Entrevistado n°15 / Assistência).
Falta de diálogo com
“Não me sentia à vontade para ficar contando pro supervisor de ensino, então acabei aceitando” (Entrevistado
supervisor de ensino para
n° 04/ Assistência).
contar
“Porque ainda não tive a oportunidade, mas na minha próxima orientação, irei comunicar a irregularidade, pois
Falta de oportunidade
sei que a situação irá se repetir se providencias não forem tomadas” (Entrevistado n°01 / Saúde).
69
desenvolvido pelos supervisores é essencial para orientar o discente sobre as atividades a
serem exercidas no estágio e como ele vai aprender as competências privativas do assistente
social.
Salienta-se às categorias que apresentam receios dos discentes no que se refere a
“perder a bolsa de estágio” e “perder a vaga de estágio” já foram abordadas anteriormente no
item 2.4, que aborda as dificuldades de inserção em face à situação socioeconômica e disputa
por vagas tendo em vista a grande expansão das IES que oferecem o curso Serviço Social.
Quanto às categorias que estão direcionadas ao receio de reprovar na disciplina de estágio e
ao receio de afetar o supervisor, ausência de diálogo com supervisor, serão temas abordados
no capítulo III, por se tratarem de dificuldades relacionadas ao acompanhamento dos
supervisores de ensino e campo.
Por fim, diante de todas as dificuldades apresentadas, torna-se necessário pensar em
estratégias que beneficiem a qualidade do Estágio Supervisionado em Serviço Social da
UFAM e embora no formulário de entrevista não tenha sido abordadas questões de estratégias
para enfretamento das dificuldades e irregularidades, o quadro 14 sinaliza as visões e/ou
expectativas de alguns discentes para a melhoria da materialização do estágio supervisionado
no que se refere ao processo de inserção e permanência nos campos de estágios.
Quadro 14: Visão dos discentes sobre possíveis estratégias na defesa do estágio de qualidade
CATEGORIAS
ELABORADAS A
TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
PARTIR DA ANÁLISE
DE CONTEÚDO.
“Eu acredito que a coordenação de estágio precisa ter um maior comprometimento com os alunos. [...] eu vejo
Participação Efetiva da alguns alunos que quando chegam no período de estagio , eles ficam correndo de um lado pro outro, fica
Coordenação de Estágio aquela dificuldade[...] então tem que ver essa questão de organização e pensar na população acadêmica como
no processo de inserção: um todo. Muitos tem dificuldades de conseguir um estagio que concilie com essa carga horaria da graduação,
Procurar vagas com nem todos tem a mesma disponibilidade. Então essa questão precisa ser vista com antecedência, para que o
antecedência aluno não tenha risco de reprovar nas disciplinas de estágio por conta de não ter conseguido estagio em campo,
porque isso não depende só dele, a coordenação tem que dar essa ajuda”. (Entrevistado n°05 / Sóciojurídico).
“[...]uma dica é um período antes do estágio, ela já começar a procurar locais pros alunos se inscreverem,
afinal ela deveria facilitar (Entrevistado n° 10/ Saúde).
“Em relação à coordenação de estagio, uma grande questão foi que no período em antecedeu o estagio, eles
não fizeram um levantamento dos locais de estagio pra gente atuar, por isso ficou muita gente sem estagio [...]
então é necessário que se faça um levantamento das instituições que estão aceitando estagiários e daqueles
que estão saindo, justamente pra poder inserir novos e na renovação desse contrato” (Entrevistado n°15 /
Assistência).
“Outra questão são as orientações, acho que precisa ser estabelecida algumas regras, ver essa questão do
Alinhamento no processo alinhamento do que os professores estão passando [...] eles têm que alinhar essa forma de passar
da construção dos conhecimento. E que os coordenadores de curso tenham noção disso, porque não adianta falar, falar, falar..
Instrumentais mas isso na prática não ocorrer. Ter discurso, isso e aquilo outro, mas na prática continuar sendo a mesma
coisa, acho que é algo que precisa ser refletido. A coordenação de estágio tinha que estar mais presente
nessa questão de alinhamento do conhecimento, de como elaborar os instrumentais, como fazer, como
entregar, tudo isso, porque nem sempre a gente vai ter o mesmo professor no estágio um, dois e três, até
porque tem professores substitutos que irão sair” (Entrevistado n°05 / Sóciojurídico).
70
“E outra coisa eu mudei de supervisora de ensino do estágio um para o dois, e foi bastante complicado porque
uma me ensinou os instrumentais de um jeito e outra agora do estágio dois, tá dizendo que tá tudo errado,
que não é dessa forma, eu estou tendo que fazer tudo de novo, e aí fica complicado, porque não é
padronizado. Os supervisores tinham que fazer as mesmas coisas, os mesmos assuntos, alinhar mesmo esses
conteúdos, porque fica meio que uma passa uma coisa, outra passa outra e ai gente fica perdido, porque
ninguém sabe qual é o certo” (Entrevistado n°06 / Sóciojurídico).
“[...] a troca de professores dificulta muito para o aluno, porque começamos a aprender de uma forma e
depois aprendemos de uma nova forma, é estressante porque temos que ficar mudando pie e relatório, ao
mesmo tempo que temos que lidar com outras disciplinas que também pedem a elaboração de projetos,
ficamos muito sobrecarregados” (Entrevistado n°07 / Sóciojurídico).
“Eu acho que deveria existir uma didática semelhante entre os professores, porque tem professores que são
muitos bons na disciplina de estágio, como foi no caso do estágio um [...] a gente aprendeu além daquilo que
estava previsto na ementa, foi muito profundo a forma que a professora trabalhou e está sendo diferente no
estágio dois, por exemplo, eu acho que regrediu bastante, eu até já fui pra algumas aulas da professora de
estágio um, que não é mais minha professora, ela está com outra turma e ela tá trabalhando a questão da
reflexão que a gente tem que ter, a reflexão crítica do setor pra como a gente pode observar aonde a gente pode
encontrar as dificuldades pra gente intervir, no caso ela tá trabalhando essa reflexão, manda fazer mapa
mental, manda fazer leitura, dá exemplo de outros trabalhos, ela tá instigando a gente a pensar, no caso ela não
dá resposta, ela quer que a gente chegue sozinho, e regrediu bastante no estágio dois, as professoras são boas,
só que não pra disciplina de estágio” (Entrevistado n°13 / Sóciojurídico).
“Tenho uma sugestão pra coordenação de estágio, acho que seria muito válido voltar com as oficinas de
estágio, porque essa é uma forma de atualizar os supervisores que tiveram uma formação antiga pra o que está
acontecendo agora” (Entrevistado n°11 / Saúde).
“[...] a questão das trocas de professores e métodos, essa é minha principal reclamação, nós começamos
Capacitação para estágio com um professor que tem um método e depois trocamos para outro com outro método, fora que todos
Supervisores nas Oficinas querem os relatórios e pie’s de acordo com o que acham que deveriam ser. Deveria ter um método único,
porque não fazemos só a disciplina estágio, esse foi o pior período de todos, pois tinha projeto de gestão,
projeto de pesquisa, projeto de intervenção, era projeto que não acabava mais. Quem sofre é o aluno que se
descabela pra dar conta de tanto projeto, eu achei até que eu ia reprovar, então minha sugestão é essa, ter um
método ou realizarem uma oficina com esses professores pra fazerem uma reciclagem” (Entrevistado n°47
/ Saúde).
Reformulação na grade “Acho só que a disciplina deveria começar antes, eu reprovei em algumas disciplinas e ficou muita coisa em
curricular cima até pra quem tá periodizado, é isso” (Entrevistado n°48 / Empresa).
“[...] Eu acredito que é necessário um maior acompanhamento da instituição nos campos, principalmente no
que diz respeito, as visitas agendadas, a gente sabe que nem todo lugar você pode simplesmente aparecer sem
Visitas surpresas no
marcar, mas de repente seria interessante fazer uma surpresa, porque você iria flagrar situações que o discente
Campo
não precisaria contar, porque o supervisor foi lá e viu, isso seria interessante” (Entrevistado n°15 /
Assistência).
“Quem sabe reuniões com os presidentes ou com os representantes desses lugares pra explicar a função do
estagiário e de alguma forma que ele seja tocado e mesmo que a instituição não faça aquilo, os outros que
Reunião com as
fazem, compreenderem que o papel do estagiário não é de levar café, não é de ficar em portaria, não é de ficar
instituições
recepcionando gente, a gente não tá fazendo quatro anos pra ser recepcionista, então pra de uma forma geral
todos ouvirem, isso seria muito interessante no acompanhamento, mas principalmente o levantamento das
instituições” (Entrevistado n°15 / Assistência).
“Fizeram uma lista dos alunos em relação a sua área de interesse, mas fizeram depois que já estávamos no
estágio, seria legal se fizessem antes e dissessem: Sua área de interesse é assistência? Olha! Nós temos esses
Ouvir as sugestões e locais disponíveis! E assim eles encaminhassem e depois fizessem uma avaliação do campo de estágio, o
desabafos dos discentes professor faz, mas faz de um modo muito superficial. As rodas de conversa na sala de aula é o momento em
através de Rodas de que a gente se sente mais à vontade pra dizer: Olha professora, eu passei por uma situação que eu tive que
Conversas levar cafezinho pro chefe e não era minha competência, eu fui assediado no meu trabalho e infelizmente eu
não sei como reagir! Talvez mais rodas de conversas ajudem bastante, acho que é nesse sentido” (Entrevistado
n°15 / Assistência).
72
CAPÍTULO III
O quadro expõe as atividades internas e externas que são realizadas durante as três
fases do estágio supervisionado. Assim, cabe apresentar a rotina de trabalho desses
supervisores sob a opinião dos discentes matriculados na disciplina de estágio. Conforme
descrito por 98% (47) dos discentes, as aulas na disciplina de estágio supervisionado II
ocorreram uma vez por semana com carga horária de 02 horas por semana. Apenas 2% (01)
afirmou ter aula duas vezes por semana. As principais atividades realizadas pelo supervisor
mencionadas pelos discentes foram: orientações sobre instrumentais de estágio e visitas de
avaliações na instituição. No que se refere às orientações gerais e individuais uma parcela dos
discentes sentiu dificuldades no acompanhamento da supervisão de ensino, conforme
menciona a tabela 7.
74
assistente social no campo, ocasiona dificuldades em perpassar as atividades exercidas para os
instrumentais. A orientação do supervisor de ensino nesse processo é de extrema importância
para esclarecer as dúvidas e dificuldades do discente.
Quando questionados pelos motivos de poucas orientações, os discentes mencionaram
a falta de organização de tempo de alguns supervisores, por exemplo, em algumas orientações
demoravam uma carga de tempo maior com algum discente, ocasionando na falta de tempo
para dar outra orientação. Conforme explicitado pelos discentes, as primeiras aulas são
coletivas e as demais são individuais. O turno que apresentou mais dificuldades foi o noturno,
devido a quantidade de alunos para um professor orientar. É importante destacar que a postura
de descobrir e interpretar precisa vir do discente, geralmente as dúvidas são sanadas nas
orientações individuais que são planejadas com a turma de acordo com o tempo disponível do
docente. A visão dos discentes sobre a disponibilidade de tempo desses professores é
indicada na tabela a seguir.
A tabela sinaliza que grande parte dos discentes conseguiu ter orientações individuais,
as exceções estavam relacionadas ao número de atividades extras que os docentes realizam no
DSS e outras disciplinas para ministrar aula. No que se refere aos alunos que responderam
que ainda estavam cursando, salienta-se que o semestre letivo 2018/01 começou e não havia
docente para lecionar a disciplina, desta forma começaram atrasados. A tabela também indica
uma diminuição significativa quanto aos alunos que apontaram que nunca receberam
orientações individuais. De modo geral, a maioria dos discentes conseguiu receber
orientações individuais. Mas essa informação se contrasta quando os discentes apontam quais
são as maiores causas da indisponibilidade de tempo dos supervisores de ensino para dar
orientações individuais. Essa situação está apresentada no gráfico a seguir:
75
Gráfico 13: Visão dos discentes sobre as causas da indisponibilidade de tempo do supervisor de ensino
52, 08%
37,50% 31, 25% 27, 08%
MUITOS ALUNOS PARA APENAS DUAS HORAS DE AULA INTENSA E EXTENSA JORNADA
ORIENTAR NA SEMANA DE TRABALHO
ESTÁGIO I 25 15 39
ESTÁGIO II 18 13 42
Quadro 16: Justificativas s dos discentes sobre as causas de indisponibilidade de tempo do supervisor de ensino
no acompanhamento
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“Eu acho que é a precarização do ensino, a exploração do trabalho do docente porque é humanamente
impossível você dar conta de quinze alunos de estágio, tendo que visitar quinze campos de estágios e o
professor ter que disponibilizar tempo individual pra cada aluno e tendo uma outra turma de outra disciplina
de vinte, trinta alunos e tendo orientação de outra coisa, então é humanamente impossível, isso sobrecarrega
os professores e a qualidade das aulas, dependendo do professor caí muito e a dos alunos também, porque se
o professor não tá muito bem pra dar aquela disciplina, os alunos também não vão acompanhar muito bem.
No dois menos, porque na disciplina de estágio houve uma reconfiguração da disciplina, das turmas e as
professoras agora estão com uma turma de sete alunos, por ai, diminuiu um pouco mais o que possibilita
mais orientação individuais, um pouco mais de tempo disponível pra ler, até porque são o pie, o relatório,
esses instrumentais multiplicados por quinze alunos, então é uma pilha imensa de trabalho, o professor não
dá conta” (Entrevistado n° 15/ Assistência).
Precarização do trabalho
(42 sujeitos) “Porque, eles têm, pelo menos no estágio I e II, sempre existiu a boa vontade, talvez o próprio docente que
não tem muito interesse em procurar, mas sempre que eu procurei eu tive retorno, o problema mesmo é que
eles fazem muitas coisas ao mesmo tempo” (Entrevistado n° 26/ Educação).
“Porque, por mais que ele se desdobre a prestar orientação para os alunos, às vezes a jornada de trabalho é
sobrecarregante para eles” (Entrevistado n°32 / Sociojurídico).
“Acredito que todos três influenciam na rotina acadêmica, nesse último período foi bem complicado em
específico no meu caso, porque além de muitos alunos para orientar, nós não tivemos aula no ICHL,
tivemos aula no mini campos, então era uma correria” (Entrevistado n° 47/ Saúde).
“Em todos os estágios que fiz, sempre teve esses problemas” (Entrevistado n°48 / Empresa).
76
Organização e Planejamento “Acho que a falta de organização do professor também foi uma das causas, porque a nossa turma começou
(06 sujeitos) atrasada e quando a professora chegou foi uma decepção, porque saímos de um ritmo e entramos em outro.
A professora do Estágio I é mil vezes mais organizada que a de agora, eu não entendo nada do que ela
explica e a forma como ela trata a gente, não é legal! Já estamos quase no meio do semestre e não tivemos
nenhuma leitura e ela já estava cobrando o relatório” (Entrevistado n° 07/ Sociojurídico).
“Na minha opinião, no estágio um houve muito conteúdo teórico e pouco tempo para discutirmos ele,
minha supervisora de ensino ficou doente na época, então teve que ser substituída por outra, só que ainda
não tinham contratado, então começamos o estágio bem tarde e devido a isso não falamos sobre os
instrumentais, eu fiz do meu jeito e olhando os das minhas colegas. No estágio dois, eu ainda estou
cursando, mas vejo que a professora é bem ocupada com outras atividades” (Entrevistado n° 12/
Assistência).
“Eu acredito também, eu acho que tem pouco tempo, porque são 04 horas se não me engano e muita das
vezes quando a gente vai ser orientado, uma pessoa passa 01 hora, outra passa mais 01 hora e vai
diminuindo o tempo pros outros, né? Porque tem o nosso tempo também, tem até 21:30 se não me engano e
isso atrapalha bastante” (Entrevistado n° 25/ Saúde).
“Olha eu sou professora, sei como é dar aula e sei o quanto é difícil se organizar quando temos um
calendário de atividades a seguir, mas a falta de planejamento de alguns professores precisa ser
mencionada, porque nós temos uma ementa, mas se você for comparar e ver se realmente aconteceu de
fato, não aconteceu” (Entrevistado n° 35/ Educação).
Nesse sentido, observa-se que as falas dos discentes apontam uma sobrecarga nas
atividades realizadas pelos docentes que limitam o tempo nas orientações individuais. O
segundo ponto mencionado pelos discentes sobre “organização e planejamento” não está
desarticulado da precarização do trabalho, pois essa situação é um dos efeitos das pressões de
tempo que estão sujeitos os docentes. Pressupõe-se que apesar das ementas de ensino
estabelecerem uma organização na ministração das aulas, os docentes não a materializam no
77
tempo previsto por conta de todas as atividades que exercem na UFAM. Desta forma, alguns
discentes se prejudicam no que se refere a ter uma orientação com tempo de qualidade. Outras
dificuldades apontadas pelos discentes relacionadas às orientações coletivas e individuais são
o conteúdo teórico abordado nas disciplinas. A análise demonstra um número relativamente
baixo, porém importante para entender quais foram às dificuldades da pequena parcela,
conforme tabela a seguir.
A tabela 9 apresenta que houve uma pequena queda no semestre 2018/01 em relação
ao semestre anterior. Observa-se que os discentes que estavam na área da educação não
apresentaram dificuldades e os que mais tiveram estavam inseridos na área da saúde.
Evidencia-se que arcabouço teórico metodológico é de suma importância para compreender a
teoria e como transformá-la em prática nos campos de estágios. Esse processo de aprendizado
e construção desta base requer leituras, interpretação e orientação. Apesar, de o quantitativo
ser baixo é importante analisar as opiniões dos discentes sobre essas dificuldades, conforme
descrimina o quadro a seguir.
Quadro 17: Justificativa sobre dificuldades de compreensão do conteúdo teórico abordado na sala de aula
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“No estágio II, a linguagem usada pela docente, tem me causado dificuldades para compreender, são
usados muitos termos técnicos e muitas vezes quando realizo a leitura pré-aula, acho que compreendi o
conteúdo, mas quando ela vai explicar fica clara a diferença dos nossos entendimentos” (Entrevistado n°
01/ Saúde).
Dificuldades de compreender “Depois que troquei de supervisor de ensino, eu tive muita dificuldade porque é um outro método, uma nova
a linguagem do docente forma de preencher os documentos obrigatórios é muito complicado e a linguagem que a professora usa não
(04 sujeitos) é muito compreensiva, fico mais confusa com as explicações dela” (Entrevistado n° 09/ Sóciojurídico).
“No estágio I, apesar do tempo corrido a docente explica bem, mas ainda assim eu tive muitas dificuldades
porque ela saiu antes do tempo, o que prejudicou a orientação dos instrumentais. E agora no II, eu sinto
muito sono na aula, a docente atual não explica com clareza, ela vai pra assuntos que não tem nada a ver
com a disciplina” (Entrevistado n°11 / Saúde).
78
“[...] a dificuldade que eu encontro dentro da disciplina de estágio é que não existe consenso na forma que
eles vão lecionar a disciplina, porque alguns não sabem, por exemplo, de acordo com a ementa no estágio
dois, você aplica o projeto de intervenção e no três você faz o relatório do projeto aplicado, aí no caso dessa
professora do II, ela não sabia e já estava pedindo o relatório como nota de avaliação, [...] eu percebo assim,
que não existe um conhecimento do que, que é a disciplina mesmo” (Entrevistado n° 13/ Sóciojurídico).
Dificuldades de acompanhar
“Não sei, eu acho que as coisas que ela abordava [...] ela desmistificava parágrafo por parágrafo e aquilo
metodologia do docente
cansava muito a minha mente, preferia que ela explicasse como um todo, e os instrumentais também, então
(03 sujeitos)
uns dois, três meses foi só ela explicando os instrumentais passo a passo e eu senti muita dificuldade [...]
minha mente cansava e eu não conseguia compreender” (Entrevistado n°37 / Assistência).
“Sim, nos dois estágios, principalmente quando houve troca de professores, é muito ruim quando você está
dentro de um método e entra em outro, tem necessidade de recomeçar tudo, é bem desgastante pro aluno”
(Entrevistado n°47 / Saúde).
“No um porque o conteúdo era bem intenso, bastante material a ser lido, muitas leis e regulamentações”
(Entrevistado n° 05/ Sóciojurídico).
“Porque o conteúdo de estágio é bem difícil, tem que elaborar projeto, preencher os instrumentais, então
Conteúdo Teórico intenso e não é fácil aprender com facilidade” (Entrevistado n° 07/ Sóciojurídico).
extenso
(04 sujeitos) “No estágio um a dificuldade foi um pouco no sentido de que a gente viu muitas leis de regulamentação da
profissão, código de ética, política de estágio, pra gente era muita coisa pra assimilar, nós tínhamos que
aprender mesmo e no dois foi um pouco mais leve, porque os textos mais pesados nós lemos em estágio um
e no dois a gente estava lendo mais sobre como fazer projetos, porque a gente estava sendo orientado sobre
como fazer o projeto de intervenção, como elaborar e etc” (Entrevistado n°15 / Assistência).
“Senti dificuldade mais no estágio um, mais porque é bem difícil fazer a relação entre teoria e prática,
principalmente quando o supervisor de campo não contribui, diversas vezes eu me senti dividida no estágio,
porque na sala eu ouvia que não existe teoria sem a prática e no estágio, por incrível que pareça minha
supervisora me dizia que a maioria das coisas que tínhamos na graduação não aplicávamos no exercício da
Dificuldade de fazer a profissão ” (Entrevistado n° 12/ Assistência).
relação teoria-prática
(04 sujeitos) “Sim, sobre nossos direitos, tanto no campo de estágio que a gente não conhecia, ai foi bastante complicado
assimilar qual era a atribuição do serviço social, o que era competência e o que não era” (Entrevistado n°29
/ Saúde).
“Sim, principalmente no estágio I, e eu senti muita dificuldade porque no meu local de estágio tinha muitas
limitações, fazer a relação da teoria e pratica foi bem difícil.” (Entrevistado n°48 / Empresa).
Quadro 18: Justificativa sobre as dificuldades de perguntar ou questionar algo ao supervisor de ensino
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“Minha supervisora de ensino, não abria muito espaço para falarmos e ela sempre chegava atrasada na sala
de aula e tinha que correr pra não atrasar o conteúdo” (Entrevistado n°07 / Sóciojurídico).
Linguagem e falta de diálogo
(02 sujeitos)
“Sim, no primeiro por conta do tempo, as aulas eram bem rápidas e no segundo porque eu não consigo
compreender as aulas, como eu disse a docente tem uma dificuldade de falar com clareza e coesão”
(Entrevistado n°11 / Saúde).
Dificuldades de ordem
“Sim, eu senti um pouco de dificuldade, porque na verdade eu faltava muito, conciliar as coisas foi bem
interna pessoal
complicado, eu não podia exigir dos professores, na verdade a minha professora me ajudou muito”
(01 sujeito)
(Entrevistado n°48 / Empresa).
“Houve dificuldade na resposta, porque ela não tinha entendimento do meu campo de estágio” (Entrevistado
n°02 / Assistência).
Dificuldades de obter
respostas
“Sempre existe, porque [...] existem campos que quando a gente aprende a teoria, a gente desconhece a
(06 sujeitos)
prática, então embora eu seja da saúde tem coisas que a gente precisa tirar algumas dúvidas. E que às vezes
o próprio docente não sabe” (Entrevistado n° 28/ Saúde).
80
“As respostas dela são muito abertas e as aulas não são muito produtivas, então você não tem muita coisa
pra perguntar. Primeiro porque ela te responde de uma forma muito meia boca. Segundo, a aula é realmente
improdutiva, como se não tivesse passando nada” (Entrevistado n° 31/ Sóciojurídico).
“[...] porque não há tempo pra ficar perguntando e tirando dúvidas e nós só vemos eles uma vez por semana
e depois nem uma vez, porque as orientações começam a ser individuais e por incrível que pareça eu sempre
sou a última a ser orientada e minha orientação acontece na correria, porque ela já orientou outros antes e
demorou mais tempo, então fica meio inviável perguntar tudo”. (Entrevistado n° 42/ Saúde).
“Sim, principalmente porque alguns professores não gostam de ouvir, infelizmente é complicado quando
você faz algum questionamento e o mesmo não mostra disposto a responder” (Entrevistado n° 47/ Saúde).
“Sobre essa questão, acho relevante considerar sobre a correção dos instrumentais. No estágio I, a docente
corrigia na frente de todos os outros alunos, o que de certa forma, deixa o discente meio envergonhado,
principalmente quando o docente ri do que escrevemos, por estarmos em fase de aprendizado, acho falta de
ética expor o discente dessa forma” (Entrevistado n° 01/ Saúde).
“Sim, pois era uma professora que eu ainda não havia tido aula, ela agia de forma um pouco sarcástica
quando alguém perguntava algo, mas não parecia proposital” (Entrevistado n° 06/ Sóciojurídico).
“[...] porque ficar interrompendo aula é chato e alguns professores gostam de corrigir o discente na frente de
outros alunos, isso é constrangedor, todos nós sabemos que estamos aprendendo, a faculdade é pra aprender,
Constrangimento e sigilo ninguém sabe de tudo, acho que deveria ter mais sigilo na correção dos instrumentais e na orientação”
(05 sujeitos) (Entrevistado n° 09/ Sóciojurídico).
“[...] no estágio II, eu senti certa dificuldade, estou sentindo porque estou estudando ainda, por exemplo, ela
corrigiu o PIE na sala de aula junto com a outra professora e ela foi falando os erros em voz alta e ela foi
rindo de algumas coisas que era fora do comum, por exemplo, eu sou do sóciojurídico e eu tinha colocado lá
no meu PIE alguma coisa a ver com a carteira de vacinação quando o discente for do campo de saúde, mas
mesmo eu assim eu coloquei no meu PIE, e a professora de estágio um, não questionou porque tinha a ver
com a regulamentação do estágio, mas aí a do II, riu, então assim, eu já criei uma barreira interna que eu não
vou mais perguntar coisas dela, porque se riu, se achou engraçado, disse que tinha muita coisa errada, eu já
fico meio mal, ela tentou fazer algo muito comum na sala, mas acabou que ela não conseguiu perceber que
isso acaba constrangendo um pouco, independente se todo mundo é amigo ali, a gente fica pouco
constrangida com o erro exposto” (Entrevistado n° 13/ Sóciojurídico).
81
atividades exercidas no campo, por isso é extremante necessário à visita de acompanhamento
e o plano de trabalho construído entre os supervisores, principalmente no que se refere a
atividades práticas. Em relação às dificuldades pessoais internas, o principal responsável pelo
aprendizado é próprio discente, então se observa na fala que o discente preferiu não expor
suas dificuldades por conta da sua ausência na sala de aula.
Em relação ao comportamento no ato de correção e orientação nas aulas de estágios,
os discentes apontaram que ficaram constrangidos com algumas situações e posturas de
alguns docentes. Essa problemática está relacionada à metodologia de ensino abordada pelo
docente, mas é importante evidenciar que o discente está em fase de aprendizagem e que
possibilitar a construção do conhecimento envolve técnicas e posturas que não deixem os
discentes com receio de expor suas inseguranças, medos e dúvidas. Principalmente, porque o
docente é aquele que geralmente ouve as irregularidades que ocorrem no estágio em campo,
então se há dificuldades de comunicação, torna-se necessário refletir sobre as metodologias
abordadas pelos docentes ou começar a se pensar em avaliações estratégicas respondidas
pelos próprios discentes, que indiquem mudanças e melhorias no que se refere ao aprendizado
no estágio em campo e na universidade. Essa relação entre a supervisão de campo e ensino
também é caracterizada nas visitas de acompanhamento do supervisor de ensino nos estágios
em campo, conforme tabela a seguir.
82
há recurso que os auxiliem nessas visitas e tempo que se adeque ao do supervisor de campo,
tendo em vista que este também tem suas particularidades de tempo e demanda. Ainda assim,
a tabela 11 apresenta que no semestre 2017/02, apenas 23% (11) dos discentes não receberam
visitas de acompanhamento nos campos de estágio. Evidencia-se que no semestre 2018/01
alguns discentes receberam duas visitas, porém é preciso levar em consideração que a coleta
desta pesquisa foi realizada em período letivo, ou seja, é possível que número de visitas tenha
crescido. Segundo os discentes a carga horária dessas visitas ocorreu conforme descrimina a
tabela a seguir:
De modo geral, as visitas tiveram uma carga horária excelente, tendo em vista as
dificuldades de conciliação de tempo dos supervisores de ensino e campo, apenas o discente
da área de organização empresarial não recebeu a visita de acompanhamento nos estágio I e
II. Quanto aos discentes na área da educação, responderam que a visita estava agendada, mas
ainda não havia sido realizada. Evidencia-se que as maiores dificuldades nessas visitas não
foram sua materialização, mas sim, expor críticas ou irregularidades vivenciadas no campo de
estágio na frente de ambos os supervisores, conforme descrimina a tabela 13.
83
A tabela demonstra que os discentes que mais sentiram dificuldades estavam inseridos
na área sociojurídica e na área da saúde. O quadro a seguir especifica quais foram essas
dificuldades:
Quadro 19: Justificativas sobre as dificuldades de expor críticas ou irregularidades nas visitas de
acompanhamento
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“Acredito que todos os discentes, ficam receosos em prejudicar a nota da avaliação, embora eu tivesse uma
boa relação com a supervisora de campo, não consegui explicitar na frente de ambas, que eu só precisava
cumprir às 150 horas, no caso realizei horas extras para não perder a vaga” (Entrevistado n°01 / Saúde).
“Ninguém quer prejudicar a nota na avaliação, embora eu tivesse algumas reclamações, eu me calei porque
sempre quando eu falo algo, minha supervisora rebate, ela meio que não aceita minha opinião, então pra
evitar confusão, eu nem falei nada nas duas visitas”. (Entrevistado n°09 / Sociojurídico).
“É como eu falei, tem coisas que não dá pra falar na frente dos dois supervisores, ainda mais quando eu sei
que minha avaliação de estagiário vai definir minha nota, no estágio um a avaliação, valia cinco pontos, eu
tinha que tirar ótimo em tudo, para poder conseguir passar, mas a minha supervisora de campo não sabia
Medo de prejudicar a
disso, e ela disse que nunca daria ótimo em tudo, porque o estagiário tem que aprender. Honestamente,
avaliação
achei injusto” (Entrevistado n° 10/ Saúde).
(15 sujeitos)
“Sim, não vou negar não, eu senti dificuldade de falar algumas coisas, mas porque eu estava preocupada
com a minha nota” (Entrevistado n°14 / Sociojurídico).
“Acho que todos os alunos sentem dificuldades de questionar e contar coisas que na minha percepção não
estão de acordo com as leis de estágios, é mais fácil falar pro supervisor de ensino do que pro supervisor de
campo, agora imagina você falar na frente dos dois... é pedir para tirar nota ruim na avaliação do
estagiário” (Entrevistado n°47 / Saúde).
“A gente fica com medo da avaliação, é constrangedor, eu não sei, é muita, é porque tá as duas ali, aí você
fica meio assim, mas isso é no I, aí eu tinha outra cabeça, eu acredito que no II, isso não aconteça”
(Entrevistado n° 33/ Saúde).
“Sim, na verdade eu esperava que a professora fizesse questionamentos através de tudo que eu já tinha
contado na sala de aula, mas quando ela chegou lá, não fez perguntas pra mim, somente pra supervisora”
(Entrevistado n°08 / Sociojurídico).
Expectativa de o docente
questionar as irregularidades
“Sim, porque queria falar das irregularidades, mas não chegamos a falar de nenhuma” (Entrevistado n°46 /
vivenciadas no campo
Saúde).
(03 sujeitos)
“A questão do supervisor de campo, tinha algumas coisas que eu não concordava, então eu não tinha a
supervisão realmente como deveria, mas eu não consegui expor a situação aos dois supervisores, fiquei
esperando a professora perguntar” (Entrevistado n°30 / Sociojurídico).
Não abertura de espaço para
o estagiário contribuir com “Sim, eu sentia uma necessidade de falar assim, sobre a atuação lá dentro do assistente social, era muito
ideias e mudanças limitada para o estagiário. E eu, não gostava disso! Eu acho que deveriam dar mais espaço para o estagiário
(01 sujeito) poder contribuir com o conhecimento que ele tinha” (Entrevistado n° 02/ Assistência).
Capacitação continuada e “Na primeira vez senti, é muito difícil você estar frente a frente com dois supervisores e você contar as
renovação da profissão coisas. Porque a professora de ensino te explica o que, que é para você fazer realmente, o correto pela lei. E
(01 sujeito) o supervisor de campo se formou a mais de 20 anos, então não tem essa linha das professoras de ensino que
estão baseados na lei” (Entrevistado n° 04/ Assistência).
Interesses pessoais do
“Sim, porque minhas supervisoras se conheciam e eram amigas. Quando houve a visita o foco da conversa
docente conflitando na visita
não o estágio, na verdade não teve uma abertura para que eu falasse algo” (Entrevistado n° 07/
(01 sujeito)
Sociojurídico).
“Porque eu não queria detonar a assistente social, porque eu sentia que ela não mostrava o trabalho dela
Discente não participou da
efetivo. Eu não sentia que ela me mostrava o trabalho do assistente social como um todo, logo no primeiro,
conversa
ela me prendeu muito só a tabulação de dados, as coisas mais técnicas e não a prática mesmo e eu senti
(01 sujeito)
dificuldade na hora visita, porque elas estavam conversando só entre elas mesmo e eu fiquei no
computador, eu não participei da conversa” (Entrevistado n° 37/ Assistência).
84
O quadro aponta que as maiores causas dos discentes não exporem as irregularidades e
críticas foi o medo de prejudicar a nota na “avaliação do estagiário”, formulário que é
respondido pelo supervisor de campo que avalia o conhecimento, desempenho e compromisso
do estagiário. Essa avaliação determina se o discente se encaixa nas opções: bom, ótimo,
regular ou insuficiente. O medo de prejudicar esta avaliação se intensificou quando alguns
docentes decidiram atribuir notas de acordo com o desempenho individual de cada opção
descrita no formulário. Apenas três sujeitos tiveram expectativas que o supervisor de ensino
questionasse sobre as irregularidades vivenciadas no campo, evidencia-se que o papel de
fiscalização é do CRESS, porém existem algumas irregularidades inaceitáveis vivenciadas
pelos discentes do curso de Serviço Social que precisam ser discutidas como: estagiário ficar
na portaria da instituição; estagiário fazer café para o assistente social; estagiário ajudar no
banho de um paciente no hospital; estagiário fazer papel de secretário do assistente social;
estagiário ensinar a prática para outro assistente social;
São situações que precisam ser vistas e relatadas à coordenação de estágio. É preciso
evidenciar que essas situações ocorrem devido a fragilidades na formação do profissional
assistente social e discente. A importância da capacitação continuada e atualização no que se
refere ao processo de supervisão são essenciais. Outra situação que ficou evidente nas falas é
o compromisso ético com o seu papel, a visita tem objetivos e não é um momento de encontro
particular, talvez seja necessário pensar em estratégias que direcionem essas visitas de acordo
com as dificuldades apresentadas na sala de aula. Outra característica apresentada no quadro
19 refere-se a não participação do discente no momento da conversa na visita do supervisor de
ensino no campo de estágio, em contraste cabe destacar duas percepções de discentes que
descrevem a participação de supervisores de ensino que questionaram as irregularidades e
proporcionaram uma interação entre os sujeitos envolvidos no processo de estágio.
“Não, porque na visita que ela fez, ela fez com que houvesse uma interação entre eu
a supervisora e ela. Ela fez perguntas pra mim referentes à supervisora, fez
perguntas pra supervisora referente a mim, não foi uma visita só pra ver se eu tinha
supervisora, ela realmente quis que eu falasse coisas pra minha supervisora e a
minha supervisora também falou coisas de mim, então ela conseguiu inteirar a
conversa” (Entrevistado n°13 / Sociojurídico).
85
Observa-se na fala das discentes que dificuldades foram resolvidas e que a
comunicação fluiu em articulação com os três sujeitos envolvidos no estágio. Quando os
discentes foram questionados sobre a eficácia da visita no estágio em campo, o gráfico 14
demonstra que tanto no estágio I, quanto no II, as visitas foram eficazes.
11
6 3 13% 58% 6% 2 4% 23%
ESTÁGIO I % ESTÁGIO I I %
Tabela 14: visão dos discentes sobre as dificuldades vivenciadas no acompanhamento do estagiário pelo
supervisor de ensino
Tabela 15: Motivos da indisponibilidade de tempo do supervisor de campo para dar orientações no estágio
“[...] é o trabalho que afeta o tempo da supervisão [...] eu sinto que a gente meio que
se orienta [...] Ela fica bem pouco com a gente [...] mas ela é daquelas que se você
perguntar, ela te orienta. Mas é muito do aluno ir procurar ela [...] é mais o aluno ser
autônomo e ir lá perguntar” (Entrevistado n°33 / Saúde).
[...] é muito trabalho e você acaba sendo jogado algumas vezes, [...] eu tenho que
fazer umas atividades que eu não sei como fazer, eu fico muito insegura [...] aí ela
tem que trabalhar em outras coisas e eu fico meio que sozinha [...] ela não tem muito
tempo nesse sentido, mas quando ela pode, ela me orienta, me supervisiona, mas em
alguns momentos eu fico meio que vai” (Entrevistado n°31 / Sociojurídico).
Observa-se nas falas que as orientações de estágio têm ocorrido no momento em que o
assistente social executa alguma atividade ou quando o discente questiona ou tira dúvidas
sobre as atividades institucionais. A pesquisa demonstra que os discentes possuem noção das
causas desses problemas. O gráfico 15 aponta a visão do discente sobre os condicionantes da
indisponibilidade de tempo do supervisor de campo para dar orientações.
Gráfico 15: Visão dos discentes sobre as causas da indisponibilidade de tempo do supervisor de campo para
dar orientações no estágio I e II
77,08% 72,91%
REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES
INTENSA E EXTENSA FALTA DE ORGANIZAÇÃO E FALTA DE CONHECIMENTO
QUE NÃO SÃO
JORNADA DE TRABALHO DO PLANEJAMENTO DA SOBRE O PAPEL DA
COMPETÊNCIAS DO
ASSISTENTE SOCIAL SUPERVISÃO DE CAMPO SUPERVISÃO
ASSISTENTE SOCIAL
ESTÁGIO I 37 14 17 9
ESTÁGIO II 35 15 16 9
O gráfico sinaliza que as maiores causas estão relacionadas à intensa e extensa jornada
de trabalho e realização de atividades que não são competências da categoria. Pressupõe-se
89
que o exercício profissional tem uma tendência a se confundir com outros exercícios, diante
disso, há uma sobrecarga que ocasiona uma limitação no tempo de supervisão. Um dos fatores
condicionantes deste problema é a intensa jornada de trabalho do assistente social, pois os
espaços sócios ocupacionais exigem, por muitas vezes a realização de atividades que não são
privativas ao serviço social, gerando uma sobrecarga para o assistente social. Esse
condicionante, geralmente está ligado a outro desafio da categoria, que é ter conhecimento das
competências e atribuições do assistente social, problemática que está estreitamente articulada
com a formação profissional. É nesta perspectiva, que alguns profissionais realizam atividades
que não são privativas da categoria, propiciando um desalinho sobre as reais competências
privativas do assistente social. O quadro 21 apresenta a opinião dos discentes sobre esses
problemas.
“Existe uma série de atividades que o assistente social precisa fazer, o trabalho no âmbito sócio jurídico
requer uma seriedade porque trabalhamos com processos e qualquer erro, pode ocasionar grandes problemas
burocráticos, geralmente essas atividades tomam a maior parte do tempo da assistente social e não sobra um
tempo para conversamos, ela ensina as coisas, mas não é algo programado, é algo rápido quando ela tem
tempo, ou quando faço algo errado” (Entrevistado n°08/ Sociojurídico).
“O trabalho em si, é exaustivo, é muita demanda, uma OSCIP pegando a demanda de um CRAS, é muito
A - Intensa e Extensa
cansativo, por exemplo, o tempo que nós devíamos estar fazendo fichas sociais, nós estamos organizando a
Jornada de Trabalho
parte cultural do PACE, o Serviço Social dá uma ajuda, mas é um tempo perdido porque não tem nada a ver
(25 sujeitos)
com o serviço social” (Entrevistado n°15 / Assistência).
“Olha lá onde eu tô é meio complicado, eles já querem nos explorar. O problema não é a falta de
conhecimento sobre o papel da supervisão, é o que tá acima dele, eu escuto muito isso lá no meu estágio, ela
é muito alienada a pessoa que tá acima dela, então ela só faz o que a pessoa lá em cima da à ordem pra ela
fazer, tem coisas que não é competência do serviço social fazer, mas ela realiza”. (Entrevistado n°20 /
Saúde).
“No estágio I e II, eu tive o acompanhamento do mesmo supervisor de campo, porém, no estágio II estou
sem nenhum acompanhamento documentado, quando tenho dúvidas questiono do assistente social que está
na escala. Todos os itens marcados fazem parte da rotina na saúde, pois o assistente social exerce muitas
atividades e na maioria das vezes, coisas que não são da sua atribuição privativa. No meu caso, sou a
primeira discente a ser supervisionada pela minha supervisora, é notório, a falta de organização e
planejamento da mesma, o trabalho a ser exercido no setor, afeta fortemente nosso tempo de supervisão. Um
exemplo é que ela demorou quase dois meses pra fazer a correção dos meus instrumentais e a professora de
ensino, me cobrando a entrega, mas eu não podia ficar cobrando da supervisora de campo” (Entrevistado n°
B - Organização e 01/ Saúde).
Planejamento
“No meu caso, o maior problema foi à falta de organização da supervisora de campo, ela é uma pessoa
(08 sujeitos)
muita legal, porém é muito desorganizada. Eu me atrasei à entrega dos instrumentais por conta dela, ela
deixou para ler em última hora e queria que eu fizesse alterações. Essa desorganização dela afeta o nosso
tempo de supervisão, ela até tem tempo disponível, mas não consegue administrar esse tempo”
(Entrevistado n°07 / Sociojurídico).
“Eu acho que é assim, falta um pouco de interesse deles, deixam a gente muita à vontade e a gente acaba
fazendo no dia-a-dia, tu aprende aquilo que é mandado, você fica tipo que por conta, aí quando você tem
duvida de algo, você acaba perguntando por si só para entender” (Entrevistado n°42 / Saúde).
“O supervisor não tem ideia de supervisão, é como falei, se formou há vinte e seis anos, está um pouco
longe da realidade da universidade atual” (Entrevistado n° 04/ Assistência).
Capacitação Continuada
“Nós aprendemos na sala de aula que o estágio é espaço de formação, mas nem sempre isso é refletido
(04 sujeitos)
dentro do campo, pois às vezes os supervisores de campo acham que a gente já deve saber de certas coisas,
ficam chateados quando perguntamos algo ou dizemos que não sabemos, parece que a partir do momento
que chegamos lá, é a folga deles, como se fossemos uma espécie de secretários deles, isso só mostra o
quanto eles não conhecem o papel da supervisão. Acredito que a maior causa é a formação deles, eles
90
estudaram em uma época que o serviço social tinha um caráter mais conservador e faz tanto tempo que eles
estiveram em uma sala aula, que não sabem como fazer a profissão diferente” (Entrevistado n°09 /
Sociojurídico).
“Só quem estagia na saúde, sabe como aparecem coisas pro serviço social, que não são da competência da
profissão, às vezes chegamos até a fazer mais coisas que não são da competência do que as reais demandas.
Mais isso de certa forma está ligado ao modo de trabalho do assistente social, alguns não fazem, outros
fazem, que é caso da minha supervisora, ela já é uma senhora, então na cabeça dela o serviço social tem que
fazer tudo, tem resolver até o que é não é da alçada dele, eu tive bastante problema no início para poder
entender qual era o papel do assistente social, mas ai observei os estagiários mais antigos e as outras
assistentes sociais e fui começando a entender . Acho que minha supervisora precisa passar por uma
atualização ou uma capacitação sobre a supervisão, porque realmente ela já tem anos nessa área e muitas
coisas mudaram desde a época que ela estudava” (Entrevistado n° 10/ Saúde).
“Todas as opções estão presentes no cotidiano do estagiário, acredito que tem muita influência do que a
instituição pede. Existe uma alta demandas de atendimentos e meio que somos obrigados a bater uma meta
de atendimentos. A maioria das assistentes sociais do meu setor tiveram uma formação bem antiga,
inclusive minha supervisora disse que o TCC dela teve oito laudas, então daí já da pra tirar, que a formação
é bem antiga. Eu acho que tem um despreparo, sabe, essa falta de conhecimento das competências é o maior
problema, porque isso é o que sobrecarrega o dia-a-dia do profissional e como estagiária eu tenho que fazer
o que elas pedem” (Entrevistado n°11 / Saúde).
“No estágio na área da saúde nunca havia tempo para tirar dúvidas, eu até chegava a anotar, porem minha
supervisora não parava e eu descia tarde das visitas ao leito. Eram muitas atividades ela me mandava fazer
coisas que na minha percepção, eram muito difíceis pra quem estava iniciando, deveria ter um pouco mais
de orientação e compreensão da parte dela. Fora que realizávamos muitas coisas que eram do serviço da
nutrição e não do serviço social. Percebi que minha supervisora acreditava no assistencialismo, assistente
Inversão e substituição de
social boa era aquela que fazia tudo, eu não concordei com muitas coisas e recebi regular na minha
papéis no estágio
avaliação de estagiária e isso prejudicou muito a minha nota. No estágio dois, não me sinto tão perdida,
(02 sujeitos)
porém quem me supervisiona de verdade, é a outra estagiária, porque foi ela quem ensinou praticamente
tudo.” (Entrevistado n°12 / Assistência).
“Ela não tinha um arcabouço teórico-metodológico, ela agia muito pela prática do dia -a -dia e eu que
levava o conhecimento crítico para ela, era uma relação de troca, só que era de mim para ela e não dela para
mim era meio que ensino e aprendizagem para ela”. (Entrevistado n°38 / Sociojurídico).
Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.
O ideal é que o discente tire dúvidas com seu supervisor ou outro assistente social do
setor. A tabela apresenta um número significativo de discentes que recebem orientações de
92
outros estagiários. Quando questionados sobre quais orientações receberam dos estagiários,
48% (23) apontaram que receberam orientações sobre as competências profissionais do
assistente social na instituição e outras como o preenchimento dos instrumentos de trabalho
do assistente social e normas e procedimentos da instituição. Essas situações ocorrem quando
discente fica sem o acompanhamento do assistente social, conforme demonstra a tabela a
seguir.
Tabela 17: Momentos que o discente ficou sem acompanhamento do supervisor de campo
Legenda:
A – Quando o assistente social falta o trabalho;
B – Quando a escala do supervisor de campo é diferente da escala do estagiário;
C – Quando o assistente social acha que posso resolver a situação sozinha (a);
D – Outra opção;
93
Quadro 22: Justificativas sobre a ausência de acompanhamento no estágio
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“No estágio II, estou sem acompanhamento, pois minha supervisora está de licença [...] quando tenho
dúvidas pergunto de outro assistente social, mas a realidade é que já sou vista como profissional,
Acompanhamento por outros cheguei até ensinar para assistentes sociais novas como funcionava o exercício, o que me deixou
profissionais sem Supervisão bastante chateada, pois a instituição deveria fazer um treinamento com outro assistente social ensinando
e não o estagiário que está em fase de aprendizagem. A falta de acompanhamento tem causado muitas
dificuldades pra mim, enquanto realizo os atendimentos, o assistente social fica [...] sentado na cadeira
mexendo no celular, outros acham que devo fazer tudo. São coisas que não aconteceriam se minha
supervisora estivesse presente” (Entrevistado n° 01/ Saúde).
“Já aconteceu de ficar com outra supervisora, outra pessoa acompanhando, mas não supervisionando”
(Entrevistado n° 33/ Saúde).
Acompanhamento por outros “Quando ela faltava, eu ficava com as estagiárias mais antigas, então eu pedia orientação delas”
estagiários (Entrevistado n° 14/ Sociojurídico).
Ausência do supervisor nas “Sim, muitas vezes fiz e faço às visitas sozinha, e também da mesma forma fazer o acompanhamento
atividades privativas do nos questionários, fiz sozinha” (Entrevistado n°04 / Assistência).
Assistente Social
“Ela me deixa sozinha o tempo todo, por exemplo, hoje eu fui e fiquei sozinha lá em cima, porque não
tinha ninguém, aí quando eu desci, ela me deixou preenchendo uns negócios da mesa Brasil e foi lá para
frente, tipo assim, ela não faz questão de ficar com a gente direto, só quando ela não tem alguma
reunião, quando ela não tem nada para fazer que ela fica, não é uma prioridade para ela” (Entrevistado
n°37 / Assistência).
“No estágio I era mais a situação das reuniões, que ela tinha que ir e como te falei, só tinha uma
assistente social, no ambulatório, então era ela ou ela, ainda ela tinha que ir, não tinha como ela não ir,
então eu ficava com a outra estagiaria, que era os momentos que eu ficava sozinha. No II, ela ficou de
férias uma vez, mas veio uma outra profissional [...] Eu fico toda hora perguntando, eu não permito que
ela me deixe sozinha, eu não permito que ela me dê autonomia” (Entrevistado n°31 / Sociojurídico).
“É na situação mesmo da demanda, de repente um dia que dá muitos usuários e não tem como atender
de forma individual, então aquilo que eu já sabia fazer o acolhimento, fazer os primeiros atendimentos,
eu podia fazer sozinha, mas quando era necessário fazer encaminhamentos, necessário um atendimento
mas aplicado eu precisava da supervisão” (Entrevistado n° 41/ Sociojurídico).
“Logo no início, foi aquela complicação de sair um pouco da rotina de estágio não obrigatório, para
Falta de conhecimento sobre as obrigatório supervisionado, aí houve essa dificuldade, por que, por exemplo, elas estavam acostumada
diferenças dos Estágios já, por eu ter um tempo já anterior no campo de estágio, elas já estavam deixando eu fazer o
atendimento sozinha, entrevistas sociais e tudo mais sozinha e depois só conversava antes, sobre o que
precisava ser pautado, sobre o que precisava ser coletado, ai eu coletava sozinha com a pessoa ou com a
família, as pessoas envolvidas e depois levava os dados coletados para conversar com ela a respeito, a
justificativa que ela utilizava é que ela dá autonomia pro estagiário, então ela não fica, não ficava 24
horas ali, mas hoje de certa forma, isso já foi solucionado, porque o quê que acontece, como a demanda
e o fluxo é muito alto e nem todas as assistentes sociais têm estagiários, quando existe esse choque de
horários, aí se tiver alguma disponível elas falam, “orienta ela nesse processo para não deixar a
estagiária sozinha”, para sempre ter alguém acompanhando".(Entrevistado n°32 / Sociojurídico).
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
31 33
17 15
35% 31% 65% 69%
SIM % NÃO %
Fonte: Pesquisa de Campo –2018/01.
O gráfico apresenta uma leve queda do semestre 2017/02 para o 2018/01, observou-se
na aplicação do formulário que os discentes não possuíam conhecimento sobre o “plano de
trabalho” explicitado na PNE 2010 e PPC 2009, ficou evidente que eles confundiam o
planejamento das atividades com organização e divisão de tarefas a serem desenvolvidas na
rotina do dia em relação a demandas institucionais. O quadro 23 apresenta as justificativas dos
discentes sobre a ausência do plano de trabalho.
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
Orientação da Rotina do Dia “Ela não tem de certa forma um roteiro de planejamento, mas a gente sempre tá conversando pelas
(19 sujeitos) manhãs, as atividades, o que a gente tem que fazer, quando a gente vai fazer um atendimento a gente
sempre planeja antes, só falta essa questão ainda de ela materializar isso, de criar um plano de trabalho”
(Entrevistado n°05 / Sociojurídico).
“Não há um planejamento, dependendo da demanda do dia, nós sentamos e nos organizamos de acordo
95
com aquilo que temos que resolver no dia” (Entrevistado n°15 / Assistência).
“Não, roteiro não, mas sem ser de forma formal, sim, mas com roteiro tipo papel não, informal sim”
(Entrevistado n° 25/ Saúde).
“Isso aconteceu no estudo de casa, que são realizados nas sextas-feiras, existe um planejamento á ser
seguido, porque são todos os profissionais juntos e cada um vai falando, dando seu parecer para chegar a
um resultado final, então existe um planejamento sobre isso, os estudos de casa” (Entrevistado n°26 /
Educação).
“Não, em nenhum dos estágios foi definido o que iriamos fazer, o que acontece é que você chega lá e
Aprendizado no cotidiano aprende de acordo com a demanda no cotidiano” (Entrevistado n°12 / Assistência).
(12 sujeitos)
“Não, me mostrou assim, como funcionava a rotina na internação, e aí eu ia conhecendo a rotina, e aí
durante as atividades tinha a supervisão, no I e no II" (Entrevistado n°40 / Saúde).
“Só mostrou mesmo como era o trabalho, como trabalho deveria ser feito” (Entrevistado n° 41/
Sociojurídico).
“No II tá sendo construído, que é a ideia do próprio projeto de intervenção, construir um plano de
trabalho” (Entrevistado n° 38/ Sociojurídico).
Construção do Plano de Trabalho
(02 sujeitos) “No estágio II, só teve uma apresentação, mas até elas admitem, mas no II as meninas disseram que vão
fazer ainda, só que não faz nem sentido, a gente está quase no fim do estágio, apresentar agora”
(Entrevistado n°33 / Saúde).
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
32 32
7 5 9 11
67% 67% 15% 10% 19% 23%
Observa-se que poucos discentes tiveram dificuldades com esta situação, tendo uma
queda no semestre 2018/01. Em relação aos discentes que optaram por outra resposta, o
quadro abaixo descrimina as percepções dos discentes.
Quadro 24: Opinião dos discentes sobre o posicionamento dos supervisores quanto ao estágio como espaço de
formação
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“Porque ela confunde supervisão com trabalho, ela acha que sou uma secretária, tipo uma funcionária dela,
Confusão de supervisão com faço coisas que não era pra fazer e tenho consciência, faço mais para ajudar” (Entrevistado n°04 /
trabalho Assistência).
(04 sujeitos)
“Ela entende, mas às vezes faz umas cobranças estranhas, como se eu tivesse que mostrar trabalho pra ela”
(Entrevistado n° 07/ Sociojurídico).
“Percebi que sou tratada como alguém que exerce um trabalho, as cobranças que me fazem são as cobranças
de produtividade, tanto meu supervisor quantos outros profissionais do setor, entendem que estágio é espaço
de formação, mas as cobranças são de uma postura de profissionais que não entendem, embora tenham um
discurso bonito, sou vista como o estagiário que tem que atender a demanda, principalmente agora que sou
bolsista” (Entrevistado n°01 / Saúde).
Sem espaço para contribuir
com ideias “Elas entendem, porém não ajudam. E não dão abertura para você contribuir, dar ideias” (Entrevistado n°
(01 sujeito) 02/ Assistência).
Estagiário é Mão de Obra “Minha supervisora entende, quem não entende é a instituição” (Entrevistado n°06 / Sociojurídico).
barata na visão da Instituição
“Isso é uma situação muito complicada, porque querendo ou não a instituição sempre vê o estagiário como
(03 sujeitos) trabalhador, nos temos que mostrar dados quantitativos do que o setor está fazendo e mesmo que minha
supervisora saiba que estágio é espaço de formação ainda assim existe uma cobrança de produtividade,
como eu falei antes, o sócio jurídico é um âmbito muito sério e impressão que passa pra mim, é que não
posso cometer erros porque não posso causar problemas” (Entrevistado n°08 / Sociojurídico).
“Lá é meu local de trabalho, então o fato é que estou lá para trabalhar, então não tem esse parâmetro de
definição se estamos lá pra aprender ou somar com os colaboradores” (Entrevistado n°48 / Empresa).
Ações contrapostas ao “Entender, ela entende, mas o agir profissional dela é como se ela não compreendesse” (Entrevistado n° 09/
conhecimento Sociojurídico).
(07 sujeitos)
“No estágio um, ela tinha um discurso bem bonito, porém a objetivação se resumia em produção, apenas
trabalho. No dois, meu supervisor entende, porém ainda tem aquela ideia de que estamos fazendo um
trabalho e não aprendendo” (Entrevistado n°12 / Assistência).
“Entender, ela entende, sim! O negocio é que nas atitudes delas, não parece entender, sempre tem
questionamentos como: “Você não aprendeu isso nas aulas?” Às vezes são coisas que nem são competências
do assistente social!” (Entrevistado n°27 / Sociojurídico).
97
“Entender, eles até entendem e sabem que o estágio é espaço de formação para qualquer aluno, o que
acontece é que quando você se depara com a rotina, você percebe que o assistente social é mil e uma
utilidades dentro de uma instituição e querendo ou não o estagiário se torna como ele, é nessa correria que as
vezes esquecem que o estagiário ainda está aprendendo e tem uma cobrança maior, uma que não deveria ser
dada, porque estamos lá para auxiliar e não fazer o papel do assistente social” (Entrevistado n°47 / Saúde).
Não acompanhamento da “Não, porque a ideia que ela tem da profissão é bem distante da realidade de hoje, para ela temos que fazer
renovação da profissão tudo, assistente social bom é aquele que faz tudo e ela é a chefe do setor, os assistentes sociais mais novos,
batem de frente com ela, mas não ela não aceita” (Entrevistado n°10 / Saúde).
(02 sujeitos)
“Não, é como eu disse ela tem uma formação antiga, então a base é que você precisa mostrar que está
trabalhando, ela tem muita dificuldade para mexer com computador, então eu fico mais nessa parte e quando
não sei dar uma informação ou algo referente ao trabalho realizado lá, ela fica questionando se eu não
estudei na graduação” (Entrevistado n°11 / Saúde).
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
27 25 13 13
56% 52% 10 27% 21% 8 17% 27%
Quadro 25: Justificativa sobre a ausência da participação efetiva dos supervisores de campo na elaboração e
construção dos instrumentais de Estágio Supervisionado I e II
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“Não, tudo foi feito por mim mesmo” (Entrevistado n°48 / Empresa).
Superficialmente “Mais ou menos, ela deu uma lida bem rápida e assinou os documentos” (Entrevistado n° 08/ Sociojurídico).
(07 sujeitos)
“Não, ela olhou apenas uma vez e já assinou, nem verificou se eu havia escrito algo que não podia estar no
relatório” (Entrevistado n° 09/ Sociojurídico).
“Mais ou menos, ela deu uma olhada bem rápida e me perguntou algumas coisas e assinou, mas tudo foi
escrito e elaborado somente por mim”. (Entrevistado n° 11/ Saúde).
“Apesar de ter uma boa supervisora, ela apenas olhou o documento de modo rápido e assinou” (Entrevistado
n° 18/ Sociojurídico).
“Tiveram, mas é só para ver se está de acordo com aquilo que condiz na unidade, mas assim,
participativamente ou orientar, não!” (Entrevistado n°42 / Saúde).
“Não considerei que foi efetivo, pois quem construiu tudo fui eu, o supervisor apenas assinou e fez algumas
restrições do que na opinião dele não podia entrar no relatório e pie” (Entrevistado n°47 / Saúde).
Atraso por parte do “O supervisor não teve uma participação efetiva no estágio I, no II tem sido complicado por conta da
supervisor licença, mas tenho enviado através de e-mail, mas não obtive nenhuma resposta no momento atual”.
(04 sujeitos) (Entrevistado n°01 / Saúde).
“Participou, mas sempre no último momento. Agora no estágio dois, eu já entreguei com antecedência, mas
ela ainda não em devolveu” (Entrevistado n°07 / Sociojurídico).
“Para falar a verdade, minha supervisora no I, era bem difícil ela sentar comigo, Porque ela nem aparecia às
vezes no plantão dela, eu nunca entendi essa jogada, por isso que eu fiquei mais desanimada, porque eu não
sei o que acontecia, ela é a assistente social lá no 28, mas às vezes ela não aparecia e eu ficava com uma
outra assistente social que fazia permuta com ela, era com ela que eu ficava” (Entrevistado n°44 / Saúde).
“Na minha opinião não foi muito participativa e eu até precisei de ajuda em algumas coisas a quais eu estava
com dúvidas, eu tinha um prazo pra entregar os instrumentais e entreguei atrasada porque ela não conseguiu
ler” (Entrevistado n°46 / Saúde).
Gráfico 19: Visão dos discentes sobre qualidade da supervisão de campo no estágio I e II
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
33 31
13 13
2 4 69% 65%
4% 8% 27% 27%
Quadro 26: Opinião dos discentes entrevistados sobre a qualidade da supervisão de campo
CATEGORIAS ELABORADAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“No estágio I, embora tivesse muitas dificuldades tive o acompanhamento do supervisor de campo, foi
no estágio II, por conta da licença que acredito que a qualidade é ineficaz, principalmente porque realizo
Ausência do supervisor e o estágio não-curricular no mesmo local, não ter o acompanhamento da minha supervisora, me deixou
pluralidade de opiniões na forma suscetível ao comando de várias pessoas, e por ser plantão a pluralidade de opiniões é grande, não existe
de materializar as ações um assistente social chefe, o que deixa o setor muito desorganizado, enquanto alguns só realizam
atividades da competência, outros acreditam no assistencialismo, naquele assistente social que faz tudo,
(01 sujeito) [...]esse perfil de assistente social, não compreende que estou aprendendo e o quanto é confuso
trabalhar seguindo instruções de várias pessoas, modos diferentes de materializar as ações”
(Entrevistado n° 01/ Saúde).
“Totalmente ineficaz, mas ainda assim aprendi muita coisa, principalmente como não ser um
Contribuição do ineficaz no profissional igual a minha supervisora de campo” (Entrevistado n° 10/ Saúde).
aprendizado
“Ineficaz, porém aprendi bastante coisas, mas a qualidade deveria melhorar muito” (Entrevistado n°11 /
(04 sujeitos) Saúde).
“Não sei se seria ineficaz, para mim seria “regular” porque você acaba fazendo um julgamento daquilo
que não quer ser, a minha supervisora é regular” (Entrevistado n° 04/ Assistência).
“Foi mais ou menos, não foi tão ineficaz, mas também não foi ótima, porque mesmo com as limitações
eu aprendi muito com meu supervisor” (Entrevistado n° 48/ Empresa).
100
Conhecimento do Papel da “No um foi ineficaz, porque ficou a desejar, acredito que não só o estagiário precisa se esforçar para
Supervisão desempenhar um bom trabalho, o supervisor tem que entender que ele também faz parte desse processo
e precisa entender que fomos pra lá pra aprender e não somente executar um trabalho. Se ele se
(01 sujeito) disponibilizou a supervisionar, ele deveria supervisionar com qualidade. No dois, eu acho que está
sendo meio termo, meu supervisor é um bom supervisor, só que falta tempo pra ele me orientar”
(Entrevistado n° 12/ Assistência).
Supervisão Boa/Insuficiente “Acho que definiria que essa supervisão não é o suficiente” (Entrevistado n° 09/ Sociojurídico).
(07 sujeitos) “[...]não é ineficaz, porque eu não sou totalmente abandonada, digamos assim pelo supervisor de
campo, mas ela também não é eficaz, porque o meu supervisor ele não tá sempre ali para me orientar,
então eu sinto essa dificuldade, porque às vezes a gente tem que fazer do jeito que a gente acha que é
certo e ele só vai ver os resultados, ele não trabalha ativamente no processo, digamos assim, é mais nos
resultados, por isso que é outro” (Entrevistado n° 43/ Sociojurídico).
“Não posso dizer que foi ineficaz, porque aprendi muitas coisas, mas também não foi tão eficaz assim,
como disse, estamos aprendendo juntas” (Entrevistado n°27 / Sociojurídico).
“Não foi eficaz e nem ineficaz. Acho que está sendo boa, mas tem muita coisa para ser melhorada”
(Entrevistado n°46 / Saúde).
“Defino como boa, pois acredito que poderia ter sido melhor, talvez no estágio III eu já não sinta tantas
dificuldades” (Entrevistado n° 47/ Saúde).
“Porque a partir da vivência no campo de estágio você consegue detectar muitas coisas da relação teoria e
prática. Você vai fazer uma autocrítica [...] você vai fazer até perguntas, questionamentos, você vai tirar
EDUCAÇÃO
dúvidas, você pode de alguma forma contribuir no seu campo de estágio, com algo pela sua formação”
(02 sujeitos)
(Entrevistado n°26 / Educação).
Relação da Teoria e Prática
“Porque através dele, é que você vai ter embasamento da sua prática, é através do estágio, que você tem
aquela visão mais aprofundada do que realmente é a realidade” (Entrevistado n°35 / Educação).
EMPRESA
“Importante pra entendermos como funciona o serviço social na sua prática e na sua teoria” (Entrevistado
(01 sujeito)
n°48 / Empresa).
Relação da Teoria e Prática
102
os discentes compreenderam os objetivos do estágio e entendem a importância da unidade
entre teoria e prática como uma preparação para a futura atuação profissional. De acordo com
a opinião dos discentes foi eficaz a qualidade de aprendizado no desenvolvimento da
disciplina na universidade e campo, conforme demonstra a tabela a seguir:
Tabela 18: Visão sobre o aprendizado individual dos discentes nos Estágios Supervisionados
ESTÁGIO I - 2017/02 EFICAZ INEFICAZ OUTRO ESTÁGIO II - 2018/01 EFICAZ INEFICAZ OUTRO
SAÚDE 13; 27% 06; 13% 01; 2% SAÚDE 16; 33% 03; 6% 01; 2%
SÓCIO JURÍDICO 18; 38% 01; 2% 01; 2% SÓCIO JURÍDICO 19; 40% - 01; 2%
ASSISTÊNCIA 01; 2% 01; 2% 01; 2% ASSISTÊNCIA 03; 6% 01; 2% 01; 2%
EDUCAÇÃO 01; 2% 01; 2% 01; 2% EDUCAÇÃO 02; 4% - -
EMPRESA - 01; 2% - EMPRESA - 01; 2% -
HABITAÇÃO 01; 2% - - - - - -
ENSINO PESQUISA E EXTENSÃO 01; 2% - - - - - -
TOTAL 35; 73% 09; 19% 04; 8% TOTAL 40; 83% 05; 10% 03; 6%
Observa-se que no Estágio I, apenas 19% (09) dos discentes relataram que o
aprendizado foi ineficaz, tendo uma queda no Estágio II para 10% (05). Apesar de o
quantitativo ser pequeno, é uma porcentagem que precisa ser levada em consideração, pois o
estágio assume papel central no que se refere em fazer a relação teoria-prática. Logo, se o
discente considera seu aprendizado ineficaz, isso quer dizer, que houve dificuldades nos
campos de inserção na compreensão do papel do assistente social e dificuldades em
transformar a teoria em prática. Essas dificuldades geralmente são causadas pela falta de
leitura teórica dos discentes, inclusive foram pontos mencionados pelos discentes que optaram
em responder a “opção outro”, conforme menciona o quadro 28 a seguir.
Quadro 28: Visão dos discentes sobre o aprendizado nos estágios nos semestres 2017/02 e 2018/01
CATEGORIAS
ELABORADAS A PARTIR
DA ANÁLISE DE TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
CONTEÚDO.
“Eu ainda estou estagiando, eu estou no estágio dois, então eu me considero aprendendo o tempo
todo. Mas eu considero que os supervisores da universidade, são bem melhores que os de campo”
(Entrevistado n° 04/ Assistência).
Aprendizado contínuo
através de leituras “Até agora tá sendo bom, não tá sendo ótimo, porque eu ainda preciso aprender um pouco mais
tanto na sala de aula, como lá mesmo na prática, eu ainda tenho muitas dúvidas, muitos
questionamentos, a questão da experiência ainda tem muita coisa pra aprender, então eu não acho
que tá ótimo, eu preciso aprender mais coisas.” (Entrevistado n° 14/ Sociojurídico).
103
“Acredito que como o estágio I, ele foi mais à observação mesmo, você fica mais tempo sem fazer
muitas perguntas, porque é um campo da educação, mas é uma educação especial , é um outro
segmento da educação, então o estágio é mais na observação. Já no estágio II, que a gente já está
mais seguro de perguntar, a gente está mais seguro até de dar opinião, de dizer alguma coisa eu
penso que foi mais proveitoso no II,. Por isso considero que não foi eficaz e nem eficaz, estou
aprendendo ainda” (Entrevistado n° 26/ Educação).
“Olha, o aprendizado depende 100% do estudante, a instituição influência porque ela tem toda
aquela carga que impõe na gente, porque é uma instituição pública com mais de 100 anos, então
eu boto muita fé nessa carga de responsabilidade, pra mim eu tenho que a instituição UFAM é
uma das melhores e eu tenho que dar o melhor de mim. E no momento não tô fazendo isso,
quando isso acontece eu paro dou um tempo e me reinvento, porque eu preciso ler, sem eu me
preparar eu não consigo ser 100% UFAM”. (Entrevistado n° 48/ Saúde).
“Não foi eficaz e nem ineficaz, porque eu tinha muita dificuldade, não participava de reuniões, eu
não sabia do que se tratava com os usuários, era um trabalho muito mecanizado de assinar papel e
resolver papel, arquivo, essas coisas, então eu meio que não aprendi de modo adequado e como
ainda fazendo o dois, eu acho que preciso ler mais pro meu aprendizado melhorar” (Entrevistado
n° 42/ Saúde).
Fonte: Pesquisa de Campo – 2018/01.
Gráfico 20: Grau de conhecimento dos instrumentos legais norteadores no Estágio Supervisionado
44 44
39
36
30
28
15
12
8
6 5
4 4 3
1 2 1 2 2 2
Lei Nº8.662/1993 Código de Ética Diretrizes Política Nacional Lei Nº11. Resolução CFESS
- do/a Assistente Curriculares da de Estágio – PNE 788/2008 - Lei de Nº 533/2008
Regulamentação Social (1993) ABEPSS (1996) (2010) Estágio
da Profissão
104
Levando em consideração que os espaços de inserção apresentam múltiplas faces das
expressões da questão social e contradições institucionais que podem gerar confusão no
processo de apreensão do discente, cabe salientar a importância dos instrumentos legais
norteadores da profissão. Nesta perspectiva, a compreensão dos instrumentos legais e
políticos da profissão são essenciais no processo de formação e atuação profissional. No
tocante aos instrumentos legais e políticos que estão na base da graduação, ficou evidente que
grande parte dos discentes já conhece e leu sobre as leis de regulamentação da profissão e
outros instrumentos norteadores como o código de ética. O gráfico apresenta que poucos
alunos ainda não leram sobre as temáticas específica do estágio, sendo uma delas um dos
principais norteadores para a materialização do estágio, a resolução CFESS Nº 533/2008 que
é o documento que regulamenta a supervisão direta em de estágio em Serviço Social.
Em relação à contribuição do estágio para atuação profissional o gráfico 21 apresenta a
opinião dos discentes quantos aos rumos profissionais a serem seguidos após a conclusão da
graduação.
Gráfico 21: Quantitativo geral de discentes que pretendem seguir carreira na área de estágio
16 17
10
8
ESTÁGIO I % ESTÁGIO II %
O gráfico indica uma pequena mudança em relação aos discentes que pretendem
seguir carreira na área de estágio. A experiência no estágio geralmente é o primeiro contato
do discente com mundo de trabalho do assistente social. É o momento em que ele se
familiariza com a profissão, assimilando suas ambiguidades e contradições. A vivência no
campo de estágio possibilita conhecer os vários segmentos e desafios específicos de cada área
e possibilita a identificação do discente com o perfil que mais lhe agrada. Nesse sentido, as
causas dos discentes que optaram por não seguir carreiras desvelam-se em três motivos: a)
não identificação com área, b) experiências frustrantes; c) profissional desvalorizado
105
financeiramente; Essas situações também são mencionadas pelos discentes que optaram por
responder a opção “outro”, conforme demonstra o quadro a seguir:
Quadro 29: Justificativa dos discentes que não irão seguir carreira na área de estágio
CATEGORIAS
ELABORADAS A PARTIR DA TRANSCRIÇÃO DE TRECHOS DAS NARRATIVAS DOS ENTREVISTADOS
ANÁLISE DE CONTEÚDO.
“Eu já havia cursado a disciplina estágio um e já havia reprovada por falta de comunicação com
minha supervisora de campo, a minha experiência na saúde foi péssima. Eu não queria mais essa área,
mas quando começou o novo semestre foi a única área que consegui me inserir. A experiência vivida
no estágio I e II, me mostrou a realidade da área da saúde, as atividades exercidas, em sua maioria,
não são competências do assistente social, o que desgasta e estressa tanto o discente, quanto
supervisor de campo, antes eu não me identificava e agora tenho certeza que não terei êxito estando
Não identificação com área na saúde” (Entrevistado n° 01/ Saúde).
(14 sujeitos)
“[...] porque eu não me identifiquei muito. Só realizei o estágio dois nessa área porque tinha bolsa,
[...] eu vi que a demanda de trabalho era muito pouco, apesar de ser com bolsa, ainda assim não é tão
prazeroso quanto o sócio jurídico, que já é uma demanda maior” (Entrevistado n° 02/ Assistência).
“Não porque quero ter experiências em outros locais, por exemplo, assistência, saúde, mas o sócio
jurídico é o que melhor paga, mas a questão de gostar, não gostei não” (Entrevistado n°13 /
Sociojurídico).
“Porque a experiência na saúde foi de certa forma um pouco frustrante, é um trabalho rotineiro, você
se torna um profissional mecanizado” (Entrevistado n°11 / Saúde).
“A minha experiência no primeiro estágio foi péssima, eu realizei na saúde e não tinha nenhum
conhecimento de como era o trabalho do assistente na área, eu tive que trancar o curso, porque fiquei
Experiências Frustrantes muito desgastada. No estágio dois, foi um pouco melhor, mas ainda assim, não consegui me
identificar com área, pretendo seguir carreira no sócio jurídico ou previdência” (Entrevistado n° 12/
Assistência).
“Eu me decepcionei nessa área, apesar de a bolsa ser boa. Não é uma área que eu quero seguir
carreira” (Entrevistado n° 27/ Sociojurídico).
“Quando eu escolhi essa área, era devido a não ter tempo, o único local de estágio que eu consegui foi
Desvalorização financeira na área da assistência, mas não quero seguir carreira, porque é muito trabalho e o profissional não é
(01 sujeito) reconhecido, ganha pouco e quando ganha, porque sempre tem atrasos” (Entrevistado n° 04/
Assistência).
107
vincularem com a UFAM, inclusive alguns discentes tiveram que manter o estágio não-
curricular e curricular por conta da resistência dessas instituições. Infelizmente a pesquisa não
detectou quais as causas dessa problemática, porém pressupõe que essas dificuldades estão
relacionadas a visão da instituição sobre o conceito de estágio supervisionado. Embora haja
um leque de instrumentos que orientem a operacionalização do estágio, ainda existe uma
confusão com a ideia de estágio obrigatório com prática voluntaria, o que acaba fazendo com
que o discente aceite qualquer termo para que possa concluir a disciplina estágio
supervisionado. É de extrema importância que o estágio ultrapasse a “lógica trabalho” no
sentido de apenas prestar um serviço voluntário, mas de concretizar os objetivos explicitados
na PNE e leis definidas na materialização do estágio.
Essas dificuldades não estão desarticuladas das dificuldades de permanência,
constatou-se que as maiores dificuldades de permanecer no estágio também estavam
relacionadas a conciliação de tempo da graduação com o estágio supervisionado obrigatório
em campo, tendo em vista, que o corpo discente trabalha ou realiza atividades
extracurriculares. Evidencia-se também que fator socioeconômico é um dos condicionantes
que incentivam o discente na permanência do estágio, situação que pode ocasionar confusão
com seus reais objetivos, uma vez que ele pode ser caracterizado como emprego. Inclusive,
alguns discentes tinham preferência em conseguir estágio que oferecesse bolsa, embora
tivessem interesses em outras áreas. Outras dificuldades foram as irregularidades vivenciadas
na manutenção do estágio, sendo uma delas a prática da realização de “horas extras”, receios
em reprovar na disciplina ou perder a bolsa de estágio. A pesquisa bibliográfica apresenta a
dubiedade desse problema, uma vez que as necessidades pessoais e até manutenção de
despesas na graduação depende da bolsa de estágio, porém não se pode esquecer que o estágio
é espaço de formação e o receio de perder a bolsa pode sujeitar o discente a vivenciar
irregularidades.
Rememorando o capítulo I, é importante considerar que a precarização do ensino na
universidade e campo fragilizam não só a formação profissional, mas o futuro exercício. As
posturas éticas, posicionamento interventivo e investigativo desenvolvido no processo de
aprendizado, desvelam o fazer profissional do discente no futuro. Quando o discente tem uma
formação qualificada e tem conhecimento dos elementos básicos que fundamentam e
direcionam a profissão, pressupõe que seu fazer profissional não estará desvinculado do que
preconiza o projeto ético político da profissão e projeto de formação profissional. É preciso
destacar que se há dificuldades e falta da fundamentação crítica, a formação pode direcionar o
108
discente a um perfil profissional sujeito as normas do mercado. Desta forma o
acompanhamento da supervisão é de extrema importância no processo de aprendizagem.
A pesquisa bibliográfica evidenciou que um dos desafios no processo de
acompanhamento é a intensificação da jornada de trabalho, no que se refere a tempo e
demanda. De modo geral, observou-se que atividades da supervisão de ensino e campo estão
sujeitas a pressões individuais de qualidade e curto prazo que fragilizam a qualidade do
ensino e no perpassar de um conhecimento. O estágio que deveria ser espaço privilegiado para
fazer relação teoria-prática pode estar sujeito a cotidianidade das demandas e perder a
essência de seus reais objetivos, ou seja, as condições de trabalho e arcabouço teórico do
discente são essenciais para não absorção rotineira de atividades e possível construção de um
perfil crítico atento as contradições presentes no processo de aprendizado da prática
profissional.
No curso de Serviço Social da UFAM, evidenciou-se que às dificuldades de
acompanhamento, estão relacionadas a precarização do trabalho que fragilizam a formação
através da indisponibilidade de tempo para orientar, ensinar e acompanhar. Como explicitado
anteriormente uma das principais características do debate do atual é necessidade de orientar e
capacitar docentes e assistentes sociais sobre a operacionalização do estágio.
Em relação à supervisão de ensino, observou-se que a metodologia de ensino adotada
por este docente vai influenciar no aprendizado do discente, uma vez que as falas
demonstraram inseguranças em relação a algumas posturas de correção e dificuldades de
compreender a linguagem adotada pelo docente.
No que se refere à supervisão de campo, evidenciou-se dificuldades relacionadas à
ausência de um plano de trabalho e ausência da materialização do estágio como espaço de
formação e não como trabalho. Outra característica peculiar são as delegações de atividades
estratégicas quando o supervisor tem mais de um discente para orientar. O estágio
supervisionado não tem como objetivo ser funcional e embora alguns discentes se destaquem
em algumas atividades é preciso qualificar o amadurecimento técnico operativo e
investigativo da profissão.
Pensar em estratégias na defesa do estágio supervisionado e capacitação permanente
são de extrema importância no contexto atual, uma vez que a desvalorização dos professores e
universidade tem sido colocadas em xeque através de novos posicionamentos e ideologias na
educação. Compreende-se que os desafios passados e atuais são os mesmos, o que diferencia
são as novas roupagens dos limites e possibilidades da sua materialização. É importante
109
destacar que Política educacional não está desarticulada do estágio, uma vez que as mudanças
intituladas com a ideia de “acesso inclusivo” podem ocasionar fragilidades na qualidade da
formação profissional. Desta forma, o investimento em palestras, oficinas e atualizações para
os sujeitos envolvidos na operacionalização do estágio estarão cooperando no aprimoramento
do conhecimento e possíveis resolutividades para as dificuldades no processo de
materialização do estágio supervisionado.
A construção do estudo e objetivos não estava direcionada a dificuldades relacionadas
à gestão organizadora do estágio, porém, observou-se em toda pesquisa que o processo de
organização e planejamento é essencial na operacionalização do estágio supervisionado.
Evidencia-se através das falas uma falta de organização por parte da Coordenação de Estágio
no semestre 2017/02 e ainda que não tenha sido possível pesquisar visão dos três
Coordenadores de Estágio sobre as dificuldades na operacionalização do estágio, é de extrema
importância se pensar em estratégias de enfretamento para facilitar o processo de inserção dos
discentes nos espaços sócio-ocupacionais. Esse processo é trabalhoso e requer organização e
planejamento conjunto da gestão de estágio. Destaca-se ainda, a importância do planejamento
conjunto das atividades que serão exercidas na tríade de estágio, principalmente as que se
referem à capacitação e atividades periódicas, inclusive notou-se a ausência dessas atividades
nos semestre 2017/02 e 2018/01.
A pesquisa evidenciou singularidades do estágio curricular do Curso de Serviço Social
da UFAM em antigos e novos desafios. Explicitou-se a importância do estágio e processo de
supervisão para o desenvolvimento de uma reflexão teórica e crítica sobre seus desafios,
limites e possibilidades que desvelam-se nas dificuldades de fazer a relação teoria-prática,
dificuldades relacionadas a precarização no processo de aprendizagem no ensino e campo e
dificuldades relacionadas as mudanças da Política educacional que fragilizam a formação
profissional do assistente social.
A presente pesquisa abrangeu apenas a percepção dos discentes, porém gerou novos
questionamentos e salienta a relevância de estudar a percepção dos supervisores de campo e
ensino sobre as dificuldades na materialização do estágio, quais as resistências em
supervisionar, quais as causas da indisponibilidade de tempo e quais as percepções destes
sobre as dificuldades da construção de um plano de trabalho. Para finalizar, evidencia-se a
importância da realização de pesquisas na área do estágio supervisionado em Serviço Social,
em especial na UFAM.
110
Por fim, acredita-se que os resultados da pesquisa podem contribuir para a discussão
teórica acerca da importância e centralidade do estágio supervisionado, assim como para a
reflexão crítica sobre os desafios da realização do estágio curricular (em termos de
dificuldades) que fragilizam a formação profissional, além de fornecer subsídios para adoção
de novas estratégias de avaliação e enfrentamento frente às dificuldades vivenciadas pelos
discentes no curso de Serviço Social da UFAM em Manaus.
Acredita-se também que este estudo pode contribuir para a viabilização do direito dos
discentes da UFAM à vivencia da prática profissional com supervisão de estágio de
qualidade, bem como, pode incentivar o cumprimento dos princípios da Política Nacional de
Estagio (PNE). Assim, a pesquisa buscou realizar um olhar crítico e aprofundado sobre a
realização do estágio no âmbito da formação profissional no curso de serviço social da
UFAM.
111
REFERÊNCIAS
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em:<http://www.abepss.org.br/arquivos/textos/docum ento_201603311138 166377210.pdf.>
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10ª. Ed. rev. e atual. Brasília, 2012.
112
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Direta de estágio no Serviço Social. Disponível em:
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CISNE, Mirla Álvaro. Serviço Social: uma profissão de mulheres para mulheres: uma
análise crítica da categoria gênero na histórica "feminização" da profissão. Dissertação
(Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, 2004.
DUARTE, Durango Martins. Manaus entre o passado e o presente. 1.ª ed. Manaus: Ed.
Mídia Ponto Comm, 2009.
LIMA, Naira Gaspar de Holanda. Formação profissional em debate: Um estudo dos projetos
pedagógicos do curso de Serviço Social em Manaus a partir das novas Diretrizes
Curriculares de 1996. 137 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Universidade
Federal do Amazonas, 2017.
LIMA, Maria José de Oliveira; COSAC, Claudia Maria Daher. Serviço Social na empresa.
Revista Katalysis, Florianópolis, v. 8, n.2, p. 235-246, 2005.
114
MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço social: identidade e alienação. 6ªed. São Paulo, Cortez,
2000.
MATOS, Maurílio Castro. Serviço social, ética e saúde: reflexões para o exercício
profissional. 01 ª ed. São Paulo: Cortez, 2013.
NETTO, José Paulo. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 5ªed. São Paulo, Cortez,
2006.
____________, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do serviço social no
Brasil pós-64. 15ªed. São Paulo, Cortez, 2010.
115
RAMOS, Sâmya Rodrigues; ABREU, Maria Helena Elpidio. Estratégias de enfrentamento e
lutas do Serviço Social brasileiro frente à precarização da formação r do trabalho
profissional e suas implicações no estágio supervisionado. In: A Supervisão de Estágio em
Serviço Social: Aprendizados Processos e Desafios, 01 ª ed. Rio de Janeiro, Lumen Juris,
2016.
____________, PROEG. Chamada Pública: Programa de estágio nos termos da Lei 11788/08
e da Resolução 067/2011-CEG/CONSEPE), 2017.
116
APÊNDICES
117
APÊNDICE A: CONSTRUÇÃO DO OBJETO E QUESTÃO NORTEADORA
CENTRAL
Objetivo específico:
118
APÊNDICE B: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
PODER EXECUTIVO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
119
Os riscos decorrentes de sua participação nessa pesquisa são mínimos como:
desconforto, constrangimento em algum momento da aplicação do questionário e, para
minimizar tais riscos, a aplicação do formulário de pesquisa ocorrerá sem a presença de
pessoas estranhas e não permitidas no local; as perguntas serão impessoais e respeitaremos o
seu direito de não responder algumas delas. Os formulários de entrevista serão registrados e
identificados por número, de modo que será mantido o sigilo de sua identidade. Caso
aconteçam, a pesquisadora se compromete em ressarcir possíveis despesas oriundas desse
processo, comprovadamente decorrentes da participação na pesquisa.
Em caso de dano ou sofrimento psíquico decorrentes da pesquisa, o Centro de
Serviços de Psicologia Aplicada – CSPA/UFAM o qual forneceu anuência e apoio à referida
pesquisa, irá recebê-lo, proporcionando-lhe adequado atendimento psicológico. Endereço: Av.
General Rodrigo Octávio, 6200, Bloco X, Coroado I, Fone: (92) 3305-4121/ (92) 99222-
2275.
Se depois de consentir em sua participação, o Sr. (a) desistir de continuar participando,
tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, seja
antes ou depois da coleta de dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo à sua
pessoa. O Sr. (a) não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração.
Mesmo quando os resultados da pesquisa forem analisados, publicados e divulgados em
qualquer forma, sua identidade não será divulgada, ficará sob sigilo. Os sujeitos da pesquisa
não serão identificados em nenhum momento.
Para qualquer informação o (a) senhor (a) poderá entrar em contato com a
pesquisadora responsável, ou pessoalmente no Departamento de Serviço Social da
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), conforme apresentado acima. Fica
disponibilizado, para eventuais informações, o endereço do Comitê de Ética em Pesquisa
(órgão responsável pela avaliação ética dos projetos de pesquisa) da Universidade Federal do
Amazonas (UFAM), localizado na Rua Teresina, 495 – Escola de Enfermagem de Manaus,
sala 07 – Adrianópolis, CEP: 69057-070 – Manaus/AM. Fone: 3305-1181/RAMAL: 2004 ou
(92) 99171-2496. E-mail: cep.ufam@gmail.com
Dessa forma, solicitamos sua autorização para responder o formulário de entrevista e
que possa ser gravado. Antes de concordar em participar desta pesquisa, é muito importante
que você compreenda as informações e instruções contidas neste documento. O pesquisador
deverá responder todas as suas dúvidas antes que você decida se quer participar. Marque uma
das opções abaixo:
120
Me disponho a responder o formulário de entrevista, ciente que os dados e as
CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO
_________________________________________ _________________________________________
__________________________________________
Assinatura da Pesquisadora
Impressão Datiloscópica
1ª via- Pesquisador
2ª via - Participante
121
APÊNDICE C: INSTRUMENTAL DA PESQUISA
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
Nº: ________
1. Idade
2. Sexo
Feminino Masculino
3. Identidade de gênero
Estágio I Estágio II
Vespertino Noturno
IH06 IH26
Sim Não
122
7.1 Em caso afirmativo, justifique o motivo.
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
8. O (a) senhor (a) aproveitou o estágio não curricular para realizar o estágio curricular obrigatório?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
OUTRO/QUAL? ______________________________________________________________________
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Educação Educação
Sócio Jurídico Sócio Jurídico
Saúde Saúde
Assistência Assistência
Empresarial Empresarial
OUTRA/QUAL ÁREA?__________________________________________________________________
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
]
10. Dos documentos abaixo, marque um x de acordo com seu grau de conhecimento.
OUVI NÃO
DOCUMENTOS FALAR
CONHEÇO E LI NUNCA LI LEMBRO
ESTÁGIO SUPERVISIONADO
11. Em sua opinião, como o (a) sr. (a) avalia a importância do estágio supervisionado na formação do
assistente social?
11.1 Justifique:
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
123
12. A experiência que você viveu no estágio, foi determinante para a escolha da área profissional que você quer
seguir carreira?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Sim, decidi seguir carreira na área do campo de estágio. Sim, decidi seguir carreira na área do campo de estágio.
Sim, decidi não seguir carreira na área do campo de estágio. Sim, decidi não seguir carreira na área do campo de estágio.
Não, só realizei estágio nessa área, porque não tinha outra Não, só realizei estágio nessa área, porque não tinha outra
opção. opção
OUTRO/QUAL? ______________________________________________________________________________
13. Em sua opinião, como foi o seu aprendizado durante o estágio supervisionado?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
OUTRO/QUAL? ______________________________________________________________________________
14. Você sentiu dificuldades de “inserção” ao procurar estágio em campo? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Sim, pois havia prioridades pra faculdades cadastradas; Sim, pois havia prioridades pra faculdades cadastradas;
Sim, pois havia indicação por quem já estava dentro; Sim, pois havia indicação por quem já estava dentro;
Sim, pois havia preferência por discentes do turno noturno; Sim, pois havia preferência por discentes do turno noturno;
Sim, pois havia preferência por sujeitos formados; Sim, pois havia preferência por sujeitos formados;
Não, pois fui indicado por alguém de dentro; Não, pois fui indicado por alguém de dentro;
Não, pois aproveitei o estágio não curricular para realizar o Não, pois aproveitei o estágio não curricular para realizar o
supervisionado; supervisionado;
OUTRO/QUAL? ______________________________________________________________________________
15. O estágio que você almejava era em que área? (Múltipla escolha).
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
16. Sobre a disponibilidade de vagas das concedentes, você sentiu dificuldades de encontrar estágio que
conciliasse com o horário da graduação? (Múltipla escolha)
124
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Sim, pois estudava no turno vespertino; Sim, pois estudava no turno vespertino;
Sim, pois precisava conciliar com horário de trabalho; Sim, pois precisava conciliar com horário de trabalho;
Sim, pois só tinha disponibilidade no final de semana; Sim, pois só tinha disponibilidade no final de semana;
Não houve dificuldades; Não houve dificuldades;
OUTRO/QUAL MOTIVO? ______________________________________________________________________
17. Porque você escolheu realizar o estágio supervisionado no atual espaço sócio ocupacional no qual está
inserido? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
19. Quantas vezes por semana havia/ há aula da disciplina estágio supervisionado?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
20. Quantas vezes o supervisor de ensino lhe orientou sobre os instrumentais de estágio?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Nunca Nunca
125
21. Seu supervisor de ensino tinha/tem disponibilidade de tempo para lhe dar orientações individuais (fora do
horário de aula)?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Às vezes Às vezes
Nunca Nunca
22. Em sua opinião, quais as maiores causas da indisponibilidade de tempo do supervisor de ensino para dar
orientação? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
23. Houve/Há dificuldade de compreender o conteúdo teórico abordado nas disciplinas estágio?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
25. Quantas vezes o supervisor de ensino realizou visitas de acompanhamento/avaliação no campo de estágio?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
126
30 minutos a 01 hora 30 minutos a 01 hora
02 horas 02 horas
Visita foi agendada, mas não foi realizada. Visita foi agendada, mas ainda não foi realizada.
Visita foi agendada, mas não foi realizada. Visita foi agendada, mas ainda não foi realizada.
28. Você sentiu dificuldade de expor alguma crítica ou irregularidade na frente de ambos os supervisores?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Sim Sim
Não Não
Visita foi agendada, mas não foi realizada. Visita foi agendada, mas ainda não foi realizada.
29. Na sua opinião, o supervisor de ensino consegue/conseguiu enxergar a realidade que o discente está sujeito
no campo estágio? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Não, pois o docente não fez/faz perguntas sobre as Não, pois o docente não fez/faz perguntas sobre as
dificuldades do estágio; dificuldades do estágio;
Não, pois a visita foi muito rápida e sem tempo para Não, pois a visita foi muito rápida e sem tempo para
conversar; conversar;
Não, porque uma visita não é o suficiente para compreender a Não, porque uma visita não é o suficiente para compreender a
realidade do estágio; realidade do estágio;
Sim, pois o docente questionava as dificuldades do discente Sim, pois o docente questionava as dificuldades do discente
no estágio; no estágio;
Sim, pois além de orientar ficou observando como era a Sim, pois além de orientar ficou observando como era a
dinâmica do estágio; dinâmica do estágio;
OUTRO/QUAL? ________________________________________________________________________
127
“SUPERVISOR DE CAMPO” NO ESPAÇO SÓCIO OCUPACIONAL DE ESTÁGIO
30. Na sua opinião, o supervisor de campo, tem disponibilidade de tempo para dar orientações? (Múltipla
escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Não, por causa da alta demanda de atendimentos realizados Não, por causa da alta demanda de atendimentos realizados
pelo serviço social; pelo serviço social;
Não, por causa da ausência de profissionais para auxiliar nas Não, por causa da ausência de profissionais para auxiliar nas
atividades; atividades;
Sim, pois sempre existe um tempo livre/folga para dar Sim, pois sempre existe um tempo livre/folga para dar
orientações; orientações;
Sim, pois todas as atividades precisam ter acompanhamento Sim, pois todas as atividades precisam ter acompanhamento
do supervisor; do supervisor;
OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________
31. Na sua opinião, quais são as maiores causas da indisponibilidade de tempo do supervisor de campo para dar
orientações? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Intensa e extensa jornada de trabalho do assistente social; Intensa e extensa jornada de trabalho do assistente social;
Falta de organização e planejamento da supervisão de campo; Falta de organização e planejamento da supervisão de campo;
Realização de atividades que não são competências do Realização de atividades que não são competências do
assistente social; assistente social;
Falta de conhecimento sobre o papel da supervisão; Falta de conhecimento sobre o papel da supervisão;
Não se aplica; Não se aplica;
31.1 Justifique:
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
32. Em algum momento do estágio supervisionado em campo, outro profissional sem ser seu supervisor, ensinou
a prática para você? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Sim, outro assistente social do setor; Sim, outro assistente social do setor;
OUTRO/QUAL? __________________________________________________________________
33. Em algum momento do estágio supervisionado em campo, seu supervisor te deixou sem
acompanhamento/supervisão? (Múltipla escolha)
128
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Sim, quando ele faltava o trabalho; Sim, quando ele faltava o trabalho;
Sim, pois a escala do supervisor de campo é diferente da Sim, pois a escala do supervisor de campo é diferente da
escala do estagiário; escala do estagiário;
Sim, quando ele achava que eu podia resolver a situação Sim, quando ele achava que eu podia resolver a situação
sozinha (a). sozinha (a).
Não, nunca me deixou sem acompanhamento; Não, nunca me deixou sem acompanhamento;
Não, quando ele faltava, outro assistente social me Não, quando ele faltava, outro assistente social me
acompanhava. acompanhava.
OUTRO/QUAL? __________________________________________________________________
34. O supervisor de campo teve uma participação efetiva nos instrumentais do estágio?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Não, nunca mostrou roteiro ou planejamento. Não, nunca mostrou roteiro ou planejamento.
Sim, mostrou planejamento e roteiro do acompanhamento; Sim, mostrou planejamento e roteiro do acompanhamento;
OUTRO/ QUAL? _____________________________________________________________________________
36. Na sua visão, seu supervisor de campo entendia/entende o estágio supervisionado como espaço de formação?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
37. Você sentiu dificuldade de compreender o papel do assistente social no estágio em campo?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Sim, pois realizava atividades que não eram da categoria; Sim, pois realizava atividades que não eram da categoria;
Sim, pois o supervisor de campo tinha práticas assistencialistas; Sim, pois o supervisor de campo tinha práticas assistencialistas;
Não, o supervisor era bem competente e só realizava atividades Não, o supervisor era bem competente e só realizava atividades
da categoria; da categoria;
129
38. Há/Houve dificuldade de perguntar ou questionar algo de seu supervisor de campo?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Sim, pois só havia orientação quando eu questionava algo; Sim, pois só havia orientação quando eu questionava algo;
Não, pois eu tirava todas as dúvidas; Não, pois eu tirava todas as dúvidas;
Sim, pois eu tinha medo de perguntar algo que eu não tinha Sim, pois eu tinha medo de perguntar algo que eu não tinha
conhecimento; conhecimento;
Não, porque o supervisor era muito comunicativo; Não, porque o supervisor era muito comunicativo;
OUTRO/QUAL? ________________________________________________________________________
41. Ao realizar o estágio em campo, como você aprendeu a prática profissional? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
OUTRO/QUAL? _______________________________________________________________________
42. Na sua opinião a carga horária do estágio em campo afeta a rotina acadêmica? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Sim, pois falta tempo para realizar leituras acadêmicas; Sim, pois falta tempo para realizar leituras acadêmicas;
Sim, pois falta tempo para fazer atividades acadêmicas; Sim, pois falta tempo para fazer atividades acadêmicas;
Sim, pois sempre atrasava por conta do horário de término do Sim, pois sempre atrasava por conta do horário de término do
estágio; estágio;
Não, sempre foi muito tranquilo; Não, sempre foi muito tranquilo;
OUTRO/QUAL? _____________________________________________________________________________
130
43. A instituição concedente disponibiliza ao estagiário material de apoio ou documentação institucional sobre
temáticas específica referentes às atividades realizadas no estágio?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________
44. Em sua opinião, como você avalia a instituição concedente de modo geral?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Boa Boa
Desorganizada Desorganizada
Excelente Excelente
Regular Regular
OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________
Sim, ofereceu alimentação no estágio obrigatório; Sim, ofereceu alimentação no estágio obrigatório;
Sim, ofereceu passagem para comparecimento no estágio Sim, ofereceu passagem para comparecimento no estágio
obrigatório; obrigatório;
Não, todos os recursos foram financiados pelo discente no Não, todos os recursos foram financiados pelo discente no
estágio obrigatório; estágio obrigatório;
Sim, aproveitei o estágio não curricular para realizar o Sim, aproveitei o estágio não curricular para realizar o
obrigatório. obrigatório
OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________
OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________
131
47. Qual a carga horária que você cumpre/cumpriu por semana?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
10 horas 10 horas
12 horas 12 horas
20horas 20horas
24 horas 24 horas
30 horas 30 horas
OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________
48. Você já ultrapassou às 150 horas obrigatórias em algum estágio curricular obrigatório? (Múltipla escolha)
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Sim, realizei horas extras para não perder a vaga de estágio; Sim, realizei horas extras para não perder a vaga de estágio;
Sim, pois realizava o estágio não curricular na mesma Sim, pois realizava o estágio não curricular na mesma
instituição; instituição;
Não, nunca fiz mais que 150h; Não, nunca fiz mais que 150h;
OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________
49. Em algum momento do estágio supervisionado em campo outro estagiário ensinou a prática profissional para
você?
NÃO SE
ORIENTAÇÃO SIM NÂO NÃO LEMBRO
APLICA
50. Em sua percepção, em algum momento do estágio supervisionado você se sentiu limitado apenas à parte
técnica da profissão?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
Sim, pois o estagiário é visto como mão de obra barata; Sim, pois o estagiário é visto como mão de obra barata;
Não, a concedente respeitava a regulamentação do estágio; Não, a concedente respeitava a regulamentação do estágio;
OUTRO/QUAL?_______________________________________________________________________
52. A instituição concedente solicitou algo que feria as normas e regulamentações do estágio?
ESTÁGIO I ESTÁGIO II
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Não. Não.
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54. Existe alguma experiência ou relato de dificuldade vivenciada no estágio supervisionado, que não foi
abordado no questionário que você queira compartilhar?
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ANEXOS
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ANEXO A – TERMO DE ANUÊNCIA
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ANEXO B: TERMO DE ANUÊNCIA DO CSPA
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ANEXO C: PARECER CONSUBSTANCIADO PELO CEP
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