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Contribuições de neurociências à formação de professores:

mediando transtornos e dificuldades de aprendizagem

Contributions of neurosciences to teacher training: mediating disorders


and learning difficulties

Fiderisa da Silva1 e Carlos Richard Ibañez Morino2

Resumo: Este artigo é sobre contribuições de neurociências à formação de professores: mediando


transtornos e dificuldades de aprendizagem. Utilizando como fundamento a pesquisa bibliográfica
com enfoque qualitativo/quantitativo, realiza-se uma pesquisa exploratória de natureza descritiva,
cujas informações e dados foram coletados através de estudo de campo. Analisam-se as
contribuições de neurociências à docência dos estudantes em situação de transtornos e dificuldades
de aprendizagem. Dentre os Transtornos de Aprendizagem pesquisados, todos em 50% dos casos
têm comorbidade com o TDAH. Das Dificuldades de Aprendizagem pesquisadas, cerca de 79%
são de origem ambiental, ficando uma minoria de 21% para as de origem orgânica. Aplicando as
contribuições de neurociências à formação de professores e à pirâmide: família, escola e sociedade,
pode-se conseguir com êxito uma boa interferência interdisciplinar aos Transtornos e Dificuldades
de Aprendizagem, tornando possível uma melhor mediação e prevenção dessas diferenças
educacionais. Os baixos rendimentos escolares são na maioria causados por Dificuldades de
Aprendizagem ambientais (79%), ficando uma minoria para os Transtornos de Aprendizagem
(21%), que podem se agravar a partir dos fatores ambientais em que o indivíduo esteja inserido.

Palavras-chave: Transtornos de Aprendizagem. Dificuldades de Aprendizagem. Neurociências e


Educação. Formação de professores.

Abstract: This article is about contributions of neurosciences to the docents’ education: mediating
disorders and learning disabilities. It is a study based on a literature search with quantitative and
qualitative approach as well as a descriptive and explanatory search. To analyze the contributions
of neuroscience to teaching students in a situation of disorder and learning disabilities. Learning
Disorders among the respondents, 50% of all cases have comorbid ADHD. Of Learning

1
Doutora em Ciências da Educação pela Universidade Del Pacifico de Assunção – PY
Universidade Estadual do Piauí (Professor Formador I do Programa de Formação de Professores da Educação
Básica/PARFOR/CAPES/UESPI)
fiderisas@hotmail.com
2
Pós-Doutor em Ciências da Educação. Universidade Del Pacifico – PY
crim48@gmail.com

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Disabilities surveyed about 79% are of environmental becoming a minority of 21% for the organic
origin. Applying the contributions of neuroscience to the teacher training and to the pyramid:
family, school and society can successfully achieve a good interference to interdisciplinary
Disorders and Learning Difficulties making possible a better mediation and prevention of these
educational differences. The low-income students are mostly caused by environmental learning
difficulties (79%), being a minority for Learning Disorders (21%) which may worsen as the
environmental factors that the individual is inserted.

Keywords: Learning Disorders. Learning Disabilities. Neurosciences and Education. Teacher


Training.

INTRODUÇÃO

Este artigo é sobre educação e neurociência, com pesquisas fundamentadas em


artigos tirados na internet e diversos outros autores na área de neurociências, tais como:
Jones Jr, H. R.(2006), Guyton, Arthur C.(2008), Salas, R. (2007), educação inclusiva:
Smith, C; Strick, l. (2001), Rohde, L. Benczik, E. (1999)entre outros. Interpretam-se várias
de suas obras à procura de respostas satisfatórias ao questionamento proposto, assim como
uma possível conscientização dos educadores de que os transtornos de aprendizagem
expostos neste estudo realmente existem e podem ser controlados. Dessa forma, pretende-
se com esta pesquisa, Contribuições de Neurociências à Formação de Professores:
mediando transtornos e dificuldades de aprendizagem, mostrar às instituições do sistema
de ensino regular público e privado, educadores, pais de estudantes em situações de
necessidades especiais e sociedade em geral que os Transtornos de Aprendizagem (TA’s)
mencionados nesta pesquisa são disfunções neurológicas que, com frequência, apresentam-
se em crianças e adolescentes em idade escolar; assim como, expor que as Dificuldades de
Aprendizagem (DA’s) que interferem no processo de ensino-aprendizagem podem ser
oriundas destes transtornos ou apenas de fatores ambientais, fatos que ainda são
desconhecidos por muitos profissionais da educação e outros segmentos da sociedade.
Então, espera-se com este estudo contribuir com êxito à formação de professores, através
da análise das contribuições de neurociências a esta finalidade, à conclusão de diagnósticos
corretos, tratamentos e a estratégias de ensino adequadas aos Transtornos e Dificuldades de
Aprendizagem discutidas aqui.

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VISÃO DE NEUROCIÊNCIAS NO CENÁRIO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Segundo Kandel, Schwartz e Jessel (1997) a neurociência é um conjunto de


ciências cujo sujeito de investigação é o sistema nervoso, com particular interesse em
como a atividade do cérebro se relaciona com a conduta e a aprendizagem humana. Seu
objetivo principal é entender como o encéfalo produz a marca de individualidade da ação
humana. Desta forma, a neurociência é multidisciplinar e envolve: a neuroanatomia,
neurologia, fisiologia, biologia molecular, química, neuroimunologia, genética, imagens
neurais, neuropsicologia, ciências computacionais e um mais novo ramo das neurociências
a neurociência cognitiva ou neurociência educacional. Portanto, segundo Blackemore, S. e
Frith, U. (2000), ao termo neurociência se incluem todos os tipos de estudos do cérebro.

Assim, neurociência básica consiste dos mais importantes aspectos estruturais e


funcionais do sistema nervoso. Sendo assim, segundo Guyton, Arthur C. (2008, p.3-5), o
sistema nervoso é o sistema de nosso corpo que sente, pensa e controla. Para o exercício
dessas funções, ele coleta informações sensoriais de todo o corpo – por meio de uma
miríade de terminações nervosas sensoriais especializadas na pele, nos tecidos profundos,
nos olhos, nos ouvidos, no aparelho do equilíbrio e em outros sensores – e transmite essa
informação, pelos nervos, para a medula espinhal e o encéfalo. Desta forma, diz-se que o
sistema nervoso desempenha três funções principais: Função sensorial; Função integrativa3
e Função motora.

COGNIÇÃO E ESCOLARIDADE

Para se falar sobre cognição e escolaridade é necessário compreender melhor o


córtex cerebral que é responsável por quase toda a ação humana, tal como: pensamento,
memória, fala e movimento muscular. Segundo Guyton, Arthur. C. (2008 p.216-218), o
córtex cerebral para as funções cognitivas se apresenta da seguinte forma: áreas de
associação; funções intelectuais; aprendizado e memória. Verificar-se-á neste subitem
apenas as áreas de associação, verificando-se mais adiante as outras partes subsequentes.
As três áreas de associação mais importantes são: área de associação parieto-
occipitotemporal, área de associação pré-frontal e área de associação límbica.

3
A função integrativa inclui os processos de pensamento e memória.

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Área de associação parieto-occipitotemporal: Localiza-se no grande espaço
cortical entre o córtex sensorial somático, à frente; o córtex visual, atrás; e córtex auditivo,
ao lado. Área deassociação pré-frontal: Funciona em íntima associação com o córtex
motor para planejar padrões complexos e sequência de movimentos motores. Para
participar dessa função, ela recebe sinais aferentes4 muito fortes por meio de um maciço
feixe subcortical de fibras que conectam a área de associação parieto-occipitotemporal com
a área de associação pré-frontal. Área de associação límbica: Fica situada no polo anterior
do lobo temporal, nas regiões ventrais dos lobos frontais, e nos giros cingulados, nas
superfícies mediais dos hemisférios cerebrais. Essa região está relacionada basicamente ao
comportamento, às emoções e à motivação. O córtex límbico é parte de um sistema muito
mais extenso, o sistema límbico, que inclui um grupo complexo de estruturas neurais nas
regiões cerebrais médias basais. É esse sistema límbico que fornece a maioria dos
estímulos para a ativação de outras áreas do cérebro, e fornece também o impulso
motivacional para o próprio processo de aprendizado.

PAPEL DA LINGUAGEM E DA INTELIGÊNCIA NA ÁREA DE WERNICKE

A citação abaixo exemplifica a importância da área de Wernicke para a cognição e


escolaridade.

A maior parte de nossa experiência sensorial é convertida em equivalente


linguístico antes de ser armazenada nas áreas de memória do cérebro e
antes de ser processada para outros objetivos intelectuais. Por exemplo,
quando lemos um livro, não armazenamos as imagens visuais das
palavras impressas, mas sim, as próprias palavras sob a forma de
linguagem. Também, a informação contida nas palavras é geralmente
convertida para a forma de linguagem antes que seu significado seja
discernido. A área sensorial do hemisfério dominante para a interpretação
da linguagem é a área de Wernicke, intimamente associada à área
auditiva primária e às áreas auditivas secundárias do lobo temporal. Essa
relação muito íntima resulta provavelmente do fato de que a primeira
introdução à linguagem se dá por meio da audição. Com o decorrer da
vida quando ocorre desenvolvimento da percepção visual da linguagem
por meio da leitura, a informação visual é provavelmente canalizada para
as regiões da linguagem já desenvolvidas no lobo temporal dominante
(GUYTON, Arthur C. 2008, p.219).

Dessa forma, é o hemisfério esquerdo do cérebro humano que domina e


desempenha o maior papel de qualquer parte do córtex cerebral nos níveis superiores de
4
Sinais de sensibilidade

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função cerebral - que é o papel da inteligência e da cognição, também responsável pela
área de Wernicke para a compreensão da linguagem e área de Broca para a produção da
fala em 95% das pessoas destras. Então, ações de pensamento e inteligência desenvolvidas
pelos seres humanos estão diretamente associadas ao córtex cerebral, pois quando os
estudantes desenvolvem suas ações cognitivas eles estão inseridos dentro desse processo.

Sendo assim, a cada momento se ouve falar na escola de alunos que não
desempenham satisfatoriamente suas habilidades cognitivas e são indisciplinados e
desinteressados pelos estudos, entretanto, pouco se ouve falar sobre cognição e
escolaridade, porque infelizmente fazer um estudo de caso desse tema não atrai muito os
professores. Então, por que o professor chama seusalunos de indisciplinados e
desinteressados? Se o próprio professor às vezes desconhece o que fala. O despreparo do
professor em lidar com as habilidades cognitivas dos alunos, assim como indisciplina e
desinteresse pelos estudos, é algo de tão profunda reflexão que os impulsiona
urgentemente a começar ler a literatura neurocientífica, conhecer e aplicar conhecimentos
das neurociências em sala de aula, como mediação das peculiaridades educacionais, tais
como os TA’s e DA’s, que serão enfatizados mais adiante.

TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM NA PRÁTICA EDUCATIVA

Transtorno de Aprendizagem é a expressão de uma disfunção cerebral específica


que afeta determinados sistemas funcionais do cérebro. O desconhecimento dos aspectos
neurobiológicos responsáveis por estes quadros só dá lugar a erros de diagnósticos e
consequentemente a tratamentos inadequados. Os TA’s constituem um constante motivo
de consultas na prática pediátrica. Detectados geralmente pela escola, os pais dessas
crianças procuram o pediatra para acudi-los em busca de orientação. Sendo assim, é
conveniente que o pediatra esteja atualizado nessa área de conhecimento, não só porque é o
receptor da consulta inicial dos pais, mas porque os TA’s têm uma base biológica e, em
consequência disso, não devem ficar fora da intervenção médica. Assim, é precisamente
esse componente biológico: aspectos neurocognitivos e neurofisiológicos, que
habitualmente se omitem no processo de avaliação dos TA’s, o que dá lugar à
possibilidade de erros de diagnósticos que, por sua vez, conduzirão a tratamentos
inadequados. Dessa forma, Segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de

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Comportamento da Classificação Internacional de Doenças –CID - 10, elaborada pela
Organização Mundial de Saúde afirma que:

Na maioria dos casos, as funções afetadas incluem linguagem,


habilidades viso-espaciais e/ou coordenação motora. É característico que
os comprometimentos diminuam progressivamente à medida que a
criança cresce (embora déficits mais leves frequentemente perdurem na
vida adulta). Em geral, a história é de um atraso ou comprometimento
que está presente desde tão cedo quando possa ser confiavelmente
detectado, sem nenhum período anterior de desenvolvimento normal. A
maioria dessas condições é mais comum em meninos que em meninas.
(Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da
Classificação Internacional de Doenças –10,1992: 22)

ALGUNS DOS PRINCIPAIS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM (TA’S)

Apresentam-se aqui apenas quatro transtornos de aprendizagem: O transtorno de


hiperatividade e deficiência de atenção; transtorno de conduta; transtorno de oposição e
transtorno do desamparo aprendido. Porém, segundo Jensen (2003), embora esses
transtornos tenham suas causas em relações biológicas, não podem ser diagnosticados
simplesmente por uma imagem do cérebro. É preciso que se observe o fator ambiental e o
genético que contribuem também com essa etiologia.

Os transtornos mencionados acima apresentam anomalias cerebrais, mau


funcionamento cerebral e desregulação química. As áreas do cérebro
envolvidas são, principalmente, os lobos frontais (que controlam, entre
outras coisas, o processamento temporal, a impulsividade, a memória de
trabalho). Qualquer agressão ao cérebro tal como: lesão na cabeça, abuso
de drogas violência ou aberração genética comprometerá negativamente
esta área do cérebro e sua habilidade para inibir condutas inapropriadas, e
regular o pensamento e a memória. A disfunção, ou desregulação química
cerebral inclui os neurotransmissores dopamina, serotonina, epinefrina
que são os cavalos de força das funções executivas do cérebro. No caso
do transtorno de hiperatividade e deficiência de atenção, uma deficiência
de dopamina, por exemplo, por consumo de estimulantes impede o córtex
pré-frontal de cumprir com o seu papel de regulação normal do impulso.
Enquanto o desamparo aprendido (JENSEN, 2000b) em pessoas com esse
transtorno há uma diminuição crônica da norepinefrina, que influi no
talante, no estar alerta e na memória, do GABA (ácido gama
aminobutílico), e da serotonina, que regula os impulsos além de elevar os
níveis analgésicos. Os sujeitos com transtorno de oposição produzem
uma quantidade incomumente alta de norepinefrina e níveis
anormalmente baixos de serotonina. A pessoa pode responder a pequenas
coisas com ansiedade, medo ou superatividade. Por último, uma causa
(ou sintoma) do transtorno condutal é a presença de baixos níveis
crônicos de cortisol. Esse glucorticoide é secretado como resposta a uma
situação estressante, As pessoas com essa desregulação química não

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experimentam o estresse, não sentem nenhuma ansiedade, nenhum
desgosto quando vão cometer alguma atrocidade (NIEHOF, 1999).
(Tradução nossa)

Portanto, o conhecimento e aplicação da neurociência cognitiva em sala de aula vai


permitir ao professor conhecer o que ocorre no cérebro de um aluno que apresente algum
desses transtornos em sala de aula, baseado em termos completamente científicos,
permitindo-lhe uma visão de educação holística5 da situação considerada anormal. A partir
desse conhecimento, pode-se fazer uma intervenção especializada sobre o transtorno
diagnosticado e conseguir boas possibilidades de tratamento. Entretanto, como foram
mencionados acima, estes transtornos podem ter causas biológicas que não se resumem em
um único exame de neuroimagens, sendo isto completamente eficaz se a disfunção for
neurológica. Todavia, merece destaque não só os fatores biológicos, mas também os
fatores ambientais e condutais que esse aluno vive, pois o meio social é um indicador de
constante desregulação dos químicos cerebrais, por exemplo: um aluno pode não aprender
uma determinada disciplina não porque tenha uma disfunção biológica, mas porque não
gosta da professora, da disciplina ou se sente ameaçado em casa porque o último boletim
foi ruim. Nesse caso o desamparo aprendido terá lugar no cérebro, já que se caracteriza por
uma antipatia à professora e a falta de motivação à disciplina, comprometendo assim os
neurotransmissores responsáveis por este transtorno. Então, tudo isso se torna fácil de
resolver se o professor obtiver o conhecimento dos neurotransmissores tais como: a
dopamina, a norepinefrina, a serotonina, a endorfina cerebral do aluno, assim como
conhecer sua história familiar através da integração família-escola. Atitudes como essas
desenvolvidas em sala de aula conduzem a um melhor enriquecimento do ensino do
professor e da aprendizagem do aluno e não a uma mera disputa entre alunos e professores
por uma deficiente pontuação de notas e constantes anotações em diários de classe.

TRANSTORNO DE CONDUTA (TC)

Segundo Kazdin (1995, citado por Avilés, F. B. 2004): Transtorno de Conduta é um


padrão de comportamento, persistente ao longo do tempo, que afeta os direitos dos outros e
viola as normas apropriadas da idade. Implica uma manifestação que surge muito cedo

5
Educação holística é um conjunto de estratégias de ensino que se projeta fundamentalmente nas diferenças
da lateralidade cerebral. Seu principal objetivo é fomentar indivíduos de pensamento completo sem se
preocupar se esse estudante é um indivíduo que globaliza o que analisa.

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com a presença de condutas inadequadas para a idade, dificuldade do relacionamento
diário no âmbito familiar e escolar, chegando a ser vistas estas crianças como
incontroláveis pelas pessoas que estão ao seu redor. Esse transtorno tem
principalmente:Origem - Genética com fortes influências ambientais. Segundo um novo
estudo realizado na Inglaterra, o comportamento antissocial em alguns adolescentes pode
ser oriundo de anomalias cerebrais que os levam a ser agressivos. Os cientistas
descobriram que os adolescentes com essa doença psiquiátrica conhecida como Transtorno
de Conduta têm um padrão anormal da atividade cerebral em comparação com aqueles sem
a mesma condição.Áreas do cérebro afetadas- Mostradas em tomografias de adolescentes
agressivos e antissociais com transtorno de conduta (TC) revelaram diferenças na estrutura
do cérebro em desenvolvimento que podem estar ligadas a seus problemas de
comportamento. As tomografias ainda revelaram que amígdala e ínsula foram
notavelmente menores nos adolescentes com comportamento antissocial. Um estudo,
realizado por neurocientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, revelou que
as diferenças cerebrais estavam presentes independentemente da idade quando o transtorno
é iniciado, desafiando a opinião de que o início do TC na adolescência é uma mera
consequência da imitação do mau comportamento de outros. Sintomas-Os sintomas do
transtorno da conduta surgem no período compreendido entre o início da infância e a
puberdade e podem persistir até a idade adulta. Quando se iniciam antes dos 10 anos,
observa-se com maior frequência a presença de transtorno com déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH), comportamento agressivo, déficit intelectual, convulsões e
comprometimento do sistema nervoso central devido à exposição a álcool/drogas no
período pré-natal, infecções, uso de medicamentos, traumas cranianos, etc., além de
antecedentes familiares positivos para hiperatividade e comportamento antissocial. O início
precoce indica maior gravidade do quadro com maior tendência a persistir ao longo da
vida. Causas- Mudanças nas estruturas cerebrais, pois alterações no volume de substância
cinzenta nessas áreas do cérebro poderiam explicar por que os adolescentes com transtorno
de conduta têm dificuldades em reconhecer emoções nos outros. Entretanto, mais estudos
são necessários para investigar se essas mudanças na estrutura do cérebro são uma causa
ou uma consequência do transtorno.Consequências - O TC traz como consequências
comportamentos antissociais mais graves (por exemplo, brigas com uso de armas,
arrombamentos, assaltos) que costumam ser antecedidos por comportamentos mais leves
(por exemplo, mentir, enganar, matar aulas, furtar objetos de pouco valor) e, ao longo do

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tempo, observa-se o abuso de álcool/drogas, principalmente no sexo masculino e os
quadros de ansiedade e depressão, principalmente no sexo feminino. Ele traz também
como consequências um comportamento antissocial persistente com violação de normas
sociais ou direito individual.Diagnóstico- Tendência permanente para apresentar
comportamentos que incomodam e perturbam, além do envolvimento em atividades
perigosas e até mesmo ilegais. Não aparentar sofrimento psíquico ou constrangimento com
as próprias atitudes e não se importar em ferir os sentimentos das pessoas ou desrespeitar
seus direitos. Portanto, seu comportamento apresenta maior impacto nos outros do que em
si mesmo. Os comportamentos antissociais tendem a persistir, parecendo faltar a
capacidade de aprender com as consequências negativas dos próprios atos. Tratamento -
Os tratamentos citados na literatura são bastante variados, incluindo intervenções junto à
família e à escola (por exemplo, psicoterapia familiar e individual, orientação de pais,
comunidades terapêuticas e treinamento de pais e professores em técnicas
comportamentais). Apesar de nenhum deles ser muito eficaz, principalmente como
intervenção isolada, quanto mais precocemente iniciados e quanto mais jovem o paciente,
melhores os resultados obtidos. Salienta-se a importância das intervenções concomitantes e
complementares a longo prazo.

TRANSTORNO DE OPOSIÇÃO E DESAFIO (TOD)

O DSM-IV (APA, 1995) caracteriza o Transtorno de Oposição e Desafio como um


transtorno comportamental que apresenta um padrão recorrente de comportamento
negativista, desafiante, desobediente, principalmente com figuras de autoridades que levam
a um prejuízo na vida acadêmica, social e familiar do indivíduo. Os comportamentos
negativistas ou desafiadores são expressos por teimosia persistente, resistência a ordens e
relutância em comprometer-se, ceder ou negociar com adultos. O desafio também pode
incluir testagem deliberada ou persistente dos limites, geralmente ignorando ordens,
discutindo e deixando de aceitar a responsabilidade pelas más ações. A hostilidade pode
ser dirigida a adultos ou aos seus pais, sendo demonstrada ao incomodar deliberadamente
ou agredir verbalmente outras pessoas (em geral sem a agressão física mais séria vista no
Transtorno da Conduta). As manifestações do TOD estão quase que invariavelmente
presentes no contexto doméstico, mas podem não ser evidentes na escola ou na
comunidade. As taxas são de 2 a 16%, dependendo da natureza da amostra populacional e

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métodos de determinação. Assim, o comportamento oposicional é uma característica típica
de certos estágios do desenvolvimento (por exemplo: infância ou adolescência).Origem-
Parece haver um risco genético ao TOD que interage com fatores ambientais e é provavelmente
dependente de diferentes subtipos de TOD, tais como com ou sem TDAH. Disfunções familiares e
escolares estão certamente presentes no TOD. Nadder et. al (2002) sugeriram, com base em um
estudo com gêmeos, que havia um risco genético para a co-ocorrência de TOD/TC com TDAH e
também para a persistência da sintomatologia de TOD/TC. Áreas do cérebro afetadas -
Principalmente os lobos frontais, que são os principais responsáveis pela impulsividade em
conjunto com o neurotransmissor adrenalina, que se encontra em mais alto nível em alunos que
estão em situação de TOD. Van Goozen et. al (2000) demonstraram que os níveis de andrógenos
adrenais dos indivíduos com TOD são mais altos que os dos controles normais ou de crianças com
outros diagnósticos, incluindo TDAH. Sintomas-Os sintomas do transtorno tipicamente
evidenciam-se mais nas interações com adultos ou companheiros a quem o indivíduo conhece bem,
podendo assim não ser perceptíveis durante o exame clínico. Em geral, os indivíduos com este
transtorno não se consideram oposicionais ou desafiadores, mas justificam o seu comportamento
como uma resposta a exigências ou circunstâncias irracionais, sendo mais prevalente em homens
do que em mulheres antes da puberdade, mas as taxas são provavelmente iguais após a
puberdade.Causas–TOD é mais prevalente em famílias nas quais os cuidados da criança são
perturbados por uma sucessão de diferentes responsáveis ou em famílias nas quais práticas rígidas,
inconsistentes ou negligentes de criação dos filhos, são comuns. O Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade é comum em crianças com TOD, bem como os Transtornos da
Aprendizagem e da Comunicação.Consequências -Durante os anos escolares, pode haver baixa
autoestima, instabilidade do humor, baixa tolerância à frustração, blasfêmias e uso precoce de
álcool, tabaco ou drogas ilícitas. Existem, frequentemente, conflitos com os pais, professores e
companheiros. Pode haver um círculo vicioso, no qual os pais e a criança trazem à tona o que há de
pior um do outro. O início é tipicamente gradual, em geral, estendendo-se por meses ou anos. Em
uma proporção significativa dos casos, o TOD é um antecedente evolutivo do Transtorno da
Conduta.Diagnóstico- Uma vez que o comportamento oposicional temporário é muito
comum em crianças pré-escolares e adolescentes, deve-se ter cuidado ao fazer o
diagnóstico de TOD, especialmente durante esses períodos do desenvolvimento, pois o
número de sintomas de oposição tende a aumentar com a idade. Para se fazer o diagnóstico
de TOD, o paciente não pode apresentar concomitantemente um transtorno psicótico ou
um transtorno afetivo. Também, o paciente não pode preencher os critérios para transtorno
de conduta (menores de 18 anos) ou personalidade antissocial (em maiores de 18
anos).Tratamento- O Treinamento de Manejo Parental, uma modalidade de terapia

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cognitivo-comportamental (TCC) que objetivava modificar o comportamento da criança da
alteração na forma como os pais lidam com a criança, provou-se eficaz para TOD. Os
estudos definem a quantidade de responsivos em torno de 40-50%,mesmo em populações
tão diferentes do ponto de vista cultural, como americanos e chineses. As terapias
cognitivas entraram recentemente mais em evidência, alcançando índices de resposta de até
74%. Provavelmente, a escolha apropriada da terapia depende das características
psicológicas do indivíduo. Há muitos relatos do efeito da medicação em caso de oposição e
agressão, mas especialmente em pacientes que de fato têm TC ou TDAH comórbido.

TRANSTORNO DO DESAMPARO APRENDIDO (TDA)

Segundo Jensen (2000c), o Transtorno do Desamparo Aprendido (TDA) é um


fenômeno de conduta que se caracteriza pela apatia, a falta de motivação, de indefinição
diante de problemas e desafios normais da vida diária, pois a pessoa com TDA acredita
que, não importa o que faça, nunca terá êxito. Desse modo, coloca-se em um
comportamento de passividade, retraimento e perde totalmente o reconhecimento de que
existem possíveis soluções, e esta expectativa de fracasso interfere eventualmente na
aprendizagem, rendimento e por último no êxito da vida.Origem - O Desamparo
Aprendido foi originalmente introduzido como um modelo animal de depressão,
descoberto por Seligman, em 1975 que investigava as interações entre contingências
respondentes e operantes.Áreas do cérebro afetadas - A área pré-frontal compreende toda
a região anterior do lobo frontal, sendo mais desenvolvida no ser humano e nos golfinhos.
Embora essa área não faça parte do circuito límbico tradicional, suas múltiplas conexões
com o tálamo, com a amígdala e outras estruturas subcorticais, realçam seu importante
papel na origem e expressão dos estados afetivos. Assim, a ativação do córtex pré-frontal
medial e giro do cíngulo foi significativamente maior em pessoas deprimidas.Sintomas-
Falta de interesse, melancolia e insensibilidade à recompensa, chamado por Thomaz C.,
(2005) de “anedonia”, termo que se refere à insensibilidade à recompensa e há vários
modelos experimentais de depressão que enfatizam a “anedonia” como retirada de
estímulos aversivos incontroláveis. Causas - O desamparo é devido a déficits
motivacionais, cognitivos e emocionais. Seriam causas: Orgânicas: Quadro infeccioso,
Acidentes, Doenças físicas e Psicológicas: Qualidade de relacionamentos, ambiente
familiar que pode traduzir questões como Rejeição - falta de amor autêntico que leva a

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criança a comportamentos antissociais e a sentimentos de inferioridade, não se sente aceita
individualmente (excesso de comparações) e manifesta crises emocionais e de
depressão.Consequências- Ansiedade, angústia e depressão. Os humanos que foram
estimulados ao Desamparo Apreendido com frequência se viram ansiosos, deprimidos e
inquietos. Probabilidade de humor hostil a um inocente quando alguns estudantes usam de
excessivo sarcasmo e fazem ou agem de maneira que fere os demais. Grande submissão ao
estresse crônico ou moderado. (JENSEN, 1998).Diagnóstico- Com a intenção de
diagnosticar algo como TDA, Jensen (1998) apresenta as seguintes condições: Trauma - O
estudante se encontra em uma situação que implica um evento importante incontrolável. O
evento pode ser verbal, físico ou psicológico, que se qualifica em uma vida caseira
ofensiva ou na existência de um professor agressivo. Falta de controle: O estudante teve
uma experiência traumática e não soube superá-la.Tratamento- Para a incontrolabilidade
comportamental que pode levar à depressão Tavares e Motta (2005, citados por
MARQUES, R. G., 2011), apresentam que a consequência da história de incontrolabilidade
pode ser revertida por meio de dois procedimentos: um deles é programar o sujeito passar
por um esquema de controlabilidade chamado de Imunização e o outro é a terapia. O
procedimento de imunização previne a ocorrência de efeitos da história de
incontrolabilidade e, na terapia, os efeitos são revertidos pela exposição a eventos
controláveis após a experiência com incontrolabilidade.

TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE (TDAH)

Segundo Jones Jr. (2006), o transtorno de deficiência de atenção com


hiperatividade – TDAH é uma doença6 neuropsiquiátrica comum, bem caracterizada e fácil
de tratar. No entanto, é cercada de controvérsias sociais e políticas. Por ser um dos
transtornos de aprendizagem mais frequentes nas salas de aula, leva-se em consideração a
mediação docente de estudantes em situação desse transtorno neuropsiquiátrico tão prejudicial à
aprendizagem escolar, por comprometer principalmente o comportamento e a cognição desses
indivíduos. TDAH é um transtorno neurobiológico, que inicialmente está vinculado a uma lesão
cerebral mínima que nasce com o individuo; aparece já na pequena infância e quase sempre o
acompanha por toda a sua vida. Segundo Rohde e Benczick (1999), o TDAH é um problema de
saúde mental que tem como características básicas a desatenção, agitação (hiperatividade) e

6
Muitos autores consideram essa nomenclatura ultrapassada, visto que o nome doença que está associada a
distúrbio foi substituída pelo termo transtorno, cuja função foi suavizar e abolir esse significado.

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impulsividade, podendo levar a dificuldades emocionais de relacionamento, bem como baixo
desempenho escolar; podendo ser acompanhado de outros problemas de saúde mental. Origem -
Possui forte padrão hereditário. Alguns estudos mostram uma prevalência maior em meninos do
que em meninas, mas outros contestam esses achados, acreditando que a disparidade se deva à
maior hiperatividade e ao comportamento mais desordeiro dos meninos. O TDAH pode cursar com
ou sem hiperatividade. Áreas do cérebro afetadas - Hoje já se sabe que a área do cérebro
envolvida nesse processo é a região orbital frontal (parte da frente do cérebro), responsável pela
inibição do comportamento, pela atenção sustentada, pelo autocontrole e pelo planejamento para o
futuro. Entretanto, é importante frisar que o cérebro deve ser visto como um órgão cujas partes
apresentam grande interligação, fazendo com que outras áreas que possuam conexão com a região
frontal possam não estar funcionando adequadamente, levando a sintomas semelhantes aos de
TDAH.Sintomas - Os principais sintomas são irritabilidade e dificuldade de manter a
atenção.Causas - Principalmente orgânicas com fortes índices hereditários. Entretanto, as
pesquisas têm apresentado como possíveis causas de TDAH a hereditariedade, problemas durante a
gravidez ou no parto, exposição a determinadas substâncias (chumbo). Assim, problemas familiares
como: um funcionamento familiar caótico, alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução, baixo
nível socioeconômico, ou falta de um dos pais. Famílias caracterizadas por alto grau de
agressividade nas interações podem contribuir para o agravamento de comportamento agressivo ou
de oposição desafiante nas crianças, o que pode ser denominado de hiperatividade de fundo
socialdiferente de TDAH. Leva-se em conta também que à ansiedade à frustação e a depressão
também podem levar a comportamentos hiperativos com ou sem o TDAH.Consequências - As
crianças afetadas apresentam um risco maior de fracasso escolar, transtorno de
personalidade antissocial e abuso de substâncias tóxicas.Diagnóstico - O TDAH é
diagnosticado em 3 a 9% das crianças em idade escolar e pode ser diagnosticado aos oito
anos de idade, nunca se iniciando na idade adulta. Antes se achava que o TDAH melhorava
sozinho na idade adulta. A hiperatividade melhora, mas 50% dos pacientes continuam com
déficits cognitivos e precisam de tratamento continuado. No entanto, é necessário
distinguir esses pacientes de adultos que são apenas inquietos, entediados ou desatentos.
Assim, para diagnosticar um caso de TDAH, é necessário que o indivíduo em questão
apresente pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos sintomas de
hiperatividade; além disso, os sintomas devem manifestar-se em pelo menos dois
ambientes diferentes e por um período superior a seis meses.Tratamento- As objeções às
abordagens atuais de diagnósticos e tratamento do TDAH se explicam por sua alta
prevalência e pelo medo de drogar as crianças, ao invés de avaliar e suprir suas
necessidades educacionais. Apesar da possibilidade de ocorrer uso impróprio de

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medicação, a avaliação individual e o tratamento médico não são mutuamente exclusivos, e
errar o diagnóstico e deixar sem tratamento uma doença real é tão indesejável quanto o
excesso de tratamento.

DOCÊNCIA E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Começa-se esse tópico com a seguinte pergunta: O que são Dificuldades de


Aprendizagem (DA’s)? Então para responder essa pergunta segue-se a citação de Vitor da
Fonseca:

As DA’s é um conjunto heterogêneo de desordens, perturbações,


transtornos, discapacidades, ou outras expressões de significado similar
ou próximo manifestando dificuldades significativas, e ou específicas, no
processo de aprendizagem verbal... (compreensão, auditiva, fala, leitura,
escrita e cálculo.) e não verbal. (2007)

AS DA’S ORIUNDAS DE FATORES ORGÂNICOS (INTERNOS)

As DA’s oriundas dos fatores internos, biológicos ou orgânicos são as que se


originam a partir de disfunções neurológicas de origem genética ou adquirida. Assim, o
indivíduo pode apresentar uma DA oriunda de uma disfunção neurológica genética
(transtorno) ou a partir de uma disfunção neurológica adquirida (afasia)7, e as afasias
podem ser adquiridas ou não.Assim, começa-se apresentando a dislexia como um
transtorno causador de DA que mais afeta as crianças em idade escolar. Então, dislexia é
um transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, que impede a
criança de ler e compreender com a mesma facilidade com que fazem as crianças da
mesma faixa etária. Independente de qualquer causa intelectual, cultural ou emocional, a
dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Essa dificuldade no
reconhecimento de letras, na decodificação e na soletração de palavras geralmente é
identificada no período de aprendizagem do alfabeto, pois é um obstáculo ao sucesso
escolar. As dificuldades permanecem até a idade adulta.Em geral, a criança tem
dificuldade em aprender a ler e escrever e, especialmente, em escrever corretamente sem
erros de ortografia, mesmo tendo o quociente de Inteligência (QI) acima da média,
conforme a citação abaixo:

7
Transtornos que afetam a compreensão e a produção da linguagem falada e escrita ocorrem como uma
consequência de danos cerebrais.

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Dislexia como causa dos distúrbios de leitura, porque a criança disléxica
demonstra sérias dificuldades com a identificação dos símbolos e gráficos
no início da sua alfabetização, o que acarreta fracasso em outras áreas que
dependem da leitura e da escrita. Em geral, ela é considerada relapsa,
desatenta, preguiçosa, sem vontade de aprender, o que cria uma situação
emocional que tende a se agravar, especialmente em função da injustiça
que possa vir a sofrer. (JOSÉ, 2004, p.91)

AS DA’S ORIUNDAS DOS FATORES AMBIENTAIS (EXTERNOS)

Segundo a psicopedagoga paulista Telma de Araújo, (citada por PRATES, 2009),


que é professora há 15 anos, os transtornos de aprendizagem não devem ser analisados
deforma isolada. Ela diz que o trabalho psicopedagógico não pode ignorar os aspectos
extracurriculares do aluno, ou seja, os fatores sociais, culturais e até os ligados à dinâmica
familiar, como o ritmo de vida e a educação dada pelos pais. Todos esses transtornos de
aprendizagem podem estar ligados a vários aspectos, entre os quais: aspectos físicos (como
deficiência visual ou auditiva), emocionais (luto, separação dos pais), familiares (brigas,
falta de estímulo dos pais ao conhecimento), sociais (meio ambiente cultural pobre,
problemas financeiros) e aspectos escolares (professores mal preparados, falta de vínculo
entre aluno e professor e entre aluno e escola).Outra coisa que se deve levar em conta,
segundo Telma de Araújo, é o próprio processo de aprendizagem da escola e a educação
dada pela família em casa. Dependendo de como isso é conduzido, a criança pode
desenvolver problemas que culminem na dificuldade em aprender. Tudo isso são causas
que podem afetar o desempenho da criança em sala de aula.

A PIRÂMIDE: FAMÍLIA, ESCOLA E SOCIEDADE

Para compreender melhor a importância da pirâmide: família, escola e sociedade na


vida dessas crianças e adolescentes é importante que se conheçam os estudos de diversos
autores, cujas pesquisas estão inseridas nesse tema, conforme as mencionadas abaixo:

Segundo Smith e Strick (2001) a rigidez na sala de aula para as crianças com
dificuldades de aprendizagem, é fatal. Para progredirem, tais estudantes devem ser
encorajados a trabalhar ao seu próprio modo. Se forem colocados com um professor
inflexível sobre tarefas e testes, ou que usa materiais e métodos inapropriados às suas
necessidades, eles serão reprovados. Enquanto Souza (1996) afirma que as dificuldades de
aprendizagem aparecem quando a prática pedagógica diverge das necessidades dos alunos.

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Neste aspecto, se a aprendizagem for significativa para o aluno, ele se tornará menos
rígido, mais flexível, menos bloqueado, isto é, perceberá mais seus sentimentos, interesses,
limitações e necessidades. Já para Fonseca (1995), as dificuldades de aprendizagem
aumentam na presença de escolas superlotadas e mal equipadas, carentes de materiais
didáticos inovadores, além de frequentemente contarem com muitos professores derrotados
e desmotivados. A escola não pode continuar a ser uma fábrica de insucessos. Na escola, a
criança deve ser amada, pois só assim poderá considerar-se útil.Logo, o que foi citado
pelos autores é o verdadeiro papel social da pirâmide, lugar em que estão inseridos os
sujeitos em questão. Foi muito bem colocado pelos autores o papel da família e da escola
nas DA’s dessas crianças e adolescentes, que na maioria das vezes são os principais
causadores dessas deficiências. Nota-se que os TA’s passaram longe das DA’s ambientais
discutidas aqui, pois as DA’s conforme os estudos apresentados são as principais causas
das DA’s escolares nos dias atuais. Dessa forma, os maiores problemas de aprendizagem
começam na família e se estendem até a escola. Mas, e a sociedade, onde entra nessa
história? Como ela enfrenta o aluno com DA? Da pior forma possível. Assim, pode-se
fazer uma metáfora: o aluno com DA ambiental é o aluno que começa o castigo em casa,
completa na escola e é morto pela sociedade. Isso acontece porque a família é negligente, a
escola despreparada e a sociedade excluidora de pessoas, pois ela espera sujeitos bons,
inteligentes e úteis para se inserirem no meio social, o que se apresenta de forma
diferenciada é excluído. Então, como entender um sujeito com DA? Imediatamente ele (a)
será excluso (a) do meio social como um incapaz, e isso é cruel e desumano.

NEUROCIÊNCIAS NA MEDIAÇÃO DOS TRANSTORNOS E DIFICULDADES


DE APRENDIZAGEM: TC-TOD-TDA-TDAH

A mediação docente aos quatro transtornos de conduta TC-TOD-TDA-TDAH têm


fundamental importância na escola moderna/futurista. Essa escola é a instituição cujo
ensino está fundamentado nas contribuições de neurociências na formação de professores,
cuja ênfase está na educação inclusiva. Sabe-se que os TA’s são os principais causadores
das DA’s crônicas, que trazem como consequência situações devastadoras às vidas dos
indivíduos afetados, conforme o levantamento desse estudo. Assim, a mediação docente
dos quatros TA’s discutidos aqui implica conhecimento e aplicação das contribuições de
neurociências como resultado satisfatório, logo essa interação professor/aluno deve seguir

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os padrões científicos e menos intuitivos. Os quatros transtornos de aprendizagem, TC-
TOD-TDA-TDAH- estão todos envolvidos com o comportamento do individuo,
consequentemente seu comportamento de conduta será o responsável por seu déficit de
aprendizagem. Assim, de acordo com os resultados desse estudo, em mais de 50% dos
casos, os referidos TA’s apresentam comorbidade com o TDAH, um fator de risco, um
futuro devastador para crianças e adolescentes em idade escolar.

MEDIANDO DA E APRENDIZAGEM DA SEGUNDA LÍNGUA: LINGUAGEM –


LEITURA - ESCRITA

A mediação docente às DA’s abrange a linguagem, leitura, escrita e matemática.

Assim, a respeito do desenvolvimento da linguagem e aprendizagem da segunda


língua, a investigação neurocientífica de Hall (2005) sugere que há um período sensível
para aquisição da fonologia e da gramática, o que se estende até por volta dos 12 e 13 anos.
Segundo os resultados dos estudos de neuroimagens, a exposição demorada ao processo
bilíngue tem como resultado uma organização neural diferente para o processamento da
linguagem, enquanto uma exposição mais cedo lança mão das mesmas áreas para o
processamento monolingual. Os bilíngues que iniciam o processo mais cedo têm uma
exposição linguística mais eficiente e um conhecimento metalinguístico mais rápido. Isto
significa que esses sujeitos empregam os sistemas neurais para se desenvolverem de uma
maneira mais efetiva (SHERIDAN, et al. 2005). É por isso que a aprendizagem da segunda
língua depois dessa idade é perfeitamente possível, pois é muito provável que o aprendiz
retenha características de pronúncia que o distinga de um falante nativo e que ache
relativamente difícil dominar completamente os pontos mais finos e sutis da sintaxe nativa.
Entretanto, a aprendizagem do vocabulário e do significado não se torna tão afetados.

MATEMÁTICA E NUMERAÇÃO

Na Matemática, a neurociência está começando a ir mais adiante aos modelos


cognoscitivos existentes. Tem se sustentado que existe mais de um sistema neural para a
representação dos números: um Sistema de Sentido de Números
(DEHAENE,;MOLKO,;COHEN,;WILSON, 2004). Este Sistema, localizado
bilateralmente nas áreas pré-frontais e parietais do círculo, e no Sulco Bilateral

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Intraparietal (SBIP), ativa-se quando os participantes realizam tarefas tais como comparar
números, cuja comparação inclua números arábicos, conjuntos de pontos ou palavras
numéricas. Imagina-se que este sistema é que organiza o conhecimento acerca das
quantidades dos números. Outras operações aritméticas dependem da recuperação de fatos
baseados na língua, como é o caso da multiplicação que ativa o giro angular. Um cálculo
mais complexo envolve as regiões viso-espaciais, possivelmente averiguando a
importância da imaginação visual mental nas operações multidigitais: uma linha mental do
número, em que os números menores estão representados no lado esquerdo do espaço e os
números maiores no lado direito. Por último, uma área distinta parietal-premotora se ativa
durante a contagem com os dedos e também durante o cálculo (GOSWAMI, 2004 e 2006).

CONTRIBUIÇÕES DE NEUROCIÊNCIAS Á FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Kurt Fischer, neurocientista e professor da Escola de Educação da Universidade de


Harvard, disse:

Há muito tempo os professores manifestam sua resistência à


biologia como fonte de informação, pois, têm medo de que sem
seguir o modelo médico, acabem estigmatizando os problemas das
crianças como os determinados e estabelecidos biologicamente.
Porém, podemos e devemos ir mais além. De fato, a moderna
biologia mostra que o entorno de aprendizagem de uma pessoa
influencia no crescimento de novos modelos de aprendizagem no
cérebro e inclusive modela a maneira de como os genes se
expressam na atividade cerebral. Para criar conexões adequadas
com a biologia, os educadores devem estar seguros de que a
investigação do cérebro é feita responsavelmente e que somos
pessoas capacitadas para compreender realmente a conexão entre a
ciência do cérebro e o mundo da educação (2004).(Tradução
nossa).

Em resumo, a profissão de educadores, sustenta John Geake (2005), que também se


refere expressamente à Neurociência Educacional (NE), poderia tirar muito proveito do
fato de mais abraçar que ignorar a neurociência cognitiva. Mais ainda, os educadores
poderiam contribuir ativamente para a agenda de futuras pesquisas sobre o cérebro, isto é,
o nexo entre a educação e a neurociência cognitiva deveria ser duas vias: por um lado a
neurociência cognitiva pode informar a educação, proporcionando-lhe uma evidência
adicional que confirme a boa prática, ajudando-lhe a resolver os dilemas educacionais ou

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sugerindo-lhe novas possibilidades em pedagogia ou para o projeto de currículo; por outro
lado a educação pode informar a neurociência cognitiva, proporcionando uma fonte de
dados condutais complementares, especialmente sobre as crianças, como também
estabelecer novas linhas de pesquisa dignas de atenção. É, portanto, fundamental para o
desenvolvimento da profissão a construção de uma ponte entre estas duas disciplinas,
educação e neurociência cognitiva, através de um interesse comum em compreender como
aprende o cérebro.

PAPEL DO NEUROEDUCADOR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Nesta perspectiva futurista, não se pode deixar de mencionar o papel do


neuroeducador, o professor do futuro, a partir de um currículo de formação de professores
adequado a essa inevitável esfera. Como citam Sheridan, Zinchenko e Gardner:

A emergente esfera da neuroeducação oferece oportunidade para


um bom trabalho, porém requer profissionais adequadamente
capacitados para conduzir os desafios apresentados pelos avanços
neurocognitivos. Para ajudar a unir o esforço interdisciplinar entre
neurociência e educação se deve estabelecer uma nova classe de
profissionais: os neuroeducadores. Sua missão específica será
fomentar a introdução dos mais importantes avanços
neurocognitivos dentro do sistema Educacional. (2005) (Tradução
nossa.)
De acordo com Sheridan et al. (2005), os neuroeducadores precisam
desenvolversoftware8para criar um programa que ajude os alunos a dominar as frações
educacionais. Nesse caso, os neuroeducadores podem se responsabilizar por avaliar a
efetividade de um programa e sua relevância para os objetivos educacionais. Além do
mais, podem se aprofundar em pesquisas neurológicas em busca de possíveis conexões
com as metas educacionais. Um de seus objetivos é estabelecer grupos onde os científicos,
os currículos e os educadores possam trabalhar juntos para criar conhecimento e produtos
neurologicamente informados e úteis à educação.Diante do avanço dos testes que usam
diagnósticos de fMRI, os neuroeducadores precisam, por um lado, monitorar qualquer uso
inapropriado desses testes; por outro, podem orientar a pesquisa que utiliza os informes de
diagnósticos de fMRI. Tal investigação pode ajudar a desenvolver estratégias pedagógicas
que trabalhem com as comuns atipicidades ou disfunções neurológicas, e contribuir para

8
Programas de computadores

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expandir o conhecimento básico sobre educação diferenciada, dificuldades de
aprendizagem e diferenças individuais. Sendo assim, a profissão de neuroeducador (a) é
um mercado promissor e de extrema importância em todos os campos da educação, pois
está amparada pelo guarda-chuva neurociência que veio para melhorar, senão, revolucionar
o atual processo de ensino, como se vê mais adiante.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ESTATÍSTICOS

DADOS RESULTADOS PROF PSICOP


% %
1. Origem dos Neurológicas/ 68,42 100,00
Transtornos de Genéticas
Aprendizagem
2. Idade padrão dos 7- 8 anos 68,42 66,66
alunos com TA e DA
3. Maior percentagem de Masculino 94,73 100,00
sexo?
4. Principais TA’s Déficit de atenção 73,68 100,00
presentes em sala de aula
5. Principais DA’s Ler/Escrever 78,94 100,00
presentes em salas de
aulas
6. Situação dos Fracos 36,84 66,66
estudantes na
leitura/escrita
7. Situação no cálculo Fracos 15,78 33,33
matemático
8. Situação no Bons 10,52
inglês/espanhol
9. Atividades em que se Jogos 63,15 100,00
saem melhor
10. Visitas à biblioteca Nenhuma 78,94 66,66
11. Aulas mais atrativas Lúdicas 57,89 100,00
12. Lugar na sala onde Fundo 52,63 100,00
costumam sentar- se
13. Interesse pelo que Sim 78,94 66,66
acontece nos corredores
14. Saídas ao banheiro ou Constantes 52,63 66,66
bebedouro
15. Humor e Desafiadores 63,15 66,66
comportamento

Tabela 1: Dados estatísticos obtidos de professores e psicopedagogas em relação aos estudantes do 1º ao 9º


ano, em situação de transtornos e dificuldades de aprendizagem.
Fonte: Própria, 2011.

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A referida tabela apresenta em dados estatísticos o resultado das perguntas abertas
da entrevista e fechadas do questionário, aplicados aos participantes da pesquisa. Faz-se
uma análise dos dados mais relevantes e expõe-se o desempenho docente e
psicopedagógico em relação aos estudantes do 1º ao 9º ano em situação de transtornos e
dificuldades de aprendizagem. Dessa forma, observa-se que, entre os professores 68,42 %
indicaram a origem dos transtornos de aprendizagem como neurológicas e genéticas; o
mesmo percentual, 68,42 %, para a idade padrão de 7 a 8 para o aluno apresentar TA e DA.
Assim, 94,73 % afirmaram que a maior percentagem para apresentar esses transtornos é do
masculino, seguido de 73,68 % do déficit de atenção, como principal transtorno de
aprendizagem em sala de aula. Em virtude desse transtorno ou não, as principais DA’s em
sala de aula foram leitura e escrita, com 78,94%; 36,84% dos docentes os consideram
fracos na leitura/escrita; fracos no cálculo matemático com 15,78 % e, razoavelmente bons
10,52 %, nas línguas estrangeiras (Inglês/espanhol). A pesquisa comprovou também que
entre as atividades de aprendizagem aplicadas, as que apresentam melhores resultados são
os Jogos em 63,15% das respostas; o modelo de aula mais atrativa são as aulas lúdicas, em
57,89 %. Foi também informado por 78,94 % dos participantes que nenhuma visita é feita
à biblioteca, portanto, frequência zero. O lugar na sala de aula onde costumam sentar-se é
sempre no fundo, em 52,63 % das respostas; um interesse muito grande pelo que acontece
nos corredores durante as aulas, em 78,94%. As constantes saídas ao banheiro ou ao
bebedouro, 52,63%; de 63,15% dos professores, classificaram os referidos estudantes
como desafiadores em relação ao humor e comportamento, colocando-os no topo das
deficiências nas salas de aulas, ficando atrás apenas do déficit de atenção que disparou com
o primeiro lugar de 73,68 %.

Em contrapartida, o resultado apresentado pelas psicopedagogas que se


manifestaram à pesquisa mostrou que 100,00 % indicaram a origem dos transtornos de
aprendizagem como neurológicas e genéticas; de 66,66 % para a idade padrão de 7 a 8 para
o aluno apresentar TA e DA. Assim, 100,00% afirmaram que o sexo masculino apresenta
mais esses transtornos e de 100% do déficit de atenção como principal transtorno de
aprendizagem em sala de aula. Em virtude desse transtorno ou não, as principais DA’s que
dispararam em sala de aula foram leitura e escrita com 100,00% das entrevistadas que os
consideram fracos na leitura/escrita, 66,66 % e fracos no cálculo matemático com 33,33 %.
A pesquisa comprovou também que entre as atividades de aprendizagem aplicadas, as que
apresentaram melhores resultados foram os Jogos com 100% das respostas. O modelo de

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aulas mais atrativas foram aulas lúdicas em 100%. Foi também informado por 66,66% das
participantes que nenhuma visita é feita à biblioteca, portanto, frequência zero. O lugar na
sala de aula onde costumam sentar-se é sempre o fundo em 100,00 % das respostas e um
interesse muito grande pelo que acontece nos corredores durante as aulas em 66,66%. As
constantes saídas ao banheiro ou ao bebedouro fizeram 66,66% das respostas
acompanhadas de 66,66% das psicopedagogas, que classificaram os referidos estudantes
como desafiadores em relação ao humor e comportamento, colocando-os no topo das
deficiências nas salas de aulas, ficando atrás apenas do déficit de atenção que disparou com
o primeiro lugar de 100%.

CONCLUSÕES

Mediante o exposto, conclui-se que na pesquisa observou-se que de 100% dos


professores e psicopedagogos apontaram as contribuições de neurociências à formação de
professores, como base fundamental à educação inclusiva. 74% de professores e 100% de
psicopedagogos apontaram o Déficit de Atenção como principal transtorno de
aprendizagem nas salas de aula, seguido do Transtorno de Oposição e Desafio, 63,15 % de
professores e 66,66 % de psicopedagogos. 78,94% professores e 100% de psicopedagogos
indicaram a leitura/escrita como as principais dificuldades de aprendizagem em salas de
aula; entre os transtornos de aprendizagem pesquisados, todos em 50% dos casos têm
comorbidade com o TDAH; das dificuldades de aprendizagem, cerca de 79% são de
origem ambientais, ficando uma minoria de 21% para as de origem orgânicas.

Assim, aplicando as contribuições de neurociências à formação de professores e à


pirâmide: família, escola e sociedade, pode-se conseguir com êxito uma boa interferência
interdisciplinar aos transtornos e dificuldades de aprendizagem tornando, possível uma
melhor mediação e prevenção dessas diferenças educacionais, visto que os baixos
rendimentos escolares são na maioria causados por dificuldades de aprendizagem
ambientais (79%), ficando uma minoria para os transtornos de aprendizagem (21%) que
podem se agravar a partir dos fatores ambientais em que o individuo esteja inserido.
Portanto, as contribuições de neurociências à formação de professores: mediando
transtornos e dificuldade de aprendizagem, mostradas nesse estudo, vêm como aliadas às
ciências da educação no patamar da educação inclusiva e toda sua diversidade no sentido

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de aplicar a pedagogia nos padrões neurocientíficos das neurociências, levando os
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Caminhos da Educação Matemática em Revista/Online | Volume 4 | Número 2 | 2015 | ISSN 2358-4750

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