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Atendimento Odontológico À Gestante - Parte 2: Cuidados Durante


A Consulta
Dental Assistance Of Pregnant Women – Part 2: Management During An
Appointment
SILVA, Francisco Wanderley Garcia de Paula e*
STUANI, Adriana Sasso*
QUEIROZ, Alexandra Mussolino de**
RESUMO
O objetivo do presente trabalho é descrever as principais recomendações relacionadas ao atendimento odontológico de gestantes,
abordando tópicos como as principais características de cada trimestre da gestação, a prescrição de medicamentos e a execução do exame
radiográfico.
PALAVRAS-CHAVE:
Orientações. Atendimento Odontológico. Gestantes.

INTRODUÇÃO mãe do que o tratamento instituído (RO- fecciosos evitando quadros de dor (SCAVU-
O atendimento odontológico de gestan- THWELL et al., 1987; BARAK et al., ZZI et al., 1998).
tes é um assunto bastante controverso, prin- 2003). Atualmente, os trabalhos têm eviden- No terceiro trimestre a mulher passa a
cipalmente em função dos mitos que exis- ciado que existe uma correlação positiva en- apresentar freqüência urinária aumentada,
tem acerca do tratamento, tanto por parte tre a presença de doença periodontal na mãe edema das pernas, hipotensão postural e se
das gestantes como por parte dos cirurgiões e a ocorrência do parto prematuro de bebês sente desconfortável em posição de decúbi-
dentistas que não se sentem seguros em aten- de baixo peso (OFFENBACHER et al., 1996; to dorsal, situações clínicas estas que não
dê-las (MAEDA et al., 2004). Lydon-Roche- OFFENBACHER; SLADE, 1998; LOPEZ et caracterizam esse período como favorável
lle et al. (2004), nos Estados Unidos, obser- al., 2002). A doença periodontal é capaz de (MILLS; MOSES, 2004).
varam que 58% das gestantes participantes elevar os níveis plasmáticos da prostaglandi- Em casos de urgência, o tratamento pode
do seu estudo não receberam tratamento na, um mediador da inflamação, que é tam- ser realizado em qualquer período, não sen-
odontológico durante a gestação e 21% des- bém responsável pela indução do parto do a gravidez uma contra-indicação (BARAK
sa população de 2147 mulheres apresenta- (OFFENBACHER; SLADE, 1998). Cuida- et al., 2003), embora exista uma tendência,
vam problemas bucais. No Brasil, Scavuzzi dos odontológicos como raspagem, profila- por parte dos cirurgiões dentistas, de poster-
et al. (1998) observaram que 32,6% das xia e instrução de higiene bucal são bem me- gar o atendimento odontológico para depois
gestantes, na população estudada, não bus- nos agressivos ao bebê do que o aumento de do parto em função dos receios existentes
cavam atendimento odontológico por medo prostaglandina devido a um foco infeccioso com relação à tomada radiográfica e à pres-
dos procedimentos realizados pelo cirurgião na cavidade bucal da gestante (ROTHWE- crição de medicamentos (GAJENDRA; KU-
dentista causarem algum dano aos seus be- LL et al., 1987; BARAK et al., 2003). MAR, 2004). Entretanto, essa conduta não
bês. O primeiro trimestre da gestação inicia- deve ser utilizada como rotina, estando indi-
Para realizar o tratamento odontológico se com a fertilização e implantação do em- cada apenas para os procedimentos cirúrgi-
de gestantes, os cirurgiões dentistas devem brião. É considerado o período da organo- cos bucais e periodontais extensos e para as
conhecer as alterações sistêmicas de suas gênese, ou seja, o início da formação do feto grandes reabilitações bucais (ANDRADE,
pacientes, bem como os principais cuidados e da diferenciação orgânica, que vai até do 1999; BARAK et al., 2003).
no atendimento, a fim de instituir um plano 18º ao 56º dia de gestação. É nessa fase Principais cuidados no atendimento
de tratamento adequado. Dessa maneira, o que acontece a maior incidência de aborto e odontológico à gestante
objetivo do presente trabalho é descrever as também quando existe maior risco de tera- Algumas complicações podem surgir du-
principais recomendações relacionadas ao togenia, ou seja, a ocorrência de malforma- rante o atendimento odontológico, destacan-
atendimento odontológico de gestantes, pos- ções pelo uso de alguns medicamentos (ADA, do-se dentre elas a hipoglicemia, o reflexo
sibilitando ao cirurgião dentista prestar aten- 1995). O tratamento odontológico deveria ser de vômito e a síndrome da hipotensão postu-
dimento odontológico a esse grupo de paci- adiado nesse período em função de dificul- ral, sendo necessários alguns cuidados es-
entes com tranqüilidade e segurança. dades da paciente, tais como os episódios peciais durante o atendimento dessas paci-
Existe época oportuna para o aten- recorrentes de náusea e vômito que dificul- entes (TARSITANO et al., 1993; HOLDER
dimento odontológico? tam o atendimento (MILLS; MOSES, 2004). et al., 1999).
Diferentemente do que se acredita, o O segundo trimestre é considerado o pe- Preferencialmente as sessões clínicas
atendimento odontológico pode ser realiza- ríodo mais estável da gestação e por isso re- deveriam ser curtas, principalmente para
do em qualquer período da gestação (Ame- comenda-se que as intervenções odontológi- aquelas pacientes que tem algum receio com
rican Dental Association (ADA), 1995), uma cas sejam realizadas nessa época (BARAK relação ao tratamento odontológico, evitan-
vez que é mais prejudicial para o bebê a ma- et al., 2003). Esse atendimento deve ser re- do assim, situações de estresse (SURESH;
nutenção de infecções na cavidade bucal da alizado com o objetivo de remover focos in- RADFAR, 2004).

* Alunos de Curso de Pós-graduação em Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto/USP


** Professora Assistente do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia
de Ribeirão Preto/USP

R. Fac. Odontol. Porto Alegre, Porto Alegre, v. 47, n.3, p. 5-9, dez. 2006
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É importante o monitoramento dos sinais As radiografias mais empregadas em causarem aborto espontâneo, teratogenia e
vitais, como a freqüência cardíaca, a pres- Odontologia, como a panorâmica e a peria- induzirem o parto prematuro de bebês de
são sangüínea e a temperatura corporal. Os pical, são seguras durante a gestação e im- baixo peso (RATHMELL et al., 1997; AB-
valores considerados normais para a freqüên- portantes para o estabelecimento de um di- BAS et al., 2005). Idealmente, nenhum
cia cardíaca variam de 60 a 100 bpm (bati- agnóstico mais confiável e do plano de trata- medicamento deveria ser administrado no
mentos por minuto), a pressão sistólica me- mento adequado (SURESH; RADFAR, primeiro trimestre da gestação, exceto em
nor que 140mmHg e a diastólica menor que 2004). casos de urgências (LITTLE et al., 2002;
90mmHg (JAMES, NELSON-PIERCE, Orientações relacionadas à higiene MILLS; MOSES, 2004), porque os riscos de
2004). Devido ao risco de diabetes gestacio- bucal e hábitos alimentares teratogenia são maiores durante o período
nal, deve-se medir o nível de glicose no san- É importante conscientizar a paciente da organogênese. Após esse período, os ris-
gue, sendo considerado normal se menor que sobre as mudanças fisiológicas durante a cos são diminuídos e as drogas não causarão
140mg/dL (FORSBACH-SANCHEZ et al., gestação e enfatizar a necessidade de higie- malformações, mas sim poderão afetar o cres-
2005). ne bucal para o controle do biofilme dental cimento e desenvolvimento do feto (FERRE-
Deve-se considerar, ainda, o risco de hi- (SURESH; RADFAR, 2004). A American RO et al., 2004; SURESH; RADFAR,
potensão postural por compressão da veia Dental Association (1998) recomenda que 2004).
cava inferior que acontece quando a gestan- as gestantes mantenham uma dieta balance- A FDA (Food and Drug Administration)
te permanece por períodos prolongados em ada, escovem os dentes com dentifrícios flu- classificou os fármacos com relação ao risco
posição supina, principalmente no terceiro oretados pelo menos duas vezes ao dia, fa- de causarem malformações congênitas, ofe-
trimestre da gestação (LITTLE et al., 2002; çam uso do fio dental pelo menos uma vez e recendo bases para a prescrição de drogas
BARAK et al., 2003). Para prevenir a sín- agendem consultas periódicas para profila- durante a gestação (Teratology Society Pu-
drome da hipotensão postural na cadeira xia profissional. blic Affairs Committee, 1994). Essas cate-
odontológica, o cirurgião-dentista pode colo- Os agentes antimicrobianos e denti- gorias são: Categoria A – estudos controla-
car uma almofada para elevar a parte direita frícios não são contra-indicados nesse perío- dos em humanos não indicam risco aparente
do quadril de 10 a 12 cm ou a gestante ficar do, sendo a clorexidina um enxaguatório para o feto; Categoria B – estudos em ani-
voltada para o lado esquerdo para impedir a bucal seguro e eficaz no controle da gengivi- mais não indicam risco para o feto e estudos
compressão da veia cava inferior pelo útero te durante a gestação (HOLDER et al., bem controlados em humanos falharam em
(BARAK et al., 2003; GAJENDRA; KU- 1999). Os dentifrícios, principalmente aque- demonstrar risco; Categoria C – estudos em
MAR, 2004). Numa situação ideal, durante les contendo triclosan, devem ser utilizados animais mostraram efeitos adversos no feto,
o atendimento odontológico, as pacientes de- por apresentarem atividade antimicrobiana mas não existem estudos em humanos; Ca-
veriam permanecer sentadas, em posição e pela capacidade de melhorar quadros de tegoria D – existe evidência de risco em hu-
semi-supina (SURESH; RADFAR, 2004). gengivite (PETER et al., 2004). manos e Categoria X – o risco em mulheres
Náusea e vômito são situações que difi- As aplicações tópicas de flúor, os boche- grávidas claramente supera os benefícios.
cultam o atendimento odontológico. Para chos fluoretados e a utilização de materiais Os fármacos classificados pela FDA como
mulheres com êmese e hiperêmese, as con- que liberam flúor devem ser indicados para inclusos nas categorias A e B podem ser se-
sultas pela manhã deveriam ser evitadas. Elas prevenção e, sobretudo, controle da doença guramente prescritos a gestante. Os medica-
devem ser advertidas também para evitar cárie (KONISH; KONISH, 2002). mentos da categoria C e D deveriam ser uti-
bebidas ácidas ou alimentos gordurosos, que Com relação à alimentação, os nutrien- lizados somente em casos estritamente ne-
causam desordens gástricas e dificultam o tes, advindos da dieta, desempenham um cessários e os da categoria X são proibidos
esvaziamento do estômago (KOCH, FRISSO- importante papel para a nutrição da mãe e (TERATOLOGY SOCIETY PUBLIC
RA, 2003). Em caso de vômito, deve-se in- para o desenvolvimento do bebê (KONISH; AFFAIRS COMMITTEE, 1994).
terromper o atendimento imediatamente e a KONISH, 2002). Como o desenvolvimentoa Analgésicos e Antiinflamatórios
paciente deve ser colocada em posição ere- do paladar do bebê inicia-se por volta da 14 O acetoaminofeno (categoria B) é o anal-
ta. Após o episódio, a cavidade bucal deve semana intra-uterina, se a gestante ingerir gésico de escolha durante a gestação e lacta-
ser lavada com água fria ou um enxagüató- muito doce, o bebê pode desenvolver o pa- ção (MARTIN; VARNER, 1994; RATHME-
rio bucal fluoretado (SURESH; RADFAR, ladar voltado para o açúcar, o que não seria LL et al., 1997; HAAS, 2002). Riscos de
2004). interessante (MEDEIROS, 1993). O açúcar anemia e problemas renais, relatados no feto,
Exame radiográfico natural dos alimentos é suficiente para su- foram observados apenas com altas doses do
O exame radiográfico não precisa ser prir as necessidades da mãe e do feto e asse- medicamento (MARTIN; VARNER, 1994;
evitado durante a gestação, uma vez que a gurar o desenvolvimento do bebê (KONISH; WASYLKO et al., 1998). Os analgésicos
quantidade de radiação que a mãe é exposta KONISH, 2002). opióides podem causar depressão do siste-
para uma tomada radiográfica periapical é Cuidados terapêuticos ma nervoso fetal e vício no feto, devendo ser
muito menor que a dose necessária para oca- Durante a gestação pode ser difícil man- evitados (ACADEMY OF GENERAL DEN-
sionar malformações congênitas, porque o ter os níveis plasmáticos terapêuticos dos TISTRY, 2005).
feto recebe 1/50000 da exposição direta na medicamentos pelo aumento do volume san- O uso prolongado de antiinflamatórios
cabeça da mãe (RICHARDS, 1968). Mes- güíneo, diminuição da concentração das pro- não-esteroidais tem gerado efeitos prejudici-
mo assim, alguns cuidados são recomenda- teínas plasmáticas, metabolização hepática ais na circulação fetal (GAJENDRA; KU-
dos como avaliar a real necessidade do exa- e excreção renal aumentadas e diminuição MAR, 2004; Academy of General Dentis-
me, a proteção com avental de chumbo, o da absorção gastrointestinal. A redução da try, 2005). O ácido acetilsalicílico e o ibu-
uso de filmes ultra-rápidos, que permitem quantidade de proteínas plasmáticas pode profeno deveriam ser evitados no terceiro
menor tempo de exposição e evitar repeti- diminuir a ligação da droga, aumentando a trimestre da gestação (ADA, 1995). O ácido
ções (ADA, 1995; LITTLE et al., 2002). quantidade de medicamento livre, permitin- acetilsalicílico, da categoria C, é um inibidor
Radiografias de rotina e exame periapical do que as drogas atravessem facilmente a da prostaglandina, podendo levar a anemia,
completo devem ser evitados se não estive- placenta, atingindo a circulação fetal (FER- hemorragia e trabalho de parto prolongado
rem relacionados à área de interesse e quei- RERO et al., 2004; ABBAS et al., 2005). (HAAS, 2002). Embora esses antiinflamató-
xa principal (GAJENDRA; KUMAR, 2004). Alguns medicamentos são conhecidos por rios não estejam relacionados a malforma-
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ções congênitas, podem causar aborto espon- MAR, 2004; ACADEMY OF GENERAL para seus filhos.
tâneo (NIELSEN et al., 2001). DENTISTRY, 2005).
Os corticosteróides pertencem a catego- O metronidazol (categoria B) atravessa a CONCLUSÃO
ria C da FDA. A utilização de formas tópicas barreira placentária e penetra na circulação O conhecimento por parte do cirurgião
no tratamento de lesões inflamatórias bucais fetal. Devido ao potencial de risco ainda des- dentista sobre as principais características de
é segura para a gestante. Se usados sistemi- conhecido, não é recomendado para gestan- cada trimestre gestacional e sobre as reco-
camente, em altas doses e por curto perío- tes (MURPHY; JONES, 1994). Os amino- mendações e cuidados a serem tomados du-
do, atravessam a barreira placentária e são glicosídeos (estreptomicina e gentamicina) rante o atendimento odontológico, incluindo
excretados no leite materno. Lactentes que pertencem a categoria C e o uso deve ser a prescrição de medicamentos e o exame
fazem uso de altas doses de esteróides de- restrito somente para aquelas situações em radiográfico, são importantes para possibili-
vem aguardar 4 horas para amamentar vi- que os benefícios superam os riscos (DASHE; tar o tratamento da gestante com segurança
sando reduzir a quantidade do medicamen- GILSTRAP, 1997). e com menor risco de efeitos adversos para
to no leite (COMMITTEE ON DRUGS, AME- O uso da tetraciclina (categoria D) é de o bebê.
RICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 1994). risco para a mãe e o feto porque pode cau-
Anestésicos locais sar injurias no pâncreas e fígado, atravessar ABSTRACT
Os anestésicos locais atravessam a bar- a placenta e causar malformações e pigmen- The aim of this study was to describe the
reira placentária por difusão passiva, mas são tação dos dentes decíduos por meio da que- main recommendations related to dental as-
considerados seguros e não teratogênicos lação com os íons cálcio, sendo também de- sistance during pregnancy, with topics as the
(MOORE, 1998). Alguns anestésicos podem positada no tecido ósseo do feto resultando main characteristics of each trimester of preg-
ser seguramente administrados, como a li- em deficiência do crescimento ósseo (ACA- nancy, the prescription of medicaments, and
docaína, a prilocaína e a etidocaína (catego- DEMY OF GENERAL DENTISTRY, 2005). the x-ray examination.
ria B). Entretanto, a prilocaína, em altas do- Sedativos e hipnóticos
ses, dificulta a circulação placentária e pode O óxido nitroso (N O) ainda não foi clas- KEYWORDS:
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provocar metemoglobinemia. A metemoglo- sificado pela FDA e seu uso durante a gesta- Guidelines. Dental Assistance. Pregnant
binemia é um distúrbio hematológico no qual ção é controverso. Os barbitúricos e benzo- Woman.
a hemoglobina transforma-se em metemoglo- diazepínicos (categoria D) devem ser evita-
bina por meio de oxidação, tornando a mo- dos durante a gestação e amamentação (SU- REFERÊNCIAS
lécula incapaz de transportar oxigênio (AN- RESH, RADFAR, 2004). ABBAS, A.E.; LESTERA, S.J.; CONNO-
DRADE, 1999). A mepivacaína, bupivacaí- Aplicação de medidas preventivas às LLY, H. Pregnancy and the Cardiovascu-
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Com relação à presença do vasoconstri- tococcus mutans têm sido associados a colo- ACADEMY OF GENERAL DENTIS-
tor no anestésico local, a adrenalina e a no- nização precoce da cavidade bucal do bebê TRY. Disponível em: http://agd.org/con-
radrenalina são consideradas seguras e não e maior suscetibilidade a apresentar lesões sumer/topics/pregnancy/pregnancy.asp.
estão associadas a malformações fetais (MAR- de cárie na dentição decídua (GRIDEN- Acesso em: 26 jul. 2005.
TIN, VARNER, 1994). A felipressina é con- FJORD et al., 1996; GÓMEZ et al., 2001).
tra-indicada por diminuir a circulação pla- Por isso muitos esforços têm sido realizados AMERICAN DENTAL ASSOCIATION
centária, dificultar a fixação do embrião no para prevenir a transmissão da doença cárie (ADA). Pregnancy and Oral Health,
útero e induzir contrações uterinas. Entre- por meio de programas preventivos cujo alvo 1998.
tanto, os estudos que mostraram esses efei- é a mãe (SÖDERLING et al., 2001; ZANA-
tos adversos utilizaram altas doses do medi- TA et al., 2003). AMERICAN DENTAL ASSOCIATION
camento (HASS et al., 2000). Esses estudos têm avaliado se informa- COUNCIL ON ACCESS, PREVENTION,
As doses usuais de anestésicos locais são ções sobre saúde bucal, aconselhamento di- AND INTERPROFESSIONAL RELATI-
consideradas seguras para gestantes e lac- etético, profilaxia, uso de agentes antimicro- ONS. ADA Oral Health Care Series:
tentes, não existindo contra-indicação para bianos, escavação e selamento em massa di- Women’s Oral Health Issues. Chicago:
o seu uso (DILLON et al., 1997). Como recionados a mãe são capazes de prevenir a American Dental Association, 1995.
medida de segurança pode-se utilizar, no colonização da cavidade bucal do bebê por
máximo, 2 tubetes de lidocaína 2% por ses- microrganismos cariogênicos (SÖDERLING ANDRADE, E.D. Terapêutica Medica-
são de atendimento, realizando-se aspiração et al., 2001; ZANATA et al., 2003). Embo- mentosa em Odontologia: Procedi-
prévia e injeção lenta da solução (HAAS, ra alguns aspectos relacionados a transmis- mentos Clínicos e Uso de Medicamentos
2002). são da cárie dental ainda permaneçam in- nas Principais Situações na Prática Odon-
Antibióticos definidos, o impacto desse conhecimento na tológica. São Paulo: Artes Médicas, 1999.
Os beta-lactâmicos (penicilinas e cefalos- prática odontológica pode ser sentido mos-
porinas) são os antibióticos de primeira es- trando não só a menor prevalência de S. BARAK, S.; et al. Common Oral Mani-
colha nas infecções orofaciais. Pertencentes mutans nos filhos como também a diminui- festations During Pregnancy: A Review.
a categoria B da FDA, esses medicamentos ção da ocorrência de lesões de cárie na den- Obstet. Gynecol. Surv., Baltimore,
atravessam a barreira placentária, mas são tição decídua (GÓMEZ et al., 2001; SÖDER- v.58, no.9, p.624-628, 2003.
considerados seguros durante a gestação LING et al., 2001).
(DASHE; GILSTRAP, 1997). Os macrolí- Assim, orientações direcionadas às ges- COMMITTEE ON DRUGS, AMERICAN
deos (eritromicina, clindamicina e azitromi- tantes com relação à saúde bucal são impor- ACADEMY OF PEDIATRICS. The
cina) (categoria B) também atravessam a tantes para o estabelecimento de hábitos fa- Transfer of Drugs and Other Chemicals
barreira placentária, mas em pequenas quan- voráveis, permitindo a manutenção da saú- into Human Milk. Pediatrics, Springfi-
tidades e devem ser utilizados em pacientes de bucal e impedindo ou, pelo menos, pos- eld, v.93, p.137-150, 1994.
alérgicos a penicilina (GAJENDRA; KU- tergando a transmissão de microrganismos
R. Fac. Odontol. Porto Alegre, Porto Alegre, v. 47, n.3, p. 5-9, dez. 2006
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Endereço para correspondência:


Alexandra Mussolino de Queiroz
Departamento de Clínica Infantil, Odon-
tologia Preventiva e Social
Faculdade de Odontologia de Ribeirão
Preto – Universidade de São Paulo
Avenida do Café, s/n – Bairro Monte Ale-
gre - CEP: 14040-904 – Ribeirão Preto
– SP
Telefone: (16) 3602-4116
e-mail:
amqueiroz@forp.usp.br(Footnotes)

R. Fac. Odontol. Porto Alegre, Porto Alegre, v. 47, n.3, p. 5-9, dez. 2006

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