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UNIVERSIDADE PAULISTA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA:


FUNDAÇÕES E OBRAS DE TERRA

FLÁVIO MARINI FAVA

CORTINA ATIRANTADA LOCALIZADA NO TALUDE DE ATERRO NO


KM 505+150 PISTA NORTE DA RODOVIA RÉGIS BITTENCOURT

CURITIBA
2019
FLÁVIO MARINI FAVA

CORTINA ATIRANTADA LOCALIZADA NO TALUDE DE ATERRO NO


KM 505+150 PISTA NORTE DA RODOVIA RÉGIS BITTENCOURT

Monografia apresentada ao Curso de


Especialização em Engenharia
Geotécnica: Fundações e Obras de Terra
a Universidade Paulista, como requisito
parcial para obtenção do título de
Especialista.

CURITIBA
2019
Dedico o trabalho aos meus amigos e a
minha querida esposa, que sempre
estiveram comigo em todos os momentos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos professores, colegas e amigos, que estiveram juntos ao longo do


curso. Agradeço também a minha família, por estar presente e realizar essa
caminhada junto comigo.
“O gênio é um por cento de inspiração e
noventa e nove por cento de suor. ”
(Thomas Edison).
RESUMO

As contenções e as estruturas determinadas para tal são responsáveis pela


estabilização dos maciços de solo e responsáveis pela criação de passagens por
diversos locais, entretanto para a determinação dos métodos a serem utilizados a
realização da implantação e a realização da execução, um estudo geotécnico é
necessário. Sendo assim, o objetivo geral desse trabalho foi avaliar, sob os aspectos
geotécnicos, a execução do prolongamento da cortina atirantada no talude de aterro
no km 505+150 pista norte da Rodovia Régis Bittencourt. A metodologia utilizada no
trabalho foi a realização de um levantamento exploratório por meio da bibliográfica
utilizando as bases de dados e compilando as informações de teses, publicações,
artigos, livros, dissertações e revistas para desenvolver a fundamentação teórica e a
contextualização de um caso prático por meio da utilização de documentos e dados
utilizados em exemplo especifico com relação ao estudo apresentado. Com base nos
resultados e informações demonstradas foi possível concluir que ocorre uma relação
direta entre os estudos geotécnico e a execução das estruturas de contenção e por
meio de um estudo de caso específico foi possível apresentar de forma prática como
se dá essa associação.

Palavras-chave: Cortina Atirantada. Estabilidade de Taludes. Engenharia Geotécnica.


Rodovia Régis Bittencourt.
ABSTRACT

The containments and the structures determined for this are responsible for the
stabilization of the soil masses and responsible for the creation of passages through
several locations, however, for the determination of the methods to be used to carry
out the implementation and execution, a geotechnical study is necessary. Therefore,
the general objective of this work was to evaluate, under geotechnical aspects, the
execution of the prolongation of the reinforced curtain on the embankment at km
505+150 north of the Régis Bittencourt Highway. The methodology used in the work
was to carry out an exploratory survey using the bibliographical data bases and
compiling the information of theses, publications, articles, books, dissertations and
journals to develop the theoretical foundation and the contextualization of a practical
case by through the use of documents and data used in a specific example in relation
to the study presented. Based on the results and information demonstrated, it was
possible to conclude that a direct relationship exists between the geotechnical studies
and the execution of the containment structures and through a specific case study, it
was possible to present in a practical way in which this association occurs.

Keywords: Straight Curtain, Stability of Slopes, Geotechnical Engineering, Highway


Régis Bittencourt
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Equipamento montado para realização do SPT. ....................................... 18


Figura 2 - Relatório de Sondagem SPT. .................................................................... 21
Figura 3 - Exemplo de contenção escorada em madeira. ......................................... 26
Figura 4 - Muro de alvenaria para contenção do jardim. ........................................... 27
Figura 5 - Muro de concreto ciclópico. ...................................................................... 28
Figura 6 - Contenção em sacos de solo-cimento. ..................................................... 30
Figura 7 - Muro de flexão. ......................................................................................... 31
Figura 8 - Muro de flexão com ancoragem. ............................................................... 32
Figura 9 - Vista da seção transversal da contenção atirantada. ................................ 33
Figura 10 - Processo de execução e implementação da cortina atirantada. ............. 34
Figura 11 - Seção do local da execução. .................................................................. 35
Figura 12 - Detalhe do tirante usado na execução. ................................................... 35
Figura 13 - Detalhe das ocorrências tida na contenção da rodovia........................... 38
Figura 14 - Locais onde ocorreram as rupturas das contenções............................... 39
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Sondagens realizadas em 2012. ............................................................. 40


Tabela 2 - Sondagens realizadas em 2002. .............................................................. 40
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 10
1.1 Objetivo ......................................................................................................... 11
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 11
1.1.2 Objetivo Específico ......................................................................................... 11
1.2 Justificativa ................................................................................................... 11
1.3 Metodologia................................................................................................... 12
1.4 Estrutura do Trabalho .................................................................................. 13
2 ESTUDO GEOTÉCNICO ................................................................................ 15
2.1 Investigação do Subsolo .............................................................................. 16
2.1.1 Standard Penetration Test (SPT) .................................................................... 17
2.2 Geotecnia e Obras de Terra ......................................................................... 22
3 ESTRUTURA DE CONTENÇÃO .................................................................... 24
3.1 Empuxo.......................................................................................................... 24
3.2 Classificação dos Tipos de Contenção ....................................................... 25
3.2.1 Técnicas para Contenção ............................................................................... 26
3.2.2 Muro de Alvenaria ........................................................................................... 27
3.2.3 Muro de Concreto Ciclópico ............................................................................ 28
3.2.4 Muros de Sacos de Solo-Cimento ................................................................... 29
3.2.5 Muros de Flexão ............................................................................................. 30
4 CONTENÇÃO ATIRANTADA......................................................................... 33
4.1 Apresentação de Estudo de Caso da Execução de Cortina Atirantada .... 36
4.1.1 Histórico da Contenção da Rodovia ................................................................ 36
4.1.2 Investigações Geotécnicas ............................................................................. 39
4.1.3 Projeto das Cortinas Atirantadas ..................................................................... 40
5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 42
REFERENCIAS .............................................................................................. 44
APÊNDICE A – BOLETINS DE SONDAGENS .............................................. 46
10

1 INTRODUÇÃO

Desde os primórdios o homem sempre teve a necessidade de se deslocar, seja


para a obtenção de alimentos, habitar locais mais protegidos, ou mesmo para
exploração de novas terras. No início as jornadas eram realizadas por meios próprios,
ou seja, o homem tinha que caminhar para alcançar seus objetivos, mas ao longo do
tempo os meios de transporte terrestres evoluíram, passando desde o uso de animais,
como o cavalo, até modernos trens, caminhões e carros. O deslocamento desses
veículos exige o uso de caminhos adequados, cuja implantação exige a conformação
e adequação do terreno para a execução de rodovias na qual esses veículos irão
transitar, necessitando dos métodos de contenção dos desníveis de terra.
As estruturas ou métodos de contenção, tem o propósito de estabilizar maciços
de terra ou rocha, suportando o seu peso e escorregamento para evitar instabilidades
e rupturas e assim criar aberturas necessárias de acordo com o objetivo do projeto. De
um modo geral o principal mecanismo causador da instabilidade de um aterro é o seu
peso próprio, portanto é fundamental o controle das etapas construtivas e do material
que o compõe (BARROS, 2014).
O aterro é provavelmente o elemento mais suscetível à ocorrência de
instabilidades ao longo da vida útil de uma rodovia, devido principalmente à
complexidade de sua execução, que envolve a heterogeneidade dos materiais que o
compõe, a fundação sobre a qual ele é assentado e o controle das etapas de
construção. O entendimento desse quando aplicado na construção civil é importante
para a escolha, dos métodos ou técnicas para solucionar problemas e encontrar suas
soluções, para isso o auxílio da geotecnia ou do estudo da mecânica dos solos
consegue demonstrar suas características, propriedades, cargas admissíveis e
diversos outros parâmetros que permitem o aprofundamento e o conhecimento dessa
área, conseguindo a partir disso utilizá-los em auxilio de projetos e aplicações na
construção civil.
Neste contexto, as cortinas atirantadas são estruturas muito utilizadas para o
confinamento de aterros em locais onde a topografia é bastante irregular e, seja por
questões técnicas ou econômicas, as contenções apresentam-se como uma
alternativa viável para a implantação do aterro.
Por isso, o presente trabalho tem o intuito de demonstrar a aplicação da
utilização do método de contenção fazendo uso de tirantes, ilustrando uma prática e
11

solução bastante viável em localizações com complexidades no terreno e topografia,


auxiliando os profissionais e interessados a analisarem a aplicação da técnica em uma
situação de contraste ao encontrado na atualidade.

1.1 Objetivo

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo geral desse trabalho é apresentar e demonstrar os métodos de


contenção utilizados na construção civil, aprofundando a análise sobre a execução do
prolongamento da cortina atirantada no talude de aterro no km 505+150 pista norte da
Rodovia Régis Bittencourt.

1.1.2 Objetivos Específicos

Os objetos específicos do presente trabalho são:

a) Introduzir o estudo geotécnico e do solo e demonstrar a sua importância


para análise e informações referentes aos parâmetros dos projetos
geotécnicos;
b) Demonstrar e contextualizar as técnicas de contenção de aterro e rochas
utilizadas na construção civil;
c) Aprofundar a execução de contenções com tirantes e ilustrar um estudo de
caso executado de cortina atirantada.

1.2 Justificativa

Atualmente, na engenharia no Brasil, a área de geotecnia não é dada tanta


relevância como outros setores, porém esta se demonstra ser muito importante para
a engenharia, uma vez que sua aplicação em relação ao estudo da mecânica dos
solos, de fundações, de estabilidade de encostas é fundamental para evitar acidentes.
Infelizmente, a eventualidade em relação a deslizamentos e desabamentos são
corriqueiras. Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicos (IPT),
determinou que a ocorrência de deslizamentos entre o período de 1997 e 2016,
12

demonstra que no Brasil, nos últimos 20 anos, ocorreram 202 mortes, resultando em
média 10 mortes por ano, porém sendo 20 mortes apenas em 2016 (IPT, 2017).
As obras de infraestrutura devem possuir uma grande influência da geotecnia,
devendo ter um estudo aprofundado em questão, para evitar a ocorrência de
acidentes como o ocorrido na barragem de terra de Mariana – MG. Segundo o laudo
obtido, a barragem rompeu devido a desestabilização do solo da estrutura (GLOBO,
2015).
Estes dados demonstram a importância da realização do estudo dos solos
anterior a uma construção, portanto o presente trabalho terá a finalidade de apresentar
a importância da geotecnia e caracterizar a contenção de aterros para então auxiliar
na escolha dos parâmetros mais adequados para um determinado projeto de
engenharia após realizado o estudo do solo.

1.3 Metodologia

O presente trabalho se caracteriza como uma pesquisa exploratória, tentando


a partir das referências bibliográficas realizadas e documentos analisados qualificar e
quantificar as informações obtidas, de modo a atingir as considerações finais dos
objetivos propostos.
A revisão bibliográfica, ou revisão da literatura, é uma análise crítica, meticulosa
e ampla das publicações correntes em uma determinada área do conhecimento
(TRENTINI; PAIM, 1999).
A pesquisa bibliográfica procura explicar e discutir um tema com base em
referências teóricas publicadas em livros, revistas, periódicos e outros. Busca também
conhecer e analisar conteúdos científicos sobre determinado tema (MARTINS, 2001).
Pode-se agregar ao acervo consultas realizadas a base de dados, periódicos e
artigos referenciados com a finalidade de desenvolver a pesquisa.
O procedimento documental, conforme Gil (2002), tem o objetivo de descrever
e comparar dados, características da realidade presente e do passado.
A abordagem da pesquisa foi qualitativa, por se basear na realidade para fins
de compreender uma situação única (RAUEN, 2002) e quantitativa, por buscar
conhecimento por meio de raciocínio de causa e efeito, redução de variáveis
específicas, hipóteses e questões, mensuração de variáveis, observação e teste de
teorias. (CRESSWELL, 2007).
13

A base de dados para estudo: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da


USP, Biblioteca Digital da Unicamp, Portal de Periódicos CAPES/MEC, esses serviram
como instrumento para a coleta de dados, a partir dos seguintes termos e assuntos:
contenção de aterros; estudo geotécnico; mecânica dos solos; cortina atiranda.
Após o levantamento dos dados foi realizado a avaliação do material obtido e
separado aqueles para referencial e uso na aplicação do trabalho, compilando as
principais informações. Em seguida foi feita uma análise minuciosa do conteúdo desse
material, de forma a estabelecer uma conexão e compreensão com o tema a ser
estudado e desenvolvimento deste, para que então seu uso seja demonstrado no
referencial teórico.
O estudo de caso apresentado foi determinado com base nos documentos
obtidos em consenso com o projeto realizado e executado e, a partir da compilação
das informações em associação com a teoria obtida na literatura, será realizada a sua
apresentação, análise e exposição dos resultados.

1.4 Estrutura do Trabalho

A presente pesquisa foi desenvolvida com base na revisão da literatura,


associando o objetivo e a fundamentação teórica disponível de forma que o
embasamento sustente a metodologia de modo a concluir a situação proposta, desta
forma foi possível dividir este trabalho em cinco capítulos.
O primeiro capítulo, contém a introdução, onde foi apresentado o contexto do
assunto abordado pelo trabalho, os objetivos da pesquisa a justificativa e metodologia
de realização desse trabalho.
No segundo capítulo, se encontra a introdução do assunto referente aos estudos
geotécnicos e da mecânica dos solos e a sua importância para o setor da construção
civil e para os projetos de mesma abrangência.
Na realização do terceiro capítulo, se desenvolveu com base na fundamentação
teórica, o contexto dos métodos de contenção e técnicas utilizadas, de modo a
demonstrar a justificativa de escolha de cada procedimento.
No quarto capítulo, foi descrito o aprofundamento referente ao método de
contenção através de tirantes, onde foi analisado um estudo de caso apresentando a
execução desse método com base nos estudos e avaliações realizadas.
14

Com os capítulos anteriores desenvolvidos, foi possível concluir na quita parte


do trabalho, a realização do mesmo e referir o objetivo proposto e os objetivos
específicos apresentados.
15

2 ESTUDO GEOTÉCNICO

Para o desenvolvimento de um projeto geotécnico (contenções, fundações,


estradas, etc.), diversos fatores, propriedades, aspectos e características devem ser
definidos, para que não exista a ocorrência de problemas patológicos futuros, ou até
mesmo rompimento da estrutura, da mesma forma que acontece a execução de uma
obra em etapas, ou o desenvolvimento de um projeto, também é assim na
determinação dos métodos e técnicas escolhidos;
Segundo Barros (2011), numa primeira etapa, é preciso analisar os critérios
técnicos que condicionam a escolha. Os principais itens a serem considerados são:

a) Topografia da área
 Informações sobre as encostas do terreno, ou que taludes que possam
prejudicar o terreno;
 Realização da ocorrência de corte e aterros do local;
 Informações das erosões e solos instáveis do local;
 Localização de dificuldades no local, como rochas ou aterros com lixos.

b) Parâmetros do solo
 Variação do solo de acordo com a sua profundidade;
 Determinação das camadas resistentes;
 Compressibilidade e resistência do solo;
 Nível da água.

c) Informações da estrutura
 Arquitetura do projeto e tipo de estrutura a ser executada.

A partir da análise desses dados e avaliação das informações, é determinado


um pré-projeto e se descarta as técnicas que são limitadas com base nos dados
analisados. Mesmo assim, ainda a gama de opções e realizações no projeto é grande
e para que seja possível filtrar as soluções a serem utilizadas no projeto final, é
necessário escolher o método que melhor se adeque em custo, disponibilidade e prazo
(BARROS, 2011).
16

Com base neste contexto, que a segunda fase do projeto, é necessário


considerar os seguintes parâmetros (BARROS, 2011):

d) Dados sobre as construções vizinhas


 O tipo de estrutura e das fundações vizinhas;
 Existência de subsolo;
 Possíveis consequências de escavações e vibrações provocadas pela nova
obra;
 Danos já existentes.

e) Aspectos econômicos
 Além do custo direto para a execução do serviço, deve-se considerar o prazo
de execução.

É possível notar que para determinar a técnica a utilizar no projeto geotécnicos


que melhor atenda às necessidades, o responsável pelo mesmo, deve ter
conhecimento dos métodos que estão disponíveis no mercado e as suas
características. Apenas dessa forma, que se torna possível determinar a solução que
consiga se viabilizar tecnicamente e economicamente ao projeto elaborado e
desenvolvido (HACHICH, 1998).

2.1 Investigação do Subsolo

Atualmente existem vários métodos de investigação do subsolo, é de


responsabilidade do engenheiro determinar qual seria o método mais eficiente em cada
ocasião.
Segue alguns dos principais processos de investigação, de acordo com Sena
(2016):

a) Poços de inspeção;
b) Sondagens a trado;
c) Sondagens a percussão (SPT);
d) Sondagens rotativas;
17

e) Sondagens mistas;
f) Ensaio de cone (CPT);
g) Ensaio pressiométrico (PMT);

Existem outros testes que são usados para casos muito específicos, por
exemplo, ao criar camadas de argila mole. Existem também métodos geofísicos que
são frequentemente usados em grandes locais de trabalho.

2.1.1 Standard Penetration Test (SPT)

O método de pesquisa SPT é usado com mais frequência em pequenas e


médias empresas. Combina baixos custos operacionais, equipamentos facilmente
transportáveis e dados suficientes para um bom projeto de fundação (SENA, 2016).
A NBR 6484 (ABNT, 2001), é a regulamentação normativa que determina as
diretrizes e procedimentos para o método de ensaio SPT, como:

a) A identificação dos tipos de solo em suas determinadas profundidades de


ocorrência;
b) A profundidade do nível d’água no solo;
c) Os índices de resistência à penetração a cada metro do ensaio.

Os equipamentos segundo a norma (ABNT, 2001) utilizados para a realização


do método são:

a) Torre: a torre pode ser auto propelida, com guincho motorizado ou


manualmente, com uma corda solta ou friável;
b) Tubos de Revestimento: se o poço estiver instável, é usado um tubo de
cobertura. O tubo de revestimento deve ser feito de aço com diâmetro interno
nominal de 63,5 mm e pode ser completado com luvas emendadas;
c) Trépano: este é uma peça de dreno que é usado para perfurar mais
rapidamente durante o ciclo da água. Não mede a resistência do solo e não
coleta amostras;
d) Amostrador Padrão: é uma peça de aço embutido no solo para suportar o
fundo e coletar amostras;
18

e) Martelo Padronizado: é uma massa de ferro de 65 kg, usada para cravar


uma amostra padrão.

Figura 1 - Equipamento montado para realização do SPT.

Fonte: Velloso e Lopes (2011).

O teste consiste em cravar o amostrador através de golpes de martelo, que


caem a uma altura de 75 cm. Observa-se o número de golpes necessários para mover
uma amostra de 45 cm de três conjuntos de canais, um em cada 15 cm. O resultado
do teste é o número de golpes necessários para mover os últimos 30 cm,
negligenciando os primeiros 15 cm. O amostrador é então removido e a amostra segue
coletada e é armazenada para estudo adicional (ABNT, 2001).
Usualmente a penetração exata de segmentos de uma amostra de 45 cm e 15
cm não ocorre com um certo número de golpes. Na prática, o número de pancadas
usadas para penetrar diretamente acima de 15 cm é registrado e a duração da
penetração é registrada. Então a quantidade adicional calculada de golpes até a
penetração total não excede 30 cm, e então o número de golpes adicionais atinge 45
cm ou acima deste valor de curso (ABNT, 2001).
No prosseguimento do ensaio, o trépano é usado, enquanto os 55 cm restantes
são avançados para alcançar a próxima camada. O material removido da circulação
de água é introduzido em um recipiente para que possa ser classificado. Em seguida,
a broca é removida, um amostrador padrão é substituído e o processo de cravação é
19

repetido. Os primeiros centímetros de deslocamento afetam a atividade da perfuratriz,


portanto, os primeiros 15 cm não são considerados no resultado (ABNT, 2001).
Os requisitos para paralização deste método segundo a NBR 6484 (ABNT,
2001), são os seguintes:

a) Nos 3 metros consecutivos, seja realizado 30 golpes para cravação dos 15


cm iniciais do amostrador;
b) Nos 4 metros consecutivos, seja realizado 50 golpes para cravação dos 30
cm iniciais do amostrador;
c) Nos 5 metros consecutivos, seja realizado 50 golpes para cravação dos 45
cm iniciais do amostrador.

A cravação do amostrador padrão é interrompida antes dos 45 cm quando:

a) Para qualquer uma das três frações de 15 cm, o número de golpes seja maior
que 30;
b) Durante a realização do ensaio no momento da cravação seja tido um total
de 50 golpes;
c) Não ocorrer avanço durante a realização de cinco golpes consecutivos no
amostrador.

O amostrador é então alterado pelo trépano. O ensaio necessita ser


determinada como finalizada quando, no prosseguimento da perfuração por circulação
de água, forem realizadas cravações menores que 5 cm em cada período de 10
minutos ou mesmo, após a execução de quatro ensaios prosseguidos, não for
alcançada a profundidade de determinação do SPT (SENA, 2016).
Segundo Velloso e Lopes (2011), durante a perfuração de um trado espiral, o
operador deve ser alertado para a detecção de sinais de terra ou água molhada. Neste
ponto, o processo de perfuração é interrompido e o nível de água no poço aumenta ao
ler a cada 5 minutos por pelo menos 15 minutos. Sempre que ocorrer uma interrupção
durante o ensaio, no início e no final desta interrupção, é necessário medir a posição
do nível da água e a profundidade do furo e a posição do tubo revestido.
20

Após a sonda ter passado pelo menos 12 horas e o orifício não estar bloqueado,
é necessário medir a posição do nível da água e a profundidade em que o orifício
permanece aberto (VELLOSO; LOPES, 2011).
O perfil geológico deve ser classificado da seguinte forma, segundo Velloso e
Lopes (2011):

a) Granulometria;
b) Plasticidade;
c) Cor;
d) Origem.

O resultado é visto a seguir no documento de sondagem realizado exibido na


Figura 2.
21

Figura 2 - Relatório de Sondagem SPT.

Fonte: Sena (2016).


22

É possível observar como descrito de acordo com o autor e a norma, as


especificações do ensaio através de um gráfico, as classificações do material, o nível
de água, o número de golpes, entre outros parâmetros.

2.2 Geotecnia e Obras de Terra

Geotecnia é um campo da engenharia civil onde os conceitos básicos e


princípios da geologia, mecânica do solo e rochas identificam e caracterizam solos,
fundações, estabilidade de encostas, estruturas, construção, aterros e taludes. É o
comportamento do solo e das pedras e como essas substâncias reagem ao
comportamento humano e natural (ANDRADE et al., 2013).
O Brasil tem uma longa tradição na engenharia civil e é totalmente autônomo
em projetos de construção em grande escala, como estradas, barragens, metrôs,
canais, portos, construções subterrâneas e estruturas complexas (CRUZ, 2003).
As obras de terra são consideradas parte da engenharia e construção geológica
e são um dos primeiros passos no trabalho, seja na construção de casas, barragens
ou mesmo viadutos (ELOI, 2012).
Segundo Rocha (1967), a construção civil refere-se a todas as substâncias
geológicas produzidas a partir do solo no solo, como argila, areia, seixos, matéria
orgânica, minerais, entre outros. Para uma melhor interpretação, então a definição das
obras de terra:

a) Fundações: A infraestrutura, ou como é denominada usualmente


fundações, distribui a carga e os esforços de toda a estrutura ao solo, realizando a
estabilização da estrutura. Segundo Cintra e Aoki (2011), em função do modo de
transmissão dos esforços ao solo, as fundações classificam-se em: Fundação direta
onde a ação é transmitida majoritariamente pelas cargas distribuídas sobre a base do
elemento de fundação, e em que, normalmente, a profundidade de fixação associado
ao nível do terreno confinante é menor a duas vezes a dimensão com menor
comprimento da fundação em planta; Fundação Indireta: Componente da fundação
onde a ação é transmitida ao solo tanto pela sua parte lateral como, também, pelo
fundo da fundação.
23

b) Barragens: a estrutura consiste principalmente de solo ou pedra. O solo


é usado como material de construção e neste trabalho e é removido da própria área
da barragem. É o tipo de obra que possui vários objetivos. Controle de cheias e controle
de rios, irrigação, abastecer residência, gerar energia elétrica, etc.

c) Contenções: Uma estrutura criada para fornecer resistência a fraturas


de solo e rochas. Os trabalhos mais comuns incluem paredes verticais ou de gravidade
feitas de concreto, concreto armado, persianas, gabiões, sacos de cimento, paredes
cortina com perfis metálicos com painéis pré-formados, painéis, etc.

d) Taludes: É uma inclinação de terra, rocha ou massa mista (solo ou


pedra). Eles são divididos em: Taludes naturais com estruturas especiais intimamente
relacionadas com a história do local: erosão, tectônica, agentes da atmosfera, etc.;
Taludes artificiais, onde a aresta de corte é formada como resultado da operação de
corte e remoção de material. Talude de aterro, os sedimentos têm origem no
movimento da terra e sua deposição através do terraplenagem.
Geotecnia é um campo de engenharia civil que estuda terrenos e solos e a sua
resposta ao comportamento humano (BRAJA, 2009). Segundo Mendonça e Moura
(2009) os últimos anos, o setor da geotecnia tem atraído a atenção em todos os
aspectos, com as questões ambientais se tornando uma grande preocupação, como:

 Prevenção de deslizamentos de terra;


 Prevenção de desmoronamentos de terra;
 Prevenção de desabamentos;
 Conservação de águas subterrâneas;
 Gestão de resíduos sólidos;
 Contenção de encostas e maciços de terra.

Uma tarefa importante da engenharia geotécnica é fornecer ao projetista uma


visão geral dos fenômenos geológicos e geotécnicos potencialmente esperados dos
requisitos específicos do trabalho reativo e da influência de características geológicas.
24

3 ESTRUTURA DE CONTENÇÃO

A estrutura de contenção é projetada para compensar uma ou mais tensões


geradas pela massa do solo. Suas condições de equilíbrio são modificadas de acordo
com o tipo de escavação, talude ou aterro (BARROS, 2014).
Embora as formas, os processos de projeto e os materiais utilizados para a
estrutura de proteção sejam muito diferentes, todos eles são projetados para acomodar
a possibilidade de falha do maciço e para suportar a pressão lateral exercida. A fim de
selecionar o local de trabalho mais adequado para uma situação particular, é
necessário avaliar as características do ambiente físico local e os processos de
instabilidade avaliados na encosta, interseção ou aterro (FERNANDES, 2014).
A análise da estrutura de contenção consiste em avaliar a massa de equilíbrio
formada pelo solo e pela própria estrutura. Esse equilíbrio é governado pela força,
plasticidade, permeabilidade e características corretas de peso desses dois fatores,
bem como pelas condições que controlam a interação entre eles. Essas condições
tornam o sistema muito complexo (FERNANDES, 2014). Portanto, a análise deve usar
um modelo teórico simplificado. Esses modelos devem levar em conta o desempenho
geral, a forma e as propriedades dos materiais que afetam a situação local.
A falta de manutenção do local é um fator importante de acidentes em declive.
Muitos deslizamentos de terra são causados pela erosão do solo entre a água que
entra na encosta e as fortes chuvas (BARROS, 2014).
Ressalta-se que, para selecionar corretamente o tipo de trabalho, é necessário
avaliar corretamente o processo de estabilização associado às características do
ambiente físico (tipo e características do material, inclinação, condições hidro
geológicas, etc.) (FERNANDES, 2014).

3.1 Empuxo

A distribuição da tensão horizontal atuando sobre uma massa de solo em um


contato ou estrutura de proteção é chamada de força básica. Gerscovish, Danziger e
Saramago (2016) confirmaram que a tensão horizontal da contenção em atividade
durante a fase de trabalho depende da interação entre o solo e a contenção. Mudanças
horizontais na estrutura de contenção podem alterar o valor e a distribuição de empuxo
ao longo do trabalho.
25

Quando parado, o carregamento horizontal está relacionado à deformação


horizontal, isso mantém a flutuabilidade da massa do solo. A deformação horizontal do
solo depende da mudança da posição do grão, de modo que, a partir da mudança de
tensão (a tensão real) que é transmitida a eles, o carregamento real está diretamente
relacionado à deformabilidade do solo representado pelo o solo. Correlatos Segundo
Gerscovish, Danziger e Saramago (2016), há um fator de empuxo (K0). A
determinação do coeficiente pode ser feita usando testes de laboratório ou de campo,
teoria elástica ou relações empíricas.

3.2 Classificação dos Tipos de Contenção

As estruturas de contenção são determinadas por diversas técnicas como, solo


grampeado, muros, tirantes, etc. os muros, sendo a técnica predominantemente
utilizada pode ser dividida em dois grupos diferentes. A primeira, denominada peso ou
gravidade, consiste em alvenaria, concreto, gabião, cimento ou solo reforçado. Os
muros de flexão constituem um segundo grupo com as paredes são em concreto
armado e podem ser com ou sem montantes e com ou sem âncoras (FERNANDES,
2014). Os principais tipos de estruturas de proteção de acordo com Becker (2014), e
suas características específicas são as seguintes:

a) Provisória: São contenções temporárias onde medidas temporárias que


podem ser eliminadas reduzindo as suas necessidades tanto quanto
possível (Figura 3). Eles usam principalmente três processos de execução:

 Contenções em madeira;
 Contenções com perfis cravados;
 Estruturas com perfis metálicos adjacentes.
26

Figura 3 - Exemplo de contenção escorada em madeira.

Fonte: Becker (2014).

b) Definitiva: Alguns dos outros métodos foram economicamente


recomendados apenas para contenção definitiva. Isso se deve
principalmente ao fato de que não permite a reutilização de peças e materiais
usados. Entre estes estão os cortes, os muros de arrimo e os diafragmas.

De acordo com a pesquisa na literatura diversas outras classificações e


subclassificações de contenções existem, mas sempre estarão divididas no grupo
determinado como provisória ou definitiva, por não ter uma determinação exata dessas
classificações e variando de acordo com autores, dividiu-se nesses dois tipos as
estruturas estudadas.

3.2.1 Técnicas para Contenção

Como contextualizado no tópico anterior, as estruturas de contenção são


classificadas em provisórias e definitivas e para cada necessidade existem técnicas e
métodos que realizam a execução para chegar ao propósito da contenção necessária
que será detalhada a seguir.
Um dos métodos mais comuns é usar paredes rígidas ou muros de gravidade.
Estas são estruturas contraditórias que respondem à flutuabilidade com seu próprio
peso e esforço básico e garantem estabilidade (BECKER, 2014).
27

Muros de gravidade podem ser criadas manualmente usando vários dispositivos


sem armadura e equipamento. Eles são usados para incluir diferenças de dimensões
menores que 5 m. As paredes gravimétricas podem ser de pedra ou concreto (simples,
ciclópico ou reforçadas), crib wall, gabiões ou até mesmo pneus desgastados
(GERSCOVISH et al., 2016).
O muro tem uma alvenaria vertical ou quase vertical e é colocada em uma
montagem plana ou profunda. Sua composição é um corte completo e confiável que
leva em conta a gravidade, ou um corte fino que parece uma curva. As paredes de
contenção têm materiais de várias formas e tipos, como alvenaria ou tijolos, cimento,
sacos de cimento, gabiões, pneus, argamassas e assim por diante (GERSCOVISH et
al., 2016).

3.2.2 Muro de Alvenaria

De acordo com Nogueira (2016) muro de alvenaria de pedra representa a maior


parte da parede porque é feito do material mais simples e mais antigo. Na atualidade
a alvenaria é menos usada, especialmente em altas altitudes. Paredes de pedra
colocadas manualmente têm grande capacidade de drenagem, são baratas e
estruturalmente simples, e sua resistência é baseada na rigidez do bloco de pedra,
como mostrado na Figura 4.

Figura 4 - Muro de alvenaria para contenção do jardim.

Fonte: Nogueira (2016).


28

O limite de altura superior é de 2 metros, a largura do piso é de 1 metro e para


paredes sem argamassa, o nível inferior é de 0,5 metros. As paredes de pedra de mais
de 3 metros, usa-se a argamassa para obter maior rigidez, a drenagem da parede é
um obstáculo, neste caso, areia ou uma base geossintética é usada na parte inferior
da parede para aplicar pressão na parede (MOLITERNO, 1994).

3.2.3 Muro de Concreto Ciclópico

Conforme Nogueira (2016), estas paredes são geralmente mais baratas do que
se a sua altura não exceda cerca de 4 metros. A parede de concreto ciclópico (Figura
5) é uma estrutura criada pelo preenchimento da cofragem com blocos de cimento de
diferentes tamanhos. É importante ter um sistema de drenagem adequado devido à
impermeabilidade da parede.

Figura 5 - Muro de concreto ciclópico.

Fonte: Gerscovish et al. (2016).

Sua sessão transversal é geralmente trapezoidal e a largura da base


corresponde a cerca de 50% da altura da parede. Anexar a uma parede com
superfícies inclinadas ou escalonadas pode economizar muito material. Nas paredes
frontais planas e verticais, a inclinação recomendada para trás (em direção à parede
traseira) é de pelo menos 1:30 (aproximada da vertical) para evitar a sensação visual
29

de que as paredes estão inclinadas para a frente (MOLITERNO, 1994).

3.2.4 Muros de Sacos de Solo-Cimento

Este tipo de contenção inclui sacos de solo com cimento em multicamadas.


Seus grandes benefícios são uma adaptação simples a topografia e uma fácil
implementação na execução.
De acordo com o GEO-RIO (2014), a implementação inclui as seguintes etapas:
peneirar a distribuição do tamanho de partícula da malha de 9 mm com uma base
predominantemente granular. Em seguida, misturar o cimento e o solo em uma
proporção de 1:10 a 1:15. Adicionar água a um nível 1% acima do nível ótimo de
umidade do Proctor, colocar a mistura em uma bolsa de poliéster e preencha dois
terços do total (MOLITERNO, 1994). Garantindo maior mistura com empilhamento
separado de sacos versus camadas imediatamente antes e depois. A Figura 6 mostra
uma seção e uma vista em perspectiva da parede do saco de piso de concreto.
30

Figura 6 - Contenção em sacos de solo-cimento.

Fonte: Gerscovish et al. (2016).

3.2.5 Muros de Flexão

Como mostrado na Figura 7, os muros de flexão são diferenciados dos outros


métodos pelos reforços instalados, que servem para suportar o impulso horizontal do
solo. O muro trabalha na flexão. Na seção em forma de "L", a parede curva tem uma
altura entre 5 e 7 metros e um fundo de cerca de 60% desta altura (MOLITERNO,
1994).
Para paredes com mais de 5 metros, o contraforte deve ser reforçado e usado
para aumentar sua resistência à inclinação. Contrafortes, têm uma altura de cerca de
70% da altura da parede e estão adaptados para suportar a tensão de tração da parede
31

(abaixo da parede) e as tensões de compressão da parede externa (MOLITERNO,


1994).

Figura 7 - Muro de flexão.

Fonte: Gerscovish et al. (2016).

Muros de flexão também podem ser ancoradas com tirantes ou âncoras na base
para melhorar a estabilidade. Esta solução do projeto pode ser aplicada quando a
parede base tem o equipamento certo e o espaço é limitado. Portanto, o fundo tem as
dimensões necessárias para a estabilidade (NOGUEIRA, 2016). A Figura 8 ilustra um
esquema de um muro ancorado com tirante.
32

Figura 8 - Muro de flexão com ancoragem.

Fonte: Gerscovish et al. (2016).


33

4 CONTENÇÃO ATIRANTADA

De acordo com a NBR 5629, referente a execução de tirantes, a contenção


atirantada ou cortina ancorada atua como restrição a paredes concretadas verticais ou
semi-verticais reforçadas com âncoras fixadas ao solo. A espessura da parede é entre
20 e 40 cm, dependendo da distância entre as âncoras e a carga necessária (ABNT,
2006). A Figura 9 mostra uma vista em corte de uma seção fixa para garantir a
estabilidade.

Figura 9 - Vista da seção transversal da contenção atirantada.

Fonte: GEO-RIO (2014).

Quando a contenção é projetada para estabilizar uma inclinação a ser cortada,


sua execução é realizada em ordem decrescente no nicho. Uma vez que cada faixa de
solo é cavada em um nicho diferente e ancorado na seção de corte, então a parte não
cortada é fixa. Quando todas as âncoras estiverem prontas, se deve executar as
cortinas (forma, reforço e drenagem), terminando a execução e repetindo o mesmo
processo na próxima faixa. O nicho recesso fornece estabilidade durante a operação
e principalmente minimiza a deformação de estruturas adjacentes (SILVA, 2015). A
Figura 10 mostra o procedimento de execução da cortina atirantada.
A âncora consiste em um misturador de concreto e um vergalhão de aço é
dividido em duas partes, uma parte de âncora e uma parte livre. A parte fixa transmite
a carga de tração ao solo através de uma argamassa de cimento e a parte livre
transmite a carga de tração entre a cabeça fixa e a parte fixa (ABNT, 2006).
34

Figura 10 - Processo de execução e implementação da cortina atirantada.

Fonte: Geo-Rio (2014).


35

A realização da execução e implantação desse método primeiramente necessita


da perfuração, fazendo o uso da injeção de água para facilitar o processo e limpar o
furo. Os vergalhões de aço, determinados no projeto, são introduzidos ao furo com
espaçadores para poder centralizá-los. Para proteger o trecho se faz o uso de um tubo
de PVC para evitar entrada da calda de cimento. A injeção da calda, é interrompida
quando ocorrer o retorno e transbordar o material (SILVA, 2015). A seção transversal
da ancoragem é mostrada na Figura 11 e a seção longitudinal com os detalhes na
Figura 12.

Figura 11 - Seção do local da execução.

Fonte: Geo-Rio (2014).

Figura 12 - Detalhe do tirante usado na execução.

Fonte: Geo-Rio (2014).


36

4.1 Apresentação de Estudo de Caso da Execução de Cortina Atirantada

A partir da contextualização realizadas referente aos estudos geotécnicos e aos


métodos e técnicas de contenção, foi agrupado os documentos e conteúdo referente a
um exemplo de caso que determinou a execução da contenção sobre um maciço de
terra, ilustrando na prática a relação dos conceitos e teorias apresentadas na presente
pesquisa, sendo a recuperação da contenção da cortina atirantada no km 505+150,
Pista Norte da BR-116/SP.
O local em questão teve, várias ocorrências referentes a sua degradação desde
a sua implementação, de acordo com os registros do DNIT e do DNER, foram
registrados três sinistros de relevância: o primeiro ocorrido logo após a construção, o
segundo, em 17/01/2002 e o terceiro em 06/03/2004, todos retratando rompimento de
painéis da cortina atirantada existente. Ainda foi analisada a ocorrência da evolução
dos problemas geológico-geotécnicos no local, culminando com o rompimento de mais
um painel da cortina.
Então para solução do problema apresentado, é necessário a realização da
recuperação do local, que passa pela necessidade de implantação de uma nova cortina
atirantada, a ser executada no prolongamento do segmento da cortina construída a 3
metros da atual Pista Norte, promovendo-se a remoção dos painéis estruturalmente
condenados e implementação de vigas e tirantes de reforço em painéis a serem
preservados.

4.1.1 Histórico da Contenção da Rodovia

A cortina atirantada em questão foi executada em 1979. Segundo registro do


próprio DNER, na época gestor do empreendimento, a obra foi objeto de problemas
desde o final da construção, tendo rompido a parte central da cortina, que culminou
com a execução, em 1980, de um novo painel tipo greide (afastado 3 metros da pista
de rolamento), juntamente com vigas de reforço atirantadas em painéis
remanescentes.
Em 2002, verificou-se a ruptura de um painel da cortina (do segmento afastado
de 10 metros da faixa de rolamento), envolvendo uma área aproximada de 18,50 x 6,30
metros. Em 2004, houve o rompimento de mais um painel da cortina, no mesmo
segmento da ruptura anterior, abrangendo uma área de 12,60 x 6,30 metros. Em 2012,
37

verificou-se uma nova ruptura de painel, também no segmento mais afastado da pista,
envolvendo uma área aproximada de 10,00 x 6,30 metros.
Para efeito ilustrativo, apresenta-se na Figura 13, um croqui esquemático da
planta e vista frontal dos painéis da cortina existente, destacando-se as rupturas
ocorridas no referido período.
O que se pôde notar nos três últimos episódios (2002, 2004 e 2012) é que o
fenômeno e o tipo de ruptura são semelhantes. Para os três casos observou-se o
tombamento do painel com os tirantes imersos na superfície do aterro rompido, sem
vestígios da bainha e da calda de cimento.
Embora não se tenha dados suficientes para afirmar taxativamente as causas
que originaram os referidos rompimentos dos painéis da cortina, é válido recomendar
que a estrutura executada em 1979 não deva ser considerada como obra de contenção
confiável e, portanto, passível de ser substituída e, quando couber, reforçada.
38

Figura 13 - Detalhe das ocorrências tida na contenção da rodovia.

Fonte: Próprio Autor (2019).


39

Aa junção dos colapsos registrados exposto na Figura 14 ilustra o ponto das


rupturas por meio do registro fotográfico realizado no local.

Figura 14 - Locais onde ocorreram as rupturas das contenções.

Fonte: Próprio Autor (2019).

4.1.2 Investigações Geotécnicas

Para obtenção das informações e dados necessários para subsidiar a


elaboração do projeto de recuperação da cortina atirantada, foram realizadas as
seguintes análises geotécnicas do local:

a) Levantamento planialtimétrico, fornecido pela AUTOPISTA RÉGIS


BITTENCOURT, compreendendo a confecção de planta na escala 1:250, com curvas
de nível de metro a metro e cadastro expedito da estrutura existente, incluindo o
posicionamento espacial dos tirantes (originais e os executados em 1980), bem como
das vigas de reforço.
b) Execução de 7 sondagens mistas (SM-101 a SM-107), executadas em
julho de 2012, com o objetivo de complementar as informações disponíveis, baseadas
em sondagens à percussão, executadas em 2002.
40

Com a realização das sondagens foi possível, obter os dados e informações


referentes ao solo do local para desenvolvimento do projeto, os detalhes das
sondagens são apresentados no Apêndice A do presente trabalho o resumo das
informações segue na Tabela 1 e 2.

Tabela 1 – Sondagens realizadas em 2012.

Sondagem Cota (m) Profundidade (m) N.A. (Nível de Água)


SM-101 143,915 10,45 Seco
SM-102 140,929 23,55 Seco
SM-103 140,543 23,15 Seco
SM-104 140,400 23,55 Seco
SM-105 142,852 6,10 Seco
SM-106 140,826 15,25 Seco
SM-107 140,481 6,35 Seco
108,40
Fonte: Próprio Autor (2019).

Tabela 2 - Sondagens realizadas em 2002.

Sondagem Cota (m) Profundidade (m) N.A. (Nível de Água)


SP-01 141,811 1,40 Seco
SP-02 142,074 6,20 Seco
SP-03 144,097 2,70 Seco
SP-04B 145,216 3,90 Seco
14,20
Fonte: Próprio Autor (2019).

4.1.3 Projeto das Cortinas Atirantadas

Diante do histórico de ocorrências apresentado pela obra, definiu-se pela


execução de uma nova cortina atirantada no mesmo alinhamento do painel executado
em 1980, afastado 3 metros da faixa de rolamento da Pista Norte, com painéis para o
lado de Curitiba se estendendo por 52 metros e um outro painel para o lado São Paulo
com comprimento de 15 metros.
A execução desses novos painéis de permitirá a demolição dos painéis
condenados e alívio de carga naqueles que deverão ser objeto de reforço através de
tirantes adicionais transmitidos por vigas de concreto estrategicamente posicionadas.
41

A altura máxima dos novos painéis coincide com altura da cortina executada em
1980, mantendo-se o número de linhas de tirantes, porém com espaçamento
horizontal entre tirantes de 3 metros.
Como trata-se de uma cortina de greide, o método construtivo contempla a
execução dos painéis de cima para baixo, recomendando-se a escavação em nichos
alternados, linha por linha, com lance máximo envolvendo um painel com dois tirantes,
no sentido de se evitar rupturas localizadas na frente de escavação.
Como decorrência do método empregado, a drenagem do tardoz da cortina será
constituída de filtro (brita, areia e barbacãs) executado entre os tirantes, através de
valas escavadas manualmente com altura máxima de 2,50 metros a partir da superfície
do terreno, bem como de drenos horizontais profundos locados na região do pé da
cortina atirantada.
Os tirantes a serem utilizados nos novos painéis serão os do tipo cordoalha (aço
CP- 190-RB), de 6”, com carga de trabalho de até 43 tf, enquanto os tirantes de reforço
a serem instalados nos painéis da cortina mais afastada utilizarão tirantes de 8”, com
carga de trabalho de até 60 tf.
Os comprimentos livre e ancorado dos tirantes foram definidos a partir das
seções geológico-geotécnicas obtidas das sondagens mistas executadas no local.
Todos os tirantes serão executados com comprimento ancorado de 8 metros. Os
comprimentos livres variarão entre 12 e 18 metros, em função do posicionamento dos
tirantes.
Um aspecto importante que merece destaque diz respeito ao serviço de
escavação que será realizado na medida do avanço da execução dos painéis da
cortina, nível a nível de tirante, e na faixa correspondente até a demolição dos painéis
da cortina existente.
Por se tratar uma região onde possivelmente os tirantes da cortina existente
encontram-se imersos na massa a ser escavada, cabe a recomendação de que caso
isso ocorra, o tirante deve ser cortado e na sequência devidamente removido junto com
o solo escavado.
Outra recomendação refere-se à demolição do painel da cortina quando se fizer
de forma parcial, ou seja, quando se pretende preservar parte dessa estrutura. É
importante que esse trabalho de demolição seja executado com equipamento
adequado para esse fim, descartando-se qualquer processo que cause abalo da
estrutura, ainda que momentâneo.
42

5 CONCLUSÃO

O presente trabalho teve o objetivo de demonstrar os métodos de contenções


utilizados na construção civil, aprofundando a análise sobre a execução do
prolongamento da cortina atirantada no talude de aterro no km 505+150 da pista norte
da Rodovia Régis Bittencourt, através do projeto de restauração da contenção
danificada.
Inicialmente foi introduzido e contextualizada a realização e necessidade do
estudo geotécnico com relação as associações na construção civil, com base no
conteúdo apresentado através da literatura foi possível determinar que as análises e
dados geotécnicos são o que fundamental o desenvolvimento de qualquer projeto, é
através deste que se realiza a determinação dos mais diversos parâmetros e
propriedades do solo, do terreno e local a ser realizado a obra, portanto a realização
dos estudos dessa área conseguem determinar praticamente o sucesso da obra, pois
é possível planejar e premeditar o método de execução a ser implantado, garantindo
economia e resultados positivos em menor período de tempo.
Tendo em vistas os contextos que ilustram a disciplina da geotecnia, a
realização da presente pesquisa demonstrou e aprofundou a concepção nas técnicas
de contenção de maciços utilizadas na engenharia, por meio da bibliografia analisada
e desenvolvida é possível explicitar que as estruturas de contenção são as obras de
infraestruturas que garantem e viabilizam travessias e passagens em qualquer local ou
região, o que diferencia na sua implementação é a variedade dos métodos de
execução, que leva em consideração uma variedade de fatores para determinar a
escolha como: o projeto a ser realizado (estradas, túneis, muros, etc.), as
características do local como o tipo de solo, a altura a ser contida, saturação da água
do solo, etc.
Tendo em vista esse contexto que o presente trabalho demonstrou a execução
da contenção através do método de execução de tirantes com a cortina atirantada para
exemplificar a determinação do método de contenção, no caso em questão houve a
necessidade da recuperação da degradação anterior da contenção que tinha sido
executada no local e através dos estudos geotécnicos e análises realizadas
determinou-se então a execução da cortina atirantada de greide no mesmo
alinhamento do painel executado previamente quando a contenção foi realizada pela
primeira vez. Com base no projeto apresentado é possível perceber a consideração
43

tida com as análises geotécnicas e dados com relação ao local e solo, levando em
consideração a importância da geotecnia, que determinou a técnica de drenagem
introduzida, a altura dos novos painéis, a demolição dos painéis degradados, tirantes
utilizados, etc.
44

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APÊNDICE A – BOLETINS DE SONDAGENS


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