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RESUMO. Apesar de não ser desejável, os produtos cosméticos podem ocasionar alguns efeitos adversos
ao usuário. Tais efeitos podem ser decorrentes de fatores individuais como também pelo uso inadequado.
Logo, a avaliação de segurança deve preceder a colocação do produto cosmético no mercado. Uma vez que
o produto cosmético é de livre acesso ao consumidor, o mesmo deve ser seguro nas condições normais ou
razoavelmente previsíveis de uso. Historicamente, os testes de avaliação de segurança eram realizados com
animais (in vivo); porém, atualmente, alguns centros de pesquisa estão adotando novas alternativas (in vi -
tro) que visam a substituição dos testes com animais. Este artigo enfatiza a necessidade de realização de
ensaios de toxicidade para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, bem como apresenta os tes-
tes in vivo e in vitro utilizados abordando a necessidade de se aplicar métodos alternativos aos ensaios in vi -
tro na avaliação de segurança dos mesmos.
SUMMARY. “Cosmetics Toxicology”. Although not desirable, cosmetic products can cause some adverse effects
in the user. Such effects can be due both to individual factors and by inadequate use. So, the safety evaluation
must precede the placement of the cosmetic product in the market. Once the consumer has free access to cosmet-
ic product, it must be safe in normal conditions or reasonably previsible of use. Historically the evaluation tests
were accomplished with animals (in vivo) but, at the moment, some research centers have been adopting new al-
ternatives (in vitro) in order to replace the tests with animals. This article emphasizes the necessity of accom-
plishing toxicity assays for personal hygiene products, cosmetics and perfumes, an also presents the tests in vivo
and in vitro used, approaching the necessity of alternative methods to the assays in vitro in the evaluation of se-
curity of them.
externos, dentes e membranas mucosas da cavi- Apesar de não desejável, há relatos na litera-
dade oral, com o objetivo exclusivo ou principal tura de reações adversas a cosméticos 3,4. Viglio-
de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência, glia & Rubin 5 dividem as reações adversas a
corrigir odores corporais e ou protegê-los ou cosméticos em: reações irritativas: imediatas (ex:
mantê-los em bom estado. Os cosméticos, de hidróxido de sódio) ou acumulativa (ex: tensoa-
acordo com os artigos 3º e 26º da Lei 6.360/76 1 tivos); reações alérgicas ou sensibilizantes: der-
e 3º, 49º e 50º do Decreto 79.094/77, podem ser matite de contato (ex: por princípios ativos, veí-
enquadrados em quatro categorias: produtos de culos, conservantes) ou granuloma alérgico (ex:
higiene, cosmético, perfume e produto de uso zircônio); dermatites por fotossensibilização: fo-
infantil. Pelo grau de risco que oferecem são totoxia ou fotoalergia; reações sistêmicas: por
classificados em grau 1 (produtos com risco mí- inalação (ex: fragrâncias) ou por absorção per-
cutânea (ex: persulfato de amônio); reações físi- Groot et al. 4 realizaram um estudo em 119
cas e outras: por oclusão (ex: foliculite por óle- pacientes para determinar quais eram os com-
os); ação carcinogênica. ponentes presentes em cosméticos responsáveis
A irritação pode ser definida como intolerân- por dermatite de contato. Para tanto, os autores
cia local podendo corresponder a reações de aplicaram topicamente nos voluntários, durante
desconforto, variando sua intensidade desde ar- 2 dias, substâncias relatadas como alérgenos.
dor, coceira e pinicação podendo chegar até a Eles observaram que o mais importante alérge-
corrosão e destruição do tecido. Todas estas re- no cosmético foi um sistema conservante com-
ações se restringem à área em contato direto posto de metilsotiazolinona e metilclorosotiazo-
com o produto 6. linona, que provocou reação em 33 pacientes
A sensibilização corresponde a uma alergia, (27,7%), seguido por resina de toluenosulfona-
que é uma reação de efeito imediato (de conta- mida/formaldeído presentes em laquês (15 pa-
to ou urticária) ou tardio (hipersensibilidade). cientes, 12,6%) e pelo emulsificante oleamido-
Ela envolve mecanismos imunológicos e pode propildimetilamina, presentes em loções infantis
aparecer em outra área diferente da área de para o corpo (13 pacientes, 10,9%).
aplicação, podendo se manifestar por eritema, Hernandez & Mercier-Fresnel 7 relatam que
edema e secreção com formação de crostas 5. O reações adversas a cosméticos podem ser oca-
risco de alergia pode decorrer tanto em função sionadas principalmente pelos conservantes usa-
dos ingredientes quanto do produto final 6. dos em formulações. Porém, Soni et al. 8 ao rea-
Reações sistêmicas são reações resultantes da lizarem estudos para verificação de prováveis
passagem de quaisquer substâncias do produto efeitos tóxicos para o propilparabeno, um con-
para a circulação sangüínea, diretamente por via servante microbiológico muito utilizado, obser-
oral, inalatória, transcutânea ou transmucosa, varam baixa toxicidade oral aguda em animais
metabolizadas ou não 6. Já dermatites por fotos- de laboratório, nenhuma evidência de atividade
sensibilização são reações adversas que ocorrem carcinogênica e resultado negativo para o teste
após exposição combinada de certos compo- de Ames, o que comprova não potencial carci-
nentes à luz 5. Na grande maioria dos casos, as nogênico. Resultados semelhantes foram obser-
reações sistêmicas são avaliadas a partir dos da- vados para outro conservante microbiológico, o
dos relativos às matérias primas. Não se conhe- metilparabeno 8.
cem efeitos toxicológicos sistêmicos em produ- Viglioglia & Rubin 5 afirmam que tensoativos
tos acabados que não sejam causados pelos aniônicos como o lauril sulfato de sódio pos-
próprios ingredientes. Portanto, é importante suem propriedades irritantes quando aplicados
prever este tipo de risco para os produtos que sobre a pele. Segundo os autores, tensoativos
eventualmente possam ser ingeridos ou inala- catiônicos podem também causar dano cutâneo.
dos, ou aqueles destinados a uma população Já tensoativos não iônicos, como polissorbato
em particular (crianças, gestantes, etc). Assim, a 80, possuem potencial de irritação menor. Outra
maioria das informações necessárias na ava- substância presente em cosméticos e que possui
liação do risco potencial de um produto cosmé- considerável grau de toxicidade é a fragrância.
tico resulta do conhecimento dos ingredientes Jackson 9 afirma que de 1500 substâncias comu-
que compõem a formulação. São eles que po- mente usadas em fragrâncias, cerca de 100
dem ser os responsáveis por qualquer efeito (6,7%) causam reações adversas. Como exem-
sistêmico e por boa parte do risco alergênico. plo, tem-se óleo de marigold, que apresenta fo-
Contudo, a fórmula do produto acabado pode totoxicidade. Também, várias substâncias pre-
interferir, à medida que facilita a absorção total sentes em cosméticos podem causar dermatite
ou parcial dos ingredientes sendo responsável, de contato, principalmente em tinturas capilares,
também, por possíveis sinergismos, resultantes como betanaftol e pirogalol 5.
da associação de matérias-primas 6. Recentemente, muito se tem discutido acerca
Há diversos relatos na literatura de substân- da toxicidade do formaldeído, que vem sendo
cias presentes em cosméticos que apresentam utilizado em alisantes capilares em concen-
determinado grau de toxicidade. Outras trações de 0,4 a 29,7%. Segundo Boletim Infor-
substâncias, por sua vez, apresentam nível de mativo da Agência Nacional de Vigilância Sani-
uso aceitável, como corantes, conservantes e fil- tária (ANVISA) 10, órgão regulamentador destas
tros solares, devendo-se respeitar a legislação questões no Brasil, o formaldeído é uma maté-
vigente quanto à concentração em que devem ria-prima com uso permitido em cosméticos nas
ser incorporados às formulações 6. funções de conservante (limite máximo de uso
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permitido de 0,2%, de acordo com a Resolução É fundamental que reações adversas conse-
RDC Nº 162, de 2001) e como agente endurece- cutivas à utilização de preparações cosméticas
dor de unhas (limite máximo de uso permitido sejam evitadas ou pelo menos mantidas em limi-
5%, segundo Resolução RDC Nº 215, de 2005) tes aceitáveis. Para isso, é imprescindível que
11,12 . Tal Boletim Informativo cita também que a estudos de tolerância sejam realizados antes de
utilização do formaldeído com função diferente qualquer introdução no mercado de novas for-
das citadas e em limites acima dos permitidos mulações. É uma questão ética relacionada a to-
pode causar danos à saúde. Todos os produtos dos os responsáveis pelos diferentes ramos pro-
registrados pela ANVISA que apresentam formal- fissionais implicados na elaboração e comerciali-
deído na sua composição têm as concentrações zação de cosméticos. Assim, apesar de uma ava-
da substância dentro dos limites previstos na le- liação rigorosa prévia destes riscos no caso de
gislação vigente. Logo, quando o produto não é uma determinada preparação, efeitos de irri-
registrado, sua composição não foi avaliada, po- tação ou de alergia podem sobrevir em indiví-
dendo conter substâncias proibidas ou de uso duos predispostos 3.
restrito, em condições e concentrações inade- Sparacio 14 cita que, mediante o contingente
quadas ou não permitidas, o que pode acarretar de formulações cosméticas, estas precisam apre-
riscos à saúde da população, como irritação da sentar alguns diferenciais para ganhar a acei-
pele, vermelhidão, queimaduras, lacrimação, tação do consumidor, como, por exemplo, se-
visão embaçada, hipersensibilidade e até mesmo gurança, biocompatibilidade e funcionalidade.
queda de cabelo 10. Assim, é primordial o desenvolvimento de testes
Dentre as orientações mencionadas pelo Bo- que comprovem um alto nível de segurança do
letim Informativo da ANVISA 10 destaca-se: o for- produto, o qual poderá ser utilizado por consu-
maldeído está sendo utilizado em concentrações midores de vários tipos e condições de pele.
maiores que a permitida pela ANVISA com a Logo, o objetivo deste trabalho é enfatizar a
função de alisante, podendo causar riscos à saú- necessidade de realização de ensaios de toxici-
de; o formaldeído é considerado cancerígeno dade para produtos de higiene pessoal, cosméti-
pela OMS (Organização Mundial de Saúde), sen- cos e perfumes, bem como apresentar os testes
do que quando absorvido pelo organismo por in vivo e in vitro utilizados abordando a neces-
inalação e principalmente pela exposição pro- sidade de se aplicar métodos alternativos aos
longada apresenta como risco o aparecimento ensaios in vitro na avaliação de segurança dos
de câncer na boca, nas narinas, no pulmão e no mesmos.
sangue; não utilizar produtos que contenham
formaldeído com finalidade e concentrações di- SEGURANÇA DE COSMÉTICOS
versas das permitidas, visto que o formaldeído Independente do grau de risco que o produ-
em concentrações permitidas não tem função de to cosmético apresenta, este deve ser seguro.
alisante; não utilizar produtos sem registro; em Entende-se por segurança de cosméticos a
caso de dúvida, consultar um médico de con- ausência razoável de risco de lesão significativa
fiança; o consumidor que encontrar irregularida- em condições de uso previsíveis, ou seja, defi-
des poderá entrar em contato com a Vigilância ne-se segurança em termos de probabilidade de
Sanitária Municipal, Estadual ou com a ANVISA. que o produto não provoque danos significati-
Logo, o órgão regulamentador brasileiro incenti- vos. Quando se fala em segurança de produtos
va a Cosmetovigilância como prática para tenta- cosméticos, deve-se entender que não existe
tiva de coibir o uso indiscriminado do formalde- 100% de segurança em nenhuma substância quí-
ído em produtos de higiene pessoal, cosméticos mica, já que até mesmo água pode ser perigoso
e perfumes. se administrada em quantidades inadequadas 15.
Outras substâncias ainda que merecem des- Segundo Romanowski e Schueller 15 um con-
taque são os metais. Vários metais têm apli- sumidor pode usar diversos produtos cosméti-
cações cosméticas, dentre eles alumínio, bário, cos diferentes num mesmo dia. Se cada um dos
bismuto, boro, cobalto, cromo, ferro, manganês, produtos contiver, por exemplo, 10 componen-
prata, titânio e zinco. Alguns estudos, porém, tes, esse indivíduo estará exposto a muitos com-
estão verificando que determinados metais são postos químicos por dia. Como essas substân-
poderosos alérgenos, dentre eles o cromo, co- cias entram em contato direto com várias partes
balto, mercúrio e principalmente o níquel 13. Os do corpo, como couro cabeludo, região próxi-
quatro macrometais essenciais, sódio, potássio, ma aos olhos, mucosas e cavidade oral, é essen-
cálcio e magnésio, são imprescindíveis no ba- cial garantir ao consumidor que ele esteja utili-
lanço homeostático do organismo. zando um produto seguro.
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Considerando que verdadeiramente não exis- Nos Estados Unidos, o registro de produtos
te ausência de risco e, dadas às dificuldades pa- cosméticos é controlado pelo FDA (Food and
ra estabelecer conceitos relativos a uma con- Drug Administration), codificado no Título 21,
dição razoavelmente previsível de uso, o res- Código de Regulamentos Federais (21 CFR), par-
ponsável por um produto cosmético deve em- tes 700 a 740 (21 CFR 700 a 740). Embora o
pregar recursos técnicos e científicos suficiente- FDA não obrigue que os fabricantes de cosméti-
mente capazes de reduzir possíveis danos aos cos testem seus produtos para a garantia da se-
usuários, ou seja: formulando o produto com gurança, ele incita fortemente os mesmos a rea-
substâncias referenciadas (substâncias constan- lizarem os testes toxicológicos apropriados. Se a
tes em compêndios e legislação), que sejam as segurança do produto não for adequadamente
mais seguras possíveis; informando o consumi- verificada, este deve ter uma indicação na em-
dor, da maneira mais clara possível, a fim de balagem advertindo que a segurança do produ-
evitar mau uso do produto e seguindo as Boas to não foi determinada 17.
Práticas de Fabricação e Controle 6. Jackson 18 considera como elementos funda-
Assim, uma das responsabilidades dos for- mentais na toxicologia cutânea os seguintes as-
muladores cosméticos é assegurar que os pro- pectos: substância química, a dose de exposição
dutos sejam seguros. Para isso, o entendimento ao produto químico, quantidade da substância
do funcionamento dos testes de segurança é pri- permeada, classe do cosmético na qual o ativo
mordial. Infelizmente, não existe um único ma- pode ser utilizado, método, duração e freqüên-
nual de métodos mundialmente aceitos para os cia de aplicação, quantidade de produto em ca-
testes de segurança; pelo contrário, mediante a da aplicação e possível exposição do produto à
vasta gama de metodologias, cada empresa es- luz solar 19.
colhe seus métodos para procedimentos de se- Com o objetivo de garantir maior segurança
gurança dos produtos 15. para o usuário do produto cosmético, diversos
A avaliação de segurança deve preceder a órgãos regulamentadores têm se mobilizado
colocação do produto cosmético no mercado. com o objetivo de normatizar e comprovar a se-
Uma vez que o produto cosmético é de livre gurança e eficácia de tais produtos. Dentre as
acesso ao consumidor, o mesmo deve ser segu- resoluções estabelecidas pelo Mercosul, tem-se
ro nas condições normais ou razoavelmente a MERCOSUR/GMC/RES Nº 19/05, que discute o
previsíveis de uso 6. programa de cosmetovigilância na área de pro-
Na legislação brasileira não se exige testes dutos de higiene pessoal, cosméticos e perfu-
de toxicidade para o registro de produtos cos- mes. Os objetivos desta normativa são: garantir
méticos. De acordo com a Resolução 79/00 1, o cumprimento dos padrões de qualidade dos
Anexo XXI e suas atualizações, o que existe é produtos de higiene pessoal, cosméticos e per-
apenas um termo de responsabilidade que a fumes produzidos nos países integrantes do
empresa assina, onde a mesma declara possuir Mercosul; destacar a responsabilidade dos fabri-
dados comprobatórios que atestam a eficácia e cantes em garantir a segurança e a eficácia dos
segurança de seus produtos 6. produtos por eles produzidos e conscientizar da
Na Comunidade Européia, a segurança de necessidade de cumprir os requisitos obrigató-
produtos cosméticos é regulada pela Diretiva rios relacionados à comprovação da segurança e
Cosmética (76/768/EEC) de 1976, artigos 2º e 7º, eficácia de tais produtos. Assim, as empresas
os quais afirmam que um produto cosmético instaladas em países pertencentes ao Mercosul
não deve causar dano à saúde humana quando fabricantes de produtos cosméticos devem im-
aplicado em condições razoáveis ou razoavel- plementar um sistema de cosmetovigilância,
mente previsíveis de uso; na produção deve-se com o objetivo de garantir ao usuário a segu-
considerar o perfil toxicológico da substância ati- rança e eficácia dos mesmos, facilitar o acesso
va, sua estrutura química e o nível de exposição. ao usuário de relatos sobre problemas de uso,
Pode-se perceber, assim, que a Diretiva Cosméti- defeitos de qualidade, efeitos indesejáveis e ga-
ca impõe uma obrigatoriedade de que os produ- rantir o acesso do consumidor à informação.
tos cosméticos devem ser seguros, mas não for- Também, estas empresas devem manter o regis-
nece detalhes específicos ou métodos que pos- tro dos dados de cosmetovigilância e avaliá-los;
sam ser utilizados nestes testes de segurança. O caso sejam identificadas situações que impli-
SCCNFP (Comitê em Cosméticos e Produtos Não quem risco para a saúde do usuário, tais empre-
Alimentícios) recomenda o uso de testes toxico- sas devem notificar a autoridade sanitária local
lógicos baseados naqueles utilizados para produ- de seu país 20.
tos farmacêuticos e agroquímicos 16. Outra resolução que deve ser destacada é a
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MERCOSUR/GMC/RES. N° 26/04, que traz os re- via cutânea. Esta relação não pode ser menor
quisitos técnicos específicos para produtos de que cem 6.
higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Tal re- O Guia para Avaliação de Segurança de Pro-
solução complementa a resolução MERCOSUR/ dutos Cosméticos 6 orienta como estudos bási-
GMC/RES. N° 24/95, com o intuito de promover cos úteis os seguintes testes: absorção cutânea;
uma implementação uniforme desta resolução estudo do potencial de efeito sistêmico - toxici-
pelos países envolvidos, estabelecer requisitos dade aguda e testes de mutagenicidade; estudo
técnicos para que os fabricantes e importadores do potencial de efeito alergênico - teste de aler-
comprovem a segurança e eficácia de uso des- genicidade; estudo do potencial de risco irritati-
tes produtos possibilitando a livre circulação vo - irritação primária da pele e irritação primá-
dos mesmos em todos os países do Mercosul, ria da mucosa (ou ocular).
aperfeiçoar as ações de controle sanitário de tais Além disso, o Guia orienta como estudos
produtos garantindo sua segurança em con- complementares úteis em situações particulares:
dições normais de uso, além de trazer a relação estudo do risco sistêmico potencial: toxicidade
de documentos necessários para regular a fabri- subaguda - desejável quando o ingrediente é
cação destes produtos 21,22. destinado ao uso diário; estudo do efeito na re-
Dentre os requisitos obrigatórios que as em- produção (fertilidade / teratogenicidade
presas devem apresentar que constam no anexo peri/pós-natal) - necessário quando o ingredien-
da resolução MERCOSUR/GMC/RES. N° 26/04 te pertence a uma família química com suspeita
tem-se: fórmula qualitativa; função dos compo- de risco ou se utilizado em produtos indicados
nentes da fórmula; bibliografia e referências dos para gestantes e fotomutagenicidade - utilizada
componentes; especificações técnicas, organo- para ingredientes que absorvem os raios ultra-
lépticas e físico-químicas das matérias-primas e violeta entre 290 e 400 nm; estudo do risco irri-
do produto acabado; especificações microbioló- tativo potencial: irritação por efeito cumulativo -
gicas das matérias-primas e do produto acaba- desejável quando o ingrediente é destinado a
do; processo de fabricação; especificações técni- ser utilizado em produtos de uso regular, sem
cas do material de embalagem; dados de estabi- enxágüe; avaliação de riscos particulares - tera-
lidade; sistema de codificação de lotes; projeto togenicidade, carcinogenicidade e genotoxicida-
de arte das etiquetas ou rótulos; comprovação de 6.
da eficácia e segurança; finalidade do produto; Há várias metodologias de testes que os pes-
certificado de venda livre autorizado e certifica- quisadores podem empregar para avaliar a se-
do de inscrição do estabelecimento 21. gurança dos produtos cosméticos. Historicamen-
te, estes eram realizados com animais (in vivo),
TESTES DE TOXICIDADE EM COSMÉTICOS porém atualmente alguns centros de pesquisa
A determinação do potencial tóxico é o pri- estão deixando de fazer estes tipos de testes e
meiro passo na análise de risco de um produto adotando novas alternativas (in vitro) que ex-
e consiste de uma série de estudos de toxicida- cluem testes com animais 15. Um ensaio in vivo
de, sendo necessários os seguintes ensaios: toxi- geralmente não deve ser executado na eventual
cidade aguda dérmica, toxicidade oral e per- existência de outro método científico in vitro
cutânea, irritação e sensibilização cutânea, irri- válido, satisfatório, razoável e disponível na prá-
tação ocular primária, inalação, fotossensibilida- tica para obtenção do resultado desejado 19.
de e fototoxicidade (no caso de substâncias ab-
sorventes de raios UV), toxicidade sub-aguda, TESTES IN VIVO
potencial mutagênico, carcinogênico, teratogêni- Os estudos in vivo permitem a investigação
co e acneigênese 3,15,19. Outros estudos necessá- do potencial toxicológico de uma substância
rios são aqueles que visam a determinação da quando aplicada a um animal através de uma
margem de segurança, já que os ingredientes via de exposição (oral, inalatória ou tópica) si-
devem ser incorporados na fórmula do produto milar à do homem, permitindo a observação de
cosmético num nível de concentração que apre- efeitos adversos.
sente margem de segurança adequada. A mar-
gem de segurança é definida como a relação Teste de irritação ocular primária (Teste
entre a dose experimental mais elevada, que de Draize)
não produz qualquer efeito sistêmico adverso Lachapelle 3 sugere que o teste de irritação
depois de um mínimo de 28 dias de ingestão ocular primário é interessante para produtos
oral em espécie animal, e a dose diária absorvi- que serão aplicados próximos aos olhos e que
da, a qual o consumidor pode ser exposto por podem acidentalmente penetrar nos mesmos,
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