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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS


UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE ITAPURANGA

ESTÉFANE LORRANE BENTO PINHEIRO DOURADO


JÉSSICA CAROLINA BENTO PINHEIRO DOURADO

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UMA REFLEXÃO ACERCA DA


PRÁTICA DA LEITURA E DA ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

ITAPURANGA
2014
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Biblioteca UnU-Itapuranga
Rita de Cássia Coelho Proença CRB2/863

D739a Dourado, Estéfane Lorrane B. P.

Alfabetização e letramento: uma reflexão acerca da prática da leitura


e da escrita na educação infantil. [manuscrito] / Estéfane Lorrane B. P.
Dourado; Jessica Carolina B. P. Dourado. - 2014.
-- f.

Orientador: Prof. Me. José Elias Pinheiro Neto


Monografia (Graduação) – Universidade Estadual de Goiás, Curso de
Licenciatura Plena em Letras, 2014.
Bibliografia.

1. Linguagens e Artes. 2. Leitura e escrita - Importância. 3. Formação


do Leitor. 4. Alfabetização. I. Dourado, Jessica Carolina B. P. II. Título.

CDU 028:003
3

ESTÉFANE LORRANE BENTO PINHEIRO DOURADO


JÉSSICA CAROLINA BENTO PINHEIRO DOURADO

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UMA REFLEXÃO ACERCA DA


PRÁTICA DA LEITURA E DA ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial à
conclusão do curso de Licenciatura Plena
em Letras da Universidade Estadual de
Goiás, Unidade Universitária de
Itapuranga com a orientação do professor
Me. José Elias Pinheiro Neto.

ITAPURANGA
2014
4

ESTÉFANE LORRANE BENTO PINHEIRO DOURADO


JÉSSICA CAROLINA BENTO PINHEIRO DOURADO

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UMA REFLEXÃO ACERCA DA


PRÁTICA DA LEITURA E DA ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho apresentado como requisito


parcial à conclusão do curso de
Licenciatura Plena em Letras da
Universidade Estadual de Goiás, Unidade
Universitária de Itapuranga. Este TC foi
aprovado em ____/____/_____, pela
banca examinadora constituída pelos
professores.

_________________________________________
Profº. Me. José Elias Pinheiro Neto
(Orientador- UnU Itapuranga)

_________________________________________
Profº. Antônio Oliveira

_________________________________________
Profª. Izabel Olívia de Oliveira
5

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus, pela força e capacitação que Ele


nos concedeu, para que nós pudéssemos concluir mais uma etapa nas nossas
vidas.
Ao nosso pai por amor e dedicação que sempre teve para conosco,
homem pelo qual temos maior orgulho, nosso eterno agradecimento.
A nossa mãe, por ser tão dedicada sempre acreditando na nossa
capacidade e nos fazendo acreditar que nada é impossível.
Ao nosso orientador, professor e mestre, José Elias Pinheiro Neto, pelo
ensinamento dedicação e principalmente pela paciência nos momentos de
dificuldade. Agradecemos pela orientação e concretização dessa monografia.
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O QUE É LETRAMENTO?

Letramento não é um gancho


em que se pendura cada som enunciado,
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo
quebrando blocos de gramática.
Letramento é diversão é
leitura à luz de vela, ou lá fora,
à luz do sol.
São notícias sobre o presidente,
o tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo.
É uma receita de biscoito,
uma lista de compras, recados colados na geladeira,
um bilhete de amor,
telegramas de parabéns e cartas de velhos amigos.
É viajar para países desconhecidos,
sem deixar sua cama,
é rir e chorar
com personagens heróis e grandes amigos.
É um atlas do mundo, sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias e orientações em bulas de remédios,
para que você não fique perdido.
Letramento é, sobretudo, um mapa do coração do homem,
um mapa de quem você é, e de tudo que você pode ser.
(Kate M Chong)
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RESUMO

A pesquisa tem por objetivo esclarecer pontos relacionados à alfabetização e o


aprendizado da leitura e da escrita para alunos das séries iniciais, destacando como
alguns autores podem contribuir para a aquisição de tais conhecimentos. A mesma
discorre sobre assuntos que tratam da construção do conhecimento relacionado à
alfabetização e a aquisição da habilidade da leitura e da escrita. O envolvimento dos
aspectos históricos e teóricos do processo de alfabetização assume um papel
relevante para essa contextualização, pois conhecer o histórico do processo de
alfabetização permite colocar em destaque situações didáticas mais pertinentes para
conseguir aprendizagens, devido ao conhecimento que se pode ter sobre a origem
da noção a ensinar, sobre o tipo de problema que ela visa resolver, as dificuldades
que surgiram e o modo como foram superadas. A busca intencional de
aperfeiçoamento e desenvolvimento constitui-se numa forma de educação, pois é
através do processo de transformações do velho em novo que se cria o
conhecimento e a cultura. Este conhecimento, essa cultura é transmitida através dos
tempos efetuando transformações sucessivas tanto no sentido histórico, social,
político e científico. A pesquisa está dividida em dois capítulos: no primeiro, será
apresentado um pequeno relato sobre histórico do processo de alfabetização no
Brasil, destacando alguns conceitos sobre a inserção do letramento nas escolas
procurando investigar as relações que podem distanciar o aproxima a alfabetização
do letramento. A fundamentação teórica deste capítulo está pautada em autores
como, Ferreiro (1991, 1992, 2008), Freire (2002), PCNs (1997), Soares (2009),
Vygotsky (1984), entre outros. O segundo capítulo está direcionado a leitura e
escrita, onde será analisado como se dá a aprendizagem da leitura e escrita,
pautada nas ideias de autores como: Cardoso (1993), Freire (1993), Ferreiro (1997),
entre outros.

Palavras-Chave: Alfabetização, Letramento, Leitura e escrita.


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ABSTRACT

The research aims to clarify related to literacy and learning of reading and writing for
students in early grades points, highlighting how some authors can contribute to the
acquisition of such knowledge. The same discusses issues dealing with the
construction of knowledge about literacy and the acquisition of skill in reading and
writing. The involvement of the historical and theoretical aspects of the literacy
process plays an important role in this context, because knowing the history of the
literacy process allows you to put more emphasis on relevant teaching situations to
learning due to the knowledge that one may have about the origin of concept to
teach, about the kind of problem it aims to solve the problems that arose and how
they were overcome. The intentional pursuit of improvement and development
constitutes a form of education, for it is through the transformation of the old in that it
creates new knowledge and the culture process. And this knowledge, this culture is
passed down through the ages with successive transformations both in the historical,
social, political and scientific sense. The research is divided into two chapters: the
first will be presented with a short report on the history of literacy process in Brazil,
highlighting some concepts about the inclusion of literacy in schools seeking to
investigate the relationships that can distance the closer literacy literacy. The
theoretical foundation of this chapter is guided by authors like, Ferrero (1991, 1992,
2008), Freire (2002), PCN (1997), Soares (2009) Vygotsky (1984), among others.
The second chapter is directed at reading and writing, where it is analyzed how is the
learning of reading and writing, based on the ideas of authors such as: Cardoso
(1993), Freire (1993), Blacksmith (1997), among others.

Key words: Literacy, Literacy, Reading and Writing


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 10

CAPÍTULO I- ABORDAGENS TEÓRICAS........................................................... 12


1.1 Aspectos históricos e teóricos do processo de alfabetização no Brasil........... 12
1.2 Inserção do letramento nas escolas brasileiras: conceitos e direcionamentos 19

CAPÍTULO II- ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E APRENDIZAGEM DA


LEITURA E ESCRITA............................................................................................ 23
2.1 Alfabetização e letramento............................................................................... 23
2.2 Alfabetização e o aprendizado inicial da leitura e escrita................................. 29
2.3 Como se dá a Aprendizagem da Leitura e da Escrita?.................................... 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 33

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 35
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INTRODUÇÃO

A pesquisa tem como objetivo investigar sobre o processo de


alfabetização e letramento para o desenvolvimento da leitura e escrita das crianças.
A mesma discorre sobre assuntos que tratam da construção do conhecimento
relacionado à aquisição da habilidade da leitura e da escrita.
Para a realização desta pesquisa nos baseamos nas ideias de vários
autores que deram e continuam dando contribuições valorosas para um assunto tão
abrangente e interessante, apontando alguns caminhos para a alfabetizaçãoe/ou
letramento na Educação Infantil. Em seguida serão apresentados alguns pontos de
vista dos autores pesquisados em relação ao assunto.
Ferreiro (1991) defende a ideia de que a criança não tem idade para
aprender e que o desenvolvimento da capacidade linguística de ler e escrever
precisam ser ensinadas sistematicamente principalmente nos anos iniciais da
educação e dá algumas sugestões para colher bons resultados na alfabetização e
evitar que o ensino fique excessivamente centrado na decodificação.
Freire (1996) acredita que para ensinar é preciso criar as possibilidades
para a sua própria produção ou sua própria construção e que um dos principais
objetivos da leitura é a apreensão e compreensão do mundo visando à aquisição do
conhecimento.
Vygotsky (1984), que, enfatiza que a formação da criança se dará a partir
das interações e relações que ela estabelece com outros indivíduos que são iguais a
ela e também irão se desenvolver em contato com outros numa relação dialética
entre o sujeito e a sociedade ao seu redor.
Carvalho (2009) apresenta uma reflexão acerca de como a criança
aprende, destacando que a aprendizagem pode acontecer por associação e pela
interação que o aluno tem com o objeto do conhecimento sendo intermediado por
outras pessoas.
Rego (1994), que realizou um dos primeiros estudos sobre alfabetização
e letramento, onde após analisar duas metodologias de alfabetização diferentes
onde ele constatou que no sistema tradicional o trabalho era direcionado para a
coordenação motora discriminando o visual e o auditivo. Já por intermédio do
método de intervenção pedagógica remodelou a prática em três eixos que são,
realização de leituras diárias de livros literários independente de o aluno possuir
11

algum conhecimento convencional, aplicação de atividades escritas que


despertavam o interesse da criança em escrever e finalmente aplicação de
atividades de estímulo à consciência fonológica.
Vale destacar que os referidos autores concordam com a ideia de que a
alfabetização na Educação Infantil é uma necessidade e precisa ser atendida. Isso
faz com que o educando na faixa etária de 06 anos seja visto como um ser social e
que necessita receber uma educação tendo um ‘suporte social’, levando em conta a
realidade que o cerca e que essa realidade compreenda na vida dessa criança um
significado. Assim essa alfabetização e/ou letramento se faz urgente, não existindo
nenhum argumento que diga o contrário.
Alicerçados nesses conceitos fundamentais precisamos então estudar os
termos alfabetização e/ou letramento como bases na Educação Infantil, pois também
é na escola, mas não apenas nela que a criança interage com o caráter social da
leitura e da escrita objetivando textos significativos para elas. É a alfabetização e/ou
letramento que se ocupam da aquisição da leitura e escrita.
No processo educacional é importante alfabetizar letrando, alfabetizar
criando situações em que esses dois processos se mostrem únicos, indissolúveis.
Como condição essencial para o bom convívio social.
Assim a verdadeira alfabetização estará garantida à criança da Educação
Infantil de qualidade resultará em grande aprendizagem construída ao longo dos
dias, tanto na escola quanto fora dela.
12
12

CAPÍTULO I

ABORDAGENS TEÓRICAS

Neste capítulo, apresentamos a análise teórica dos estudos relacionadas


ao tema. Onde num primeiro momento, serão abordados os aspectos históricos e
teóricos do processo de alfabetização no Brasil.

1.1 Aspectos históricos e teóricos do processo de alfabetização no Brasil

No Brasil por vários anos o conceito e as práticas de alfabetização


sempre tiveram como privilégio especial o domínio das correspondências
fonográficas. Isso ocorreu até meados da década de 1970, onde a mecanização da
língua escrita era praticada em todo seu esplendor. De acordo com Soares (1985, p.
3) “alfabetizar significa adquirir a habilidade de codificar a língua oral em escrita
(escrever) e de decodificar a língua escrita em oral (ler)”. Com essas práticas ficava
claro que o ensino da língua e da escrita objetivava somente a obtenção de
habilidades e conhecimentos mecânicos.
A escola é uma instituição que tem como objetivo promover a formação e
a aprendizagem dos alunos para que eles possam agir em diferentes áreas, quer
sejam na área pessoal ou social, sempre com segurança e competência. Assim essa
escola busca dar condições aos alunos de conhecerem o mundo e a si mesmos,
delimitando possibilidades para que em si possam ser desenvolvidas competências
tanto cognitivas quanto psicossociais. E assim, essa instituição só pode ser
justificada caso ela contribua direta ou indiretamente para que o aluno possa ter uma
formação e uma aprendizagem digna de interagir nesse mundo.
A Educação em si, precisa tornar os cidadãos cônscios de seus deveres e
direitos. E isso só é possível se a escola conseguir trabalhar o processo de
alfabetização de tal forma que a educação venha a contribuir para isso. A
alfabetização é condição essencial para que se tenha a aquisição de conhecimentos
e habilidades, com eficácia. E que esses fatores precisam estar arraigados nas
escolas, pois essas escolas têm que ter em si o conhecimento da importância de
uma boa alfabetização, sabendo o que é necessário fazer para conhecer o
funcionamento dela dentro da escola, o que deu ou não resultado e o que precisa
ser alterado. O que ficou de positivo ou negativo.
13

A alfabetização constitui-se numa técnica de construção de


conhecimentos promovidos dentro das escolas, de modo que permita ao educando
uma tomada de decisões. A escola planeja, organiza e define o que será ensinado.
Tornando assim uma condição fundamental para se construir compromisso de
trabalho. Pois quem não tem conhecimento não se compromete na definição de
ações de melhorias.
Assim, a alfabetização se voltará para promover a formação e a
aprendizagem dos alunos, pois se constitui com comprometimento de todos os
profissionais da Educação para a realização de suas responsabilidades
educacionais. Definindo um trabalho integrado, voltado ao aluno. Uma boa
alfabetização precisa ser aberta a diálogos, condição essencial para resultados de
melhorias no processo ensino/aprendizagem do aluno.
Dentro desse contexto, a alfabetização traz resultados positivos,
oferecendo a todos os envolvidos algumas informações de como anda a
aprendizagem de seus alunos. Através dessas informações a identidade escolar se
aprimora continuamente. Proporcionando melhorias educacionais nos aspectos
observados e será vista não como recompensa premiadora ou punitiva, mas vista
como algo que contribui positivamente à aprendizagem do aluno.
A alfabetização realmente terá grande utilidade se usada para resultar em
melhorias das práticas educacionais. Práticas que visem à promoção e formação da
aprendizagem dos alunos.
Por volta da década de 60, era defendida a ideia de que para entrar no
mundo letrado a criança precisava estar apta para a aquisição do conhecimento, ou
seja, ela precisava ser alfabetizada, obter alguma habilidade para ler e escrever, e
isso só aconteceria após os 06 anos de idade. Para muitos educadores antes dos
seis anos de idade, a criança não tinha interesse pela leitura ou escrita. E que se
alguém se propusesse a fazer esse tipo de trabalho com crianças nessa idade, não
obteriam resultados positivos, porque as crianças não estariam preparadas para tal
aquisição, o que se constituiu num grande erro
As crianças até então não lhes eram acreditadas em seu escrever em
saber transmitir seus conhecimentos, mas elas já sim na mais precoce idade
procuram se fazer conhecidas, como nos afirma Ferreiro (1991):
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[...] Quando uma criança escreve tal como acredita que poderia ou deveria
escrever certo conjunto de palavras, está nos oferecendo um valiosíssimo
documento que necessita ser interpretado para poder ser avaliado. Essas
escritas, infantis têm sido consideradas, displicentemente, como garatujas,
“puro jogo”, o resultado de fazer “como se” soubesse escrever. Aprender a
lê-las – isto é, interpretá-las – é um longo aprendizado que requer uma
atitude teórica definida. (p. 16 - 17).

Mas a partir da década de 1970, várias pesquisas estavam em


andamento, tentando deixar mais claro a questão de alfabetização. As
pesquisadoras Emília Ferreiro e Ana Teberosky, fizeram um trabalho experimental
na cidade de Buenos Aires durante os anos de 1974 a 1976, onde enfatizaram que a
tarefa de ensinar a ler e a escrever sempre fora papel específico das escolas,
deixando para nós que todos podemos construir juntos a aprendizagem das crianças
e não meramente a escola.
Elas procuraram chamar a atenção na época, para o fato do fracasso
escolar nos primeiros anos de alfabetização. Com isso elas escreveram o livro
‘Psicogênese da Língua escrita’, objetivando demonstrar que existia um novo jeito
de ver tal fato. Elas pretendiam demonstrar que a criança era capaz de obter a
leitura antes mesmo da escrita. Fato até rodeado por questionamentos, e que a
criança é capaz de buscar a aquisição do conhecimento, que é a língua escrita,
consegue propor problemas, seguindo uma metodologia própria.
Em se tratando da alfabetização, é preciso focar duas questões: uma é o
que pensamos e trabalhamos com as crianças e outra é em relação aos adultos.
Estes últimos o trabalho com eles seria sanar uma carência, já com as crianças é
necessária uma prevenção, é necessário a realização de um trabalho para que elas
não se tornem futuros analfabetos.
Mas o fato é que no Brasil, durante anos a fio perdurou a discussão
acerca dos métodos usados na alfabetização, o que resultou em mais discussões e
gerou confrontos entre os métodos sintéticos que partem de elementos menores que
a palavra, e os métodos analíticos, que partem da palavra ou de unidades maiores,
Ferreiro e Teberosky (1998). Com essas discussões em pauta formou-se os
métodos analítico-sintéticos, que partem do pressuposto de que a criança quando
inicia o processo de alfabetização não sabe nada a respeito da língua. Segundo
Morais:
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O método analítico-sintético é o mais usado atualmente e podemos


encontrá-lo em duas formas: uma que parte de palavras ou frases e o
professor dirige a análise para os elementos que compõem essas estruturas
lingüísticas complexas [método analítico sintético de orientação global] e a
outra que parte das vogais, as quais são associadas rapidamente as
consoantes formando silabas, as quais combinadas uma as outras originam
as palavras [método analítico- sintético de orientação sintética], (2006, p.
59).

No método analítico-sintético a alfabetização acontece por intermédio da


decomposição das frases e letras onde o professor a partir do convívio com o texto
inicia o processo de decomposição.
Outro fator de suma importância é a questão acerca da língua escrita.
Convencionou-se entre as sociedades, que a aprendizagem dessa, só seria possível
dentro do âmbito escolar. Mas o fato é que como afirma Ferreiro (1991, p. 21) “a
escrita é importante na escola, porque é importante fora da escola, e não o inverso”.
Assim, a escola poderia agir de forma diferente do que, ao longo dos anos tem
agido, pois ela tem assumido o papel de mantenedora da língua escrita, impondo ao
aluno que aprende uma postura rígida de total respeito diante da língua escrita, sem
possibilidades de questionamentos ou indiferenças. Esse respeito tem que estar
inserido na forma de se escrever e ler, entre outros, (FERRERO, 1991).
Mas o que realmente se faz necessário é uma prática docente capaz de
colocar o processo de alfabetização e letramento trazendo em especial o
aprimoramento das práticas e usos sociais da escrita na cultura escolar.
Atualmente até que se tem uma nova versão acerca da importância da
real alfabetização e letramento esses que por serem complexos conduzem o
educador a um direcionamento em busca de caminhos inovadores quanto a sua
metodologia. Para atuar com segurança, inovação e criatividade é necessário ao
educador cursos de boa qualidade que os integrem a essa nova versão. Discussões
e análises que possam funcionar como suporte para as práticas pedagógicas desses
educadores.
Diante das experiências alfabetizadoras que surgiram no final do século
XX em países latino-americanos foi constatado um novo direcionamento em relação
aos objetivos visados com a alfabetização, de acordo com as pesquisas de Ferreiro
(1991), objetivos esses que compreendiam uma nova concepção ao sistema
alfabético da escrita, textos lidos de forma compreensiva, escrita de textos de forma
menos convencional, mas que fosse de acordo com cada faixa etária. Mesmo diante
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dessa nova visão, a alfabetização continuava sendo tratada de forma mecanizada e


focando principalmente apenas o domínio fonográfico das palavras. Onde a criança
era exercitada com atividades repetitivas, memorização, cópias, tudo como forma
cumulativa de aprendizagem. Essas poucas abordagens não foram suficientes para
que a alfabetização de fato acontecesse na vida do aluno.
No Brasil após as divulgações das ideias de Ferreiro e Teberosky iniciou
um novo olhar sobre a leitura e a escrita de crianças na Educação Infantil, frisando a
importância que a escola possui em relação ao aluno e que poderia dar a esse aluno
diferentes oportunidades em relação à cultura da leitura e escrita. É explicado nas
palavras de Ferreiro (2008) quando diz:
Nesse contexto, a partir de 1980, baseado em resultados obtidos através
dessas e outras pesquisas, no Brasil ocorre questionamentos acerca do conceito da
alfabetização e do letramento. E com a divulgação de frequentes pesquisas, tanto
nacionais quanto internacionais, é repassada aos educadores uma nova evolução
conceitual no que diz respeito de como as crianças compreendem nosso sistema de
escrita. Que essas crianças se apropriavam da língua escrita através de diferentes
gêneros textuais, mesmo antes de possuírem a alfabetização convencional,
enquanto que outras crianças já alfabetizadas não dominavam a utilização da
linguagem escrita. Isso só foi possível através de um novo direcionamento na visão
brasileira sobre a importância das mudanças quanto ao ensino na Educação Infantil.
Pesquisadores tais como Vygotsky (1984) já salientava nos anos de
1920/1930 que a criança na mais tenra idade já era capaz de compreender a função
simbólica da escrita. Mesmo que alguns considerassem precoces, o fato era como
seria ensinado a essa criança a complexidade da língua e não o fato da idade que
determinaria a aprendizagem.
Rego (2006) deixa em evidência a possibilidade do ensino às crianças antes
dos seis anos, desde que esse ensino objetive levar a criança a algo que lhe
interessa que lhe chame a atenção, algo tão atrativo que desperte na criança a
plena aprendizagem. Mas de fato o que sempre ocorreu no Brasil em relação à
alfabetização foi o uso de uma metodologia “tradicional” em que a proposta e
educação tinham o professor como centro. A função do educador se definia como
um vigia e conselheiro dos alunos, e o seu trabalho se baseava em corrigir e ensinar
a matéria não preocupando-se, se o que está sendo ensinado é realmente do
interesse do aluno. Isso remetido à Educação Infantil torna-se mais problemático.
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Finalmente em 1990 começa uma novidade de acordo com Ferreiro


(2008) que diz:
[...] não somente os organismos internacionais tradicionalmente vinculados
à educação (UNESCO/UNICEF) inauguram a década da alfabetização e da
Educação Básica, mas também o Banco Mundial decide investir na
Educação Básica e incidiu sobre as práticas dos governos. Em Jomtien
(Tailândia), março de 1990, é formada a Declaração Mundial sobre
Educação para Todos, um documento que já apresenta repercussões
visíveis no desenho de políticas educativas em nossa região. (p. 8-9)

Diante de tantas conferências, reuniões, debates, o problema continuava


em pauta, a alfabetização e/ou o analfabetismo sempre posturas dominantes nesse
campo surgiam. Se por um lado existia um discurso oficial, centrado em estatísticas
e dados, de melhorias ou outras. Onde mostravam inúmeras escolas inauguradas,
prédios reformados, de um número elevado de crianças matriculadas, de escolas
semelhantes, da necessidade de eliminar terminantemente o analfabetismo. Do
outro lado, as posturas dominantes diziam que essas informações eram
“improvisadas, denunciavam a superlotação das salas, e que as posturas oficiais
não remetiam ao real problema da alfabetização, e que as posturas oficiais queriam
apenas melhorar as estatísticas e se posicionar bem nas reuniões internacionais”.
Ferreiro (2008, p. 10).
Pautadas nessas e em outras pesquisas, no Brasil “esses dados são
colhidos por Telma Weisg, Esther Pilar Grossi, Terezinha Nunes Carralrer e Lúcia
Browne Rego” (FERREIRO, 1991, p. 7). Experimentos são feitos e repassados,
onde se mostra que o trabalho com crianças é sim produtivo, como afirmam as
palavras de Ferreiro (1991), “Essa criança, se coloca problema, constrói sistemas
interpretativos, pensa, raciocina e inventa, buscando compreender esse objeto social
particularmente complexo que é a escrita, tal como ela existe em sociedade” (p. 7).
Um dos primeiros estudos sobre alfabetização e letramento foi produzido
por Rego (2006, p. 6):

Este estudo comparou um grupo de crianças de duas escolas públicas.


Submetidas a metodologias de alfabetização diferentes. As escolas
estavam localizadas no mesmo bairro e ofereciam a pré-escola a partir dos
quatro anos. Na primeira escola as crianças não foram expostas às
atividades de leitura e escrita. Mas eram trabalhadas no sistema tradicional,
com coordenação motora e de discriminação visual e auditiva. Na segunda
escola o método aplicado foi uma intervenção pedagógica em torno de três
eixos, onde se remodelou a prática: exercendo uma leitura diária de livros
literários, mesmo aos que não tinham nenhum ‘conhecimento convencional’,
o segundo eixo se estruturava em atividades de escrita de palavras que as
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crianças estavam interessadas em aprender e o terceiro eixo consistia em


aplicação de atividades de estímulo à consciência fonológica através de
jogos que evidenciavam as semelhanças e diferenças sonoras entre as
palavras. O grupo de crianças da segunda escola ficou bem mais à frente
que as da primeira escola.

Mas em pleno século XXI, não é difícil encontrarmos concepções sobre a


alfabetização, que se enquadrem com as de 1970. Práticas errôneas, onde a
alfabetização mecanizada é usada. Ela é concebida antes do letramento,
incorporando assim ao grave erro de se afirmar que a criança não pode ler ou
escrever sem conhecer as normas convencionais. Sem dar o valor devido à
criatividade da criança, quando através de suas ‘garatujas’ consegue exprimir sua
fala, seus desejos, opiniões e modo de enxergar o mundo e as demais coisas. E que
nem sempre esses códigos são os usados ou considerados pelos adultos como
certos. O adulto tende a pensar sempre em regras, pois como defende Ferreiro
(1991):

A invenção da escrita foi um processo histórico de construção de um


sistema de representação, não um processo de codificação. Uma vez
construído, poder se ia pensar que o sistema de representação é aprendido
pelos novos usuários como um sistema de codificação. Entretanto não é
assim... Ás dificuldades que as crianças enfrentam são dificuldades
conceituais... que a criança reinventa esses sistemas... Não se trata de que
as crianças reinventem as letras nem os números, mas que, para poderem
se servir desses elementos como elementos de um sistema, devem
compreender seu processo de construção e suas regras de produção. (p. 12
- 13)

Erros como esse são frequentes no Brasil, onde atualmente, nem todas
as mentes estão abertas para se entender que a verdadeira alfabetização se dá com
o letramento e vice-versa. É importante ter a visão de que a aprendizagem da língua
escrita no sentido da aquisição das normas, da aquisição das convenções do
sistema alfabético é tão fundamental quanto o desenvolvimento da percepção sobre
o uso e as práticas sociais da escrita. Ferreiro (1991, p.17).
Assim entendemos que a criança mesmo antes de possuir toda carga de
regras pode e deve ser alfabetizada-letrada, é apenas pensamos nas necessidades
e no contexto das crianças, procurando inseri-las em algo que é totalmente natural e
faz parte do nosso cotidiano. De acordo com a autora Rojo (2012), “a criança
mesmo não alfabetizada, já pode ser inserida em processos de letramento, pois ela
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já faz a leitura incidental de rótulos, imagens, gestos, emoções. O contato com o


mundo letrado acontece muito antes das letras e vai além delas.” (p.35)
Não cabe aqui defender que as crianças menores de seis anos saiam da
Educação Infantil lendo e escrevendo, ou até mesmo lendo palavras simples, ou
seja, saiam alfabetizada nessa fase, mas sim defender que crianças menores de
seis anos deveriam sim se inserir no mundo da leitura e da escrita. Sem exercícios
de memorização, desgastantes e exaustivos.
Existem meios de se incluir crianças no mundo da leitura e da escrita que
são importantes e incluem o prazer, formando leitores que compreendam o que
leram e escreveram. O contato com textos diversificados diariamente e o hábito
constante de ler resulta na transformação da mente, da conduta, da passividade e
das opiniões do aluno. Para aprender a ler, é preciso interagir com a diversidade de
textos escritos, testemunhar a utilização que os alunos fazem deles e participar de
atos de leitura de fato, incentivando e ajudando leitores menos experientes.

1.2 Inserção do letramento nas escolas brasileiras: conceitos e direcionamentos

Falando da alfabetização e letramento precisamos primeiramente traçar


uma linha de raciocínio que venha a mesclar, a unir e ao mesmo tempo defini-los a
fim de termos um entendimento coerente. Para entender um pouco sobre o
letramento vejamos a linha de raciocínio de Goulart (2006) que diz:

[...] o termo letramento vem se mostrando pertinente para os estudos sobre


o processo de ensino-aprendizagem da língua escrita, já que se observa no
Brasil o termo alfabetização, ainda muito relacionado a uma visão dessa
aprendizagem como um processo de codificação/decodificação de sons em
letras e vice versa. Essa visão está de um modo geral ligada a suposição de
que a linguagem escrita é a fala por escrito (p. 452).

A prática do letramento está voltada para a aquisição da leitura e da


escrita onde ler e escrever é empregar a leitura e a escrita em situações reais, que
tenham sentido e colaborarem com o aperfeiçoamento da prática comunicativa, ou
seja, com as interações verbais postas na escola e fora dela. O letramento é um
conjunto de práticas sociais que usam a escrita, como sistema simbólico e como
tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos.
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Historicamente para alguns estudiosos o conceito de alfabetização está


ligado ao:

[...] ensino-aprendizagem da “tecnologia da escrita”, quer dizer, do sistema


alfabético de escrita. O que, em linhas gerais, significa, na leitura, a
capacidade de decodificar os sinais gráficos, transformando em “sons”, e,
na escrita, a capacidade de codificar os sons da fala, transformando-os em
sinais gráficos. (PRÓ-LETRAMENTO, 2008, p.10).

Isso significa dizer que predominava sistematicamente a alfabetização da


escrita, era simplesmente o ato de decodificar os sinais gráficos. O que resultava em
transformar esses sinais gráficos em sons e vice-versa. Em que tradicionalmente, a
alfabetização inicial era considerada “em função da relação entre o método utilizado
e o estado de maturidade da criança”, (FERREIRO, 1991, p. 9). Mas o fato mais
importante não era levado em conta, que era a natureza do objeto do conhecimento
envolvendo esta aprendizagem. Isso significa afirmar que o papel da alfabetização
“não é apenas o domínio de ensinar e aprender as habilidades de codificação e
decodificação, mas também o domínio dos conhecimentos que permitem o uso
dessas habilidades nas práticas sociais de leitura e escrita.” (PRÓ-LETRAMENTO,
2008, p. 10), ficava legado a último plano.
Com uma nova visão acerca da alfabetização, baseada nos estudos, em
meados dos anos de 1980, pelas pesquisadoras Emília Ferreiro e Ana Teberosky,
como já dizemos anteriormente, pesquisas sobre a psicogênese da aquisição da
língua permitiram aos educadores redirecionar seu ensino.
Assim pode-se partir do pressuposto de que o aprendizado do sistema da
escrita não se limitaria apenas ao domínio de correspondências entre grafemas e
fonemas (a decodificação e a codificação), mas que esse ensino serviria num
processo ativo por meio do qual a criança construiria e reconstruiria hipóteses,
levantaria questionamentos da língua escrita, e não apenas da falada, e que
compreenderia como se dá a representação da fala em língua escrita e vice-versa,
(FEEREIRO e TEBEROSKY, 1998).
Nesse momento surge o termo novo, até então desconhecido por muitos
e utilizado por poucos. O termo letramento, que de acordo com o livro Pró-
Letramento (2008):

[...] é pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever,


bem como o resultado da ação de usar essas habilidades em práticas
21

sociais, é o estado ou condição que adquire um grupo social ou um


indivíduo como consequência de ter-se apropriado da língua escrita e de
ter-se inserido num mundo organizado diferentemente: a cultura escrita.
Como são muito variados os usos sociais da escrita e as competências a
eles associadas (de ler um bilhete simples a escrever um romance), é
frequente levar em consideração níveis de letramento (dos mais
elementares aos mais complexos) (p.11).

Outro ponto que podemos observar é nas palavras da professora do


curso de pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal
Fluminense, Andrea Serpa, escrevendo um artigo intitulado “Alfabetização: um
desafio” para a Revista Presença Pedagógica (v.2, p. 41):

[...] Podemos compreender a alfabetização como um processo de aquisição


permanente e de reflexão contínua sobre a escrita em todos os seus
aspectos sintáxicos, semânticos, culturais, sociais, etc. Esse processo se
inicia com a entrada da criança em uma rede comunicativa que a educa
para pensar e a partir de certa estrutura lingüística em que compartilham
sentidos e conceitos.

Com isso, essa professora deixa-nos claro que a alfabetização se inicia


quando nascemos e ao longo de toda nossa vida é construída. Por esta razão, não
pode ser mecanizada, precisa ter o suporte que tem o letramento, o de aprimorar
nossas práticas sociais. Em princípios dos nos 1980 essas pesquisas foram
largamente difundidas, podemos, através delas, observar que:

[...] Os resultados dessas investigações também permitiram compreender


que a alfabetização não é baseada em perceber e memorizar, e, para
aprender a ler e a escrever, o aluno precisa construir um conhecimento de
natureza conceitual: ele precisa compreender não só o que a escrita
representa, mas também de que forma ela representa graficamente a
linguagem (PCNs, 1997, p. 21).

É assim que com a divulgação desses resultados desencadeou em uma


pequena parcela de alfabetização uma revisão, um novo olhar sobre o real papel da
alfabetização. “A primeira prática questionada foi a dos exercícios de prontidão”
(PCNs, 1997, p.22). É onde o letramento ganha um suporte, pois entendemos que
letramento precisa estar presente em todas as faixas etárias, em especial na
Educação Infantil. É nesse momento que a autora Soares (2009) nos chama a
atenção para o termo. Termo originalmente em países desenvolvidos como a
Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, etc. Esses países já haviam percebido o
problema do analfabetismo, entendendo a real necessidade das práticas sociais e o
22

uso da escrita. O que no Brasil só veio mais tarde. Soares (2009) diz que o
letramento:

[...] é palavra recém-chegada ao vocabulário da Educação e das ciências


Linguísticas: é na segunda metade dos anos 80. Há cerca de apenas dez
anos, portanto, que ela surge no discurso dos especialistas dessas áreas.
Uma das primeiras ocorrências está em livro de Mary Kato de 1986 (No
mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística, Editora Ática)...
distingue alfabetização de letramento: talvez seja esse o momento em que
letramento ganha estatuto de termo técnico (p. 15)...

Soares (2009) explica que se a pessoa é analfabeta, é porque não sabe


ler e escrever. E que alfabetizado é aquele que sabe ler. Já a pessoa letrada é
aquela que “é vernada em letras e que etimologicamente a palavra literacy vem do
latim liltera (letra) que denota qualidade” (p. 17). Diante dessa visão pode-se afirmar
que o letramento é a capacidade da pessoa dominar, usar e entender o sistema
alfabético e acima de tudo conseguir possuir as práticas sociais que englobam um
todo: “seu estado ou condição em aspectos sociais, psíquicos, culturais, políticos,
cognitivos, lingüísticos e até mesmo econômicos” Soares (2004, p. 18).
Para entendermos como isso se dá precisamos entender que o
desenvolvimento dessas capacidades acima citados é também a de ler e escrever,
falar e ouvir, nas mais diferentes situações não vai acontecer apenas
espontaneamente. Mas serão ensinadas no decorrer da vida, e isso se dá
principalmente na Educação Infantil. E para entendermos como isso ocorre
precisamos considerar três fatores essenciais ao se falar de
alfabetização/letramento são eles: o aluno, a língua e o próprio ensino.
O aluno por ser considerado o sujeito da ação de aprender é a base, é
aquele que age sobre o saber, sobre tudo que passa a conhecer. Já o segundo
elemento, no nosso estudo é a língua, língua essa que é falada tanto dentro da
escola, quando fora. Também é a língua escrita, em que os textos circulam
socialmente. E o terceiro elemento é o ensino, entendido como nossas práticas
educacionais que organiza a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento,
nesse caso a alfabetização e o letramento.
Esse conhecimento é repassado aos alunos, neste caso em especial, aos
da Educação Infantil, em que suas idades são inferiores aos seis anos e com esse
intuito dividimos nossa pesquisa em dois conceitos: a alfabetização e o letramento,
23

elementos primordiais para o desenvolvimento de nosso trabalho conforme será


apresentado a seguir.

CAPÍTULO II

ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E A APRENDIZAGEM DA LEITURA E


ESCRITA

Neste capítulo, será apresentada uma análise sobre os conceitos de


alfabetização e letramento destacando como se dá o processo de aquisição da
leitura e da escrita durante o período de alfabetização..

2.1 Alfabetização e letramento

Quando traçam um conceito sobre alfabetização afirmando que


“alfabetização é tornar o indivíduo capaz de ler e escrever” Soares (1985, p. 31),
mas que isso é apenas o ponto de partida e que outras questões estão arraigadas a
esse fato, como é a questão de quem era considerado alfabetizado pelo censo, até
meados de 1940 eram aquelas pessoas que sabiam escrever seu nome. A
pesquisadora Soares (1985) nos fala sobre isso e que ao decorrer dos anos foi
mudando. Que mais tarde era considerado alfabetizado quem conseguisse ler e
escrever um bilhete simples. Daí essas colocações nos levam a entender que o
letramento já estava, mesmo que desconhecido, fazendo parte da alfabetização,
pois como afirma Soares (2009, p. 55):

Um bom exemplo da variação do conceito de alfabetização ao longo do


tempo e da dependência entre o fenômeno do letramento e as condições
culturais e sociais é a comparação entre os critérios que foram no passado
utilizados e os que hoje são utilizados para definir quem é analfabeto ou
quem é alfabetizado nos recenseamentos da população brasileira.

Isso nos remete a uma reflexão, surge então à preocupação quanto aos
usos sociais da escrita, aproximando assim alfabetização e letramento. E
continuando com as colocações de Soares (2009, p. 47): “[...] letramento é o estado
ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as
práticas sociais que usam a escrita.” Ela dá o exemplo de uma pessoa que pode ser
24

“analfabeta” e “letrada”, aquela que não sabe ler nem escrever, mas que usa a
escrita por meio de outra pessoa que escreve o que é ditado por ela, em uma carta.
Essa pessoa “não sabe escrever, mas conhece as funções da escrita, e usa-as
lançando mão de um instrumento, que é a pessoa alfabetizada” (SOARES, 2009, p.
47).
Também a mesma autora cita o exemplo de uma criança que ao folhear
um livro, ouvir histórias pelos adultos, essa criança “cultiva e exerce práticas de
leitura e de escrita” (SOARES, 2009, p. 47). Tanto esse adulto, quanto a essa
criança dão conhecimentos diferenciados dos níveis de letramento. Continua ainda
fazendo um paralelo entre alfabetização e letramento e em suas colocações, Soares
(2009) aponta que

Uma pessoa pode ser alfabetizada e não ser letrada: sabe ler e escrever,
mas não cultiva nem exerce práticas de leitura e de escrita, não lê livros,
jornais, revistas, ou não é capaz de interpretar um texto lido: tem
dificuldades para escrever uma carta, até um telegrama – é alfabetizada,
mas não é letrada. (p. 47)

Podemos através dessas observações constatar que a alfabetização é o


domínio da língua escrita e falada, é o ato de saber ler e escrever nas mais distintas
situações. E que letramento é o uso dessa língua como instrumento de inserção na
vida onde as práticas sociais vão muito além da decodificação da escrita.
Conseguindo obter patamares bem mais elevados. Em que o alfabetizado é letrado
e vice-versa. Pois consegue identificar, diferenciar, selecionar, entender e se projetar
no mundo onde vive. Entendendo o que afirma Ferreiro (1991):

A escrita não é um produto escolar, mas sim um objeto cultural, resultando


do esforço coletivo da humanidade. Como objeto cultural, a escrita cumpre
diversas funções sociais e tem meios concretos de existência
(especialmente nas concentrações urbanas). O escrito aparece, para a
criança, como objeto com propriedades específicas e como suporte de
ações e intercâmbios sociais. Existem inúmeras amostras de inscrições nos
mais variados contextos (letreiros, embalagens, tevê, roupas, periódicos,
etc.). Isto é, produzem e interpretam a escrita nos mais variados contextos,
(p. 43).

A partir desses estudos chegamos a um grande desafio para os primeiros


anos escolares, conciliar esses dois processos: alfabetização e letramento.
Assegurando aos educandos tanto a apropriação do sistema alfabético – ortográfico
25

quanto às possibilidades do uso das práticas sociais em sua grande dimensão,


conforme as palavras de Soares (2004):

Alfabetização e letramento são conceitos frequentemente confundidos ou


sobrepostos, é importante distingui-los, ao mesmo tempo em que é
importante aproximá-los: a distinção é necessária porque a introdução, no
campo da educação, do conceito de letramento tem ameaçado
perigosamente a especificidade do processo da alfabetização; por outro
lado, a aproximação é necessária porque não só o processo de
alfabetização, embora distinto e específico, altera-se no quadro do conceito
de letramento, como também este é dependente daquele. (p.90).

As relações entre alfabetização e letramento são caracterizadas pelo


envolvimento das práticas de leitura e escrita em situações de intercâmbio social. O
indivíduo alfabetizado é aquele que se apropriou da capacidade de ler, escrever e
compreender textos ao passo que o indivíduo letrado, além de possuir tais
capacidades, consegue utilizá-las em situações reais do seu dia-a-dia.
Outra questão que constantemente é alvo de muitas interpretações
equivocadas é a respeito do construtivismo, por si tratar de novo, muitas pessoas
não acreditam na sua eficácia, ainda mais na Educação Infantil, por se tratar de um
ensino meramente transmissivo que conduz o aluno a apenas memorizar e
reproduzir conceitos e regras. O fato é que, em nome dessa crítica, têm recusado a
apresentação de informações relevantes ao avanço dos alunos, como se todos os
conhecimentos da língua escrita pudessem ser construídos pelos próprios alunos,
sem a contribuição de um adulto mais experiente. Também se mostra como um
problema do construtivismo, a defesa unilateral de interesses e hipóteses das
crianças, o que acaba diminuindo a ação pedagógica ao nível dos conhecimentos
prévios dos alunos. “Essa limitação gera fracassos, porque compromete a
capacidade prévia dos alunos” (PRÓ-LETRAMENTO 2008, p.12).
Construtivismo não é método, e sim, uma idéia, uma teoria, que acredita
que o conhecimento não é dado, mas construído, através da interação do indivíduo
com o meio, ou seja, acredita que a criança aprende pensando e não apenas
recebendo as informações e aceitando-as. O importante é acreditar os alunos têm
capacidade de crescer, de construir e de levantar hipóteses sobre a escrita e o
professor é o elemento mediador da interação entre o aluno e o conhecimento
socialmente construído. No entender de Becker, Construtivismo significa:
26

A idéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que,


especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como
algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio
físico e social. Construtivismo é, portanto, uma idéia; melhor, uma teoria,
que nos permite interpretar o mundo em que vivemos. (1992, p.88)

Na proposta Construtivista, o professor deve sempre partir das


concepções prévias já construídas pelos alunos, ou seja, ele deve sempre conversar
sobre o conteúdo desejado primeiro, para saber o que cada aluno já sabe sobre
aquele assunto. Só assim, ele vai ter base para estabelecer as relações necessárias
para a aprendizagem.
Também o que poderá gerar discussões é o uso unicamente dos métodos
analíticos, que orientam a apropriação do código escrito pelo caminho do todo para
as partes de palavras, sentenças ou textos, para a composição das sílabas em
grafemas ou fonemas.

O método analítico tem por objetivo, fazer com que as crianças


compreendam o sentido de um texto, não ensina a leitura através da
silabação, incentiva os alunos a produção de textos prestando atenção ao
uso da pontuação, estimula a leitura e deixa o aluno à vontade para expor
suas idéias. Do ponto de vista lingüístico, neste método o ensino deve
começar por um nível menos complexo, para aos poucos ir dando
continuidade para um nível mais avançado, pois a língua falada é bem
diferente da língua escrita, e a criança no inicio de sua aprendizagem se
baseia na língua falada para desenvolver a língua escrita e isso só
confunde a cabeça da criança por elas serem bem diferentes, (RIBEIRO,
2013, p. 03).

Apesar de procurarem situar a relação entre esses dois paralelos, em


unidade de sentido, esses métodos tendem a se valer de frases e textos
artificialmente curtos e repetitivos, para apenas favorecer a memorização, que é
considerada por muitos como fundamental.
O educador precisa entender que talvez as opções por métodos e
práticas, algumas originárias de forma inadequadas fundamentadas no conceito da
alfabetização e do letramento, podem produzir distorções tanto umas quanto as
outras, ainda existe o fato de algumas propostas pedagógicas ou livros didáticos que
valorizam de forma parcial importantes conquistas como o prazer pelo ato de
escrever e a inserção nas práticas sociais de leitura e da escrita, contudo não
garantam o acesso da criança ao sistema alfabético e às convenções da escrita,
relegando ao segundo plano a exploração sistemática do código e das relações
27

entre grafemas e fonemas. Desassociando o processo de letramento do processo de


alfabetização, como se um dispensasse ou pudesse substituir o outro.
Verificamos que a ação pedagógica mais adequada e produtiva é aquela
que contempla, de maneira articulada e simultânea, tanto o letramento quanto a
alfabetização. E acima de tudo, considerar que os ‘alfabetizandos’ vivem em uma
sociedade letrada em todas as áreas, e que a língua escrita está presente de
maneira visível e marcante em todas as atividades do dia-a-dia, e que
provavelmente eles terão contatos com textos escritos, em que poderão elaborar
suas próprias hipóteses sobre como usarão esses conhecimentos de leitura e
escrita. Tirar essa vivência no aluno é reduzir o objeto de aprendizagem que é a
escrita, sem contar que deixar de explorar a relação extra-escolar dos alunos com a
escrita significa perder oportunidades de conhecer e desenvolver experiências
culturais ricas e importantes tanto para o exercício da cidadania quanto para a
interação social.
O professor precisa escolher métodos que contribuam fielmente com as
verdadeiras necessidades do educando e fazer o que nos orienta o Pró-Letramento
(2008):

Trabalhar conhecimentos, capacidades e atitudes envolvidas na


compreensão dos usos e funções sociais da escrita implica, em primeiro
lugar, trazer para a sala de aula e disponibilizar, para observação e
manuseio pelos alunos, muitos textos, pertencentes a gêneros
diversificados, presentes em diferentes suportes. Mas implica também, ao
lado disso, orientar a exploração desses materiais, valorizando os
conhecimentos prévios do aluno, possibilitando a ele deduções e
descobertas, explicitando informações desconhecidas. (p. 20).

É preciso observar que no cotidiano dos cidadãos, as práticas de leitura e


escrita estão presentes em todos os espaços, a todo o momento, cumprindo
diferentes funções: as que funcionam como documento, outras que servem como
forma de divulgação de informações e, ainda outras, que permitem o registro de
compromissos assumidos entre pessoas. As que viabilizam a comunicação à
distância regulam a convivência social, possibilitam a preservação e a socialização
entre pessoas ou conceitos. Assim, as práticas pessoais e interpessoais de leitura e
escrita nos possibilitam organizar o cotidiano, nos entender, registrar e remover
vivências, bem como realizar as trocas, a comunicação, a convivência e tudo enfim.
28

Caso entendamos essa importância tanto na vida do adulto quanto na


vida da criança entenderemos a relação desses objetos de conhecimento em
relação aos processos de ensino e de aprendizagem.
Nesse entender alfabetização e o letramento reconheceremos que
embora possam ser distintos há uma dependência um do outro e existe o que
chamamos de indissociáveis. E se ambos possuem essa dependência eles só terão
sentido quando são desenvolvidos no contexto das práticas sociais de leitura e da
escrita e por meio dessas práticas, em um contexto de letramento que por sua vez
pode desenvolver-se na dependência por meio da aprendizagem do sistema de
escrita alfabetização.
Se acreditamos que a escola é uma das mais importantes letradoras,
vejamos os estudos de Paulo Freire, que antes mesmo de conhecer o termo
letramento, já nos falava da alfabetização como aquisição revolucionária, para o
verdadeiro conhecimento. Freire (1996) afirma que “[...] ser alfabetizado deveria
significar ser capaz de dominar a leitura e a escrita como meio de tornar-se
consciente da realidade e transformá-la”. (p.87).
Observando o pensamento de Freire (1996), notamos que a alfabetização
já tinha um sentido de letramento muito além de codificar ou decodificar a língua
escrita, seria uma leitura crítica do mundo, sabendo e dominando o que se escreve e
o que se lê. Sendo assim uma forma de mudança, tirando a alfabetização de uma
esfera mecanizada.
O conceito de alfabetização e letramento descortina novos horizontes
para compreensão dos contextos sociais e sua relação com as práticas escolares,
permitindo o aprendizado da leitura e da escrita, a importância e o valor dos usos da
linguagem que são determinados historicamente de acordo com as necessidades
sociais de cada momento.
E como conclui Soares (2009): “[...] há diferentes tipos e níveis de
letramento, dependendo das necessidades, das demandas do indivíduo e de seu
meio, do contexto social e cultural,” (p.49.)
Resumidamente chegamos à conclusão que a principal função do
letramento – inserção numa cultura letrada- é de suma importância, e como a
Educação Infantil é o foco da nossa pesquisa, não poderá ficar de fora, pelo
contrário é necessário desde cedo ter-se noção exata do que é o letramento para
29

mais tarde ser notado nas crianças, e futuramente nos adultos. E que esse
fenômeno está intrínseco nas palavras de Soares (2009):

[...] significa que já compreendemos que nosso problema não é apenas


ensinar a ler e a escrever mas é também, e sobretudo, levar os indivíduos –
crianças e adultos – a fazer uso da leitura e escrita, envolver-se em práticas
sociais de leitura e escrita. No entanto, infere-se, de tudo que foi dito, que
o nível de letramento de grupos sociais relaciona-se fundamentalmente,
com as condições sociais, culturais e econômicas. É preciso que haja, pois,
condições para o letramento. (p.58).

Para alfabetizar letrando é preciso conduzir a criança compreender a


leitura e a escrita, incorporando a uma significação relevante e necessária à vida,
não restringindo apenas a uma habilidade motora e a tônica de registrar sons em
letras, e sim ter uma compreensão e um significado mais complexo para as crianças.

2.2 Alfabetização e o aprendizado inicial da leitura e escrita

A criança antes de entrar para a escola já faz uma leitura de algo que lhe
chama a atenção como: cores, movimentos, barulhos, gestos que são diferentes da
leitura sistematizadas ensinadas na escola e que às vezes pode ser um processo
mais demorado. “O processo da leitura e da escrita inicia na escola por serem um
ensino sistematizado, ou seja, aprende-se a ler lendo e a escrever escrevendo
graças à seqüência do método utilizado,” (FERRERO, 1999, p. 119).
A alfabetização faz parte da formação da personalidade da criança. Não
basta simplesmente que ela aprenda a ler e a escrever, é necessário que ela
encontre na leitura uma motivação permanente.
Na fase inicial dos estudos, é preciso ter muita compreensão e tolerância
com as crianças, o professor tem que conduzi-las a acostumar com as novas
adaptações, com a instituição, e assim elas vão se soltando por intermédio das
histórias infantis que contamos para eles, das brincadeiras e assim a fase de
inibição passa e a criança passa a dar início ao processo de aprendizagem, começa
fazer traços de união de pontinhos, cobrir letras e depois no processo mais
avançado já começa a escrever. Letras para elas são descobertas de palavras
novas, e à medida que surgem outras, as crianças ficam surpresas e alegres por
conseguirem ler e passam a adquirir confiança em sua capacidade e se sentem
30

importantes e realizadas por entender que estão construindo em seu mundo suas
primeiras experiências.
A aquisição da leitura e da escrita faz mais no contexto das crianças do
que das cartilhas, os textos das cartilhas às vezes são limitados. Entendemos que o
ato de aprender ler e escrever não acontece somente por intermédio de métodos
utilizados na escola, esse aprendizado também pode partir por parte dos pais que
por intermédio da motivação acabam contribuindo para uma boa aprendizagem.
A leitura nos permite usufruir a expressão de emoções e sentimentos,
colocando-nos em contato com as grandes idéias ou pensamentos em geral, a
leitura é o alicerce da aprendizagem escolar. No entender de Cardoso:

A leitura é antes de tudo um objeto de ensino. Para que também se


transforme num objeto de aprendizagem é necessário que tenha sentido do
ponto de vista do aluno. O que significa entre outras coisas que deve
cumprir uma função para a realização de uma proposta que ele conhece e
valoriza. Para que a leitura como objeto de ensino não se afaste
demasiadamente da prática social que se quer comunicar, é imprescindível
representar ou “reapresentar” na instituição diversos usos que ela tem na
vida social. (1993, p. 30)

No entender de Cardoso, o leitor deve ser capaz de compreender as


ideias, as mensagens contidas no texto. Saber ler implica na capacidade de
demonstrar a leitura feita, onde irá interpretar os textos que leu de acordo com os
seus conhecimentos sua experiência, sua cultura.
Ao utilizar a escrita, a criança pode comunicar suas idéias a alguém ou
simplesmente grafar letras e palavras, organizando-as e relacionando-as sob a
forma de mensagens para se comunicar. Um bom escritor tem que ter clareza,
lógica, brevidade e perfeição de linguagem.
Ferrero, (1990) revolucionou a forma de se conceber e trabalhar na
alfabetização, indicando a necessidade de conhecer o processo de aquisição da
leitura e da escrita separadamente. Ela aponta uma reflexão sobre as salas de aula
de agora confrontadas a necessidades de preparação dos alunos para a vida
contemporânea e futura.

O estudante deve adquirir instrumentos para ler, escrever e interpretar de


acordo com o contexto sócio-cultural que lhe é habitual. Não há um prazo
para que o processo se complete porque ele é construído continuamente:
cada área do conhecimento requisita, portanto, seu próprio letramento. A
maior dificuldade estaria em lidar com crianças que tiveram pouco contato
com a escrita e a leitura antes de entrarem na escola, mas ainda assim isso
31

não há empecilho nem motivo para descriminação, afinal mesmo adultos


quando aprendem algo completamente novo tem dificuldades de
assimilação. Não basta que o professor compreenda o que o aluno
escreveu, é preciso levá-lo a refletir e comparar sua produção com os
colegas, para assim inseri-lo num mundo em que ele já está mergulhado
desde o berço, o mundo da escrita. “O mestre que socializa as experiências
de cada aluno com a turma alcança resultados maravilhosos. (...) do fácil ao
difícil ou o caminho se faz ao caminhar, (FERRERO, 1990, p.182).

A aprendizagem vem como um aspecto específico na vida de todo ser


humano. Como futuras professoras precisamos entender que todo indivíduo está
imbuído nesse processo, precisamos ter em mente que a responsabilidade de criar
novas possibilidades da leitura e escrita fazem parte importante do desenvolvimento
da cidadania, precisamos estar cientes do importante papel que não se limita a mera
transmissão de conhecimentos.

2.3 Como se dá a Aprendizagem da Leitura e da Escrita?

A leitura e a escrita se dá através de uma concepção de leitura restrita à


decifração de sinais escritos, e uma concepção de escrita como transcrição, cópia e
não como memorização, repetição. É um processo individualista e solitário.
No primeiro momento existe é leitura e escrita quase mecânica, onde
escrever é juntar pedacinhos de sílabas, escrever é montar letras, é algo relacionado
como desenvolvimento motor. A escrita é uma cópia, copiar é sempre se produzir
um modelo de outra pessoa ou da própria cartilha.
A leitura e a escrita independem do contexto e de motivo para gerar
necessidades e significação; são coisas estanques não necessariamente integrados,
pois o que se lê quase nunca é o que se escreve, e o que se escreve raramente é o
que se lê, melhor escreve-se, o aluno lê, pois ele está preparado para a
alfabetização, é quando ele já assimila alguma coisa, como por exemplo, alto, baixo,
grande, pequeno, direito, esquerda, e tenha uma boa coordenação motora para
ligar, unir pontinhos, cobrir, copiar e completar.
Aprender a ler e a escrever depende, portanto, de contato com a língua,
em suas diferentes formas de uso pessoais e sociais. Segundo a pesquisa de Freire:

A criança tem que presenciar atos de leitura e de escrita, desde quando ela
nasce ela aprende a conversar, a entender, ela sempre está vendo em casa
e na rua, ler e escrever. A criança vê o pai e a mãe lendo e escrevendo,
32

então ela sabe que vai chegar certa idade que ela vai passar pelo mesmo
processo de ir para escola, de aprender. (FREIRE, 1993, p. 73)

Então acreditamos que a cabecinha da criança já é trabalhada a partir do


momento em que começa a entender por intermédio da interação com o irmão, com
o primo ou com o vizinho. Então ela já vai sendo trabalhada até chegar à idade em
que vai estudar e aprender.
Vimos aqui à importância do contato com o objeto da leitura e da escrita
que poderá despertar na criança o interesse por ler e escrever. A leitura pode
representar para o aluno várias possibilidades de ver o mundo com maior
encantamento.
O trabalho com leitura tem como finalidade a formação de leitores
competentes, e conseqüentemente, a formação de escritores, pois a possibilidade
de produzir textos eficazes tem sua origem na prática de leitura.
33
33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após, transpormos mais uma etapa entendemos que primeiramente a


alfabetização deve se desenvolver em um contexto de letramento como início da
aprendizagem da leitura e da escrita, como desenvolvimento de habilidades de uso
da leitura e da escrita nas mais variadas práticas sociais que envolvam a língua
escrita e de atitudes de caráter prático em relação a esse aprendizado.
Se analisarmos a alfabetização em sentido restrito, entenderemos que ela
nada mais é do que o ensino das técnicas de leitura e escrita. Apenas a ação de dar
instrução primária de conhecimentos curriculares. Durante o processo de
alfabetização é importante desenvolver no educando toda sua potencialidade e
envolvê-lo em todas as áreas de sua vida.
Já no processo de desenvolvimento da leitura e escrita com os alunos da
educação infantil é importante entender o ritmo de aprendizagem de cada criança e
seu desenvolvimento, pois esse processo é parte integrante do trabalho do
professor.
Essa pesquisa possibilitou observar teoricamente o quanto é interessante
valorizar as principais ferramentas no que diz respeito ao processo de alfabetização
e ao ensino da leitura e escrita, na Educação Infantil. Alicerçada em um ensino onde
se faz uso tanto da alfabetização quanto do letramento como instrumentos
essenciais. Ora estudando-os e conceituando-os como conjunto indissolúvel, ora
como seguimento individual. O fato é dado à sua real importância e utilização
precisamos entendê-los e conceituá-los.
Acreditando que a Educação Infantil deva atender as crianças em todas
as dimensões de sua personalidade, sejam elas emocionais, afetivas, sociais, físicas
ou intelectuais. Desse modo, quando propusemos desenvolver essa pesquisa,
procuramos trazer a criança, enquanto sujeito, para o espaço da sala de aula.
Considerando as especificidades da faixa etária. Contribuindo com o professor na
tarefa de alfabetizar crianças pequenas, reconhecendo o processo de construção da
leitura e escrita, onde esse professor tenha o domínio de vários saberes.
Acreditamos ainda que toda e qualquer pesquisa por mais rica e completa
que seja sempre estará em aberta para conter novas informações e que todo e
qualquer trabalho apresentado por mais detalhista e/ou minucioso que seja sempre
terá algo novo a ser reestruturado. A partir dessa constatação é que acreditamos
34

que esta pesquisa, após ser analisada poderá ser de grande valia para a prática
pedagógica uma vez que ela carrega em si uma bagagem possível de ser colocada
em prática. Esperamos que essa pesquisa sirva como uma ferramenta de reflexão
para uma quebra de paradigmas, para que o processo ensino-aprendizagem seja
um processo prazeroso e que possa contribuir para futuros estudos e abrir novos
horizontes para outras pesquisas.
35
35

REFERÊNCIAS

ARELARO, Lisete Regina Gomes. Não só de palavras se escreve a educação


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