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HERMENÊUTICA II
UM ESTUDO SOBRE FILIPENSES
Niterói
2019
Adriel Amaral Macedo
HERMENÊUTICA
UM ESTUDO SOBRE FILIPENSES
Niterói
2019
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LISTA DE ABREVIATURAS
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Sumário
LISTA DE ABREVIATURAS..............................................................................................................2
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................4
CONTEXTO HISTÓRICO.................................................................................................................. 5
CONTEXTO LITERÁRIO...................................................................................................................6
ESTUDO DO TEXTO..........................................................................................................................9
CONTEXTUALIZANDO............................................................................................................... 9
ANÁLISE DA PERÍCOPE............................................................................................................12
ANÁLISE TEXTUAL............................................................................................................. 12
ANÁLISE EXEGÉTICA......................................................................................................... 13
APLICAÇÃO..................................................................................................................................... 17
CONCLUSÃO....................................................................................................................................20
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................21
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INTRODUÇÃO
As cartas de Paulo são, sem dúvida alguma, uma das partes mais importantes
da Bíblia para a teologia atual; A carta de Filipenses, embora pequena é rica em lições
para vida. É provável que muitos já tenham lido esse trecho paulino e na correria do dia a
dia nunca tenham se debruçado sobre ele a fim de perceber o que de fato este nos diz.
Ao longo das próximas páginas, será apresentado um rápido panorama
histórico e literário dessa carta, isso possibilitará ao leitor compreender a seção de
“Estudo do texto”, onde será comentado de maneira mais pormenorizada uma perícope
em especial, a saber, o texto de Filipenses 1.27-30.
Eventualmente se fará necessária a observação do original grego a fim de
dirimir dúvidas que surgem com a observação de suas versões em português. Os
significados aqui atribuídos foram coletados de uma versão online da Strong's
Concordance, o link para acesso pode ser encontrado na seção de Bibliografia. Ainda,
sempre que possível, será apresentada uma adaptação fonética das palavras do idioma
original; não entenda o leitor essa adaptação como uma transliteração, antes é um
esforço para trazer a sonoridade das palavras gregas aos ouvidos brasileiros.
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CONTEXTO HISTÓRICO
O tema principal da carta aos filipenses é a alegria (BOOR, 2006), mas não
uma alegria humana, como a que Paulo poderia experimentar pelas ofertas recebidas, ou
pelos seus companheiros Timóteo e Epafrodito ( YOUNGBLOOD: 2004, p.577) mas sim a
Alegria no Senhor, Boor, em seu discurso sobre Filipenses, ao observar a alegria como
tema principal da carta nos afirma que:
Pode-se argumentar que o que motivou que levou Paulo à escrita da carta fora
uma “oferta de amor relativamente generosa enviada pelos filipenses ao apóstolo na
cadeia por meio de Epafrodito” (BOOR: 2006, p.6), mas nem só de alegria a carta é
construída, havia sim outras questões por detrás das motivações Paulinas; Martin nos
afirma que “havia diversas influências sendo exercidas contra a congregação filipense, a
qual […] estava cercada por falsos ensinos” (1989, p. 46), a compreensão dessas
ameaças é fundamental para o correto entendimento da mensagem paulina; como se
verá a seguir.
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pertencentes a outros escritos. Boor, em seu comentário à carta de Filipenses, nos
tranquiliza ao explanar sobre a história dos principais adversores a carta, em sua obra
podemos ler que:
Esse foi o caso sobretudo da chamada escola de Tübingen, conhecida por seu
radicalismo histórico-crítico, que também nesse caso escolheu a via negativa.
Contudo, depois do falecimento de seu último expoente, Carl Holsten (em 1897),
ninguém que mereça ser levado a sério questiona a autenticidade da carta.
( BOOR:2006, p. 6)
CONTEXTO LITERÁRIO
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títulos escolhidos sejam “teologicamente próximos”, em sua essência guardam grandes
diferenças. Abaixo oferecemos um quadro comprativo dos dois esboços.
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Ainda em suas divisões, na terceira parte, o título proposto por Youngblood é
mais condizente com o texto, pois Paulo, ali exorta seus leitores sobre os perigos da
justiça própria, dos inimigos de Cristo e os convida a um conhecimento maior sobre Jesus
(2004, p.577) e embora tudo isso traga ao fiel uma “Alegria em Crer”, pensamos que
resumir todo o ensino ali contido com essa expressão seria de um agir minimalista.
Por fim, somos da opinião que a quarta divisão proposta por Calvin, isto é,
“Alegria em dar”, não condiz com a parte final da carta aos filipenses, tendo mais uma vez
Youngblood sido mais feliz ao intitular essa divisão como “Exortação à Paz de Cristo”.
No geral, embora Calvin tenha sido feliz em suas duas primeiras divisões e na
localização mais precisa do final de terceira (e inicio da quarta) divisão, Youngblood nos
apresenta um trabalho mais conciso e mais detalhado, de forma que adoaremos suas
sugestões, como podemos ver na imagem abaixo, como melhor esboço didático sobre
Filipenses.
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ESTUDO DO TEXTO
A carta de Paulo aos filipenses é sem dúvida uma pérola das escrituras, em
cada perícope encontramos valiosas lições e cada versículo possui em si uma série de
aplicações; não poderia ser diferente a palavra de Deus. No entanto, para fins práticos,
nos deteremos em uma perícope singular dessa carta. Considerando a divisão de
versículos habitual, nosso estudo se concentrará no texto do 1º capítulo de Filipenses, do
verso 27 ao 30, o qual reproduzimos abaixo, segundo a tradução da Bíblia Almeida
Corrigida e Fiel.
Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer
vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito,
combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.
E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para eles, na verdade, é indício de
perdição, mas para vós de salvação, e isto de Deus. Porque a vós vos foi concedido, em
relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele,Tendo o mesmo
combate que já em mim tendes visto e agora ouvis estar em mim.
(Filipenses 1.27-30 ACF)
CONTEXTUALIZANDO
Paulo e Timóteo, ao serviço de Jesus Cristo, saúdam todos os santos, cujas vidas estão
unidas a Cristo Jesus, na cidade de Filipos. Saúdam também os pastores na igreja e os
diáconos. Que Deus nosso Pai e o Senhor Jesus Cristo vos dê graça e paz.
Sempre que penso em vocês, louvo e expresso a Deus o meu reconhecimento pelas
boas recordações que vocês me deixaram. E quando faço oração, é com alegria que
sempre vos menciono, por causa da vossa participação ativa na difusão do evangelho,
desde o primeiro dia até agora. E tenho a certeza de que Deus, que começou essa boa
obra na vossa vida, vai completá-la até ao momento em que Jesus Cristo voltar.
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• Esse é o início de sua carta, Paulo aqui se apresenta de forma cordial e
elogia os filipenses por sua ação na evangelização
E é justo que sinta isto a vosso respeito, porque vocês têm um lugar muito especial em
meu coração; participamos juntos das bênçãos de Deus, tanto quando estava na prisão
como em liberdade, defendendo a verdade e proclamando o evangelho.
Deus sabe como sinto saudades de vocês todos, no verdadeiro amor de Cristo Jesus.
E peço a Deus que o vosso amor cristão aumente mais e mais e que, ao mesmo tempo,
se enriqueça de conhecimento e de compreensão. Pois que assim saberão dar o
verdadeiro valor às coisas essenciais e a vossa conduta será marcada pela sinceridade,
de forma a que nunca haja nenhuma razão de censura, até ao dia em que Jesus há de
voltar.
• Aqui, o apóstolo afirma que o povo de Filipos sempre foi seu parceiro
nas obras do evangelho, tanto no momento de liberdade de Paulo, como
nos momentos de prisão; Paulo ainda reitera as saudades que sente
deles, e declara que pede a Deus que os filipenses sempre cresçam em
amor e conhecimento
E a vossa atividade dará frutos de justiça, os quais são produzidos por Jesus Cristo, do
que resultará honra e louvores a Deus. Gostava que ficassem a saber bem, meus irmãos,
que tudo o que me tem acontecido serviu para uma maior divulgação do evangelho,
de tal maneira que todos os guardas da prisão, e muitos outros mais, sabem a razão
verdadeira por que estou preso E até muitos cristãos, por causa disso, têm sido
encorajados no seu testemunho, e falam com mais ousadia aos outros sobre a palavra de
Deus.
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que fui posto aqui para defender o evangelho. Os outros, contudo, falam de Cristo mas
num espírito de disputa e sem sinceridade, pensando até com isso aumentar as aflições
no meu cárcere. Mas isso que importa? Desde que Cristo se torne conhecido, seja de que
maneira for, com segundos intentos ou com honestidade, fico e sempre hei de ficar
satisfeito. Porque sei que disto virá a resultar na minha libertação, com a ajuda das
vossas orações e com o socorro do Espírito de Jesus Cristo.
• Paulo reconhece que no meio dos pregadores, nem todos têm boas
intenções, alguns pregam apenas para aparecer, outros para competir,
ou até para prejudicar mais ainda a Paulo, no entanto, o importante é
que o evangelho tem sido espalhado; e o espalhar das mensagens,
junto com as orações dos filipenses, resultaria, cedo ou tarde na
liberdade de Paulo.
É que eu vivo numa intensa expectativa e esperança; e sei que em nada ficarei
decepcionado, antes pelo contrário, de acordo com a confiança que sinto, Cristo será
honrado pela minha pessoa, agora como sempre, seja que eu continue em vida, ou que
venha a ser executado. Porque Cristo é a única razão da minha existência, e a morte
representa para mim um ganho!
E se o viver me der oportunidades de obter frutos do meu trabalho, então nem sei o que é
melhor. As duas coisas me atraem: por um lado desejo partir e estar com Cristo, isto
ainda seria o melhor mas, por outro, é mais necessário que eu fique, para poder ajudar-
vos. E é isso que me leva a pensar que não morrerei já; que ainda viverei aqui na terra
algum tempo mais para vos ajudar a crescer espiritualmente e a experimentar a alegria
da vossa fé,e e para que quando eu puder ir visitar-vos, a vossa alegria em Jesus Cristo
abunde por aquilo que ele fez por mim.
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especial a oportunidade de edificar a igreja em Filipos e lhes trazer
alegria com a sua presença.
ANÁLISE DA PERÍCOPE
ANÁLISE TEXTUAL
Mas devem conduzir-se sempre conforme o evangelho de Cristo; e quer eu possa ir ver-
vos, quer não, que aquilo que se diz a vosso respeito seja que vocês continuam unidos
espiritualmente, combatendo juntos, num mesmo propósito de espalhar a fé que nos vem
pelo evangelho de Cristo.
Não tenham receio dos que resistem: isso mesmo é o sinal de que caminham para a
perdição. Mas para vocês é a indicação de que da parte de Deus vos é concedida a vida
eterna.
Porque a vocês vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como
também padecer por ele! Estamos, vocês e eu, empenhados no mesmo combate,
combate esse que vocês me viram sustentar no passado, e que, como sabem, continuo a
travar.
• Paulo encerra essa primeira parte afirmando que tanto filipenses, como
ele, estão na mesma situação; A todos cabe não só viver por Cristo, mas
também sofrer por ele.
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ANÁLISE EXEGÉTICA
Logo no primeiro verso, nos deparamos com a expressão grega Μόνον ἀξίωςξίως
το ε αγγελίου το Χριστο πολιτεύεσθε – Mónon aksíos tu euanguelíu tu Cristu
politéueste; A primeira palavra, Μόνον – Mónon é um advérbio, e pode ser traduzido
como “apenas” ou “somente” ou ainda “mas”, entretanto, ao observarmos o contexto,
entendemos que “mas” não é uma tradução que se encaixe bem; Paulo afirma que quer
viver para edificar aos filipenses, mas não sabe se de fato o fará, ele então dá um
conselho, um único conselho aos seus amigos; Apenas façam isso e tudo dará certo.
Mais a frente, destacamos a expressão ἐν ἑνὶ πνεύματιν ἑνὶ πνεύματινιU πνεύματι – en hení pnéumati, a
preposição ἐν ἑνὶ πνεύματιν – en merece uma atenção especial, pois trás em si uma ideia de algo
contido, de algo “dentro de algum lugar”; o grego possui outras maneiras pelas quais a
mesma frase poderia ser escrita; a própria preposição é aqui dispensável, uma vez que a
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palavra πνεύματι – pnéumati está no caso Locativo, dessa forma, mesmo sem a
preposição, ter-se-ia o mesmo significado, no entanto, as preposições no grego Koine nos
servem para “reforçar a ideia do caso” (TAYLOR: 1990, p.30), e por isso merecem
especial atenção;
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For unto you it is given in the behalf of christi, not only to belive on him but, also to suffer
for his sake – (BKJ 1611)
Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, mas também
sofrer por ele. – (BKJ 1611 PtBr)
Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como
também padecer por ele, – (ARC)
Pois a vocês foi dado o privilégio de, não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer
por ele, – (NVI)
Pois ele tem dado a vocês o privilégio de servir a Cristo, não somente crendo nele, mas
também sofrendo por ele.– (NTLH)
Porque a vocês vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como
também padecer por ele! – (O Livro)
Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes
nele, – (ARA)
Pois vos foi concedida, em relação a Cristo, a graça não só de crerdes nele, mas também
de por ele sofrerdes – (BJ)
τι μ ν ἐν ἑνὶ πνεύματιχαρίσθὴ τοU πεUρ Χριστο , ο μόνον τοU εἰς αὐτὸν πιστεύειν, ἀλλὰ καὶ τὸ ὑπὲρς α τοUν πιστεύειν, ἀξίωςλλαU καιU τοU πεUρ
α το πάσχειν – Hoti humin ecaríste to hupér Cristu ú mónon to eis auton pstéuein allá kai
to huper autú páskein
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O texto original trás primeiro o crer (πιστεύειν - pistéuein) e por último o sofrer
(πάσχειν – páskein), essa ordem é importante, porque devemos notar também o uso da
conjunção ἀξίωςλλαU – allá, esta é a conjunção adversativa mais forte, muito mais forte que δεU
- de, outra conjunção também adversativa (TAYLOR: 1990 p.47); dessa forma, Paulo ao
empregá-la quer marcar de forma vívida o contraste; recebemos a graça não só de crer
em Cisto, mas (entre aqui o contraste) de sofrer por ele.
O sofrimento aqui não deve ser entendido como algo físico, uma vez que
πάσχειν – páskein “refere-se a qualquer parte de nós que sente forte emoção, paixão ou
sofrimento - especialmente ‘ a capacidade de sentir o sofrimento’” (STRONG: 1987 n.p),
no entanto, o próprio contexto paulino não nos dá ideia de que o Apóstolo tentasse excluir
os sofrimentos físicos, antes leva o seu foco a toda a carga emocional, o que contrasta
claramente com o tema central da carta, a Alegria.
Mais uma vez encontramos a preposição ἐν ἑνὶ πνεύματιν – en, Paulo aqui afirma que os
filipenses sabiam da luta que ele passava; não se refere aqui apenas as prisões, mas
também a uma luta interna (Rm 7.14-15); recordemos novamente que tal preposição nos
remete a ideia de “interior”, e seguindo o contexto do significado de πάσχειν – páskein
(sofrimento emocional), é de nossa opinião que a ideia da luta interior de Paulo nesse
texto é plausível.
A vida cristã, quando vivida na íntegra nos trás lutas; o apóstolo Paulo confirma
aos seu irmãos de Filipos que ele próprio possui conflitos externos e internos; lutas
incessantes; e se os filipenses se mantivessem unidos em espírito e se portando como
dignos de Cristo, inevitavelmente teriam que passar por esses conflitos.
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APLICAÇÃO
Paulo sem dúvida foi um homem que viveu muito próximo a Cristo, mas como
homem ele tinha suas limitações, o apóstolo não sabia se sairia vivo de sua prisão, não
sabia se poderia tornar a ver seus amigos e irmãos em Filipos; será que haveriam outras
chances de edificá-los, haveria a possibilidade de escrever uma segunda carta? Nada nos
indica que o apóstolo sabia sobre o seu futuro, então ao escrever aos filipenses, mesmo
cheio de amor e alegria, Paulo os aconselha com os melhores conselhos que poderia dar,
porque talvez fossem os seus últimos.
O apóstolo resume todos os conselhos que podeira dar logo no início da carta;
“apenas se comportem como merecedores do evangelho”; como pessoas que são dignas
do sacrifício de Jesus. É sabido por nós que o sacrifício de Jesus é impagável, muitos se
lembram do salmo que afirma “Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me
tem feito?” (Sl 116.12 ACF); como podemos nos tornar merecedores de tamanha graça?
Aquele que é o alfa e o ômega, o princípio e o fim; não ha nada que possamos
fazer para sermos dignos de recebermos o evangelho, no entanto esse é o conselho de
Paulo; valorizar o sacrifício de Jesus; se esforçar para fazer valer a pena toda a dor e todo
o sangue derramado por Ele.
Essa é uma meta inatingível, nunca se poderá pagar o sacrifício de Cristo, mas
a vida do cristão consiste em buscá-la no dia a dia , cada novo dia precisa ser um negue-
se a si mesmo, nosso viver diário precisa refletir a vida de Cristo, sempre em busca de
nos tornamos “dignos”. Precisamos compreender que “ ele morreu por todos para que
aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles
morreu e ressuscitou.” (II Co 5.15 ACF)
Essa dedicação em vivermos de forma piedosa em todas as instâncias, sempre
na busca da perfeição espiritual se reflete claramente em nosso relacionamento
interpessoal; como servos de Deus precisamos viver em uma união íntima e profunda
com os nossos irmãos; não basta apenas tolerarmos nossos conservos, precisamos ter a
mesma mente.
Jesus em sua oração disse “ E não rogo somente por estes, mas também por
aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim; Para que todos sejam um, como tu, ó
Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia
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que tu me enviaste” (João 17.20-21 ACF); a nossa união como irmãos em Cristo precisa ser
algo muito profundo, da mesma forma que Jesus é um com o pai, precisamos ser um. Mais
uma vez nos deparamos com uma situação impossível, como poderíamos ter tamanha
comunhão? Novamente a caminhada torna-se mais importante do que a meta; nossa vida
deve ser um esforço diário em direção a essa perfeição de comunhão.
Muitas coisas deixam de acontecer em nossas igrejas hoje em dia, pela nossa
falta de união; brigas, desavenças e “panelinhas” são atitudes que enfraquecem o nosso
vínculo; ao agirmos assim deixamos de nos assemelhemos com Cristo e nos tornamos
indignos e inaptos para espalhar a semente do evangelho aos outros.
Cabe a cada um de nós esse esforço pela perfeição; entretanto, não é raro de
ouvirmos queixas e reclamações por termos uma vida piedosa, se o nosso viver refletir a
Cristo, aqueles que estão em trevas terão apenas duas opções, virem para a luz ou não; o
contraste da luz com as trevas é tamanho que muitos, ao se sentirem incomodados,
acabam se colocando contra o viver cristão, não devemos temer a eles e nem nos
espantar com tais atitudes.
Estamos no mundo, embora não sejamos dele, por isso não podemos nos
assustar quando vemos pessoas se levantarem contra o viver cristão; infelizmente até
dentro das igrejas é possível encontrar pessoas que militam contra uma vida de santidade.
Essas pessoas não nos devem espantar, ela não estão ligadas em Cristo e com o seu agir
testificam isso, elas marcham a passos largos para o dia da colheita, momento em que
serão cortadas, como a árvore que não dão bons frutos.
Frutifiquemos pois e brilhemos a luz de Cristo com mais intensidade, a fim de
que esses que andam perdidos em trevas possam acertar o caminho; é certo que isso
pode nos trazer provações e dores, mas isso é um presente que Deus nos dá; servir a
Cristo é um privilegio, é uma graça concedida por ele, sofrer por Cristo também.
Vivemos em um tempo que o evangelho “se tornou” uma fonte de bençãos e
felicidades; Cristo morreu na cruz para nos dar um carro novo. Mas a verdade é que o
genuíno evangelho é outro, a graça de Deus é algo maravilhoso em nossas vidas;
paradoxalmente, paulo nos diz que sofrer por Cristo é uma graça divina; de fato somos a
imagem e semelhança de Deus, e se quisermos seguir a Cristo, precisamos imitá-lo em
seus passos, não só em suas virtudes, mas em seus sofrimentos.
Quando as horas negras chegarem em nossas vidas, quando as tristezas dessa
lida sobre nós se abaterem, precisamos olhar para os céus e compreender que o sofrer é
um privilégio; se sofremos com ele, também com ele reinaremos (2Tm 2.12) 1.
1 Conquanto as traduções variem entre “sofrer”, “perseverar” e “padecer” para o texto de 2ª Tm 2.12; em
grego lemos πομένομεν – hupoménomen, que significa permanecer sob uma forte carga de forma
persistente. Sabendo que não há uma tradução perfeita para a palavra, ou seja, que exprima todo o seu
significado original, entendemos que o verso encaixa-se bem na aplicação proposta, sobretudo ao
estudarmos o contexto em que está inserido.
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A vida não é fácil, e o padrão de Jesus é altíssimo; mas sabemos que cada
lágrima aqui derramada, cada esforço nosso em direção a uma santidade perfeita não
passará em branco (Mt 5.4); não podemos pagar pelo que Cristo fez por nós, mas
podemos ofertar a ele um coração puro, ou ao menos, empregar todos os nosso esforços
nessa direção.
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CONCLUSÃO
20
BIBLIOGRAFIA
BOOR, Werner de, Cartas aos Filipenses – comentário esperança, Curitiba. Editora
Evangélica Esperança, 2ª ed. 1997
YOUNGBLOOD, Ronad. et al. Dicionário Ilustrado da Bíblia. São Paulo: Vida Nova,
2004.
STRONG, Augustus Hopkins, Strong's Concordance,1987 In: Bíblia hub. Disponível em:
https://biblehub.com/. Aceddo em: 01 de novembro de 2019
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