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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRODE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA
QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA EXPERIMENTAL

PROJETO DE QUÍMICA ANALÍTICA


QUANTITATIVA EXPERIMENTAL APLICADA

Santa Maria – RS
Julho/ 2013
DETERMINAÇÃO DE CÁLCIO EM CASCAS DE OVOS

POR

ALEXANDRE VEIGA
RAQUEL MELLO
THANISE BEQUE

Profª. Drª. MARA ELISA FORTES BRAIBANTE

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 4
2. A FORMAÇÃO DAS CASCAS DE OVOS: UM PROCESSO NATURAL
DE PRECIPITAÇÃO: ......................................................................................... 6
3. OBJETIVOS ............................................................................................ 7
4. MATERIAIS E METODOLOGIA .............................................................. 8
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 9
5.1. PROCEDIMENTO SEM CALCINAÇÃO DAS AMOSTARS ...................... 9
5.2. PROCEDIMENTO COM CALCINAÇÃO DAS AMOSTRAS ................... 16
5.3. OBSERVAÇÕES ................................................................................... 18
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 19
7. REFERÊNCIAS ..................................................................................... 20

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o teor de cálcio nos ovos de pássaros tem se tornado
objeto de interesse ambiental, pois pesticidas organoclorados, como DDT e
dieldrina, entraram na cadeia alimentar desses animais. Estes compostos têm
efeitos largamente nocivos sobre o metabolismo das aves e, uma das
consequências, é o fato de as cascas de seus ovos se tornam
progressivamente mais finas e, portanto, mais frágeis. O resultado é que
poucos ovos atingem ou completam o desenvolvimento.

No que diz respeito às galinhas, a deficiência de cálcio no organismo


dessas aves pode acarretar muitos problemas para a sua saúde, tais como a
incapacidade de expelir os ovos, devido a deformidades na casca (fina,
ausente, formato alterado) e músculos enfraquecidos, incapazes de se
contraírem de forma adequada.
Em relação aos seres humanos, 99% do cálcio presente em nosso corpo
constitui ossos e dentes. O 1% remanescente, embora num percentual de
menor expressão, é essencial para a vida e a saúde do organismo como um
todo. Sem esta pequena porcentagem, nossos músculos não conseguiriam
contrair corretamente, o sangue não coagularia e os nervos seriam incapazes
de transmitir os impulsos elétricos. O cálcio tem participação ativa nas trocas
eletroquímicas entre os neurônios, contribuindo para que o sistema nervoso
funcione com equilíbrio e eficiência.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, um adulto precisa
ingerir cerca de 800 miligramas de cálcio por dia. O consumo diário de
alimentos ricos em cálcio pode evitar doenças sérias, como o raquitismo e a
osteoporose. Essas doenças ocorrem quando há carência de cálcio no nosso
organismo, o qual tenta resolver o problema retirando o cálcio dos nossos,
ossos, que acabam enfraquecidos.
Entretanto, o excesso de cálcio no organismo tem sido apontado como
uma ameaça para o cérebro. Um trabalho da Universidade Duke, nos Estados
Unidos, mostrou que idosos que exageram na dose são mais propensos a
doenças como o Parkinson.

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Sabe-se que as recomendações atuais para ingestão de cálcio por
adultos e idosos são difíceis de serem alcançadas através da dieta, pois o
consumo de produtos lácteos não é, em geral, suficiente para atingir essas
recomendações. Além disso, o baixo poder aquisitivo constitui um fator
limitante para o consumo de leite e seus derivados. Dessa forma, uma vez que
a casca de ovo é um material barato e de fácil aquisição que apresenta alto
teor de cálcio, o qual pode ser aproveitado para fins alimentares através da
preparação de um pó, de maneira bastante simples, este subproduto é utilizado
em programas sociais como uma fonte acessível de cálcio para a alimentação
de populações de baixa renda, contribuindo de forma significativa para o aporte
adequado desse mineral. Mesmo assim, poucas pessoas sabem que ela é uma
riquíssima fonte de cálcio e que pode, inclusive, ser utilizada na preparação de
vários alimentos no nosso dia a dia, tais como: sanduíches, vitaminas, sucos,
shakes, bolos, pães, etc. É um resíduo pouco valorizado, mas que representa
um valor econômico potencial.
Aspectos ambientais também devem ser considerados na valorização
das cascas de ovo: sua reutilização diminui o problema da poluição gerada
pelo descarte desse material direto no meio ambiente, uma vez que possuem
um teor considerável de proteínas, e o seu uso como fonte alternativa de
carbonato de cálcio poderia ajudar na redução do impacto sobre as reservas
naturais de rochas calcárias, as quais são recursos naturais não renováveis
(NEVES, 1998; BORON, 2004).
As cascas de ovos podem ser empregadas ainda, em certa extensão,
como abrasivos ecológicos e, até mesmo, no controle de algumas pragas
comuns. Portanto, a determinação do teor de carbonato de cálcio em cascas
de ovos não representa tão somente aspectos didáticos e/ou acadêmicos, mas
também possui um apelo de importância social.

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2. A FORMAÇÃO DAS CASCAS DE OVOS: UM PROCESSO NATURAL DE
PRECIPITAÇÃO:

A casca de um típico ovo comum de galinha tem uma massa


aproximada de 5g, 40% da qual corresponde ao Ca, que é fixado sob a forma
de calcita, sólido cristalino cuja fórmula molecular, CaCO 3, representa algo em
torno de 99% da massa total das mesmas. O CaCO3 é responsável por
conferir dureza e resistência às cascas, protegendo os ovos de agressões
físicas externas, e o cálcio necessário para sua formação vem, em última
análise, da dieta alimentar das aves, sendo depositado quase que totalmente
num período em torno de 16 h. Isso significa que o Ca é depositado a uma
razão de 125 mg por hora, e o seu fornecimento é suprido pelo fosfato de
cálcio, Ca3(PO4)2, composto insolúvel (Kps = 1·10-25) presente em massas
ósseas especiais constituintes dos ossos mais longos da galinha, o qual
acumula grandes reservas de Ca para a formação da casca do ovo. Se uma
galinha é alimentada com dieta pobre em cálcio, as cascas de seus ovos
tornam-se progressivamente mais finas; ela pode ter que mobilizar 10% da
quantidade total de cálcio em seus ossos para a produção de apenas um único
ovo. Quando a alimentação é persistentemente pobre em cálcio, a produção de
ovos pode cessar.
Normalmente, os constituintes, Ca2+ e CO2, são transportados pelo
sangue até a glândula da casca, que é órgão formador da mesma. O processo
de calcificação é uma reação de precipitação:

Ca2+(aq) + CO32- (aq) CaCO3(s) 8

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No sangue, os íons Ca2+ livres estão em equilíbrio com o cálcio ligado a
proteínas. À medida que eles são absorvidos pela glândula da casca, mais íons
são fornecidos pela dissociação do cálcio ligado às proteínas. Os íons
carbonato necessários para a formação da casca são um produto secundário
produzido pelo metabolismo ao converter o dióxido de carbono, CO 2, a ácido
carbônico, H2CO3, pela enzima anidrase carbônica (AC):

AC
CO2(g) + H2O(l) H2CO3(aq)

O ácido carbônico ioniza-se em etapas, produzindo íons carbonato:

H2CO3(aq) H+(aq) + HCO2- (aq) pka1 = 6,352


HCO3-(aq) H+(aq) + CO32-(aq) pka2 = 10,329

As galinhas não transpiram e, em função disso, precisam ofegar para se


resfriar. A ofegação expele mais CO2 do corpo da galinha do que a respiração
normal expeliria. De acordo com o Princípio de Le Chatelier, a ofegação
deslocará o equilíbrio estabelecido entre o CO2 e o H2CO3, equacionado
acima, da direita para a esquerda, diminuindo a concentração de íons CO32- em
solução, acarretando a formação de cascas mais finas. Uma solução para esse
problema é dar água carbonatada para as galinhas beberem quando a
temperatura está elevada. O CO2 dissolvido na água é adicionado aos fluidos
corporais da ave, deslocando o equilíbrio CO2 – H2CO3 para a direita.

3. OBJETIVOS

Determinar quantitativamente, empregando a técnica de volumetria de


complexação com EDTA, a massa percentual de Ca e de CaCO3 constituinte
de três amostras de cascas de diferentes tipos de ovos e, com base nos
resultados obtidos, estabelecer um comparativo e discutir as possíveis
diferenças encontradas.

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4. MATERIAIS E METODOLOGIA

A determinação e a quantificação da massa de Ca e de CaCO3 presente


nas amostras de cascas de ovos foi obtida utilizando-se o método da
volumetria de complexação. Para tanto, fez-se uso dos materiais, reagentes e
amostras listados na tabela a seguir:

Tabela 1 - Materiais e reagentes utilizados na técnica de volumetria de complexação com


EDTA para determinação e quantificação de cálcio em cascas de ovos.

Materiais Reagentes/ amostras


Água deionizada; Cascas de três diferentes
Pisceta; amostras de ovos de galinha:
Almofariz com pistilo; Ovo de galinha “orgânico”;
Espátula Ovo de codorna;

Balança analítica; Ovo comum de galinha.

Nove cadinhos de porcelana; HCl concentrado (12 mol·L-¹);


Estufa; Tampão de pH 10 de NH3/NH4Cl;
Mufla; Negro de Eriocromo T;
Três erlenmeyers; EDTA 0,0502 mol·L-1;
Bureta de 25 mL; Obs: “Orgânico” refere-se ao ovo produzido
por animal criado em ambiente similar ao
Proveta de 100mL;
natural, em cativeiro semi-aberto e com
Finil pequeno; cuidados especiais. “Comum” refere-se ao
ovo produzido por animal criado em cativeiro,
Chapa de aqueciemnto;
num ambiente artificial, e submetido a alto
Pipeta graduada de 5mL. stress.

Para a realização desta técnica os ovos utilizados foram quebrados, a


clara e a gema foram desprezadas e as cascas cuidadosamente lavadas com
água de torneira e, posteriormente, com água destilada. Após isso, foram
deixadas secando em uma estufa a 110°C por duas horas e depois trituradas
com um pistilo em um cadinho até se obter um pó fino e uniforme. Três
amostras de aproximadamente 0,104 gramas foram pesadas diretamente em

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seis erlenmayers, sendo que três destinavam-se à amostra de casca de ovo
“comum”, e três à amostra de casca de ovo “orgânico” (a casca de ovo de
codorna não foi analisada no procedimento sem calcinação), e com elas
realizou-se o procedimento titulométrico sem calcinação. Para o procedimento
com calcinação, nove amostras de 0,104 gramas cada (três para cada tipo de
casca de ovo) foram pesadas em nove cadinhos de porcelana limpos e secos,
e calcinadas a 700°C em uma mufla por 17 hs. Na sequência, os cadinhos
foram deixados no dessecador até que próximas etapas da técnica pudessem
ser retomadas. Então, em cada um dos cadinhos já resfriados, foram
adicionados 2 mL de água destilada e, cuidadosamente em uma capela, 1mL
de HCl concentrado a 12 mol·L-1. Após os resíduos terem sido completamente
dissolvidos, as soluções foram transferidas para nove erlenmeyers; utilizando-
se água destilada para lavar os cadinhos e remover os resíduos restantes,
todas as águas das lavagens foram combinadas nos respectivos erlenmeyers,
e o seu conteúdo foi, então, diluído a 25 ml com água destilada. Adicionou-se 5
mL do tampão de pH 10 de NH3/NH4Cl e uma pequena quantidade de indicador
Erio T suficiente para produzir uma cor visível na solução. Após estas etapas,
as soluções foram tituladas com a solução padrão de EDTA 0,0502 mol·L-1, até
observar-se uma mudança da cor de roxo claro para azul puro.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. PROCEDIMENTO SEM CALCINAÇÃO DAS AMOSTARS

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Figura 1 - Três amostras de cascas de ovos trituradas em cadinhos.

Após a secagem em estufa, trituração e pesagem das amostras de


casca de ovo já no interior de cada um dos erlenmayers, com o auxílio da
pipeta graduada, adicionaram-se 2 mL de água deionizada:

CaCO3(s) H2O Ca2+(aq) + CO32-(aq) (Kps = 4,5·10-9)

Os carbonatos são sais praticamente insolúveis em água, como se


infere pela análise da constante de dissociação do CaCO 3, acima. Portanto,
faz-se necessário realizar a abertura da amostra, adicionando-se,
cuidadosamente, 1 mL do HCl concentrado a 12 mol·L -1:

CaCO3(s) + 2HCl(conc) CO2(g) + CaCl2(aq) + H2O(l)

Para auxiliar na digestão das amostras, os erlenmayers foram postos na


chapa de aquecimento e, durante esta etapa, para favorecer ainda mais a
reação acima representada, por vezes agitou-se os recipientes. Dentre os
produtos formados destaca-se o cloreto de cálcio, de interesse para este
estudo, cuja solubilidade em água, a 20ºC, é de cerca de 74,5g·100 mL -1
H2O
CaCl2(aq) Ca2+(aq) + 2Cl-(aq) Kps 1.21103

Extensamente solúvel em água, o CaCl2, tão logo formado no meio


reacional, permanece em solução na forma de seus íons constituintes
solvatados. Tendo agora a espécie desejada, Ca 2+, o procedimento prossegue
com a diluição da solução no erlenmayer, até 25 mL, com a água deionizada,
seguida da adição de 5mL do tampão de pH 10 (NH3/ NH 4Cl), e uma pequena
quantidade do indicador sólido de 1-(1-hidroxi-2-naftilazo)-6-nitro-2-naftol-4-
sulfonato de sódio (Ério T) suficiente para produzir uma cor visível na solução.
Se a quantidade de indicador adicionada for excessiva, corre-se o risco de
haver um erro no resultado final da titulação, pois o Erio T, sendo um ácido,
pode reagir tanto com o analito quanto com o titulante. No entanto, fixando-se o
pH da solução em torno de 10, com o auxílio do tampão, a situação ideal para
esta titulação é favorecida, na qual se obtém os melhores desempenhos do

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indicador e do EDTA. Em soluções muito ácidas, o corante Erio T tende a se
polimerizar, formando um produto vermelho-marrom; por isso não é usado
abaixo de pH 6,5.
O Erio T faz parte da classe de indicadores ditos metalcrômicos, os
quais são corantes capazes de reagir com um cátion metálico formando um
complexo cuja cor é diferente daquela apresentada pelo indicador na forma
livre (não complexada).

O grupo ácido sulfônico do Erio T cede seu próton muito antes da faixa
de pH 7-12, que é a de interesse no uso do corante como indicador de metal.
Portanto, somente a dissociação dos dois átomos de hidrogênio dos grupos
fenólicos precisa ser considerada; assim o indicador pode ser representado
como H2D-. A solução aquosa de negro de eriocromo T é vermelha abaixo de
pH 6 (devido a H2D-) e alaranjado-amarelada acima de pH 12 (devido a D3-).
Na faixa de pH 7-11, em que o indicador exibe coloração azul, o Ca2+, e
muitos outros metais, formam complexos vermelhos:

M2+ + HD2- MD- + H+


(azul) (verm.)

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Figura 2 - Coloração do complexo cálcio - Erio T.

O ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA), por sua vez, atua como


agente complexante hexadentado, pois pode complexar o íon metálico através
de seis posições de coordenação. Por causa da sua natureza ácida e de sua
capacidade de formar complexos solúveis, o EDTA dissolve uma extensa lista
de metais de modo bastante efetivo, formando complexos estáveis em solução
aquosa na proporção estequiométrica de 1:1.
O EDTA reage com cátions metálicos de acordo com o seguinte
mecanismo geral:

Mn+ H2Y2- MY(n-4)+ + 2H+

Figura 6 - Estrutura do complexo [Ca – EDTA]2+.

onde H2Y2- representa o EDTA duplamente protonado. Nas titulações


empregando este composto, é muito importante a adequada fixação do pH.

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Como se depreende da equação acima, a extensão da ionização do complexo
metal – EDTA depende do pH da solução; a estabilidade do complexo diminui
com o decréscimo do pH. Quanto mais estável o coplexo metal – EDTA, mais
baixo o pH em que a titulação do metal com EDTA pode ter lugar. Em geral, os
complexos dos metais divalentes são estáveis em soluções alcalinas ou
levemente ácidas, ao passo que os dos metais tri e tetravalentes são capazes
de existir em solução de pH 1-3. Logo, o pH do meio pode ser utilizado como
um artifício para selecionar quais metais devem ser titulados ou não com este
complexante, cujo poder de complexação é máximo em soluções fortemente
alcalinas, quando, então, se encontra na forma da espécie ativa Y4-. Todavia,
com o aumento do pH da solução, acentua-se a tendência para a formação de
hidróxidos metálicos pouco solúveis:

MY(n-4)+ + nOH- M(OH)n + Y4-

A extensão com que se processa a hidrólise de MY(n-4)+ depende do


produto de solubilidade do hidróxido e, naturalmente, da constante de
estabilidade do complexo. Assim, o Ca2+, cujo produto de solubilidade do seu
respectivo hidróxido é 5,510-6 (pKps = 5,25), e cuja constante de estabilidade
do seu complexo com EDTA é pKf = 10,69, não é precipitado como hidróxido
em soluções alcalinas.
Ao dar-se início à titulação, o EDTA reage com os íons Ca2+ livres em
excesso na solução, formando o complexo [Ca – EDTA]2+, cuja estabilidade
(pKf = 10,69) é superior à do complexo [Ca – Erio T]2+ (pKf = 5,4), de modo que
este complexo se dissocia em certa extensão e, ao longo da titulação, com o
término de íons Ca2+ livres na solução, uma gota de EDTA a mais que seja
adicionada irá deslocar o cálcio do referido complexo, deixando o indicador na
forma livre HD2-, de cor azul, a qual indica o término da titulação:

[Ca – Erio T]2+ + EDTA [Ca – EDTA]2+ + Erio Tlivre (azul)

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Figura 3 - Indicador Erio T na forma livre.

O complexo M – EDTA deve ser suficientemente estável, pois, do


contrário, em virtude da sua dissociação, não haveria uma mudança de
coloração nítida no ponto final. Porém, o complexo M – Ind tem que ser menos
estável do que o complexo M – EDTA para que a reação acima possa ocorrer.
Ao término deste procedimento (sem calcinação), os volumes de EDTA
encontrados para as três titulações realizadas com as amostras de casca de
ovo “orgânico”, cujas massas eram de, aproximadamente, 0.1046 g, foram de
19,6 mL; 21,8 mL e 20,6 mL, sendo a média 20,6 mL.
Sabendo que a estequiometria segundo a qual o EDTA reage com
cátions metálicos é 1:1, que as massas moleculares do Ca e do CaCO3 são,
respectivamente, 40,08 g/mol e 100,1 g/mol, e que a concentração da solução
de EDTA utilizada era de 0,0502 molL-1, os resultados percentuais
encontrados para a concentração de Ca e de na casca de ovo analisada foram
de 0,0414 g de Ca e 0,1035 g de CaCO3, correspondendo, respectivamente, a
39,58% e 99% da massa total das amostras.
Para o ovo “comum”, cujas massas eram de aproximadamente 0,104 g,
os volumes de EDTA encontrados para as três titulações com essas amostras
foram de 19,2 mL; 17,8 mL e 22,4 mL, e os resultados obtidos foram de 0,0398
g de Ca e 0,0395 g de CaCO3, correspondendo, respectivamente, a 38,27% e
95,67% da massa total das mesmas. Estes resultados podem ser conferidos na
tabela a seguir:

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Tabela 2- Resultados para a constituição percentual de cálcio e carbonato de cálcio
presente nas cascas de ovo analisadas sem calcinação.

Massa da Volumes de Contribuição percentual para a


Tipo de
amostra EDTA gastos massa total da amostra
ovo
analisadas (média) Ca CaCO3
“Orgânico” 0,1046 g 20,6 mL 39,58% 99%
“Comum” 0,1040 g 19,8 mL 38,27% 95,67%

Com base neles, é possível constatar que houve uma diferença de


3,33% entre as quantidades percentuais de cálcio e de carbonato de cálcio
presentes nas amostras das cascas dos ovos “orgânico” e “comum”, mas os
valores estão de acordo com as quantidades que se supunha encontrar, de
acordo com as literaturas consultadas. No entanto, para a literatura referência
do presente relatório (BACCAN et. al., 2001), empregando-se o procedimento
experimental aqui descrito, as quantidades máximas e exatas de cálcio e de
carbonato de cálcio constituintes das cascas de ovos somente seriam
corretamente quantizadas ao realizar-se a calcinação das amostras antes da
aplicação do procedimento experimental. Porém, os resultados acima expostos
não conduzem a esta conclusão. Aqui há de cogitar-se, portanto, a
possibilidade de perda de massa das amostras em virtude da alta temperatura
à qual elas foram submetidas, durante um período de tempo que pode ser
considerado demasiadamente grande.

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5.2. PROCEDIMENTO COM CALCINAÇÃO DAS AMOSTRAS

Figura 4 - Mufla: Equipamento para calcinação.

O objetivo de realizar a calcinação das amostras é eliminar toda a


matéria orgânica presente nas mesmas, a qual poderia, em alguma extensão,
prejudicar e/ou interferir nos resultados a serem obtidos na determinação do
percentual de Ca e de CaCO3 constituintes das cascas dos ovos. As
transformações químicas que ocorrem durante este procedimento podem ser
assim resumidas:

CaCO3(s) +
matéria
+ H2O(l) residual  CaO + 2CO2(g) + H2O(g)
orgânica 700°C

Após a etapa da calcinação, em cada um dos cadinhos, já resfriados,


foram adicionados 2 mL de água deionizada. O óxido de cálcio formado reage
com a água, resultando no hidróxido de cálcio, uma base pouco solúvel:

CaO + H2O Ca(OH)2 Kps = 5,5·10-6

Com a subsequente adição de HCl concentrado (12 mol·L -1), o produto


formado é, novamente, o cloreto de cálcio:

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Ca(OH)2 + 2HCl CaCl2 + 2H2O

Depois de ter-se aguardado algum tempo, necessário para a completa


dissolução das amostras calcinadas, procedeu-se à transferência do material
presente nos nove cadinhos para o interior de nove erlenmayers, nos quais as
titulações foram realizadas. Os cadinhos foram lavados com água deionizada,
e todas as águas das lavagens foram somadas às respectivas amostras
transferidas para os erlenmayers, de modo que a quantidade de massa perdida
fosse a menor possível.
À exceção das etapas deste procedimento que foram descritas até aqui,
as demais etapas da técnica seguem os mesmos passos do procedimento
anterior (sem calcinação), e as reações envolvidas daqui para frente são
exatamente são mesmas. A reação global de titulação para ambos os
procedimentos pode ser dada por:

1mol de Ca2+(aq) + 1mol de EDTA(aq) 1mol de [Ca – EDTA]2+

No que diz respeito à quantificação do cálcio e do carbonato de cálcio


presentes nas amostras calcinadas, as últimas etapas da análise foram
prejudicadas devido ao desaparecimento das identificações numéricas feitas
nos cadinhos. Levando-se em consideração que o ponto de fusão do Cgraf., a
priori, supera os 3000ºC, supõe-se que as referidas identificações tenham sido
apagadas por dois motivos, isolada e/ou conjuntamente: ou a escrita foi
fracamente impressa, ou as interrupções que foram feitas no processo de
calcinação (tendo-se, inclusive, retirado as amostras da mufla para que esta
pudesse ser utilizada por outras pessoas), de uma forma ou de outra, levaram
a este desfecho. No entanto, um único cadinho permaneceu com uma fraca
identificação, a qual correspondia a uma amostra de casca de ovo de codorna.
A titulação desta amostra consumiu um volume de 18,3 mL de EDTA, o qual,
através dos devidos cálculos, corresponde a 88,42% de CaCO 3, ou 35,4% de
Ca. As demais amostras, embora sem identificação, também foram tituladas, e
os volumes de EDTA consumidos foram, em ordem crescente, de 14,4 mL;
15,8 mL; 16,3 mL; 17,3 mL; 18,3 mL (ovo de codorna identificado); 18,5 mL;

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19,2 mL; 19,8 mL e 19,9 mL. Não é possível fazer qualquer afirmação
relacionando esses resultados como correspondentes com tal ou outra
amostra, haja vista a falta de identificação dos cadinhos (à exceção do volume
de 18,3 mL) porque, em última análise, sequer os volumes obtidos no
procedimento sem calcinação, no qual se dispunha do conhecimento exato de
quais eram as amostras a serem tituladas, eram valores homogêneos. No
entanto, para fins comparativos, podemos supor, em nível bastante raso, que
os três valores mais próximos entre si sejam correspondentes a uma mesma
amostra. Podemos, ainda, fazer uma média com todos os valores e, dessa
forma, obtemos os resultados listados na tabela a seguir:

Tabela 3 - Resultados para a constituição percentual de cálcio e carbonato de cálcio presente nas
cascas de ovo analisadas com calcinação.

Volumes de EDTA (mL) Médias dos volumes (mL) % Ca % CaCO3

14,40 – 15,80 – 16,30 15,50 30,00 74,87


17,30 – 18,30 – 18,50 18,03 34,87 87,00
19,20 – 19,80 – 19,90 19,63 38,90 94,84
18,30 – (ovo de codorna) 18,30 35,40 88,42
Todos os volumes 17,72 34,28 85,57

5.3. OBSERVAÇÕES

Embora a parcela majoritária dos componentes que constituem as


cascas dos ovos seja representada pelo carbonato de cálcio, ela também
apresenta outros constituintes, dentre os quais cabe destacar o magnésio. O
Mg2+ forma um complexo com o EDTA cuja constante de formação (pKf = 8,79)
é bastante próxima àquela que corresponde ao complexo [Ca-EDTA]2+ (pKf =
10,69), de forma que, utilizando-se o Erio T, estes íons serão sempre titulados
simultaneamente, não sendo possível diferenciá-los. Em função disso, esta
titulação específica, empregando o referido indicador, é utilizada na

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determinação da dureza total da água, que corresponde à soma das durezas
individuais atribuídas à presença dos íons cálcio e magnésio nesse solvente.
Para determinar somente o cálcio em uma solução em que o magnésio
esteja presente, podemos utilizar o conhecimento da influência do pH do meio
sobre as constantes de formação e sobre os produtos de solubilidade das
espécies formadas nas titulações com EDTA. De posse que o aumento do pH
da solução acentua a tendência para a formação de hidróxidos pouco solúveis,
que as constantes de formação (pKf) para os complexos [Ca – EDTA]2+ e [Mg –
EDTA]2+ correspondem, respectivamente, a 10,69 e 8,79, e que as constantes
dos produtos de solubilidade para os respectivos hidróxidos desses metais são
5,5·10-6, (pKPS = 5,25), e 1,2·10-11, (pKPS = 10,9), podemos concluir que, em pH
alcalino, teremos a precipitação do magnésio na forma do seu hidróxido,
enquanto que o complexo [Ca – EDTA]2+ permanecerá estável. De fato, esta
precipitação é quantitativa em pH 12, e os indicadores metalcrômicos ideais
para a realização de titulações nesta faixa de pH são o calcon e a murexida,
cujas mudanças de coloração das forma complexadas para as formas livres
são, respectivamente, róseo azul, e vermelho azul/ violeta (ou azul).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ainda que, de um modo geral, os equipamentos e recursos que foram


utilizados na realização do procedimento experimental descrito neste relatório
sejam relativamente baratos e, portanto, de fácil aquisição, sua aplicabilidade
prática torna-se restrita, uma vez que a disponibilidade de equipamentos tais
como a mufla utilizada é exclusividade de universidades e/ou empresas.
Porém, dentre as bibliografias pesquisadas, algumas traziam técnicas
diferentes para a realização deste procedimento. Ademais, se os pressupostos
que embasam a necessidade de utilização da mufla dizem respeito à
eliminação da matéria orgânica presente nas amostras, o procedimento
realizado sem a utilização do referido equipamento, para fins comparativos,
indicou que a quantidade de cálcio e do seu respectivo carbonato presentes
nas cascas de ovos estava de acordo com o que se supunha, não tendo
ocorrido, aparentemente, qualquer prejuízo no fato de as amostras terem sido

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tituladas sem calcinação. Aliás, a análise dos resultados demonstra um viés
nesse sentido, pois foram exatamente as amostras tituladas sem calcinação
que resultaram em maiores percentuais de cálcio e de carbonato de cálcio.
Contudo, resultados mais exatos e de validade comparativa foram impedidos,
haja vista a impossibilidade identificação das amostras calcinadas; ademais,
ainda que todos os dados pudessem ser aferidos com exatidão e certeza,
conclusões mais gerais e corretas somente podem ser tiradas com a realização
de um grande número de repetições, de forma que os resultados sejam
significativos e tenham valor e validade estatística.

7. REFERÊNCIAS

OHLWEILER, O. A. Química Analítica Quantitativa. Rio de Janeiro, Livros


Técnicos e Científicos, Brasília, INL, 1974, v. 2.
BACCAN, N. GODINHO, O.E.S. ANDRADE, J. C. BARONE, J. S. – Química
Analítica Quantitativa Elementar. São Paulo, EB e IMT 3 ed. 2001
HARRIS, Daniel. C., Análise Química Quantitativa, 6 ed., LTC, Rio de Janeiro,
2005.
BELTRAME, Karla. K, ROMERO, RafaelLe. B, ROMERO, Adriano, Lopes. Teor
de Carbonato de Cálcio em cascas de ovos: Uma Proposta de Atividade Para
Ensino de Estequiometria, Paraná, UTFP. 2012.
Júlia G. Pereira, Fabiano Okumura, Luiz A. Ramos e Éder T. G. Cavalheiro;
Quim. Nova 2009, Vol. 32, No. 6, 1661-1666.

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