Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
net/publication/240769837
CITATIONS READS
24 165
1 author:
Silvana Mariano
Universidade Estadual de Londrina
17 PUBLICATIONS 60 CITATIONS
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Gênero e Interseccionalidades na questão do desenvolvimento: os desafios do Programa Bolsa Família para a quebra do ciclo
intergeracional da pobreza View project
All content following this page was uploaded by Silvana Mariano on 13 April 2015.
O sujeito do feminismo
e o pós-estruturalismo
Resumo
esumo: O presente trabalho aborda as críticas das teorias feministas pós-estruturalistas às
teorizações do sujeito universal, rejeitando as noções de identidades essenciais de gênero. O
ponto comum entre as pensadoras incluídas no trabalho é a necessidade de romper o esquema
tradicional das tradições filosóficas ocidentais que se baseiam em esquemas dicotômicos de
pensamento e assim desconstruir o pensamento binário. Suas diferenças, entretanto, situam-se
especialmente no que diz respeito à re-construção do sujeito do feminismo. Esses debates
envolvem, ao mesmo tempo, questões teóricas, metodológicas e políticas.
Palavras-chave: teoria feminista, pós-estruturalismo, sujeito social, essencialismo, binarismo.
Feminismo
eminismo,, mulher e gênero
A desconstrução do sujeito é ao mesmo tempo uma
crítica ao sujeito masculino universal e uma crítica ao sujeito
‘mulher’. É comum encontrarmos nos textos feministas
contemporâneos a caracterização de uma fase inicial do
feminismo que se empenhava em identificar uma unidade
em torno da categoria ‘Mulher’, tornando-a universal. A
história comum de opressão feminina e o conceito de
patriarcado colaboravam nesse sentido. Em geral, a
biologia feminina, incluindo-se aí a sexualidade e a
maternidade, era a base fundamental para se explicar a
origem da opressão feminina, como observam, entre outras,
20
FRANCHETTO, Maria Laura Bruna Franchetto, Henrietta Moore e Michelle Rosaldo.20
CAVALCANTI e Maria Luiza Arriscando formular uma definição possível que
HEILBORN, 1981; MOORE, 1996; e
ROSALDO, 1995. represente uma certa unidade entre os diversos feminismos,
Bruna Franchetto, Maria Laura V. C. Cavalcanti e Maria Luiza
Heilborn afirmam que
O feminismo reivindica para as mulheres, categoria que
surge inquestionável do reino da natureza, da biologia,
um espaço exclusivo da atuação política. Postula que,
na história da humanidade, as mulheres tenham sido
sempre submetidas a uma ordem dominantemente
masculina, mas que agora ‘adquiriram consciência de
sua opressão milenar’ e dos seus interesses – que só
21
FRANCHETTO, CAVALCANTI e elas mesmas podem defender.21
HEILBORN, 1981, p. 35.
Tal interpretação representava a busca feminista por
uma explicação da origem da opressão feminina, ao
mesmo tempo que fundamentava uma identidade universal
de ser ‘mulher’. Michelle Rosaldo rejeita essa tarefa ao
sustentar que “a busca por origens revela uma crença em
verdades últimas e essenciais, uma crença sustentada em
parte pela evidência transcultural da difundida
22
ROSALDO, 1995, p. 16. desigualdade sexual”.22
Para Teresa de Lauretis, os escritos feministas e as
práticas culturais feministas dos anos 1960 e 1970 tomavam
“o conceito de gênero como diferença sexual”. Dessa
forma, gênero é entendido como a criação de diferenças
biológicas que opõem homens e mulheres. Essa forma de
entendimento é limitada porque não questiona a oposição
binária homem/mulher, mantendo essas categorias como
23
LAURETIS, 1994, p. 206. dicotômicas.23
Referências bibliográficas
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. v. 1 (Fatos e
mitos).
BORDO, Susan. “A feminista como o Outro”. Revista Estudos Feministas, v. 8, n. 1, p. 10-29,
2000.
BUTLER, Judith. “Fundamentos contingentes: o feminismo e a questão do ‘pós-modernismo’”.
Cadernos Pagu, n. 11, p. 11-42, 1998.
______. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2003.
COSTA, Claudia de Lima. “O sujeito no feminismo: revisitando os debates”. Cadernos Pagu,
n. 19, p. 59-90, 2002.
______. “O feminismo e o pós-modernismo/pós-estruturalismo: (in)determinações da
identidade nas (entre)linhas do (con)texto”. In: PEDRO, Joana Maria; GROSSI, Miriam
Pillar (Orgs.). Masculino, feminino, plural: gênero na interdisciplinariedade. Florianópolis:
Editora Mulheres, 2000. p. 57-90.
FRANCHETTO, Bruna; CAVALCANTI, Maria Laura V. C.; HEILBORN, Maria Luiza. “Antropologia e
feminismo”. Perspectivas Antropológicas da Mulher, Rio de Janeiro: Zahar, v. 1, n. 1, p.
11-47, 1981.
HEILBORN, Maria Luiza. “Gênero e hierarquia: a costela de Adão revisitada”. Revista Estudos
Feministas, v. 1, n. 1, p. 50-82, 1993.
LAURETIS, Teresa de. “A tecnologia do gênero”. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de.
Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco,
1994. p. 206-242.
LOURO, Guacira Lopes. “Epistemologia feminista e teorização social – desafios, subversões
e alianças”. In: ADELMAN, Miriam; SILVESTRIN, Celsi Brönstrup. (Orgs). Coletânea Gênero
Plural. Curitiba: Editora UFPR, 2002. p. 11-22.
MOORE, Henrietta L. Antropología y feminismo. 2. ed. Madrid: Ediciones Cátedra/Universitat
de Valencia/Instituto de la Mujer, 1996.