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JURISPRUDÊNCIA TSE

Não se desconhece, contudo, que esta Corte Superior tem assen-


tado que não se admite a condenação pela prática de abuso de poder com
fundamento em meras presunções quanto ao benefício eleitoral auferido
pelos candidatos.
Dessarte, na avaliação da matéria posta à apreciação, anoto que
a Lei de Inelegibilidade dispõe, em seu art. 23, que o Tribunal formará sua
convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e notórios, dos indícios e
presunções e prova produzida, atentando para circunstâncias ou fatos que
preservem o interesse público de lisura eleitoral.
Ou seja, o proveito eleitoral não se presume. É mister que sua
aferição se dê mediante prova robusta de que o ato irregular foi praticado
com abuso ou de forma fraudulenta, de modo a favorecer a imagem e o
conceito de agentes públicos e impulsionar eventuais candidaturas. Entre
outros, cito os seguintes julgados nesse sentido: RCED n° 430-60/SC, rel.
Min. MARCELO RIBEIRO, DJE de 8.8.2012; AgR-REspe n° 924-40/RN, rel.
Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJE de 21.10.2014.
No caso, todavia, não há falar em presunção, devendo ser mantida
a decisão do Tribunal no que tange à caracterização do abuso e a gravidade
das condutas praticadas. Segundo o que assentado pela Corte a quo, “exis-
tem nos autos elementos incontestes que levam à conclusão pela existência
do abuso de poder político e econômico, imputados ao ora recorrentes, 411
revelando-se, por essa razão, irretocável a decisão do magistrado da 42ª
Zona Eleitoral, que julgou procedente a presente ação de impugnação de
mandato eletivo” (fl. 509).
Alegação de impossibilidade de aplicação de inelegibilidade em
AIME.
Analiso, por fim, a alegação dos recorrentes relacionada à impossibi-
lidade de aplicação de inelegibilidade pelo prazo de 8 anos, prevista REspe no
1-38.2013.6,20.0042/RN 19 no art. 1°, I, d, da LC nº 64/90, em sede de ação
de impugnação de mandato eletivo, relativa às eleições municipais de 2012.
De fato, conforme alegado, a jurisprudência deste Tribunal Superior
posiciona-se, em tais casos, no sentido de que “a procedência da AIME enseja
a cassação do mandato eletivo, não se podendo impor multa ou inelegibili-
dade, à falta de previsão normativa” (AgR-REspe no 51586-57/PI, rel. Min.
ARNALDO VERSIANI, DJE de 10.5.2011).
Ainda nesse sentido, devem ser destacados os seguintes prece-
dentes:
ELEIÇÕES 2012. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE
CANDIDATO. INELEGIBILIDADE. CONDENAÇÃO POR
ABUSO DE PODER ECONÔMICO EM ÂMBITO DE AÇÃO

Revista Populus | Salvador | n. 1 | Agosto 2015

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ESCOLA JUDICIÁRIA ELEITORAL DA BAHIA

DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO. ARTIGO 1º, I, d,


DA LC N° 64/90, COM NOVA REDAÇÃO DADA PELA LC N°
135/2010. NÃO INCIDÉNCIA. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA
JURÍDICA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. Esta Corte firmou o entendimento de que as novas dispo-
sições introduzidas pela LC n° 135/2010 incidem de imediato
sobre as hipóteses neta contempladas, ainda que o fato seja
anterior à sua entrada em vigor, pois as causas de inelegibi-
lidade devem ser aferidas no momento da formalização do
pedido de registro da candidatura.
2. A inelegibilidade preconizada na alínea d do inciso I do art.
1º da LC n° 64/90, com as alterações promovidas pela LC
n° 135/2010, refere-se apenas à representação Ação de In-
vestigação Judicial Eleitoral/AIJE de que trata o art. 22 da Lei
de Inelegibilidades, e não à ação de impugnação de mandato
eletivo. Precedentes.
3. A condenação do candidato por abuso de poder econômico
em âmbito de ação de impugnação de mandado eletivo, tal
como ocorreu na hipótese dos autos, não tem o condão de atrair
a hipótese de inelegibilidade prevista pela indigitada alínea d.
4. A aplicação de entendimento diverso, por força do respeito
devido ao princípio da segurança jurídica, somente poderá se
412
dar no tocante a processos atinentes ao próximo pleito eleitoral.
5. Recurso especial provido para deferir o registro do Recor-
rente ao cargo de prefeito.
(REspe n° 10-62/BA, rel. originária Ministra NANCY ANDRIGHI,
rel. designada Ministra LAURITA VAZ, DJE de 10.10.2013; sem
grifos no original).

ELEIÇÃO 2012. REGISTRO DE CANDIDATURA. AGRAVO


REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. INELEGIBILIDADE.
ALÍNEAS d E h DO INCISO I DO ART. 1° DA LC N° 64/90, COM
AS ALTERAÇÕES DA LC N° 135/2010. PROCESSO EXTINTO
SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. INSUBSISTÊNCIA DA CON-
DENAÇÃO. REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBI-
LIDADE. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. ANULAÇÃO
DO ACÓRDÃO REGIONAL. INVIABILIDADE. ALEGAÇÃO DE
AFRONTA AO ART. 275, II, DO CE. AUSÊNCIA. INCIDÊNCIA
DA SÚMULA 182 DO STJ. DESPROVIMENTO.
1. Inexistiu discussão, pela Corte a quo, a respeito de que
o ora Agravado teria sido condenado por abuso de poder
econômico e político, mediante captação ilícita de sufrágio e
condutas vedadas aos agentes públicos. O tema padece da
falta de prequestionamento.

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JURISPRUDÊNCIA TSE

2. Consigna o acórdão recorrido que não incide a hipótese


de inelegibilidade previstas no artigo 11, inciso 1, alínea d,
porque o processo foi extinto sem resolução de mérito pelo
Regional, “por ausência superveniente de interesse recursal,
diante da expiração dos mandatos impugnados, com a posse
dos candidatos eleitos em 2008, e do transcurso do prazo de
03 (três) anos de inelegibilidade”.
3. Mesmo que houvesse condenação do Recorrido, esta seria
em âmbito de ação de impugnação a mandato eletivo (AIME),
que não tem o condão de gerar a inelegibilidade prevista na
alínea d do inciso I do art. 1º da LC n° 64/90, modificada pela LC
n° 135/2010, o que está em consonância com o entendimento
firmado por esta Corte (AgR-REspe n° 641-I8IMG, Rei. Ministra
LUCIANA LOSSIO, publicado na sessão de 21.11.2012).
[...]
7. Agravo regimental desprovido.
(AgR-REspe n° 526-58/MG, rel. Min. LAURITA VAZ, DJE de
6.3.201 3; sem grifos no original).

Portanto, com base na jurisprudência deste Tribunal, entendo que


merece reparos o acórdão - somente quanto ao ponto relacionado à aplica-
ção da inelegibilidade da alínea d do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90, ao
recorrente Francisco Tadeu Nunes -’ porquanto apurado o abuso de poder em
sede de ação de impugnação de mandato eletivo relativa às eleições de 2012. 413
Dissídio Jurisprudencial
Em tempo, tem-se que o recurso especial foi interposto com base,
além da alegada afronta legal, na divergência jurisprudencial (alíneas a e b
do inciso I do artigo 276 do CE). Todavia, verifica-se que os recorrentes não
cuidaram de demonstrá-la, por meio da realização de cotejo analítico, a fim de
mostrar a similitude fática e jurídica entre casos pretensamente divergentes,
não trazendo nenhum julgado à colação (Precedentes STJ: REsp n° 425.467/
MT, rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, DJ de 5.9.2005; REsp n° 703.081/
CE, rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 22.8.2005; AgRg no REsp n° 463.305/
PR, rel. Min. DENISE ARRUDA, DJ de 8.8.2005, entre outros).
Destaco ementa de julgado nesse sentido:

ELEIÇÕES 2008. AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL.


INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO PROCESSO. FUNDA-
MENTO NÃO ATACADO. AFRONTA A LEI (ART. 41-A DA LEI
N° 9.504/97). REEXAME DE PROVA (ENUNCIADOS 7 DO STJ
E 279 DO STF). INVIABILIDADE. DIVERGÊNCIA JURISPRU-
DENCIAL. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO. FUNDAMENTO
NÃO AFASTADO. DESPROVIDO.

Revista Populus | Salvador | n. 1 | Agosto 2015

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ESCOLA JUDICIÁRIA ELEITORAL DA BAHIA

1 - Subsiste o fundamento de ausência de nulidade do processo


por falta de citação do partido para integrar a relação proces-
sual, porquanto não infirmado nas razões do agravo interno.
2 - A necessidade de flexibilizar a aplicação do enunciado 7 do
STJ e 279 do STF, sob o pretexto da plena entrega da prestação
jurisdicional, não se consubstancia em argumento jurídico apto
a ensejar a reforma pretendida, revelando mero inconformismo
com a decisão que foi desfavorável ao agravante.
3 - A divergência jurisprudencial (artigo 276, I, b, do Código
Eleitoral) requisita comprovação e demonstração pelo recor-
rente, mediante a transcrição dos trechos dos acórdãos que
a configurem, mencionando-se as circunstâncias que identi-
fiquem ou assemelhem os casos confrontados; consoante a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não pode tal
exigência, em nenhuma hipótese, ser considerada formalismo
exacerbado.
4 - O julgado deve ser mantido por seu próprio fundamento
diante da ausência de argumentação relevante para alterá-lo.
Agravo interno desprovido.
(AgR-REspe n° 8723905-47/RO, rel. Min. GILSON DIPP, DJe
22.8.2011; sem grifos no original).

Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso especial


interposto por FRANCISCO TADEU NUNES e ANTONIA GOMES ABRANTES
414 BARBOSA, somente para afastar a inelegibilidade aplicada ao primeiro recor-
rente, mantendo os demais termos do acórdão regional quanto à cassação dos
diplomas e a realização de novas eleições no município de Luís Gomes/RN.
É como voto.

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JURISPRUDÊNCIA TSE

ACÓRDÃO

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N° 927-49.


2012.6.16.0144 - CLASSE 6— FAZENDA RIO GRANDE - PARANÁ
Relatora: Ministra Maria Thereza de Assis Moura
Agravante: Ana Lúcia Pacheco de Andrade
Advogados: Luis Gustavo Motta Severo da Silva e outros
Agravante: Francisco Luis dos Santos
Advogados: Cristiano Hotz e outros
Agravada: Coligação A Força do Povo
Advogados: Michel Saliba Oliveira e outros

AGRAVOS REGIMENTAIS. AGRAVO NOS PRÓPRIOS AU-


TOS. ELEIÇÕES 2012. ABUSO DE PODER POLÍTICO E DOS
MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. CONFIGURAÇÃO.
FUNDAMENTOS DO DECISUM AGRAVADO NÃO INFIRMA-
DOS. SÚMULA 182 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
DESPROVIMENTO.
1. É inviável o agravo regimental que não infirma os funda-
mentos da decisão atacada, aplicando-se, pois, a Súmula
182 do STJ.
2. Hipótese em que, diversamente do que sustentado pelos
agravantes, a conclusão do Tribunal Regional de que a tiragem 415
dos periódicos seria de 35.000 exemplares não se escorou na
prova por ele reconhecida como ilícita, mas, sim, em alegação
contida na petição inicial que, por não ter sido contestada pelos
ora agravantes (princípio da impugnação específica), tornou-se
incontroversa nos autos. De forma que, para afastar tal entendi-
mento, necessário seria, de fato, o reexame vedado de provas.
3. Na linha da jurisprudência desta Corte, somente há litiscon-
sórcio passivo necessário entre o candidato beneficiado e o
agente público tido como responsável pelas práticas ilícitas, e
não entre aquele e os que contribuíram para a conduta ilícita
- caso dos autos.
4. A apresentação em sessão de julgamento de documentos
que já instruíam os autos não enseja a declaração de nulidade,
tendo em vista a ausência de prejuízo às partes.
5. Para reverter a conclusão a que chegou a Corte Regional
e entender, como querem os agravantes, pela não ocorrência
da prática abusiva do poder político e o uso indevido dos
meios de comunicação social, exigir-se-ia, de fato, incursão
nos elementos probatórios dos autos, o que é inadmissível
nesta instância, conforme as Súmulas 7 do STJ e 279 do STF.
6. Agravos regimentais desprovidos.

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Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por maioria,


em desprover os agravos regimentais, nos termos do voto da relatora.

Brasília, 12 de fevereiro de 2015.

MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA - RELATORA

RELATÓRIO

A SENHORA MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA:


Senhor Presidente, cuida-se de agravos regimentais Interpostos por ANA
LÚCIA PACHECO DE ANDRADE e por FRANCISCO LUÍS DOS SANTOS
de decisão da lavra da e. Ministra LAURITA VAZ que negou seguimento a
agravo nos próprios autos pelos seguintes fundamentos:
a) inexistência de contradição ou obscuridade no entendimento
adotado pelo Tribunal de origem quanto à ilicitude das provas ou à sua
extensão, incidindo no ponto as Súmulas 7 do Superior Tribunal de Justiça
e 279 do Supremo Tribunal Federal;
b) desnecessidade, à luz da jurisprudência do TSE, da formação
de litisconsórcio passivo necessário entre os investigados, ora agravan-
tes, e os servidores públicos que supostamente teriam contribuído com a
416 conduta abusiva;
c) não configuração de cerceamento de defesa a apresentação,
em sessão de julgamento, de documentos que já constavam dos autos;
d) necessidade de reexame para se afastar a conclusão do Re-
gional no tocante à ocorrência da prática abusiva do poder político e o uso
indevido dos meios de comunicação social.
Nas razões do seu regimental (fls. 2.599-2.632), a agravante
ANA LÚCIA sustenta que o decisum objurgado não analisou por completo
as questões atinentes à ilicitude da prova, à necessidade de formação de
litisconsórcio passivo necessário e ao cerceamento de defesa decorrente
da apresentação de documentos novos durante a sessão de julgamento,
deixando, assim, de considerar importantes alegações que, no seu enten-
der, conduziriam ao reconhecimento da nulidade do julgamento regional.
Segundo afirma, dizer que determinada prova é ilícita, como fez
o Regional, e, ao mesmo tempo, consignar que o conteúdo dessa prova
ilícita tornou-se incontroverso nos autos porque não houve impugnação
específica pela defesa é contrariar todo o regramento jurídico relativo à
ilicitude das provas e revela inequívoca violação ao artigo 5°, incisos XII
e LVI, da Constituição Federal, cujo reconhecimento, ao contrário do que
consignado na decisão ora agravada, não demanda qualquer tipo de ree-
xame de fatos e provas.

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JURISPRUDÊNCIA TSE

Reitera que, tanto ela quanto o prefeito eleito teriam sido cassados
na qualidade de meros beneficiários das condutas tidas por ilícitas, sem
que os efetivos responsáveis pelas condutas tenham sido chamados ao
processo para esclarecer os fatos por eles praticados. E que:
[...] apesar de aduzir genericamente que “nenhum documento
que já não estivesse acostado aos autos foi apresentado da
Tribuna”, a decisão agravada não enfrenta o argumento de que
este não foi franqueado à parte ex adeversa, ainda que para
confirmar que realmente já estava nos autos, o que demonstra
a violação ao artigo 245 do Código de Processo Civil, que eiva
de nulidade todo o julgamento.
(fl. 2.623)

No tocante ao mérito, sustenta a agravante não pretender, conforme


assentado no decisum agravado, o reexame do acervo fático-probatório, mas
tão somente o correto enquadramento jurídico dos fatos ao que disposto no
artigo 22, XIV, da Lei Complementar n° 64/90, a fim de que se reconheça que:
[...] as matérias publicadas noticiavam apenas fatos de interes-
se geral da população, sem que isso possa ser encarado como
uso indevido dos meios de comunicação apto a desequilibrar o
resultado das eleições ou com a gravidade suficiente para en-
sejar as severas sanções decorrentes desse reconhecimento.
[...] 417
[...] cassação do diploma da requerente e de seu titular e suas
inelegibilidades por 8 anos.
(fl. 2.625)

Pede seja reconsiderada a decisão agravada ou, caso contrário,


seja submetido o regimental a julgamento pelo Colegiado.
Por sua vez, nas razões do seu regimental (fls. 2.634-2.650), o
agravante FRANCISCO LUÍS também aponta não pretender o reexame de
matéria de fato, mas, sim, o correto enquadramento jurídico dos fatos a fim
de saber:
[...] se viola ou não a apontada garantia constitucional [art. 5°,
XII e LVI] o aproveitamento do conteúdo da prova obtida Ilici-
tamente nos casos em que a defesa, embora arguindo a sua
ilicitude, não tenha expressamente impugnado a Informação
nela contida.
(fl. 2.642).

Nesse sentido, reitera a alegação de afronta aos artigos 275 do


Código Eleitoral, 535 do Código de Processo Civil e 93, IX, da Carta Magna,
assentando que:

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[...] tendo considerado ilícita a interceptação da mensagem


eletrônica juntada com a inicial, seria contraditório o v. aresto
basear-se em informação dela extraída para assentar que a
tiragem das publicações seria de 35.000 exemplares.
Isso, evidentemente, constitui “contradição da decisão em
seus próprios termos e argumentos” e não contradição “desta
decisão com os demais elementos constantes dos autos”
como, de forma recalcitrante, assentou o Tribunal paranaense.
Também não tem o condão de afastar a alegação de recusa em
sanar-se a obscuridade a singela transcrição do trecho em que
se afirma ter sido clara “a manifestação desta Corte no sentido
de que a tiragem dos jornais impugnados no feito é incontro-
versa, porque alegada pelos embargados na petição inicial e
não impugnada pelos embargantes (princípio da impugnação
especifica)”, pois se os declaratórios arguiram de obscura a
assertiva precisamente porque ela partira da falsa premissa
de que a questão seria incontroversa, é curial que não servia
para respondê-los a mera reiteração da asserção enganosa.
(fls. 2.639-2.640)

Sustenta ainda a necessidade de formação de litisconsórcio pas-


sivo necessário com os servidores em tese responsáveis pelos atos tidos
por abusivos, estando, no ponto, a decisão agravada em dissonância com o
entendimento desta Corte sobre o tema.
418 Defende, por fim, no tocante ao mérito, o equívoco do decisum
agravado ao vislumbrar o óbice das Súmulas 7 do STJ e 279 do STF na
pretensão recursal, visto que:
[...] fixada a moldura fática por parte do v. aresto recorrido,
inclusive com a transcrição das manchetes das matérias que
foram consideradas favoráveis ao ora agravante, é também
evidente que a sua pretensão de ver reconhecida a indevida
aplicação do art. 22 da LC n° 64/90 Independe completamente
de qualquer Incursão no conteúdo fático-probatório dos autos.
(fl. 2.646)

Afirma ser incontroverso que as matérias Jornalísticas atacadas,


todas veiculadas anteriormente ao período eleitoral, Jamais receberam pa-
trocínio do erário municipal, não podendo, por isso mesmo, ser juridicamente
qualificadas como uso indevido dos meios de comunicação.
Quanto ao ponto, invoca precedente desta Corte para assentar a
necessidade de aplicação ao caso do princípio da proporcionalidade, tendo
em vista a impossibilidade de se entender que “a mera distribuição de jornais
favoráveis a determinada candidatura tenha o condão de influir, minimamente
que seja, no resultado da eleição, dado o caráter voluntário do acesso” (fl.
2.647).

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JURISPRUDÊNCIA TSE

Requer igualmente a reconsideração da decisão agravada ou a


submissão do presente agravo a julgamento pelo Plenário.
É o relatório.

VOTO

A SENHORA MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA


(relatora): Senhor Presidente, verifica-se a tempestividade dos agravos
regimentais, a subscrição por advogados habilitados nos autos, o interesse
e a legitimidade.
De suas razões, todavia, verifica-se que os agravantes não trou-
xeram elementos suficientes para infirmar os fundamentos da decisão que
negou seguimento ao agravo nos próprios autos, limitando-se a repetir
aqueles já apontados nos especiais. Não ensejam, assim, a reforma pre-
tendida, incidindo na espécie a Súmula 182 do STJ:
É inviável o agravo do Art. 545 do CPC que deixa de atacar es-
pecificamente os fundamentos da decisão agravada.
Com efeito, encontra-se devidamente demonstrada, na decisão
agravada, a inexistência de ofensa aos artigos 275 do CE, 535 do CPC, 5º,
XII e LVI, e 93, IX, da CF, por ter a colenda Corte Regional supostamente
se negado a reparar os vícios apontados nos embargos de declaração e 419
utilizado informação obtida diretamente de prova tida como ilícita.
A propósito, conforme consignado pela e. Ministra LAURITA VAZ,
diversamente do que sustentado pelos agravantes, a conclusão do Regional
de que a tiragem dos periódicos seria de 35.000 exemplares não se escorou
na prova por ele reconhecida como ilícita, mas, sim, em alegação contida
na petição inicial que, por não ter sido contestada pelos ora agravantes
(princípio da impugnação específica), tornou-se incontroversa nos autos.
De forma que, para afastar tal entendimento, necessário seria, de fato, o
reexame vedado de provas.
Não foram malferidos, igualmente, os arts. 22, XIV, da LC
n° 64/90 e 47 do CPC, tendo em vista a não formação de litisconsórcio
passivo necessário com os servidores públicos supostamente envolvidos
com a prática da conduta abusiva do poder. Quanto ao ponto, foi consignado
na decisão ora agravada, de relatoria da e. Ministra LAURITA VAZ, com
base em parecer apresentado pelo órgão ministerial, que o entendimento
do Regional encontra-se em consonância com a jurisprudência desta Cor-
te, no sentido de que somente há litisconsórcio passivo necessário entre
o candidato beneficiado e o agente público tido como responsável pelas
práticas ilícitas, e não entre aquele e os que contribuíram para a conduta
ilícita, tal como na hipótese dos autos.

Revista Populus | Salvador | n. 1 | Agosto 2015

LivroPopulos.indb 419 23/10/2015 09:53:21


ESCOLA JUDICIÁRIA ELEITORAL DA BAHIA

Não houve, outrossim, conforme lançado no decisum agravado,


violação ao princípio do contraditório devido à apresentação de documentos
em sessão, pois tais documentos - exemplares de jornais – já constavam dos
autos, inexistindo, portanto, qualquer prejuízo para os agravantes.
Por fim, no tocante ao mérito, melhor sorte não lhes assiste, tendo
em vista a necessidade de reexame do acervo fático-probatório para infirmar
a conclusão do Tribunal Regional quanto á ocorrência da prática abusiva do
poder político e o uso indevido dos meios de comunicação social, ficando, por
conseguinte, prejudicada a análise da alegação de ocorrência de divergência
jurisprudencial quanto ao ponto.
Assim, diante da ausência de argumentação apta a afastar a decisão
impugnada, esta se mantém por seus próprios fundamentos.
Nego provimento aos agravos regimentais.
É como voto.

420

Revista Populus | Salvador | n. 1 | Agosto 2015

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