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Professor no fio da navalha

“ A escola pública está doente e é


preciso dizê-lo. Escondem-se
realidades inconvenientes, calam-se
danos irreversíveis. Paira o medo
por detrás dos seus muros.

Exponho-me na tentativa de quebrar


o silêncio, na tentativa, por ventura
ingénua, de mudar alguma coisa. Exponho-me, indubitavelmente, para
assumir em voz própria o sofrimento de uma enorme maioria”*

"São aves migratórias, os professores de quem falo. Seres errantes que


vagueiam de escola em escola. São de lugar nenhum. Tudo é breve:
rostos, paisagens, afectos. E a vida abrevia-se num longo voo de silêncio e
solidão. Contextos pedagógicos e rupturas psíquicas são os pilares deste
livro que, partindo de uma experiência pessoal, questiona a escola dos
nossos dias. Precariedade, mobilidade e desenraizamento, indisciplina,
bullying e humilhação desenham o "fio da navalha" que precipita a
depressão."*

“ Apresentei-me na escola e recebi o horário: aulas ao final da tarde e à


noite, todas de ensino recorrente do segundo ciclo, disciplina de Inglês.

Quando tive a primeira aula, à tarde, pensei que ia endoidecer. Uma


turma incrível, que não conseguia controlar minimamente. Todos
gritavam, riam-se histericamente, ignoravam-me, ou pior, enfatizavam
deliberadamente os comportamentos para mostrar o desprezo pelas
regras e pela figura do professor”.*

Colocações tardias dos professores, horários ruinosos, turmas de alunos


verdadeiramente insuportáveis, vários níveis a leccionar, escolas
distantes, com acessos difíceis, obrigando a usar vários transportes para lá
chegar, com um desgaste de tempo e de forças inimaginável, sabendo por
experiência da impotência que cada professor, funcionário ou director de
escola, sente para tornar estes locais num espaço civilizado propício ao
ensino/aprendizagem.

Este cenário, infelizmente, é real e muito alargado, preocupante e


perigoso. Porém, muito pouco se tem feito para colmatar tão grandes
lacunas.

Sabem-no bem todos os profissionais do ensino, se algumas escolas não


acusam estes problemas, um facto é que a maioria os tem, aliados a
outros ainda piores.

Ler este livro que foi escrito porque vivido no seu pior, pode ser uma
catarse, uma maçada, uma intranquilidade, mas é um documento que, na
melhor das hipóteses deveria envergonhar os responsáveis por estas
áreas e levá-los a corrigir a preparação dos jovens que recorrem ao ensino
público, obrigatório, mas com todas as insuficiências e contra-indicações,
entre muitas outras de cariz ideológico e fragmentador, todas com
ausência de regras, orientações e princípios formadores.

Livro que denuncia uma parte dos horrores, neste caso, vividos pelos
professores do ensino público, nos bastidores de uma peça de teatro, em
que os alunos saem defraudados, pela mediocridade da estruturação
pedagógica, pela pobreza qualitativa dos programas e pela descarada
conotação ideológica, publicitada como sendo de grande qualidade e
modernidade.

*”Professor no Fio da Navalha”, de Maria Cecília Campos, é um grito de


alerta, um pedido de ajuda, para a classe docente que se vê explorada,
minimizada, subaproveitada no seu trabalho, nas suas competências, no
seu gosto de ensinar. É também uma denúncia pela fraude  da qualidade
que se oferece aos jovens que estão a preparar o seu futuro para
ingressarem num mundo de trabalho.
Um recado para o Ministério da Educação e da Cultura, um alerta para
pais e educadores em geral, uma palavra de conforto e de esperança para
os que têm por profissão a nobre missão de ensinar.

Maria Susana Mexia

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