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JURISPRUDÊNCIA TRE-BA

Igualmente, em relação à suposta utilização de caminhão afetado


ao serviço público para a entrega de materiais de construção a eleitores, não
há lastro probatório minimamente suficiente a respeito.
Aqui, o vídeo inserido na mídia de fl. 49 apenas demonstra um
caminhão parado em frente a uma residência, descarregando material de
construção. É mostrada a placa do veículo NYO 7077. Nada mais.
Não há prova nos autos da veracidade da afetação pública do veí-
culo, nem que, ali, estivessem sendo distribuídos bens a eleitores, a mando
dos recorrentes.
A única testemunha que confirma a tese de defesa é justamente
Jardel Silveira dos Santos, cujo depoimento foi colhido sem compromisso.
À míngua de suporte probatório que corrobore o depoimento, afasto
a alegação.
2) Desvio de servidores públicos para a campanha.
Sobre tal alegação foi produzida apenas prova testemunhal, uma
delas ouvida como declarante (Jardel Silveira dos Santos).
Não vislumbrei, do cotejo dessas declarações a robustez necessária
para considerar caracterizado o ilícito. Isto porque as testemunhas apenas
afirmam que alguns servidores deixaram de trabalhar para prestarem serviço
na campanha dos recorrentes. Não há nos autos, a informação de que tais
pessoas seriam, de fato, servidores públicos ou que estariam trabalhando
para a campanha em horário de expediente. 451
Frágil a prova, portanto, neste particular.
3) Distribuição de cerveja a eleitores antes e depois dos comícios.
Malgrado o Relator tenha considerado comprovada a distribuição
de cerveja, não vislumbrei, das imagens constantes na mídia de fl. 49 (faixas
17 e 20), grande aglomeração de pessoas portando símbolos de campanha
dos recorrentes ou recebendo latas de cerveja, muito menos que naquela
oportunidade estivesse ocorrendo comício dos recorrentes.
De fato, somente evidencio uma via pública com algum movimen-
to de populares, bandeiras (não se sabe de qual candidato) e, realmente,
algumas pessoas com latas de cerveja na mão. Mas não estou autorizado a
concluir que houve, ali, a distribuição de cervejas com fim eleitoreiro.
4) Captação ilícita de sufrágio (pagamento de aluguel em troca
de votos).
Neste caso, o cheque emitido pela Prefeitura de Maiquinique, no
valor de R$ 120,00 (fl. 48), foi entregue a Nilza Almeida dos Santos, supos-
tamente para pagamento de aluguel da casa em que residia, pertencente a
Luciano Souza Silveira, a quem o cheque estava nominado.
Ocorre que o conjunto probatório produzido a este respeito (vídeo,
testemunho prestado por Luciano e contrato de aluguel) comprova apenas

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que, de fato, a Prefeitura entregou este cheque a Nilza, para que quitasse o
aluguel devido. Nada mais.
A caracterização do ilícito capitulado no art. 41-A da Lei n 9.504/97
exige, além da comprovação da oferta, promessa ou entrega de vantagem
econômica, a específica finalidade de obtenção de votos, o que, nem de
longe, restou evidenciado nos autos.
Ora, sequer foi colhido o depoimento da eleitora supostamente
cooptada, para que se apurasse se a entrega do cheque se fez acompanhar
por pedido de voto, muito menos há a informação de quem teria fornecido
o cheque.
Portanto, à míngua de comprovação do envolvimento, ainda que
indireto, dos recorrentes, bem como do fim específico de obtenção de votos,
afasto a alegação de captação ilícita de sufrágio.

CONCLUSÃO
Portanto, considero caracterizada apenas a prática de abuso de
poder político, por meio da utilização de escola pública para confecção de
bandeiras de campanha.
Entretanto, tal ilícito não se reveste de gravidade suficiente para
ensejar a cassação dos mandatos dos recorrentes, razão pela qual reputo
suficiente a apenação do prefeito e do vice-prefeito com a pena de multa,
452 que fixo no valor individual de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
Por todo o exposto, dissentindo do Relator, voto pelo PROVIMEN-
TO PARCIAL DO RECURSO, para afastar a decretação de inelegibilidade
dos recorrentes pelo período de 08 (oito) anos, mantendo, contudo, a
condenação ao pagamento de multa, no valor individual de R$ 20.000,00
(vinte mil reais).
É como voto.

Sala das Sessões do TRE da Bahia, em 05 de fevereiro de 2015.

CARLOS D´ÁVILA TEIXEIRA


Juiz Membro

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Captação de Sufrágio

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ACÓRDÃO

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N° 685-17.


2012.6.17.0127 – CLASSE 6 - CAMARAGlBE - PERNAMBUCO
Relator: Ministro Luiz Fux
Agravantes: Coligação Frente o Povo Mudando Camaragibe com Justiça e
outro
Advogados: Márcio Luiz Silva e outros
Agravados: Jorge Alexandre Soares da Silva e outro
Advogados: André Dutra Dórea Ávila da Silva e outros

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRU-


MENTO. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEI-
TORAL. PREFEITO E VICE-PREFEITO. CAPTAÇÃO
ILÍCITA DE SUFRÁGIO (LEI DAS ELEIÇÕES, ART. 41-
A). ABUSO DO ECONÔMICO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA
Nº 182. DEBILIDADE DO ARCABOUÇO FÁTICO-
-PROBATÓRIO. NECESSIDADE DE REINCURSÃO
NO CONUNTO PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS NOS 7 DO STJ E 279
DO STF. FUNDAMENTOS NÃO INFIRMADOS.
DECISÃO MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUN-
DAMENTOS. DESPROVIMENTO.
455
1. A captação ilícita de sufrágio se aperfeiçoa com a con-
jugação de três elementos: (i) a realização de quaisquer
das condutas típicas do art. 41-A (i.e., doar, oferecer,
prometer ou entregar bem ou vantagem pessoal de
qualquer natureza a eleitor, bem como praticar violência
ou grave ameaça ao eleitor), (ii) o dolo específico de agir,
consubstanciado na obtenção de voto do eleitor e, por
fim, (iii) a ocorrência do fato durante o período eleitoral
(GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 8ª Ed. São Paulo:
Atlas, p.520).
2. No caso sub examine, a inversão do julgado quanto à
inexistência de provas hialinas e contundentes da confi-
guração do ilícito descrito no art. 41-A da Lei das Eleições,
bem como da gravidade necessária à caracterização do
abuso do poder econômico, implicaria necessariamente
nova incursão no conjunto fático-probatório, o que não
se coaduna com a via estreita do apelo nobre eleitoral,
ex vi dos Enunciados das Súmulas nos 279/STF e 7/STJ.
3. O provimento do agravo regimental reclama que os fun-
damentos da decisão agravada sejam especificamente
infirmados, sob pena de subsistirem suas conclusões.

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4. In casu, a ausência de impugnação ao fundamento


referente à incidência da Súmula n° 182/STJ constitui
razão para o desprovimento do presente regimental.

5. Agravo regimental desprovido.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unani-


midade, em desprover o agravo regimental, nos termos do voto do relator.

Brasília, 10 de março de 2015.

MINISTRO LUIZ FUX - RELATOR

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX: Senhor Presidente, trata-se de


agravo regimental interposto pela Coligação Frente o Povo Mudando Camara-
gibe com Justiça e por Demóstenes e Silva Melra contra decisão monocrática
de fls. 609-613, mediante a qual neguei seguimento ao agravo manejado pelos
ora Agravantes, assentando a incidência da Súmula n° 182/STJ na espécie,
bem como a impossibilidade de reexame do conteúdo fático-probatório dos
autos, nos termos das Súmulas nº 7/STJ e n° 279/STF.
456 Inconformados com a decisão supra, os Agravantes interpõem o
presente agravo regimental (fls. 615-619), no qual alegam, em síntese, não
pretenderem o “revolvimento de matéria fático-probatória, na medida em que
os fatos já estão bem delineados nos v. acórdãos recorridos, mas sim, a
valoração legal e jurídica co a [sic] correta e fiel aplicação da legislação federal
à questão em exame” (fls. 617).
Pleiteiam, ao final, o provimento do agravo regimental, a fim de que
o recurso especial seja apreciado por esta Corte.
Aberta vista ao Ministério Público Eleitoral, seu prazo transcorreu
in albis (fls. 622).
É o relatório.

VOTO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (relator): Senhor Presidente, ab


initio, verifico que o presente agravo foi interposto tempestivamente e está
assinado por procurador regularmente constituído.
Contudo, o presente apelo não merece prosperar. É que, ao in-
terporem este agravo regimental, os Agravantes não se desincumbiram de

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impugnar especificamente todos os fundamentos da decisão que negou


seguimento ao seu agravo de instrumento, uma vez que deixaram de atacar
a incidência da Súmula n° 182/STJ na espécie.
Consoante jurisprudência sedimentada por este Tribunal Superior,
para que o agravo obtenha êxito, faz-se necessário que os fundamentos da
decisão agravada sejam especificamente infirmados, sob pena de subsistirem
suas conclusões.
Ademais, os argumentos expendidos nas razões do regimental são
insuficientes para ensejar a modificação do decisum monocr4tico, o qual deve
ser mantido por seus próprios fundamentos, verbis (fls. 611-613):

Ab initio, registro que, no juízo de admissibilidade, o Presidente


do TRE/PE negou seguimento ao recurso especial ante a preten-
são de revolvimento da matéria fático-probatória, que esbarra
no óbice estabelecido nas Súmulas nos 279/STF e 7/STJ.
Sucede que, ao interpor este agravo, e diversamente do que
preconizam as legislações eleitoral e processual, os Agravan-
tes não se desincumbiram de impugnar especificamente o
fundamento utilizado pelo Presidente do Tribunal a quo para
obstar o regular processamento de seu apelo nobre eleitoral.
De efeito, a petição de agravo apenas se limita a repisar os
argumentos expostos no recurso especial, não apresentando
razões que justifiquem a reforma do decisum monocrático, 457
o que atrai a incidência, in casu, do Enunciado da Súmula
n° 182/STJ .
Como é cediço, não merece processamento o agravo que não
infirma os fundamentos da decisão denegatória do recurso es-
pecial, em razão da ausência de um dos requisitos extrínsecos
de admissibilidade recursal, qual seja, a regularidade formal.
A propósito, cito precedentes quanto ao tema:

‘[…]
1. As conclusões da decisão agravada que não foram especi-
ficamente impugnadas devem ser mantidas por seus próprios
fundamentos.
2. A Súmula n° 182/STJ incide no agravo de instrumento
interposto pelo agravante, pois este não infirmou o fundamento
da decisão regional que negou seguimento ao recurso especial,
limitando-se a repetir os argumentos do especial.
[...]
4. Agravo regimental desprovido.’
(AgR-AI n° 220-39/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 26/8/2013);
e
‘[...] 1. Nas razões do instrumento, os Agravantes deixaram de
se voltar contra os fundamentos da decisão agravada, quais

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sejam, necessidade de reexame de provas e incidência da


Súmula 83 do STJ, fazendo incidir a Súmula 182 do mesmo
Tribunal.
[...]
4. Agravo regimental desprovido.’
(AgR-AI n° 134-63/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 3/9/2013).

Ademais, verifico que, de fato, da irresignação dos Recorrentes,


quanto à valoração das provas para configuração dos ilícitos eleitorais,
exsurge a pretensão de nova incursão no conjunto fático-probatório dos
autos, e não eventual reenquadramento jurídico dos fatos, o que, aí sim,
coadunar-se-ia com a cognição realizada nesta sede processual. Captando
com invulgar felicidade a distinção supra entre reenquadramento jurídico e
o reexame de provas, Luiz Guilherme Marinoni preleciona que:
‘o conceito de reexame de prova deve ser atrelado ao de con-
vicção, pois o que não se deseja permitir, quando se fala em
impossibilidade de reexame de prova, é a formação de nova
convicção sobre os fatos (...).
Por outro lado, a qualificação jurídica do fato é posterior ao
exame da relação entre a prova e o fato e, assim, parte da
premissa de que o fato está provado. Por isso, como é pouco
mais que evidente, nada tem a ver com a valoração da prova e
458 com a perfeição da formação da convicção sobre a matéria de
fato. A qualificação jurídica de um ato ou de uma manifestação
de vontade acontece quando a discussão recai somente na
sua qualidade jurídica (...)’
(MARINONI, Luiz Guilherme. “Reexame de prova diante dos
recursos especial e extraordinário”. In: Revista Genesis de
Direito Processual Civil. Curitiba, núm 35,p. 128-145).

Precisamente por isso, o deslinde da controvérsia reclamaria o


reexame de fatos e provas, o que é defeso às Cortes Superiores, máxime
porque não atuam como terceira instância revisora, a teor dos verbetes das
Súmulas nos 7 do STJ e 279 do STF.
Ex positis, nego seguimento ao agravo de instrumento, com base
no art. 36, § 6°, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.
Com efeito, conforme assentado na decisão fustigada, não há como
acolher a tese dos Agravantes de existência de provas hialinas e contun-
dentes da configuração da captação ilícita de sufrágio e do abuso do poder
econômico sem esbarrar no óbice estabelecido nas Súmulas nos 7 do STJ
e 279 do STF. Isso porque, no caso sub examine, a inversão do julgado
quanto à configuração dos ilícitos implicaria necessariamente nova incursão
no conjunto fático-probatório, não se limitando á análise da moldura fática

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JURISPRUDÊNCIA TSE

delineada no acórdão fulminado, o qual evidenciou a fragilidade das provas


carreadas aos autos.
Frise-se que, enquanto modalidade de ilícito eleitoral, a captação
ilícita de sufrágio se aperfeiçoa com a conjugação de três elementos: (i) a
realização de quaisquer das condutas típicas do art. 41-A (i.e., doar, ofere-
cer, prometer ou entregar bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza a
eleitor, bem como praticar violência ou grave ameaça ao eleitor), (ii) o dolo
específico de agir, consubstanciado na obtenção de voto do eleitor e, por
fim, (iii) a ocorrência do fato durante o período eleitoral (GOMES, José Jairo.
Direito Eleitoral. 8ª Ed. São Paulo: Atlas, p. 520).
Mais ainda: a consumação da captação ilícita de sufrágio, também
na esteira da remansosa jurisprudência desta Corte Superior, pressupõe a
existência de provas robustas e incontestes para a configuração do ilícito
descrito no art. 41-A da Lei n° 9.504/97, não podendo, bem por isso, encon-
trar-se a pretensão ancorada em frágeis ilações ou mesmo em presunções,
nomeadamente em virtude da gravidade das sanções nele cominadas (i.e.,
cassação do registro ou do diploma, a imposição de multa e, reflexamen-
te, a inelegibilidade do infrator, nos termos do art. 1°, I, j, da LC n° 64/90).
Confiram-se os seguintes precedentes:

RECURSOS ESPECIAIS. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE 459


MANDATO ELETIVO. ELEIÇÕES 2008. PREFEITO E VICE-
-PREFEITO. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. ABUSO
DO PODER ECONÔMICO. PROVA ROBUSTA. AUSÊNCIA.
APREENSÃO DO MATERIAL INDICATIVO DA PRÁTICA ILÍ-
CITA. CONSUMAÇÃO DA CONDUTA. NÃO OCORRÊNCIA.
RECURSOS PROVIDOS.
1. A potencialidade lesiva da conduta, necessária em sede de
AIME, não foi aferida pelo Tribunal de origem, não obstante a
oposição de embargos de declaração.
2. Nos termos do art. 249, § 2°, do CPC, a nulidade não
será pronunciada nem o ato processual repetido se possível
o julgamento do mérito a favor da parte a quem aproveite a
declaração da nulidade.
3. A aplicação da penalidade por captação ilícita de sufrágio,
dada sua gravidade, deve assentar-se em provas robustas.
Precedentes. [Grifo nosso].
4. Interrompidos os atos preparatórios de uma possível capta-
ção de votos, não há falar em efetiva consumação da conduta.
5. Recursos especiais providos.
(REspe n° 9582854-18/CE, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJe
de 3.11.2011);

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AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL.


ELEIÇÕES 2008. VEREADOR. REPRESENTAÇÃO. CAP-
TAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. ART. 41-A DA LEI 9.504/97.
PROVA ROBUSTA. AUSÊNCIA. ÔNUS DA PROVA. AUTOR.
INVERSÃO. IMPOSSIBILIDADE.
1. Segundo jurisprudência do TSE, a condenação pela
prática de captação ilícita de sufrágio pressupõe a exis-
tência de prova robusta acerca da ocorrência do ilícito,
o que não aconteceu nos autos. Precedentes. [Grifo nosso]
2. Na espécie, os agravados foram condenados pela prática de
captação ilícita de sufrágio pelo fato de terem sido encontrados
em suas residências cadernos com dados de eleitores e su-
postas benesses que seriam entregues aos eleitores. Todavia,
de acordo com os fatos descritos no acórdão, as testemunhas
ouvidas em juízo não confirmaram a ocorrência do ilícito, não
havendo nenhum outro indício de que tenha sido praticado
algum dos núcleos do art. 41-A da Lei 9.504/97, razão pela
qual se infere que os agravados foram condenados por mera
presunção, o que não é admitido pela jurisprudência desta
c. Corte.
3. De acordo com o art. 333, I, do CPC, o ônus da prova alega
o fato. Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem inverteu
indevidamente o onus probandi ao considerar que os repre-
sentados não lograram êxito em apresentar provas de que não
460 captaram votos de maneira ilícita.
4. Agravo regimental não provido.
(AgR-REspe n° 9581529-67/CE, Rel. Min. Nancy Andrighi,
DJe de 10.4.2012); e

RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÃO 2012. CAPTAÇÃO ILÍCITA-


DE SUFRÁGIO. PROVA TESTEMUNHAL. INSUFICIÊNCIA.
PROVIMENTO.
1. A procedência da representação por captação ilícita de
sufrágio exige prova robusta. Ainda que se admita, na espé-
cie, prova exclusivamente testemunhal, deve-se considerar o
conjunto e a consistência dos depoimentos.
2. No caso vertente, o acervo probatório mostra-se frágil e
insuficiente para ensejar as severas penalidades previstas no
art. 41-A da Lei n° 9.504/97.
3. Recurso especial provido.
(REspe nº 34610/MG, redator para o acórdão Min. Dias Toffoli,
DJe de 14.5.2014).

Outrossim, cumpre destacar que a jurisprudência deste Tribunal


Superior consolidou-se no sentido de que, para configuração do abuso do
poder econômico, faz-se necessária a comprovação da gravidade das cir-

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