Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
1
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
23. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 178.
2
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
23. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 178.
3
RODRIGUES, Manuel Cândido. O Novo Código Civil e os Direitos
Fundamentais. Revista Trabalhista, Rio de Janeiro, Vol. V, 2003.
p. 199.
16
Nesse sentido, os direitos fundamentais podem ser busca-
dos para além do texto constitucional, imiscuindo-se em diversas
outras searas do Direito, entre elas, os direitos da personalidade,
cuja tutela se faz notar especialmente no Direito Civil.
4
BERTI, Silma Mendes. Fragilização dos Direitos da Personalidade.
Revista da Faculdade Mineira de Direito, Belo Horizonte, v. 3, n.
5 e 6, 1º e 2º sem. 2000. p. 243.
5
Cf.: VASCONCELOS, Pedro Pais de. Teoria geral do direito civil.
Coimbra: Almedina, 2005. p.35-37; BERTI, Silma Mendes. Fragiliza-
ção dos Direitos da Personalidade. Revista da Faculdade Mineira de
Direito, Belo Horizonte, v. 3, n. 5 e 6, 1º e 2º sem. 2000. p. 238.
17
Prossegue Silma Mendes Berti:
Leis e doutrina utilizam a expressão “direitos da persona-
lidade” para agrupar e para identificar direitos privados
que, por objetivarem a tutela de determinados bens fun-
damentais ou essenciais da pessoa humana, revestem-se
de características específicas que não se encontram em
outros direitos.
6
BERTI, Silma Mendes. Fragilização dos Direitos da Personalida-
de. Revista da Faculdade Mineira de Direito, Belo Horizonte, v.
3, n. 5 e 6, 1° e 2° sem. 2000. p. 239-240.
7
Cf. VASCONCELOS, Pedro Pais de. Direito de personalidade.
Coimbra: Almedina, 2006. p. 61.
18
mais atualizados, materialmente fundamentais.8 Percebe-se a
existência de uma relação de continência dos direitos da per-
sonalidade nos direitos fundamentais, mas tal não decorre da
equivalência entre as duas categorias.
Direitos fundamentais não se restringem àqueles aponta-
dos nos textos constitucionais. Englobam inúmeros outros que se
constituem como fundamentais à dignidade da pessoa humana,
dentre os quais os direitos da personalidade.
Conquanto sejam categorias de origens distintas – publi-
cista, no caso dos direitos fundamentais; privatista, no que se
refere aos direitos da personalidade –, pode-se vislumbrar uma
grande zona de contato entre as duas noções, reconhecendo-
se o caráter fundamental aos direitos da personalidade. Tal
constatação reflete a ocorrência de uma interpenetração entre
os espaços público e privado, o que conduz à idéia de que a
aplicação dos direitos fundamentais se exerce para além do
plano de direito público.
Nas seções que seguem, tenta-se abordar a relação entre
direitos fundamentais e direitos privados, com especial enfoque
nos direitos da personalidade, a partir do grande desenvolvi-
mento enunciado pela doutrina sobre o tema.
8
Cf. RODRIGUES, Manuel Cândido. O Novo Código Civil e os
Direitos Fundamentais. Revista Trabalhista, Rio de Janeiro, Vol.
V, 2003. p. 207.
9
GOMES, Fábio Rodrigues. A Eficácia dos Direitos Fundamentais
na Relação de Emprego: algumas propostas metodológicas para a
incidência das normas constitucionais na esfera juslaboral. Revista
do TST, v. 71, n. 3, set/dez. 2005. p. 51.
19
Nesse sentido, pode-se apontar a existência de uma efi-
cácia simultaneamente vertical e horizontal dos direitos funda-
mentais, uma vez que estes se encontravam presentes tanto nas
relações em que existia uma assimetria de poder entre Estado e
indivíduo (verticais) quanto naquelas que ocorriam entre pessoas
da mesma categoria, relações privadas, formadas por sujeitos
de direito privado (horizontais).
10
STEINMETZ, Wilson. A vinculação dos particulares a direitos
fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 33-34.
20
mitante do papel do Estado em relação a eles. Àqueles direitos
meramente de defesa contra a intervenção estatal, de essência
liberal-individual, acrescem-se direitos de caráter social, exi-
gindo um comportamento positivo do Estado para assegurar e
promover os direitos fundamentais da população.
Sob essa perspectiva, ainda se restringe a eficácia dos
direitos fundamentais às relações verticais indivíduo-Estado,
não mais meramente como a delimitação do espaço de atuação
estatal, mas ampliando-se rumo a um dever público de garantia
de um patamar mínimo para todos os indivíduos.
11
VASCONCELOS, Pedro Pais de. Direito de personalidade. Coim-
bra: Almedina, 2006. p. 65.
21
Orlando Gomes advertia:
Os Códigos individualistas, voltados inteiramente para
o indivíduo esqueciam a pessoa, omitindo-se diante
dos direitos sem os quais a personalidade do homem
não encontra terreno propício à sua livre e necessária
expansão. Alguns desses direitos, protegidos constitucio-
nalmente sob a forma de liberdades, não tinham a sua
tutela completada pela organização de um sistema de
defesa contra possíveis atentados de particulares, tanto
mais necessário quanto se ampliaram, adquirindo novos
aspectos e conteúdo novo, tais como o direito à vida, ao
trabalho, à educação e tantos outros.12
12
GOMES, Orlando. Memória justificativa do anteprojeto da refor-
ma do código civil. Departamento de Imprensa Nacional, 1963. p.
35.
22
4 A eficácia horizontal dos direitos fundamentais
13
SIMM, Zeno. Os Direitos Fundamentais nas Relações de Traba-
lho. Revista LTr, v. 69, n.11, nov. 2005. p. 1293.
23
mana, e autonomia privada, também um direito fundamental
com base na Constituição (liberdade de iniciativa, direito à
propriedade, etc.).
No âmbito dos direitos da personalidade, as discussões
encontram especial pertinência e campo para desenvolvimento
por se referirem a uma forma de tutela inserida diretamente nas
legislações privatistas, mesmo não se ignorando a existência
de interesse público envolvido, com o dever de tutela estatal.
Valendo-se dos direitos da personalidade, quer-se a proteção
de bens fundamentais à existência do sujeito como pessoa
humana, bens cuja importância e gravidade conduzem a uma
necessidade evidente de se assegurar seu efetivo resguardo, em
nível amplo, impedindo-se violações, ainda que em prejuízo da
autonomia privada.
Várias teorias foram criadas para explicar a vinculação
dos particulares a direitos fundamentais, podendo-se apontar a
existência de três correntes principais: teorias da eficácia mediata,
teorias da imputação ao Estado e teorias da eficácia imediata.
14
Cf.: STEINMETZ, Wilson. A vinculação dos particulares a direitos
fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 105. nota 88.
24
A esse respeito, veja-se a lição de Ingo Wolfgang Sarlet:
15
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 4.
ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004. p. 369.
16
CANARIS, Claus-Wilhem. Direitos fundamentais e direito priva-
do. Trad. Ingo Wolfgang Sarlet e Paulo Mota Pinto. Coimbra: Al-
medina, 2003.
25
relação entre particulares, a responsabilidade seria do Estado,
pelo descumprimento de seu dever de proteção, na mediação
da aplicação de tais direitos. As lesões de direitos fundamentais
entre particulares seriam, pois, resultado de permissão ou não-
proibição estatal.
Os defensores das teorias da imputação ao Estado rece-
bem críticas por atribuírem ao Estado participação e responsa-
bilidade por todas as intervenções de particulares em direitos
fundamentais, ensejando uma correlata irresponsabilidade
privada diante desses direitos. Além disso, um efetivo respeito
aos direitos fundamentais só se viabilizaria em se admitindo a
responsabilidade do Estado numa zona em que prevalece o
princípio da não-intervenção, o terreno das relações negociais
e da autonomia privada.
17
STEINMETZ, Wilson. A vinculação dos particulares a direitos
fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 167.
26
constitucionais, públicos ou particulares, com eficácia indepen-
dente de regulações legislativas ou de recurso a interpretações
de cláusulas gerais de direito privado.
Sobre a questão da intervenção para defesa de direitos
fundamentais em situações de autonomia privada, observam os
defensores dessa corrente a existência de um complexo jogo de
interesses, em que estão presentes interesses individuais, ligados
à autonomia privada, e interesses sociais, que se inserem numa
idéia de alteridade. Quanto ao social, vislumbra-se a dignidade
da pessoa em sentido amplo, o que acaba por justificar a apli-
cação imediata de direitos fundamentais, ainda que em restrição
da liberdade de contratar.
Essa ambivalência dos interesses envolvidos é destacada
nas palavras de Wilson Steinmetz:
18
STEINMETZ, Wilson. A vinculação dos particulares a direitos
fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 227.
27
Ressalte-se que a finalidade de um estudo da aplicação
dos direitos fundamentais, especialmente os da personalidade,
deve-se voltar especificamente para a promoção mais ampla da
tutela desses direitos. Dessa maneira, não se restringe a aplica-
bilidade desses direitos a um só modo ou a apenas uma esfera
das relações jurídicas. A idéia de uma eficácia vertical não se
opõe à da eficácia horizontal, de forma que os direitos funda-
mentais devem ser aplicados tanto nas relações assimétricas
do indivíduo com o poder público quanto naquelas em que
presentes sujeitos privados, estejam estes em equilíbrio ou não.
Da mesma forma, não se deve ter por incompatível a aplicação
das diferentes teorias da eficácia horizontal.
Para Wilson Steinmetz:
6 Referências
19
STEINMETZ, Wilson. A vinculação dos particulares a direitos
fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 266.
28
CAPELO DE SOUSA, Rabindranath V. A. O direito geral de per-
sonalidade. Coimbra: Coimbra, 1995.
CANARIS, Claus-Wilhem. Direitos fundamentais e direito pri-
vado. Trad. Ingo Wolfgang Sarlet e Paulo Mota Pinto. Coimbra:
Almedina, 2003.
GOMES, Fábio Rodrigues. A Eficácia dos Direitos Fundamentais
na Relação de Emprego: algumas propostas metodológicas para
a incidência das normas constitucionais na esfera juslaboral.
Revista do TST, v. 71, n. 3, set./dez. 2005. p.47-77.
GOMES, Orlando. Memória justificativa do anteprojeto da re-
forma do código civil. Departamento de Imprensa Nacional,
1963.
RODRIGUES, Manuel Cândido. O Novo Código Civil e os Di-
reitos Fundamentais. Revista Trabalhista, Rio de Janeiro, Vol.
V, 2003. p. 199-211.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais.
4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004.
SARLET, Ingo Wolfgang (Org). Constituição, direitos funda-
mentais e direito privado. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2003.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
23. ed. São Paulo: Malheiros, 2004.
SIMM, Zeno. Os Direitos Fundamentais nas Relações de Trabalho.
Revista LTr, v. 69, n.11, nov. 2005. p. 1287-1303.
STEINMETZ, Wilson. A vinculação dos particulares a direitos
fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2004.
VASCONCELOS, Pedro Pais de. Direito de personalidade. Coim-
bra: Almedina, 2006.
VASCONCELOS, Pedro Pais de. Teoria geral do direito civil.
Coimbra: Almedina, 2005.
29
30