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Por uma cidadania mais informada, engajada e interactiva

Governação Electrónica
e Acesso a Informação em Moçambique

Maputo, Outubro de 2014


Observatório do Acesso à informação da ACDH
Por uma cidadania mais informada, engajada e interactiva

Governação Electrónica
e Acesso a Informação em Moçambique
Ficha Técnica

Título: A Governação electrónica e o acesso à informação em Moçambique

: Stela Marisa; Raul Uate e Milton Perreira.


Edição: Associação Centro de Direitos Humanos.
Design & Layout: Sílvio Santos
: Milenio Serviços
Tiragem: 100 exemplares

© CDH- 2014
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo
transmitida por meios electrónicos ou gravações, sem a permissão por escrito do autor e dos editores. Os pontos
de vista expressos nesta publicação não são necessariamente os da Associação Centro de Direitos Humanos.
INDÍCE

PREFÁCIO ....................................................................................... 1
INTRODUÇÃO ................................................................................. 2
I. PANORAMA DA GOVERRNAÇÃO ELECTRÓNICA EM
MOÇAMBIQUE ............................................................................. 5
1.1 Evolução da Governação electrónica em Moçambique ........... 5
1.2 Desafios e projectos na área da governação electrónica ......... 9
I.Extensão das Redes de Transmissão: um processo de duas
velocidades. ................................................................................. 9
ii. Diminuição dos Custos de Acesso às TIC’s .................................. 10
AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
DIFUSÃO DA INFORMAÇÃO ............................................................ 11
2.1. Um uso desequilibrado das TIC’s como plataformas de
difusão de informação de utilidade pública ............................ 11
2.2. Questionando a qualidade da informação difundida
pelas Plataformas públicas ...................................................... 13
AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO
ACESSO À INFORMAÇÃO ................................................................ 14
3.1. O nível de acesso às TIC’s em Moçambique ............................
3.1. A utlização das TIC’s no acesso à informação .......................... 14
I. A utilização das TIC’s condicionada à factores socioeconómico .. 16
ii. À utilização das TIC’s condicionada à adopção de políticas 16
públicas? O processo de migração digital ................................... 17
CONCLUSÃO ................................................................................... 19
BIBLIOGRAFIA ................................................................................. 20
1

PREFÁCIO

A realização do Direito de acesso à informação pelos moçambicanos foi eleito um dos


temas principais de pesquisa da associação Centro de Direitos Humanos (ACDH), em
virtude da sua importância para a materialização de outros direitos humanos.

Neste contexto, a ACDH tem procurado, através do seu observatório de acesso à


informação analisar todos os aspectos que possam contribuir para a melhoria deste
direito, tendo analisado neste relatório a influência das tecnologias de informação e
comunicação para a melhoria deste direito.

Com efeito, notamos que, apesar de reconhecidos esforços empreendidos pelo governo
em tornar as TICs uma realidade em Moçambique, muito resta a fazer para que estas
possam efectivamente contribuir para melhorar o acesso à informação, apesar da sua
incontestável importância.

Há, por isso, necessidade de identificar os benefícios e os constrangimentos para a


efectivação do acesso à informação em Moçambique, objectivo este que o presente
relatório se outorga, na convicção de conseguir, pelo menos, lançar a reflexão sobre o
tema.

Do nosso lado fica o compromisso de contribuirmos para tornar o direito de acesso à


informação uma realidade em Moçambique

Por uma cidadania mais informada, engajada e interactiva!

Luis Bitone Nahe


Coordenador da ACDH
2

INTRODUÇÃO tecnologias de informação são instrumentos


indispensáveis de difusão e acesso à informação.
O acesso à informação de utilidade pública é
um direito fundamental que permite aos cidadãos a As Tecnologias da Informação e
participação plena na vida política, social e Comunicação (TIC’s)
económica do Pais. conjunto de técnicas e equipamentos que permitem
A necessidade do acesso à informação por uma comunicação à distância por via electrónica 4 ,
parte dos cidadãos é condição essencial para a abrangendo desta forma, todas as tecnologias que
construção de um Estado Democrático, pois, este interferem e mediam os processos informacionais e
acesso garante não só a participação dos cidadãos comunicativos dos Homens através do acesso,
nos assuntos de interesse público, como também a processamento, transmissão e troca de informação
transparência das instituições públicas que tem como relacionada com texto, som, dados e imagens. As
missão principal servir o cidadão. TIC’s abrangem assim, o uso de computadores
(Internet), aparelhos de Rádio, ,
A importância deste Direito previsto em banda larga,
instrumentos jurídicos internacionais e nacionais de além de uma série de dispositivos especializados,
enorme relevância jurídica como é o caso da que vai desde scanners de códigos de barra até ao
Declaração Universal dos Direitos Humanos GPS.
(DUDH)1 , da Carta africana dos Direitos do Homem
e dos Povos (CADHP)2 e da Constituição da O uso das TIC’s promove a cultura e o
República de Moçambique (CRM)3 , obriga o desenvolvimento da sociedade da informação,
estabelecimento de mecanismos de difusão e acesso através de sua visão estratégica que permite o uso
à a plena promoção, das mesmas em lugares públicos, em casa, no
respeito e garantia deste direito. trabalho, entre outros.

É hoje consensual, em virtude da sua


As TIC’s melhoraram substancialmente o
disseminação e utilidade comprovada, que as
nível de conhecimento da sociedade e das

1
comunidades, pois permite-lhes estarem melhor
Vide o Artigo 19 da DUDH.

2
equipadas sob o ponto de vista da acessibilidade da
Vide Artigo 9 da CADHP.

3 Vide o nº1 do Artigo 48 da CRM. 4 Dicionário Larousse.


3

informação, encurtando distâncias e facilitando A Governação electrónica


múltiplas interacções entre cidadãos e os Governos como sendo a aplicação das TICs para governação
de forma rápida e barata, contribuindo para o através da difusão de informações de utilidade
empoderamento do acesso à informação, deixando pública e provisão de serviços públicos aos
as pessoas com conhecimentos relevantes e cruciais cidadãos, ao empresariado e à sociedade civil em
para desenvolver o País. geral.

O Mundo regista actualmente um Para as instituições internacionais como o


Banco Mundial a governação electrónica implica a
quantidade, qualidade das TIC’s, na mesma altura utilização das TIC’s para mudar a maneira como os
que os preços de aquisição destas baixam de 20-30% cidadãos e as empresas interagem com os seus
ano, tornando-as mais acessíveis e permitindo o uso
das mesmas como instrumento de governação. destes no processo de tomada de decisão, no
ACESSO À INFORMAÇÃO, na transparência
5
Esta democratização da TIC’s confere-lhe pública e no reforço da sociedade civil. Assim, a
uma importância politico, social, económica e governação electrónica tem à vocação de aproximar
cultural que não é ignorada pelos governos dos as administrações públicas dos seus cidadãos, ou
Estados, tornando-as numa ferramenta essencial na seja, a governação electrónica é a transformação da
difusão e acesso à informação e obrigando à estes a forma tradicional como os governos interagem com
adoptar uma Governação Electrónica6 7 . os governados.

A governação electrónica, assumindo os


5. As TICs são utilizadas por mais de metade do Mundo.
valores de uma sociedade do saber e do
Segundo dados estatísticos da ITU World
Telecommunication/ICT Indicators database, divulgados em
desenvolvimento tecnológico actual, rejeita a
2014, existem no mundo, por exemplo, cerca de 3 milhões de governação burocrática não transparente
usuários de internet. das administrações públicas, levando ao
6 Importa distinguir a « Governação » do « Governo » estabelecimento do que alguns designam por
electrónico. A primeira designa a maneira ou o processo de
administração tendentes a alcançar certos objectivos e Democracia electrónica.
interesses, ao passo que o « Governo » é a instituição ou o
aparelho instituído para alcançar estes objectivos ou interesses.

7A Governação electrónica é também designada por E-


Gouvernance.
4

Segundo as Nações Unidas8 , a governação informações disponibilizadas por


electrónica deve assentar-se em 05 princípios de esta via.
base:
Fornecimento de serviços segundo à O estudo « E-Governement at the
exigência dos cidadãos; » elaborado pelas Nações Unidas em
Acessibilidade aos serviços 2003 sugere 03 condições prévias à Governação
disponibilizados; electrónica :
Promoção da inclusão social; Um mínimo de infra-estruturas
Fornecimento de informação de tecnológicas;
maneira responsável; e Recursos Humanos capacitados ;
Utilização das TIC’s e dos Recursos e
Acesso considerável às TIC’s
pelos cidadãos.
O comité de gestão pública da organização
europeia para a cooperação e desenvolvimento
Deste modo, à resposta às questões como o
económico considera que uma administração
das plataformas e modos de difusão de informação
electrónica depende de 03 factores:
através da TIC’s; tipos de TIC’s usadas na difusão;
Informação;
o nível de acesso dos cidadãos à estas plataformas e
Participação; e
as TIC’s, o preço de aquisição das TIC’s, as
Consulta.
competências para uso das TIC’s entre outras,
De um
permite-nos avaliar o estágio da Governação
governos. Por um lado, a criação de
electrónica e o seu impacto na melhoria do acesso à
uma estrutura e estratégia de
informação em Moçambique.
DIFUSÃO e gestão de informação de
utilidade pública através das TIC’s e,
Por isso, a abordagem sobre a «Governação
por outro lado, na garantia de
electrónica e o acesso à informação em
ACESSO às TIC’s por parte dos
Moçambique» passa pela descrição do panorama
cidadãos, por forma a acederem às
actual da governação electrónica em Moçambique
(I), analisando-se o nível de utilização das TIC’s na

88 Unites Nations Rapport: 2008.


5

difusão da informação (II) e o nível de acesso e participation) segundo as Nações Unidas no seu
utilização das TIC’s no acesso à informação (III). relatório de 2005 e 2006, tendo já sido considerado
por duas vezes consecutivas (2004 e 2005) o Pais
africano com melhor política de informática.

Esta dupla posição contraditória de


Moçambique nos índices sobre a governação
electrónica, que pode ser explicada pela sua recente
História nesta

estes que o Pais procura superar através da


implementação de projectos em nesta área.

1.1. Evolução da Governação electrónica em


I. Moçambique
ELETRÓNICA EM MOCAMBIQUE
O Ano de 1998 pode ser considerado como o
Apesar de ocupar a 158º posição9 no índice ano do estabelecimento do compromisso do Governo
de desenvolvimento da governação electrónica da moçambicano no estabelecimento de governação
organização das Nações Unidas, o que o torna num electrónica, pela criação da Comissão para a Politica
dos Países menos avançados no processo de de Informática através do Decreto presidencial
implementação deste tipo de governação10 nº2/98 de 26 de Maio.
Moçambique é dos países africanos com o melhor
índice de participação pública por meio das TIC’s (e- A criação desta comissão demonstrava assim
a consciência governamental da importância das
9 Entre 193 Países. TIC’s, mormente, do uso do computador/internet na
10 Fonte: E-Government Survey 2012, Organização das Nações
administração da coisa pública.
Unidas.

O cometimento pela governação electrónica,


através do uso de computadores/internet,
6

demonstrado com a aprovação da Política de


Informática de Moçambique adoptada pela
resolução do Conselho de Ministros nº 28/2000 de
12 de Dezembro dando-se, assim, um passo
o reconhecimento das
oportunidades que o uso efectivo das tecnologias de
informação e comunicação oferece para a melhoria
da governação.
Em 2007, o governo extinguiu a Comissão
para a Politica de informática, transferindo as suas
Outro marco importante sucedeu em 2002
funções e a sua unidade técnica (Unidade técnica de
com a aprovação da estratégia de Implementação da
implementação da Politica de informática - UTICT)
Política de Informática que centrava-se no contributo
para a Comissão interministerial da reforma do
que podia advir da Informática para a redução da
sector público (CIRESP) e conferindo ao Ministro da
pobreza absoluta no País. A aprovação desta
Ciência e Tecnologia a tutela.
estratégia seguiu a criação, no mesmo ano, da
Unidade Técnica de implementação da Politica de
Esta nova comissão passou a ter, para além
Informática através do Decreto nº 50/2002, de 26 de
das suas outras atribuições e funções, a
Dezembro, com a função principal de implementar a
responsabilidade de zelar pelo desenvolvimento das
politica e a Estratégia de informática.
TIC’s, em geral, em Moçambique.

Entretanto, só em Julho de 2006 é que foi


Em Agosto de 2010 aprova-se o Quadro de
aprovada a Estratégia de Governação Electrónica interoperabilidade do governo electrónico, cujo o
pelo conselho de ministros, tendo sido no mesmo
objectivo é o de melhorar o ambiente de trabalho e
de colaboração entre os órgãos do Sector Público,
Moçambique ( ).
através da partilha criteriosa de informação e de
dados existentes na função pública.

Dr. Salomão Manhiça, governação electrónica em


Moçambique é
electrónica do Governo (GovNet), do Portal do
7

Governo e dos portais de várias instituições de divulgação de informação de interesse público


públicas, do e- dos mais relevantes em Moçambique, pois, possui
uma programação constituída por cerca de 62% de
programas nacionais e 38% de programas
estrangeiros e transmite para todo o Pais, via
Multimédia (CMCs), da satélite12 .

Idêntica relevância tem a Rádio Moçambique


(RM), criada através da nacionalização das Rádios

13
etc.”. .

Entretanto, se a Governação electrónica em


Moçambique é muitas vezes associada ao uso de Junho de 1994, a RM possui uma cobertura nacional
computadores/Internet, as TIC’s não se resumem as e emite em língua portuguesa e nas línguas locais, o
estes, sendo por isso de referir que desde a sua que a torna num veículo de transmissão de
independência em 1975 Moçambique tem procurado informação pública de particular importância,
adoptar as tecnologias de informações e principalmente pelo facto de emitir nas línguas
comunicação na governação pública, sendo de nacionais, num pais onde mais da metade da
destacar a utilização dos órgãos de comunicação
públicos, nomeadamente, a Televisão e Rádio de
Moçambique Estas duas TICs são alvo, desde 2010, de um
movél. processo de MIGRAÇÃO do sistema analógico para
a digital, em virtude da decisão tomada na 44ª sessão
Criada em 1981 como Televisão do Conselho de Ministro realizada à 7 de Dezembro
Experimental de Moçambique (TVE) com de 2010 que adoptou o DVB-T2 como padrão
transmissões apenas aos domingos, a Televisão tecnológico a ser implementado em Moçambique,
pública, renomeada Televisão de Moçambique com vista, entre outros e segundo o Governo,
(TVM)11 a partir de 1991, constitui um dos veículos
12
Www.tvm.co.mz
11 A Televisão de Moçambique – Empresa Pública (EP) foi
13
criada pelo Decreto 19/94 de 16 de Junho. Www.rm.co.mz
8

melhorar a qualidade de recepção dos conteúdos conforme o Boletim da República III Série –
produzidos pelos operadores de Rádio e televisão 14 . Número 13, de 03 de Abril de 2009 15 .
De forma a coordenar este processo migratório foi
criada a Comissão Nacional da Migração Digital À par da telefonia fixa temos a telefonia
(COMID). móvel que surgiu em Moçambique em 1997 com a
empresa Moçambique-Celular (Mcel)
Actualmente, grande investimento tem revolucionando a comunicação através do uso
massivo dos telefones celulares.
constituírem um incontornável meio de comunicação
e transmissão de informação. Na sequência da Lei das
Telecomunicações de 1999, que criou as
Estas duas TICs que surgiram em épocas condições para o processo de desregulamentação,
distintas em Moçambique têm pela sua surgiram outras operadoras de telefonia móvel,
democratização contribuindo grandemente para o existindo em Moçambique, actualmente, três
acesso e difusão da informação. companhias de direito privado de telefonia móvel: a
Mcel (Moçambique Celular) que foi a primeira
A telefonia em Moçambique é com
representada pela empresa Telecomunicações de
Moçambique (TDM) criada em 1981 como empresa Deste modo, constatamos que o governo
estatal, pelo decreto 05/81, de 10 de Junho, a partir moçambicano desde a independência tem procurado
da separação da então Correios, Telégrafos e implementar as TICs cientes da sua importância para
Telefones (CTT). o desenvolvimento do Pais à todos os níveis, mesmo
Esta empresa sofreu várias transformações
societárias, tendo passado em 1992 para empresa
pública (E.P), através do decreto 23/92, de 10 de
Setembro e em 2002 transformando-se empresa de
direito privado, SARL, por força do decreto 47/2002,
de 26 de Dezembro. Finalmente em 2009 foi
15 A TDM tem estado a fornecer um serviço de qualidade na
transformada em Sociedade Anónima (TDM, SA), área da telefonia fixa, bem como em áreas como serviços de
Internet de Banda Larga, através da instalação na fibra óptica,
que não só melhora a prestação destes serviços como permite a
14
Www.incm.gov.mz melhoria doutros serviços como a televisão por cabo.
9

Quadro.01 projectos existentes na área da governação


electrónica.

GOVERNAÇÃO ELECTRÓNICA EM i. Extensão das Redes de Transmissão: um


MOÇAMBIQUE cidades.
1991:
Televisão de Moçambique A extensão das redes de transmissão, com vista a

1997: Criada a empresa Moçambique Celular. aproximar as TICs dos cidadãos apresenta duas
velocidades, dependendo da TIC em causa e do autor
1998: Criação da Comissão para a politica de
Informática. ou responsável desta extensão.

2000: Aprovação da politica de Informática.


2002:Aprovação da estratégia de implementação da No âmbito da extensão da rede informática pelo

politica de informática. Pais, o Governo tem procurado, entre outros,


expandir a Rede Electrónica do Governo aos
2002: Criação da Unidade técnica de implementação
da politica de informática. Governos provinciais, criar centros provinciais de

2006: Aprovação da estratégia do Governo Recursos digitais (CPRDs), Centros comunitários

electrónico.2006: Lançamento do portal do governo. multimédia (CMCs), unidades móveis de tecnologia

2006: Lançamento do observatório das TIC’s. e informação e comunicação e formando

Criação do Instituto de Tecnologias de p

Informação e Comunicação.
Entretanto, se estas acções têm permitido
2012: Migração digital.
estender a rede informática pelo Pais, as mesmas

à rede informática pelos cidadãos moçambicanos,


1.2.
uma vez que, actualmente, estes centros e unidades
electrónica
2% dos cidadãos., sendo que
parte considerável dos cidadãos que utilizam
computadores e tem acesso à internet, têm no através
relativos a governação electrónica em Moçambique,
a Extensão das Redes de Transmissão e a
importante a expansão da rede informática pública.
Diminuição dos Custos de Acesso às Tic’s
10

Diferente cenário apresentam as outras TICs, ii. Diminuição dos Custos de Acesso às TICs
mormente, Rádio, Televisão e Telefonia (Fixa e
móvel) onde a cobertura, com a excepção da As TICs apresentam custos que vão dos
Televisão, é quase de 100% do território um peso
moçambicano, tornando deste modo ultrapassado o no orçamento dos cidadãos, quando se sabe que mais
expansão destas tecnologias. da metade dos moçambicanos vive com menos de
30MT por dia.

Assim, a expansão da rede de transmissão deve


ser acompanhada pela tomada de medidas tendentes
a diminuição dos custos de aquisição das TICs, pois
só assim teremos uma real utilização das TICs pelos
cidadãos.

Uma das medidas avançadas para permitir uma


Tal diferença pode ser pela forma de maior aquisição das TICs pelos cidadãos encontra-se
gestão e consequente responsabilidade de expansão espelhada na política de informática que apresenta
das mesmas, uma vez que estas tecnologias estão sob com um dos seus objectivos o de tornar o Pais num
a gestão de empresas públicas (Rádio e Televisão),
por um lado, de empresas privadas (as Telefonias), para o Pais em matérias das TICs segundo o então
por outro lado. 16
.

expansão pode estar Entretanto, pouco foi feito para que o Pais tornar-
ultrapassado, o custo de aquisição destas tecnologias se num produtor de TICs e consequente diminuição
continuam elevados para a maior parte da população, dos preços de aquisição pela eliminação dos custos
de importação, sendo que as diminuições que
ocorrem são resultado das regras de concorrências
próprias do mercado.

16Entrevista com Salomão Manhiça no Magazine MozTec


nº1,2008.
11

Deste modo, o panorama actual da governação constrangimentos da utilização destas plataformas na


electrónica em Moçambique apresenta uma evolução difusão da informação de utilidade pública.
considerável na implementação das TICs, porém,

acesso pelo cidadão, o que periga o uso das TICs 2.1. Um uso desequilibrado das TICs como
quer na difusão da informação, quer no acesso à esta plataformas de difusão de informação de utilidade
informação pelos cidadãos. pública.

Na difusão de informação de utilidade


AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E pública o governo tem feito um uso desequilibrado
COMUNICAÇÃO NA DIFUSÃO DA das várias plataformas de difusão de informação
INFORMAÇÃO constituídas pelas várias tecnologias de informação.

A necessidade e importância da As plataformas da Rádio e televisão têm sido


implementação de uma governação electrónica em as mais utilizadas para difundir informação por parte
Moçambique é hoje indiscutível, tendo o Governo já do governo.
os nesse sentido.

Entretanto, a efectiva implementação desta


governação no Pais, no que diz respeito a sua

pela análise da utilização concreta que o governo


tem feito das TICs para difundir informação de
utilidade pública, sendo a difusão de informação,
uma componente importante do direito de acesso à
A razão para maior utilização destas duas
informação.
plataformas na difusão da informação pode ser
encontrada no facto destas estarem ainda sob a
Nestes termos, convém analisar, por um
gestão pública, sob gestão de empresas públicas.
lado, a existência e qualidade de plataformas
utilizadas pelo governo para a difusão de informação
Entretanto, na utilização destas plataformas
de utilidade pública e, por outro lado, os possíveis
deve-se ter em conta a existência de operadores
12

privados de rádio e comunicação, frutos da abertura tem permitido demonstrar o comprometimento do


do mercado da comunicação social, que detêm uma governo com a governação electrónica.
, principalmente nas
zonas urbanas. Entretanto, um maior efeito do uso desta
plataforma no acesso à informação passa
A outra plataforma de difusão de necessariamente pela adopção plataformas que
informação muito utilizada para a divulgação de permitam uma maior comunicação entre o governo e
informação de utilidade pública é a plataforma os cidadãos.
informática, ou seja, a internet.

Como forma de utilizar a internet como


veículo de difusão da informação o governo
moçambicano adoptou serviços, com destaque para
os seguintes:
 Portal do Governo
(www.portaldogoverno.gov.mz).
 Portal dos Governo provinciais.
 Rede electrónica do Governo (GovNet).17
 Plataforma comum de comunicação e
interoperabilidade do sistema de gestão
Se é verdade que Moçambique encontra-se
em boa posição no que diz respeito ao e-
-sistaf), de registo de
participation18 (participação pública por meio do uso
da internet), na vertente da e-information
empresarial e registo de entidades legais,
(disponibilização de informações de interesse
etc.
público nas páginas do Governo) ainda resta
muito à fazer, se olharmos quer para a inexistência
Se, à excepção dos portais, a internet tem
de páginas webs em todas instituições públicas, quer
sido usada para a difusão interna (no seio do
governo) de informação, a adopção desta plataforma
18 Moçambique foi o melhor Pais africano em matéria de e -
17
Plataforma de comunicação interna do governo que conecta participation, segundo a pesquisa da ONU sobre a Governação
mais de 150 instituições públicas. electrónica 2008.
13

para a qualidade e actualidade da informação 2.2. Questionando a qualidade da informação


apresentada por estes portais. difundida pelas Plataformas públicas.

Deste modo, apesar da existência de avanços Falar das plataformas públicas de difusão de
consideráveis na utilização da internet como veículo informação é falar, essencialmente, da Rádio e
de difusão de informação, a utilização desta TIC Televisão públicas e dos portais dos Governos,
nacionais e provinciais.

Relativamente a Telefonia a sua utilização Relativamente aos portais dos Governos é um


ainda é inexistente, pois, apesar desta ser a TIC mais
utilizada pelos cidadãos, a sua utilização pelo vez que, para além de fornecerem poucas
governo como veiculo de difusão de informação é informações, não raras vezes estas informações
ainda incipiente. encontram-se desactualizadas, em virtude de falta de
manutenção constante destes portais.

móvel na difusão de informações de utilidade Os portais para além de serem uma fonte de
pública denota uma atitude disfuncional por parte informação de consumo interno, i.é, pelos cidadãos
das instituições públicas, pois, com a existência de no interior do Pais, são também uma fonte de
consumo externo, em virtude da ausência de
móveis podia ser utilizado por estas para enviar aos fronteiras no que diz respeito ao acesso à informação
utilizadores mensagens (texto ou voz) de utilidade
pública. servem para alimentar de informação mesmo quem
se encontre fora do Pais. Deste modo, a actualidade e
Deste modo, as TICs ainda não são usadas na qualidade da informação que se pode encontrar nos
sua plenitude para difundir informação de utilidade
pública tornando, assim, a sua utilização incipiente das instituições públicas e das informações que elas
enquanto meio de difusão de informação por parte fornecem.
das instituições públicas. Esta situação torna-se mais
criticável quando as plataformas públicas das TICs A idoneidade e seriedade da Rádio e
são alvo de críticas relativamente a imparcialidade e Televisão públicas são também questionadas, pois
qualidade das informações difundidas. estas muitas vezes são acusadas de difundirem
14

informações parciais, subjectivas e sem isenção, grandemente como àquele que permite aceder à
pondo em causa, assim, a qualidade da informação informação sendo, por isso, relevante analisar até
difundida por vias destas plataformas19 . que ponto as TICs tem permitido o real acesso à
informação de utilidade pública pelos cidadãos.
Deste modo, porque estas plataformas
públicas são as mais usadas na difusão da Apesar ser
informação, a existência dúvidas sobre a qualidade instituições públicas têm utilizado as TICs para
da informação por elas prestadas, para além de por difundir informação de utilidade pública, razão pela
em causa o uso das TICs na difusão de informação, qual as TICs têm este papel relevante na
põem em causa o próprio direito de acesso à materialização do acesso à informação em
informação. Moçambique.

Portanto, para além do uso das TICs como Entretanto, o acesso as informações
meio de difusão de informação, a qualidade da difundidas por esta via pressupõe, por um lado, a
informação prestada por via destas é essencial para a adesão ou acesso a estas TICs e, por outro lado, à
concretização do direito de acesso à informação. utilização destas tecnologias sem constrangimentos,
pois, só assim poderemos falar das TICs como um
veiculo que permite o acesso à informação.
AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO NO ACESSO À
INFORMAÇÃO 3.1. O Nível de acesso às TICs em Moçambique.

Se a existência de informação à difundir e Moçambique ainda apresenta baixos níveis


sua difusão concreta é condição para a concretização de adesão pelas populações às TICs, apesar dos
do direito de acesso à informação, este direito é visto esforços realizados e dos progressos alcançados.

19 Uma das situações apontadas como imparcialidade no De acordo com os dados da União
fornecimento de informação é, por exemplo a existência de
uma lista de comentadores permanentes na TVM e RM (O Internacional de Telecomunicações (UIT),
caso G-40) que, segundo as acusações visam tecer somente
Moçambique ocupa a posição nº 145 no que diz
comentários abonatórios às acções do Governo, distorcendo
para tal a informação real(Vide Jornal Savana)
15

respeito ao acesso dos cidadãos às TICs, numa lista


de 152 paises no mundo20 .

Esta posição do Pais é resultado de


sucessivas descidas no Ranking, pois, apesar de ter
sido pioneiro na utilização de TICs em África, como
a internet, o Pais pouco fez para evoluir e
democratizar o uso das TICs pelos cidadãos.
Este acesso considerável a esta TIC resulta
Deste modo, no que diz respeito ao acesso à do processo expansão da rede de televisão pelos
Internet, em Moçambique apenas pouco mais de Pais. Entretanto, em virtude dos custos da aquisição
3٪dos pouco mais de vinte e dois milhões dos seus a Televisão ainda é considerada bem de luxo e
habitantes têm acesso à esta ferramenta de difusão de poucas pessoas tem a cap
informação21 . compra-la e te-la em casa.

Esta percentagem é ainda pouco abonatória Um acesso mais generalizado, encontramos


quando se constata que pouco mais de 4% é que tem relativamente as TIC Rádio e Telefone.
computador em casa e destes quase a metade não o
utiliza para aceder à internet, mas sim para a A rádio apresenta-se como a TIC com a
realização de trabalhos de diversos. melhor distribuição, em termos de acessibilidade,
pelo território nacional, por não apresentar um fosso
Cenário melhor, porém ainda por melhorar entre a acessibilidade no meio urbano e no meio
encontramos relativamente a Televisão, onde estima- rural.
se que pelo menos 38% da população tem acesso 22 ,
mesmo se não possuem o aparelho televisivo. Relativamente ao Telefone, maior
predominância em termos de acesso tem, hoje, o
telefone mó
20 http://www.oplop.uff.br/boletim/690/mocambique-

posiciona-se-nos-ultimos-lugares-do-ranking-de-uso-acesso-
tecnologias-de-informacao-comunicacao. O uso do
21 Idem. (o tráfego
22 Ibdem. entrada em comercialização dos telefones moveis
16

m constrangimentos mostra-se também indispensável


aumentado exponencialmente (de 2 500 utentes em para um concreto acesso à informação.
1997 para um estimado 2 700 000 em 2006 e mais de
4 000 000 em 2007). Entretanto, a realidade mostra-nos que o
Portanto, o acesso aos dois tipos de telefone acesso à informação através da utilização das TICs
(Fixo e Móvel) tem sido inversamente proporcional, encontra-se condicionado, por um lado, por factores
pois, enquanto o diminui, o socioeconómicos e, por outro lado, pela adopção de
acesso ao telefone móvel aumenta políticas públicas.
, tornando-o, entre estas duas
TICs, naquela que é mais acedida.
i. A utilização das TICs condicionada à
Importa referir, que o acesso ao telefone factores socioeconómicos.
móvel proporciona maiores opções de uso, uma vez
que estes podem acoplar em si as TICs rádios, A utilização das TICs esta dependente de
internet e televisão. alguns factores socioeconómicos, mormente, o nível
Deste modo, o nível de acesso às TICs é de alfabetização (incluindo alguma formação nas
ainda baixo, o que pode por em causa o seu uso na TICs), a cobertura da rede eléctrica e o preço adstrito
difusão e no acesso à informação em Moçambique, à sua utilização.
havendo, por isso, necessidade de aumentar este
nível, principalmente, relativamente a Televisão, por A taxa de analfabetismo, apesar das reduções
forma que as TICs sejam realmente usadas como
veiculo de acesso à informação, ultrapassados os principalmente nas zonas rurais (diferença superior a
possíveis constrangimentos. 12 pontos percentuais em relação as zonas
urbanas)23 . Ora, a utilização cabal das TICs
pressupõe a o desenvolvimento de competências,
3.2. A utilização das TICs no acesso à informação. pelo menos no campo da escrita e da leitura.

Se o acesso dos cidadãos às TICs é Porque o Pais ainda enfrenta um grande


importante para que estes possam aceder à
informação por meio destas, a utilização sem
23 Plano tecnológico da Educação-2011. P.24.
17

TICs como ferramenta de acesso à informação passa, Propostas de redução são avançadas como,
necessariamente, pela alfabetização dos cidadãos. por exemplo, baixar os custos dos próprios
operadores e assegurar o fornecimento gratuito de
À par da alfabetização, a utilização das TICs serviços com wireless.

sabendo-se que as TICs funcionam basicamente Deste modo, porque a utilização concreta das
através da corrente eléctrica. TICs é condição para um acesso efectivo à estas, a
remoção destes constrangimentos socioeconómicos
O acesso das famílias Moçambicanas à
electricidade é ainda reduzido. Em 2009, apenas ferramentas de acesso à informação.
14,3% dos agregados familiares tinham acesso a
electricidade (face a 12% em 2008), sendo de ii. À utilização das TICs condicionada à
destacar as elevadas disparidades que adopção de políticas públicas? O processo
entre a região sul do país e as regiões norte e de migração digital.
24
centro . nto da
corrente eléctrica põe em causa a utilização cabal das No cumprimento das recomendações saídas
TICs. da Conferência Regional de Radiocomunicação
Outro constrangimento importante na que determinou a migração da televisão até 2015 e
utilização das TICs esta relacionado com os custos da Rádio no mais curto espaço de tempo, do sistema
da utilização dos mesmos. analógico para o digital Moçambique esta no
processo que transformará, substancialmente, o
Os preços como os de acesso à Internet e acesso à estas duas TICs.
utilização do telefone ainda são exorbitantes para
uma população rural que vive com menos de USD 1 O sistema digital tem múltiplas vantagens
por dia. Assim, o acesso às TICs pela utilização para produtores e destinatários em termos da
concreta das mesmas passa pela redução qualidade melhorada de imagem e som, mais
escolhas de programa, mobilidade portabilidade
utilização. dos receptores, a possibilidade de difundir rádio
através da Internet ou de satélite56, e a
24 Idem, p.26.
18

capacidade de difundir mais do que um programa continuação da utilização plena destas duas
simultaneamente num único canal25 . ferramentas de acesso à informação se o governo
tomar medidas no sentido de minimizar os custos
Porém, a adopção da digitalização traz deste processo para os cidadãos.
enormes País, no que diz respeito a Portanto, a adopção de certas políticas
utilização destas duas TICs, uma vez que implica a públicas, como é o caso da política de migração
substituição das actuas Rádios e Televisões digital, deve procurar acautelar que o acesso às TICs
analógicas (detidas actualmente por mais de 45% de não sofra encargos, pois, estes tem sido um dos
famílias) pelas Rádios e Televisões digitais com maiores entraves ao seu acesso e consequentemente,
26
. da utilização destas no acesso à informação.
Deste modo, a adopção desta politica de
migração digital pelo governo só permitirá a

25GASTER, Polly et all.: Inclusão digital em


Moçambique: um desafio para todos. Julho, 2009. P.43.

26 Idem.p.44.
19

CONCLUSÃO

O valor das Tecnologias de informação no Moçambique tem registado avanços


desenvolvimento é facto consensual, razão do consideráveis no uso destas tecnologias, mesmo se
compromisso do governo com as tecnologias de da alfabetização,
comunicação e informação, materializada pela expansão da rede eléctrica e a pobreza que
adopção de uma governação electrónica. infelizmente ainda graça o Pais, condicionam o seu
desenvolvimento.
Este compromisso do Governo com as
tecnologias de comunicação e informação constitui
uma oportunidade para a concretização do direito concretização do direito de acesso à informação
fundamental de acesso à informação. passa pelo desenvolvimento da governação
electrónica, pois, o rumo da sociedade é para
Entretanto, estas tecnologias estão sujeitas a construção duma sociedade tecnológica.
um desenvolvimento constante, o que obriga que o
seu uso seja acompanhado com um desenvolvimento
constante das competências no seu uso.
20

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