APELAÇÃO CRIMINAL. DIFAMAÇÃO E INJÚRIA. ARTS. 139 E 140 DO CP.
SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. DOLO CONFIGURADO. PRINCÍPIO DA
CONSUNÇÃO RECONHECIDO. CONTINUIDADE DELITIVA AFASTADA. PENAS CORPORAL E DE MULTA REDUZIDAS. - Cabalmente demonstradas existência e autoria dos delitos, inclusive quanto ao dolo na conduta do acusado, que veiculou, em jornal e rede social, matéria na qual ofende diretamente a reputação da vítima, sugerindo tenha a mesma percebido, de maneira escusa e irregular, vantagens e valores da Prefeitura de Santa Cruz do Sul. -Muito embora seja assegurado constitucionalmente o direito de liberdade de expressão e manifestação do pensamento, inclusive mediante veículo de comunicação escrita, este direito não é absoluto, possuindo limitações também constitucionais, quais sejam, o direito de privacidade, do nome e da imagem, entre outros. Assim, a atividade de manifestação do pensamento deve ser feita com moderação, isenta de abusos, sob pena de caracterização de ato ilícito, passível de penalização. - Cabível a aplicação do princípio da consunção já que, no caso em tela, por meio de uma matéria jornalística, decorreram dois delitos contra honra em um mesmo contexto fático. - Continuidade delitiva afastada pela absorção de crimes anteriormente aplicada e por não considerar os diversos meios de comunicação hipótese para reconhecer a existência de mais de um fato, mas sim a aplicação da majorante constante no art. 141, inc. III do CP. - Pena corporal reduzida em virtude da análise dos vetores insculpidos no art. 59 do Código Penal. - Quantum de aumento referente à agravante da reincidência reduzido. - Pena de multa reduzida. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Recurso Crime Nº 71004391298, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Madgeli Frantz Machado, Julgado em 16/09/2013)
CRIME DE IMPRENSA INJÚRIA E DIFAMAÇÃO UTILIZAÇÃO DE MEIOS
GROSSEIROS E SUMAMENTE OFENSIVOS EM MANIFESTAÇÃO VEICULADA POR EMISSORA RADIOFÔNICA, ATRAVÉS DOS QUAIS PROCURA O AGENTE PÔR EM DÚVIDA A IDONEIDADE MORAL E A CAPACITAÇÃO TÉCNICA DA VÍTIMA. DOLO ESPECÍFICO CARACTERIZADO. CONDENAÇÃO MANTIDA. ABSORÇÃO DA INJÚRIA - em delitos contra a honra, admitida a figura da difamação, não se pode admitir cumulativamente a ocorrência de injúria, levando- se em conta o mesmo fato, já que, sendo a difamação crime mais grave que a injúria, esta é absorvida por aquela. Rejeitadas as preliminares, apelação parcialmente provida. (Apelação Crime Nº 70007186315, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Antônio Ribeiro de Oliveira, Julgado em 24/03/2004)
PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. AUSÊNCIA DE ANIMUS CALUNIANDI. ATIPICIDADE. IMUNIDADE PROFISSIONAL. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. 1 - Nas infrações penais contra a honra, a injúria é considerada delito de menor gravidade, inpondo-se sua absorção pela calúnia quando praticadas no mesmo contexto, em observância ao principio da consunção. 2 - Para a configuração do crime de calúnia é imprescindível a presença do elemento subjetivo do tipo, consistente na manifesta vontade de macular a honra objetiva do querelante (animus caluniandi). De medo que, atípica é a conduta do agente que apesar de utilizar expressões ásperas e em tom de crítica se limita a reproduzir fatos amplamente divulgados na imprensa (animus narrandi). 3 - Mantém-se a absolvição sumária pelo crime de difamação se a manifestação reputada ofensiva é proferida no exercício da advocacia, situação amparada pela imunidade profissional tratada no art. 1a, § 2a, da Lei 8.906. Apelação desprovida" STJ
Contra
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO QUE PROÍBE O BIS IN IDEM. ABSORÇÃO OU
CONSUNÇÃO DOS DELITOS DE DIFAMAÇÃO E INJÚRIA PELO CRIME DE CALÚNIA. IMPOSSIBILIDADE. IMPUTAÇÃO DE FATOS DISTINTOS. DIVERSIDADE DE BENS JURÍDICOS TUTELADOS. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DE MATÉRIA FÁTICO PROBATÓRIA. 1. Ainda que diversas ofensas tenham sido assacadas por meio de uma única carta, a simples imputação à acusada dos crimes de calúnia, injúria e difamação não caracteriza ofensa ao princípio que proíbe o bis in idem, já que os crimes previstos nos artigos 138, 139 e 140 do Código Penal tutelam bens jurídicos distintos, não se podendo asseverar de antemão que o primeiro absorveria os demais. 2. Ademais, na hipótese em análise, verifica-se que diferentes afirmações constantes da missiva atribuída à recorrente foram utilizadas para caracterizar os crimes de calúnia e de difamação, não se podendo afirmar que teria havido dupla persecução pelos mesmos fatos. 3. Por outro lado, embora os referidos dizeres também tenham sido considerados para fins de evidenciar o cometimento de injúria, o certo é que tal infração penal, por tutelar bem jurídico diverso daquele protegido na calúnia e na difamação, a princípio, não pode ser por elas absorvido. 4. Para que se possa aferir se as condutas imputadas ao acusado estariam interligadas por um nexo de dependência, seria necessário o exame de matéria fático-probatória, procedimento incompatível com a via eleita. 5. Recurso desprovido. (RHC 41.527/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 03/03/2015, DJe 11/03/2015)