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O TRANSPORTE E A SOCIEDADE

Hay, William W., An Introduction to Transportation Engineering, John Wiley & Sons Inc:
New York, 1969.

O transporte é um fator essencial à vida atual. Ele foi importante para muitas
sociedades no passado e o será mais ainda para as sociedades do futuro. A adequação do
sistema de transportes é assim um excelente índice do desenvolvimento econômico de um país.
A engenharia de transportes é um dos grandes ramos de atuação da engenharia civil,
compreendendo o estudo: da técnica das estradas rodoviárias e ferroviárias, hidrovias, portos e
pistas de aeroportos, engenharia de tráfego; sistemas de comunicação; modelos de planejamento
em transportes, estudos de viabilidade, ...

O transporte tem incontáveis aplicações na sociedade, mas algumas poucas funções e os


efeitos gerais englobam os outros. A primeira função dos transportes é a de ligar a população ao
uso da terra, pelo movimento de pessoas e bens, de um lugar para outro. O homem e a sua
capacidade de produzir não estão assim limitados ao seu meio local. Com os transportes o
homem torna-se capaz de expandir os seus interesses e a sua influência sobre o mundo inteiro, e,
ao lado disto, passa a ser influenciado pelos contatos com outros povos e lugares. O fato de
nem sempre tais contatos terem sido mutuamente benéficos não diminui o significado dos
transportes.

O transporte traz óbvias contribuições à economia e à atividade industrial e contribui


também para o desenvolvimento cultural de uma nação. Os transportes são geralmente
imaginados como atividades ligadas à movimentação de bens. Bens têm pouco valor a menos
que se tornem úteis, ou seja, que adquiram a capacidade de satisfazer necessidades. O
transporte contribui para conferir duas espécies de utilidade aos bens: utilidade de lugar e
utilidade no tempo. Estes conceitos econômicos significam simplesmente ter bens aonde eles
são desejados e quando eles são desejados. Estas funções essenciais dos transportes em
relação aos bens podem, sem muito esforço de imaginação, ser aplicadas ao transporte de
passageiros.

Um outro efeito econômico é o do aumento da produtividade e da redução de custos de


produção, dos quais o custo de transporte é sempre um dos constituintes. A produção de
massa, com baixos custos unitários, e a utilização mais eficiente dos recursos naturais podem
não ter ocorrido por causa dos meios de transporte, mas sem eles não poderiam existir. A Tabela
1 mostra o efeito de produtividade crescente do homem, e a redução dos custos unitários na
medida em que o sistema de transporte torna-se mais desenvolvido e complexo. A tabela
mostra o aumento na capacidade de produção de transporte com a evolução tecnológica. A
redução dos custos unitários em ton-mile (1 ton movida por uma milha, ou 2 tons movidas por
meia milha) segue o aumento da capacidade de produção.

A alta produtividade, entretanto, é de pouco valor, a menos que os bens produzidos


sejam utilizados ou consumidos. O transporte certamente é necessário para a adequada
distribuição física dos bens. Tem-se dito que, há poucas décadas atrás, populações em áreas
remotas da China passaram fome, a despeito de produções excepcionais em outras áreas daquele
país, por causa da inexistência de transporte adequado. A existência de transporte auxilia a
igualar as oportunidades e a disponibilidade dos bens. Nenhuma região, dotada de um eficiente
sistema de transportes, necessita enfrentar privações devido à sua localização afastada.

A tabela 1 merece uma observação atenta, já que a preocupação em reduzir os custos de


movimentação de materiais é uma preocupação cada vez mais importante. A preocupação se
justifica pelo fato de que a movimentação de materiais agrega custo ao produto final e não lhe
confere nenhum valor agregado por isto.
Tabela 1- Técnicas de transporte melhoradas versus custos de transporte.

Custos diários
Tipo de transporte Produção Valor do Acessórios (a) Acessório Custo total Custo por
diária em veículo necessários (b) Operação por dia ton.mile
ton.miles (c) Juros
(em dólares) (d) Salários
(em dólares) (em dólares) (em dólares)

Homem com 1 0 Trilha e (a) 0,01


carga nas costas mochila (b) -
(100 lb (c) -
carregadas 20 (d) 0,20 0,21 0,21
milhas)

Cavalo de carga 4 80 Trilha, (a) 0,02


(200 lb sela e (b) 0,20
carregadas 40 alabardas (c) 0,01
milhas) (d) 0,40 0,63 0,16

Carrinho de mão 4 10 Caminho (a) 0,04


(400 lb movidas (b) 0,02
20 milhas) (c) 0,01
(d) 0,30 0,37 0,093

Carroça em ótima 10 10 Estrada (a) 0,08


condição (b) 0,02
(1000 lb (c) 0,01
movidas 20 (d) 0,30 0,41 0,041
milhas)

Carro e equipe 120 500 Boa estrada (a) 0,44


(3 tons líquidas (b) 0,30
movidas 40 (c) 0,10
milhas) (d) 3,00 3,84 0,032

Caminhão 2.400 8.000 Estrada (a) 2,40


(10 tons pavimentada (b) 30,60
líquidas (c) 1,50
movidas 240 (d) 20,00 54,50 0,023
milhas)

Trem de carga 80.000 800.000 Via férrea e (a) 111,74


(2000 tons estruturas (b) 424,38
líquidas (c) 180,00
movidas 40 (d) 63,92 780,04 0,010
milhas)

Obs.: Os custos diários são baseados em um trabalho de Prof. E. G. Young, da Universidade de


Illinois. O autor tomou os custos que na época correspondiam ao meio de transporte mais
habitual na região estudada.
(a) inclui todos os custos de manutenção e facilidades de operação, não inclui os custos de
capital.
(b) Combustível (ou alimento), óleo, água, manutenção, etc., exceto mão-de-obra.
(c) Inclui juros unicamente sobre o veículo, mais a amortização anual simples.
(d) Somente custo de mão-de-obra direta de operação do veículo.
A milhagem de movimento para o trem de carga é uma média estatística para todas as
ferrovias norte-americanas. Um trem de carga pode percorrer mais ou menos 320 milhas em
8 horas.

A tabela 1 merece uma observação atenta, já que a preocupação em reduzir os custos de


movimentação de materiais é uma preocupação cada vez mais importante. A preocupação se
justifica pelo fato de que a movimentação de materiais agrega custo ao produto final e não lhe
confere nenhum valor agregado por isto.
FUNÇÕES ECONÔMICAS DOS TRANSPORTES

Utilização de recursos naturais: Um fator contribuinte para a riqueza e poder de uma nação é o
acesso e a efetiva utilização dos seus recursos naturais. As matérias-primas raramente são
consumidas no lugar onde elas ocorrem na natureza. Por exemplo, o minério de ferro extraído
em Minas Gerais é transformado em aço, na Usiminas em Minas Gerais, na CSN em Volta
Redonda, em Vitória e na Cosipa em Cubatão. O minério de ferro extraído em Carajás é
exportado para o Japão. O carvão necessário à siderurgia é extraído em Santa Catarina ou
importado da Inglaterra. O calcário produzido em Rio Branco do Sul é levado para o Sudoeste
do estado. A madeira de reflorestamento é transformada em pasta para a produção de papel,
papel este que é utilizado em regiões distantes. A edição de um jornal, como o Estado de São
Paulo, é feita na capital do estado de São Paulo e é distribuída em todo o território nacional e até
no exterior. A reciclagem do alumínio, um material que pode ser reciclado indefinidamente,
envolve ciclos contínuos de transporte.
A produção de trigo do estado do Paraná, concentrada principalmente no Norte e
Noroeste do estado, é consumida em toda a região Sul do Brasil. O mesmo raciocínio se aplica à
produção do gado de corte, à produção do açúcar e do álcool de cana, do café, ...
O transporte de matérias primas do lugar de produção, ou de extração, para os pontos de
processamento e consumo, confere às commodities a utilidade de lugar. E ainda, na medida em
que são consumidas as reservas naturais, torna-se necessário buscá-las em lugares mais
distantes, ou até mesmo no exterior, como por exemplo: o cobre do Chile; o petróleo do Oriente
Médio, Moçambique, Venezuela, México e Argentina; o gás da Bolívia; o potássio para os
fertilizantes, ...

Especialização regional: O transporte torna possível a especialização regional tanto na


produção de matérias primas como na de produtos acabados. Regiões de produção conseguem
direcionar os seus esforços para a exploração dos seus recursos locais ou para a produção de
produtos específicos. A força de trabalho, com conhecimento especializado e treinamento,
forma-se ou é atraída para estas regiões. A soma destes elementos permite o surgimento de
métodos especializados de produção, com produção de massa e baixos custos unitários. Desta
forma abrem-se novas fronteiras agrícolas, surgem polos industriais e agroindustriais, e surgem,
até mesmo, cidades universitárias. Por outro lado esta força de trabalho deve ser suprida em
suas necessidades, e comodidades.

Novos mercados: Novos mercados tornam-se disponíveis pelo transporte de e para as regiões de
produção especializadas. O beneficiamento da soja em grão produz uma série de produtos
derivados, como o óleo, a farinha, o leite e o farelo. O mesmo se pode dizer do milho, que
permite obter óleo, farinha, amido, glicose, ... Apenas uma pequena parte destes produtos é
consumida onde são produzidos. O transporte confere utilidade de lugar pelo movimento do
excesso de produção, para as mais distantes regiões do país e até do mundo.

Descentralização: Muitas indústrias se mudam de centros tradicionais de produção


especializada. A proximidade de novos centros populacionais e novas áreas de mercado, a fuga
de altas taxas, custos de mão-de-obra elevados, e do congestionamento de comunidades antigas
estimulam este processo. É o que vem ocorrendo com as montadoras de automóveis em nosso
país. Entretanto, sejam quais forem os motivos, as áreas descentralizadas e as indústrias devem
ser interligadas às fontes de matérias-primas, equipamentos, mão-de-obra e áreas de mercado.
A Tritec Motors instalada em Campo Largo recebe os blocos de motores usinados em Minas
Gerais, da mesma fábrica que produz os blocos de motores para a Fiat, em Betim.

Tempo como fator econômico: A utilidade de tempo, de entrega de bens ou de movimento de


pessoas, no tempo desejado, está se tornando cada vez mais importante. Frutas frescas e
vegetais são transportados através dos continentes e oceanos, em rápida velocidade, de forma
que o sabor e frescura originais dos alimentos se conservem. Atrasos no trânsito causam perdas
em quantidade e em valor de mercado dos produtos. Representantes e expedidores pagam de
boa vontade prêmios sobre correio e fretes de transporte aéreo.
Uma aplicação menos óbvia, mas mais exigente, da utilidade de tempo no transporte
está no suprimento de componentes para indústrias montadoras. Uma fábrica montadora de
automóveis recebe chassis de uma cidade, motores de outra e equipamentos elétricos de uma
terceira. Tintas, estofamentos, e outros acessórios são obtidos de outros lugares. Estes
componentes devem estar disponíveis quando necessários. Em caso contrário a linha de
montagem desacelerará até parar completamente. O empresário pode assegurar-se contra
falhas no suprimento por meio de estocagem de grandes quantidades de módulos e
componentes, mas grandes estoques são caros e produzem perda de flexibilidade.
Uma prática corrente é a de manter suprimento para um período de três a dez dias e
depender para o reabastecimento de entrega contínua e rápida pelas empresas de transporte.
Desta forma, a linha de produção se estende até cada área de produção, transformando-se a linha
de transporte ela própria em mais um componente da linha de produção. A redução em estoques
economiza recursos e permite maior flexibilidade na introdução de melhorias no produto
montado. Ela permite também um ajuste mais rápido às flutuações dos ciclos comerciais.
Outros produtos, tais como: jornais, revistas, filmes e discos, são especialmente
suscetíveis ao fator tempo, pois suas vendas dependem de sua oportunidade. Flores, plantas,
ovos e peixe fresco também exigem pronta entrega. Remédios e peças de reposição são
frequentemente embarcados sob regime de urgência. Alguns mercados são especialmente
sensíveis ao tempo, assim, por exemplo, para os produtores de maçã e uva a colocação de sua
safra em primeiro lugar garante renda adicional ao produtor.

Potência e energia: O domínio sobre potência e energia é um aspecto essencial de nossa


sociedade. Quantidades ilimitadas de carvão, gás, e óleo combustível são necessários para
prover energia para indústrias, e para prover calor e luz para residências, edifícios públicos e
comerciais. O transporte em si necessita de grandes suprimentos de combustíveis.
Combustíveis precisam ser transportados, frequentemente a longas distâncias e em grandes
quantidades. Uma grande parte da energia elétrica é derivada é verdade da energia hidráulica ou
pode provir da fissão nuclear. Entretanto, a despeito da sua fonte original, a distribuição da
eletricidade por meio de linhas de transmissão é também uma forma de transporte.

OUTROS EFEITOS DO TRANSPORTE

O transporte produz efeitos de alcance muito maior do que os puramente econômicos.


A ordem social, a cultura, o governo e até mesmo a resistência militar, todas elas sofrem o seu
impacto.

Sociológicos: Diz-se que o progresso segue as linhas de comunicação. As populações (e os seus


problemas) tendem a se desenvolver ao longo das vias de transporte. As margens de rios, lagos,
e bons portos oceânicos e o cruzamento de vias terrestres foram escolhas naturais. Civilizações
antigas floresceram ao longo do mar Egeo, no vale do rio Nilo, e no contorno do mar
Mediterrâneo. Nos Estados Unidos, a costa leste, junto ao Atlântico e a porção navegável dos
rios que nele desaguam serviram a um propósito semelhante. Mais tarde, a exploração dos
Grandes Lagos e a construção de canais e umas poucas estradas para o oeste tornaram possível o
surgimento de populações no oeste. O povoamento seguiu o desenvolvimento das ferrovias
para o oeste. Nos dias de hoje, a rede ferroviária, uma moderna rede de estradas rodoviárias, e
a ubiquidade das viagens aéreas promoveram o desenvolvimento de centros populacionais no
Sul, no Sudoeste, e no Oeste e em outras partes do continente norte-americano, em regiões que
eram até então pouco povoadas.
Esta tem sido chamada de uma "época sobre rodas". A transformação de populações
sedentárias em populações migrantes, que acompanham o desenvolvimento das redes de
estradas, trouxe novos e difíceis problemas de saúde, saneamento, mudanças de padrões morais
e de criação de novas leis. Até mesmo a desintegração dos lares pode estar associada à
instabilidade causada pela liberdade de movimento.
Os padrões das cidades estão mudando. Cordões de ocupação margeiam e esterilizam
as bordas das estradas. Shopping Centers são construídos em lugares afastados dos centros
urbanos, farmácias e postos de gasolina oferecem serviços e produtos de beira de calçada. A
vida suburbana deixou de ser novidade e o surgimento de residências na periferia das cidades
vai sendo induzido pelo automóvel e pelo transporte rápido. Novo, entretanto, é a
descentralização de empresas comerciais e industriais para as áreas suburbanas e até mesmo
rurais, para se situarem próximas às populações suburbanas e para evitar o congestionamento
dos centros antigos. As áreas metropolitanas, como uma unidade populacional, estão dando
lugar ao conceito de regiões metropolitanas, como a de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
Em cada estação do ano movem-se turistas para lugares próximos e distantes. As
viagens aéreas têm tornado possível passar férias no exterior dentro de períodos de férias de
duas semanas. Homens de negócio supervisionam impérios comerciais e industriais por meio
de viagens de avião. A produção em massa, a economia do baixo-custo, associada à
distribuição generalizada, elevaram o padrão de vida para todos e criaram um novo conceito de
conforto. Uma quantidade quase ilimitada de bens está disponível para atender às necessidades
do homem. Nenhuma localidade precisa ficar isolada dos confortos e comodidades usufruídas
por outros. O transporte traz tudo até à porta.

Culturais: Nem sempre é fácil de distinguir os efeitos culturais dos sociológicos. Por vezes,
entretanto, uns tem efeitos determinantes sobre os outros. Um efeito do transporte sobre os
padrões culturais é a diminuição do provincianismo. Diferenças de cunho mundial tem
diminuído através do contato em viagens e da disseminação de material impresso, filmes e
produtos da indústria. Só as barreiras políticas limitam estes efeitos. Se por um lado o
transporte pode fazer com que nenhuma localidade permaneça isolada, por outro, nem todos os
efeitos trazidos são benéficos. Com o desaparecimento das diferenças regionais, muito do
colorido e do caráter local também desaparece, restando em seu lugar uma mesmice e uma rude
imitação de características locais de outros. O alívio de tensões de regiões superpopulosas
frequentemente significa a criação de novas tensões nos lugares para os quais as migrações têm
ocorrido.

Políticos: Do ponto de vista político, o transporte desenvolve um sentido de unidade nacional.


A garantia da manutenção da integridade do território brasileiro depende da existência de uma
ampla rede de transportes. O país abriu as principais vias de integração, mas muito ainda falta
ser feito. A existência do transporte permite uma presença abrangente da administração pública.
O desenvolvimento de vias e meios de transporte tem grande alcance até mesmo na política
internacional, dando origem ao surgimento dos mercados comuns.
A política externa da Inglaterra foi reformulada em grande parte com a construção do
canal de Suez. O historiador, Alfred Thayer Mahan, interpretou a história, em grande parte,
como uma contínua luta pelo controle dos mares. Sir Halford Mackinder, por outro lado, via o
transporte terrestre como um apoio para o poder terrestre contrabalançar o poder marítimo.
Milhares de toneladas de equipamentos bélicos, combustíveis, munição, ração e outros
incontáveis itens precisam ser movidos, às vezes por milhares de quilômetros, para não se falar
das exigências de rápida movimentação de tropas.
A construção do canal do Panamá, concluído e controlado pelos norte-americanos até
pouco tempo, teve para os EUA um peso determinante em seus planos de defesa e de política
externa, tornando possível a extensão do poder americano para a Costa Oeste e para o Pacífico.

Outros fatores: Os fatores antes relacionados são apenas alguns exemplos e de forma nenhuma
esgotam os fatores de influência dos transportes. Não é difícil imaginar muitos outros meios
através dos quais os transportes afetam a vida moderna – o congestionamento das cidades, a
competição entre regiões às vezes muito distantes, as rendas geradas pelos transportes, e os
bilhões de dólares que as facilidades de transporte permitem gerar de negócios para outras
indústrias, ...
A INDÚSTRIA DOS TRANSPORTES

Os sistemas de transportes formam parte de um complexo amplo e variado de processos


produtivos, sistemas estes que reúnem diversos modos, organizações e tipos de operação. O
mais comum e familiar reside no uso do automóvel sobre ruas e estradas. Pequenos
comerciantes, lojas e indústrias podem dispor de meios próprios de transporte, utilizando
pequenos caminhões. Grandes indústrias podem ter e operar sistemas próprios de transporte, às
vezes de grande porte, como é o caso da ferrovia de Carajás, de propriedade da Vale do Rio
Doce, construída em função da exploração de minério em Carajás. De forma semelhante opera
a frota de petroleiros da Petrobrás, e a de caminhões da Fox distribuidora. Além destes casos
de transporte privado, existe uma vasta rede de transportadores de aluguel, ou autônomos,
operando ferrovias, caminhões, aviões e dutos, com o propósito de oferecer serviços de
transporte para o público em geral. Casos típicos deste grupo são empresas, como a Viação
Itapemirim, a ferrovia ALL – América Latina Logística (que iniciou com a privatização da
antiga Regional 5 da RFFSA), expresso Princesa dos Campos, Viação Garcia, Varig, Vasp, o
gasoduto Brasil-Bolívia, Transportadoras Remac, Rodojan, Ouro Verde, e muitas outras mais.
Estas empresas, públicas e privadas, utilizam e servem de apoio para o surgimento de
um conjunto de fornecedores de suprimentos, fabricantes de equipamentos, montadoras, ...
Usinas siderúrgicas produzem trilhos, tubos, aço em barras para armaduras de obras de arte e
pavimentos de concreto, perfis de aço para pontes e viadutos, e ainda uma série de materiais
ferroviários como rodas, eixos, amortecedores, aparelhos de choque. O aço em chapas é
utilizado na indústria automobilística, na construção de navios e embarcações fluviais e na
construção de veículos ferroviários. Fábricas de produtos de borracha produzem pneumáticos
para automóveis, caminhões, aviões e correias transportadoras. Fábricas de cimento produzem
cimento para pavimentos de concreto, pistas de aeroportos, estabilização de bases rodoviárias.
Metalúrgicas de transformação de cobre produzem cabos para uso de transmissão de energia,
em telecomunicação e sinalização. Outras indústrias produzem automóveis, caminhões,
barcaças, locomotivas, vagões, navios e aviões. Um dos primeiros mercados para os produtos da
indústria está no sistema de transportes e nos seus serviços de apoio.

O TRANSPORTE E O INDIVÍDUO

Com uma rápida reflexão o leitor ficará surpreendido com as íntimas implicações que
tem o transporte em suas necessidades, confortos e comodidades pessoais, assim como nas de
sua família e vizinhos. Estes bens e serviços estão disponíveis somente por causa da indústria
de transportes que serve à sua cidade. O próprio leitor e muitos milhões mais podem vir a ser
empregados pelas agências de transporte, outros milhões ainda podem ser empregados em
indústrias que fornecem equipamentos e materiais para estas agências.
O custo de quase tudo que se compra é determinado em parte pelo custo e pela
disponibilidade de transporte. Uma considerável porcentagem de tributos federais, estaduais e
municipais, que serão utilizados na saúde, educação, estradas, segurança pública e em inúmeros
outros serviços, provem da arrecadação sobre a operação da indústria de transportes.
Como engenheiro, o leitor pode ser chamado para projetar e construir estradas, ou
equipamentos para agências de transporte, ou para planejar o uso de transporte em algum outro
projeto. Como empresário, pode ter que selecionar o tipo de transporte que dará o mais
econômico e eficiente acesso a matérias primas e a mercados para os seus produtos acabados.
Como um agente financeiro, pode encontrar no transporte um campo fértil para investimentos,
embora cercado de muitos problemas. Como advogado, deve considerar as necessidades e
problemas do país em relação aos transportes e a formulação de legislação regulamentadora
para a operação das agências de transporte. Como militar, deve conhecer o papel essencial do
transporte na defesa do território nacional. Como planejador urbano, deve ter em mente que
uma cidade sem adequado transporte urbano irá se debilitando e entrará em decadência,
afogando-se no seu próprio congestionamento. Como sociólogo, ele deve considerar os efeitos
sobre os padrões de vida e cultura que a liberdade de fácil movimento entre um lugar e outro
tem produzido. Como cidadão, ele deve ter conhecimento de todas estas funções e relações que
são tão vitais para ele e para o bem estar da nação. Finalmente, como estudante, tem a
obrigação de obter um entendimento dos princípios fundamentais dos transportes, e das relações
que governam este componente essencial na sua sociedade. Uma compreensão imperfeita
destes princípios tem levado por vezes ao mau uso do potencial dos transportes e a perdas
econômicas.

O estudante de engenharia pode encontrar no estudo de transportes uma introdução ao


domínio da engenharia e à aplicação de quase todas as ciências de engenharia e ciências
naturais. O projeto de sub-bases e bases estáveis para rodovias e ferrovias conduz à Engenharia
de Solos e à Mecânica dos Corpos Elásticos. A drenagem das estradas aplica os princípios da
Hidrologia, da Mecânica dos Fluídos e da Hidráulica. Os revestimentos dos pavimentos
envolvem o aluno com o campo da Ciência dos Materiais e Materiais de Construção - aço,
concreto, asfalto e rochas - e o seu comportamento sob carga e diferentes condições de
temperatura, umidade e apoio. Um estudo da estrada e das suas estruturas apresenta os
problemas de projeto e execução de pontes, túneis e estruturas em geral. O estudo da tração
mecânica aplica os princípios da Termodinâmica, Eletricidade e envolve o campo especializado
dos combustíveis e lubrificantes. A Aerodinâmica e Mecânica dos Fluídos governam muito do
projeto dos aviões e navios. As aplicações do radar e da eletrônica ao controle operacional, à
sinalização e às telecomunicações são numerosas. Ademais, os sistemas de transportes e a sua
operação podem exemplificar o desenvolvimento de processos completos de engenharia.

O TRANSPORTE COMO AGENTE DE COORDENAÇÃO E INTEGRAÇÃO

O sistema de transportes pode ser considerado como um agente de coordenação e


integração. Ele liga a população ao uso da terra e integra todo o país, e num sentido mais
amplo, o mundo inteiro em uma imensa unidade produtiva. Ele une a nação em um só povo, em
sua economia e cultura. Em princípio ele poderia unir o mundo todo, a menos das barreiras
políticas e sociais.

Figura 4.1 – A roda da


Indústria. As setas
indicam funções de
coordenação e de
integração dos
transportes.

Bibliografia:
Hay, William W., An Introduction to Transportation Engineering, John Wiley & Sons Inc:
New York, 1969.

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