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Planejamento Estratégico

Por Redação / Fotos: Jacinto Alvarez

A Morte do Planejamento Estratégico


eo
Nascimento da Disciplina
de Execução da Estratégia
Estratégias muito boas no papel podem se mostrar de difícil aplicação

O tema “morte do planejamento estratégico” é de fato uma provocação, disse


o palestrante Renan Guedes, no início do evento na Sede do IBEF SP, no último
dia 21 de março. Muitas vezes o trabalho do planejamento estratégico – duro e
por vezes caro, envolvendo consultorias – rende um resultado excelente. “Mas
como colocá-lo em prática? Surgem conflitos de interesse, de ideologia e de im-
plementação, de como as pessoas de cada área funcional entendem esse planeja-
mento na prática”, questiona Guedes.
“Por que algumas dessas estratégias nem saem do papel e outras, ao saírem,
acabam não conseguindo ser implementadas até o fim? De fato, algumas ideias,
na hora de serem implementadas, acabam não parecendo tão boas assim. Na
teoria, são bastante interessantes, mas, quando se deparam com os obstáculos
reais, enfrentam dificuldades. O que no papel ficou muito interessante, às vezes
na prática não parece tão bom.”

Modelos estratégicos – evolução


A discussão começou com a exposição dos principais modelos e teóricos do
planejamento estratégico. Peter Drucker, embora não seja o primeiro pensador
da estratégia, não pode faltar na discussão. Ele trouxe o modelo conhecido como
APO (Administração Por Objetivos), que já estava em prática na GE. O modelo
APO procura:
i) estabelecer os objetivos organizacionais;
ii) transmitir os objetivos para os funcionários;
iii) monitorar;
iv) avaliar desempenho;
v) premiar o desempenho.
Outro pensador importante é Michael Porter, que teve grandes dificuldades
no começo de sua carreira acadêmica com estratégia – ele precisou comprovar
que esse era um tema de gestão (à época, era fortemente enviesada pela questão

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Outras perspectivas contam; hoje se fala de valor do clien-
te – atributos do produto, relacionamento com o cliente; ima-
gem; utilidade para o cliente; liderança em produto; entre outras.
Também entram na conta a busca pela excelência operacional e
as perspectivas de aprendizagem e crescimento – que buscam
motivar e preparar a força de trabalho, por meio do estímulo às
competências estratégicas dentro da empresa, do uso de tecno-
logias estratégicas e da criação de um clima para a ação. O que
acabou acontecendo, no entanto, é que o balanced scorecard,
em muitas organizações, não evoluiu na velocidade que deveria
para acompanhar a realidade.
Jay Barney, que propôs um dos modelos mais recentes (de
2001), trabalha com as ideias de Resource Based View e Com-
petências Essenciais. Ele propõe que o que gera vantagem com-
petitiva e é preciso contemplar no planejamento estratégico são
os recursos. Um exemplo – infelizmente trágico – de recurso de
uma empresa foi Steve Jobs, da Apple. Para Barney, o que a
empresa já tem “em casa” e é relativamente raro ou insubstituí-
vel, ou de difícil imitação, ou mesmo extremamente valioso, faz
parte dos recursos, e a visão da empresa deve ser explorar esses
João Dias (Lodestone) recursos de maneira a criar vantagem competitiva em cima dele.
E isso leva a pensar em um recurso que atende muitas dessas
macroeconômica). Ele utiliza a noção das Cinco Forças (Forne- características: gente.
cedores, Entrantes Potenciais, Concorrentes na Indústria, Subs- Chegam, então, Chan Kim e Renée Mauborgne com a es-
titutos e Clientes); Posicionamento; Estratégias Genéricas; e o tratégia do Oceano Azul, que tentaram reconfigurar a visão de
Stuck-in-the-middle. diferenciação usando casos emblemáticos, como a companhia
Uma das ideias apresentadas por Porter – e que gerou baru- aérea SouthWest e o Cirque Du Soleil. Os dois autores propu-
lho no mundo acadêmico, segundo o palestrante – é que não se seram que a empresa deve buscar aquela competência capaz de
poderia escolher duas estratégias simultaneamente; se isso acon- gerar vantagem competitiva. Não se trata de ser o melhor do
tece, acaba-se no que se chama de Stuck-in-the-middle – ou seja, mundo, mas o melhor em alguns aspectos – ou seja, é o caso de
a empresa não sabe bem o que quer, e o cliente por sua vez não buscar explorar as competências que eu tenho e desenvolvê-las.
enxerga o que a empresa é. A Toyota, no entanto, enfrentou isso O Cirque Du Soleil, por exemplo, mudou o conceito de como
e conseguiu ser bem sucedida – “aliando a busca pelo aumento um circo deve ser – conceito esse do qual temos uma noção,
da qualidade do produto com a busca pela redução do custo”, muitas vezes desde a infância. Eles escolheram elementos e fo-
afirmou. “O modelo de Porter, então, se mostrou falho.” caram sua estratégia nisso. A SouhtWest, por sua vez, passou
Henry Mintzberg, por sua vez, conseguiu indicar dez princi- a vender, como diferenciação, a economia feita em relação às
pais linhas teóricas diferentes. Ele afirmou que todas as linhas concorrentes aéreas: vendendo um serviço econômico e cum-
teóricas estão certas – mas cada uma delas está pegando um prindo horários, a empresa passou a registrar baixos índices de
pedaço do que é o planejamento estratégico. Ele chegou à con- reclamação e liderar em seu segmento.
clusão de que a escola “que funciona” é a que mistura todas as
linhas de estratégia: trata-se de fazer uso dos modelos de plane- Falhas
jamento à medida em que se vê a necessidade de cada um deles. No mundo acadêmico passou-se a perceber que os modelos
Ele discute a filosofia do planejamento estratégico. não só eram relativamente falhos, mas, na prática, geravam al-
Em seguida, Robert Kaplan e David Norton entram em cena, gum problema. “Preparavam-se relatórios lindos e, na hora de
em 1996, com um artigo na revista Harvard Business Review, implementar a estratégia, esta não parava de pé.”
no qual tentavam traduzir o planejamento estratégico em coisas Por que isso acontece? Alguns fatores tentam explicar isso;
mais tangíveis. Perceberam que, para alcançar o planejamen- o primeiro deles é a incapacidade de gerenciar a mudança e de
to, uma só medida – o lucro, por exemplo – não bastava, eram superar a resistência interna à mudança. Outro é a estratégia ser
necessárias outras – algumas voltadas ao crescimento, outras conflitante com a estrutura de poder existente.
à eficácia, por exemplo. Eles criaram então algo relativamente O compartilhamento precário informações entre responsáveis
simples (hoje em dia mais utilizado na contabilidade que na admi- pela execução da estratégia também acaba por prejudicar a con-
nistração), que é a ideia de Balanced Scorecard. secução do planejamento estratégico, assim como a falta de de-

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Planejamento Estratégico
“Como colocar em prática?
Surgem conflitos de
interesse, de ideologia e de
implementação, de como
as pessoas de cada área
funcional entendem esse
planejamento na prática.”

“Raramente alguém deixa a


atividade que está executando
se não tiver a segurança de
que, quando chegar ao outro
ponto, não encontrará apoio.”

“Consenso é a melhor forma


de garantir que, se algo der
errado, ninguém apontará
culpados. Se esse for o
processo decisório, talvez
não se consiga realizar o que
se planejou na velocidade
necessária” (Renan Guedes)
Renan Guedes (MGS)

finição e comunicação dos responsáveis pelos projetos e/ou de- administração, contemplados na estratégia, outros stakeholders
cisões, relacionadas a implementação estratégica pobre ou vaga. internos – e até externos – também têm expectativas e direcio-
A falta de comprometimento (ownership) das pessoas-chaves nam esforços.
em relação a estratégia e a sua execução; a ausência de uma me- “Muitas coisas que às vezes conflitam com a estratégia que
todologia que direcione os esforços de execução da estratégia; foi desenhada são implementadas e executadas por interesses do
e a falta de entendimento do papel da estrutura organizacional pessoal envolvido. O primeiro pensamento da direção às vezes é:
na execução da estratégia – todos esses fatores impedem uma ‘vamos mandar embora esse pessoal; não estão alinhados com o
implementação bem sucedida do planejamento estratégico. planejamento’. Mas será que ele está errado? Será que a pessoal
“Muita gente que critica o planejamento estratégico diz que que está na operação, que está vendo um problema imediato,
parte do motivo porque não se consegue implementá-lo é que e surge com ideias relativamente novas, está mesmo errado?”,
ele é vago, ou pobre”, disse Guedes. questionou o palestrante.

Planejar e executar Implementando a estratégia


Muitas vezes aponta-se a estratégia numa direção, e na hora Guedes listou oito pontos-chave, segundo elaboração do teó-
da execução, ela segue uma direção diferente. A estratégia de- rico John Kotter, para implementar o planejamento:
liberada – aquela que será posta em execução porque foi pla- • Agir com senso de urgência: significa sair da atividade
nejada daquela forma específica –, na verdade, é apenas uma em que se está para realizar “algo que dará o dobro de trabalho
parte do que foi originalmente desenhado; boa parte daquilo foi e dor de cabeça”, disse o palestrante, sob risco de ser excluído.
abandonado. É como parar de fumar depois do primeiro problema de saúde:
Além dessa estratégia deliberada surgem estratégias chama- para Guedes, enquanto não houver esse senso, a estratégia não
das por Mintzberg de “emergentes”. Além dos desejos da alta é abraçada;

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Público

• Mobilizar uma “coalizão” suficientemente poderosa: encerrar a execução do planejamento. Isso é um erro, destacou
não faz sentido entregar a estratégia a quem não tem autonomia o palestrante;
para implementar, diz Guedes; • Consolidar a mudança na cultura corporativa: mui-
• Desenvolver uma visão que ampare a mudança: “Ra- tas vezes as pessoas não estão sensibilizadas para a necessidade
ramente alguém deixa a atividade que está executando se não de mudar – mesmo na iminência da empresa quebrar, afirmou
tiver a segurança de que, quando chegar ao outro ponto, não Guedes.
encontrará o resultado positivo esperado”, afirmou o palestrante.
As pessoas vão se dedicar ao projeto se houver uma visão do “Jam session”
resultado que norteie o trabalho, afirmou; A palestra terminou em tom de jazz: Miles Davis e John Col-
• Comunicar excessivamente a visão: trata-se de trans- trane entraram na exposição, ao som de “So What”. Guedes
mitir a visão “ao ponto da lavagem cerebral”, disse; mostrou que a composição certa de pessoas, ferramentas e trei-
• Remover os obstáculos que bloqueiam a visão: bus- no gera resultados excepcionais.
car o consenso, por exemplo, pode não ser a melhor forma de Muitas vezes, a ideia em torno da execução de uma estra-
tentar implementar uma estratégia, por não ser a mais rápida. tégia é comparada à apresentação de uma orquestra – com
“Consenso é a melhor forma de garantir que, se algo der errado, um maestro, a partitura e os músicos, exímios da execução
ninguém apontará culpados. Se esse for o processo decisório, daquela peça, mas que, na ausência da partitura, encontram
talvez não se consiga realizar o que se planejou na velocidade dificuldades. Também o free jazz vem para ilustrar que um
necessária”, disse; time brilhante de músicos pode se sentir tão à vontade na
• Criar resultados no curto-prazo (quick-wins): um pro- execução de uma peça musical que, em meio a tanta improvi-
jeto de mudança precisa gerar algum resultado de curto prazo, sação, o resultado final pode ser algo muito difícil de entender.
mesmo que seja pequeno, disse Guedes – isso dá apoio ao projeto; Davis e Coltrane, no entanto, mostraram que, o ambiente
• Não cantar vitória antes do tempo: muitas vezes surge adequado e o conhecimento profundo podem resultar em
a tentação de, ao menor sinal de sucesso, desmobilizar todos e música sublime. v

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