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13/03/2020
Número: 0707066-20.2020.8.07.0001
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 21ª Vara Cível de Brasília
Última distribuição : 10/03/2020
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: Extinção
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Advogados
MARCUS VINICIUS CHAVES DE HOLANDA (AUTOR)
GUSTAVO BONINI GUEDES (ADVOGADO)
PARTIDO REPUBLICANO DA ORDEM SOCIAL - PROS
(RÉU)
EURIPEDES GOMES DE MACEDO JUNIOR (RÉU)
JHENNIFER HANNAH LIMA DE MACEDO (RÉU)
MOACIR DIAS BICALHO JUNIOR (RÉU)
GUSTAVO DA SILVA PIRES (RÉU)
ALESSANDRO SOUSA DA SILVA (RÉU)
FABIO GOMES DA CRUZ (RÉU)
CINTIA LOURENCO DA SILVA (RÉU)
FELIPE ANTONIO DO ESPIRITO SANTO (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
59261637 13/03/2020 Decisão Decisão
15:17
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS
21VARCVBSB
21ª Vara Cível de Brasília
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA
Cuida-se de ação sob o rito comum em que a parte autora pleiteia a declaração de validade de ato jurídico.
Requer a distribuição do feito por dependência, ao argumento de que existe conexão com a demanda
ajuizada nos autos do processo nº 0704028-97.2020.8.07.0001, em trâmite neste Juízo.
Aponta que em 26/08/2019 foi apresentada representação contra a direção do Partido, requerendo a
destituição e a suspensão da filiação de oito membros, dentre eles o Presidente e a Vice-Presidente, o
Primeiro e o Segundo Vice-Presidentes e o Secretário-Geral, todos do Diretório Nacional.
Alega que não foram adotadas providências quanto às denúncias, vez que os membros aos quais o
Estatuto concede a competência para convocação da reunião do Diretório estariam nelas envolvidos.
Diante desse contexto, o autor, aduzindo ser a primeira pessoa na linha sucessória do Partido a ter a
competência para convocar a reunião, uma vez que os demais estariam envolvidos nas denúncias,
convocou o ato para o dia 11/01/2020.
Nesse contexto, na data aprazada, ocorreu a reunião, presidida por MARCUS VINICIUS CHAVES DE
HOLANDA, ora requerente. Nela deliberou-se pela destituição da Direção Nacional do Partido,
suspendendo-se ainda temporariamente a filiação dos representados.
Em relação ao perigo da demora, aponta que a espera para a resolução do processo implica prejuízo
irreparável ao autor, uma vez que a manutenção do Diretório Nacional em sua configuração diversa da
constante na ata objeto da demanda perpetuaria a prática de ilícitos. Ainda, o não reconhecimento da nova
Antes mesmo do recebimento do feito, foi apresentada impugnação (ID nº 59129931) em que se refutam
os argumentos apresentados pelo autor, requerendo o indeferimento da tutela provisória.
Considerando a comunhão entre causas de pedir, recebo o feito. À Secretaria para que anote a associação
aos autos do processo nº 0704028-97.2020.8.07.0001.
O autor indica que o pedido se refere a tutela cautelar. Verifico, no entanto, que a medida pleiteada busca
a satisfação do direito e não apenas o seu acautelamento.
Desse modo, em observância ao princípio da fungibilidade, recebo o pedido como tutela antecipada.
Sigo ao mérito.
Os requisitos da tutela de urgência estão previstos no artigo 300 do CPC, sendo eles: probabilidade do
direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
O perigo de dano ocorre quando não se pode aguardar a demora normal do desenvolvimento da marcha
processual. No caso em apreço, o perigo de dano é visível, vez que o provimento jurisdicional poderá
alterar a direção de partido político a poucos meses da realização de pleito eleitoral.
No que tange à probabilidade do direito, o autor reconhece que o art. 31 do Estatuto prevê a competência
do Presidente para convocar as reuniões do Partido: “As reuniões do Diretório Nacional só poderão ser
convocadas pelo Presidente Nacional do Partido [...]”. Aponta ainda a existência de dubiedade em relação
ao art. 38, VII, do referido estatuto, que trata da mesma competência, atribuindo-a à Comissão Executiva
Nacional: “Art. 38 Compete privativamente à Comissão Executiva Nacional: [...] VII- convocar as
reuniões do Diretório Nacional e a Convenção Nacional”.
Apesar da previsão estatutária, indica que os membros que poderiam realizar a convocação da reunião
estariam envolvidos nas denúncias, de modo que seria o autor o primeiro legitimado a convocar o ato.
Nesse contexto, colaciono trecho do art. 38 do Estatuto no que se refere à previsão de substituição do
Presidente do Partido, bem assim à fixação de competências do Secretário de Comunicação, cargo
ocupado pelo requerente.
Vice-Presidentes; [...]
[...]
para construir a identidade pública do partido junto aos diversos meios de comunicação.
Não consta no rol de competências do Secretário de Comunicação, elencadas no §9º do art. 38, do
Estatuto, a atribuição de substituição do Presidente no caso de ausência ou impedimento dos demais
membros. Ainda, em sua própria fundamentação, o autor afirma que “as especificidades do caso
demandaram no (sic) ajuste e aplicação análoga de outros dispositivos para a sua resolução” (ID nº
58538526, fl. 31).
Nesse contexto, acolher o pedido autoral implicaria interpretação ampliativa dos termos do Estatuto,
concedendo a integrante da direção competência não expressa. Assim, em cognição sumária, própria da
análise dos termos da tutela provisória de urgência, não fica caracterizada a probabilidade do direito do
autor.
Inexistindo um dos requisitos para a concessão da medida, a rejeição do pedido é medida que se impõe.
Pelo exposto, INDEFIRO o pedido de antecipação dos efeitos da tutela. Deixo de designar, neste
momento, a audiência prevista no art. 334 do CPC, sem prejuízo de fazê-lo oportunamente, se o caso dos
autos mostrar que será adequada para abreviar o acesso das partes à melhor solução da lide. Proceda-se
aos atos de citação e intimação pelos meios que se fizerem necessários, inclusive por edital (prazo de 20
dias) e carta precatória, competindo ao advogado da parte interessada promover sua distribuição. Fica
desde já autorizada a localização de endereço pelos sistemas disponíveis ao Juízo. I.
Juiz de Direito