Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
MÚSICA NA ESCOLA
TEXTO DO MINICURSO
SALA DE PROFESSORES
MÚSICA NA ESCOLA
Marla Lüdtke
2
TEXTO DO MINICURSO
SALA DE PROFESSORES
MÚSICA NA ESCOLA
Resumo: Este texto expõe os objetivos, conteúdos e métodos do ensino de música na escola no
contexto da aula de Artes. Apresenta também as propostas musicais dos principais pedagogos que
abordam esse tema e esclarece sua aplicação em sala de aula até mesmo por professores não
especialistas na área.
É inegável que a música faz parte da vida de todas as pessoas. É muito difícil encontrar
alguém que afirme categoricamente que não gosta de música. Nossa vida é rodeada de sons
musicais: em lugares públicos, restaurantes e festas. Há eventos musicais aos quais
gostamos de assistir e música para motivar nosso exercício da academia. A música tem
também espaço importante nos cultos das igrejas e nos cultos familiares. Cada um tem sua
preferência por bandas, cantores e canções e sabe dizer quais são as músicas que acalmam
e as que provocam o choro.
Por outro lado, música não é apenas entretenimento. Envolve linguagem, área do
conhecimento e cognição. Compreende signos e regras específicos, alguns entendidos de
forma intuitiva e outros que necessitam ser estudados de modo mais profundo. A música
demanda áreas específicas do cérebro e habilidades exclusivas que se desenvolvem de
acordo com o estudo e os estímulos recebidos.
Música é uma forma única de conhecimento que não pode ser substituído por qualquer
outro. “A música possibilita um desenvolvimento específico e não há substitutos para tal
desenvolvimento. Não desenvolver habilidades musicais significa abrir mão de parte do
potencial intelectual humano” (FIGUEIREDO, 2002, p. 48). Assim sendo, não podemos negar
a importância do ensino de música na escola. Para que um currículo escolar seja completo
precisamos oportunizar aos educandos o acesso ao aprendizado musical.
Contudo, a música ainda não tem seu espaço consolidado na escola brasileira, muitas
vezes em virtude da incompreensão da sua verdadeira função e de formas de aplicação. Por
um lado, podemos achar que a música é apenas entretenimento e que tem utilidade apenas
nas ocasiões festivas do calendário escolar. Por outro, a herança positivista nos legou o
conceito de que música só é importante quando executada por um instrumento e dentro dos
códigos tradicionais da teoria musical. Nessa linha, a música deveria ser ensinada de forma a
desenvolver músicos talentosos, virtuoses em instrumentos, prontos a ler uma partitura.
Somadas a essas duas equivocadas funções dadas ao ensino de música no ambiente
escolar, existem ainda as problemáticas da falta de formação adequada dos profissionais que
ensinam a disciplina, a ausência de espaços adequados ao bom desenvolvimento das aulas,
a falta de materiais, etc.
Porém, a despeito desses aspectos desfavoráveis, é possível fazer um bom trabalho
no ensino musical desde que saibamos de fato o que queremos com o ensino de música nas
escolas.
3
TEXTO DO MINICURSO
SALA DE PROFESSORES
MÚSICA NA ESCOLA
Todo ensino teórico pode ser válido, como informação, se o professor tiver essa
informação. Ensinar notas, escalas, leitura musical, acordes e demais símbolos musicais
tradicionais é válido, mas somente depois de todo o resto: após muita exploração, vivência e
apreciação da música desassociada dos seus conceitos formais. Pode-se ensinar fatos e
conceitos, mas o mais importante é a experimentação. O objetivo final não é um produto
perfeito e pronto, e sim a experiência. Dessa forma, todos podem aprender música.
4
TEXTO DO MINICURSO
SALA DE PROFESSORES
MÚSICA NA ESCOLA
um processo que se completa em nós por meio da escuta, prática e criação. Aprende-se
música ouvindo, cantando, batendo palmas, falando poesias de forma rítmica, tocando
instrumentos construídos com material reciclado, movimentando-se, interagindo com
objetos sonoros diversos (como buzina, campainha, instrumentos, sons do ambiente,
panelas, cadeiras, etc.) e assim por diante.
O material básico da educação musical é o som, qualquer que seja ele. E “a ampliação
e a produção dos conhecimentos musicais passam pela percepção, pela experimentação,
pela reprodução, pela manipulação e pela criação de materiais sonoros diversos, dos mais
próximos aos mais distantes da cultura musical do estudante” (BNCC, p. 398).
· Explorar, improvisar e compor sons, frases e trechos rítmicos e/ou melódicos e/ou
harmônicos usando sons do corpo e da voz;
· Escutar, reconhecer, reproduzir, manipular, classificar e registrar objetos sonoros do
ambiente, da natureza, sons físicos, sons artificiais, etc.;
· Experimentar, criar e improvisar ritmos, melodias e harmonias a partir de diferentes
objetos sonoros;
· Confeccionar instrumentos musicais de diferentes materiais. Explorar formas de tocar
esses instrumentos, variando altura, timbre, duração, intensidade e densidade. Tocar
sons avulsos, frases rítmicas, formar conjuntos instrumentais, acompanhar uma
canção, etc.;
· Movimentar-se no espaço;
· Ouvir/apreciar diferentes músicas. Refletir sobre a forma como a música é dividida, o
ritmo, a melodia, a letra (quando houver), o estilo, harmonia, a história, o compositor,
as sensações que causa (lembrando que nesse aspecto não há certo ou errado, pois é
subjetivo). Ouvir com discernimento e propósito: com atenção, concentração,
captando as características sonoras;
· Repetir melodias e ritmos de diferentes formas;
· Expressar de diferentes formas uma parte musical: sorrindo, chorando, tocando,
batendo, mexendo-se, etc.;
· Imitar sons;
· Reproduzir, coreografar, parodiar e criar canções;
· Criar letras para melodias existentes;
· Criar melodias para poesias existentes;
· Dar ritmo a palavras ou frases (ditados populares, jargões, slogans, poemas, etc.);
· Fazer uma composição artística inspirada em alguma música, como escultura,
pintura, colagem, fotografia, etc.;
· Criar canções: para fazer propaganda de um produto, para representar um
sentimento, para representar uma obra artística, ou uma pessoa, ou uma ocasião
especial, etc.;
· Criar uma “partitura” que representa determinada música, usando símbolos criados
pelo próprio aluno;
· Inventar ritmos. Tocá-los de diferentes formas. Tocar em conjunto;
· Participar de jogos rítmicos;
· Participar de brincadeiras de roda;
· Movimentar-se acompanhando uma música;
5
TEXTO DO MINICURSO
SALA DE PROFESSORES
MÚSICA NA ESCOLA
Dalcroze tem como centro de sua pedagogia o movimento corporal. Ele entende que a
música é composta por sonoridade e movimento e que o próprio som é uma forma de
movimento. Assim sendo, os movimentos desempenham papel primordial na compreensão e
domínio rítmico. Já dizia o educador: “A música não se ouve somente com o ouvido, mas com
todo o corpo”.
Pianista e compositor, o educador austríaco foi pioneiro na educação musical com
novos parâmetros e desenvolveu um método chamado “Eurritmia”, que ensina os elementos
musicais por meio do movimento corporal, da escuta ativa e da voz cantada.
Ele advogou que é possível sentir fisicamente a música, usando o corpo como
instrumento de conhecimento e expressão dos elementos da música (altura, intervalos,
notas, acordes, estruturas harmônicas, cadências, forma, tonalidades, compasso,
andamento, articulação, etc.).
Uniu gesto, movimento e música, harmonizando as faculdades senso-motoras,
mentais e afetivas dos alunos, a fim de conjugar música, expressão e criatividade.
Esse método incentiva movimentos como: saltitar; pular; caminhar; coreografar as
formas musicais, ocupando o espaço e mudando de direção; bater palmas nos tempos
rítmicos acentuados; criar um movimento para uma frase musical; etc. Explora o espaço em
diferentes planos, direções e trajetórias, usando objetos: bolas, cordas, bambolês, lenços,
fitas, etc.
A proposta de Kodály envolve a educação musical pelo canto. Segundo ele, “cantar
6
TEXTO DO MINICURSO
SALA DE PROFESSORES
MÚSICA NA ESCOLA
em conexão com ações e movimentos é muito mais antigo e, ao mesmo tempo, um fenômeno
mais complexo que uma simples canção”. Era seu ideal levar o espírito do canto a todas as
pessoas, usando-o como meio para enriquecer a vida e valorizar aspectos criativos e
humanos.
Era defensor da alfabetização musical: toda pessoa deveria ter acesso ao
aprendizado da linguagem musical tradicional. Criou mecanismos lúdicos de ensino para a
aprendizado de leitura rítmica e melódica. Contudo, acreditava que a sensibilização e a
vivência musical precedem a aprendizagem formal da alfabetização musical. Performance,
apreciação e composição, nesse caso, seriam a base da aprendizagem.
Sua proposta foi estruturada essencialmente no uso da voz (do canto) como meio de
expressão, utilizando repertório de canções e jogos infantis na língua materna, melodias
folclóricas nacionais e temas derivados do repertório erudito ocidental.
Para Kodály, a aprendizagem musical deveria seguir 4 passos:
1. Vivenciar a música;
2. Analisar a canção;
3. Associar o conteúdo teórico;
4. Ler, escrever e criar.
Criou mecanismos de aprendizado de leitura rítmica, melódica e solfejo que até hoje
são largamente utilizados no ensino dos signos musicais para crianças e juvenis. Algumas
das técnicas são: solmização, leitura rítmica (ta, ti-ti, etc.), dó móvel, manossolfa, dentre
outros.
7
TEXTO DO MINICURSO
SALA DE PROFESSORES
MÚSICA NA ESCOLA
A pedagogia de Orff tem com princípio básico a integração entre música, movimento e
linguagem, por meio de músicas cantadas, coreografadas e tocadas pelas próprias crianças.
Origina-se de pequenas frases e canções simples e compreensíveis a todos, incentivando a
prática da improvisação, tanto vocal quanto instrumental, utilizando instrumental variado:
xilofone, metalofone, jogos de sinos, bumbo, pandeireta, triângulo, prato, címbalo, clava,
castanhola, chocalho, maracá, flauta doce e outros instrumentos de percussão.
Ele acreditava que o ritmo, que se origina no movimento, é a base na qual se assenta a
melodia; e que a melodia nasce no ritmo da fala.
Incentivava a exploração do ritmo natural da frase falada, pesquisando variações
rítmicas, de timbre e de entonação a partir das palavras. Nomes próprios, cantilenas,
parlendas, pregões, rimas, falas ritmadas, poemas e canções foram utilizados como base
para aprender e tocar células rítmicas, padrões rítmicos, improvisações melódicas e
atividades corporais.
Exemplo: recitar frases ou textos com acompanhamento rítmico de palmas,
instrumentos, sons corporais, etc.
7
TEXTO DO MINICURSO
SALA DE PROFESSORES
MÚSICA NA ESCOLA
Compositor e professor, criou um novo currículo nacional para o ensino de música nas
escolas inglesas, antes alicerçada no fazer musical vocal e instrumental. Propôs um ensino
musical baseado na exploração e na criação a partir de diferentes fontes sonoras.
Na sua visão, a educação não ocorre de forma linear, mas em rede: um conceito
antecipa o outro e uma tipo de atividade antecede a outra. Assim as relações são construídas
na experiência, de forma criativa.
Os princípios de sua pedagogia são a criatividade, a experimentação, a liberdade e a
descoberta, com o foco principal no ouvir atentamente os sons ao redor, compreendendo
esteticamente cada som de forma ampla e criativa.
Os procedimentos sugeridos giram em torno da execução e da criação de sons
diversos, e os conceitos musicais são aprendidos e entremeados no processo de criação.
As atividades propostas em seus livros têm 5 eixos:
1. Audição (seleção de sons);
2. Reprodução (imitação de sons);
3. Avaliação (gravação e apreciação de sons);
4. Criação (improvisação e composição de peças) individual e/ou em grupo;
5. Registro (criação da notação gráfica dos sons).
Exemplo:
Ouvir e identificar os sons de determinado ambiente. Em seguida escolher um e tentar
imitá-lo, com a maior precisão possível, usando a voz. Gravar e comparar com o original.
De tudo o que vimos, ficam os princípios gerais para uma educação musical ativa:
· Música se aprende brincando, jogando, tocando, cantando e se movimentando;
· Música se aprende respeitando a liberdade, a criatividade e as diferentes formas de se
expressar de cada aluno;
7
TEXTO DO MINICURSO
SALA DE PROFESSORES
MÚSICA NA ESCOLA
Referências
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: proposta preliminar. Brasília: MEC, 2016.
FONTERRADA, M. T. O. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. 2. ed. São Paulo:
Editora Unesp, 2008.
7
TEXTO DO MINICURSO
SALA DE PROFESSORES
MÚSICA NA ESCOLA
HENTSCHKE, L.; DEL BEN, L. Ensino de música: propostas para pensar e agir em sala de aula. 1.
ed. São Paulo: Moderna, 2003.
ILARI, B.; MATEIRO, T. (Org.). Pedagogias em educação musical. Curitiba: Ibpex, 2011.
LINO, D. L. As “letra” de música. In: BEYER, Esther (Org.). Ideias em educação musical. Porto
Alegre: Mediação, 1999. p. 57-72.
PAYNTER, J. Hear and now: an introduction of modern music in schools. London: Universal Edition,
1972.
SCHAFER, R. M. O ouvido pensante. Trad. Marisa Trench Fonterrada, Magda R. Gomes da Silva,
Maria Lucia Pascoal. São Paulo: Fundação Editora Unesp, 1992.
7
TEXTO DO MINICURSO
SALA DE PROFESSORES
A ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL-EI
SALA DE PROFESSORES
MÚSICA NA ESCOLA
20