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CRIMINOLOGIA
INTRODUÇÃO À CRIMINOLOGIA
SUMÁRIO
1. CONCEITOS............................................................................................................................3
2. OBJETO..................................................................................................................................5
3. MÉTODO..............................................................................................................................14
4. FUNÇÃO...............................................................................................................................15
5. CLASSIFICAÇÃO....................................................................................................................17
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ATUALIZADO EM 26/03/201712
INTRODUÇÃO À CRIMINOLOGIA
1. CONCEITOS
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo
(setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura
identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o
número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca
do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos
anteriormente citados.
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Atenção: este material é produzido a partir de textos autorais, compilações e transcrições. O objetivo não é esgotar o tema
de criminologia. É o de facilitar o estudo desta matéria, principalmente para quem é iniciante no tema e tem dificuldade em
certos conceitos ou construções. Este material deve ser desconstruído e reconstruído, como tudo que a criminologia gosta de
fazer. Provavelmente você só entenderá essa “piadinha” no final dos seus estudos criminológicos. Além disso, em alguns
tópicos, explorou-se a visão tradicional sobre o tema, tendo o cuidado de sempre apresentar abordagens críticas em seguida,
sobretudo em atenção aos alunos Ciclos que irão prestar concurso para Defensoria Pública.
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2. OBJETO
Embora tanto o direito penal quanto a criminologia se ocupem de estudar o crime, ambos
dedicam enfoques diferentes para o fenômeno criminal. O direito penal é ciência normativa,
visualizando o crime como conduta anormal para a qual fixa uma punição. O direito penal conceitua
crime como conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica e culpável (corrente causalista).
Por seu turno, a criminologia vê o crime como um problema social, um verdadeiro fenômeno
comunitário, abrangendo quatro elementos constitutivos, a saber: a incidência massiva na população
(não se pode tipificar como crime um fato isolado); incidência aflitiva do fato praticado(o crime deve
causar dor à vítima e à comunidade); persistência espaço-temporal do fato delituoso (é preciso que o
delito ocorra reiteradamente por um período significativo de tempo no mesmo território) e consenso
inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção eficazes (a criminalização de condutas
depende de uma análise minuciosa desses elementos e sua repercussão na sociedade).
Desde os primórdios até os dias de hoje a criminologia sofreu mudanças importantes em seu
objeto de estudo. Houve tempo em que ela apenas se ocupava do estudo do crime (Beccaria), passando
pela verificação do delinquente (Escola Positiva). Após a década de 1950, alcançou projeção o estudo
das vítimas e também os mecanismos de controle social, havendo uma ampliação de seu objeto, que
assumiu, portanto, uma feição pluridimensional e interacionista.
Atualmente o objeto da criminologia está dividido em quatro vertentes: delito, delinquente,
vítima e controle social. Atualmente, uma vez que conforme vimos acima, na criminologia tradicional a
vítima e o controle social não integravam a criminologia enquanto objeto de estudo.
DELITO
No que se refere ao delito, a criminologia tem toda uma atividade verificativa, que analisa a
conduta antissocial, suas causas geradoras, o efetivo tratamento dado ao delinquente visando sua não
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#DESENROLANDO #TRADUZACABRAL: Meu Deus, claro! Tudo faz sentido! O crime não é um conceito
ontológico… Repetindo: não é um conceito ornitológico… né? Então, não é um conceito
otorrinolaringológico, não é isso?
Calma, gente! É fundamental que quando formos estudar matérias que não temos afinidade, não
tenhamos problema em pesquisar determinados conceitos ou o significado de algumas palavras que
são novas. Como você vai entender que o crime não é um conceito ontológico se você não sabe o que
é isso?
Ontologia é a parte da metafísica que trata da natureza, realidade e existência dos entes. A ontologia
trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente
a todos e a cada um dos seres que gosta de estudar. Quando falamos que o crime é um conceito
ontológico, estamos dizendo que por sua própria natureza aquela conduta é uma conduta má! É
como se estivéssemos afirmando que todas as condutas previstas como crime são coisas
naturalmente maléficas, por sua própria natureza.
Ahh! Mas eu concordo com isso! Matar alguém é algo naturalmente ruim! Calma, calma! Matar
alguém é uma conduta aceita na nossa sociedade, em diversas circunstâncias. Guerras, intervenções
médicas, omissão estatal. Além disso, para pensar em criminologia, nunca pense nos crimes como
aqueles mais batidões possíveis… homicídio, furto, roubo etc. Vai ficar mais fácil.
Quando dizemos que o crime não é um conceito ontológico, estamos dizendo que aquela conduta não
é algo mal em si, em sua essência, mas foi tida, em determinado momento-temporal, local e
sociedade como algo que deve ser taxado como crime.
Ou você acha que sempre, desde que a humanidade é humanidade, o molestamento intencional de
toda espécie de cetáceo é considerado uma conduta em si tão negativa que mereça ser punida com
reclusão de 02 a 05 anos? Não… isso foi só depois da Lei 7.643/1987. (Obs.: não precisa procurar:
cetáceos é uma ordem de animais marinhos mamíferos, tais como as baleias)
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Assim, para a criminologia, o crime é um fenômeno social, comunitário e que se mostra como
um “problema” maior, a exigir do pesquisador uma empatia para se aproximar dele e o entender em
suas múltiplas facetas. Destarte, a relatividade do conceito de delito é patente na criminologia, que o
observa como um problema social.
Observe que o conceito de crime, para a criminologia, não se resume ao que é definido pelo
direito penal. Isso porque o conceito de crime para o direito penal não é o mesmo do conceito da
criminologia. Assim, alguns fatos que não são previstos como crime pelo direito penal são de interesse
de estudo da criminologia, uma vez que fazem parte de um mesmo complexo de fenômenos sociais, a
exemplo da prostituição.
Importante destacar que a criminologia moderna, sobretudo após a década de 60, a partir da
mudança de paradigma que superou a perspectiva etiológica – preocupação com causa da criminalidade
– passou a ser mais complexa, questionando qual o critério que faz com que algumas condutas sejam
consideradas crimes e outras não.
conceito de crime apresentado pelo direito penal. Com isso, era uma criminologia conformista, que
servia de suporte para a manutenção do status quo. Sustentava-se o discurso da perfeição da ciência
jurídica, e o conceito de crime é um conceito ontológico, preocupando-se a criminologia com o
paradigma etiológico – descobrir qual a causa do crime.
Por sua vez, com o conceito moderno, passou-se a questionar o conceito de crime apresentado
pelo direito penal. Por consequência, o conceito de pena e a sua utilidade também passa a ser
questionada. Crime, portanto, é o que se define como crime pelos poderes estabelecidos – paradigma
definitorial, substituindo o etiológico – em razão de reconhecer que há uma natureza conflituosa da
ordem social. Crime é aquilo que se define (por isso, definitorial) como crime!
CRIMINOSO
Não apenas o crime interessa à criminologia. O estudo do delinquente se mostra muito sério e
importante. Dentro da criminologia, as diversas escolas existentes, tanto as surgidas no âmbito da
criminologia tradicional quanto da criminologia moderna, apresentam diferentes elementos sobre o
delinquente. Conhecer cada uma dessas correntes é fundamental, e nada melhor que compreender
“quem é o criminoso” em cada uma para dominar as demais questões da criminologia.
Para a Escola Clássica, o criminoso era um ser que pecou, que optou pelo mal, embora pudesse
e devesse escolher o bem. O apogeu do valor do estudo do criminoso ocorreu durante o período do
positivismo penal, com destaque para a antropologia criminal, a sociologia criminal, a biologia criminal
etc. A Escola Positiva entendia que o criminoso era um ser atávico, preso a sua deformação patológica
(às vezes nascia criminoso).
Outra dimensão do delinquente foi confeccionada pela Escola Correcionalista (de grande
influência na América espanhola), para a qual o criminoso era um ser inferior e incapaz de se governar
por si próprio, merecendo do Estado uma atitude pedagógica e de piedade. Registre-se, por oportuno, a
visão do marxismo, que entendia o criminoso como vítima inocente das estruturas econômicas.
O estudo atual da criminologia não confere mais a extrema importância dada ao delinquente
pela criminologia tradicional, deixando-o em plano secundário de interesse. Salienta Sérgio Salomão
Shecaira (2008, p. 54) que “o criminoso é um ser histórico, real, complexo e enigmático, um ser
absolutamente normal, pode estar sujeito às influências do meio (não aos determinismos)”. E arremata:
“as diferentes perspectivas não se excluem; antes, completam-se e permitem um grande mosaico sobre
o qual se assenta o direito penal atual”.
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Normalidade do criminoso
Estudo do criminoso passa a segundo plano, como uma superação dos enfoques
individualistas em atenção aos objetivos político-criminais.
VÍTIMA
Outro aspecto do objeto da criminologia se relaciona com o papel da vítima na gênese delitiva.
Nos dois últimos séculos, o direito penal praticamente desprezou a vítima, relegando-a a uma
insignificante participação na existência do delito.
Verifica-se a ocorrência de três grandes instantes da vítima nos estudos penais: a “idade do
ouro”; a neutralização do poder da vítima e a revalorização de sua importância. A idade do ouro
compreende desde os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Média (autotutela, lei de Talião
etc.); o período de neutralização surgiu com o processo inquisitivo e pela assunção pelo Poder Público
do monopólio da jurisdição; e, por derradeiro, a revalorização da vítima ganhou destaque no processo
penal, após o pensamento da Escola Clássica, porém só recentemente houve um direcionamento efetivo
de estudos nesse sentido, com o 1º Seminário Internacional de Vitimologia (Israel, 1973).
Tem-se como fundamental o estudo do papel da vítima na estrutura do delito, principalmente
em face dos problemas de ordem moral, psicológica, jurídica etc., justamente naqueles casos em que o
crime é levado a efeito por meio de violência ou grave ameaça.
Ressalte-se que a vitimologia permite estudar inclusive a criminalidade real, efetiva, verdadeira,
por intermédio da coleta de informes fornecidos pelas vítimas e não informados às instâncias de
controle (cifra negra de criminalidade).
De outra sorte, fala-se ainda em vitimização primária, secundária e terciária. Vitimização
primária é aquela que se relaciona ao indivíduo atingido diretamente pela conduta criminosa.
Vitimização secundária é uma consequência das relações entre as vítimas primárias e o Estado, em face
da burocratização de seu aparelho repressivo (Polícia, Ministério Público etc.). Vitimização terciária é
aquela decorrente de um excesso de sofrimento, que extrapola os limites da lei do país, quando a vítima
é abandonada, em certos delitos, pelo Estado e estigmatizada pela comunidade, incentivando a cifra
negra (crimes que não são levados ao conhecimento das autoridades).
CONTROLE SOCIAL
O controle social é também um dos caracteres do objeto criminológico, constituindo-se em um
conjunto de mecanismos e sanções sociais que buscam submeter os indivíduos às normas de
convivência social. Há dois sistemas de controle que coexistem na sociedade: o controle social informal
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(família, escola, religião, profissão, clubes de serviço etc.), com nítida visão preventiva e educacional, e o
controle social formal (Polícia, Ministério Público, Forças Armadas, Justiça, Administração Penitenciária
etc.), mais rigoroso que aquele e de conotação político-criminal.
É importante distinguir o significado do controle social para a Criminologia positivista e
para o labelling approach porque, conforme o conceito adotado, altera-se a própria concepção de crime
e do objeto de estudo da criminologia. Vejamos:
A distinção entre o controle social formal e o informal é possível de ser verificada apenas em
uma perspectiva moderna, ou seja, na análise feita pela criminologia crítica. Vejamos as principais
distinções:
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3. MÉTODO
Método é o meio pelo qual o raciocínio humano procura desvendar um fato, referente à
natureza, à sociedade e ao próprio homem. No campo da criminologia, essa reflexão humana deve estar
apoiada em bases científicas, sistematizadas por experiências, comparadas e repetidas, visando buscar a
realidade que se quer alcançar.
A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como ciência empírica e
experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para
estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por
consequência disso, busca auxílio dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico.
Observando em minúcias o delito, a criminologia usa, portanto, métodos científicos em seus
estudos. Os fins básicos (por vezes confundidos com suas funções) da criminologia são informar a
sociedade e os poderes constituídos acerca do crime, do criminoso, da vítima e dos mecanismos de
controle social. Ainda: a luta contra a criminalidade (controle e prevenção criminal).
A criminologia tem enfoque multidisciplinar, porque se relaciona com o direito penal, com a
biologia, a psiquiatria, a psicologia, a sociologia etc.
Em relação a análise do seu objeto em si, a criminologia moderna se baseia no método
empírico e interdisciplinar. Por isso, para conhecer bem o assunto de criminologia é necessário se
aventurar em leituras pouco comuns aos bacharéis em direito e dominar conceitos filosóficos,
sociológicos, biológicos entre outros.
Quanto aos métodos diferentes, vejamos:
MÉTODO EMPÍRICO (Positivo) MÉTODO DEDUTIVO (Clássico)
É indutivo, baseado na observação direta da É abstrato, formal, lógico, dogmático, baseado na
realidade especulação e dedução
- Parte de premissas supostamente corretas para
deduzir delas as oportunas consequências
Método da criminologia (ciência do ser) Método do Direito (ciência do dever ser),
normativa, valorativa
Ocupa-se de fatos irrelevantes para o Direito O direito traz uma imagem fragmentada, seletiva
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Penal (como a esfera social do infrator, as cifras e valorada da realidade criminal. Só se interessa
ocultas e condutas atípicas) pela conduta típica.
A criminologia se ajusta a um sistema de O direito penal constitui um sistema de
expectativas cognitivas (conhecimento da expectativas normativas que segue o código lícito-
realidade) que responde ao código verdadeiro- ilícito.
falso (o que tem relação afetiva com a gênese do
delito e o que não tem).
4. FUNÇÃO
Criminologia;
• a obtenção de dados não é um fim em si mesmo. Os dados são material bruto, que têm que
ser interpretados.
5. CLASSIFICAÇÃO
A classificação é uma disposição de coisas segundo dada ordem (classes) para melhor
compreensão de todas elas. Já se disse que a criminologia se ocupa de pesquisar os fatores físicos,
sociais, psicológicos que inspiram o criminoso, a evolução do delito, as relações da vítima com o fato e
as instâncias de controle social, abrangendo sinteticamente diversas disciplinas criminais, como a
antropologia criminal, a biologia criminal, a sociologia criminal, a política criminal etc.
A doutrina dominante entende que a criminologia é uma ciência aplicada que se subdivide em
dois ramos: criminologia geral e criminologia clínica.
Os eminentes criminólogos Newton e Valter Fernandes (2002, p. 38) afirmam: “em reunião
internacional da Unesco, em Londres, logrou-se desmembrar a Criminologia em dois ramos: a
Criminologia Geral e a Criminologia Clínica”.
A criminologia geral consiste na sistematização, comparação e classificação dos resultados
obtidos no âmbito das ciências criminais acerca do crime, criminoso, vítima, controle social e
criminalidade.
A criminologia clínica consiste na aplicação dos conhecimentos teóricos daquela para o
tratamento dos criminosos. Por derradeiro, ensina-se que a criminologia pode ser dividida em:
criminologia científica (conceitos e métodos sobre a criminalidade, o crime e o criminoso, além da vítima
e da justiça penal); criminologia aplicada (abrange a porção científica e a prática dos operadores do
direito); criminologia acadêmica (sistematização de princípios para fins pedagógicos); criminologia
analítica (verificação do cumprimento do papel das ciências criminais e da política criminal) e
criminologia crítica ou radical (negação do capitalismo e apresentação do delinquente como vítima da
sociedade, tem no marxismo suas bases).
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