Centro de Educação e Ciências Humanas UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Por que estudar os clássicos da Sociologia? Qual a importância desses para a
compreensão efetiva dos fenômenos do mundo atual? A leitura feita por eles pode ajudar na análise do mundo em que vivemos? Todas essas perguntas são de total validade dentro da disciplina Sociologia, bem como podem ser feitas – com as devidas adaptações – às outras Ciências Sociais. A discussão pode ter início com o debate entre clássicos e fundadores. Por que, dentro das Ciências Sociais em sua totalidade, usa-se a terminologia, o conceito de clássicos e não fundadores? Em meio às justificativas teóricas para tal uso têm-se como objeto de justificação um evento posterior aos tais clássicos, há quem diga que a proposição se coloca diante de uma conjectura intelectual contemporânea ao século XX, mais precisamente a década de 1930-60, cujo contexto era a empreitada intelectual de Talcott Parsons. Até então, anteriormente a esse intelectual, o que hoje se considera – de forma sumária, ampla e consensual – como clássicos da Sociologia não se configurava de forma relevante tal como foi considerado, discutido e debatido a partir de Parsons e seus contemporâneos pares acadêmicos. Marx, Weber e Durkheim figuravam como intelectuais de destaque até então nacional, respectivamente, na Alemanha e na França; com um adendo para o coautor do Socialismo Científico, juntamente com Friedrich Engels, conhecido também no meio da luta sindical. Acontece que Parsons abriu uma discussão – consciente ou inconscientemente - a partir da consideração de alguns aspectos, conceitos e discussões das obras de Weber e Durkheim que os interessava para compor a sua tese, e consequentemente, a construção daquilo que ele chamou de “paradigma” [metodologia hegemônica]. É certo que Parsons assume uma considerável importância para o contexto de sua época (e para a consideração do que comumente, hoje, vem a ser chamado de tripé da sociologia), dado que a sua inciativa fomenta uma discussão um tanto quanto produtiva – mesmo que em si, ela é envolta de interesse, e se caracterize como tendenciosa [visto que ele negligencia voluntariamente Marx]. Dessa forma, é possível hoje entender que os clássicos – e aqui leia-se para além do famigerado tripé – exercem uma influenciam até hoje no pensamento sociológico, e na forma de fazer sociologia; bem como essa proposição se estende para as outras áreas das Ciências Humanas com as devidas adaptações. Assim temos a figura dos clássicos como um ponto crucial a ser revisitado durantes as crises, inclusive, períodos de alerta como os tempos atuais. Tendo isso em vista, pode-se compreender que a principal diferença entre clássicos e fundadores se materializa na possibilidade de revisitação daqueles. Por conseguinte, urge a necessidade de olharmos com ainda mais atenção para as obras daqueles que alicerçam o pensamento sociológico como um tempo. Com isso, objetiva- se dizer que é de fulcral importância distinguirmo-nos de Parsons no tocante à consideração das contribuições desses tais autores clássicos. Seja para focalizar a questão do cansaço, da divisão social do trabalho, da moral, da religião ou do suicídio em Durkheim; o quesito do método marxiano, do materialismo dialético, da crítica da economia política e análise do capitalismo, e do rigor científico em Marx; não obstante, a relação e ação social, da jaula de ferro, do estudo das vocações, da análise da modernidade em Weber; entre tantos outros clássicos nas suas respectivas áreas de atuação, bem como de contribuição intelectual.