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UMA ANALISE DO ESPAÇO MUSEOLÓGICO NO MUSEU ANAHUACALLI

AN ANALYSIS ABOUT THE MUSEOLOGICAL SPACE IN ANAHUACALLI


MUSEUM

Ana Clara Gouvêa Calmon

RESUMO
Esse artigo traça uma analise sobre a relação entre identidade e espaço, usando como
referência o museu Anahuacalli, na Cidade do México. O espaço do museu utiliza de
diversos artifícios arquitetônicos para significar a presença do homem mexicano através de
seus antepassados culturais.

PALAVRAS-CHAVE
espaço; museu; semiótica; anahuacalli; arquitetura.

ABSTRACT / RESUMEN / SOMMAIRE


This article makes a analysis about the relation between identity and the space using as
reference the Anahuacalli museum in Mexico City. The museum space uses of many
architectonics artifice to mean the presence of the Mexican men through he’s cultural
ancestors.

KEYWORDS / PALAVRAS CLAVE / MOTS-CLÉS

Space; museum; semiotic; anahuacalli; architecture


O Anahuacalli
O museu Anahuacalli é hoje uma das principais obras de arquitetura moderna da
America latina. Localizado na Cidade do Mexico ao sul da colônia de Coyoacán, foi
idealizado por Diego Rivera, famoso muralista mexicano. Foi construído com o
intuito de ser um espaço para as artes ao povo mexicano. O museu possui em seu
acervo cerca de sessenta mil peças de arte pré-hispânica que pertenceu à coleção
de Rivera e Frida Kahlo, com quem foi casado.

Por não ser um arquiteto por formação Rivera desenvolveu uma proposta única no
projeto do museu, onde a arte vai ser mais ampla que o funcionalismo tradicional
dos espaços museológicos.

O Espaço e o Homem
O museu é espaço de construção de sentido e conhecimento, e para isso utiliza das
praticas informacionais, das obras expositivas e principalmente do espaço. O
Anahuacalli desempenha um processo único onde o espaço museológico ocupa lu-
gar de objeto expositivo como principal ponto de significação e informação do seu
acervo. E pode-se entender praticas informacionais como:

[…] mecanismos mediante aos quais significados, símbolos e


signos culturais são transmitidos, assimilados ou rejeitados
pelas ações e representações dos sujeitos sociais em seus
espaços instituídos [...]” (MARTELETO,1995, p. 91)

Na maioria dos espaços museológicos essas praticas são aplicadas principalmente


nos processos de seleção, produção e divulgação dos objetos expositivos. No
Anahuacalli o espaço se destaca como a principal pratica informacional do museu,
através de sua arquitetura. Além disso a seleção das obras ali expostas também
passaram por um processo diferente de seleção.

“Com efeito, as preciosas peças de cerâmica que o Anahuacalli


abriga não estão subordinadas a um sistema racionalizador,
nem a uma vontade arqueológica classificadora ou a uma
pretensão didática de características
enciclopédicas.” (SUBIRATS, 1999, p. 153)
Dessa forma, no Anahuacalli o espaço não está subordinado às estéticas museoló-
gicas tradicionais, também é notável a tentativa de destacar a arte mexicana, como
cultura viva, que passa por uma curadoria e não por uma classificação arqueológica.
Essas características evidenciam a particularidade desse espaço. Desde o processo
de idealização à execução do projeto, Rivera se conecta a uma arquitetura orgânica
de integração com o espaço. Os materiais utilizados no projeto foram retirados do
ambiente em que ele esta sitiado, assim como métodos construtivos locais foram
resgatados, isto é métodos construtivos de povos pré-hispânicos, que ocuparam
essa região. Esses artifícios arquitetônicos evidenciam uma estética mexicana. Há
uma integração da paisagem, da cosmogonia¹ e da arte pré-hispânica como artificio
para uma maior identificação do homem com o espaço.

Nessa estética é que se baseia a produção de sentido que permeia o lugar. No


Anahuacalli o espaço se relaciona ao povo mexicano. Na medida em que constrói o
senso de preservação da estética mexicana e de uma identidade, se levarmos em
conta que: “o senso do espaço no homem relaciona-se intimamente com seu senso
do eu, que se encontra, por sua vez, em intima transação com o meio ambiente ”
Edward T. Hall (1977: 66) Isto é a nova estética que foi proposta por Rivera através
de praticas de seus antepassados e materiais locais na elaboração cria uma relação
mais profunda entre o espaço e o seu publico alvo.

Desta forma o Anahuacalli propõe uma experiencia ideológica e cultural mais ampla
do que informativa, e que se destaca pela imersão nesse espaço de criação de uma
estética nacionalista. As preocupações do artista na elaboração do espaço, vão alem
do universo do visível, elas abrangem outras qualidades sensíveis. Pra isso muitas
referencias são usadas na criação do museu com ares de pirâmide e ora de
mausoléu.
Imagem 1:
Fonte:
(mayajourneymex.wordpress.com)
Plataforma Maya em Chichén Itzá

Imagem 2:
Fonte: (masoweb.com)
Nessa imagem temos a entrada
de um templo em Yucatán

Imagem 3:
Fonte: (lascasasbb.com)
Templo da serpente em
O Anahuacalli é dotado de amplas referencias arquitetônicas de diferentes povos
que habitaram a região do México, percebe-se referencias com templos Nahuatl,
Maias e Teotihuacanos como pode ser visto nas imagens 1, 2 e 3. Mas o que não
significa que referencias modernas foram inseridas como as grandes janelas de vi-
dro. (Imagem 4)

Imagem 4:
Fonte: (https://mxcity.mx/)
Faixada do Museu Anahuacalli
Internamente o espaço é dividido em três andares assim como a árvore da vida,
figura presente na cultura dos povos pré-hispânicos da região do México, o mundo
está dividido em três, sendo eles: o infra-mundo, a vida terrena e o supra-mundo ou
mundo celestial.

O primeiro andar do museu se destaca por sua baixa iluminação, que apesar de ter
janelas, elas são fechadas com um material que reduz a passagem de luz, lembran-
do a aparência de uma caverna ou uma tumba. A ausência de cores e o elemento da
pedra vulcânica, utilizada na construção, são os motivos mais evidentes. Este é o
andar que simboliza o infra-mundo, as entranhas da terra. O acesso ao segundo an-
dar se dá por uma escada estreita e de degraus altos, é o acesso à vida terrena. No
piso superior, a luz permeia o lugar, é onde se encontra o espaço que foi destinado a
receber o ateliê de Rivera. É o andar que representa a vida diária das pessoas e
isso explica a sua amplitude, por ser a vida terrena a de maior conhecimento do
homem. O terceiro andar remete ao mundo celestial e possui um menor numero de
salas, é o mundo desconhecido ao homem, e só é possível se dirigir ao terraço
como uma contemplação do céu, o desconhecido. Todas essas características pre-
sentes fazem com que o edifício se torne, por si só, um objeto expositivo.

Assim, o Anahuacalli, não é um museu de antropologia ou arqueologia, e sim de arte


pré-hispânica. Mais do que uma experiencia informativa, vai desempenhar um papel
na criação de uma identidade nacionalista. O espaço utiliza a vivência cultural da
arte pré-hispânica, para comunicar ao visitante a presença do homem pré-hispânico
como um homem ainda vivo no mundo moderno mexicano.

[...] se o significante espacial aparecer como uma


verdadeira linguagem, compreenderemos que ele pode ser
assumido para significar, e, primeiramente para significar a
presença do homem no mundo […] GREIMAS (1981: 119)

Toda essa linguagem proposta por Rivera através do espaço promove a significação
do homem mexicano na cultura dessa sociedade, desenterrando os povos pré-his-
pânicos dos espaços museológicos higienizados para evidencia-los como a maior
identidade nacionalista mexicana, como referencia na estética desse povo.

Notas
1”corpo de doutrinas, princípios (religiosos, míticos ou científicos) que se ocupa em explicar a origem, o princípio
do universo”

Referências
GREIMAS, A. J. (1992) – A sociedade refletida: ensaios de sociossemiótica. São Paulo,
Educ.

HALL, Edward; A Dimensão oculta. 2 ed. Rio de Janeiro, F. Alves, (1977)

MAGRO, Adriana. A Signifcação do Espaço Escolar. 2010. 202. Programa de pós-


graduação em educação - PPGE; Doutorado em Educação. UFES, Vitória, 2010.

MARTELETO, R. M. Cultura informacional: construindo o objeto informação pelo emprego


dos conceitos de imaginário, instituição e campo social. Ci. Inf., Brasília, v. 24, n.1, p. 89-93,
jan./ abr. 1995.

SUBIRATS, Eduardo; A Penultima Visão do Paraíso; São Paulo; Nobel; 1999

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