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RESUMO
Esse artigo traça uma analise sobre a relação entre identidade e espaço, usando como
referência o museu Anahuacalli, na Cidade do México. O espaço do museu utiliza de
diversos artifícios arquitetônicos para significar a presença do homem mexicano através de
seus antepassados culturais.
PALAVRAS-CHAVE
espaço; museu; semiótica; anahuacalli; arquitetura.
Por não ser um arquiteto por formação Rivera desenvolveu uma proposta única no
projeto do museu, onde a arte vai ser mais ampla que o funcionalismo tradicional
dos espaços museológicos.
O Espaço e o Homem
O museu é espaço de construção de sentido e conhecimento, e para isso utiliza das
praticas informacionais, das obras expositivas e principalmente do espaço. O
Anahuacalli desempenha um processo único onde o espaço museológico ocupa lu-
gar de objeto expositivo como principal ponto de significação e informação do seu
acervo. E pode-se entender praticas informacionais como:
Desta forma o Anahuacalli propõe uma experiencia ideológica e cultural mais ampla
do que informativa, e que se destaca pela imersão nesse espaço de criação de uma
estética nacionalista. As preocupações do artista na elaboração do espaço, vão alem
do universo do visível, elas abrangem outras qualidades sensíveis. Pra isso muitas
referencias são usadas na criação do museu com ares de pirâmide e ora de
mausoléu.
Imagem 1:
Fonte:
(mayajourneymex.wordpress.com)
Plataforma Maya em Chichén Itzá
Imagem 2:
Fonte: (masoweb.com)
Nessa imagem temos a entrada
de um templo em Yucatán
Imagem 3:
Fonte: (lascasasbb.com)
Templo da serpente em
O Anahuacalli é dotado de amplas referencias arquitetônicas de diferentes povos
que habitaram a região do México, percebe-se referencias com templos Nahuatl,
Maias e Teotihuacanos como pode ser visto nas imagens 1, 2 e 3. Mas o que não
significa que referencias modernas foram inseridas como as grandes janelas de vi-
dro. (Imagem 4)
Imagem 4:
Fonte: (https://mxcity.mx/)
Faixada do Museu Anahuacalli
Internamente o espaço é dividido em três andares assim como a árvore da vida,
figura presente na cultura dos povos pré-hispânicos da região do México, o mundo
está dividido em três, sendo eles: o infra-mundo, a vida terrena e o supra-mundo ou
mundo celestial.
O primeiro andar do museu se destaca por sua baixa iluminação, que apesar de ter
janelas, elas são fechadas com um material que reduz a passagem de luz, lembran-
do a aparência de uma caverna ou uma tumba. A ausência de cores e o elemento da
pedra vulcânica, utilizada na construção, são os motivos mais evidentes. Este é o
andar que simboliza o infra-mundo, as entranhas da terra. O acesso ao segundo an-
dar se dá por uma escada estreita e de degraus altos, é o acesso à vida terrena. No
piso superior, a luz permeia o lugar, é onde se encontra o espaço que foi destinado a
receber o ateliê de Rivera. É o andar que representa a vida diária das pessoas e
isso explica a sua amplitude, por ser a vida terrena a de maior conhecimento do
homem. O terceiro andar remete ao mundo celestial e possui um menor numero de
salas, é o mundo desconhecido ao homem, e só é possível se dirigir ao terraço
como uma contemplação do céu, o desconhecido. Todas essas características pre-
sentes fazem com que o edifício se torne, por si só, um objeto expositivo.
Toda essa linguagem proposta por Rivera através do espaço promove a significação
do homem mexicano na cultura dessa sociedade, desenterrando os povos pré-his-
pânicos dos espaços museológicos higienizados para evidencia-los como a maior
identidade nacionalista mexicana, como referencia na estética desse povo.
Notas
1”corpo de doutrinas, princípios (religiosos, míticos ou científicos) que se ocupa em explicar a origem, o princípio
do universo”
Referências
GREIMAS, A. J. (1992) – A sociedade refletida: ensaios de sociossemiótica. São Paulo,
Educ.