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PALAVRAS 12

Teste de avaliação – 12.º ano janeiro 2020

Educação Literária

Grupo I (104 pontos)

A (48 pontos)

Lê atentamente o seguinte texto e consulta a nota apresentada.

PADRÃO1
O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.

A alma é divina e a obra é imperfeita.


Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.

E ao imenso e possível oceano


Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma


E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
Fernando Pessoa, Mensagem e Outros Poemas sobre Portugal, Lisboa: Assírio & Alvim, 2016, p. 88.

1. Caracteriza o sujeito poético, fundamentando com expressões textuais.


2. Explicita as funções atribuídas no poema ao padrão.
3. Esclarece o sentido dos versos 11 e 12.

B (40 pontos)
1
Monumento de pedra, com o brasão português e a cruz de Cristo, que os portugueses erguiam nas terras
que iam descobrindo.
1
PALAVRAS 12

Lê o texto.
Um ano depois da Formatura, Gonçalo foi a Lisboa por causa da hipoteca da sua quinta
de Praga, junto a Lamego, que certo foro anual de dez réis e meia galinha, devido ao abade de
Praga, andava empecendo terrivelmente nos Conselhos do Banco Hipotecário; — e também
para conhecer mais estreitamente o seu chefe, o Braz Victorino, mostrar lealdade e submissão
partidária, colher algum fino conselho de conduta Política. Ora uma noite, voltando de jantar
em casa da velha Marquesa de Louredo, a "tia Louredo", que morava a Santa Clara, esbarrou
no Rossio com José Lúcio Castanheiro, então empregado no Ministério da Fazenda, na
repartição dos Próprios Nacionais. (…) E, passeando ambos em torno das fontes secas do
Rossio, Castanheiro, que sobraçava um rolo de papel e um gordo fólio encadernado em
bezerro, depois de recordar as cavaqueiras geniais da rua da Misericórdia, de maldizer a falta
de intelectualidade de Vila Real de Santo António — voltou sofregamente à sua Ideia, e
suplicou a Gonçalo Mendes Ramires que lhe cedesse para os Anais esse romance que ele
anunciara em Coimbra, sobre o seu avoengo Tructesindo Ramires, Alferes-Mor de Sancho I.
Gonçalo, rindo, confessou que ainda não começara essa grande obra! — Ah!
(murmurou o Castanheiro, estacando, com os negros óculos sobre ele, duros e desconsolados).
— Então você não persistiu?... Não permaneceu fiel à Ideia?...
(…)
— Bem, bem! Acabou! Procrastinare lusitanum est. Trabalha agora no verão... (…) De
resto os Anais só aparecem em dezembro, caracteristicamente no Primeiro de Dezembro. E
você em três meses ressuscita um mundo. Sério, Gonçalo Mendes!... É um dever, um santo
dever, sobretudo para os novos, colaborar nos Anais. Portugal, menino, morre por falta de
sentimento nacional! Nós estamos imundamente morrendo do mal de não ser Portugueses!
(…)
— Assim, vocês! Por essa história de Portugal fora, vocês são uma enfiada de Ramires
de toda a beleza. (…) E os outros Ramires, o de Silves, o de Aljubarrota, os de Arzila, os da
Índia! E os cinco valentes, de quem você talvez nem saiba, que morreram no Salado! (…) E
depois feito por você próprio, Ramires, que chic! Caramba, que chic! É um Fidalgo, o maior
Fidalgo de Portugal, que, para mostrar a heroicidade da Pátria, abre simplesmente, sem sair do
seu solar, os arquivos da sua Casa, velha de mais de mil anos. É de rachar!... E você não precisa
fazer um grosso romance... Nem um romance muito desenvolvido está na índole militante da
revista. Basta um conto, de vinte ou trinta páginas... Está claro, os Anais por agora não podem
pagar. Também, você não precisa! E que diabo! não se trata de pecúnia, mas de uma grande
renovação social... E depois, menino, a literatura leva a tudo em Portugal. Eu sei que o Gonçalo
em Coimbra, ultimamente, frequentava o Centro Regenerador. Pois, amigo, de folhetim em
folhetim, se chega a S. Bento! A pena agora, como a espada outrora, edifica reinos... Pense
você nisto! (…)
Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires, (cap. I), ed. Carlos Reis, Lisboa: IN-CM, 2014, p. 81-84.

4. Caracteriza, a partir do texto, a personagem central de A Ilustre Casa de Ramires,


Gonçalo Ramires.
5. Indica o desafio lançado por Castanheira a Gonçalo, apresentando quatro razões que o
convenceriam a empreender tal tarefa.
6. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada
a cada espaço.
2
PALAVRAS 12

Neste excerto, José Lúcio Castanheiro revela-se ____ a) ____, na medida em que tenta
persuadir Gonçalo Mendes Ramires de que a sua colaboração n’os Anais é imprescindível
para a “renovação social”. Gonçalo, por sua vez, mostra ____ b) ____ perante a proposta
do empregado no Ministério da Fazenda.
a) b)
1. um pretensioso 1. displicência.
2. um homem maçador 2. descontentamento.
3. um patriota sentimentalista 3. júbilo
4. um intriguista 4. desdém.

C (16 pontos)
7. Partindo da tua experiência de leitura, redige uma exposição, de oitenta a cento e trinta
palavras, sobre a importância das reflexões do Poeta dentro da estrutura de Os Lusíadas, de
Luís de Camões. A tua exposição deverá referir exemplos da epopeia camoniana.

Grupo II (56 pontos)


Leitura | Gramática

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

O verbo saudar
A aldeia global tornou-nos apenas próximos: não nos apresentou uns aos outros.
Passamos a partilhar uma quantidade colossal de informações, mas continuamos
perfeitos estranhos. Quanto muito tem crescido o voyeurismo1 que sobrevoa a existência
alheia e nos dispersa da nossa. Às nossas sociedades hipertecnológicas faltam os
5 protocolos de encontro que, por exemplo, integravam com a maior naturalidade o
quotidiano das sociedades primitivas. Entre os povos do deserto, quando os
desconhecidos eram aceites como hóspedes, seguia-se este ritual de aproximação:
“Considera-te bem-vindo! Recebe as minhas saudações. Como prosseguem os teus dias?
Como vão os filhos de Adão? E a tua família? E a tua tenda? E a tua gente? E a tua mãe?
10 E tu, como corre a viagem que estás a realizar?” Percebe-se que acolher implicava
escutar o outro em profundidade. É isso que está em jogo num genuíno encontro. As
fórmulas podem ser mais longas ou mais breves, mas o fundamental é que um espírito
de cerimónia persista, pois ele humaniza as nossas trajetórias. Na Bíblia hebraica,
encontramos o “Quem és? De onde vens? Para onde vais?” trocado, com cordial
15 curiosidade, entre viajantes. Os gregos e romanos, por seu lado, vulgarizaram o aperto
de mão, como se pode ver nos monumentos figurativos e sobretudo nas estelas 2
funerárias. O beijo é praticamente uma importação do Oriente. Mas tanto gregos como
romanos mantinham também o hábito de favorecer os seus interlocutores com felizes
augúrios, herança que apenas em parte conservamos: o grego χαῖρε, “alegra-te” ou
ἔρρωσο, “sê em toda a tua força”; o latino Ave, “Deus te salve!” ou Vale, “que tenhas
20 saúde!”. As fórmulas de cumprimento tornaram-se tão sincopadas a Ocidente que
perderam a sua força expressiva. A maior parte das vezes são hoje repetidas de maneira
automática. Por isso sabe bem recordar outras possibilidades: como entre os etíopes, que
recorrem a um termo que significa “Vejo-te” ou entre os ameríndios, que usam uma
1
Curiosidade mórbida relativamente a aspetos íntimos ou da vida privada de alguém.
2
Coluna monolítica destinada a ter inscrição.
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PALAVRAS 12

expressão que diz qualquer coisa como “Recebo agora o teu cheiro”. O protocolo de
25 encontro tem ainda uma plasticidade visceral que demonstra a centralidade que ocupa
nessas práticas sociais. Facto que soará estranhíssimo numa época como a nossa em que
nos tornamos cosmopolitas, de uma hora para outra, só porque esbarramos com mais
estranhos na rua, sem aumentar o número de vezes que dizemos “bom-dia”.
José Tolentino Mendonça, Revista do Expresso, 19 de agosto de 2017, p. 92.

1. A primeira frase encerra


(A) a tese que o texto desenvolve.
(B) um argumento aceite consensualmente.
(C) uma opinião generalizada.
(D) um facto inexplicável.

2. De acordo com o texto, o acolhimento do outro pressupõe


(A) a aceitação das suas especificidades.
(B) a sua integração na nova sociedade.
(C) a partilha de muitas informações.
(D) o cumprimento de protocolos solenes.

3. Atualmente, as fórmulas de saudação são


(A) curtas e inexpressivas.
(B) curtas, mas muito expressivas.
(C) curtas e instintivas.
(D) longas e significativas.

4. Os vocábulos sublinhados em “A aldeia global tornou-nos apenas próximos: não nos


apresentou uns aos outros” (l.1) são
(A) pronomes pessoais com função de complemento direto.
(B) pronomes pessoais com função de complemento indireto.
(C) pronomes pessoais com função de complemento direto e complemento indireto
respetivamente.
(D) pronomes pessoais com função de complemento indireto e complemento direto
respetivamente.

5. Os vocábulos “sociedades” (l.4) e “povos” (l.6) asseguram


(A) a coesão interfrásica.
(B) a coerência textual.
(C) a coesão frásica.
(D) a coesão lexical.

6. Identifica o antecedente do pronome presente em “faltam os protocolos de encontro


que, por exemplo, integravam com a maior naturalidade o quotidiano das sociedades
primitivas” (ll. 4-6).

7. Divide e classifica as orações da seguinte frase: “As fórmulas de cumprimento


tornaram-se tão sincopadas a Ocidente que perderam a sua força expressiva” (ll. 21-22).

8. Indica a função sintática da expressão “o voyeurismo que sobrevoa a existência alheia e


nos dispersa da nossa.” (ll.3-4).

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PALAVRAS 12

Grupo III (40 pontos)

Escrita

O mar é um local de incertezas e de perigos, mas a localização geográfica foi para


Portugal determinante.
Redige um texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 350
palavras, em que defendas o teu ponto de vista sobre a ideia exposta.

  No teu texto:

– explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois


argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo; 

– utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).  

Bom trabalho!

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