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do
Trabalho
1ª
frequência
Classificação
do
direito
de
trabalho
enquanto
ramo
do
direito
privado
No
direito
privado
as
partes
encontram-‐se
numa
situação
de
paridade/
igualdade,
o
oposto
do
que
acontece
no
direito
público
em
que
uma
das
partes
é
hierarquicamente
superior
em
relação
à
outra
em
virtude
do
ius
imperii.
Estas
posições
diferentes
refletem-‐se
nos
regimes
jurídicos
aplicáveis:
no
direito
privado
aplica-‐se
o
princípio
da
autonomia
da
vontade,
que
se
manifesta
através
do
princípio
da
liberdade
contratual;
no
direito
público
não
há
liberdade
contratual
uma
vez
que
a
parte
detentora
da
soberania
tem
o
poder
de
determinar
o
conteúdo
das
relações
-‐
aqui,
o
princípio
fundamental
é
o
da
legalidade.
O
direito
do
trabalho
insere-‐se
no
ramo
do
direito
privado,
pelo
que
nenhum
dos
sujeitos
é
titular
do
ius
imperii
ou
atua
mediante
esse
ius
imperii
(nada
impede
que
um
ente
público
possa
contratar
ao
abrigo
do
direito
privado,
afastando-‐se
da
sua
soberania).
Regra
geral,
o
direito
do
trabalho
aplica-‐se
às
relações
entre
empregadores
e
trabalhadores
do
sector
privado;
no
caso
de
haver
uma
relação
do
sector
público
poder-‐se-‐á
aplicar
uma
lei
especial
do
trabalho
destinada
a
regular
o
sector
público.
O
trabalho
que
aqui
releva
é
aquele
que
se
analisa
“numa
atividade
paga,
realizada
por
conta
de
um
terceiro
(empregador),
com
vista
à
realização
de
fins
que
não
fomos
nós
próprios
a
escolher,
e
segundo
modalidades
e
horários
fixados
por
aquele
que
nos
pague”.
Posto
isto,
o
Direito
do
Trabalho
regula
uma
relação
que
se
estabelece
entre
trabalhador
e
empregador,
relação
essa
marcada
pelo
sinalagma
entre
trabalho
e
salário,
por
força
da
qual
o
trabalhador
se
compromete
a
prestar
a
sua
atividade
de
acordo
com
as
ordens
e
instruções
que
lhe
serão
dadas
pela
contraparte
(trabalho
subordinado
por
conta
de
outrem,
de
execução
heteroconformada).
O
contrato
de
trabalho
é
a
relação
jurídica
que
está
na
origem
do
direito
do
trabalho.
Este
ramo
do
direito
pode
dividir-‐se
em
três
tipos:
o
direito
individual
de
trabalho,
o
direito
coletivo
de
trabalho
(sindicatos,
comissões
de
trabalhadores,
contratação
coletiva,
direito
à
greve,
etc.)
e
a
legislação
que
respeita
ao
desemprego.
Função
constitutiva
Contrato
de
trabalho
Função
normativa
Enquadramento
histórico
A
génese
do
direito
do
trabalho
é
relativamente
recente,
remontando
ao
final
do
século
XIX
e
início
do
século
XX.
Antes
deste
período
havia,
logicamente,
trabalhadores
mas
não
havia
uma
legislação
a
regular
as
relações
jurídico-‐laborais.
Estas
relações
são,
em
princípio,
estabelecidas
entre
duas
pessoas
que
se
encontram
numa
situação
de
igualdade,
ainda
que
seja
meramente
formal.
Desde
sempre
as
relações
laborais
foram
reguladas
pelo
direito
civil
mas,
principalmente,
a
partir
do
pós
Revolução
Industrial,
o
homem
começou
a
ser
substituído
pela
máquina,
vindo
a
oferta
e
a
procura
de
emprego
a
sofrer
um
desajuste.
Sendo
a
procura
maior
que
a
oferta,
os
empregadores
começaram
a
poder
impor
condições
a
que
os
trabalhadores
se
teriam
que
sujeitar
caso
quisessem
de
facto
arranjar
emprego.
Constatou-‐se
nesse
período
que
entre
o
trabalhador
e
o
empregador
existe,
geralmente
(pode
não
existir),
uma
situação
de
dependência
económica.
Isto
é,
o
trabalhador
vê
a
sua
subsistência/
necessidades
essenciais
depender
do
salário
que
o
empregador
lhe
paga
pelos
serviços
que
presta.
Assim
sendo,
podemos
afirmar
haver
uma
relação
assimétrica
que
nos
conduz
ao
direito
da
desigualdade
-‐
à
igualdade
formal
não
corresponde
necessariamente
a
igualdade
material.
Esta
dependência
económica
faz
com
que,
na
prática,
o
empregador
se
encontre
numa
posição
de
definir
as
condições
contratuais.
Fruto
desta
crise
no
emprego
as
pessoas
aceitaram
a
intervenção
direta
do
Estado
no
mundo
do
trabalho,
tendo
ainda
começado
a
organizar-‐se
em
massas,
criando
sindicatos,
como
forma
a
conseguir
impor
as
suas
forças
e
vontades.
Seguiram-‐se
os
ideais
marxistas
que
vieram
constituir
uma
situação
oposta.
Assim,
a
necessidade
de
criar
o
Direito
do
Trabalho
partiu
do
facto
das
relações
contratuais
serem
assimétricas
e
de
desigualdade,
tendo-‐se
constatado
uma
insuficiência
do
livre
jogo
da
concorrência
no
domínio
do
mercado
de
trabalho,
em
ordem
à
consecução
de
condições
de
trabalho
e
de
vida
minimamente
aceitáveis
para
as
camadas
laborais.
Constatava-‐se
pois
que
em
termos
negociais
uma
das
partes
-‐
trabalhador
-‐
era
mais
frágil
em
termos
de
poder
negocial,
em
virtude
da
sua
dependência
económica;
havia
necessidade
de
proteger
os
trabalhadores
e
é
por
isso
que
o
princípio
basilar
do
direito
do
trabalho
é
o
do
tratamento
mais
favorável
do
trabalhador.
Surgiram
deste
modo
as
primeiras
leis
do
trabalho,
como
forma
a
eliminar
as
injustiças
que
a
lei
civil
permitia
que
ocorressem
e
como
forma
a
colmatar
as
desigualdades
que
ocorriam.
Começaram
pois
a
criar-‐se
limites
ao
exercício
da
autonomia
privada
para
que
o
empregador
não
tivesse
um
exercício
abusivo
do
poder
patronal:
começou
por
impor-‐se
um
limite
máximo
ao
número
de
horas
de
trabalho,
estabeleceram-‐se
condições
mínimas
de
trabalho,
definiram-‐se
retribuições
mínimas,
etc.
Em
suma,
e
enquanto
“direito
da
desigualdade”,
o
Direito
do
Trabalho
desfia,
desde
sempre,
dos
automatismos
do
mercado
e
do
contrato
individual,
controlando
a
liberdade
contratual
e
restringindo
a
concorrência
entre
trabalhadores
no
mercado
laboral.
Na
base
de
toda
a
relação
jurídico
contratual
está
um
contrato
de
trabalho,
o
qual
não
obedece
a
nenhum
requisito
de
forma
específico
(podem
ser
escritos
ou
orais).
O
contrato
de
trabalho
é
um
contrato
celebrado
entre
dois
sujeitos
contratuais
(trabalhador
e
empregador)
que
acaba
por
se
organizar
no
preenchimento
de
3
grandes
requisitos:
(1)
o
trabalhador
obriga-‐se
a
prestar
uma
determinada
atividade,
(2)
em
contrapartida
o
empregador
obriga-‐se
a
pagar
um
salário
(retribuição)
ao
trabalhador
e
(3)
ocorre
uma
subordinação
jurídica.
Para
termos
contratos
de
trabalho
tem
que
existir,
obrigatoriamente,
subordinação
jurídica.
No
trabalho
subordinado
o
trabalhador
obriga-‐se
a
prestar
a
atividade
de
acordo
com
as
ordens
e
instruções
que
são
dadas
pelo
empregador.
Por
exemplo:
imaginemos
um
trabalhador
fabril
que
a
mando
do
seu
empregador
tem
que
colocar
fechos
mas
decide
fazer
outra
qualquer
tarefa
à
o
trabalhador
não
está
autorizado
a
autorregular
a
sua
atividade,
obrigando-‐se
antes
a
cumprir
a
atividade
que
a
empregadora
pré-‐programar.
O
empregador
é
titular
de
uma
organização
produtiva,
logo
é
ele
que
define
os
termos
em
que
vai
funcionar
-‐
por
esta
razão
se
fala
em
subordinação.
Regime
legal
aplicável
Só
se
aplica
o
Direito
do
Trabalho
naquilo
que
houver
desvio
relativamente
ao
direito
civil,
havendo
determinadas
matérias
que
o
direito
do
trabalho
não
regula.
Sendo
o
direito
do
trabalho
um
ramo
do
direito
especial
este
só
dispõe
sobre
questões
que
precisavam
de
reforma,
pelo
que
o
direito
civil
(regime
regra)
se
aplica
subsidiariamente.
Modelos
de
organização
laboral
Há
dois
grandes
modelos
de
organização
laboral:
há
ordenamentos
jurídicos
que
privilegiam
a
estabilidade
no
emprego
e
outros
a
flexibilidade
no
emprego.
Os
países
anglo-‐saxónicos
são
a
favor
da
flexibilidade
no
emprego
como
forma
a
proteger
o
trabalhador:
aqui
é
mais
fácil
despedir
(não
é
necessário
justa
causa,
como
acontece
em
Portugal
[artigo
53º
da
CRP]
-‐
facilita-‐se
a
desvinculação)
uma
vez
que
ao
não
permitir
o
despedimento
vão
criar-‐se
inúmeras
restrições
especialmente
no
que
toca
a
novas
contratações
(em
consequência,
facilita-‐se
a
nova
contratação).
Assim,
o
facto
de
se
privilegiar
a
segurança
no
emprego
vai
impedir
a
circulação
de
trabalhadores,
uma
vez
que
os
empregados
ficam
com
todos
os
direitos
e
os
desempregados
nunca
conseguem
entrar
no
mercado
de
trabalho.
Independentemente
daquilo
que
determinado
ordenamento
jurídico
privilegie,
o
objetivo
será
sempre
o
mesmo:
a
proteção
da
parte
mais
fraca
da
relação
laboral
-‐
trabalhador.
Ainda
que
o
modelo
de
organização
laboral
na
maioria
dos
países
ocidentais
seja
privilegiador
da
estabilidade
no
emprego,
estamos
hoje
sujeitos
a
um
processo
de
globalização
capitalista.
Constata-‐se
um
fenómeno
designado
de
dumping
social:
as
empresas
começaram
a
deslocalizar
trabalhadores
para
ordenamentos
em
que
as
exigências
laborais
fossem
menores
e
os
custos
de
produção
mais
favoráveis
(justifica-‐se
pelo
facto
do
capitalista
visar
o
lucro);
há
concorrência
entre
trabalhadores
à
escala
universal;
a
competitividade
das
empresas
está
sempre
a
aumentar.
Fontes
de
direito
Não
só
de
fontes
específicas
se
constrói
o
Direito
do
Trabalho,
sendo
o
panorama
de
fontes
deste
ramo
do
ordenamento
jurídico
particularmente
complexo,
sendo
atravessado
por
duas
ideias
interligadas:
a
aceitação
do
pluralismo
normativo
e
a
rejeição
de
uma
visão
estatocêntrica
da
criação
do
direito.
O
contrato
de
trabalho
tem
uma
função
normativa
mas
não
é
fonte
de
direito,
pelo
que
apenas
regula
as
relações
entre
o
trabalhador
e
a
entidade
empregadora.
Há
a
distinguir
fontes
internas
de
fontes
internacionais,
sendo
que
umas
são
comuns
aos
demais
ramos
do
direito
e
outras
são
exclusivas
deste
ramo
de
direito.
A
principal
fonte
do
direito
do
trabalho
é
a
CRP,
nomeadamente
os
direitos,
liberdades
e
garantias.
Em
relação
às
fontes
internacionais,
são
de
referir:
à
UE:
há
a
distinguir
entre
o
direito
originário
(tratados
instituidores
da
UE)
e
o
direito
derivado
(constituído
por
regulamentos
e
diretivas,
os
quais
derivam
do
Conselho
e
da
Comissão
-‐
vigoram
automaticamente
na
ordem
jurídica
portuguesa,
podendo
mesmo
substituir
legislação
ordinária
que
contrarie
esses
regulamentos
e
diretivas;
a
força
de
vinculação
dos
regulamentos
é
muito
maior
que
a
das
diretivas
comunitárias,
uma
vez
que
as
diretivas
têm
que
ser
transpostas
ou
concretizadas
pelo
legislador
-‐
as
diretivas
ditam
objetivos
mas
são
os
EM
que
decidem
como
os
atingir,
enquanto
que
os
regulamentos
vigoram
com
a
mesma
redação
para
todos
os
EM);
à
Conselho
da
Europa;
à
OIT
(Organização
Internacional
do
Trabalho):
esta
é
uma
organização
com
competência
sobretudo
laboral,
sendo
uma
instituição
especializada
da
ONU.
A
forma
de
fazer
direito
desta
organização
passa
por
recomendações
e
convenções
(necessitam
de
ratificação
do
Parlamento
para
vincular
os
Estados
-‐
artigo
8º,
nº2
da
CRP).
liberdades
e
garantias
pelo
que
lhe
é
aplicável
o
regime
do
artigo
18º;
o
mesmo
não
acontece
com
o
artigo
58º).
Para
além
do
incontornável
papel
que
desempenha
enquanto
fonte
material
do
direito
laboral,
a
CRP
surge
como
“fonte
das
fontes”,
isto
é,
como
as
leis
do
trabalho
versam
sobre
direitos,
liberdades
e
garantias,
só
à
AR
compete
legislar
nesta
matéria
ou
ao
Governo
mediante
decreto-‐lei
autorizado
da
AR
-‐
artigo
165º,
nº1,
alínea
b)
da
CRP
(competências
exclusivas
da
AR).
Os
trabalhadores
gozam,
em
todo
o
caso,
do
direito
fundamental
de
participar
na
elaboração
da
legislação
do
trabalho,
através
das
comissões
dos
trabalhadores
(artigo
54º,
nº5,
alínea
d)
da
CRP)
e
das
associações
sindicais
(artigo
56º,
nº2,
alínea
a)
da
CRP).
Assim,
se
uma
lei
ou
decreto-‐lei
se
debruçar
sobre
matéria
laboral
o
processo
legislativo
está
sujeito
a
um
requisito
adicional
de
obrigatoriedade
de
consultar
os
estatutos
dos
trabalhadores
e
dos
empregadores
-‐
artigos
469º
e
ss.
do
CT;
numa
discussão
de
determinado
diploma
é
obrigatória
a
apreciação
pública
(se
não
existir
o
diploma
é
inconstitucional),
porém
o
parecer
que
daí
resulte
não
vincula
o
legislador.
à
Fontes
de
origem
convencional:
normas
jurídicas
(logo,
gerais
e
abstratas)
que
não
dependem
da
existência
de
ius
imperii
nas
entidades
que
as
emanam
-‐
criadas
por
entidades
privadas
ou
entidades
públicas
destituídas
do
seu
ius
imperii.
(1)
Regulamento
interno
das
empresas
-‐
normas
jurídicas
elaboradas
pelo
empregador,
o
qual
possui
poder
regulamentar
quanto
a
questões
relacionadas
com
a
organização
e
disciplina
da
empresa
que
gere
(artigo
99º
do
CT)
mas
deve
obediência
à
lei
geral
do
trabalho;
(2)
Usos
laborais
-‐
constituem
fonte
mediata
de
direito,
ou
seja,
só
se
revelam
de
facto
uma
fonte
se
a
lei
remeter
expressamente
para
eles;
vêm
consagrados
como
fonte
no
artigo
1º
do
CT;
(3)
Convenções
coletivas
de
direito
coletivo
de
trabalho
-‐
constituem
o
principal,
mas
não
o
único,
instrumento
de
regulamentação
coletiva
de
trabalho
(IRCT)
-‐
artigo
2º
do
CT;
estes
instrumentos
podem
ser
negociais
(CCT,
Acordo
de
Adesão
e
decisão
arbitral)
e
não
negociais
(portaria
de
extensão,
portarias
de
condições
mínimas).
Nem
sempre
as
convenções
são
mais
benéficas
para
o
trabalhador
mas,
ainda
assim,
podem
ser-‐lhe
aplicadas.
Por
exemplo:
a
lei
do
trabalho
estabelece
que
o
período
anual
de
férias
é,
no
mínimo,
22
dias
úteis.
Pode
haver
uma
convenção
coletiva
de
trabalho
que
estipule
25
dias
úteis
obrigatórios.
Será
pois
necessário
verificar
a
que
trabalhador
é
que
essa
convenção
se
aplica.
A
regulação
das
situações
jurídicas
laborais
através
dos
IRCT
permite
uma
grande
especialização,
instituindo-‐se
regimes
laborais
mais
adaptados
às
diversas
situações,
daí
que
o
artigo
485º
do
CT
estabeleça
a
obrigação
do
Estado
promover
a
contratação
coletiva
de
modo
a
que
os
regimes
previstos
em
convenções
coletivas
sejam
aplicáveis
ao
maior
número
possível
de
trabalhadores
e
empregadores.
A
propósito
das
convenções
coletivas
de
trabalho,
como
estas
são
acordos,
são
constituídas
por
cláusulas,
umas
obrigacionais
e
outras
normativas.
Por
exemplo:
Imaginemos
um
contrato
coletivo
de
trabalho
-‐
celebrado
entre
associações
sindicais
e
associações
de
empregadores
-‐
são
estes
mesmos
celebrantes
que
estão
obrigados
às
chamadas
cláusulas
obrigacionais.
As
cláusulas
normativas,
por
outro
lado,
não
se
aplicam
a
quem
celebrou
o
acordo
mas
sim
aos
destinatários
finais:
empregadores
e
trabalhadores
-‐
por
exemplo:
uma
norma
que
estipule
o
numero
mínimo
de
dias
úteis
de
férias
tem
como
destino
os
trabalhadores
-‐
cláusula
normativa.
Quando
falamos
em
convenções
coletivas
de
trabalho
(artigo
475º
e
ss.
do
CT)
estamos
a
falar
do
direito
à
contratação
coletiva
-‐
artigo
56º
da
CRP.
As
convenções
são
normas
jurídicas
sobre
condições
de
trabalho,
resultantes
de
um
acordo
celebrado
entre
a
representação
do
trabalhador
(associações
sindicais)
e
os
próprios
empregadores
ou
associações
de
empregadores
em
sua
representação
-‐
têm
natureza
de
um
negócio
jurídico
(contrato),
pelo
que
apenas
vinculam
os
outorgantes
e
os
seus
representados,
como
aliás
resulta
do
princípio
da
filiação
(artigo
496º
do
CT).
Nem
um
trabalhador
nem
uma
comissão
de
trabalhadores,
por
imposição
constitucional,
podem
acordar
uma
convenção
coletiva
de
trabalho
-‐
isto
compete
exclusivamente
às
associações
sindicais
pois
estas
são
órgãos
exteriores
à
empresa
(artigo
56º,
nº3
da
CRP).
Do
lado
do
empregador
pode
surgir,
em
sua
representação:
à
empresa
(ou
seja,
o
próprio
empregador)
-‐
dá
origem
aos
acordos
de
empresa
os
quais
só
se
aplicam
àquela
empresa
em
específico;
à
pluralidade
de
empresas
-‐
origina
um
acordo
coletivo
de
trabalho,
sendo
que
as
empresas
que
acordaram
ficam
vinculadas
ao
cumprimento
do
acordo;
à
associação
de
empregadores
-‐
origina
um
contrato
coletivo
de
trabalho.
Interessa-‐nos
especialmente
falar
no
âmbito
pessoal
da
convenção,
relevando
a
este
respeito
o
princípio
da
filiação
-‐
artigo
496º,
nº1
e
2
do
CT.
Para
que
uma
convenção
coletiva
seja
aplicável
a
determinado
trabalhador
é
necessário
que
o
mesmo
seja
sindicalizado
na
associação
vinculada
à
mesma
convenção,
sendo
ainda
preciso
que
a
entidade
empregadora
desse
trabalhador
esteja
vinculada
à
convenção
-‐
critério
da
dupla
filiação
(artigo
496º,
nº1
do
CT).
Assim,
a
convenção
coletiva
só
se
pode
aplicar
se
a
filiação
nas
entidades
outorgantes
abranger
ambas
as
partes
no
contrato
de
trabalho.
Daqui
resulta
que
se
o
trabalhador
estiver
inscrito
num
sindicato
outorgantes
mas
trabalhar
para
um
empregador
que
não
outorgou
a
convenção,
nem
está
inscrito
numa
associação
de
empregadores
outorgante,
a
convenção
não
é
aplicável.
Do
mesmo
modo,
se
o
empregador
chega
a
acordo
com
um
dos
sindicatos
para
a
celebração
da
convenção
coletiva
mas
não
com
os
restantes,
a
convenção
só
se
aplicará
aos
trabalhadores
inscritos
naquele
sindicato,
o
que
implicará
a
existência
de
diversos
regimes
laborais
na
mesma
empresa.
à
Como
o
trabalhador
1
trabalha
na
empresa
C:
aplica-‐se
a
Convenção
(verifica-‐se
o
critério
da
dupla
filiação
do
artigo
496º,
nº1
do
CT);
à
O
trabalhador
2
trabalha
na
empresa
B
(não
filiada):
não
se
aplica
a
Convenção
pois
apesar
do
trabalhador
2
estar
sindicalizado
no
Sindicato
X,
este
trabalha
para
a
empresa
B,
a
qual
não
está
filiada
à
associação
de
empregadores
que
formulou
o
acordo
(assim,
falha
o
critério
da
dupla
filiação
pelo
lado
do
empregador);
à
O
trabalhador
3
(não
sindicalizado)
trabalha
na
empresa
A:
não
se
aplica
a
Convenção
uma
vez
que
falha
a
filiação
do
trabalhador
3
à
associação
sindical
que
celebrou
o
acordo;
aqui
só
a
empresa
está
filiada
à
associação
de
empregadores
celebrante,
pelo
que
falha
o
critério
da
dupla
filiação
do
lado
do
trabalhador.
O
princípio
da
filiação
comporta,
no
entanto,
algumas
exceções,
relevando
a
seguinte:
No
artigo
496º,
nº3,
parte
final
do
CT
surge
o
princípio
da
eficácia
limitada
das
convenções
coletivas
de
trabalho,
que
nos
diz
que
originalmente
a
convenção
se
aplica
segundo
o
critério
da
dupla
filiação
mas
que
pode
dar-‐se
um
alargamento;
este
princípio
beneficia
o
movimento
sindicalista
dando-‐lhe
força
mas
leva
a
que
não
exista
uniformidade
no
âmbito
das
empresas
pois
os
estatutos
jurídico-‐laborais
vão
variar
mediante
estar
em
causa
um
trabalhador
sindicalizado
ou
não.
Este
âmbito
pode
ser
alargado
(1)
voluntariamente
(artigo
496º,
nº3
e
4;
artigos
497º
e
492º,
nº4;
artigo
504º,
nº2,
3
e
4
-‐
acordo
de
adesão)
ou
(2)
administrativamente.
(1)
um
trabalhador
duma
empresa
filiada
a
uma
associação
de
empregadores
celebrante,
por
exemplo,
pode
filiar-‐se
ao
sindicato
celebrante
durante
a
vigência
da
convenção
para
que
esta
a
ele
seja
aplicada
-‐
filiação
posterior;
um
trabalhador
ao
não
se
querer
sindicalizar
mas
querer
ser
abrangido
pela
convenção
paga
um
montante
à
associação
sindical
celebrante
e
fica
vinculado.
(2)
A
via
administrativa
é
residual
e
subsidiaria
e
constitui
uma
resposta
de
urgência
dada
pelo
governo
por
via
de
portarias
de
extensão
(artigo
514º
do
CT)
ou
de
condições
mínimas.
A
convenção
tem
um
âmbito
temporalmente
delimitado,
o
qual
é
fixado
pelas
partes,
podendo
as
mesmas
estipular
inclusivamente
a
sua
renovação
(artigo
499º,
nº1
do
CT).
Caso
a
convenção
não
preveja
prazo
de
vigência,
considera-‐se
que
a
mesma
vigora
pelo
prazo
de
um
ano
e
renova-‐
se
sucessivamente
por
igual
período
(artigo
499º,
nº2
do
CT).
Nos
termos
do
artigo
502º
do
CT
a
convenção
coletiva
pode
cessar
mediante
revogação
por
acordo
das
partes
(extinção
da
convenção
coletiva
com
base
num
ato
da
autonomia
coletiva
de
sentido
contrário
àquele
que
a
instituiu;
exclui-‐se
a
eficácia
retroativa
à
revogação
da
convenção
com
base
no
princípio
da
não
retroatividade
dos
IRCT
do
artigo
478º,
nº1,
alínea
c)
do
CT)
ou
por
caducidade,
nos
termos
do
artigo
501º
do
CT.
Prevê-‐se
ainda
uma
situação
de
oposição
à
renovação
no
artigo
500º
do
CT
-‐
situação
em
que
uma
das
partes
se
opõe
à
renovação
da
convenção
coletiva
através
de
comunicação
escrita
dirigida
à
outra
parte;
a
lei
obriga
a
que
a
oposição
à
renovação
seja
acompanhada
de
uma
proposta
negocial
global,
como
forma
a
iniciar
um
processo
de
elaboração
de
nova
convenção
e
evitar
assim
um
vazio
de
regulação.
Conflitos
entre
fontes
Em
face
de
um
conflito
entre
duas
fontes
é
necessário
perceber
qual
a
que
prevalece.
Primeiro
temos
que
perceber
se
há
relação
hierárquica
entre
as
várias
fontes,
prevalecendo
nesse
caso
a
que
se
encontrar
num
patamar
superior.
Pode
ainda
acontecer
que
duas
leis
estejam
num
mesmo
patamar
hierárquico,
sendo
que
por
regra
a
lei
nova
revoga
a
anterior.
Em
questão
de
hierarquia,
todas
as
fontes
devem
obediência
á
CRP
pois
esta
encontra-‐se
num
patamar
hierarquicamente
superior
às
demais
fontes
de
direito.
Assim,
sempre
que
uma
norma
da
CRP
seja
parte
num
conflito
prevalecerá;
resulta
ainda
que
disposições
contrárias
à
CRP
são
inconstitucionais
e
portanto
inválidas.
No
caso
de
estar
em
causa
um
conflito
que
envolva
a
lei,
saber
qual
a
fonte
que
prevalece
pressupõe
a
classificação
das
normas
legais
quanto
à
sua
natureza
jurídica,
pelo
que
teremos
normas
absolutamente
imperativas,
normas
relativamente
imperativas
ou
normas
dispositivas.
Em
direito
do
trabalho
as
normas
são,
por
regra,
imperativas
(e
não
dispositivas
para
não
serem
afastadas
pela
vontade
das
partes
-‐
estas
normas
existem
mas
são
escassas:
são
exemplo
as
normas
relativas
ao
local
de
cumprimento
da
retribuição),
em
virtude
do
objetivo
primário
de
por
o
trabalhador
e
o
empregador
em
relação
de
paridade.
Vistas
as
possíveis
classificações,
importa
ver
agora
quais
as
formas
mediante
as
quais
se
apura
a
natureza
jurídica
da
norma
legal,
podendo
nomear
os
seguintes
critérios:
(1)
letra
da
lei,
(2)
preceitos
anexos
àquela
norma,
(3)
artigo
3º
do
CT.
(1)
O
primeiro
critério
respeita
aos
casos
em
que
é
o
próprio
elemento
gramatical
que
revela
a
natureza
jurídica
da
norma
legal.
Por
exemplo:
os
artigos
238º,
nº1
e
203º,
nº1
do
CT,
com
as
expressões
“mínima”
e
“não
pode
exceder”,
estabelecem
mínimos
e
máximos,
respetivamente
-‐
a
limitação
só
num
sentido
revela
que
são
normas
semi-‐imperativas.
(2)
No
caso
de
a
própria
norma
não
conter
elementos
reveladores
da
respetiva
natureza,
esta
pode
apurar-‐se
através
de
um
preceito
anexo.
Por
exemplo:
os
artigos
250º
e
339º
do
CT
atribuem
natureza
imperativa
à
generalidade
dos
preceitos
sobre
as
faltas
e
as
normas
do
capítulo
da
extinção
do
contrato
de
trabalho,
respetivamente;
o
artigos
139º
do
CT,
relativamente
às
normas
sobre
o
contrato
a
prazo,
estatui
que
essas
são
dispositivas
ou
supletivas.
(3)
Quando
não
seja
possível
concluir
da
natureza
das
normas
através
da
letra
da
lei
e
não
exista
qualquer
preceito
anexo
que
esclareça
essa
natureza,
socorremo-‐nos
do
preceito
geral
sobre
as
relações
entre
fontes
de
direito
existente
no
Código
do
Trabalho:
trata-‐se
do
artigo
3º.
O
respetivo
nº1
contém
a
regra
geral
em
matéria
de
conflito
entre
a
lei
e
IRCT:
na
hipótese
de
inexistir
qualquer
elemento
na
norma
que
revele
expressamente
que
ela
é
absoluta
ou
relativamente
imperativa,
ela
deve
considerar-‐se
dispositiva
ou
supletiva
-‐
neste
sentido,
diz-‐se
que
este
nº1
do
artigo
3º
estabelece
uma
presunção
de
supletividade
(princípio
da
natureza
convénio-‐dispositiva).
Todavia,
ainda
para
a
resolução
de
conflito
entre
a
lei
e
IRCT,
o
nº3
contém
uma
lista
de
matérias
relativamente
a
cuja
regulamentação
a
regra
é
já
a
da
semi-‐
imperatividade.
No
que
concerne
ao
conflito
entre
a
lei
e
contrato
de
trabalho
dispõe
já
o
nº4:
no
âmbito
deste
conflito
e
no
caso
dos
dois
primeiros
critérios
falharem
no
que
respeita
ao
apuramento
da
natureza
da
norma,
estabelece
este
nº4
do
artigo
3º
uma
presunção
de
semi-‐imperatividade.
Daqui
resulta
que
a
lei
pode
ser
afastada
por
Contrato
de
Trabalho
desde
que
este
se
revele
mais
favorável
para
o
trabalhador
-‐
a
modificação
oriunda
da
cláusula
contratual
só
será
válida
e
prevalecerá
nestes
exatos
termos.
O
nº5
adianta
que
sempre
que
a
norma
envolvida
no
conflito
disser
expressamente
que
pode
ser
afastada
por
IRCT,
conclui-‐se
que
não
o
pode
ser
por
Contrato
de
Trabalho.
Em
resumo:
Se
a
lei
for
imperativa
absoluta
prevalece
sobre
o
contrato
de
trabalho,
se
a
lei
for
semi-‐imperativa
prevalece
sobre
o
contrato
de
trabalho
apenas
se
for
mais
favorável
e
se
a
lei
for
dispositiva
então
o
contrato
de
trabalho
prevalece
sobre
ela.
O
mesmo
se
aplica
quando
em
causa
está
um
instrumento
de
regulamentação
coletiva
de
trabalho
(IRCT
-‐
convenção,
por
norma).
Estando
em
causa
conflito
entre
IRCT
e
Contrato
de
Trabalho
(não
envolvendo
a
lei
portanto),
aplica-‐se
o
disposto
no
artigo
476º
do
CT,
segundo
o
qual
o
Contrato
de
Trabalho
só
afasta
a
Convenção
Coletiva
se
for
mais
favorável
que
esta
-‐
princípio
do
tratamento
mais
favorável.
A
sucessão
de
convenções
coletivas
de
trabalho
vem
regulada
no
artigo
503º
do
CT
e
traduz-‐se
na
existência
de
duas
convenções,
celebradas
entre
as
mesmas
entidades
e
que
regulam
as
mesmas
matérias
de
forma
diferente.
O
princípio
geral
é
o
de
que
a
nova
convenção
revoga
integralmente
a
anterior,
salvo
nas
matérias
expressamente
ressalvadas
pelas
partes
-‐
artigo
503º,
nº1
do
CT.
Contudo,
a
lei
pretende
tutelar
os
direitos
dos
trabalhadores
em
caso
de
sucessão
de
convenções,
estabelecendo
no
nº2
do
mesmo
artigo
que
a
revogação
não
pode
ser
invocada
para
diminuir
o
nível
de
proteção
global
dos
trabalhadores.
Para
perceber
o
real
alcance
desta
norma
é
necessário
olhar
ao
nº3
do
artigo
referido
-‐
a
nova
convenção
há
de
ter
cláusulas
mais
favoráveis
e
outras
menos
favoráveis
que
a
anterior,
sendo
que
os
direitos
só
podem
ser
reduzidos
por
nova
convenção
se
nela
constar,
expressamente,
o
seu
caráter
globalmente
mais
favorável.
A
este
respeito
releva
dizer
que
as
cláusulas
que
se
figurem
como
mais
favoráveis
traduzem-‐se
num
“progresso
social”,
já
as
que
se
afigurem
como
menos
favoráveis
traduzem-‐se
num
“retrocesso
social”,
variando
as
soluções
consoante
isto:
Exemplo
I
-‐
progresso
social:
a
anterior
convenção
estabelece
23
dias
úteis
de
férias
e
a
nova
25
dias
úteis,
ou
seja,
não
se
diminui
a
proteção
dos
trabalhadores
-‐
de
acordo
com
o
princípio
geral
a
convenção
nova
revoga
a
anterior
(artigo
503º,
nº1
do
CT).
Exemplo
II
-‐
retrocesso
social:
a
anterior
convenção
estabelece
25
dias
úteis
de
férias
e
a
nova
estabelece
23
dias
úteis,
ou
seja,
reduzem-‐se
os
direitos
dos
trabalhadores.
A
respeito
das
situações
de
retrocesso
social
a
lei
distingue
entre:
à
Situações
em
que
“há
cláusula
de
favorabilidade”
(tem
que
constar
da
convenção
uma
cláusula
a
dizer
que
a
nova
convenção
é
globalmente
mais
favorável):
se
do
texto
da
nova
convenção
constar
expressamente
que
a
convenção
é
globalmente
mais
favorável,
então
a
nova
convenção
vai
revogar
a
anterior
(admite-‐se
a
redução
de
direitos
dos
trabalhadores
-‐
artigo
503º,
nº1
e
3
do
CT);
à
Situações
em
que
“não
há
cláusula
de
favorabilidade”
-‐
se
nada
constar
no
texto
da
convenção
no
sentido
do
seu
caráter
globalmente
mais
favorável,
então
a
nova
convenção
não
vai
revogar
a
anterior
(não
se
permite
a
redução
de
direitos
de
trabalhadores;
faz
aplicar
a
teoria
do
cúmulo,
pelo
que
a
cláusula
da
convenção
anterior
que
era
mais
favorável
se
mantém).
Por
trás
desta
situação
está
o
facto
de
haver
já
uma
convenção
(consiste
num
acordo,
implicando
cedências
de
parte
a
parte)
e
as
partes
se
reunirem
novamente
para
celebrar
novo
acordo
-‐
esse
acordo
tem
que
refletir
vantagens
para
ambas
as
partes,
ou
seja,
o
trabalhador
vai
ter
algumas
vantagens
e
outras
desvantagens
que
servirão
de
compensação
ao
empregador
pelas
cedências
feitas.
Em
síntese:
IRCT
e
Lei
e
Contrato
Sucessão
de
*
artigo
3º,
Lei
e
IRCT
Contrato
de
de
Trabalho
Convenções
nº5
do
CT
Trabalho
Contrato
de
trabalho
Como
já
vimos,
para
o
Direito
do
Trabalho
releva,
sobretudo,
o
fenómeno
do
trabalho
assalariado,
subordinado,
prestado
por
conta
alheia.
O
mecanismo
jurídico
através
do
qual
se
realiza
o
acesso
a
esse
trabalho
subordinado
é
o
contrato
individual
de
trabalho.
A
lei,
no
artigo
1152º
do
CC,
expõe
aquilo
que
é
um
contrato
de
trabalho.
Vindo
também
o
artigo
11º
do
CT
a
dar,
também
ele,
uma
noção
de
contrato
de
trabalho.
Estas
duas
noções
têm
algumas
diferenças
entre
si:
do
CT
resulta,
expressis
verbis,
que
o
trabalhador
apenas
pode
ser
uma
pessoa
singular;
o
CC
alude
à
prestação
de
uma
atividade
intelectual
ou
manual,
enquanto
que
o
CT
se
abstém
de
proceder
a
tal
qualificação
da
atividade
prometida
pelo
devedor;
o
CT
admite
que,
em
alguns
casos,
um
contrato
de
trabalho
vincule
um
trabalhador
a
uma
pluralidade
de
empregadores;
o
CT
afirma
que
a
atividade
a
que
o
trabalhador
se
obriga
a
prestar
(obrigação
de
meios)
é
prestada
no
âmbito
de
organização
e
sob
a
autoridade
do
empregador,
ao
passo
que
o
CC
apenas
fala
em
autoridade
e
direção
do
empregador.
O
empregador
tem
pois
como
obrigação
principal
o
pagamento
de
uma
remuneração
pela
atividade
a
que
o
trabalhador
se
obriga
a
prestar,
atividade
essa
que
é
prestada
no
âmbito
de
uma
organização
e
sob
a
autoridade
do
empregador
(em
subordinação
jurídica).
Basta
que
falhe
um
destes
3
elementos
(essenciais)
do
contrato
para
que
não
se
tenha
um
contrato
de
trabalho
-‐
os
elementos
são
cumulativos.
Quando
falamos
em
elementos
essenciais
de
um
contrato
estamos
a
identificar
quais
são
os
requisitos
que
obrigatoriamente
têm
que
estar
presentes
naquele
contrato
para
que
ele
possa
receber
a
classificação
que
lhe
cabe.
No
caso
do
contrato
de
trabalho
terão
então
que
estar
presentes
os
três
elementos
essenciais
já
referidos:
a
prestação
de
trabalho,
a
retribuição
e
a
subordinação
jurídica.
mais
importante
critério
de
qualificação
do
contrato
de
trabalho
e
de
distinção
face
a
contratos
vizinhos
Características
no
negócio
jurídico
-‐
contrato
de
trabalho
O
contrato
de
trabalho
é
um
negócio
jurídico
bilateral,
integrado
por
declarações
de
vontade
de
conteúdo
oposto
mas
convergente.
Este
contrato
é,
por
natureza,
sinalagmático:
a
retribuição
é
a
contrapartida
da
prestação
da
atividade
e
vice-‐versa
(uma
prestação
existe
apenas
em
função
da
outra).
No
entanto,
apesar
de
ser
um
contrato
sinalagmático,
o
sinalagma
tem
que
ser
interpretado
com
prudência,
visto
que
se
levado
às
últimas
consequências
ele
implicaria
que
,
não
havendo
prestação
de
trabalho
(nem
disponibilidade
para
o
efeito),
não
haveria
também
lugar
para
o
pagamento
da
respetiva
retribuição
-‐
não
se
aplica
a
figura
da
exceção
do
não
cumprimento.
As
faltas
justificadas,
as
férias
e
os
feriados
são
exemplos
de
situações
em
que,
não
obstante
a
ausência
de
trabalho,
se
mantém
o
dever
retributivo
a
cargo
do
empregador.
Trata-‐se
de
um
contrato
oneroso
por
essência,
na
justa
medida
em
que
um
dos
seus
elementos
essenciais
é
a
remuneração.
Esta
característica
implica
vantagens
e
sacrifícios
para
ambas
as
partes
(para
o
trabalhador,
a
vantagem
consistente
na
perceção
do
salário
supõe
o
corresponde
sacrifício
em
matéria
de
dispêndio
de
energias
físicas
e
psíquicas
em
favor
do
empregador).
O
contrato
de
trabalho
é
um
contrato
patrimonial,
visto
que
as
prestações
nucleares
supõem
um
intercâmbio
de
conteúdo
patrimonial.
Este
é
também
um
contrato
obrigacional
visto
que
a
sua
celebração
não
implica
a
constituição
ou
transferência
de
direitos
reais,
antes
se
limita
a
criar
um
vinculo
obrigacional
entre
ambas
as
partes.
Para
além
disso,
todo
e
qualquer
contrato
de
trabalho
é
duradouro
ou
de
execução
sucessiva,
traduzindo-‐se
o
seu
cumprimento
numa
sucessão
de
atos
escalonados
ao
longo
de
um
período
mais
ou
menos
longo.
Esta
característica
justifica
a
impossibilidade
de
invocar
a
exceção
do
não
cumprimento,
refletindo-‐se
ainda
noutras
situações:
o
facto
do
contrato
de
trabalho
se
perpetuar
no
tempo
acarreta
diferenças
quanto
à
forma
de
cessação
do
mesmo;
no
regime
das
invalidades,
o
contrato
que
é
declarado
inválido
vai
ser
considerado
válido
até
ao
momento
da
declaração
de
nulidade
(não
se
aplica
a
retroatividade,
ou
seja,
não
se
procede
à
restituição
reciproca
o
que
aliás
não
seria
possível
do
lado
do
empregador
[não
se
pode
devolver
uma
prestação
de
atividade];
evita-‐se
assim
que
o
trabalhador
perca
aquele
tempo
de
trabalho
na
sua
carreira).
Regra
geral,
o
contrato
de
trabalho
não
é
um
contrato
de
adesão;
porém
há
empresas
que
praticam
esta
forma
de
contratos,
principalmente
as
grandes
superfícies
e
multinacionais
(a
liberdade
contratual
do
trabalhador
fica
reduzida
ao
mero
poder
de
aceitar
ou
não
o
contrato,
não
podendo
ele
modelar
o
conteúdo
do
contrato).
O
grande
problema
dos
contratos
de
adesão
é
o
de
que
os
empregadores
ficam
com
o
poder
de
vir
a
fixar
cláusulas
que
se
podem
vir
a
mostrar
abusivas.
A
legislação
laboral
remete,
em
muitos
casos,
para
o
Regime
das
Cláusula
Contratuais
Gerais
(artigo
105º
do
CT).
Por
fim,
o
contrato
de
trabalho
é
um
contrato
pessoal
(intuitu
personae),
em
que
a
pessoa
do
devedor
é
uma
pessoa
singular,
certa
e
determinada.
Normalmente,
a
este
tipo
de
contratos
está
ligada
a
infungibilidade
da
prestação:
o
trabalhador
que
é
contratado
não
se
pode
eximir
das
suas
funções,
afirmando
que
a
sua
prestação
de
trabalho
é
assegurada
por
terceiro
-‐
o
trabalhador
não
se
pode
fazer
substituir
por
outrem
no
cumprimento
dos
seus
deveres
contratuais,
salvo
se
houver
consentimento
do
empregador.
Há
quem
entenda
que
a
par
do
caráter
pessoal
e
da
infungibilidade
da
prestação,
o
contrato
de
trabalho
é
ainda
um
contrato
fiduciário
(contrato
de
trabalho
assente
numa
especial
relação
de
confiança),
no
entanto,
a
generalidade
dos
contratos
de
trabalho
não
o
são.
Contrato
de
Trabalho
vs.
Contrato
de
Prestação
de
Serviço
As
situações
mais
complexas
de
confusão
entre
tipos
contratuais
próximos
poderá
acontecer
entre
o
contrato
de
trabalho
(o
artigo
1152º
do
CC
é
a
noção
civil
do
artigo
11º
do
CT)
e
o
contrato
de
prestação
de
serviços
(artigo
1154º
do
CC):
o
traço
mais
distintivo
entre
estes
dois
tipos
de
contratos
é
a
subordinação
jurídica,
a
qual
caracteriza
o
contrato
de
trabalho
mas
não
está
presente
no
contrato
de
prestação
de
serviços.
O
contrato
de
prestação
tem
como
elemento
proporcionar
o
resultado
de
uma
atividade
-‐
isto
não
implica
que
estejamos
perante
prestações
de
resultado
mas
sim
de
meios
(por
exemplo:
as
profissões
liberais
-‐
advogado,
médico,
etc.
-‐
obrigam-‐se
meramente
a
prestar
um
serviço).
Na
prestação
de
serviços
poderá
haver
ou
não
retribuição,
ou
seja,
pode
ser
um
contrato
oneroso
ou
gratuito;
não
havendo
retribuição
saberemos
imediatamente
que
o
contrato
em
causa
não
é
de
trabalho.
A
subordinação
não
é
essencial
ao
contrato
de
prestação
de
serviços:
a
programação
da
atividade
é
feita
pelo
prestador
de
serviços
e
não
pelo
cliente/
credor
do
serviço;
há
situações
de
prestação
de
serviço
que
podem
ter
instruções
genéricas.
Nem
sempre
é
fácil
identificar
a
subordinação
jurídica.
Esta
não
é
igualmente
visível
em
todos
os
contratos
de
trabalho
-‐
por
exemplo:
i)
um
operário
de
uma
fábrica
trabalha
numa
linha
de
montagem,
sendo
permanentemente
alvo
de
ordens
-‐
identifica-‐se
facilmente
a
conformação
do
empregador;
ii)
um
laboratório
contrata,
ao
abrigo
de
um
contrato
de
trabalho,
um
investigador
-‐
no
exercício
da
atividade
é
o
próprio
investigador
que
planifica
a
sua
atividade,
havendo
uma
subordinação
meramente
potencial.
A
qualificação
contratual
e
a
prova
Como
resulta
do
acima
exposto,
as
questões
ligadas
à
qualificação
do
contrato
em
causa,
designadamente
no
tocante
à
prova
da
existência
de
uma
relação
de
trabalho
subordinado,
assumem
uma
importância
decisiva
em
matéria
de
efetividade
do
Direito
do
Trabalho.
Neste
ponto
o
CT
de
2003
inovou
face
ao
direito
anterior,
visto
que,
no
artigo
12º,
foi
estabelecida
uma
presunção
de
laboralidade,
acrescendo
que
a
redação
inicial
desse
preceito
veio
a
ser
modificada.
Situação
anterior
ao
CT
de
2003
Pelos
artigos
342º
e
ss.
do
CC
há
presunções
absolutas
(não
podem
ser
afastadas
mediante
prova
em
contrário
-‐
a
presunção
é
absoluta
quando
a
lei
expressamente
o
refere)
e
relativas.
A
presunção
tem,
assim,
a
função
de
inverter
o
ónus
da
prova.
Foi
inserida
no
CT
uma
presunção
relativa
de
laboralidade
(as
presunções
são
feitas
pelo
legislador
sempre
que
existam
factos
de
difícil
prova)
-‐
presume-‐se
que
há
contrato
de
trabalho
sempre
que
se
prove
a
existência
de
pelo
menos
dois
factos
base
da
presunção
(artigo
12º,
nº1
do
CT).
Acontece
que,
antes
de
2003,
querendo
o
trabalhador
fazer
valer
direitos
decorrentes
da
legislação
laboral,
recairia
sobre
ele
o
ónus
de
provar
a
existência
de
um
contrato
de
trabalho
(artigos
342º,
nº1
do
CC).
O
trabalhador
tinha
então
que
demonstrar
os
elementos
constitutivos
do
contrato
de
trabalho
e,
nos
casos
de
dúvida,
era
frequente
o
recurso
jurisprudencial
ao
chamado
método
indiciário.
Na
jurisprudência
começaram
a
reconhecer-‐se
indícios
de
subordinação
jurídica,
ou
seja,
indícios
da
existência
de
um
contrato
de
trabalho,
como
forma
a
aproximar
ou
afastar
situações
de
contratos
de
trabalho
ou
de
contratos
de
prestação
de
serviços
-‐
método
indiciário.
Estes
indícios
dizem
respeito
aos
sujeitos,
à
retribuição
e
às
condições
de
trabalho.
à
Quanto
aos
sujeitos,
p.ex:
o
prestador
de
serviços
é
sindicalizado
-‐
isto
indicia
que
é
trabalhador
por
conta
de
outrem;
à
Quanto
à
retribuição:
a
retribuição
pode
ser
certa
(quando
calculada
em
função
do
tempo
de
trabalho),
variável
(quando
calculada
em
função
do
rendimento
de
trabalho)
ou
mista
(quando
tem
uma
componente
certa
ou
fixa
e
uma
componente
variável)
-‐
artigo
261º
do
CT.
No
contrato
de
prestação
de
serviços,
por
outro
lado,
a
retribuição
é
feita
mediante
cada
serviço
prestado.
P.ex:
o
boletim
de
vencimento
é
indiciador
do
contrato
de
trabalho,
ao
passo
que
os
recibos
verdes
são
indiciadores
de
contrato
de
prestação
de
serviços;
à
Quanto
às
condições
de
trabalho,
p.ex:
o
primeiro
indício
diz
respeito
ao
local
de
trabalho,
sendo
o
normal
que
no
contrato
de
trabalho
o
trabalhador
preste
atividade
em
local
definido
pelo
empregador;
o
segundo
respeita
aos
instrumentos
de
trabalho,
pelo
que
se
estes
pertencem
ao
empregador
há
um
indício
de
se
tratar
de
um
contrato
de
trabalho;
quando
à
vinculação
a
um
horário
de
trabalho,
se
o
trabalhador
estiver
obrigado
a
cumprir
um
horário,
o
indício
aponta
também
para
o
contrato
de
trabalho
(indício
com
peso
especial
na
qualificação).
Estes
indícios
vêm
pois
facilitar
a
identificação
da
presença
de
subordinação
jurídica
(através
da
qual
se
faz
a
classificação
dos
contratos).
No
entanto,
apesar
destes
indícios,
pode
acontecer
que
o
contrato
em
causa
receba
uma
classificação
diversa
do
que
aquela
que
é
indiciada.
O
artigo
12º
do
CT
de
2003
O
artigo
12º
do
CT
de
2003
veio,
por
conseguinte,
consagrar
a
presunção
de
laboralidade
já
referida,
a
qual
por
definição
deveria
facilitar
a
prova
da
existência
de
um
contrato
de
trabalho,
perfilando-‐se
como
uma
técnica
de
combate
à
dissimulação
ilícita
de
relações
laborais
-‐
mas,
a
verdade
é
que
a
inusitada
extensão
da
base
da
presunção
(exigência
de
verificação
cumulativa
dos
diversos
factos
indiciários)
convertia
aquele
artigo
numa
norma
inútil
por
não
ajudar
a
resolver
os
casos
duvidosos,
e
até,
porventura,
perigosa,
porque
numa
certa
leitura
da
mesma,
poderia
conduzir
o
tribunal
á
conclusão
precipitada
de
que
não
existiria
um
contrato
de
trabalho.
Em
suma,
este
artigo
apenas
se
limitou
a
compendiar
os
elementos
indiciários
habitualmente
utilizados
pela
jurisprudência,
exigindo
que
todos
eles
apontassem
para
a
existência
de
trabalho
subordinado
–
só
aí
funcionaria
a
presunção
legal.
A
ulterior
redação
do
artigo
12º
do
CT
de
2003
Fruto
das
duras
críticas
tecidas
acerca
do
artigo
12º
do
CT
de
2003,
em
2006
foram
introduzidas
modificações
substanciais
na
redação
do
preceito.
Contudo,
a
nova
redação
do
preceito
transformava
a
norma
numa
disposição
obtusa
e
mentirosa.
Com
efeito,
a
presunção
estabelecida
no
artigo
12º
do
CT
de
2003
reproduzia
todos
os
elementos
constantes
da
noção
legal
de
cotrato
de
trabalho
(prestação
de
atividade,
mediante
retribuição,
sob
a
autoridade
e
direção
de
outrem),
não
se
coibindo
de
acrescentar
ainda
mais
alguns
(inserção
na
estrutura
organizativa
do
beneficiário
da
atividade
e
relação
de
dependência
face
a
este
último).
A
base
da
presunção
mostrava-‐se,
assim,
mais
exigente
do
que
os
próprios
requisitos
da
noção
legal
de
contrato
de
trabalho,
pelo
que,
em
bom
rigor,
não
existia
entre
nós
qualquer
presunção
legal
de
laboralidade.
Em
suma,
segundo
a
nova
redação
do
artigo
12º
CT,
quando
fosse
absolutamente
certo
e
seguro
que
existia
um
contrato
de
trabalho,
então,
e
só
então,
a
lei
presumiria
que
tal
contrato
existia.
Este
artigo
12º
traduzia-‐se,
assim,
num
autêntico
embuste.
O
artigo
12º
do
atual
CT
A
situação
alterou-‐se
com
o
atual
CT.
Com
efeito,
a
lei
sanciona
um
determinado
conjunto
de
elementos
indiciários,
considerando
que
a
verificação
de
alguns
deles
(dois?)
bastará
para
a
inferência
da
subordinação
jurídica.
Assim
sendo,
a
tarefa
probatória
do
prestador
de
atividade
resulta
consideravelmente
facilitada.
Doravante,
provando
o
prestador
que
se
verificam
algumas
daquelas
características,
a
lei
presume
haver
um
contrato
de
trabalho,
cabendo
à
contraparte
fazer
prova
em
contrário.
Assim,
provando-‐se,
por
exemplo,
que
a
atividade
é
realizada
em
local
pertencente
ao
respetivo
beneficiário
e
nos
termos
de
um
horário
determinado
por
este,
ou
provando-‐se
que
os
instrumentos
de
trabalho
pertencem
ao
beneficiário
da
atividade,
o
qual
paga
uma
retribuição
certa
ao
prestador
da
mesma,
a
lei
presume
a
existência
de
um
contrato
de
trabalho.
Tratando-‐se
de
uma
presunção
iuris
tantum
(artigo
350º
CC),
nada
impede
o
beneficiário
da
atividade
de
ilidir
essa
presunção,
demonstrando
que,
a
despeito
de
se
verificarem
aquelas
circunstâncias,
as
partes
não
celebraram
qualquer
contrato
de
trabalho.
Mas,
claro,
o
onus
probandi
passa
a
ser
seu,
pelo
que,
não
sendo
a
presunção
ilidida,
o
tribunal
qualificará
aquele
contrato
como
um
contrato
de
trabalho,
gerador
de
uma
relação
de
trabalho
subordinado.
A
alínea
que
poderá
suscitar
maiores
dúvidas
aplicativas
é
a
última,
relativa
ao
desempenho
de
funções
de
direção
ou
chefia
na
estrutura
orgânica
da
empresa
(alínea
e)).
Trata-‐se,
porventura,
de
mais
uma
manifestação
da
“componente
organizacional”
do
contrato
de
trabalho,
assumida
pela
lei
na
própria
noção
deste
(artigo
11º
CT).
Pelo
exposto,
também
para
o
julgador
esta
presunção
reduz
a
complexidade
da
valoração
a
empreender,
dado
que,
pelo
menos
num
primeiro
momento,
ele
poderá
concentrar-‐se
nos
dados
que
integram
a
presunção,
circunscrevendo
a
fase
factual
da
sua
apreciação.
De
certa
forma,
esta
presunção
representa
uma
simplificação
do
método
indiciário
tradicional.
Estas
presunções
são
ilidíveis,
porque
expressamente
não
se
diz
que
não
o
são.
Assim,
o
empregador
evoca
factos
que
digam
que
o
contrato
é
de
trabalho,
mas
também
pode
provar
o
contrário.
Contratos
de
trabalho
com
regime
especial
O
regime
geral
do
contrato
de
trabalho
vem
regulado
no
CT.
Há
ainda
contratos
aos
quais,
pelas
suas
especificidades,
é
inadequado
aplicar
as
regras
gerais
do
CT
-‐
contratos
de
trabalho
com
regime
especial,
os
quais
são
regulados
em
legislação
avulsa.
Podem
nomear-‐se
como
exemplos:
contrato
de
trabalho
desportivo,
contrato
de
trabalho
de
serviço
doméstico,
contrato
de
trabalho
rural,
contrato
de
trabalho
dos
profissionais
de
espetáculo,
etc.
Nestes
casos,
as
especificidades
da
relação
jurídico-‐laboral
que
nascia
legitimou
que
o
legislador
constatasse
que
o
regime
que
estava
previsto
no
CT
era
inadequado,
tendo
criado
um
regime
especial.
Assim,
o
regime
geral
do
CT
só
se
aplicará
aos
pontos
que
o
regime
especial
não
preveja,
ou
seja,
o
CT
aplica-‐se
subsidiariamente
(artigo
9º
do
CT).
Contratos
de
trabalho
atípicos
Os
contratos
de
trabalho
atípicos
não
se
confundem
com
os
especiais.
Os
contratos
de
trabalho
dizem-‐se
atípicos
quando
uma
das
características
típicas
das
relações
laborais,
e
portanto
comum
à
generalidade
dos
contratos
de
trabalho,
não
se
verifica
naquela
relação
em
concreto.
As
modalidades
atípicas
de
contrato
de
trabalho
estão
previstas
no
próprio
CT,
sendo
importante
analisar
as
características
que
diferenciam
os
contratos
típicos
dos
atípicos.
Por
exemplo,
falamos
de
características
como:
o
trabalhador
prestar
a
atividade
nas
instalações
da
empresa
-‐
o
CT
regula
a
figura
do
teletrabalho
(o
trabalho
pode
ou
não
ser
prestado
no
domicilio
do
trabalhador,
mas
não
é
prestado
nas
instalações
da
empresa),
sendo
esta
uma
modalidade
atípica
do
contrato
de
trabalho.
A
existência
de
um
horário
de
trabalho
fixo
também
não
é
regra
no
teletrabalho.
Assim
se
vê
que
há
uma
série
de
características
que
se
alteram:
o
local
de
trabalho
ser
a
empresa;
o
contrato
ser
um
contrato
por
tempo
indeterminado
(é
regra
fruto
da
consagração
do
nosso
ordenamento
jurídico);
fruto
da
importância
do
princípio
da
estabilidade
do
emprego
o
contrato
de
trabalho
é
um
contrato
sem
termo,
isto
é,
o
normal
é
ser
efetivo,
por
tempo
indeterminado
-‐
com
carácter
excecional
aparece
o
artigo
53º
da
CRP.
A
propósito
das
modalidades
de
relações
atípicas
consagradas
no
CT,
falamos
no
elenco
(não
taxativo),
do
artigo
139º
do
CT.
Assim
temos:
à
Trabalho
intermitente:
a
períodos
de
atividade
sucedem-‐se
períodos
de
inatividade
do
trabalho
(difere
do
normal
que
é
trabalhar
todos
os
dias
úteis);
à
Trabalho
a
tempo
parcial:
regra
geral
o
contrato
de
trabalho
é
a
tempo
inteiro,
mas
também
há
o
contrato
comummente
designado
de
part-‐time;
à
Trabalho
temporário:
por
norma
o
empregador
tem
os
poderes
de
contratar
e
exercer
o
poder
de
direção
e
de
disciplina
sobre
o
trabalhador.
No
contrato
de
trabalho
temporário
os
poderes
do
empregador
dividem-‐se
por
mais
do
que
um
sujeito:
um
renumera
o
trabalhador,
outro
exerce
o
processo
disciplinar,
sendo
outra
entidade
aquela
que
exerce
o
poder
de
direção.
Há
um
desvio
à
regra
da
entidade
patronal
concentrar
na
sua
pessoa
a
generalidade
dos
poderes;
à
Comissão
de
serviço:
relaciona-‐se
com
um
tipo
de
atividades
que
vai
determinar
que
haja
necessidade
de
efetuar
trabalhos
preparatórios
em
comissão
de
serviços.
à
Teletrabalho;
à
Contrato
a
termo.
Todos
estes
fenómenos
põem
em
xeque
o
paradigma
clássico
de
contrato
de
trabalho.
Novas
modalidades
contratuais
surgem
e
velhas
modalidades
ressurgem,
tudo
contribuindo
para
formar
um
mosaico
juslaboral
rico
e
diversificado.
Acerca
dos
artigos
139º
e
ss.
do
CT,
ressalva
a
necessidade
de
referir
as
designadas
cláusulas
acessórias.
Para
além
dos
chamados
elementos
essenciais
do
contrato,
a
lei
prevê
ou
permite,
expressa
ou
tacitamente,
a
faculdade
de
as
partes
regularem
importantes
aspetos
da
relação
de
trabalho.
Embora
não
sejam
muito
frequentes,
as
cláusulas
contratuais
são,
algumas
delas,
indispensáveis
à
produção
dos
efeitos
a
que
tendem,
como
sucede,
por
exemplo,
com
a
condição
e
o
termo,
destinando-‐se
a
afastar
ou
a
adequar
o
regime
legal
supletivo.
São,
porém,
regras
contratuais
criadas
por
vontade
das
partes,
embora
em
alguns
casos
o
regime
do
aspeto
da
relação
contemplado
pela
cláusula
possa
estar
subtraído
à
autonomia
contratual.
O
termo
é
a
cláusula
por
virtude
da
qual
a
eficácia
de
um
negócio
jurídico
é
posta
na
dependência
de
um
acontecimento
futuro
mas
certo,
enquanto
que
a
condição
é
a
cláusula
por
virtude
da
qual
a
eficácia
de
um
negócio
jurídico
é
posta
na
dependência
de
um
acontecimento
futuro
mas
de
verificação
incerta
por
maneira
a
que
só
verificado
tal
acontecimento
é
que
o
negócio
produzirá
os
seus
efeitos
(condição
suspensiva)
ou
só
nessa
eventualidade
é
que
o
negócio
deixará
de
os
produzir
(condição
resolutiva).
Também
o
termo
pode
ser
suspensivo
(refere-‐se
à
data
inicial
para
a
produção
de
efeitos;
o
contrato
não
produz
efeitos
até
à
verificação
do
mesmo,
isto
é,
os
efeitos
ficam
suspensos
até
à
verificação
do
termo)
ou
resolutivo
(trata-‐se
de
um
termo
que
se
refere
à
data
final
para
deixar
de
produzir
os
seus
efeitos).
Pode
distinguir-‐se
entre
o
termo
certo
e
incerto.
Fala-‐se
em
termo
certo
quando
se
conhece
o
momento
exato
em
que
vai
ocorrer
o
evento
(p.ex:
eu
hoje
celebro
um
contrato
que
vai
ter
duração
de
6
meses
-‐
sei
precisamente
quando
ele
vai
terminar),
ao
passo
que
se
fala
em
termo
incerto
quando
não
se
conhece
exatamente
o
momento
em
que
vai
ocorrer
o
evento
da
extinção
do
contrato
(p.ex:
eu
vou
contratar
um
trabalhador
para
substituir
um
outro
que
está
doente,
estabelecendo
no
contrato
uma
cláusula
que
determina
que
o
contrato
de
trabalho
cessa
quando
o
trabalhador
substituído
regressar,
não
se
estabelecendo
portanto
um
prazo
fixo
-‐
no
fundo,
significa
que
a
cessação
do
contrato
fica
dependente
de
ume
evento
de
verificação
certa
mas
impossível
de
determinar
o
momento
temporal
em
que
acontecerá).
Quer
o
termo
quer
a
condição
poderão
ser
suspensivos
ou
resolutivos,
isto
tem
a
ver
com
a
forma
como
afectam
a
produção
de
efeitos
do
contrato.
Se
a
condição
ou
o
termo
forem
suspensivos
os
efeitos
do
contrato
vão
estar
suspensos
até
que
se
verifique
a
condição
ou
o
termo,
se
forem
resolutivos
o
contrato
produz
automaticamente
os
seus
efeitos
e
quando
se
verificar
o
termo
ou
a
condição
cessa
os
seus
efeitos.
Quanto
à
condição
suspensiva
-‐
artigo
135º
do
CT
-‐
imaginemos
por
exemplo:
eu
estou
a
recrutar
trabalhadores,
nomeada
e
concretamente
licenciados
em
Direito,
mas
aparecem
candidatos
que
ainda
estão
a
concluir
a
licenciatura
à
o
contrato
só
vai
produzir
efeitos
no
dia
em
que
o
trabalhador
se
licenciar,
o
que
pode
ou
não
vir
a
acontecer.
Não
há
qualquer
referência
à
condição
resolutiva
no
CT,
dando
a
doutrina
várias
respostas
negativas,
sobretudo
pela
sua
instabilidade.
De
todo
modo,
trata-‐se
de
celebrar
um
contrato
em
que
a
ocorrência
de
um
facto
de
verificação
incerta
iria
acabar
com
o
mesmo,
sendo
o
momento
escolhido
pelas
partes.
O
contrato
a
prazo
(artigo
189º
e
ss.
do
CT)
é
um
contrato
a
termo
resolutivo.
Por
exemplo:
eu
estou
a
admitir
trabalhadores
na
minha
empresa,
pois
vou
abrir
uma
nova
loja
e
vou
precisar
de
um
novo
trabalhador.
A
loja
só
vai
abrir
no
dia
1
de
Dezembro
mas
hoje
vinculo
um
empregada,
através
da
assinatura
um
contrato
com
uma
cláusula
a
dizer
“Este
contrato
só
começará
a
fazer
efeito
no
dia
1
de
Dezembro”.
à
temos
aqui
um
termo
suspensivo,
uma
vez
que
o
contrato
é
assinado
hoje
mas
vai
ficar
com
os
seus
efeitos
paralisados
até
ao
dia
1
de
Dezembro.
O
contrato
de
trabalho
a
prazo
ou
a
termo
A
partir
da
superação
histórica
do
chamado
employment
at
will,
ou
seja,
com
o
fim
do
sistema
de
despedimento
livre
ou
imotivado,
o
termo
resolutivo
passou
a
aceitar-‐se
como
cláusula
contratual,
cuja
inserção
no
contrato
de
trabalho
altera
profundamente
a
relação
laboral,
dando
mesmo
origem
a
uma
espécie
particular
de
contrato
de
trabalho.
Acontece
que
o
regime
do
contrato
de
trabalho
a
termo
deverá
tentar
alcançar
um
ponto
de
equilíbrio
entre
o
privilégio
dos
empregadores
(pela
flexibilização
laboral)
e
o
prejuízo
dos
trabalhadores
(pela
precariedade
laboral)
-‐
o
ponto
de
partida
não
deixa
de
ser
o
emprego
normal
ou
típico
(artigo
53º
da
CRP
-‐
princípio
da
segurança
no
emprego).
O
pilar
fundamental
no
nosso
ordenamento
jurídico
é
o
principio
da
estabilidade
e
da
segurança
no
emprego,
sendo
que
enquanto
a
nossa
ordem
jurídica
tiver
este
pilar
fundamental
tem
que
ser
retirado
que
a
contratação
a
termo,
a
ser
admitida,
será
sempre
com
carácter
excecional,
uma
vez
que
a
precariedade
não
é
compatível
com
a
estabilidade
no
emprego.
A
conciliação
do
artigo
139º
do
CT
com
o
artigo
53º
da
CRP
tem
grande
relevância
em
matéria
das
fontes.
Esta
é
uma
norma
de
preceitos
anexos,
que
está
classificada
na
generalidade
das
normas
que
integram
essa
subsecção;
não
é
imperativa,
pelo
que
quando
em
confronto
com
a
convenção
coletiva
de
trabalho
esta
poderá
afastá-‐la.
Alguns
defendem
que
esta
norma
é
inconstitucional
e
que
pode
levar
à
violação
de
direito
comunitário:
se
estiver
em
causa
o
artigo
140º
do
CT
ela
é
considerada
inconstitucional,
no
entanto,
numa
interpretação
literal
o
legislador
concedeu
à
generalidade
dos
artigos
140º
a
143º
do
CT
a
natureza
dispositiva,
pelo
que
a
convenção
coletiva
de
trabalho
poderia
afastar
o
seu
regime.
Há
quem
diga
que
esta
questão
se
contraria
com
o
artigo
53º
da
CRP
mas,
retamente
interpretado,
este
preceito
implica
que
o
emprego
deve
ser,
por
via
de
princípio,
estável,
sem
prefixação
do
horizonte
vital
do
contrato
que
suporta.
Assim,
este
preceito
pressupõe,
que
em
princípio
a
relação
de
trabalho
é
temporalmente
indeterminada,
só
podendo
ficar
sujeita
a
prazo
quando
houver
razões
que
o
exijam,
designadamente
para
ocorrer
a
necessidades
temporárias
das
entidades
empregadoras
e
pelo
período
necessário
à
satisfação
dessas
necessidades.
O
contrato
a
termo
é
um
contrato
de
trabalho
como
o
contrato
de
trabalho
de
termo
indeterminado,
ao
qual
é
aposto
um
termo
resolutivo,
isto
é,
o
contrato
de
trabalho
deixará
de
produzir
efeitos,
verificado
o
termo.
O
que
significa
que
o
contrato
tem
duração
determinada:
o
termo
é
de
verificação
certa,
pelo
que
se
chama
a
estes
contrato
também
“contratos
a
prazo”.
A
esse
propósito
o
legislador
vem
introduzir
requisitos
de
verificação
obrigatória
para
que
o
contrato
de
trabalho
a
prazo
seja
validamente
celebrado.
Assim,
temos
requisitos
materiais
(artigo
140º
do
CT)
e
requisitos
formais
(artigo
141º
do
CT)
de
validade.
Se
não
se
observar
a
forma
legal,
o
contrato
de
trabalho
é
nulo.
Esta
situação
de
impor
a
forma
protege
o
trabalhador
na
medida
em
que
é
mais
fácil
provar
a
existência
de
uma
relação
contratual.
Regra
geral
os
contratos
que
não
precisam
de
ser
reduzidos
a
escrito
para
serem
válidos
-‐
artigo
110º
do
CT;
no
entanto,
há
casos
especifico
em
que
se
exige
forma
escrita.
No
que
concerne
ao
contrato
a
termo
em
específico,
não
se
é
livre
de
contratar
a
termo,
na
justa
medida
em
que
só
pode
haver
celebração
deste
tipo
de
contratos
nos
casos
previstos
na
lei
-‐
requisitos
de
ordem
material
(em
relação
com
o
elenco
de
situações
legitimadoras
da
contratação
a
termo).
Então,
em
que
circunstâncias
o
legislador
permitiu
a
contratação
a
termo?
à
Satisfação
transitória
de
mão
de
obra
(artigo
140º,
nº1
do
CT);
à
Necessidades
temporárias
(artigo
140º,
nº2
do
CT
-‐
p.ex:
eu
não
posso
contratar
um
trabalhador
a
termo
incerto,
invocando
o
facto
de
ele
ser
desempregado
de
longa
duração);
à
No
artigo
140º,
nº4
do
CT
o
legislador
permite
a
contratação
a
termo
como
instrumento
de
dinamização
do
investimento
empresarial
e
como
uma
medida
de
fomento
do
emprego.
P.ex:
início
de
uma
atividade,
fase
em
que
é
necessário
fazer
um
reajustamento
quer
do
pessoal
quer
dos
custos;
na
alínea
b)
faz-‐se
referência
ao
trabalhador
à
procura
do
primeiro
emprego
ou
de
um
desempregado
de
longa
duração,
casos
em
que
a
lei
permite
que
o
contrato
seja
feito
a
termo
(esta
norma
é
muito
criticada),
tendo
o
legislador
como
objetivo
ajudar
os
trabalhadores
com
maiores
dificuldades
de
entrar
ou
regressar
ao
mercado
de
trabalho
(cria
incentivos).
A
mais
de
se
dever
verificar
alguma
das
situações
legitimadoras
do
recurso
à
contratação
a
prazo
previstas
no
artigo
140º
CT,
o
legislador
estabeleceu
ainda
requisitos
de
ordem
formal
para
que
tal
contrato
seja
validamente
celebrado.
Assim,
relativamente
aos
requisitos
formais
(artigo
141º
do
CT)
o
legislador
diz
que
o
contrato
de
trabalho
a
termo
tem
que
ser
reduzido
a
escrito
e,
vai
mais
longe,
ao
estipular
um
conteúdo
mínimo:
identificação,
assinaturas
e
domicilio
ou
sede
das
partes,
atividade
do
trabalhador
e
correspondente
retribuição,
local
e
período
normal
de
trabalho,
data
de
inicio
de
trabalho,
indicação
do
termo
estipulado
e
do
respetivo
motivo
justificativo,,
datas
de
celebração
do
contrato
e,
sendo
termo
certo,
da
respetiva
cessação.
Quais
são
as
consequências
do
incumprimento
dos
requisitos
formais
e
materiais?
à
A
lei
exige
que,
no
indispensável
documento
escrito,
seja
indicado
o
motivo
justificativo
da
contratação
a
termo.
Caso
este
exista,
mas
não
seja
indicado,
a
consequência
é
a
prevista
no
artigo
147º,
nº1,
alínea
c)
do
CT.
Caso
o
motivo
seja
indicado
mas
realmente
não
exista
(motivo
forjado),
terá
aplicação
o
artigo
147º,
nº1
alíneas
a)
e
b)
do
CT
-‐
sendo
certo
que,
em
ambos
os
casos,
o
contrato
de
trabalho
é
tido
como
um
contrato
sem
termo.
Por
exemplo:
A
contrata
B,
estando
a
loja
aberta
há
10
anos.
B
não
é
trabalhador
à
procura
do
primeiro
emprego,
nem
se
encontra
na
posição
de
desempregado
de
longa
duração.
Poderia
o
contrato
a
termo
ser
celebrado?
Não,
porque
os
requisitos
materiais
não
foram
verificados.
A
consequência
deste
incumprimento
está
exposta
no
artigo
147º,
nº1
alínea
b)
do
CT,
sendo
o
contrato
válido
como
um
contrato
sem
termo.
à
A
inobservância
de
forma
escrita,
assim
como,
por
exemplo,
a
não
indicação
do
motivo
justificativo
ou
a
sua
insuficiente
indicação,
não
implica
a
nulidade
do
contrato
de
trabalho,
mas
apenas
a
nulidade
da
cláusula
de
termo
resolutivo.
As
falhas
ou
insuficiências
formais
revertem
contra
o
empregador,
pois
a
sua
consequência
traduz-‐se
na
transformação
do
vínculo
laboral,
que
passará
de
precário
a
estável,
sendo
reconduzido
ao
contrato
standard
(artigo
147º,
nº1,
alínea
c)
do
CT).
O
artigo
344º
do
CT
estipula
quais
são
as
condições
para
a
não
caducidade
do
contrato
a
termo
(resolutivo)
certo.
Ora,
começando
pelo
nº1
temos
que
o
contrato
de
trabalho
a
termo
certo
caduca
no
prazo
estipulado,
portanto,
retém-‐se
que
o
contrato
não
caduca
antes
de
decorrer
o
tempo
correspondente
ao
termo.
No
entanto,
o
contrato
pode
vir
a
prolongar-‐se
por
renovações,
sendo
que
nesse
caso
o
prazo
se
prolonga.
A
caducidade
não
opera
automaticamente,
carecendo
de
ser
acionada
pelo
sujeito
interessado
(empregador
ou
trabalhador)
através
de
denúncia
escrita
com
aviso
prévio
de
15
ou
8
dias
(respetivamente).
Assim,
os
requisitos
para
isto
acontecer
são:
o
decurso
do
prazo,
pois
a
denúncia
tem
de
ser
feita
antecipadamente
e
se
as
partes
pretendem
que
o
contrato
caduque
no
final
do
prazo
têm
de
comunicar
por
escrito
a
sua
intenção
(se
for
o
trabalhador
a
denunciar
o
contrato
está
sujeito
a
um
aviso
prévio
de
8
dias,
se
a
denúncia
partir
do
empregador
esse
aviso
terá
de
ser
feito
15
dias
antes
do
término
do
prazo).
Se
as
partes
não
comunicarem
atempadamente,
não
o
fizerem
por
escrito,
nem
fizerem
qualquer
declaração
á
outra
parte
do
contrato,
este
contrato
nestas
circunstâncias
não
irá
caducar,
portanto
estes
requisitas
são
os
do
regime
regra
para
a
caducidade
do
contrato.
Se
estes
requisitos
não
forem
cumpridos
a
consequência
imediata
é
não
haver
caducidade,
no
entanto,
poderá
eventualmente
existir
renovação
ou
conversão.
Quanto
há
duração
máxima
do
contrato,
a
lei
estabelece
que
qualquer
contrato
a
termo
não
deverá
exceder
3
anos;
a
lei
prevê
expressamente
no
artigo
148º
do
CT
algumas
situações
em
que
o
contrato
não
pode
ter
uma
duração
tão
ampla
-‐
p.ex:
o
trabalhador
à
procura
do
primeiro
emprego
só
pode
ser
contratado
ao
abrigo
de
contrato
a
termo
por
18
meses,
um
desempregado
de
longa
duração
por
24
meses,
um
trabalhador
contratado
para
o
lançamento
de
uma
nova
atividade
também
poderá
apenas
por
24
meses.
Isto
é
o
que
decorre
do
artigo
148º,
nº1
do
CT
sendo
que
a
duração
máxima
pode
ser
também
de
6
anos.
Assim
se
conclui
que
limites
de
duração
que
devem
ser
combinados,
sobretudo
o
prazo
de
limite
máximo
com
o
número
limite
de
renovações
pois
a
lei
só
permite
que
o
contrato
seja
renovado
3
vezes
-‐
p.ex:
se
um
trabalhador
for
trabalhar
para
a
Arábia
Saudita
por
3
anos
e
quando
regressar
celebrar
um
contrato
por
apenas
6
meses,
poder-‐se-‐á
renovar
o
contrato
e
se
nada
for
dito
esse
contrato
irá
ser
renovado
pelo
mesmo
período
de
tempo
declarado;
então
se
este
se
renovar
por
mais
6
meses
consecutivamente
renova-‐se
as
3
vezes
permitidas
mas
não
ultrapassa
os
3
anos,
isto
significa
que
na
prática
teremos
que
combinar
estes
dois
limitas
e
nenhum
deste
deve
ser
ultrapassado
(nem
a
duração
máxima
nem
a
mínima
-‐
assim
que
um
limite
seja
ultrapassado
o
contrato
não
se
pode
renovar
mais).
Através
do
artigo
148º
do
CT
podemos
retirar
que
na
prática
e
em
principio
não
há
uma
limitação
mínima
ao
contrato,
uma
vez
que
embora
haja
situações
em
que
não
se
pode
contratar
por
menos
de
6
meses
nos
demais
casos
(como
podemos
ver
no
artigo
140º,
nº1
alíneas
a)
e
g)
do
CT;
em
bom
rigor
só
ficará
de
fora
o
nº1,
alínea
h))
o
contrato
pode
ter
um
tempo
inferior
a
6
meses
-‐
p.ex:
se
um
trabalhador
vai
fazer
uma
formação
fora
do
país
durante
3
semanas,
admite-‐
se
a
possibilidade
de
contratar
outra
pessoa
para
o
seu
lugar
apenas
por
esse
período
(emprego
temporário
-‐
faz-‐se
um
ajustamento
do
termo
uma
vez
que
há
uma
duração
previsível
de
uma
necessidade
a
cumprir.
Portanto,
em
principio
não
há
limite
mínimo;
no
entanto
há
casos
previstos
na
lei
em
que
a
duração
mínima
não
pode
ser
inferior
a
6
meses
sempre
que
o
contrato
o
considere.
A
renovação
opera
segundo
o
artigo
149º,
nº1
do
CT:
as
partes
podem
acordar
que
o
contrato
de
trabalho
a
termo
certo
não
fica
sujeito
a
renovação.
Neste
caso
dir-‐se-‐ia
que
a
regra
civilística
da
caducidade
automática
retoma
o
seu
império
e
o
contrato
extinguir-‐se-‐á
pelo
simples
decurso
do
prazo
(isto
é,
pela
simples
verificação
do
termo
resolutivo).
Se
no
final
do
contrato
as
partes
nada
fizerem,
o
contrato
pode
renovar-‐se
ou
converter-‐se.
Na
prática
vemos
que
em
princípio
ele
se
renovará
automaticamente,
só
que
a
lei
estabelece
certas
condições
para
que
essa
renovação
possa
acontecer
-‐
artigo
149º,
nº2
do
CT.
A
este
respeito,
se
não
for
acionada
a
caducidade
do
contrato
(artigo
344º,
nº1
do
CT),
em
princípio,
este
renova-‐se,
sendo
que
esta
renovação
está
sujeita
a
condições,
tais
como:
(1)
a
subsistência
da
necessidade
que
legitimou
a
formação
do
contrato
(artigo
149º,
nº3
do
CT);
(2)
não
pode
ter
sido
atingido
o
número
limite
de
renovações,
assim
como
não
se
pode
ter
atingido
a
duração
máxima
do
contrato;
(3)
se
se
pretender
que
a
renovação
seja
por
um
prazo
diferente
daquele
do
contrato
anterior,
essa
duração
deverá
ser
expressamente
prevista
pelas
partes.
O
contrato
pode
não
se
renovar
por
não
se
verificarem
as
condições
de
admissibilidade
nos
termos
previstos
para
a
sua
celebração
-‐
artigo
149º,
nº3
do
CT.
Aqui
vêm
estabelecidas
várias
condições:
a
primeira
será
para
a
renovação
se
dar
por
igual
período
(aqui
as
partes
não
têm
que
fazer
nada,
só
não
é
assim
quando
as
partes
pretendem
alterar
o
período
que
tinha
sido
anteriormente
declarado
no
contrato,
sendo
necessário
cumprir
de
novo
os
requisitos
exigidos
para
a
sua
celebração)
-‐
mas
estes
são
os
requisitos
para
a
renovação
adicional
feita
num
período
diferente
daquele
inicialmente
estipulado.
Existe
aqui
um
requisito
material:
para
que
haja
a
renovação
do
contrato
é
necessário
que
à
data
da
renovação
subsistam
as
condições
de
admissibilidade
que
legitimaram
a
celebração
do
contrato
inicial
(p.ex:
se
o
contrato
foi
celebrado
por
6
meses
para
a
substituição
de
um
trabalhador
e
as
partes
não
acionaram
a
sua
caducidade,
é
necessário
que
à
data
da
renovação
no
caso
concreto
o
requisito
material
do
trabalhador
que
estava
ausente
e
impedido
de
trabalhar
se
mantenha,
ou
seja,
o
trabalhador
substituído
não
pode
ter
regressado
ou
falecido
para
que
se
verifique
a
subsistência
da
necessidade).
Nestes
casos,
uma
de
duas:
ou
o
contrato
caduca
no
fim
do
prazo,
ao
abrigo
do
artigo
344º
do
CT;
ou,
não
havendo
denúncia
por
parte
de
qualquer
dos
sujeito;s
ele
passará
a
ser
um
contrato
sem
termo
(artigo
147,
nº2,
alínea
a)
do
CT).
Supondo
agora
que
o
trabalhador
que
iria
ser
substituído
regressou
e
que
à
data
da
renovação
já
não
está
preenchido
o
requisito
material
ou,
por
exemplo,
o
contrato
já
foi
renovado
por
3
vezes
não
podendo
ser
renovado
novamente
ou
já
vai
ser
ultrapassada
a
duração
máxima
permitida
por
lei,
nestas
casos
o
que
irá
acontecer
ao
contrato?
Nestes
casos,
o
contrato
irá
converter-‐se,
segundo
o
artigo
147º,
nº2
do
CT.
As
renovações
não
são
novos
contratos,
trata-‐se
do
mesmo
contrato
apenas
renovado;
já
a
conversão
significa
a
transformação
de
um
contrato
prévio
num
contrato
novo.
Quanto
à
não
observação
dos
requisitos
materiais
-‐
p.ex:
um
trabalhador
foi
contrato
para
substituir
outro,
o
empregador
não
acionou
a
caducidade
do
contrato
e,
em
principio,
ele
renovar-‐se-‐ia
mas
à
data
da
renovação
o
trabalhador
substituído
já
havia
regressado
à
nesta
situação
a
renovação
não
vai
acontecer
(artigo
149º,
nº3,
2ª
parte
do
CT)
pois,
ao
abrigo
do
artigo
147º,
nº2
alínea
a)
do
CT,
o
contrato
converte-‐se
em
contrato
sem
termo.
O
contrato
a
termo
certo
pode
ser
renovado
até
3
vezes
e
a
sua
duração
total
não
pode
exceder
os
18
meses
quando
se
tratar
de
pessoa
á
procura
do
primeiro
emprego,
2
anos
nos
demais
casos
do
artigo
140º
do
CT
e
3
anos
nos
restantes
casos
-‐
artigo
148º
do
CT.
Uma
questão
que
se
levanta
é
a
de
saber
o
que
acontece
ao
contrato
quando
este
caduca.
O
legislador
estabeleceu,
independentemente
da
causa
da
caducidade,
que
quando
o
contrato
caduca
por
declaração
do
empregador
em
qualquer
circunstância
o
trabalhador
vai
ter
direito
a
uma
compensação
pelo
artigo
344º,
nº2
do
CT
(a
remissão
é
meramente
para
vermos
quais
são
as
regras
e
o
regime
jurídico).
Esta
norma
levanta
algumas
dúvidas
pois,
de
acordo
com
a
lei,
a
compensação
numa
interpretação
literal
da
norma,
apenas
será
devida
quando
a
caducidade
do
contrato
de
trabalho
a
termo
certo
decorra
do
empregador.
Existe
caducidade
quando
o
trabalhador
a
comunicar,
o
empregador
a
comunicar
ou
as
partes
fizerem
uma
cláusula
-‐
em
todas
elas
é
devida
a
compensação?
Em
bom
rigor,
apenas
pode
haver
compensação
quando
o
empregador
comunica
com
um
prazo
de
15
dias.
Atendendo
a
que
é
o
empregador
que
pretende
dar
resposta
a
uma
necessidade
transitória,
celebrando
para
isso
um
contrato
a
termo
com
o
trabalhador,
se
este
caducar
o
contrato
tendo
o
trabalhador
interesse
em
continuá-‐lo,
logo
se
percebe
que
há
uma
lógica
de
compensação.
De
outro
modo,
caso
o
contrato
caduque
em
virtude
de
declaração
do
trabalhador,
a
lei
já
entende
que
aquela
compensação
não
lhe
será
devida,
pois
a
perda
do
emprego
deve-‐se
aqui,
em
exclusivo,
à
decisão
extintiva
do
trabalhador.
Resta
analisar
duas
hipóteses:
uma
em
que
as
partes
por
acordo
cessam
o
contrato
e
outra
em
que
as
partes
estipularam
expressamente
a
não
renovação
do
contrato
(artigo
149º,
nº1
do
CT).
Nesta
matéria,
há
opiniões
divergentes:
A
generalidade
da
doutrina
entende
que,
pela
interpretação
literal
da
norma,
quando
o
contrato
termina
por
acordo
ou
quando
as
partes
estipulam
a
não
renovação,
a
caducidade
vai
implicar
o
não
pagamento
de
compensação.
Há,
no
entanto,
autores
que
sustentam
uma
interpretação
diferente
do
artigo,
com
base
na
própria
ratio
legis
-‐
quando,
p.ex.,
é
inserida
num
contrato
uma
cláusula
de
não
renovação,
essa
mesma
cláusula
não
decorre
apenas
da
declaração
do
empregador
mas
também
da
declaração
do
trabalhador.
Embora
ambos
contribuam
para
a
extinção
de
um
contrato
há
quem
entenda
haver
lugar
ao
pagamento
da
compensação
porque,
em
bom
rigor,
estes
acordos
são
sempre
forçados
e
potenciados
na
maioria
dos
casos
pela
vontade
do
empregador.
No
entanto,
de
acordo
com
a
lei
e
pela
interpretação
literal
da
mesma
não
se
considera
que
esta
situação
conduza
ao
pagamento
de
compensação.
Havendo
lugar
a
compensação,
importa
saber
como
é
que
esta
vai
ser
calculada
-‐
artigo
366º
do
CT.
O
trabalhador
vai
ter
direito
a
18
dias
de
retribuição
base
e
diuturnidades
por
cada
ano
completo
de
antiguidade
(o
artigo
366º
do
CT
fala
em
12
dias,
no
entanto
são
aplicados
os
18
dias
de
que
fala
o
artigo
344º,
nº2
do
CT);
para
efeitos
da
compensação
só
se
contabiliza
o
valor
da
retribuição
base
e
eventuais
diuturnidades,
todas
as
demais
prestações
retributivas
que
integram
o
salário
do
trabalhador
não
são
consideradas.
Quanto
às
diuturnidades
(figura
em
extinção),
estas
são
prestações
pecuniárias
que
são
pagas
em
função
da
antiguidade
do
trabalhador,
sendo
feitas
para
os
trabalhadores
sem
ambição
de
subir
na
carreira
e
que
acabam
por
trabalhar
sempre
no
mesmo
posto
de
trabalho.
As
normas
que
nos
interessam
nesta
matéria
são
relativas
ao
cálculo
da
base
diária.
Para
isto,
socorremo-‐
nos
do
artigo
366º,
nº2,
alínea
c)
do
CT:
primeiro
temos
que
calcular
o
valor
das
retribuições
base
e
diuturnidades
do
trabalhador,
isto
é,
ele
pode
ter
1000€
de
retribuição
base
e
ter
200€
de
subsídio
diuturno,
pelo
que
no
total
o
seu
salário
é
de
1200€,
para
este
efeito
só
se
contabiliza
o
valor
de
retribuição
base
e
o
de
diuturnidades
que
sejam
devidas.
O
legislador
de
Portugal
veio
a
prever,
primeiramente
no
direito
público
e
depois
no
direito
privado,
as
chamadas
diuturnidades
que,
no
fundo,
levam
a
que
estes
trabalhadores
no
final
de
determinados
anos
tenham
direito
(ainda
que
a
desempenhar
a
mesma
função
e
com
o
mesmo
salário),
para
compensar
as
dificuldades
de
ascensão
na
carreira
e
para
premiar
a
sua
fidelidade
á
empresa,
a
criar
por
antiguidade
uma
prestação
que
é
paga
em
acréscimo
no
seu
salário
-‐
p.ex:
ao
fim
de
5
anos
a
ganhar
1000€
o
trabalhador
passa
a
ganhar
uma
diuturnidade
de
50€
acrescidos
ao
seu
salário.
A
lei
refere
que
o
trabalhador
tem
direito
a
18
dias,
portanto
nós
vamos
pegar
na
retribuição
base,
dividi-‐la
por
30
e
multiplicar
o
valor
que
obtivermos
por
18
dias
-‐
este
irá
ser
o
valor
por
cada
ano
completo;
se
ele
trabalhou
6
meses
vai
ter
direito
a
metade.
Se
trabalhou
1
ano
vai
ter
direito
a
um
valor
y,
se
trabalhou
1
ano
e
meio
vai
ter
direito
a
1,5y
pois
a
lei,
pelo
artigo
344º,
nº2
do
CT
que
remete
para
o
artigo
366º,
nº2,
alínea
d)
do
CT,
refere
que
em
caso
de
fração
de
ano,
o
montante
da
compensação
é
calculado
proporcionalmente,
(quanto
maior
for
o
tempo
que
o
trabalhador
está
ao
abrigo
do
contrato
a
termo,
maior
será
a
compensação
que
é
devida).
Na
prática,
isto
significa
que
a
forma
normal
típica
do
contrato
a
termo
é
a
sua
caducidade.