O que ocorre habitualmente com o paciente após uma convulsão, de acordo com cada tipo de crise?
Crise epiléptica é a ocorrência transitória de sinais e sintomas decorrentes de
uma atividade neuronal anormal, excessiva e síncrona no cérebro. Epilepsia é a condição crônica, caracterizada pela presença de crises epilépticas recorrentes, na ausência de eventos externos desencadeantes. E convulsões são as crises epilépticas com manifestações motoras. Nas crises generalizadas, temos a Crise Mioclônica que são contrações inesperadas de grupos musculares, que causam movimentos em todo o corpo ou parte dele, e duram pouco tempo. A pessoa pode lembrar de tudo por causa de sua curta duração. A Crise Tônica É uma rigidez dos músculos da qual a pessoa fica toda dura e a sua duração é variável. A Crise Clônica corresponde a uma contração rítmica em todo o corpo de duração variável. A pessoa curva o tronco para trás, ocorre perda da consciência, e dura poucos segundos, ela cai ao chão, pode também morder a língua e não apresenta movimentos de contração rítmica (clônia). Depois ela fica confusa, com dor de cabeça e sonolência. Na Crise atônica a pessoa perde rapidamente os tônus muscular caindo ao chão se ela estiver de pé. Ocorre perda da consciência breve que duram alguns segundos e ela não apresenta movimentos rítmicos dos músculos (clônia). Depois da crise ela fica confusa, com dor de cabeça e bastante sonolenta. Normalmente ocorre quando a pessoa se levanta muito rápido de um lugar. A Crise Tônico–Clônica Generalizada é a mais frequente das crises generalizadas. A pessoa perde subitamente a consciência, caindo, fica com o corpo endurecido (fase tônica) por alguns segundos, seguidos por movimentos em forma de tremores repetidos (fase clônica) que dura em torno de um minuto. Na crise ocorre uma respiração anormal que se torna ruidosa além de salivação excessiva. A pessoa pode urinar e morder a língua, por isso a saliva pode se tornar vermelha. Normalmente a pessoa não sofre, não sente dor e não lembra do que aconteceu com ela. A recuperação dura em torno de 5 a 15 minutos e ocorre de forma lenta e após a crise a pessoa pode ficar confusa, sentir dor de cabeça e no corpo, ânsia de vomito, mal-estar e sono. A de Ausência são mais frequentes em crianças e adolescentes entre 5 a 15 anos. As crises são rápidas com recuperação imediata. Não ocorrem convulsões e a perda da consciência é breve. A pessoa fica desligada por alguns momentos, geralmente de 5 a 20 segundos, podendo ocorrer várias vezes num mesmo dia. Ela sabe informar o que ocorreu ao seu lado, mas não responde ao ser chamada. O olhar fica parado, vago, para o infinito, pode apresentar movimentos involuntários de língua, mãos, deglutição e de pálpebras e não ocorre queda ao chão. Ocorre com maior frequência quando a pessoa está cansada e sonolenta. As crises parciais são caracterizadas por depender da região do cérebro atingida, pois a crise ocorre apenas em uma parte do cérebro. Em algumas crises podem não existir movimentos, perda de sentido, mas podem ocorrer sensações diferentes sem qualquer motivo. A pessoa pode ouvir sons estranhos, ver bolas ou estrelas, pontos brilhantes ou coloridos, sentir cheiros e gostos ruins. Ela também pode ter a impressão de que o lugar ou as pessoas que ela conhece são estranhos ou que não os reconhece. A pessoa pode perder a consciência, e sem que ela perceba pode começar a fazer movimentos como de mastigar, engolir, alisando a roupa, mexer nos bolsos. Às vezes ela pode andar, falar coisas incompreensíveis, demonstrar medo ou tristeza e depois referir que não se lembra de nada o que aconteceu. A Crise parcial complexa o paciente começa a experimentar sensações "estranhas" e "sai do ar" por períodos que vão de segundos a poucos minutos, podendo permanecer com os olhos abertos e fazer movimentos sem que a pessoa perceba, movimentos de deglutição, lingual, labial ou movimentos de mãos como esfregar, alisar ou pegar objetos sem finalidade. A Crise parcial simples o paciente não tem alteração de consciência, mas pode dizer que teve movimentos musculares em um lado do corpo, sensações alteradas nos braços, pernas ou rosto, ânsia de vômito, mal-estar no estômago ou cheiro e gosto estranhos. A imagem é essencial na avaliação e tratamento de pacientes com distúrbios convulsivos. A neuroimagem estrutural elegante com ressonância magnética (RM) pode auxiliar na determinação da etiologia da epilepsia focal e na demonstração das alterações anatômicas associadas à atividade convulsiva. Foi demonstrado o alto rendimento diagnóstico da ressonância magnética para identificar os achados patológicos comuns em indivíduos com crises focais, incluindo esclerose mesial temporal, anomalias vasculares, neoplasias gliais de baixo grau e malformações do desenvolvimento cortical.
Recuperação de inversão T1 coronal ( A ) e recuperação de inversão atenuada
por fluido (FLAIR) ressonância magnética axial ( B ) e coronal ( C ) (RM) mostrando atrofia hipocampal esquerda associada a alterações na morfologia e estrutura interna e sinal FLAIR hiperintenso (setas) - todos os sinais clássicos de esclerose hipocampal na ressonância magnética confirmados na histopatologia pós-operatória. Paciente com epilepsia do lobo temporal mesial esquerdo e livre de convulsões após amcdalohipococampectomia esquerda. REFERÊNCIAS
Fernando Cendes, William H. Theodore, Benjamin H. Brinkmann, Vlastimil
Sulc, e Gregory D. Cascino, Neuroimaging of epilepsy, 2016, https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5256664/
Carl E. Stafstrom e Lionel Carmant , Seizures and Epilepsy: An Overview for