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SAULO MAURÍCIO DE BARROS.

Paradigmas da Missão na Anglicana na Amazônia.

Monografia apresentada para atender as exigências da


disciplina de Teologia Prática: Fundamentos e
Metodologia, Prof. Dr. Geoval Jacinto da Silva, no curso
de Pós-Graduação em Ciências da Religião da
Universidade Metodista de São Paulo.

Universidade Metodista de São Paulo.

Belém – 2009.
2

Conteúdo

1. Introdução.................................................................................................................................................02

2. Richard Holden (1860-1862)....................................................................................................................05

2.1. O Contexto social e político no período de Richard Holden...........................................05

2.2. A herança religiosa de Richard Holden...........................................................................08

2.3. Paradigmas missionários de Richard Holden..................................................................09

3. Arthur Miles Moss (1912-1945)...............................................................................................................11

2.1. O Contexto social e político no período de Arthur Moss................................................12

2.2. A herança religiosa de Arthur Moss................................................................................14

2.3. Paradigmas missionários de Arthur Moss.......................................................................16

4. Conclusão..................................................................................................................................................19

5. Bibliografia................................................................................................................................................21
3

1. Introdução
Sempre que nos envolvemos no trabalho árduo de pesquisar a história dos cristãos anglicanos na
Amazônia1, somos motivados pela certeza de que, além de estarmos lidando com uma interessante
experiência de uma comunidade de fé, extrapolamos de forma clara o campo especificamente
religioso. Fazendo isso somos confrontados com um aspecto da formação da nossa identidade
cultural muitas vezes negligenciado ou marginalizado. Não podemos esquecer que os primeiros
anglicanos chegaram aqui encarnados no “herege inglês” (SOUZA, 2006: 68). Dentro dessa
compreensão, Gilberto Freire já nos advertia sobre a influência britânica na nossa formação
cultural: “A presença da cultura britânica no desenvolvimento do Brasil, no espaço, na paisagem,
no conjunto da civilização do Brasil, é das que não podem – ou não devem? - ser ignoradas pelo
brasileiro interessado na compreensão e na interpretação do Brasil”. (FREIRE, 2000: 46).
Afirma Eduardo Hoornaert de forma muito mais explícita:
“Efetivamente, o Brasil conseguiu desligar-se politicamente de Portugal
mas ao mesmo tempo entrou de cheio no mundo colonial inglês, e – através
deste – na internacionalização do colonialismo. Fomos uma colônia inglesa
no século 19, sob os disfarces da língua portuguesa e da religião católica.
E nunca fomos tão colonizados como naquele século” (HOONAERT, 1990:
129)
A presença do inglês anglicano no Brasil se fez sentir muito cedo, na verdade desde o início do
processo de colonização. Corsários, como Thomas Cavendish, chegaram até nossos portos e com
suas pilhagens ajudaram a encher os cofres e a fortalecer a coroa britânica. Todavia, essa presença
vai se intensificar com a fuga do rei português para o Brasil no começo do século XIX e ganhar
uma nova dimensão no Norte após a abertura do rio Amazonas à navegação estrangeira2.
Nesse período na Amazônia os ingleses passam a desempenhar um papel fundamental na economia,
dominando os acordos e as sociedades comerciais. Desenvolveram atividades nos setores de
navegação, portos, energia, transporte público, telefonia, telegrafia, distribuição de água, rede de
esgotos, principalmente em Belém e Manaus. Extensa é a relação dos empreendimentos ingleses na
Amazônia nessa época, destacamos a Port of Pará, Pará Electric Company, Pará Telephone
Company, Amazon River Steam Navigation Company Ltd., Amazon Engineering Company,
Manaus Harbour Ltd., Manaus Tramways & Light Company Ltd., Manaus Improvements Ltd.,
Manaus Market Company, Booth Line Company, Bank of London & South America Ltd.
Dentro desse contexto não podemos deixar também de mencionar o papel desempenhado pelos
1
Pouca coisa foi preservada dos documentos da Igreja Anglicana na região Amazônica. O que
temos hoje foi resultado de um laborioso trabalho de resgate realizado por pessoas bem
intencionadas, mas nem sempre com a devida capacitação.
2
O decreto autorizando a abertura do rio Amazonas à navegação estrangeira foi assinado pelo
governo brasileiro em 1866.
4

“barbadianos”. Como explica Maria Roseane Corrêa Pinto Lima:

“O termo ‘barbadiano’ é uma categoria que não indica simplesmente uma


origem ou nacionalidade, mas foi empregada como uma identificação
englobadora, atribuída aos negros estrangeiros, não introduzidos aqui
como escravos, que vieram, desde o início do século XX, de diversas partes
do Caribe...” (LIMA, 2006: 14).

Os caribenhos chegaram à região para trabalhar nos inúmeros empreendimentos britânicos,


atendendo ao apelo da propaganda da época com promessas de melhores condições de vida e
trabalho no Brasil. Ainda hoje a segunda, a terceira e quarta geração de barbadianos frequentam a
Catedral Anglicana de Santa Maria3, em Belém – PA.
Os imigrantes de língua inglesa serão os agentes e destinatários da missão anglicana no período
abordado no nosso trabalho. Nossa monografia, devido as suas limitações trata apenas de dois
momentos distintos da história do anglicanismo nessa parte do planeta. O primeiro período
retratado é a segunda tentativa missionária anglicana em terras brasileiras4, a vinda do clérigo
Richard Holden para o Pará, em 1860. O segundo período abarca o trabalho de capelania realizado
pelo Rev. Arthur Miles Moss e a implantação definitiva da Igreja Anglicana na Amazônia, em
1912.
Podemos afirmar que a cultura é uma construção dos seres humanos, uma teia de significados tecida
por mãos com polegares opositores (GEERTZ, 2008:4). Dentro da cultura a religião possui uma
função distintiva, Peter Berger diz que a religião é um “empreendimento humano pelo qual se
estabelece um cosmos sagrado” (1985: 38). A religião atribuiu um significado mais elevado a
sociedade e a vida cotidiana. Por outro lado, ainda nos valendo do Berger, sabemos que esse
empreendimento ganha um grau de distinção em relação ao seu produtor. A sociedade, ou a
religião, acaba se tronando uma realidade peculiar, independente do ser humano que a produziu.
Nós, como latino-americanos e brasileiros somos o produto de diversas culturas que se tramam para
construir aquilo que Darci Ribeiro chama de “povo novo”. A obra colonial portuguesa no Brasil

3
A comunidade criada por Arthur Miles Moss, consagrada pelo bispo Edward Francis Every com
o nome de Santa Maria, passou por muitos estágios de status canônicos, até ser consagrada
Catedral da Diocese Anglicana da Amazônia em 15/10/06.
4
Aqui fazemos uma distinção entre duas etapas do anglicanismo no Brasil. Os anglicanos
chegaram inicialmente através do processo de imigração, com o apoio da Inglaterra a vinda da
corte portuguesa para o Brasil no início do século XIX. E também, anos depois, com uma
capelania para imigrantes japoneses estabelecida em 1923. O trabalho missionário anglicano
vai ser consolidado no sul do país em 1890, através da Igreja Episcopal dos Estados Unidos. A
primeira experiência missionária aconteceu com o envio do Rev. William H. Cooper, pelos
norte-americanos, em 1853, todavia, o navio no qual o missionário viajava sofreu um naufrágio
e ele retornou aos Estados Unidos.
5

teve como resultado “... um povo-nação, aqui plasmado principalmente pela mestiçagem, que se
multiplica prodigiosamente como uma morena humanidade em flor, à espera do seu destino”
(DARCY, 2006:62). Importante relembrarmos novamente a influência britânica na composição
desse caleidoscópio cultural que somos.
E, no caso da nossa monografia, atentar para os paradigmas missionários dos dois primeiros
clérigos que atuaram na Amazônica, mais precisamente de Moss pela consolidação de uma
comunidade de fé, nos ajudará a entender o universo religioso anglicano.
Antes de continuarmos, temos que reconhecer que o próprio título da nossa monografia traz a
necessidade de clarificação e delimitação de alguns elementos para a sua compreensão. Primeiro,
entendemos que a missão da Igreja é determinada pelo contexto 5. Um documento elaborado pela
MISSIO (the Mission Commission of the Anglican Communion) expressa esse entendimento de
forma clara: “Toda missão é feita num determinado lugar – contexto. Por isso, mesmo havendo
uma unidade fundamental nas boas novas, elas são modeladas pela grande diversidade de lugares,
de tempo e de culturas em que as vivemos, proclamamos e incorporamos” (MISSIO, 1999, 115).
Segundo, devemos nos deter sobre o significado da palavra “paradigma”. David Jacobus Bosch nos
diz que o termo não está isento de problemas e “trata-se de um conceito escorregadiço” (BOSCH,
2002: 231). Para tentar resolver essa dificuldade ele utiliza a teoria de Thomas Kuhn que define o
“paradigma” como “toda constelação de crenças, valores, técnicas, etc., compartilhada pelos
membros de uma determinada comunidade” (BOSCH, 2002: 231). Então, para nós “paradigma”
será considerado como o conjunto de crenças e valores que determinam a ação e o pensamento do
ser humano.
E finalmente, precisamos deixar explícito que no nosso trabalho nos referimos a “Amazônia Legal”,
mesmo reconhecendo que essa denominação tenha um caráter mais político que geográfico 6. A
Amazônia Legal envolve os estados do Pará, Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Tocantins,
Amapá, Mato Grosso e Maranhão, correspondendo a 58,4% do território brasileiro. A presença
anglicana se fez sentir principalmente no estado do Pará, mais precisamente na sua capital. Existe
uma longa história, até hoje não devidamente contada, relacionada à cidade de Manaus, mas isso
por si só seria tema de outra monografia7.
5
Não é muito fácil definir o termo contexto, mas queremos usá-lo como os diferentes níveis da
realidade aos quais determinadas ideias estão associadas.
6
Para reforçar o caráter político desta classificação cremos que basta lembrarmos que a ideia
da “Amazônia Legal” surgiu com a extinta SUDAM em 1966.
7
Arthur Miles Moss, nós veremos isso adiante, realizou viagens a Manaus para atender a
comunidade estrangeira de anglicanos lá residente. Em 1888, chegou à cidade de Manaus o
missionário metodista Marcus Carver. Carver foi abandonado em seguida por seus apoiadores
e realizou um trabalho independente, criando a Igreja Evangélica Amazonense. Apesar da
ausência de um caráter denominacional, desde o início as comunidades utilizavam a liturgia
anglicana e solicitaram, sem sucesso, que a Igreja Anglicana assumisse os trabalhos. As
atividades da missão foram encerradas em janeiro de 1944, sem nunca ter conseguido o apoio
formal dos anglicanos.
6
7

2. Richard Holden (1860-1862).


Pesquisar sobre Richard Holden e sua atividade missionária é relativamente fácil. Existe um
significativo número de referências ao seu trabalho em obras sobre o protestantismo brasileiro e
algum material produzido pelo próprio missionário, principalmente o seu diário onde narra o
período em que atuou na região Amazônica. Nesse diário, Holden expressa de maneira límpida suas
convicções e as estratégias usadas para alcançar seus objetivos evangelísticos.
Richard Holden nasceu na Escócia (1828) e estudou teologia na Diocese Anglicana de Ohio, nos
Estados Unidos da América, onde se apresentou para ser missionário no Brasil. Holden foi aceito
pelo Conselho de Missões Episcopais dos Estados Unidos e pela Sociedade Bíblica Americana.
Com certeza o desejo missionário pelo Brasil surgiu porque Holden já havia estado antes no país
como comerciante em 1851, quando aprendeu a língua portuguesa. Holden levou a sério seu
período de preparação, “estudou português e traduziu o Livro de Oração Comum e artigos
religiosos escritos nos tempos de seminarista” (KICKHÖFEL, 1995: 33). A tradução do Livro de
Oração Comum8 foi uma das heranças mais significativas que Richard Holden deixou para o
anglicanismo brasileiro, sendo sua versão utilizada no início pelos missionários que fundaram a
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil em 1890 (BARROS, 2004: 37).
Holden vai desembarcar na Amazônia com os primeiros missionários protestantes, motivados pela
grande expectativa que havia no exterior acerca da nova política que seria adota com relação à
navegação no Amazonas. Os norte-americanos influenciaram decisivamente a assinatura do tratado
9
que abriria o “Mar Dulce” para os estrangeiros, inspirados em grande parte pela Doutrina do
Destino Manifesto10, acreditando poder estabelecer uma nova civilização na região.
A seguir analisaremos a situação social e política na época da vinda de Holden para as terras
brasileiras e também o pensamento que embasava sua atuação missionária.

2.1. O Contexto social e político no período de Richard Holden.


A nação que Holden deixava ao embarcar no brigue Isabella no dia 19 de novembro de 1860 estava
enfrentando grandes mudanças e se encontrava politicamente dividida. As divergências de
interesses entre os estados do Norte e do Sul dos Estados Unidos acabariam por levar a uma guerra
sangrenta. Estas diferenças têm sua origem durante o processo de colonização. Na parte Norte do
país o capitalismo encontrava-se em franca consolidação, o desenvolvimento industrial era
acelerado, especialmente no setor têxtil, surgiram às primeiras manifestações operárias, cresceram
8
O Livro de Oração Comum é o livro de liturgia utilizado pelas Igrejas Anglicanas. O LOC
passou por várias revisões e possui versões diferentes, num processo continuo de
contextualização. Porém, ainda conserva a tradição originária da Reforma Inglesa.
9
Nome dado ao Amazonas pelo navegador espanhol Vicente Pinzón em 1500.
10
Na segunda metade do século XIX se desenvolveu nos Estados Unidos a Doutrina do Destino
Manifesto, que fazia dos estadunidenses um novo povo eleito, destinado a estender sua
civilização por todo o mundo.
8

as lutas pela emancipação feminina, as ideias progressistas começaram a adquirir força e levaram a
formação de um novo partido político. Porém, para que esse estilo de vida prosperasse era preciso
que a orientação econômica favorecesse o crescimento do mercado interno e o estabelecimento de
barreiras protecionistas. Por outro lado, no Sul, a vida econômica continuava baseada na
monocultura algodoeira, que representava na época mais da metade do valor das exportações
americanas. A economia sulista encontrava-se alicerçada no liberalismo econômico, que
possibilitava às agro-exportações e na mão de obra escrava.
As divergências de interesses entre as duas regiões e as flutuações políticas levaram a Carolina do
Sul e mais dez outros estados escravistas a declarar que não mais faziam parte dos Estados Unidos
da América, iniciando assim a chamada Guerra da Secessão (1861-1865).

Para alguns está claro que como “pano de fundo de todas essas
divergências estava a questão da escravidão. Para a burguesia do Norte
interessava a abolição do trabalho escravo, o que representaria a
ampliação do mercado consumidor interno. Em contrapartida, os Estados
do Sul defendiam a escravidão, visto que todo o seu sistema econômico
assentava na mão de obra escrava” (AQUINO, 1990: 192).

Holden manifesta nas páginas do seu diário sua preocupação com os rumos das desavenças e sua
posição pessoal contrária à escravidão (além de demonstrar influência da Doutrina do Destino
Manifesto):

“Sinto que a escravidão nos EUA agora está destinada a desaparecer. A


honra de Deus parece requerer isso. Eu posso apenas olhar com temor e
tremor, meu coração quase falhando de medo e apreensão diante das
coisas que virão sobre o país. Ai! Que uma terra tão linda e promissora
seja assim desgraçada. Ai! Que uma nação que parecia estar
amadurecendo para os fins gloriosos de Deus, como um dos grandes
depositários de sua verdade, possa ser desmembrada como envergonhada
de sua própria força” (1990: 49-50).

O país que Holden encontra, quando finalmente do brigue Isabella se pode avistar a cidade de
Belém, na terça-feira, 17 de dezembro, é também uma nação que está vivendo um período de
transição. As ideias abolicionistas estavam adquirindo relevância, levando por fim a abolição dos
escravos em 1888. O pensamento republicano vai cada vez mais ocupando espaço até que em 15 de
9

novembro de 1889 após um golpe, civis e militares se reuniram para proclamar o advento de uma
república federativa. Estava próximo também de uma guerra, o maior conflito armado da América
do Sul, envolvendo o Brasil, a Argentina e o Uruguai contra o Paraguai (1864-1870). Poderíamos
dizer, sem exageros, que está ocorrendo nessa época uma redefinição do Brasil.
Na realidade Amazônica é importante destacar um acontecimento ocorrido alguns anos antes da
chegada de Richard Holden que deixou profundas marcas na região: a Cabanagem. A Cabanagem,
nome derivado da habitação das pessoas simples, foi um movimento com massiva participação das
classes populares e setores da elite no período de 1835 a 1840. Surgiu como uma reação contra o
autoritarismo e desmando das autoridades civis e militares da Província nomeadas pelo governo da
Regência (BEZERRA NETO, 2001: 82). Os cabanos lutavam contra o poder central numa tentativa
de manter inalteradas as relações com Portugal. Esse movimento deixou profundas marcas no
“imaginário dos paraenses” (BEZERRA NETO, 2001: 73), sendo apontado como um dos
elementos fundamentais da identidade amazônida (PANTOJA, MAUÉS, 2008: 60). Muitos
ribeirinhos visitados por Holden, que adquiriu um barco para suas atividades, ainda estavam muito
marcados pela revolta popular.
Seria interessante também incluirmos algumas considerações sobre o ambiente religioso brasileiro
no momento da chegada desses missionários pioneiros. Encontraram aqui uma Igreja Católica
Romana fortemente centro-europeia, buscando implantar a todo custo um modelo tridentino. Uma
Igreja Romana que, apesar de apregoar sua autonomia frente ao Estado, lutava ciosamente para
manter seus privilégios previstos na Constituição de 1824 e no regime de padroado. Essa Igreja
Católica Romana também tentava conter o catolicismo popular que tinham penetrado fortemente na
cultura do povo brasileiro, principalmente na Amazônia.
Como instrumentos de apoio a reforma tridentina foi enviado um grande número de missionários
estrangeiros e ainda favorecidas novas venerações, como o Sagrado Coração de Jesus, São José
Operário e expressões marianas mais recentes como Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O pároco
passara a ter o controle administrativo das instituições e manifestações festivas através da estrutura
paroquial, tendo como centro a igreja matriz e o oratório, seguindo a proposta europeia (MATA,
2001: 06).
Esse catolicismo veio a ser o principal obstáculo ao trabalho protestante, personificado muitas vezes
nas pessoas dos bispos romanos. Robert Nesbitt sofreu grande perseguição de D. Afonso Torres e,
por sua vez, Holden encontrou em D. Antônio de Macedo Costa seu maior opositor.
O protestantismo no seu início no Brasil recebeu forte apoio da maçonaria. Fato que aumentava a
desconfiança das autoridades eclesiásticas que, como o Bispo de Belém, afirmavam que existia um
complô maçônico e protestante para “derrubar a Igreja Católica Romana, como primeiro passo
para a invasão da Amazônia pelos Estados Unidos” (KICKHÖFEL, 1995: 35). O clímax desse
10

confronto aconteceu na denominada “Questão Religiosa” 11.


Além disso, é preciso dizer, era quase completo o desconhecimento sobre os movimentos
evangélicos e a própria Bíblia. Richard Holden manifestou muitas vezes nos seus escritos essa
percepção e deixou registrada a admiração de alguns de seus interlocutores diante da descoberta de
que os protestantes eram cristãos (HOLDEN, 1990: 47). Alguns chegavam a declarar que haviam
aprendido que o protestantismo seria contrário a religião cristã, que negavam a virgindade de Maria,
a ressurreição de Cristo e a Trindade.

2.2. A herança religiosa de Richard Holden.


Não temos nenhuma dúvida de que as concepções religiosas de Richard Holden são resultado do
denominado Segundo Grande Despertamento evangélico do século XIX nos EUA. Por meio de
grandes manifestações de reavivamentos, da formação de diversas sociedades missionárias e
bíblicas, inclusive da Sociedade Bíblica Americana (1816), da qual Holden será representante,
“uma interpretação evangélica, pietista da fé cristã” (WALKER, 1980: 679) se espalhou atingindo
todas as denominações. Embora, como afirma Williston Walker, na Igreja Episcopal dos Estados
Unidos tenha havido poucas repercussões do reavivamento como tal, dentro dela tomou força os
grupos de tendência mais evangélica (WALKER, 1980: 683).
Esse clima religioso foi responsável pelo ressurgimento do interesse pelo campo missionário, como
afirma Stephen Neill: “A nova espiritualidade, em que participaram muitos cristãos, encontrou a
sua expressão num sentido de responsabilidade, em relação ao testemunho de Cristo e ao serviço
missionário” (NEIL, 2001: 333).
Essa visão espiritual pietista é facilmente detectada nos seus escritos, principalmente no seu diário.
Ela se manifesta em alguns temas recorrentes, como a questão da conversão pessoal, da nova vida
em Cristo, do pecado, do Inferno e da glória do porvir. Relatando o último serviço religioso que fez
com os tripulantes do Isabella deixou registrado:

“em seguida li para eles os dois últimos capítulos do Apocalipse. Como já


lhes tinha feito muitas exposições do caminho da salvação (...) e já lhes
tinha exposto a natureza do Inferno – agora nesta última ocasião em que
me dirijo a eles procurei induzi-los à contemplação da glória vindoura”
(HOLDEN, 1990: 14).

11
Essas relações tencionadas entre Igreja Romana e a Maçonaria chegam ao auge na
denominada “Questão Religiosa”, que tem seu estopim num incidente ocorrido no Rio de
Janeiro em março de 1872. Na Amazônia o assunto repercutiu com intensidade. Em 1874, o
imperador D. Pedro II mandou prender o bispo católico romano do Pará, condenando-o a quatro
anos de prisão e trabalhos forçados.
11

Também sua posição se revela diante da aversão a religião natural e aquilo que considera
“liberalismo”. Num dado momento do diário dirige suas críticas a “um clérigo da nova teologia da
Igreja Alta da Inglaterra” 12 que esteve visitando a região poucas semanas antes de sua chegada
para ver “árvores grandes” e que agradou muitos pelo “seu liberalismo, que estava bem pronto a
salvar a todos pela larga porta da sinceridade e não os incomodou com qualquer ida à Igreja ou
com qualquer pregação durante os domingos em que esteve com eles” (HOLDEN, 1990: 18).
Ainda vale ressaltar seu posicionamento diante da Igreja Católica Romana. Muitas vezes polemizou
com seus ouvintes para convencê-los das muitas falsidades da “tradição romanista” e do
“papismo”, o qual considerava que “uma tola superstição” (HOLDEN, 1990: 26) e, mesmo, uma
instituição marcada “com o sinal do Anticristo” (HOLDEN, 1990: 92).
Ainda como sinal da sua orientação religiosa, nós devemos mencionar que entre os instrumentos
utilizados por Holden para evangelização encontramos o famoso clássico do pietismo inglês The
Pilgrim’s Progress (O Peregrino), de John Bunyan, amplamente distribuído por Holden, chegando a
rivalizar com a Bíblia.
Finalmente, o caminho tomado por Holden após as tentativas frustradas em Belém do Pará e
Salvador, na Bahia, demonstra suas inclinações doutrinárias. Ele deixa a Igreja Episcopal e aceita o
convite do Dr. Robert Kalley para trabalhar como pastor da Igreja Congregacional Fluminense, em
fevereiro de 1865, e, posteriormente, passa a fazer parte do movimento dos darbistas13.

2.3. Paradigmas missionários de Holden.


Principalmente através das páginas do diário podemos discernir os paradigmas que inspiravam o
trabalho missionário de Richard Holden. As anotações começam nos primeiros dias da viagem, a
bordo do brigue Isabella. O diário, de maneira geral, encontra-se redigido de forma simples,
relatando os trabalhos empreendidos, “impressões sobre os locais, pessoas, orações, os sentimentos
que surgiam na sua caminhada” (BARROS, 2004: 34). Porém, em alguns trechos o autor se deixa
envolver com uma prosa de caráter poético, principalmente ao descrever a vegetação local, ou se
empolga com longas discussões teológicas. Retiramos, então, do diário os elementos que
consideramos serem expressões dos paradigmas da missão de Holden.
Holden deixa claro no seu diário que toda pessoa deve “nascer de novo” para obter a salvação. Ele

12
Expressão usada no mundo anglicano como referência aos grupos mais ligados a tradição
Católica da Igreja, também conhecidos como anglo-católicos.
13
Os darbistas fazem parte de um movimento iniciado por John Nelson Darby (1800-1882) que
renunciou ao ministério ordenado na Igreja da Inglaterra em 1827 e se juntou a um grupo
denominado Fraternidade (Brethren). Depois de uma divisão, Darby passou a liderar uma
fraternidade separada com propostas mais radicais. Os darbistas eram influenciados pelo
calvinismo e pietismo e rejeitavam algumas afirmações de fé, aceitando apenas aquelas que
consideravam compatíveis com o Novo Testamento.
12

mesmo passou pela experiência de um novo nascimento após longo período de enfermidade. Num
Domingo falou a um grupo pequeno de pessoas, expressando sua convicção de forma taxativa:
“passei, umas duas horas, apontando-lhes a natureza do pecado, o contraste entre as obras da
carne e do espírito, conforme encontramos em Gálatas, a necessidade de um novo nascimento, sua
natureza, e de onde pode ser obtido” (HOLDEN, 1990: 107).
Outra coisa nítida para Holden, que depois poderemos comparar com Arthur Miles Moss, é que sua
pregação do Evangelho de Jesus Cristo está direcionado para todas as pessoas sem nenhuma
distinção.

“Apesar de no início do seu ministério Richard Holden ter escolhido uma


audiência de fala inglesa para os ofícios religiosos, até por questão de
domínio da língua, nunca deixou de se preocupar com cultos para os
brasileiros. Em abril de 1861 resolveu publicar no jornal o anúncio de um
ofício em português, sentindo-se na condição do apóstolo Paulo de
abandonar os trabalhos com os judeus e partir para os gentios” (BARROS,
2004: 35).

Manifestava uma grande confiança na ação da Palavra de Deus para transformar o espírito humano.
Por isso, como agente da Sociedade Bíblica Americana, e depois como diretor da Sociedade Bíblica
Britânica e Estrangeira, já no Rio de Janeiro (1865-1872), detinha uma dedicação profunda na
venda e distribuição de Bíblias e literatura evangélica. Por onde passava ia deixando panfletos,
livros, exemplares do Novo Testamento, Bíblias em diferentes versões. Na direção da SBBE “em
1866, ele contratou 11 colportores para trabalharem no Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Em
1871, aumentou para 15 o número de colportores, e a distribuição subiu para 7461 Escrituras”
(GIRALDI, 2008: 41). Nessa perspectiva um fato é digno de ser mencionado, até por ser algo
bastante pitoresco, logo no início de seu trabalho em Belém, Holden realizou uma farta distribuição
de folhetos num banheiro público. Ele deixava os folhetos presos num cordão e contava com o
apoio dos guardas do banheiro para ajudá-lo nessa tarefa (HOLDEN, 1990: 23).
Marcado pelo pietismo e, provavelmente por influência da Doutrina do Destino Manifesto, Richard
Holden considerava sua missão como um trabalho contra a ignorância e o Mal. Expressou esse
sentimento e compreensão em trechos diversos do seu diário, no dia 23 de maio de 1861 escreveu
de forma clara: “Sinto-me confiante de que Deus ainda tem boas coisas em depósito para o Pará e
que a mesma ferocidade de Satanás é devido à sua vinda em grande ira por saber que tem apenas
uma pequena temporada de sobra” (HOLDEN, 1990: 86-87).
13

3. Arthur Mille Moss (1912-1945).


Ao contrário do caso de Richard Holden, o material que temos em mãos sobre Arthur Miles Moss é
bastante resumido. Algumas páginas datilografadas de relatórios, uma menção no livro do bispo
Edward Francis Every, um brevíssimo testemunho dado pela atriz paraense Cléa Simões, num DVD
comemorativo dos 50 anos do livro do sociólogo Vicente Salles, “O Negro no Pará”. Sabemos que
existe alguma informação sobre ele num anuário da Igreja da Inglaterra publicado desde 1858, que
traz a biografia de clérigos ingleses, denominado “Crockford's Clerical Directory” (informação
verbal) 14, e também que no Natural History Museum, em Londres, está catalogada uma coleção de
escritos, desenhos e fotografias produzidos por Moss enquanto entomologista, mas ainda não
tivemos acesso a esse material15.
Podemos dizer sobre Moss com certeza que ele nasceu em 1873, estudou no Trinity College, em
Cambridge, foi ordenado diácono da Igreja da Inglaterra em 1895, presbítero em 1896, esteve em
Lima no Peru como capelão entre 1907 e 1910, e veio residir no Brasil entre 1912 e 1945, falecendo
antes da Páscoa de 1948.
16
Arthur Moss é descrito pela atriz Cléa Simões como “um nobre” e alguns dos seus vizinhos,
ainda vivos, lembram-se dele saindo de casa com roupa de safári e uma rede de apanhar borboletas
na mão. Era verdadeiramente apaixonado pela ordem de insetos chamada Lepidóptera, borboletas e
mariposas. Moss ainda possuía algum talento musical, por isso sempre se esforçou para realizar
recitais na Paróquia de Santa Maria. Claro que temos que avaliar bem as memórias, mas existem
fatos para fundamentá-las. Moss era um estudioso de insetos e plantas, chegou mesmo a publicar
alguns livros sobre o assunto e um específico sobre orquídeas na Pará 17, era considerado pelas
entidades científicas como um bom desenhista. Provavelmente é originário de uma região abastada
na Inglaterra, Lake District, o que justificaria sua visão como “nobre”, embora não tenhamos
conhecimento de que possuísse qualquer título de nobreza.
Seus hábitos e temperamento deviam diferenciar bastante da população local. Condição que o
colocava em consonância com a comunidade barbadiana que permaneceu durante muito tempo
adotando os hábitos ingleses e considerando os brasileiros quase como bárbaros.

“Os mais velhos consideravam-se súditos do vasto império britânico e, na


maior parte das vezes, recusavam-se a falar outra língua, que não fosse o
14
As informações sobre o “Crockford's Clerical Directory” nos foram fornecidas por Catherine
Wakeling, funcionária da USPG (United Society for the Propagation of the Gospel), Londres,
Inglaterra, em 15 de abril de 2004.
15
Encontramos essa referência no seguinte endereço na Internet:
http://www.nhm.ac.uk/research-curation/collections/collections-management/collections-
navigator/transform.jsp?rec=/ead-recs/nhm/uls-a353832.xml. Acesso em julho, 2009.
16
DVD “O Negro no Pará: Cinco Décadas Depois”, capítulo VI.
17
Moss, Arthur Miles. Water-colour drawings of Orchids from Para Brazil. 1915.
14

inglês. Preocupavam-se muito com o vestuário, a etiqueta e os hábitos


sociais que, por sua vez, contrastavam enormemente com os dos negros
brasileiros” 18.

Uma característica que podemos apontar na sua personalidade era sua dedicação a sua atividade
como clérigo. Nas condições precárias da época, Moss realizava diversas viagens, entre elas
percorria 4.397 quilômetros para atender pastoralmente os trabalhadores caribenhos da estrada de
ferro Madeira-Mamoré, em Porto Velho, Rondônia. Precisamos ressaltar ainda que após dezoito
anos como capelão no Brasil, Moss se aposentou, mas retornou a Belém e continuou suas atividades
como “capelão honorário” até sua partida definitiva em 1945.

3.1. O Contexto social e político no período de Arthur Moss.


Embora Arthur Moss tenha morado três anos na América Latina, mais precisamente em Lima no
Peru, a sua terra de referência continuava sendo a Inglaterra que ainda estava vivendo o apogeu do
imperialismo quando da sua chegada ao Brasil 19, embora outras forças já começassem a despontar
no continente europeu. Essa ideologia colonizadora vai repercutir enormemente na mentalidade
britânica, de tal maneira que o historiador Marc Ferro afirma “o que aproximava franceses,
ingleses e outros colonizadores era a convicção de que encarnavam a ciência e a técnica, e de que
esse saber permitia às sociedades por eles subjugadas progredir” (FUSER, 2006: 14). Na verdade
uma versão mais palatável da teoria aristotélica da submissão natural. Mais adiante veremos como
isso teve sua ressonância na teologia da Igreja da Inglaterra.
Todavia, ao retornar definitivamente ao seu país de origem, Moss vai encontrar uma nação
completamente transformada, inclusive porque passará pela experiência de duas guerras mundiais.
Seria bom lembrar as palavras do historiador Eric Hobsbawn de que na verdade o período entre
1914 e 1945 pode ser “visto como uma única ‘Guerra dos trinta anos’, interrompida apenas por
uma pausa na década de 1920” (2007: 21). O império britânico estava em ruínas, seu sepultamento
simbólico seria a independência da Índia em 1948. A nova ordem mundial após a Segunda Grande
Guerra escancarava as portas para o novo império Ocidental, os Estados Unidos da América.
Provavelmente, Moss sofreu uma grande dificuldade de se aculturar (novamente?) no país para o
qual regressou20.
O Brasil que Arthur Moss vai encontrar passou por profundas transformações e em muitos aspectos
é completamente diferente daquele no qual viveu Richard Holden, cinquenta anos antes. No dia 15
18
Belém dos Imigrantes – história e memória.
19
Osvaldo Coggiola, professor de história da USP, diz num artigo que o apogeu do Império
Britânico teria sido entre 1815-1914 (COGGIOLA, 2006: 98)
20
Pensamos na máxima de filósofo grego Heráclito de Éfeso que um homem não pode
atravessar um rio duas vezes.
15

de novembro de 1889 vai acontecer a queda da monarquia e a Proclamação de República no Brasil.


Isso vai ter influência direta na diversidade religiosa do país, pois juntamente com a implantação da
república vai ocorrer a separação oficial entre Igreja e Estado. O princípio da separação entre
religião e Estado aparece na Constituição promulgada em 1891. Até então o Catolicismo Romano
permanecia como religião oficial e gozava de diversos privilégios. É preciso dizer que essa relação
entre os governos e a Igreja Católica Romana, apesar de definido constitucionalmente, nunca foi
devidamente clarificado. Mas, esse ar de maior liberdade permitiu uma implantação sistemática do
protestantismo no Brasil. Diferente do período de Holden, Moss encontra agora uma sociedade mais
aberta para outras denominações cristãs. Isso vai ser sentido no clima dos artigos publicados pelos
jornais “Folha do Norte” e “A Capital” quando da inauguração do primeiro templo anglicano na
cidade de Belém.

“A inauguração que ontem se fez, de um templo onde será cultuada a seita


católico-anglicana, traduz perfeitamente os nobres sentimentos de religião
que animam a laboriosa e simpática colônia inglesa, domiciliada entre nós,
atendendo-se ao esforço empregado pelos seus distintos membros, que tão
depressa formaram realidade a nobilitante ideia” (1912: 1).

O Brasil absorveu profundamente às transformações advindas da sociedade liberal e passa a


desempenhar um papel significativo no contexto da economia industrial. O próprio advento da
república “expressará a redenção da situação colonial e a consonante implantação de uma nova
ordem de progresso” (DAOU, 2000: 17). Essas transformações são sentidas primeiramente nas
cidades polos da Amazônia, Belém e Manaus, devido ao grande impulso econômico da exportação
da borracha. Neste período ocorreu na região o que muitos denominam a “Belle Époque
Amazônica”. Na verdade todo esse desenvolvimento econômico, com o processo de
industrialização e urbanização, vai abrir espaço para consolidação e avanço do protestantismo.
Moss vai chegar a Belém justamente no momento do fim desse período áureo da borracha. Depois
ele será testemunha da grande depressão na região. O bispo Edward Francis Every vai registrar essa
situação no seu livro: “A depressão comercial no Norte do Brasil é pior do que em qualquer outra
parte” (1933, 144). Essa situação vai agravar a vida das colônias britânicas, aqueles que não
partiram encontram-se empobrecidos.
Ainda precisamos lembrar a Revolução de 1930, o movimento armado que pôs fim a República
Velha. Arthur Moss, nas suas palavras sempre concisas faz uma breve referência, de forma
negativa, ao movimento no Pará: “Revolução, como uma desordem contagiosa, se espalha da
16

capital” (MOSS, 1930) 21. É importante ressaltar esse acontecimento porque “após a Revolução de
1930, diante de novas articulações políticas e eclesiásticas com o catolicismo, os protestantes se
apressaram em contatar com o novo governo, liderado por Getúlio Vargas, reafirmando o
princípio da liberdade religiosa e a separação do Estado e instituições religiosas” (SILVA: 01).
Nesse período os protestantes conseguiram se articular e fundar a Federação de Igrejas Evangélicas
do Brasil, e logo depois a Confederação Evangélica do Brasil, com o claro objetivo de preservar a
liberdade religiosa frente ao catolicismo e de se fortalecerem no cenário religioso nacional.

3.2. A herança religiosa de Arthur Moss.


Não temos dúvida que um evento que caracteriza bem a mentalidade do trabalho desenvolvido por
Arthur Miles Moss no Brasil é a famosa Conferência Mundial Missionária, realizada em
Edimburgo, em 1910. A Conferência de Edimburgo é um marco decisivo no movimento
ecumênico, representando um clímax de uma série de encontros que vinham acontecendo entre
organizações protestantes. Apesar de sua importância, a Conferência teve um efeito bastante
negativo na evangelização protestante na América Latina. O continente foi excluído da agenda sob
a alegação de que não deveria ocorrer um trabalho protestante em regiões que já estivessem
evangelizadas por outras denominações.
Essa perspectiva foi defendida principalmente pelos britânicos, em oposição às intenções norte-
americanas. Seria importante salientar que essa influência e polarização anglo-americana foram
consideradas um aspecto negativo do evento (BENT, WERNER, 2005: 232). Arturo Piedra diz que
esse posicionamento já vinha sendo definido antes da realização da Conferência:

“Os britânicos, particularmente os anglicanos da ‘Alta Igreja’ (High


Church), tendiam a considerar de mau gosto qualquer nova presença do
cristianismo protestante onde já havia influência de outra igreja cristã. É
notável como esses anglicanos, já um ano antes da Conferência,
condicionavam sua participação enquanto a América Latina não fizesse
parte da agenda do evento” (2006: 115-116).

Persistia na Grã-Bretanha onde Moss fez sua formação teológica uma mentalidade profundamente
imperialista, como mencionamos anteriormente. Talvez a figura que melhor represente esse
sentimento seja o Bispo Henry Hutchinson Montgomery (1897-1915). Ele defendia a construção de
um império cristão vinculado ao império britânico: “Estes são tempos muito bons e a gente sente

21
“Revolution, as a contagious disorder spreads from the capital...”
17
22
no ar o começo de um Cristianismo Imperial” (O’CONNOR, 2000: 358). Na sua concepção a
Igreja Anglicana, mais precisamente a Igreja da Inglaterra, deveria está voltada para os súditos
britânicos e os missionários deveriam se sentir como funcionários do império. Para percebermos a
influência desse pensamento devemos recordar que Montgomery tornou-se Secretário Geral da
segunda maior organização missionária inglesa, na época chamada de SPG (Society for the
Propagation of the Gospel in Foreign Parts). Todavia, ele não conseguiu concretizar seu ideal, “o
sonho de construir uma ‘Grã-Bretanha’ Anglicana unificada que estava no coração das ambições
de Montgomery dissipou-se em face dos conflitos sobre teologia, autoridade da igreja e identidade
religiosa” 23 (O’CONNOR, 2000: 359).
Na verdade, como temos tratado desde o início dessa monografia, a Comunhão Anglicana existe
basicamente como resultado da expansão colonial inglesa. Segundo afirma Glauco Soares de Lima:

“A Comunhão Anglicana se formou segundo o antigo princípio da ‘coroa


ao lado da cruz’, significando que o poder imperial e o Estado deviam estar
ao lado do poder espiritual, devendo este último, promover a aprovação e
justificação da igreja para expansão econômica da mãe pátria” (2004: 17).

E ainda hoje o anglicanismo luta com dificuldade para se livrar dessa concepção colonialista,
testemunham isso as muitas conferências e textos escritos a esse respeito recentemente24.
Outro elemento necessário para entendimento do universo religioso do Revdo. Moss reside na
compreensão daquilo que chamamos de “Comunhão Anglicana”. Essa comunhão de igrejas que
partilham de um passado comum e uma mesma tradição é um acontecimento relativamente recente.
Não faz muito tempo o relacionamento entre as Igrejas de tradição anglicana era muito reduzido e a
cooperação missionária quase inexistente. Se tomarmos com marco do estabelecimento da
Comunhão Anglicana a realização da primeira Conferência de Lambeth, instância considerada
fundamental para sua existência, a primeira só foi convocada pelo Arcebispo de Cantuária Charles
Longley, em 1867. Então, para Moss não estava muito definida ainda essa relação entre as igrejas
da Comunhão, na verdade até hoje algumas questões de jurisdição assombram a Comunhão, o que
explicaria porque não encontramos nenhuma referência que ele tenha mantido alguma espécie de
contato, ou demonstrado algum interesse em se relacionar, com os missionários norte-americanos

22
“These are great times and one feels the stir of an Imperial Christianity”.
23
“... the dream of constructing a unified Anglican ‘Greater Britain” that was at the heart of
Montgomery’s ambitions dissipated in the face of conflicts over theology, church authority and
religious identity”.
24
O próprio Glauco de Lima escreve seu texto citado nesta monografia como prefácio para um
livro sobre o tema: Beyond Colonial Anglicanism – The Anglican Communion in the Twenty First
Century, editado por T. Douglas e Kowk Pui-Lan, Church Publishing Incorporated, New York,
2001.
18

que desenvolviam suas atividades no sul do país – considerado, desde 1907, um Distrito
Missionário da Igreja Episcopal dos Estados Unidos. As atividades de Moss e sua comunidade
estavam vinculadas diretamente a Igreja da Inglaterra.
Poderíamos falar também sobre o ambiente religioso brasileiro na época, reforçar a importância da
Proclamação da República, o desligamento constitucional da Igreja Católica Romana com o Estado
brasileiro, talvez até falarmos um pouco sobre a espiritualidade que estava sendo gestada na
Amazônia, destacando a importância dos santos e santas na religiosidade popular, principalmente de
Nossa Senhora de Nazaré 25. Mas, na verdade não creio que isso tenha relevância no paradigma
missionário de Arthur Moss, seu trabalho era direcionado para um público específico, que possuía
uma cultura determinada, muitas vezes em oposição a cultura local, os imigrantes de língua inglesa.

3.3. Paradigmas missionários de Arthur Moss.


O trabalho de Moss foi intenso, construiu o templo da atual Catedral de Santa Maria, em Belém,
organizou a Junta Paroquial26, levantou fundos para o sustento do seu trabalho, teve grande
preocupação com a música, adquiriu um órgão de tubos para a comunidade, promoveu visitas
episcopais27, atendeu os anglicanos dos estados do Amazonas, Pernambuco e Bahia, prestou seus
serviços pastorais também na Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, valorizou as celebrações, que
chegavam a contar na época com a presença de 80 pessoas nos ofícios noturnos, retornou para dar
continuidade as suas atividades após sua aposentadoria. Tudo isso é muita coisa se levarmos em
consideração as dificuldades próprias da época.
Todavia, descobrir o pensamento de Moss através dos seus relatórios é uma tarefa complicada,
temos que procurar entendê-lo mais por aquilo que não é dito, pois eles são bastante formais e
descritivos, se prendem ao relato de viagens, reuniões, número de ofícios religiosos, quantidade de
pessoas presentes as celebrações e a arrecadação da Paróquia. Em nenhum momento ele externa
suas convicções religiosas ou seus sentimentos, talvez tenha falado mais alto o cientista de
descrições precisas, inclusive nos traços do pincel, do que o homem religioso.
Entretanto podemos apontar algumas coisas, a primeira delas é óbvia a partir das considerações
feitas anteriormente sobre o contexto religioso de Moss, suas atividades não eram dirigidas para os
brasileiros, mas sim especificamente para os imigrantes de língua inglesa já pertencentes ao
anglicanismo, diferentemente de Richard Holden. Um trabalho que identificamos como capelania,
uma prestação de atendimento religioso. Para sentirmos mais de perto essa perspectiva fazemos
referência à preocupação de Moss apontada no seu relatório de 1915, onde registra a necessidade de
25
Citada por Moss, no relatório de 1914, apenas para registrar que não houve celebração num
determinado domingo devido a “procissão da festa de Nazaré”.
26
Nome utilizado pelos anglicanos para os seus Conselhos Paroquiais.
27
As visitas foram feitas pelo Edward Francis Every, bispo da Igreja da Inglaterra para as
capelanias inglesas na América do Sul.
19

criar uma escola de inglês elementar para as crianças mais humildes da comunidade caribenha, pois
muitas delas não conseguiam mais ler ou escrever em inglês.

“Outra questão que eu gostaria de registrar é a evidente necessidade que


existe aqui de aulas de inglês elementar para algumas das crianças mais
humildes da nossa comunidade caribenha. [...] Mas, eu recentemente
comecei uma pequena escola dominical na igreja com oito ou nove
crianças participando e descobri que várias delas não podem nem ler nem
escrever” (MOSS, 1930) 28.

Na continuidade da história da comunidade anglicana em Belém, vamos descobrir que só em 1957,


após a chegada dos missionários norte-americanos enviados pela Diocese do Brasil Central, com
sede no Rio de Janeiro, é que vai se estabelecer uma comunidade de brasileiros.
Também observamos que Moss agia como mediador entre a comunidade e as autoridades
britânicas, com as quais sempre manteve excelentes relações. Fazia reivindicações, levantava
recursos, e, algumas vezes, ajudava as pessoas com a difícil burocracia das instâncias inglesas, até
mesmo assinando formulários para passaporte (MOSS, 1930) 29. Um dos principais instrumentos
utilizado por Moss era a visita feita a britânicos e americanos, dentro do contexto da época a
maioria das pessoas visitadas ocupava cargos importantes nas companhias estrangeiras ou nos
serviços consulares. Em visita a Manaus com o Bispo Every , em 1913, relatou: “Como no Pará, a
maior parte do nosso tempo era dedicado a visitas a britânicos e americanos em suas várias casas
e escritórios” (MOSS, 1930) 30. Talvez estivesse presente aqui a ideia de Montgomery que o clérigo
anglicano deveria ser um funcionário do governo britânico.
Outra coisa que podemos observar no trabalho de Moss é o seu cuidado com os elementos formais
da religião. Característica que poderíamos apontar como distintiva dos clérigos da Igreja Alta da
Inglaterra. Então, ele menciona em diversos relatórios os paramentos para o Altar que recebeu como
doação, os novos Livros de Oração Comum e os novos hinários adquiridos na SPCK (Society for
Promoting Christian Knowledge), o livro de Atas da Junta Paroquial guardado com todos os dados
estatísticos, a decoração adequada da igreja para a celebração de Natal, a doação que recebeu para
comprar novas vestes litúrgicas, a nova estante de leitura doada para o púlpito. Até hoje isso se
tornou um estilo particular da comunidade cristã que se reúne na Catedral de Santa Maria em
28
“One other matter I which to put on Record is the apparent need which exists here of
elementary English schooling for the humble children of some our West Indian community. (…)
But I have recently started a small Sunday school in church with some 8 or 9 children in
attendance and find that several of them can read nor write”.
29
“I have been busy signing applications for passports”.
30
“As in Pará, most of our time was spent in Visiting Britishers & Americans in their houses and
offices”.
20

Belém.
Valeria a pena, mais uma vez destacar a dedicação e a aplicação de Arthur Moss ao seu trabalho,
Every o chama de “devotado” (EVERY, 1933, 144). Sem dúvida nenhuma, o fato de ter retornado
ao Brasil após sua aposentadoria e continuado a trabalhar como “capelão honorário” da comunidade
é uma demonstração clara disso. Vemos nele um genuíno amor pastoral pelas pessoas que atendia
com sua ação como capelão.
21

4. Conclusão
Quando pensamos naquilo que permaneceu dos paradigmas missiológicos que nortearam a atuação
dos primeiros missionários anglicanos na Amazônia, temos que obrigatoriamente fazer referência
ao trabalho de Arthur Miles Moss, pois foi ele que estabeleceu a primeira comunidade anglicana da
região, depositaria de sua herança. Richard Holden deixou apenas uma história para ser contada que
pode nos trazer inspiração quando nos debruçamos sobre ela, mas que na verdade ficou apenas
como um registro do passado. Como uma civilização extinta, dela ficou apenas as peças
arqueológicas para serem analisadas e admiradas pelos especialistas.
Sendo a cultura, especificamente dentro dela a religião, um produto humano que extrapola o
controle do seu produtor, a influência de Moss permanece na Catedral de Santa Maria, após 97
anos, e nas outras comunidades que surgiram a partir dela. Quando concluiu seu livro de relatórios
como capelão no ano de 1930, Moss deixou registrado: “Eu posso somente expressar minha
esperança que ele [o livro de relatórios] será mantido seguro na igreja para referências futuras”
(MOSS, 1930) 31. Com certeza deixou muito mais do que pretendia.
É bom ressaltarmos que os paradigmas de Moss estavam em consonância com preservação da
identidade cultural britânica. Embora, obviamente, os paradigmas não permaneceram estáticos, no
contexto em transformação eles sofreram redefinições.
A língua usada durante os trinta e três anos que Moss esteve à frente da comunidade foi o inglês.
Não existe nenhum indício que em algum momento se tenha usado o português para qualquer
atividade religiosa ou social. Pelo contrário, vemos a preocupação de Moss com as crianças
descendentes dos caribenhos que já não liam e nem escreviam na língua de Shakespeare, a literatura
que ele distribuía vinha da SPCK, em Londres, e os Livros de Oração eram os mesmos da Church
of England. Mas, atualmente, poucas pessoas ainda falam inglês na comunidade, e ninguém cogita
em fazer qualquer atividade usando outro idioma que não seja o português. Mas, a mentalidade
ainda está lá. Certa feita alguém sugeriu que a palavra “catedral” fosse escrita na placa da igreja
com “th”. Ou, ainda, uma senhora reclamava que os novos reverendos não sabem falar inglês.
O órgão de tubos, o qual Moss acompanhou várias das etapas de construção (MOSS, 1930) 32, foi
destruído pelos cupins e substituído por violões, guitarras elétricas, baixos e bateria, mas permanece
a noção de que as músicas devem estar de acordo com a liturgia e que o rito da Comunhão é um
momento de reverência e introspecção.
A Igreja Anglicana no Pará atualmente possui nove comunidades, sete na região metropolitana de
Belém, mas muita gente na Catedral ainda tem dificuldade para aceitá-las como verdadeiramente

31
“I can only express the hope that it Will be kept in the church safe for future reference”.
32
“Having seen the organ at different periods of it construction in Messrs Rushworth &
Dreaper’s factory & having assisted in taking it to piece on September 21 & made all
arrangements for its shipment to Pará”.
22

anglicanas por não estarem dentro dos moldes exigidos pela identidade religiosa britânica do
passado. Caso complicado aconteceu com a chegada dos missionários norte-americanos, em 1955.
Eles foram rejeitados por parte da comunidade “britânica”, ficaram sem acesso ao templo e tiveram
que fazer celebrações nas suas próprias casas. Somente cinco anos depois a situação foi solucionada
através de um entendimento entre o bispo brasileiro, então o Bispo Edmund Knox Sherril, e o bispo
para as Capelanias Inglesas na América do Sul, Ciryl Tucker. Mas, diga-se de passagem, sem a
concordância da comunidade britânica local.
A Catedral oferece atividades diversas durante os dias úteis da semana, mas muitos não participam
“porque estão acostumados a ir à igreja apenas no domingo para receber comunhão” (informação
verbal) 33. Apesar dos eventos não serem exatamente uma novidade, já vêm ocorrendo em vários
pastorados, o senso de capelania, apenas a prestação do serviço religioso, permanece muito forte,
principalmente entre alguns descendentes de barbadianos.
A tendência normal é que as redefinições de significado continuem a ocorrer, até mesmo por
pressão da nova condição da região como diocese. Também porque as gerações estão passando, no
dia 25 de agosto faleceu o último representante da primeira geração de caribenhos, Robert Skeete,
originário da ilha de Santa Lúcia, com cem anos de idade. Mas, de qualquer forma, temos já
observado que as redefinições se processam de forma lenta na Igreja Mãe e de maneira muito mais
rápida nas novas congregações. Isso tem criado e continuará a criar uma tensão que deverá ser
administrada de forma criativa pelas atuais lideranças.
Cada vez mais vai se instaurando a compreensão do Conselho Consultivo Anglicano de 1990, que
define a missão da Igreja como a missão do próprio Cristo, dentro de um contexto específico. Essa
missão que é para todas as pessoas, está balizada por cinco marcas que são itens práticos da ação
missionária: proclamar as boas novas do Reino de Deus; ensinar, batizar e nutrir os novos crentes;
responder às necessidades humanas por meio do serviço; transformar as estruturas injustas da
sociedade; defender a integridade da criação e manter e renovar a vida na terra. Mas, isso também
sofrerá inevitavelmente suas próprias redefinições dentro da realidade Amazônica.

33
Afirmação feita por Gregory Sanches membro da Catedral de Santa Maria.
23

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