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AULA 4
APLICAÇÃO DE LEI PENAL NO ESPAÇO

Assim como é importante estudar o tempo do crime para compreender a aplicação da lei penal no tempo, é muito
importante estudar o lugar do crime para compreender a aplicação da lei penal no espaço.
O lugar do crime está previsto no art. 6º do CP, o qual adota a teoria mista ou teoria da ubiquidade:

Lugar do crime

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a


ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu
ou deveria produzir-se o resultado.

Diferentemente da teoria da atividade (prevista no art. 4º do CP), que estabelece que o tempo do crime deve ser
considerado no momento da conduta do agente, a teoria mista (ou da ubiquidade) estabelece como lugar do crime
tanto o lugar em que ocorreu a ação ou omissão da conduta, seja no todo ou em parte, quanto o lugar onde se
produziu ou deveria se produzir o resultado.

Exemplo:
Sandro atirou em Juan em território brasileiro. Juan, cambaleando, atravessa a fronteira e vem a óbito no Paraguai.
Pergunta-se: Qual é o lugar do crime? Brasil e Paraguai, pois, em relação ao lugar do crime, a teoria é mista.
Se o crime for praticado no Brasil, ainda que também tenha lugar em território estrangeiro, como no exemplo acima,
será aplicado o princípio da territorialidade, ou seja, será aplicada a lei brasileira ao crime que foi cometido em
território nacional, seja pela ação ou pelo resultado ter ocorrido no Brasil. Este princípio está disposto no art. 5º do
CP. Veja:

Territorialidade

Art. 5º, CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,


tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no territó-
rio nacional.

O artigo 5o adota o princípio da territorialidade de forma mitigada, temperada, pois menciona convenções, Tratados
e regras de direito internacional. Para uma melhor compreensão acerca da lei penal no espaço e os princípios da
territorialidade e da extraterritorialidade, observe o esquema a seguir:

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Território nacional em sentido estrito
(solo, subsolo, rios, lagos, lagoas, mar
territorial e espaço aéreo
correspondente.
PRINCÍPIO DA
TERRITORIALIDADE
Aplicação da lei brasileira ao
crime cometido no território
nacional. Território nacional por extensão -
embarcações e aeronaves brasileiras
públicas ou a serviço do governo onde
quer que se encontrem e as privadas e
mercantes que se encontrem em alto
mar ou no espaço aéreo
correspondente.

LEI PENAL NO ESPAÇO

EXTRATERRITORIALIDADE
INCONDICIONADA (inciso I)
- Princípio real da defesa ou da
proteção (alíneas "a", "b"e "c");
- Princípio da Universalidade (alínea
"d") .
PRINCÍPIO DA
EXTRATERRITORIALIDADE
Aplicação ao crime cometido em
território estrangeiro
EXTRATERRITORIALIDADE
CONDICIONADA (inciso II)
- Princípio da Universalidade
(alínea "a");
- Princípio da personalidade ativa
(alínea "b");
- Princípio da bandeira (alínea "c")

Observa-se, portanto, que estes dois princípios, o da territorialidade e o da extraterritorialidade, regem a aplicação
da lei penal no espaço.
Pelo princípio da territorialidade, há aplicação da lei brasileira a um crime que tenha ocorrido no Brasil. Trata-se
de uma questão de soberania nacional. Já pelo princípio da extraterritorialidade, há aplicação da lei brasileira a
crime cometido em território estrangeiro. Desta maneira, no caso da pessoa que viaja para os Estados Unidos e que
comente um crime em território estadunidense, deve ser analisado se esta hipótese se encaixa no art. 7º do CP, o
qual dispõe sobre a extraterritorialidade.
Considera-se, inclusive, que, por uma questão de soberania, a aplicação do princípio da territorialidade é a regra.
Enquanto, a aplicação da lei brasileira em território estrangeiro é excepcional, por isso devem ser observados os
incisos I e II do art. 7º do CP.
O inciso I do art. 7º do CP estabelece a extraterritorialidade incondicionada, o que significa dizer que a lei
brasileira será aplicada independentemente de o agente ter sido condenado ou absolvido em território estrangeiro,
consoante disposto no parágrafo primeiro. Um exemplo disso é o caso de crime praticado contra Presidente da

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República do território estrangeiro, cuja previsão encontra-se não artigo 7o, I, a do CP. O que não poderá ocorrer é
a dupla punição pelo mesmo crime, ou seja, o agente não poderá cumprir mais de uma vez a pena, em decorrência
do mesmo crime praticado, conforme prevê o art. 8º do CP. Desta forma, a pena cumprida em território estrangeiro,
será abatida da pena a ser cumprida em território brasileiro.

Pena cumprida no estrangeiro

Art. 8º, CP - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta


no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada,
quando idênticas.

Assim, se a pessoa foi condenada e cumpriu sua pena de 10 anos em território estrangeiro e se, no Brasil, foi
condenada a uma pena de 15 anos, ela não poderá cumprir 15 anos, mas sim, tão somente a pena de 5 anos em
território nacional. Cabe destacar que essa hipótese apenas ocorrerá em caso de extraterritorialidade incondicio-
nada, tendo em vista que na condicionada, o agente que é condenado em território estrangeiro e lá cumpre sua
pena, não estará sujeito à aplicação da lei brasileira, por ausência de uma das condições previstas no parágrafo 2 o
do artigo 7o do CP.

Desta forma, a extraterritorialidade, prevista no inciso II do art. 7º do CP, é condicionada, o que significa dizer
que, para que seja aplicada a lei brasileira em território estrangeiro, todas as condições previstas no §2º do art. 7º
do CP devem estar presentes cumulativamente.

Extraterritorialidade

Art. 7º do CP:

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do


concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cum-
prido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro mo-
tivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

Exemplo:
Imagine a hipótese de uma gestante que viajou para estrangeiro e lá descobriu que o aborto era permitido. Posteri-
ormente, se internou em uma clínica e realizou o aborto. Embora a hipótese esteja prevista no artigo 7, II (crime
praticado por brasileiro), a hipótese é de extraterritorialidade condicionada. Neste caso, não poderá ser aplicada a
lei penal brasileira, pois, conforme prevê a alínea “b” do §2º do art. 7º do CP, o fato deve ser punível também no
país em que foi praticado. Como o aborto era permitido nesse país estrangeiro, a mulher não poderá responder por

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lei penal brasileira. Estando ausente, portanto, uma das condições previstas no §2º do art. 7º do CP, não poderá
ser aplicada a lei penal brasileira, mediante o princípio da extraterritorialidade condicionada.

Para que seja aplicado no caso concreto os princípios da territorialidade e da extraterritorialidade, é fundamental
entender o conceito de território nacional.

Conceito de território nacional


Território, em sentido jurídico, é o âmbito espacial sujeito à soberania do Estado.
Já o território em sentido estrito corresponde a solo, subsolo e águas fluviais e lacustres (rios e lagos), todos limita-
dos pelas fronteiras políticas e o mar territorial, além do espaço aéreo correspondente.
Quanto ao conceito de mar territorial, este já causou muita discussão, pois no âmbito interno, fixaram-se 200 milhas
a partir da baixa-mar saindo para o mar aberto. Este conceito é dado pelo Decreto-lei 1.098/70 (mar territorial é a
área chamada de baixa-mar do litoral continental). Contudo, tal limite foi amplo demais, acabando por não ser aceito
internacionalmente, o que trouxe a necessidade de fixar um novo conceito de mar territorial, desta vez, um conceito
internacional. Em âmbito internacional, o mar territorial é a faixa ao longo da costa que compreende 12 mi-
lhas. Conceito este dado pela Lei 8.617/93, que revogou o DL. 1.098/70.
A disciplina do território nacional por extensão encontra-se no art. 5º, §1º, do CP. Aqui já se tem a aplicação da Lei
brasileira fora do conceito lato de território nacional. Trata-se de uma ficção do que seria também território brasileiro,
ou seja, uma extensão, uma equiparação do território nacional em sentido lato. Seriam os navios e aeronaves pú-
blicos brasileiros que se encontrem e os navios e aeronaves privados brasileiros em alto-mar (mar de ninguém) ou
espaço aéreo correspondente.

ATENÇÃO: Serão considerados como crimes ocorridos em território brasileiro aqueles praticados em aeronaves ou
embarcações públicas brasileiras, onde quer que elas se encontrem, ou se estiverem a serviço do governo brasileiro.
Exemplo: Avião da Presidência da República sobrevoando território europeu. Se dentro deste avião houver crime,
entende-se que este ocorreu em território brasileiro, pois se trata de território por extensão.
Outro exemplo é o caso de embarcação privada ou mercante brasileira que esteja em alto-mar. Por se entender que
alto-mar não é território demarcado por outros países, havendo crime nesta região dentro de uma embarcação
brasileira, será o crime considerado como ocorrido em território brasileiro.
Salienta-se que há o §1º do art. 5º do CP dispõe sobre duas hipóteses de embarcação e aeronave:
a) embarcação ou aeronave pública, ou a serviço do governo, as quais serão consideradas como território brasileiro
onde quer que elas estejam.
b) embarcação privada ou mercante brasileira ou aeronave privada brasileira, as quais só serão consideradas como
território brasileiro se estiverem em alto-mar ou em espaço aéreo correspondente a alto mar.

Ainda sobre Aplicação da Lei Penal, é importante analisarmos as disposições contidas nos artigos 10 a 12 do Código
Penal. Vejamos o esquema abaixo:

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FRAÇÕES NÃO
CONTAGEM DO LEGISLAÇÃO
COMPUTÁVEIS DA
PRAZO ESPECIAL
PENA

O dia do começo inclui-se


no cômputo do prazo. Nas penas privativas de
A princípio, são aplicadas
Contam-se os dias, os liberdade e restritiva de
as regras da legislação
meses e os anos pelo direito - frações de dia (ou
especial
calendário comum (art.10 seja, horas)
do CP)

Nas penas de multa, No que a legislação


Podem incidir em feriados frações de cruzeiros especial for omissa,
e fins de semana aplicam-se as regras
(centavos) gerais do Código Penal

Contagem de prazo
A contagem do prazo feita no estudo do Direito Penal é diferente do prazo estudado em Processo Penal. Pois, para
efeito de contagem de prazo processual, o primeiro dia é excluído. Já para efeito de contagem de prazo material,
ou seja, para o Direito Penal, deve ser incluído o primeiro dia, conforme o art. 10 do CP. Assim, são contados
desta maneira o prazo Prescricional, o prazo de Pena e seus benefícios da execução penal (livramento condi-
cional, progressão de regime), prazo de Prisão e o prazo Decadencial.
Veja um exemplo de contagem de prazo prescricional, o qual já foi estudado anteriormente:
Imagine que um homem tenha cometido um crime no dia 10/01/2014, ou seja, esta é a data da consumação do fato,
e que o recebimento da denúncia tenha ocorrido em 10/01/2018. Suponha que o caso concreto exija que deva ser
contado o prazo de 4 anos para verificar se houve a prescrição do recebimento da denúncia. Feita a contagem a
partir da data da consumação do fato, observa-se que em 10/01/2018 operou-se a prescrição, ou seja, o recebi-
mento da denúncia deveria ter ocorrido até 09/01/2018.
Veja agora um exemplo de prazo decadencial:
Sabendo que o prazo para oferecimento de queixa, em regra, é de 6 meses, imagine a hipótese de crime contra a
honra, o qual é de ação penal privada. Assim, no dia 10/01/2018, a vítima teve conhecimento de quem é o autor do
fato. O dia 10/01/2018, portanto, será o termo inicial para se verificar até quando a queixa pelo crime de calúnia
poderá ser feita. Logo, ao contar os 6 meses, verifica-se que a vítima tem até o dia 09/07/2018 para oferecer a
queixa, pois no dia seguinte a esta data, ou seja, no dia 10/07/2018, já terá se operado o prazo decadencial.

ATENÇÃO: Em se tratando de prazo decadencial, o oferecimento de queixa é uma hipótese que prejudica o réu,
pois, uma vez realizado o oferecimento, o réu poderá responder pelo crime cometido. Assim, se o prazo decadencial
terminar no sábado, por exemplo, não poderá haver a sua prorrogação para segunda-feira, pois tal circunstância
será maléfica ao réu. Assim sendo, por se tratar de situação maléfica ao réu, não se pode oferecer a queixa num
feriado ou final de semana, devendo, portanto, antecipar um dia antes até encontrar, imediatamente, o dia
útil anterior no caso concreto. Isso apenas ocorre no caso de decadência e não nos demais prazos de direito
material.

Frações não computáveis da pena


A pena pode ser contabilizada em dias, o que não são computáveis são as frações de dia, ou seja, as horas. Por
exemplo, uma pessoa pode ser condenada a uma pena de 15 anos, 6 meses e 15 dias, mas ela não pode ser
condenada a uma pena de 8 anos, 6 meses, 15 dias e 10 horas, pois as frações de dias (horas) não podem ser
computadas.

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Da mesma forma, ao contarmos o tempo de prisão, o dia em que a pessoa foi presa será contado por inteiro, mesmo
que ela tenha sido presa, por exemplo, às 23:55 daquele dia.
Já no caso de pena de pena de multa, não são computáveis os centavos. Ou seja, não poderá ser imputado uma
pena de 250 reais e 50 centavos ao agente.

Legislação especial
Existem várias leis penais especiais, como por exemplo o Estatuto do desarmamento (Lei 10.826/03) e o Código de
Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97). Muitas vezes a lei penal especial dispõe sobre normas gerais, estabelecendo de
maneira diferenciada os institutos, como por exemplo, o instituto da tentativa. A Lei das Contravenções Penais (Lei
3.688/41) prevê no art. 4º do CP, por exemplo, que não se pune a tentativa de contravenção. Desta maneira, não é
cabível a punição, por exemplo, da tentativa do jogo do bicho ou vias de fato, pois estas são contravenções penais.
Em contrapartida, a Lei das Contravenções Penais não prevê todas as modalidades de erro nos moldes do Código
Penal, mas sim somente sobre erros diferenciados. Nesta hipótese, em nada implica ser aplicada esta parte do
Código Penal, que dispõe sobre as modalidades de erros presentes na parte geral, nas contravenções penais.
Assim sendo, naquilo que a lei especial dispõe de maneira diferenciada, não são aplicadas as normas gerais pre-
sentes na parte geral do Código Penal. As normas gerais do Código Penal só são aplicadas nos casos de omissão
das leis penais especiais, por exemplo, concurso de crimes, concurso de pessoas, modalidades de erro, a figura da
tentativa, dentre outros.

CONCURSO DE PESSOAS

Inicialmente, foi abordado que a infração penal é um gênero composto pelas espécies crime e contravenção penal.
Assim, cabe salientar que existem inúmeras infrações penais as quais podem ser cometidas por uma única pessoa,
como no caso do crime de furto (art. 155 do CP). Em contrapartida, há hipóteses em que, para a configuração do
crime, é necessário que haja a reunião de, no mínimo, três pessoas, como é o caso da associação criminosa (art.
288 do CP).
Nos casos de crimes configurados a partir da prática por uma única pessoa, tem-se os chamados crimes unissub-
jetivos; enquanto aqueles configurados a partir da prática de mais de uma pessoa, tem-se os crimes plurissubjetivos.
Os crimes unissubjetivos também são conhecidos como delitos de concurso eventual; enquanto os crimes pluris-
subjetivos, delitos de concurso necessário, haja vista que exigem a presença de, no mínimo, duas ou mais pes-
soas, a depender do tipo penal.
Desta maneira, entende-se por concurso de pessoas quando duas ou mais pessoas concorrem para a prática de
uma infração penal. Tal colaboração pode ocorrer de maneira recíproca tanto nos casos em que existam vários
autores, quanto nos casos em que existam autores e partícipes.

COAUTORIA
CONCURSO DE
PESSOAS
PARTICIPAÇÃO

Conforme visto no esquema acima, o concurso de pessoas pode ocorrer nas modalidades de coautoria e de par-
ticipação.
Antigamente, o Código Penal adotava a teoria restritiva, a qual estabelece a restrição do concurso de pessoas.
Ou seja, por esta teoria, entende-se que o coautor é quem pratica o verbo núcleo do tipo. Por exemplo, no caso de
crime de homicídio (art. 121 do CP), o verbo núcleo do tipo é matar. Enquanto partícipe, aquele que não pratica o
verbo núcleo do tipo penal.
Em contrapartida, os tribunais têm adotado, atualmente, outra teoria, a chamada teoria do domínio final do fato.
Por esta teoria, entende-se como autor do fato aquele que tem o poder de consumação e de desistência da pratica
delituosa.
Veja um exemplo para consolidar o aprendizado sobre este tema:

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Imagine uma hipótese de roubo a banco combinado por 4 pessoas. Dentre elas, uma arquitetou todo plano, verifi-
cando o sistema de vigia e o movimento do local; duas ficaram responsáveis por realizar o roubo e uma ficou à
espreita num carro todo preparado para a fuga na frente do banco. Feito o roubo, empreenderam fuga.
Neste exemplo, pela teoria restritiva, somente duas pessoas seriam consideradas autores do crime, as quais
adentraram no banco e realizaram o roubo, ou seja, praticaram o verbo núcleo do tipo. Enquanto os demais inte-
grantes, somente partícipes. Já pela teoria do domínio final do fato, todos poderiam ser considerados coautores,
pois cada integrante foi fundamental para a consumação do crime. Todos tinham o poder de consumação e desis-
tência do crime de roubo

1. REQUISITOS PARA O CONCURSO DE PESSOAS


Para que haja o concurso de pessoas, é necessário que sejam preenchidos, cumulativamente, os seguintes requi-
sitos:
a) Pluralidade de agentes e de condutas;
b) Relevância causal de cada conduta;
c) Liame subjetivo/vínculo psicológico;
d) unidade de infração penal.
Dentre esses requisitos, considera-se como sendo indispensável à caracterização do concurso de pessoas a plu-
ralidade de agentes e de condutas. Pois é necessária a reunião, de no mínimo, duas pessoas para que, mediante
a conduta praticada, o crime esteja configurado.
Em relação ao segundo requisito, este diz respeito ao fato de que a conduta seja relevante para o cometimento da
infração penal, casocontrário não deverá ser considerado que o agente concorreu para a sua prática. Exemplo:
Mário, no intuito de roubar um banco, pergunta a Sandro qual é o horário em que o banco costuma abrir. Sandro
responde à pergunta de Mário, e este realiza o roubo. Veja que, independentemente da resposta de Sandro, Mário
poderia ter consumado o roubo, haja vista que o horário de funcionamento do banco pode ser obtido de várias
maneiras, seja pela internet, ou através de folhetos pregados na porta. Ou seja, a conduta de Sandro não foi rele-
vante para a prática do crime. Outros exemplos: pessoa deixa a porta aberta, mas o furtador não entra por ela;
empresta a chave, mas o furtador não a utiliza. Em todas essas situações, a conduta não foi relevante e não haverá
concurso.
Outro requisito indispensável é o liame subjetivo (vínculo psicológico), aquilo que une os agentes para a prática da
mesma infração penal. Atente-se que liame subjetivo não significa necessidade de acordo prévio de vontades.
Veja: Marília deseja subtrair joias de uma determinada joalheria e o vendedor, sabendo de sua intenção, facilita sua
entrada, sem que Marília saiba, deixando a porta da joalheria aberta. Assim, se o vendedor intenciona que Marília
consiga efetivar essa subtração, pode-se dizer que há liame subjetivo entre eles, ainda que ambos não tenham
combinado nada anteriormente. Trata-se, portanto, de liame subjetivo unilateral.
ATENÇÃO A UM OUTRO EXEMPLO: Antônio e João desejam matar Carlos, porém Antônio e João não se conhe-
cem. O desejo de matar Carlos é uma mera coincidência, o que ocorreu no mesmo dia e horário. Antônio se esconde
atrás de um muro e João se esconde atrás de um poste. Os dois atiram em Carlos, e este vem a óbito. Nesta
hipótese, não há o que se falar em concurso de pessoas, pois não há liame subjetivo, sequer o unilateral, pois um
não sabia do outro. Esta hipótese é chamada pela doutrina de autoria colateral. Assim, cada um responderá pelo
próprio crime. Não haverá concurso de pessoas.
Ocorrerá a autoria colateral, portanto, quando duas pessoas, ainda que tenham convergido suas condutas para
prática de um determinado crime, não atuam unidos pelo liame subjetivo. Ou seja, quando há uma coincidência.
Nesses casos, a perícia deverá comprovar quem de fato provocou o resultado do crime. No exemplo acima, imagine
que a perícia comprove que a morte de Carlos tenha se dado em decorrência do disparo feito pela arma de Antônio.
Antônio responderá, portanto, por homicídio consumado. Se ficar comprovado, também pela perícia, que quando
João, atirou em Carlos, este já tinha morrido em virtude do disparo da arma de Antônio, João não responderá por
tentativa de homicídio, haja vista que se trata de hipótese crime impossível.
Entretanto, a perícia pode comprovar que a morte de Carlos se deu pelo disparo da arma de Antônio, mas que, no
momento em João atirou Carlos, este ainda estava vivo. Nesta hipótese, João responderá por tentativa de homi-
cídio e Antônio, por crime de homicídio.
ATENÇÃO: Quando uma autoria colateral se caracterizar como incerta, ou seja, não havendo como se comprovar
quem deu causa ao resultado, ambos agentes responderão por tentativa do crime praticado.

Por fim, o último requisito: ocorre a unidade de infração penal quando os agentes, unidos pelo liame subjetivo, têm
a intenção de praticar a mesma infração penal. Salienta-se que a unidade de infração penal é caracterizada pela
teoria monista.

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Teoria monista
De acordo com a teoria monista, a qual é adotada pelo Código Penal Brasileiro, todos os agentes que concorrem
na prática do crime incidem nas mesmas penas a este cominadas na medida de sua culpabilidade. Veja o art. 29
do CP:

Concurso de Pessoas

Art. 29, CP - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide


nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser


diminuída de um sexto a um terço.

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave,


ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até me-
tade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.

Quando o art. 29 do CP dispõe em seu caput que cada agente responderá pelo crime praticado na medida de sua
culpabilidade, significa dizer que a dosimetria da pena será diferenciada para cada agente. Isto ocorre, por exemplo,
porque um dos agentes pode ser reincidente no crime praticado, devendo ser levadas em consideração, portanto,
as circunstâncias agravantes.

ATENÇÃO: Há ainda exceções à teoria monista, as quais estão dispostas, por exemplo, nos arts. 124, 126, 317 e
333 do CP.
Nos arts. 124 e 126 do CP, estão previstos crimes de aborto: o autoaborto e o aborto com o consentimento da
gestante. Veja:

Art. 124, CP - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem


lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.

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Art. 126, CP - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos,
ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou

Veja o exemplo a seguir:


Imagine que uma mulher gestante decida fazer um aborto e se dirija a uma clínica clandestina. Por fim, realiza o
pagamento do procedimento à pessoa quem fará o aborto e o mesmo é feito. Qual é o resultado desse exemplo?
O resultado é um só, o aborto. Entretanto, a gestante e a pessoa quem fez o procedimento de aborto responderão
por condutas distintas, as quais estão dispostas separadamente no CP. A gestante, como consentiu o aborto, res-
ponderá pelo aborto nos moldes do art. 124 do CP; enquanto a pessoa que realizou o procedimento responderá
pelo crime de aborto nos moldes do art. 126 do CP.
Neste exemplo, verifica-se que houve a quebra da teoria monista, pois, apesar de um único resultado ter sido pro-
duzido, os agentes envolvidos no crime de aborto responderão pelo crime diferenciadamente.
Já nos arts. 317 e 333, tem-se dois crimes de corrupção, o crime de corrupção passiva e o crime de corrupção
ativa. Veja:

Corrupção passiva

Art. 317, CP - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda


ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo
a pedido ou influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

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Corrupção ativa

Art. 333, CP - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário


público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da


vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício,
ou o pratica infringindo dever funcional.

Na hipótese de corrupção, aquele que oferece ou promete a vantagem indevida a funcionário público responde pelo
crime de corrupção ativa, enquanto o funcionário que solicita ou recebe a vantagem indevida responde pelo crime
de corrupção passiva. Esta é outra hipótese de um único resultado produzido com tipos penais diferentes a serem
aplicados aos agentes envolvidos no crime de corrupção. Portanto, houve, novamente, a quebra da teoria monista.

Retornando ao art. 29 do CP, vejamos o que está disposto em seu §1º:

Art. 29, CP :

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser


diminuída de um sexto a um terço.

O §1º do referido artigo dispõe acerca da participação de menor importância, a qual é uma causa de diminuição de
pena que somente pode ser aplicada aos partícipes. Esta será aplicada na terceira fase da dosimetria da pena.
No caso de extorsão mediante sequestro, por exemplo, se um dos agentes emprestou a casa para servir de cati-
veiro, outro levou a vítima até o local, dois agentes ficaram vigiando e um deles costumava ir até o cativeiro para
cozinhar para que a vítima possa se alimentar. Nesta hipótese, verifica-se que a conduta daquele que somente
cozinhava para a vítima era menos importante que as condutas dos demais agentes. Nesse caso, para esse partí-
cipe que é o cozinheiro, pode ser aplicado o § 1º do art. 29 do CP como causa de diminuição de pena. Ou seja, o
cozinheiro responde pelo crime de extorsão mediante sequestro, porém com uma pena reduzida.
Já o §2º do art. 29 do CP estabelece que:

Art. 29, CP :

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave,


ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até me-
tade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.

Para uma melhor compreensão acerca do §2º do referido artigo, observe o exemplo a seguir:
Clara, que trabalhava na casa de um casal, resolveu combinar com Pablo um crime de furto nesta casa. Entretanto,
como não queria que seus patrões corressem risco algum, Clara informou a Pablo o momento o qual eles não
estariam em casa. Quando ele chegou à casa no horário combinado, se deparou com os patrões de Clara. Assus-
tado, Pablo empreendeu grave ameaça contra os donos da casa para fazer a subtração dos objetos. Assim, ao

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invés de cometer o crime de furto conforme combinado, Pablo cometeu o crime de roubo, o que não era a pretensão
de Clara. Nesta hipótese, conforme o §2º do art. 29 do CP, Clara responderá pelo crime de furto qualificado, haja
vista que o concurso de pessoas qualifica o crime; enquanto Pablo responderá pelo crime de roubo. O instituto
presente neste exemplo é o chamado desvio subjetivo de conduta, também conhecido como cooperação dolo-
samente distinta.

2. PARTICIPAÇÃO
Quem exerce o papel principal na prática da infração penal é o autor, porém não é raro que o autor receba auxilio
de outra pessoa, ainda que este não realize as atividades principais, ou seja, ele realiza papéis secundários no
decorrer da prática do crime.
Aqueles que auxiliam o autor do crime são chamados de partícipes, uma vez que participam de alguma forma no
momento da conduta.
A participação se divide em participação moral e participação material (auxiliar). Na participação moral, tem-
se aquele induz o crime (cria a ideia) e aquele que instiga (reforça a ideia). Já aquele que empresta algum objeto a
ser utilizado no momento do crime está realizando a participação material, o auxílio.

Induzir - Criar
a ideia
MORAL
Instigar - Reforçar
PARTICIPAÇÃO
a ideia
MATERIAL
(AUXILIAR)

3. CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS
O Código Penal dispõe em seu art. 30 sobre um tema recorrente em provas, as chamadas circunstâncias inco-
municáveis. Veja:

Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30, CP - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de


caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

O crime de peculato (art. 312 do CP), por exemplo, é praticado por funcionário público. Esta exigência está prevista
no próprio texto do art. 312 do CP. Ou seja, trata-se de uma elementar do crime.

ATENÇÃO: Elementar do crime é a circunstância necessária para que seja configurado o crime. Em outras palavras,
é elementar (fundamental) que o agente seja um funcionário público para que o crime de peculato se configure.

Veja um exemplo:
Um funcionário público chama sua namorada para ajudá-lo a fazer uma subtração na repartição em que ele traba-
lhava. A subtração foi realizada com ajuda de sua namorada e, muito embora ela não seja também uma funcionária
pública, responderá pelo crime de peculato assim como seu namorado, o funcionário público, responderá. Isto

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ocorre porque ela sabia que o namorado era funcionário público, uma circunstância de caráter pessoal que integra
o tipo penal, uma elementar, que fará com que haja a comunicação do crime entre o coautor e o partícipe. Desta
forma, aplicado o artigo 30 do Código Penal, ambos responderão pelo crime de pecuato.

4. CASOS DE IMPUNIBILIDADE
Outro artigo importante para a compreensão do concurso de pessoas, é o art. 31 do CP, o qual dispõe acerca dos
casos de impunibilidade.

Casos de impunibilidade

Art. 31, CP - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo


disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não
chega, pelo menos, a ser tentado.

Veja um exemplo: A, uma mulher que descobriu a traição do seu marido, decidiu pagar C para matar B, a amante.
C, por conhecer B, resolveu não matá-la e, assim, levou para A uma foto, fruto de uma simulação, em que B esti-
vesse morta. Posteriormente ao suposto crime praticado, A encontrou B em uma festa. Enfurecida, A foi até à
delegacia e alegou que tinha sido enganada por C, uma vez que a pagou para realizar o crime de homicídio contra
B.
Neste curioso exemplo, verifica-se que C não cometeu o crime de homicídio, nem mesmo tentou fazê-lo, pois so-
mente simulou a situação, já que não desejava a morte de B. Como C não deu início aos atos executórios, conclui-
se que este não responderá por tentativa de homicídio. A este exemplo, portanto, aplica-se o art. 31 do CP, uma
vez que dispõe sobre não ser possível punir alguém por crime que não chegou, sequer, a ser tentado. Trata-se de
um caso de impunibilidade.

CONCURSO DE CRIMES

Assim como, no caso concreto, é possível haver mais de um agente na prática de uma infração penal, o chamado
concurso de pessoas, o qual foi estudado anteriormente; há momentos em que um único agente pratica mais de
um delito. A este fenômeno denomina-se concurso de crimes.
Esta pluralidade de crimes está prevista no Código penal, arts. 69, 70 e 71.
Salienta-se que o art. 69 do CP dispõe acerca do concurso material (real); o art. 70, sobre concurso formal
(ideal) e, por fim, o art. 71, sobre o crime continuado; estabelecendo, cada um deles, suas características e regras
próprias, as quais servirão de norte ao julgador no momento em que deverá ser aplicada a pena.
Veja os artigos a seguir:

Concurso material

Art. 69, CP - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omis-


são, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumu-
lativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No
caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção,
executa-se primeiro aquela.

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Concurso formal

Art. 70, CP - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,


pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas au-
mentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas apli-
cam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa
e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, conso-
ante o disposto no artigo anterior.

Veja também o quadro a seguir, que propõe uma compreensão esquemática sobre as espécies de concurso de
crimes:
Cúmulo
Concurso material
material
(Art. 69 CP) Mais de uma
ação

Uma só ação
Concurso
CONCURSO formal (Art.
DE CRIMES 70 CP) Regra de
exasperação

Mais de uma
Crime ação
continuado
(Art. 71 CP) Regra de
exasperação

Tendo analisado o esquema anterior, verifica-se que as espécies concurso material (art. 69 do CP) e crime con-
tinuado (art. 71 do CP) possuem um ponto em comum, ou seja, ambos exigem a prática de mais de uma ação (ou
omissão) no caso concreto. Por exemplo, o Lúcio atira em Márcia para matar, esta morre, e, em seguida, esfaqueia
Carla e a lesiona. Nesta hipótese, existe mais de uma ação (conduta).

Concurso material de crimes


O concurso material de crimes está previsto no art. 69 do CP. Nesta espécie de concurso de crimes, existem
alguns requisitos a serem preenchidos. São eles:
a) a pratica de mais de uma ação ou omissão, ou seja, pluralidade de condutas;
b) a prática de dois ou mais crimes, ou seja, pluralidade de resultados.
Identificado o concurso de crimes no caso concreto, este terá como consequência aplicação das penas através do
cúmulo material, ou seja, haverá a soma das penas privativas de liberdade.

Concurso formal de crimes

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Existe uma particularidade no concurso formal de crimes (art. 70 do CP), qual seja, a existência de uma só ação
(ou omissão) no caso concreto. No concurso formal de crimes, o agente, mediante uma única ação (ou omissão),
pratica mais de um crime. É o caso do agente que, com um único disparo, consegue atingir duas pessoas, fazendo
com que ambas venham a óbito. Ou quando alguém joga uma única bomba em uma casa e as 5 pessoas que nela
moram venham a óbito em razão da explosão provocada.
O art. 70 do CP está dividido em duas partes, dispondo sobre o concurso formal de crimes da seguinte maneira:

Cúmulo material benéfico CONCURSO


quando a exasperação FORMAL
prejudica o réu.

Regra da exaspera-
ção: Uma só pena
PERFEITO IMPERFEITO
aumentada de 1/6
até 1/2.
Cúmulo mate-
rial: As penas
são somadas.
O agente tem A conduta é dolosa
O agente tem
dolo em um e o agente tem
culpa em todos os desígnios
resultado e culpa
resultados. autônomos.
nos demais.

Divide-se, portanto, em concurso formal perfeito (1ª parte do art. 70 do CP) e concurso formal imperfeito (2ª
parte do art. 70 do CP). A 1ª parte do referido artigo também é chamada de concurso formal próprio, enquanto
a 2ª parte, de concurso formal impróprio.
Veja alguns exemplos.

Exemplo 1:
Imagine que um funcionário de uma determinada empresa queira matar 5 diretores de uma empresa e, para isso,
coloca veneno na bebida a ser consumida por eles em uma reunião. Por conseguinte, os 5 diretores morrem ao
mesmo tempo, conforme planejado por ele. Neste exemplo, verifica-se que o resultado pretendido pelo funcionário,
a morte dos 5 diretores, foi alcançado com uma única conduta, o emprego de veneno. Como o funcionário possuía
conduta dolosa e desígnios autônomos, ou seja, desejava a morte de cada diretor, será aplicada em sua pena a
regra de cúmulo material, conforme a 2ª parte do art. 70 do CP, pois se trata de concurso formal imperfeito.

ATENÇÃO: No concurso material, há o chamado cúmulo material, ou seja, a soma das penas. As penas dos
diversos crimes praticados pelo agente serão somadas. Enquanto, no concurso formal, ocorre a chamada regra
da exasperação, o que significa dizer que o juiz aplicará uma só pena, porém com aumento de 1/6 até 1/2. No
crime continuado, aplica-se também a regra de exasperação, porém com aumento de 1/6 até 2/3. No entanto, no
concurso formal imperfeito, como no exemplo visto acima, também se aplica a regra do cúmulo material. Ou seja,
as penas serão somadas.

Exemplo 2:
Bernardo é inimigo de Caio. Desejando matá-lo, Bernardo atira em Caio, mas, devido à arma ser muito potente,
outra pessoa é atingida. Ou seja, Bernardo matou Caio e outra pessoa que passava no local. Assim sendo, verifica-
se que Bernardo agiu com dolo na morte de Caio e com culpa na morte da pessoa que passava no local, uma vez

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que não queria esse resultado. Portanto, Bernardo, com uma única conduta, produziu dois resultados: um homicídio
doloso e um homicídio culposo. Neste exemplo, por se tratar de concurso formal perfeito, Bernardo receberá uma
única pena, porém exasperada.

Exemplo 3:
Por motivo torpe, Carlos atira em Davi, mas, devido à arma ser muito potente, outra pessoa é atingida, sofrendo,
portanto, uma lesão corporal. Assim, Carlos responderá pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe, o qual
foi a título doloso, e por lesão corporal culposa. Suponha que Carlos tenha recebido a pena mínima de 12 anos pelo
homicídio qualificado. Se essa pena de 12 anos for aumentada de 1/6, conforme a 1ª parte do art. 70 do CP (con-
curso formal perfeito), a pena a ser aplicada será de 14 anos, ou seja, esta exasperação prejudicará o réu. Esta
hipótese de exasperação da pena, portanto, será pior do que a soma entre a pena mínima recebida pelo crime de
homicídio qualificado (12 anos) e a pena máxima prevista no crime de lesão corporal culposa (1 anos), que resultará
em 13 anos.

ATENÇÃO: O fenômeno da exasperação da pena foi instituído no Código Penal como uma hipótese para beneficiar
o réu. Entretanto, se, ao invés de beneficiar, a exasperação da pena prejudicar o réu, deverá ser aplicada a regra
do cúmulo material, ou seja, as penas deverão ser somadas no caso concreto. O que é chamado de cúmulo ma-
terial benéfico.

Crime continuado
O crime continuado é uma outra espécie de concurso de crimes e, assim como o concurso formal, possui suas
particularidades.
Conforme visto anteriormente, o crime continuado está previsto no art. 71 do CP. E, por motivos de Política Cri-
minal, este instituto foi criado com o objetivo de beneficiar o réu; assim, na hipótese em que se demonstrar prejudicial
ao réu, deve ser descartado do caso concreto. Veja sobre o que dispõe, portanto, o item 59 da exposição de motivos
do Código Penal:

59. O critério da teoria puramente objetiva não se revelou na prática maiores inconvenientes, a despeito das obje-
ções formuladas pelos partidários da teoria objetivo-subjetiva. O projeto optou pelo critério que mais adequadamente
se opõe ao crescimento da criminalidade profissional, organizada e violenta, cujas ações se repetem contra vítimas
diferentes, em condições de tempo, lugar, modos de execução e circunstâncias outras, marcadas por evidente
semelhança. Estender-lhe o conceito de crime continuado importa em beneficiá-la, pois o delinquente profissional
tornar-se-ia passível de tratamento penal menos grave que o dispensado a criminosos ocasionais. De resto, com a
extinção, no Projeto, da medida de segurança para o imputável, urge reforçar o sistema, destinado penas mais
lingas aos que estariam sujeitos à imposição de medida de segurança detentiva e que serão beneficiados pela
abolição da medida. A Política Criminal atua, neste passo, em sentido inverso, a fim de evitar a libertação prematura
de determinadas categorias de agentes, dotados de acentuada periculosidade.

ATENÇÃO: Apesar de sua nomenclatura, crime continuado não é “crime único”, pois, conforme o art. 71 do CP,
tem-se uma pluralidade de crimes. Veja:

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Crime continuado

Art. 71, CP : Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omis-


são, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições
de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem
os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-
lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, co-


metidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, con-
siderando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a per-
sonalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, au-
mentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art.
70 e do art. 75 deste Código.

Após a leitura do referido artigo, observa-se que o mesmo prevê requisitos para que o crime continuado seja
configurado. São eles:
a) serem crimes da mesma espécie (ou seja, mesmo tipo penal);
b) ter as mesmas condições de tempo (tempo médio de até 30 dias entre um crime e outro), lugar (mesma região
metropolitana) e maneira de execução (mesmo modus operandi);
c) e os subsequentes são havidos como continuação do primeiro.
Na ausência de um desses requisitos, passa-se a ter, por exclusão, o concurso material de crimes, o qual está
disposto no art. 69 do CP. Sendo a principal diferença a forma da aplicação da pena, pois, pelo crime continu-
ado, aplica-se a regra de exasperação; enquanto, pelo concurso material, o cúmulo material (a soma das pe-
nas).
No crime continuado, a regra de exasperação será aplicada ou de 1/6 até 2/3, conforme o caput do art. 71 do CP,
ou até o triplo da pena, conforme disposto no parágrafo único.
Um exemplo de crime continuado é o caso do funcionário que decide subtrair mil reais da loja onde trabalha e passa
a subtrair do caixa 50 reais por dia até chegar ao montante desejado.
Em relação à disposição do art. 71 do CP, o crime continuado, portanto, está disposto da seguinte forma:

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CRIME
CONTINUADO

REGRA DA
REQUISITOS EXASPERAÇÃO

Mesmas condições
Os subsequentes
Crimes da mesma de tempo, lugar e Par. Único: até o
são continuação do Caput: 1/6 até 2/3
espécie maneira de triplo
primeiro
execução

ATENÇÃO: Em caso de pena de multa, não se aplica regra da exasperação. Seja qual for a modalidade de concurso
de crimes, as penas de multa serão somadas. É sobre o que dispõe o art. 72 do CP.

Multas no concurso de crimes

Art. 72, CP - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas


distinta e integralmente.

ATENÇÃO: Veja também sobre o que dispõe a súmula 243 do STJ sobre a aplicação benefício da suspensão do
processo nos casos de concurso de crimes.

SÚMULA 243 STJ


O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação
às infrações penais cometidas em concurso material, concurso for-
mal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada,
seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar
o limite de um (01) ano.

Cabe destacar aqui que o benefício da suspensão do processo tem previsão no art. 89 da Lei 9099 (Lei de
Juizados Especiais). A suspensão do processo é cabível em crimes que tenham pena mínima igual ou inferior a 1
ano. Entretanto, se o agente, por exemplo, cometer 5 crimes de estelionato (art. 171 do CP) na forma (n/f) do art.
71 do CP, ou seja, em continuidade delitiva (crime continuado) e se for considerada a pena mínima de 1 ano, do
crime de estelionato, e ao ser feito a exasperação da pena, será ultrapassado o limite de 1 ano e, por consequência,
não será cabível a suspensão do processo.
Já a súmula 723 do STF dispõe o seguinte:

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SÚMULA 723 STF
Não se admite a suspensão condicional do processo por crime con-
tinuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o
aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.

Outras duas súmulas importantes são:

SÚMULA 711 STF


A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continui-
dade ou da permanência.

SÚMULA 497 STF


Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela
pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decor-
rente da continuação.

No caso de concurso de crimes, deve-se olhar cada crime, isoladamente, para verificar a contagem do prazo pres-
cricional. É o que prevê o art. 119 do CP

Art. 119, CP - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibili-


dade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.

TEORIA DO ERRO

O Código Penal Brasileiro estabelece algumas modalidades de erro: erro essencial e erro acidental, as quais
podem se subdividir. O art. 20, caput, do CP, por exemplo, dispõe acerca do erro de tipo essencial, o qual tem uma
consequência muito substancial, pois, a depender do caso concreto, ele pode causar a exclusão do crime. Isso
ocorre porque o referido artigo estabelece em seu texto a possibilidade de exclusão do dolo, muito embora ele
permita a punição a título de culpa.
Cabe salientar que existem duas modalidades de erro que podem impactar no crime, de maneira a afastá-lo do caso
concreto, inclusive. São elas: o erro de tipo e o erro de proibição. Além dessas modalidades, há outros erros, os
quais são chamados de erros acidentais.
Por exemplo, o §3º do art. 20 do CP estabelece o erro sobre a pessoa; o art. 73 da CP dispõe sobre o erro na
execução; já o art. 74 do CP prevê o resultado diverso do pretendido, todos eles são espécies de erros aciden-
tais.

1. ERRO DE TIPO ESSENCIAL


Primeiramente, veja sobre o que dispõe do art. 20, caput, do CP:

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Erro sobre elementos do tipo

Art. 20, CP - O erro sobre elemento constitutivo do tipo


legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por
crime culposo, se previsto em lei.

O referido artigo dispõe sobre o erro sobre elemento constitutivo do tipo, podendo ser um erro essencial inevitável
ou ser um erro essencial evitável. Se o erro for inevitável, haverá a exclusão do dolo e da culpa. Se for erro evitável,
será permitida a punição por culpa, se prevista em lei.

ATENÇÃO: A partir do momento que o erro de tipo impacta no dolo ou na culpa, ele vai impactar no fato típico,
podendo excluir a tipicidade, a depender da situação.

Exemplo: crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP)


O art. 217-A do CP dispõe sobre a definição de vulnerável em três hipóteses e uma delas é quanto vítima ser menor
de 14 anos de idade. Nesta hipótese, independentemente de a vítima consentir a conjunção carnal ou não, a hipó-
tese da vítima ser menor de 14 anos é um elementar constitutivo do tipo, pois basta esta característica para que o
crime seja configurado; a não ser que o agente não tenha como saber (ou desconfiar) sobre a sua idade. Desco-
nhecendo a idade da vítima, o agente estará errando sobre um elemento constitutivo do tipo legal de crime. Aplica-
se, nesta hipótese, a tese do erro tipo, nos moldes do art. 20, caput, do CP. Lembrando que o erro de tipo exclui o
dolo, pois o agente não tem conhecimento sobre a elementar; e como o art. 217-A do CP não dispõe sobre a
modalidade culposa para crime de estupro de vulnerável, o agente não responderá a título de culpa.

ATENÇÃO: No erro de tipo, o agente tem falsa percepção da realidade. Sendo assim, não há dolo. Por isso, o
art. 20 estabelece que se exclui o dolo, permitindo a punição por culpa, se previsto em lei (Por exemplo, a pessoa
que transporta uma embalagem com maconha, acreditando serem ervas medicinais). Já no erro de proibição, o
agente sabe exatamente o que faz, mas acredita que pode fazer. Seu erro incide sobre a ilicitude do fato e por
isso, é tratado na culpabilidade, isentando de pena ou reduzindo a pena (art. 21 do CP). Ou seja, quem age em erro
de proibição não sabe que sua conduta é proibida. (Por exemplo, o holandês que, vendo um grupo de pessoas
fumando maconha, acredita que aqui no Brasil o uso de drogas é liberado).

Resumindo: O erro de tipo exclui o dolo, mas permite a punição por culpa, se prevista em lei. O erro de proibição
isenta de pena, se inevitável, ou reduz a pena, se evitável.

2. ERRO ACIDENTAL

Em relação às modalidades de erro acidental, as que têm mais incidência em prova são:

a) Erro na execução (aberratio ictus), o qual está previsto no art. 73 do CP;

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Erro na execução

Art. 73, CP - Quando, por acidente ou erro no uso dos


meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pes-
soa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, res-
ponde como se tivesse praticado o crime contra aquela,
atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Có-
digo. No caso de ser também atingida a pessoa que o
agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70
deste Código.

Atente-se que tanto o erro na execução (art. 73 do CP) quanto o erro sobre a pessoa (§3º do art. 20 do CP)
possuem a mesma consequência, pois ignora-se a pessoa que foi atingida, considerando apenas a pessoa a
qual o agente queria atingir. Assim, se A deseja matar B, mas atinge C e este morre, A, ainda que não desejasse
a morte de C, responde por crime de homicídio doloso como se B tivesse de fato morrido.
Observe que quando o art. 73 estabelece que “o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge
pessoa diversa”, significa dizer que há erro na execução com resultado único. É o caso do agente que na hora
de mirar na pessoa que deseja efetuar o disparo, mira mal e atinge outra que passa pelo local.
Já quando o artigo dispõe que “no caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-
se a regra do art. 70 deste Código”, prevê o erro na execução com resultado duplo. Isso significa que, conforme o
art. 70 do CP, será aplicado o concurso formal de crimes, pois, com uma única conduta o agente atinge mais de
uma pessoa, produzindo, assim, mais de um resultado. Neste caso, responderá por dois crimes.

b) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis), previsto no art. 74 do CP;

Resultado diverso do pretendido

Art. 74, CP - Fora dos casos do artigo anterior, quando,


por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém re-
sultado diverso do pretendido, o agente responde por
culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre
também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art.
70 deste Código.

Enquanto o art. 73 é um erro de pessoa a pessoa, o art. 74 do CP prevê o erro de pessoa a coisa ou de coisa a
pessoa. Exemplo: o agente pega uma pedra para acertar o carro de alguém, erra e acerta uma pessoa que passava
no local; ou quando o agente pega uma pedra para acertar uma pessoa, erra e acerta um carro.
Ressalta-se que no art. 74 também há disposição sobre erro na execução do crime, porém é um erro na execução
que não se encaixa no art. 73 do CP.
Se o agente pega uma pedra para quebrar uma vidraça, a quebra e acerta uma pessoa, lesionando-a; haverá,
portanto, o crime de dano e o crime de lesão corporal culposa. Desta maneira, conforme dispõe o art. 74 do CP,
ocorrerá concurso formal de crimes, nos moldes do art. 70 do CP.
No entanto, caso não acerte a vidraça que desejava atingir, mas acerte alguém, responderá apenas por lesão cor-
poral culposa ou homicídio culposo, a depender do resultado alcançado.

c) Erro sobre a pessoa, previsto no art. 20, §3º, do CP.

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Art. 20, CP:

Erro sobre a pessoa


§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

Conforme mencionado anteriormente, o §3º do art. 20 do CP prevê a mesma consequência do art. 73 do CP, qual
seja, a de ignorar a pessoa que foi atingida e considerar apenas a pessoa a qual o agente queria atingir.
Atente-se que a consequência é a mesma, mas a modalidade de erro é diferente. O erro previsto no §3º do referido
artigo é o erro sobre a pessoa. Nesta hipótese, o agente confunde a vítima com outra pessoa.
Exemplo: Desejando matar seu marido Caio, Márcia o espera chegar de viagem. Acreditando ser seu marido quem
estacionava o carro na frente de casa, Márcia mira e realiza o disparo. Logo em seguida, Márcia percebe que a
pessoa quem matou não era Caio, mas sim seu cunhado, irmão gêmeo de Caio. Neste exemplo, Márcia errou
confundiu Caio com seu irmão, havendo, portanto, erro sobre a pessoa.

QUESTIONAMENTO ELABORATIVO

1. Como é contado o prazo em Direito Penal?


2. Qual será o último dia para oferecer uma queixa se o prazo terminar em um sábado?
3. O particular pode responder pelo crime de peculato?
4. É possível a prática de homicídio e de dano em continuidade delitiva?
5. Qual é a diferença entre erro sobre a pessoa e erro na execução?
6. Exemplifique uma situação de erro de tipo em caso de estupro de vulnerável:

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