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Educação,
Diversidade e
Inclusão Social
Criança e Adolescente em
situação de
vulnerabilidade social
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 65
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Introdução
Fonte: http://migre.me/8B5yM
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UNIDADE 1- CRIANÇA E ADOLESCENTE
Por dá-cá-aquela-palha,
ralhos e beliscão.
Palmatória e chineladas
não faltavam [...]
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Ultimamente estamos tão
preocupados em preparar as crianças para
o mundo globalizado e tecnológico que
descuidamos de algo muito importante:
deixar a criança aproveitar a sua infância,
ter contato com a natureza, brincar com os
amigos, usar a imaginação e a criatividade
nas várias situações que lhes são
apresentadas.
Fonte: http://migre.me/8HryI
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Somente poderá amar cada criança com amor sábio, quem se
interessar por sua vida espiritual, por suas necessidades, por seu
futuro. Quanto mais se aproximar da criança, mais verá nela coisas
dignas de sua atenção. E é nessa observação escrupulosa que
encontrará sua recompensa e a coragem para novos esforços, que
permitam que vá sempre em frente. (KORCZAK, 1983, p.234).
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preocupados com a disciplina e a racionalidade dos costumes. As crianças eram
vistas como criaturas frágeis de Deus que precisam ser preservadas e disciplinadas.
Esse sentimento passou para a vida familiar, onde a criança passou a ser vista como
ser incompleto e imperfeito, que necessitava de moralização e da educação do
adulto.
Até o século XVIII a família era um espaço aberto em que tinham trânsito
livre, os avôs, filhos, amigos, mas a criança não tinha nenhuma garantia e nem
consideração especial. A família era considerada mais como realidade social e
moral. A criança foi ocultada por muito tempo pela família. A partir do século XVIII,
aliou-se aos sentimentos de paparicação e de disciplina, o sentimento de
preocupação com a higiene e com a saúde. A criança conquista o lugar junto a
seus pais, tornando-se um assunto sério e digno de atenção. Sua simples existência
era digna de atenção. A criança começa a ser vista como um indivíduo social, dentro
da coletividade, e a família tem grande preocupação com sua saúde e sua
educação.
Destacamos que também a partir do século XIX a adolescência passou a ser
definida com características específicas, que a diferencia da infância e da idade
adulta. Percebe-se que a trajetória da criança é marcada pela discriminação,
marginalização e exploração.
http://migre.me/8AYaU
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concepções aparecem especialmente no âmbito educacional, e no Brasil, são frutos
tanto da ação de movimentos sociais quanto do desenvolvimento das ciências que
estudam a infância.
O século XX é o século da descoberta, valorização, defesa e proteção da
criança. Nessa perspectiva a infância passa a ser vista não mais como um tempo de
“preparação para...”, mas como um tempo em si, tempo de sorrir, de brincar, de
jogar, de sonhar. Ou seja, um tempo que incorpore tudo o que a criança é e vive
como sujeito de direitos.
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primazia em receber proteção e socorro em qualquer circunstância;
precedência no atendimento por serviço ou órgão público de qualquer
Poder;
preferência na formação e execução das políticas sociais públicas;
destinação privilegiada de recursos públicos às áreas relacionadas com
a proteção da infância e da juventude. (COSTA, 1994)
Fonte: http://migre.me/8AY6i
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de qualidade, a espaços públicos de lazer com segurança e equipamentos para
saúde, trabalho, cultura entre outros, significa que os direitos não estão garantidos,
como se afirma na Constituição Federal.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), desde 1980, publica o
relatório Situação Mundial da Infância. Na edição de 2011, tem o título: “A
adolescência: uma fase de oportunidades” e trouxe como foco de análise a
adolescência, apontando a importância e a urgência da discussão do tema.
O relatório afirma que a adolescência é, antes de tudo, uma fase especial de
desenvolvimento, que precisa ser abordada a partir da perspectiva dos direitos.
Argumenta que é um equivoco entender a adolescência como um problema.
Muitos adolescentes são vistos como ameaça para suas famílias e para a
sociedade, no entanto, deveriam ser reconhecidos como sujeitos da sua própria
história e suas necessidades deveriam ser pauta das políticas públicas. O
interessante no relatório é que há uma convocação para todos inverterem a lógica
tradicional, que costuma reduzir a adolescência a uma fase de riscos e
vulnerabilidades. A ideia proposta é a visão dessa fase da vida como oportunidade
não apenas para os próprios adolescentes, mas também para suas famílias, suas
comunidades, os governos e a sociedade. Oportunidade de socialização, construção
de identidade e autonomia. Afirma o Relatório:
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Disponível em: <http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr11web.pdf>. Acesso em 29/01/2012.
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reverter a falta de acesso a direitos básicos que levam a estatísticas devastadoras
para a adolescência.
Importante destacar que é na adolescência que meninas e meninos possuem
imenso potencial para seu próprio desenvolvimento e podem consolidar de forma
sustentável e duradoura as experiências vivenciadas. Portanto, investir no
desenvolvimento dos adolescentes é disponibilizar ferramentas para que encarem os
desafios do seu tempo e se engajem em um esforço coletivo para melhoria de sua
vida, da sua família, da sua comunidade e do seu país.
O Brasil possui uma população jovem: 30% dos seus 191 milhões de
habitantes têm menos de 18 anos e 11% da população possuem entre 12 e 17 anos,
uma população de mais de 21 milhões de adolescentes. Por isso, é essencial que o
Brasil atenda às necessidades específicas da adolescência nas suas políticas. Caso
contrário, corre-se o risco de que um grupo tão significativo e estratégico para o
desenvolvimento do País fique invisível para as políticas públicas que priorizam a
infância e a juventude.
No Brasil, as políticas destinadas a esse público, estão mais voltadas para
dois desses aspectos que veem a adolescência/ juventude como problema e a
juventude como ator estratégico para desenvolvimento. Em ambos os processos
deve-se considerar a identidade desses adolescentes e jovens, identificar sua
cultura, suas necessidades, transformando-as em ações, projetos e políticas
públicas. Com certeza, dessa forma eles
se sentirão mais dispostos para interagir
com profissionais, com outros jovens e
com sua própria família.
Alguns fatores como: falta de
oportunidades educacionais e
profissionais, mortes violentas, relações
sexuais precoces desprotegidas,
HIV/AIDS e trabalho infantil são alguns
dos principais riscos que podem impedir
que os adolescentes se desenvolvam até
chegar a vida adulta.
Fonte: http://migre.me/8Hzzb
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Os desafios são muitos, mas destacamos que para enfrentar essas situações
e outras, é necessário que as políticas públicas sejam voltadas para a adolescência,
para sua promoção e desenvolvimento, com investimentos e educação, cuidados de
saúde, proteção e participação dos adolescentes, principalmente para os mais
pobres e vulneráveis. A questão da vulnerabilidade social será discutida a seguir.
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equipamentos de lazer, esporte e cultura opera nas especificidades da cada grupo
social desencadeando comportamentos violentos.
As políticas públicas voltadas aos adolescentes e jovens têm como desafio
combinar políticas universais, compreendendo eles não isolados em um mundo à
parte, e políticas afirmativas, compensatórias, sensíveis à particularidade da
identidade juvenil, já que eles compõem uma geração com linguagens,
necessidades e formas de ser específicas – reconhecendo o protagonismo juvenil.
O protagonismo juvenil é parte de um método de educação para a cidadania
que prima pelo desenvolvimento de atividades em que o jovem ocupa uma posição
de centralidade, e sua opinião e participação são valorizadas em todos os
momentos. No combate à vulnerabilidade social é necessária a superação dos
enfoques setoriais e desarticulados de grande parte das políticas sociais.
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UNIDADE 2 – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Fonte: http://migre.me/8AYE2
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Quadro 1 – Duas visões jurídicas sobre a criança
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que foi com o Código de Menores (Decreto nº 1734/A, de 12 de
outubro de 1927) que o Estado respondeu pela primeira vez com a
internação, responsabilizando-se pela situação de abandono e
propondo-se a aplicar os corretivos necessários para reprimir o
comportamento delinquência. Os abandonados estavam na mira do
Estado. (1999, p.355)
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O Juiz, ao determinar que a criança fosse retirada das ruas, da sua família ou
comunidade, acreditava, fundamentando-se no Código, que o atendimento seria, no
mínimo, melhor que o oferecido anteriormente, o que efetivamente, na prática, não
ocorria. Sempre houve denúncias sobre a situação dos internatos, os quais
funcionavam como depósitos.
A lógica utilizada pelo Código era aparentemente simples: “se a família não
pode ou falha no cuidado e proteção do menor, o Estado toma para si esta função”.
(FALEIROS, 1995b, p.54).
Devido à complexidade na disputa pela guarda dessas crianças, que não eram
órfãs e sim carentes, entre o Juiz de Menores, a família e as entidades de
atendimento, muitas famílias acabavam abandonando os filhos nos internatos. Esse
abandono era apontado pelos profissionais (psicólogos, assistentes sociais, e
outros) dos internatos como imoralidade das famílias, desconsiderando a dificuldade
destas para reaver o chamado poder familiar.
De acordo com Arantes,
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“comunidade”, desenvolver outras estratégias de atendimento que não priorizassem
mais a internação ou a institucionalização da criança.
Para assegurar o controle da situação, a FUNABEM, desencadeou, na década
de 70, um processo de sensibilização dos governos estaduais, dando origem às
Fundações Estaduais do Bem-Estar do MenorFEBEMs.
No entanto, as unidades da FEBEM em cada estado se revelavam lugares de
tortura e espancamentos, nos moldes dos esconderijos militares, onde subversivos
eram torturados.
Os prejuízos resultantes da marginalização eram alarmantes, chegando a
formar a Comissão Parlamentar de Inquérito em 1976, constituindo a CPI do Menor.
A CPI concluiu seu trabalho, apresentando como recomendação a criação do
Ministério Extraordinário, coordenador de todos os demais organismos envolvidos,
financeiramente apoiado por um Fundo Nacional de Proteção ao Menor. Entretanto,
não veio a concretizar-se.
Ao final da década de 70, era promulgado o novo Código de Menores, através
da Lei 6697, de 10/10/79, que pretendia inaugurar uma nova postura jurídica frente à
questão dos “menores”. O Código de Menores em 1979 passou a ser o único
diploma a regular a matéria que dita normas de proteção e assistência aos
brasileiros menores de 18 anos.
Para exemplificar, citamos o Art., 2º:
Para efeitos deste Código, considera-se em situação irregular o
menor: I- privado de condições essenciais à subsistência, saúde e
instrução obrigatória, ainda que eventualmente, em razão de: a) falta
de omissão dos pais ou responsável; b) manifesta impossibilidade
dos pais ou responsável para provê-las; II – vítimas de maus-tratos
ou castigos imoderados impostos por pais ou responsável; (...) VI-
autor de infração penal.
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Pastoral do Menor, entidades de direitos humanos, ONG’s. As organizações sociais
se opunham à desumana, bárbara e violenta situação a que se encontrava
submetida a infância pobre no Brasil; e também à omissão e ineficácia das políticas
sociais e das leis existentes em fornecer respostas satisfatórias face à complexidade
e gravidade da chamada questão do “menor”.
À medida que se pôde efetivamente questionar o modelo de assistência
vigente, tornou-se possível a emergência de novas proposições contidas na
Constituição Federal (1988), como veremos a seguir.
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nossa última Constituição, direitos fundamentais – respeito à vida e à saúde, à
liberdade e à dignidade, à convivência familiar e comunitária, à educação, cultura,
esporte e lazer, à profissionalização e proteção no trabalho, à prevenção, vem não
só ratificar a Declaração Universal da Criança, mas reconhecer e consagrar a
criança e o adolescente como indivíduos e, portanto, cidadãos.
O ECA resgata o valor da criança e do adolescente como seres humanos –
sujeitos de direitos – que devem receber o máximo de dedicação, em virtude de sua
condição peculiar de pessoas em desenvolvimento.
Fonte: http://migre.me/8B5CF
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Para o cumprimento do chamado Sistema de Garantia de Direitos, introduzido
pelo Estatuto, o art. 86 desta Lei propõe uma nova gestão desses direitos, “através
de um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.
A primeira e importante novidade desse artigo é, justamente, a expressão
política de atendimento. Isso porque, como vimos, o atendimento à criança e ao
adolescente foi, ao longo da história, predominantemente isolado e fragmentário.
Tanto que sempre se falou em “atendimento”, mas apenas com o ECA ganhou força
a expressão “política de atendimento”, visando designar ações articuladas e
integradas.
O Sistema de Garantia de Direitos
Conselhos de Direitos da
Criança e do Adolescente são
apresenta três eixos fundamentais: promoção,
órgãos cuja função é formular as defesa e controle social. Estes eixos devem
políticas públicas (básicas,
assistenciais e de garantia), nas funcionar de maneira articulada – órgãos
esferas federal, estadual e
governamentais e não governamentais.
municipal, compostos de maneira
paritária, por representantes do O eixo da “promoção” corresponde à
Poder Executivo e de entidades
da sociedade civil. deliberação e formulação política de atendimento
Conselhos Tutelares são dos direitos, articulada com as demais políticas
órgãos de fiscalização, aos quais
públicas. Destacam-se como exemplo de atores
compete averiguar o
descumprimento dos direitos desse eixo os Conselhos de Direitos.
fundamentais às crianças.
Existem nos municípios e são No eixo da “defesa”, temos os Conselhos
compostos por cidadãos eleitos Tutelares, Centros de Defesa, Ministério
na comunidade.
Público, entre outros atores. Esse eixo
Centros de Defesa são
assegura a exigibilidade dos direitos, cada vez organizações da sociedade civil,
sem fins lucrativos, criadas para
que estes são violados. garantir, defender e promover os
Por fim, o eixo do “controle social”, que direitos da pessoa humana, no
caso específico, da criança e do
diz respeito à vigilância do cumprimento dos adolescente.
Ministério Público, de acordo
preceitos legais. Deve haver uma articulação da com a Constituição Federal de
sociedade civil para agir, controlar e fazer 1988, é “instituição permanente,
essencial à função jurisdiscional do
funcionar esse sistema. Estado, imcumbindo-lhe a defesa
da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis”
(Art.127).
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Os fóruns são um espaço de É este o espaço da sociedade civil
mobilização e organização, em articulada em “fóruns”: Fóruns de Defesa das
geral. É instrumento legítimo de
promoção, convocação (política) Crianças e Adolescentes; o Fórum de Combate
e fortalecimento das assembleias
amplas para a escolha dos ao Trabalho Infantil, entre outros. Os mesmos
representantes da Sociedade fazem o papel também de controle e vigilância
Civil Organizada para
constituição dos Conselhos. São, social sobre a ação governamental e
em especial, espaços de
representam a retaguarda dos conselhos
articulação do poder e do saber
da sociedade, espaço de debate, deliberativos.
de divulgação de ideias, de
estímulo a propostas de políticas Ainda no eixo do controle social, também
e estratégias que façam avançar se produz conhecimento, pois nele residem
as conquistas democráticas, e de
articulação com parlamentares e todos os esforços das instituições de estudos e
magistrados.
pesquisas que fazem propostas para os
Conselhos e que têm papel fundamental na formação social para a cidadania, para o
exercício dos direitos, para a participação na relação com o Estado e no subsídio
para as políticas públicas.
A sociedade civil possui importante papel político para garantir a continuidade
das políticas públicas. O Ministério Público só se pronuncia quando provocado,
embora tenha o papel de vigiar o cumprimento da lei.
Assim, cabe à sociedade civil fazer uma articulação entre os três eixos para
garantir que as políticas públicas sejam universais, suficientes e mais adequadas às
normas do Estatuto.
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Lembramos que o Ministério Público, Poder Judiciário e Poder Legislativo, apesar de órgãos do
Estado, não são propriamente “governo”, muito menos sociedade civil, logo não podem participar dos
conselhos.
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Criança e do Adolescente (CEDCA) e Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente (CONANDA).
Considerados novos atores no cenário da política nacional, os Conselhos dos
Direitos constituem-se na primeira iniciativa legal de implantação de conselhos
paritários com poder deliberativo; assim também como espaços privilegiados de
participação popular e como meios para comprometer, democraticamente, Estado e
Sociedade com a política de atendimento à criança e ao adolescente. (Art. 86 ECA),
e controlar as ações públicas dela decorrentes (Art. 88 ECA):
Art. 86 A política de atendimento dos direitos da criança e do
adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações
governamentais e não governamentais, da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.
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As entidades governamentais e não governamentais deverão
proceder à inscrição de seus programas, especificando os regimes
de atendimento, na forma definida neste artigo, junto ao Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá
registro das inscrições e suas alterações, do que fará comunicação
ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária.
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Art.90 As entidades de atendimento são responsáveis pela
manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento e
execução de programas de proteção e socioeducativos destinados a
criança e adolescente, em regime de:
I- orientação e apoio sociofamiliar;
II- apoio socioeducativo em meio aberto;
III- colocação familiar;
IV- abrigo;
V- liberdade assistida;
VI- semiliberdade;
VII- internação.
Parágrafo único: As entidades governamentais e não-
governamentais deverão proceder à inscrição de seus programas,
especificando os regimes de atendimento, na forma definida neste
artigo, junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de suas
alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e à
autoridade judiciária.
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objetivo dos Conselhos é a melhoria integral das condições de vida da população
infanto-juvenil.
Garantia de prioridade compreende a primazia, a precedência, a preferência e
a destinação privilegiada de recursos públicos. Então, se a política da criança não
tiver essa característica, não há cumprimento do Estatuto e da Constituição Federal.
É importante frisar que o conselheiro deve superar-se em seu papel, pois
representa os interesses das crianças e dos adolescentes.
Plano Decenal
Documento aprovado pelo CONANDA no dia 19 de abril de 2011. Contém
Eixos, Diretrizes e Objetivos Estratégicos. Principal desdobramento da 8ª.
Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Plano Decenal é
um documento que prevê as diretrizes da Política Nacional dos Direitos da Criança
e do Adolescente para os próximos dez anos. Sua principal finalidade é orientar e
cobrar do poder público na esfera federal a implementação de políticas que
efetivamente garantam os direitos infanto-juvenis.
(http://www.obscriancaeadolescente.gov.br/bv-politicas-planos/file/102-plano-decenal-
2011).
INVISIBILIDADE VISIBILIDADE
SOCIAL SOCIAL
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UNIDADE 3 – ECA E O SISTEMA DE PROTEÇÃO
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Criança e do Adolescente, das Delegacias da Criança e do Adolescente e de
Proteção da Criança e do Adolescente, descritos abaixo:
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juvenis, na sensibilização da população local sobre esses direitos e no
controle da execução das políticas públicas.
Organizações não governamentais (ONG’s): Essas organizações da
sociedade civil são parte integrante da Rede de Proteção, nas funções de
Promoção (nos Conselhos de Direitos), Atendimento (em programas nas
áreas de saúde, educação, assistência, cultura, profissionalização e
proteção especial), Controle (Fóruns DCA), Defesa e Responsabilização
(Centros de Defesa).
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Figura 2 – Sistema de proteção
Fonte: Elaboração própria
Fonte: http://www.fundacaofia.com.br/ceats/eca_gibi/08.htm
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Ser não jurisdicional significa não pertencer ao Poder Judiciário (Art.92 da CF).
Não cabe ao Conselho Tutelar estabelecer qualquer sanção para forçar o
cumprimento de suas decisões. Se necessário, terá que representar ao Poder
Judiciário.
O Conselho Tutelar é o mais legítimo instrumento de pressão e prevenção
para que de fato o Estatuto seja vivenciado no Brasil, pois força a implantação de
mecanismos necessários ao atendimento digno dos direitos de todas as crianças e
dos adolescentes brasileiros, independentes das situações em que estejam
envolvidos.
O conselheiro é escolhido pela comunidade, em processo conduzido sob a
responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
com fiscalização do Ministério Público. Cada conselho é formado por cinco
conselheiros titulares e cinco suplentes, escolhidos em eleição direta.
Cumpre destacar que a Lei 8069/90-ECA, coerente com a diretriz da
municipalização, adotada pela Constituição Federal, torna obrigatória a existência de
pelo menos um Conselho Tutelar para cada município, fixando o número de seus
membros e a forma de sua escolha. O Art. 132 do ECA prevê: “Em cada município
haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar, composto por cinco membros, escolhidos
pela comunidade local para mandato de três anos, permitida uma recondução”.
O Conselho é uma expressão da sociedade organizada, através de seus
escolhidos. O fato de conselheiros serem escolhidos pela comunidade local, e não
indicados política ou administrativamente, torna-os mais legítimos no desempenho
de suas funções, evitando inibições para acionar o Ministério Público, contra as
instituições e poderes constituídos, quando estes violarem os direitos contidos no
Estatuto.
É função do Conselho Tutelar receber denúncias, comunicações e
reclamações envolvendo violação dos direitos da criança e do adolescente, devendo
aplicar as medidas de proteção às vítimas, quando os direitos, reconhecidos no
ECA, “forem ameaçados ou violados por ação de omissão ou abuso dos pais ou
responsável e em razão da própria conduta”. (Art. 98 do ECA).
Ao comentar o Art. 98 do Estatuto, devemos ressaltar a premissa de que é
dever da sociedade em geral e do Poder Público em especial, além da família,
assegurar os direitos básicos às crianças e aos adolescentes. Cabe ao Conselho
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Tutelar, quando acionado, propiciar maior agilidade no atendimento às denúncias,
utilizando os serviços existentes na própria comunidade para ressarcir os direitos
violados, aplicando medidas de proteção estabelecidas no ECA, no artigo 136:
I- atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos
Arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no Art. 101, I a VII;
II- atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as
medidas previstas no Art. 129, I a VII;
III- promover a execução de suas decisões, podendo, para tanto:
a) requisitar serviços públicos na área de saúde, educação, serviço
social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
descumprimento injustificado de suas deliberações;
IV- encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua
infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou
adolescente;
V- encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI- providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária,
dentre as previstas no Art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de
ato infracional;
VII- expedir notificações;
VIII- requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou
adolescente quando necessário;
IX- assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta
orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos
da criança e do adolescente;
X- representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação
dos direitos previstos no Art. 220,§ 3, inciso II da Constituição
Federal;
XI- representar ao Ministério Público, para efeito das ações de perda
ou pátrio poder.
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3.2 O Conselho Tutelar e a violência doméstica
Fonte: http://migre.me/8HGZv
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órgão para atender às denúncias que lhes são apresentadas e quais suas reais
possibilidades para o enfrentamento da violência de pais contra filhos.
Importante lembrar que a aprovação de uma lei não é suficiente para mudar
uma concepção tão arraigada na nossa sociedade, mas é capaz de oferecer
instrumentos para a mudança. Assim, podemos afirmar que nenhum Conselho
poderá desempenhar o seu papel sem o apoio e reconhecimento dos demais
organismos que atuam seja na esfera do poder público, seja no âmbito da sociedade
civil, voltados para a problemática dos direitos da infância e da adolescência.
O ECA reconhece a importância da denúncia de casos de violação de
direitos, conforme traz o Art.13: “Os casos de suspeita de maus-tratos contra a
criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da
respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências”.
Ao aplicar uma das medidas do art. 101 ou 109, o Conselho Tutelar, está
emanando um ato administrativo. Portanto, os conselheiros devem estar atentos aos
cinco requisitos necessários à formação do ato administrativo válido: Competência,
Finalidade, Forma, Motivo e Objeto. Limitações são impostas muitas vezes, ao
Conselho pela própria forma como os poderes públicos, na esfera municipal, atuam
no sentido de dificultar sua viabilidade, bem como a própria ação dos conselheiros.
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construir alternativas para que progressivamente seja alijada no cotidiano das
famílias e da própria sociedade.
A cultura trazida pelo ECA implica que os que estão fazendo repensem sua
prática, e os que estão pensando, reforcem suas teorias, numa relação dialética.
Desse movimento, deve brotar um conhecimento profícuo e ações que respondam
às exigências da realidade de nossas crianças e adolescentes.
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adolescentes para fins sexuais) transforma-se gradativamente em carro-chefe da
mobilização social brasileira tendo em vista seu poder aglutinador.
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c) Pedofilia
O conceito social de pedofilia define-se pela atração erótica por crianças.
Essa atração pode ser elaborada no terreno da fantasia ou se materializar em atos
sexuais com meninos ou meninas. Nesse aspecto, há muitos pedófilos pelo mundo
que não cometem violência sexual, satisfazem-se sexualmente com fotos de revistas
ou imagens despretensiosas de crianças, mas que geram neles intenso desejo
sexual. Atuam na fantasia e, muitas vezes, não têm coragem de por em ato seu real
desejo. Estudos vêm apontando que o indivíduo adepto da pedofilia e/ou da prática
de pedofilia é indivíduo aparentemente normal, inserido na sociedade. Muitos têm
atividades sexuais normais com adultos, não têm fixação erótica única por crianças,
mas são fixados no sexo.
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agressão). Entretanto, não respondem pelos seus atos de acordo com o Código
Penal. Conforme determinado no ECA, respondem pelos seus atos diante do Juiz da
Infância e da Juventude.
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UNIDADE 4 – ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
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Ao longo da história, as crianças e adolescentes não tiveram acesso às
questões de cidadania. Fato que se alterou principalmente após a promulgação da
Constituição Federal de 1988 e também do
Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), que
provocaram uma mudança significativa no que se
refere ao reconhecimento da criança e do
adolescente como cidadãos de direitos, bem
como no que tange à construção de uma rede de
proteção e de atendimento que favorecessem o
desenvolvimento familiar e comunitário das
mesmas.
Fonte: http://migre.me/8IuO6
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Fonte: MDS/SUAS/PSB (2009, p. 27)
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4.1 Proteção Social Básica
Com base no preconizado pela PNAS e materializado pelo SUAS, a
proteção social no Brasil se divide em níveis de Proteção, que são definidos pelo
grau de vulnerabilidade e fragilidade dos vínculos comunitários e familiares. Assim,
temos a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial (Média e Alta
Complexidade) que ofertam e operam bens e serviços que contribuem para o
fortalecimento da rede de proteção de crianças e adolescentes. (BRASIL, 2004).
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Fonte: http://migre.me/8IuYy
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Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/servicos/protecao-
e-atendimento-integral-a-familia-paif/servico-de-protecao-e-atendimento-integral-a-familia-
paif>. Acesso em: 5 Mar. 2012.
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Quadro 2 - Atendimento de crianças e adolescentes na Proteção Social Básica
– Centros de Referência de Assistência Social.
Serviço Foco Objetivos
Desenvolvimento de atividades com
crianças, familiares e a comunidade, para
Serviço para fortalecer vínculos e prevenir ocorrência
Deve possibilitar meios para que as
crianças até de exclusão social, de violência
famílias expressem suas dificuldades,
doméstica e de trabalho infantil.
6 anos Desenvolve atividades com crianças,
soluções encontradas e demandas,
(articulado de modo a construir soluções e
inclusive com deficiência, e seus
alternativas para as necessidades e
ao PAIF) familiares. Busca desenvolver atividades
os problemas enfrentados.
de convivência e fortalecimento de
vínculos, centradas na brincadeira.
Constituição de espaço de convivência,
formação para a participação e cidadania,
desenvolvimento do protagonismo e da
autonomia das crianças e adolescentes, a
Serviço para Ressignificar vivências de isolamento
partir dos interesses, demandas e
crianças e e de violação de direitos, bem como
potencialidades da faixa etária. As
propiciar experiências favorecedoras
adolescentes intervenções devem ser pautadas em
do desenvolvimento de sociabilidades
de 6 a 15 experiências lúdicas, culturais e
e na prevenção de situações de risco
esportivas como formas de expressão,
anos social.
interação, aprendizagem e proteção
(articulado social. Inclui crianças e adolescentes com
ao PAIF) deficiência, retirados do trabalho infantil
ou submetidos a outras violações.
Possibilitar o desenvolvimento de
Fortalecimento da convivência familiar e
habilidades gerais, tais como a
comunitária, o retorno dos adolescentes à
capacidade comunicativa e a inclusão
escola e sua permanência no sistema de
digital, para orientar o jovem para a
ensino. Isso é feito por meio do
escolha profissional consciente,
desenvolvimento de atividades que
ProJovem estimulem a convivência social, a
prevenindo a sua inserção precoce no
Adolescente mercado de trabalho. Abordar temas
participação cidadã e uma formação geral
que perpassam os temas
(15 a 17 para o mundo do trabalho. O público-alvo
transversais, abordando conteúdos
anos) é, em sua maioria, jovens cujas famílias
necessários para compreensão da
(articulado são beneficiárias do Bolsa Família,
realidade e para a participação social.
estendendo-se também aos jovens em
ao PAIF) situação de risco pessoal e social,
Por meio da arte-cultura e esporte-
lazer, visa a sensibilizar os jovens
encaminhados pelos serviços de
para os desafios da realidade social,
Proteção Social Especial do Suas ou
cultural, ambiental e política, e
pelos órgãos do Sistema de Garantia dos
possibilitar o acesso aos direitos e o
Direitos da Criança e do Adolescente.
estímulo a práticas associativas.
Programa de O Peti atende mais de 820 mil
crianças afastadas do trabalho em
Erradicação
mais de 3,5 mil municípios.
do Trabalho Articula um conjunto de ações visando à Reconhece a criança e o adolescente
Infantil (Peti) retirada de crianças e adolescentes de como sujeitos de direito, protege-os
(articulado até 16 anos das práticas de trabalho contra a exploração do trabalho e
ao Programa infantil, exceto na condição de aprendiz a contribui para o desenvolvimento
partir de 14 anos. integral. Oportuniza o acesso à escola
Bolsa
formal, saúde, alimentação, esporte,
Família) lazer, cultura, profissionalização e a
convivência familiar e comunitária.
Fonte: Elaboração própria4
4
Dados retirados de: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica>. Acesso em:
15/03/2012.
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Todos os atendimentos especificados no quadro anterior estão focados na
prevenção e fortalecimento dos vínculos familiares e de uma forma ou de outra, se
articulam com outros serviços/programas disponibilizados na rede socioassistencial
e na Proteção Social Básica (PSB). Neste sentido já se estabelecem alguns
aspectos de interligação de políticas públicas direcionadas para o fortalecimento dos
vínculos, que no caso da PSB ainda não foram rompidos, mas necessitam de
proteção/prevenção.
A articulação com os serviços PAIF, e mesmo com o Programa Bolsa
Família, infere para um atendimento que se volta para o monitoramento das famílias
atendidas, com vistas a possibilitar às mesmas a saída da situação de
vulnerabilidade na qual se encontram. Assim, ao mesmo tempo em que a criança ou
adolescente está inserido em um
destes atendimentos, os outros
membros da família também
recebem atendimento específico
como acesso a programas de
transferência de renda; grupos de
geração de renda; programas de
qualificação profissional; inserção
em programas de habitação,
entre outros.
Fonte: http://migre.me/8IvDs
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Fonte: MDS/SUAS/PSB (2009, p. 10).
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integrar as ações da Proteção Especial, é necessário que o cidadão
esteja enfrentando situações de violações de direitos por ocorrência
de violência física ou psicológica, abuso ou exploração sexual;
abandono, rompimento ou fragilização de vínculos ou afastamento do
convívio familiar devido à aplicação de medidas. Diferentemente da
Proteção Social Básica que tem um caráter preventivo, a PSE atua
com natureza protetiva. São ações que requerem o
acompanhamento familiar e individual e maior flexibilidade nas
soluções. Comportam encaminhamentos efetivos e monitorados,
apoios e processos que assegurem qualidade na atenção5.
5
Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaoespecial> Acesso em:
15/03/2012.
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O foco de atendimento, ou melhor, a prioridade de atendimento na Proteção
Social Especial, são as crianças e adolescentes, todavia, os serviços ofertados neste
nível de proteção social são disponibilizados para quaisquer indivíduos que tenham
seus direitos violados.
Na efetivação dos serviços ofertados na Proteção Social Especial o Serviço
de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi) deve ser
um instrumento de apoio para os profissionais e deve ofertar:
Saiba Mais!
6
Disponível em:
<http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaoespecial/mediacomplexidade/atendimento
-especializado-a-familias-e-individuos-paefi>. Acesso em 5 Mar. 2012.
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UNIDADE 5 – CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
Fonte: http://migre.me/8Ix9n
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Neste sentido, é na família que temos os primeiros contatos com outros
indivíduos, que estruturamos nossos vínculos afetivos e também nos preparamos
para a vida em sociedade, apreendendo conceitos e ações que reproduziremos no
meio social, e acima de tudo, reflete a questão de proteção.
As situações que as famílias enfrentam no cotidiano relacionado ao
desemprego, fragilidade de políticas públicas como a saúde, assistência social,
educação, habitação entre outros, são alguns dos fatores que muitas vezes
contribuem para que a família em situação de crise acabe maltratando de forma
violenta aqueles que deveria proteger.
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social por parte de entidades de defesa dos direitos da criança e do
adolescente. (IAMAMOTO, 2010, p. 263)
Fonte: http://migre.me/8IxEq
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de seu meio familiar e encaminhadas para instituições de longa permanência para
que seus direitos sejam salvaguardados.
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Para a efetividade das ações que envolvem a convivência familiar e
comunitária, além do estabelecido no ECA (1990), foi criado o Plano Nacional de
Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência
Familiar e Comunitária (2006), reunindo diversas políticas públicas para análise da
situação dos abrigos no Brasil e das necessidades de revisão da postura do Estado
e da Sociedade na Proteção das crianças e adolescentes que foram privados do
convívio familiar e comunitário, bem como na viabilização de novas ações para a
prevenção desses vínculos.
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organização da Política Nacional de Assistência Social em níveis de Proteção Social
e articulada a outras políticas públicas.
Os atendimentos efetivados nos diferentes níveis de proteção, que integram
a rede de proteção integral às crianças e adolescentes, primam pela preservação
dos vínculos familiares e comunitários em diferentes processos de intervenção, com
metodologias específicas e instrumentais de trabalho determinados pela prática da
intervenção. Por mais que estejam estabelecidos os meios para a aplicabilidade das
medidas de proteção, identificados os setores envolvidos e os encaminhamentos
necessários, é preciso que o profissional saiba respeitar as particularidades de cada
família e de cada território de atuação.
Repensar a metodologia na prevenção dos vínculos familiares e
comunitários foi também um processo construído a partir das novas disposições da
Constituição Federal (1988) e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que
ressignificaram a infância e as possibilidades de intervenção para proteção destes
cidadãos.
Portanto, na atuação os níveis de Proteção Social estão articulados e têm
como foco a preservação dos vínculos familiares. Todavia, quando estes vínculos
estão fragilizados ou rompidos, há a necessidade de inclusão das famílias em
medidas protetivas, que perpassam a Proteção Social Básica e a Especial.
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·superação de conflitos relacionais e/ou transgeracionais, rompendo
o ciclo de violência nas relações intrafamiliares;
·integração sociocomunitária da família, a partir da mobilização das
redes sociais e da identificação de bases comunitárias de apoio;
·orientação jurídica, quando necessário. (BRASIL, 2006, p. 39)
Fonte: http://migre.me/8Iy3T
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Atenção!
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Quadro 4 – Fluxo do atendimento
Tem como objetivo subsidiar a decisão acerca do afastamento da
criança ou adolescente do convívio familiar. [...] deve incluir uma
criteriosa avaliação dos riscos a que estão submetidos a criança ou
Estudo adolescente e as condições da família para superação das violações
Diagnóstico dos direitos observadas e o provimento de proteção e cuidados. Com a
devida fundamentação teórica, o estudo deve levar em conta a
proteção e a segurança imediata da criança e do adolescente, bem
como seu cuidado e desenvolvimento a longo prazo. (p. 24)
Devem constar objetivos, estratégias e ações a serem desenvolvidos
tendo em vista a superação dos motivos que levaram ao afastamento
Plano de do convívio e o atendimento das necessidades específicas de cada
Atendimento situação. A elaboração deste Plano de Atendimento deve ser realizada
Individual e em parceria com o Conselho Tutelar e, sempre que possível, com a
Familiar equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude. Tal
Plano deverá partir das situações identificadas no estudo diagnóstico
social que embasou o afastamento do convívio familiar. (p.26-27)
A implementação de uma sistemática de acompanhamento da situação
familiar, iniciada imediatamente após o acolhimento, é fundamental,
pois, com o passar do tempo, tanto as possibilidades de reintegração
Acompanhamento
familiar, quanto de adoção podem tornar-se mais difíceis. [...] Caso
da Família de
conclua que a manutenção do afastamento da criança ou adolescente
Origem
do convívio familiar não é necessária, a equipe técnica responsável
pelo acompanhamento deve proceder aos encaminhamentos para
viabilizar a imediata reintegração. (p.33)
Os Serviços de Acolhimento integram o Sistema Único de Assistência
Social, tendo interface com outros serviços da rede socioassistencial e
com demais órgãos do Sistema de Garantia dos Direitos. Sua atuação
Articulação deve basear-se no princípio da incompletude institucional, não devendo
Intersetorial ofertar em seu interior atividades que sejam de competência de outros
serviços. A proteção integral a que têm direito as crianças e os
adolescentes acolhidos deve ser viabilizada por meio da utilização de
equipamentos comunitários e da rede local de serviços. (p. 37)
Para garantir a oferta de atendimento adequado às crianças e aos
adolescentes, os serviços de acolhimento deverão elaborar o Projeto
Político-Pedagógico, que deve orientar a proposta de funcionamento do
serviço como um todo, tanto no que se refere ao seu funcionamento
Projeto Político-
interno, quanto seu relacionamento com a rede local, as famílias e a
Pedagógico
comunidade. Sua elaboração deve ser coletiva, de modo a envolver
toda a equipe do serviço, as crianças, adolescentes e suas famílias.
Após a elaboração, o Projeto deve ser implantado, sendo avaliado e
aprimorado a partir da prática do dia a dia. (p. 43)
Na história do nosso país, os serviços de acolhimento foram geridos e
tinham o quadro de pessoal composto principalmente por pessoas
voluntárias, religiosos ou leigos. Aos poucos esta realidade tem se
Gestão do modificado, mas ainda hoje há a prevalência da concepção de que
Trabalho e “basta o bom coração” para se trabalhar nesses serviços. O
Educação reconhecimento de que todos os profissionais que atuam em serviços
Permanente de acolhimento desempenhem o papel de educador, impõe a
necessidade de seleção, capacitação e acompanhamento de todos
aqueles responsáveis pelo cuidado direto e cotidiano das crianças e
adolescentes acolhidos. (p. 55-56)
Fonte: BRASIL, 2009.
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No que se refere à convivência familiar e comunitária, tivemos muitos
avanços que permitiram às crianças e adolescentes a permanência em seus seios
familiares e a cautela na aplicabilidade da retirada dos mesmos da convivência
familiar. Todavia, os processos burocráticos e a longa permanência de algumas
crianças e adolescentes em instituições de abrigo precisam ser revistos para agilizar
o retorno destas crianças e adolescentes ao convívio familiar e comunitário.
Como vimos anteriormente, as redes socioassistenciais possuem diferenças
se considerarmos o território onde se estabelecem. O importante, nesta atuação em
redes de proteção é reconhecer todas as instituições que compõem esta rede, os
serviços que são ofertados e como proceder quanto aos encaminhamentos para a
utilização destes serviços.
Assim, não importa o tipo de rede ou mesmo o território onde estão
identificadas as questões de vulnerabilidades, o importante é o reconhecimento dos
serviços e a metodologia adequada para favorecer que as crianças e/ou
adolescentes e suas famílias tenham acesso a bens e serviços que contribuirão para
o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Não há uma única maneira “engessada” para esta atuação. Há uma
multiplicidade de possibilidades, que variam de acordo com a especificidade de cada
território e da composição da rede socioassistencial.
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REFERÊNCIAS
DEL PRIORE, Mary. História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 1999.
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KALOUSTIAN, S.M. (org.). Família brasileira: a base de tudo. 3 ed. São Paulo:
Cortez, Brasília-DF/ UNICEF, 1998.
KORCZAK, J. Como amar uma criança. 2. ed. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1983.
355p.
MARSHAL, Kerr, Clark. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar,
1972.
OSÓRIO, Luiz Carlos. Adolescência hoje. Porto Alegre: Artes Medicas, 1989.
SOUSA, Ana Paula; JOSÉ FILHO, Mário. A importância da parceria entre família e
escola no desenvolvimento educacional. Revista Iberoamericana de Educación, n.
44/7, de 10 de Janeiro de 2008: EDITA. Organización de Estados Ibero americanos
para la Educación, La Ciencia y La Cultura (OIE), p. 1-8. Disponível em:
<http://www.rieoei.org/deloslectores/1821Sousa.pdf>. Acesso em: 6 mar. 2012.
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