Sei sulla pagina 1di 5

Universidade do Minho

Departamento de Sociologia

Licenciatura em Sociologia
2.º Ano/1.ºsemestre
Ano Lectivo 2010/2011

Antropologia do Corpo e do Desporto

Ficha de Leitura
“No Princípio era o Corpo”
Miguel Vale de Almeida

Docente: Prof. Doutor Luís Cunha

Discente: Rui Cabral nº 58247


No Princípio era o Corpo Miguel Vale de Almeida

- Referência Bibliográfica:

ALMEIDA, Miguel Vale de, 1997, "No Princípio era o Corpo", in JORGE, Vítor Oliveira;
ITURRA, Raúl (coords.), Recurperar o Espanto: O Olhar da Antropologia, Porto,
Afrontamento, 67-79.

- Bibliografia Complementar:

ALMEIDA, Miguel Vale de (2009), In Wikipédia, a Enciclopédia Livre online, disponível:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Vale_de_Almeida (2010, Dezembro 7).

- Palavras-chave:

Género; Masculinidade; Construção da Identidade; Incorporação; Modernidade

- Notas sobre autor:

Miguel Vale de Almeida é Antropólogo e professor associado do ISCTE, instituto


onde se doutorou. Actualmente é director da revista Etnográfica do Centro de Estudos de
Antropologia Social do ISCTE. A sua principal área de investigação incide sobre os campos
de estudo do pós-colonialismo e da crioulidade.

- Resumo:

Miguel Vale de Almeida no início do seu ensaio começa por constatar,


provisoriamente, que a construção social da identidade masculina, ou masculinidade, é um
processo inacabado e contínuo que se constrói através da socialização, ou seja, da aquisição
das normas, valores e regras do meio em que está inserido. Porém, ao longo do texto o autor
vai-se apercebendo que o masculino e feminino e as diferenças adjacentes fazem parte de um
sistema de classificações simbólicas que define as diferenças entre homens e mulheres e ainda
de um sistema de significações ou ideias para entender o comportamento de uns e outros. Tal

1
No Princípio era o Corpo Miguel Vale de Almeida

como defende o autor, a diferença entre o ser masculino e feminino é uma “assimetria
simbólica”.

- Principais linhas de argumentação:

Almeida num dos seus estudos acerca da masculinidade conclui, provisoriamente, que
o processo social através do qual os indivíduos adquirem as normas, os valores e as regras de
ser masculino é um processo inacabado e, por isso, contínuo. Para o autor, a masculinidade
(ou identidade masculina) constrói-se através da socialização, quer na família, quer através
dos códigos do meio em que o indivíduo se insere, o que quer dizer que, numa primeira
abordagem, Almeida defendia que eram transmitidos códigos de masculinidade ao indivíduo,
através dos quais ele vai construindo a sua própria identidade masculina. Todavia, ao longo
do texto apercebemo-nos que a sua visão vai-se alterando e as diferenças entre masculino e
feminino podem explicar-se como sendo um sistema de classificações simbólicas que define
as diferenças entre homens e mulheres e ainda como um sistema de significações ou ideias
para entender a acção e o comportamento dos indivíduos. Segundo o autor (1997:69) a
diferença entre ser masculino e feminino é uma “assimetria simbólica”. Este conceito é
defendido pelo autor, uma vez que o mesmo considera que normalmente as características
moralmente negativas são femininas e as positivas são masculinas, e ainda que não o sejam é
apenas entendido numa hierarquia dos sectores do trabalho social. A hierarquia pelo género
estabelece-se, pois, numa lógica do sistema de classificações. Quanto à hegemonia – ou
supremacia do masculino – a sua principal característica é o exercício do poder (neste caso,
do masculino), através do consentimento (do feminino), ou seja, a própria mulher “habituou-
se” à superioridade do homem.
Para o autor, os estudos do género promoveram novas perspectivas de interpretação
antropológica ou de estudo das culturas. O objectivo de Miguel Vale de Almeida é tentar
perceber até que ponto a dominação masculina intimamente associada à supremacia do
masculino é uma realidade que aliena tantos homens como mulheres (1997:71). De acordo
com as palavras do autor (1997:71-72), e de um modo funcionalista, podemos pensar que a
dominação masculina resulta essencialmente no seguinte: eliminações de orientações sexuais
que não sejam a heterossexualidade; controlo da sexualidade feminina, de modo a garantir a

2
No Princípio era o Corpo Miguel Vale de Almeida

apropriação do seu potencial reprodutivo; valorização moral do que é superior, através do


princípio da masculinidade, da sociedade, do poder político e público.
Um dos aspectos mais evidentes que o autor retirou do seu estudo foi o facto de o
masculino e o feminino, por si só, não constituírem grupos sociais, tendo por isso, de se
cruzar a variável género com outros níveis de identidade social, tais como: classe, prestígio,
status, idade, educação e conhecimento, entre outros. Almeida (1997:73) considera que se as
preocupações das ciências sociais com o género provieram das transformações das sociedades
ocidentais, também se tem verificado uma necessidade de revolução dos paradigmas em que
assentam os estudos do género. Urge, pois, ultrapassar as diferenças entre as ideias de
Durkheim, Marx e Weber e da diversidade de fundamentos filosóficos delas advindos; tem,
por isso, de existir, antes de mais, uma tentativa de ligação destas ideias, ou seja, de que as
construções sociais do género assentam na estrutura social, na ordem e nas representações
(Durkheim), na economia política e histórica do poder, da produção-reprodução e da
ideologia (Marx) e na acção e constituição do sentido (Weber). O autor, em relação a esta
questão, defende que a identidade do género é a ligação entre o corpo biológico (homem ou
mulher) e o corpo socializado (construção social da identidade, da aquisição de normas e
valores).
Neste texto, Almeida defende a busca do sentido ou significado do género não apenas
como uma divisão entre homens e mulheres, uma vez que o estudo do género permite reunir o
mais micro (corpo) com o macro (cultura). Há, portanto, uma relação entre o género e a
cultura, sendo que a incorporação dos significados sociais é feita através do meio, da
sociedade em que o indivíduo está inserido, aqui mais uma vez a ideia da construção social da
realidade. A desigualdade dos géneros é, por tudo isto, uma questão social de dimensão
política, em tudo relacionada com a diferença entre culturas.
O conhecimento do corpo e da sua acção situa-se entre a biologia e o construtivismo
social, ou seja, pode explicar-se através dos genes, das hormonas, mas também através da
socialização, do meio, da cultura. Segundo o autor, a diversidade de raças, culturas e etnias
poderá ajudar a compreender a construção do género e da identidade de classe, étnica e
religiosa, pois, por exemplo, a forma como os indivíduos absorvem as práticas e os discursos
sobre o género, a sexualidade e o corpo está intimamente ligada à cultura, ao meio. Além do
corpo – masculino e feminino – os indivíduos têm outras características que os identifica e
distingue, que os torna diferentes uns dos outros.

3
No Princípio era o Corpo Miguel Vale de Almeida

- Conclusão:

Neste texto, Miguel Vale de Almeida considera que o estudo do género deve ser feito
através do cruzamento desta com outras variáveis, uma vez que a variável género não se
produz e reproduz por si própria, antes resulta de um conjunto de factores a que o corpo –
homem e mulher – estão expostos ao longo da sua vida, ou seja, ao longo da construção social
da sua identidade. O título No Princípio era o Corpo reflecte a ideia de todo o texto, de que
no início o corpo ou o facto de se nascer homem ou mulher determinava por si só o género – o
ser masculino ou feminino – sem olhar a tudo o que o rodeia e ao que a ele está intrínseco, ou
seja, sem ter em consideração a cultura e a sociedade em que o indivíduo está inserido.

Potrebbero piacerti anche