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EXTRAFISCALIDADE
Além da função fiscal dos tributos, que pode ser resumida como a
arrecadação de fundos para o Estado, existem também outras funções intrínsecas a
essa modalidade de prestação, sendo uma delas ponto vital para entender a essência
do Direito à Imunidade Tributária: a extrafiscalidade1.
Entende-se por extrafiscalidade os impostos com os objetivos
alheios aos meramente arrecadatórios, cuja função predominante consiste na
interferência no mundo econômico, pois o que se pretende com sua a instituição ou
aumento é induzir determinado comportamento por parte dos agentes economicos 2.
Esse conceito é bem explicitado em lição de Hugo de Brito Machado 3:
É muito comum, por exemplo, em matéria de isenção, esta ser concedida para
determinada atividade, visando justamente favorecer sua instalação em determinada
1 COSTA, Regina Helena, Curso de Direito Tributário: Constituição e Código Tributário Nacional,
1ª edição – São Paulo: Saraiva, 2009, p. 75
2 Machado, Hugo de Brito. Curso de Direito Constitucional Tributário. 1ª Edição. São Paulo:
Malheiros, 2012. p. 72
3
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Malheiros, 2009
4 BALEEIRO, Aliomar. Limitações ao Poder de Tributar. 7ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 1999, p
576/577.
região, com o fim de acelerar seu desenvolvimento econômico, sendo a Zona Franca
de Manaus um claro exemplo desta situação.
Da mesma forma, o IPI é visto pela doutrina como imposto muito mais revestido
de objetivo extrafiscal que propriamente fiscal, sendo a manipulação de sua alíquota
manobra recorrente da União para estimular ou desestimular o consumo.
O constituinte originário ao estabelecer a imunidade, que consiste no direito
subjetivo de seus destinatários de não serem tributados, buscou concretizar os
objetivos e fundamentos trazidos pela própria Constituição Federal, dispostos em seu
art. 1º:
5
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário, 31. Ed. São Paulo:
Malheiros, 017, p. 925
6 SHOUERI, Luís Eduardo. Normas Tributárias Indutoras e Intervenção Econômica. 1º Edição. Rio de
7
SHOUERI, Luís Eduardo. Ibid. p. 316
8
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro. 15. Rio de Janeiro Forense
2016 p.212
9
SHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. 7º Edição. São Paulo: Saraiva, p. 443
10 SHOUERI, Luís Eduardo. Ibid. p. 316
11 CARRAZZA, Op cit. p. 925
12 CARRAZZA,Ibid. p. 925
realizando o que o Estado tinha a obrigação de fazer e, por falta de
estrutura adequada e recursos, infelizmente, não faz. A imunidade a
impostos, no caso, é uma pequena compensação do muito que estas
entidades altruisticamente fazem em favor dos mais necessitados.
(grifos nossos)
Portanto, as entidades de assistência social por avocarem atribuições que são
típicas do Estado, de prestar assistência médico-hospitalar de maneira gratuita a
pessoas carentes, é altamente louvável que usufruam de certos benefícios, como o
de não serem obrigadas a pagar impostos13.
Diante dessa sistemática, é ilógico que o mesmo tributo seja interpretado de
formas diferentes, não concedendo a imunidade em algumas hipóteses, unicamente
porque o Hospital está em ponto da cadeia, na posição de contribuinte de fato, ao
invés de contribuinte de direito.
Em razão disso, é necessário que a imunidade seja estendida ao ICMS na
aquisição de medicamentos a serem utilizados nos pacientes do Hospital Santa Casa.