Sei sulla pagina 1di 6

BMW, o cavalo de aço dos tempos modernos

Fabio Steinberg
“Prazer. Essa é a palavra sobre a qual construímos uma empresa.
Independente e compromissada com apenas uma pessoa, o
motorista.” (trecho de anúncio da BMW)

Be-eme-DÁBLIU. Ao ouvir este nome, qualquer um associa


imediatamente à marca que virou sinônimo de qualidade e
luxo, quando se trata de automóvel ou moto. Mas fazer
esta letra w, quase ilustre desconhecida da língua
portuguesa, ser utilizada no cotidiano do brasileiro é, por si,
uma tremenda façanha. Algo que nem a conterrânea alemã
Volkswagen, apesar da mesmíssima W estampada sobre
cada um V dos 17 milhões de veículos já fabricados em
seus mais de 50 anos no Brasil jamais conseguiu. Mais que
carro ou moto, BMW virou palavra. Melhor: virou conceito.
Melhor ainda: ganhou vida própria, e, numa incrível
alquimia, até alma. Tornou-se um monumento móvel à
busca eterna do homem pela excelência. Exagero? Não.
Mais que compromisso, esta é uma estratégia de negócios
vencedora, que se consagrou a partir das três letrinhas que
traduzem Bayerische Motoren Werke desde a fundação, em
1913.

Nestes quase cem anos de estrada, o percurso da BMW


está longe de ser linear e monótono. Momentos de céu e
inferno emocionantes se intercalam e se confundem com a
própria história contemporânea, e da Alemanha em
particular. O resultado é uma organização forte, forjada a
ferro e fogo, que aprendeu a enfrentar desafios e se
reinventar sempre que necessário. Talvez o seu maior
trunfo seja o de jamais ter perdido o norte nem abrir mão
do conceito poderoso de superação que acompanha a
empresa desde os primeiros dias. Para a BMW, aperfeiçoar
uma máquina não é sinônimo de apenas melhorar o
desempenho de um motor, mas sim a de transformação
contínua em prol do prazer em dirigir. Neste cenário, o
motor é o elo que conecta a BMW com suas origens. E é a
partir dele que esta aventura fascinante é melhor contada.
“Nenhuma outra montadora rivaliza com a nossa história ou
consegue reproduzir a nossa paixão, ou a nossa visão. Inovação é a
nossa espinha dorsal, porém o prazer é o nosso coração”

Tudo começa em Munique, quando o alemão Karl Friedrich


Rapp inicia o negócio para fabricar motores de avião, algo
que o atual logotipo, adotado em 1920, perenizou. De
forma estilizada, representa uma hélice em rotação circular.
Os quatro quadrantes que se alternam em branco e azul
são uma referência não só às lâminas que cortam o céu em
movimento, como as cores são as mesmas da Bavária,
região onde a empresa surgiu.

A história da empresa poderia ser bem diferente, não fosse


a Primeira Guerra Mundial e assinatura do Tratado de
Versalhes, que ao final do conflito proibiu a BMW de
construir motores de avião durante cinco anos. Isto a levou
a inicialmente a fabricar freios de carros e vagões e avaliar
alternativas associadas à sua vocação por motores. Foi
assim que surgiu a produção de motocicletas, então mais
conhecidas como “bicicletas motorizadas”. Os anos 20
assistiram ao aumento do prestígio da BMW neste novo
universo, reforçado pela entrada da empresa nas corridas e
vitórias em todas competições alemães de motociclismo até
1929. Neste momento, estava em gestação a maior
revolução da BMW: a produção de carros. Com a aquisição
de uma planta um ano antes e a licença para fabricar um
automóvel pequeno, que ganhou o nome de Dixi, surge
uma versão alemã do inglês Austin. Atingindo 80 km por
hora, suas vendas chegaram a quase 20 mil unidades –
uma imensa popularidade para os padrões da época, mas
absurdamente longe dos 1.4 milhão de veículos BMW
vendidos só em 2008. Ainda assim, estes recursos
ajudaram a empresa a atravessar a época da depressão
com relativa folga. Em 1932 surge o primeiro modelo de
automóvel totalmente desenvolvido pela empresa, o BMW
AM4, abreviatura de Ausfuhrung Munchen 4 Gange –
Munich. Em contraste com um nome tão desengonçado, o
AM4 ganhou o concurso de mais elegante em Baden Baden.
Seguindo a tradição das motos, desde 1935 os carros de
corrida entraram também para o portfólio da BMW. O
roadster 328, de 1936, com dois lugares, teve mais de 120
vitórias no circuito esportivo entre 1936 e 1940. É avaliado
como um dos mais bonitos já criados pela fábrica e tornou-
se legenda, muitos o classificando como carro do século.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a produção de


automóveis é interrompida. Nesta fase, a BMW produz
motocicletas para o exército, motores de aviões a hélice e a
jato, complementados mais tarde por motores de foguetes
de uso militar. Estes fatores levaram ao final do conflito ao
fechamento, desmonte e imposição pelos aliados da
interrupção de atividades de produção de veículos pela
Bayerische Motoren Werke por três anos. Para sobreviver
na Alemanha ocupada pelos aliados, em meados de 1945, a
combalida empresa aceita a missão de consertar veículos
militares dos Estados Unidos. Finalmente, volta a funcionar,
mas com a condição de contribuir para a reconstrução do
país. Em seu portfólio de fabricação itens estranhos, como
panelas, máquinas para sovar massa e equipamentos para
a agricultura. Apenas um item da produção, a de bicicletas,
lembra o objetivo inicial da empresa: a mobilidade. Pouco a
pouco as restrições operacionais se reduzem. Motocicletas
voltam às linhas de montagem, e carros são construídos
para os soviéticos. Mas a atividade é ainda muito limitada,
a ponto de uma fábrica inglesa obter licenciamento para
produzir antigos modelos da BMW, que ainda não tem nem
capacidade nem autorização para isto. O que salva a
situação é a inesperada demanda por motocicletas – 100
mil vendidas só em 1953. Apesar de restrições no número
de cilindrada, são sucesso em um país privado de consumo
nos anos de chumbo da reconstrução da Alemanha.
“Nós não nos afastaremos jamais do prazer. Vamos alimentá-lo.
Vamos deixá-lo mais inteligente, testá-lo ao limite, rompê-lo e,
então, construí-lo novamente. Mais eficiente, mais dinâmico.”

Finalmente, em 1951, nasce o primeiro carro pós-guerra: o


sedan 501. Com os seguintes da linha 500, se passam
longe do glamour que deu fama à BMW – foram apelidados
de “anjos barrocos” pelas formas que lembravam esculturas
de igrejas deste período – têm o mérito de manter viva a
operação até 1964. O best-seller da montadora nesta fase
é o Isetta, um carrinho de dois lugares e seu motor com
míseros 13 cavalos. Os anos 50 não terminariam sem o
lançamento do 507, o clássico BMW mais reconhecido da
década, junto com o 300SL da arqui-rival e conterrânea
Mercedes Benz. Apenas 252 unidades do modelo são
fabricadas, mas tudo em grande estilo. A construção à mão
e sob medida do 507 já prenuncia a mística que a marca
alcançaria no futuro.

Em 1959, o perigo passa à porta da BMW: perdas


financeiras significativas quase a levam a se fundir com a
concorrente Daimler-Benz. Isto deixa de ocorrer no último
minuto por decisão da diretoria e do acionista majoritário.
Algo que se mostra acertado diante das vendas explosivas
do 700, primeiro sedan esportivo da fabricante, um sucesso
instantâneo. Sobre Mercedes e BMW, apesar das situações
financeiras divergentes em suas trajetórias, é preciso dizer
que as duas montadoras alemãs têm mais semelhanças que
diferenças. Ambas possuem níveis de lealdade altíssimos
dos clientes, produziram modelos que traduzem a essência
do prazer de dirigir, e são bastiões do luxo. Estudos
indicam que, apesar dos avanços do Lexus, Jaguar e
Infiniti, entre outros que disputam o mercado, os super-
ricos ainda percebem na BMW e Mercedes as mais
prestigiosas marcas da face da terra.
“Daremos ao mundo as chaves do prazer, e o mundo vai dar uma
volta com ele. Enquanto outros prometem tudo, nós prometemos
apenas uma coisa: a mais pessoal, celebrada e humana de todas as
sensações. ”

Em 1965, depois de 25 anos de atividade, a BMW se desfaz


da sua divisão de motores de avião, a mesma que equipou
nos anos 30 os famosos Junkers Ju 52, primeiro avião a
sobrevoar os Andes e em 1938 a realizar um vôo non-stop
entre Berlim e Tóquio em 46 horas. A decisão é agora se
concentrar na produção de carros e motocicletas. Os
próximos anos assistem à crescente presença internacional
da BMW, de olho inicialmente no mercado americano. Uma
fábrica é construída na África do Sul em 1972, e outra,
tempos depois, nos Estados Unidos, das 20 que hoje
existem. Uma das características da BMW, com ênfase
crescente a partir dos anos 70, é o pioneirismo tecnológico,
como motores a turbo, componentes eletrônicos e
computadores de bordo, graças a investimentos contínuos
em pesquisa e desenvolvimento. Isto a coloca na dianteira
em termos de economia de combustível, baixas emissões
de CO2 e melhor desempenho do motor, assim como
motores movidos a hidrogênio e soluções alternativas
voltadas para o futuro. O seu centro de pesquisas em
Munique emprega sete mil pessoas. Com isto a empresa
está sempre surpreendendo o mercado. Como na década
de 70, que vê o nascimento das famílias de sedans
esportivos formados pelas séries 3, 5 e 7. Os anos 80 dao
continuidade a esta estratégia. Destaca-se também em
1983 a estréia da BMW na classe “master” da Fórmula 1,
conquistando com o piloto brasileiro Nelson Piquet o título
de campeã do ano. Em 1994, a BMW resolve expandir seu
universo de marcas, e adquire o grupo inglês Rover,
incorporando entre outros os produtos Land Rover – mais
tarde vendidos para a Ford, e hoje sob controle da indiana
Tata.

A BMW atualmente é dona também das marcas Rolls-Royce


e Mini Cooper. O Rolls-Royce dispensa apresentações, já
que é considerado um dos melhores carros do mundo. Sua
história começa em 1884 quando o ingles Frederick Henry
Royce fundou uma autoelétrica. Dez anos depois, ao
conhecer o vendedor Charles Steward Rolls descobrem o
desejo mútuo de construir um tipo especial de carro. Nasce
assim o Silver Ghost, que com seus seis cilindros somados
à categoria, requinte e exclusividade conquista o coração
de 6 mil milionários, entre industriais, realezas e estrelas
de cinema. O suntuoso estofado interior, o silêncio do
motor e da porta do carro ao ser fechada encantam o
passageiro, mas não tanto quanto a mascote “espírito de
êxtase”. Quem é ela? A figura que enfeita a frente de todos
os modelos Rolls-Royce desde 1911 é a espanhola Eleanor
Velasco Thornton. A pedido do amante, Lord Montagu de
Beaulieu, o escultor Charles Skyques idealizou uma
estatueta para representar o seu amor proibido. Com
roupas vaporosas, a figura feminina com dedo sobre os
lábios pede silêncio para o segredo. Ironicamente, ela é
vitima de seu próprio pedido: Eleanor Velasco Thornton
morreu num naufrágio a caminho da Índia sem tomar
conhecimento do sucesso da estatueta que a imortalizou,
ao simbolizar uma das marcas mais caras do mundo.

Já o Mini Cooper, agora transformado em MINI com letras


maiúsculas, é um carro pequeno de design superior, estilo
“retro”, inspirado no original produzido pela British Motor
Corporation e seus sucessores entre 1959 a 2000.
Desenhado por Alec Issigonis, ganhou fama pelo tamanho
reduzido e agilidade nas manobras, ideal para centros
urbanos com ruas estreitas da Europa. Enfrenta bem os
congestionamentos e transporta com segurança e
comodidade até quatro adultos. O seu maior sucesso
ocorreu na década de 60, após vencer o Rally de Monte
Carlo. Gente famosa como os Beatles, Peter Sellers,
Graham Hill e até Enzo Ferrari adotaram o carro. A BMW
assumiu a marca a partir de 2001, deixando para trás o
desenho original, mas tendo a sensibilidade de manter a
sua identidade.
“Não construímos carros. Construímos emoções. Nós somos os
guardiões do puro sentimento, da adrenalina e dos arrepios, dos
risos e sorrisos e das demais palavras não encontradas nos
dicionários. Nós somos o prazer de dirigir”

O slogan da BMW, “o puro prazer de dirigir”, não é apenas


mais uma destas hipérboles marqueteiras. A marca se
tornou padrão de desempenho e luxo, em qualquer de suas
versões, sejam elas familiares, esportivas, luxuosas, SUVs,
ou motocicletas. Seja qual for o veículo, todos mantêm
uma característica em comum, que lembra a relação
ancestral de amor que já predominou entre o homem e o
cavalo. Só que em tempos modernos o animal foi
substituído pelo aço, domado por engenheiros e adestrado
por estilistas que fizeram desta missão uma obsessão. E a
ela deram um nome: BMW.

Potrebbero piacerti anche