A Bíblia registra várias histórias, uma delas está neste livro de apenas 4 capítulos e 85

versículos. Aqui vemos a saga de uma família de retirantes (pois a cidade deles estava
enfrentando uma seca terrível) que saiu de Belém e foi a Moabe em busca de alimentos e de
uma vida mais segura. Esta história se passou nos dias dos juízes (cf. 1.1), podemos colocá-
la dentro dos anos 1375 e 1050 a.C. é possível que tenha sido escrita por Samuel.
Quero olhar para as três mulheres mencionadas neste livro para que possamos tirar
algumas lições para nossas vidas

1- Comecemos pela Orfa

Seu nome aparece 2 vezes no livro. Era esposa de Quiliom de quem ficou viúva.
Ela permanece com Noemi após a primeira tentativa de sua sogra de “se livrar” das
noras viúvas 1.8-10
Na segunda tentativa (1. 11-14) Orfa desiste de seguir Noemi e volta para sua terra.
Orfa simplesmente desaparece na história. Não ouvimos ou lemos mais sobre ela.

Um ensino para nós: A história que é contada é dos que continuaram, não desistiram...
Nós mesmas não falamos muito sobre aqueles (as) que começaram algum trabalho e
depois deixaram na primeira dificuldade, nas primeiras barreiras, na primeira oposição que
enfrentaram... não sejamos como Orfa... não nos deixemos desanimar diante dos problemas,
das lutas - na família, na igreja, no trabalho...

Sigamos o conselho de Paulo em Gálatas 6.9: “E não nos cansemos de fazer o bem,
porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos”
Nos lembremos do que Paulo ensina aos Coríntios (I Co 15.58) “...sede firmes,
inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso
trabalho não é vão.”

2- Olhemos um pouco para a Noemi

a) Noemi é apresentada de inicio apenas como a mulher que acompanha seu marido
(Elimeleque) e seus filhos (Malon e Quiliom) na busca de dias melhores... Sairam de Belém
porque havia fome, foram para Moabe e lá encontraram refúgio, alimento... os filhos
encontraram esposas.. tudo estava bem melhor, pelo menos era o que parecia...
A morte entrou em sua casa, levou primeiro seu marido, e depois seus dois filhos.
Deixando Noemi triste, amargurada (não quer mais ser chamada pelo nome que significa
“agradável” , “prazer” - prefere que a chamem de Mara - “amarga” 1.20) , desolada, com
duas noras viúvas em sua tutela

A vida é assim.. Saímos de uma situação difícil, vivemos momentos bons em que
parece que vai dar tudo certo e sem mais nem menos estamos novamente em momentos
difíceis - precisamos aprender a não sermos como Noemi, a não permitir que a amargura
tenha espaço em nossas vidas... Aprendamos com Paulo -“Digo isto, não por causa da
pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar
humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho
experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo
posso naquele que me fortalece. Fp 4.11-13

b) Em seus argumentos para que as noras voltem:

 - sou velha demais para casar de novo
- se tivesse filhos, eles demorariam muito ter idade para casar
- volte para sua casa, seus deuses
- a mão de Deus está contra mim

Percebemos que:

Primeiro - do ponto de vista de Noemi o que suas noras precisam está apenas no nível
material: marido, casamento, pão, segurança...
Podemos entender que Noemi está amargurada em sua alma, suas perdas foram
significativas - lar, esposo, filhos... imaginemos como estavam suas emoções, sentimentos
e fé naquele momento... porém:
Devemos ter cuidado com conselhos de pessoas amarguradas, decepcionadas, que se
sentem traídas por Deus, geralmente tais conselhos não tem conteúdo espiritual..
Também devemos ter cuidado para não sermos nós as que dão conselhos errados por
causa de situações mal resolvidas que vivemos, decepções que já tivemos, frustrações no
casamento, na criação de filhos, etc...
Como mulheres que lidam diretamente com muitas outras em diversas situações -
precisamos ser curadas, saradas... para que possamos ajudar essas quer estão feridas, sem
rumo..

Segundo - Noemi deixou que as dificuldades e problemas distorcessem a visão que ela
tinha de Deus - Ele está contra mim (final do verso 13 no capítulo 1)
Não façamos como Noemi, pois nosso Deus é bom o tempo todo, mesmo quando as
coisas não vão da forma como queríamos... mesmo nos dias de dor...

3- Por fim, olhemos para Rute

Ela resistiu aos ataques de Noemi para que voltasse pra sua terra, para seus deuses
Rute não olhou para as dificuldades que enfrentaria - seria uma estrangeira e viúva -
humanamente falando a decisão de Orfa parecia ser o melhor... porém Rute diz a sua sogra:
“Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que
fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus
é o meu Deus. 17 Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada...” Rt 1.16,17ª

Apesar de lermos essa declaração em convite de casamento, ela contém elementos de

fé impressionantes:
Rute não sabe o que a esperaria em Israel - ela não está pensando em casamento - ela
não sabe sobre o campo de Boaz, não sabe sobre ele.. mas, ela tem mais fé em Deus do que
Noemi sua sogra.

Deus nos ajude a sermos como Rute, andar por fé e não por vista.... podemos ver em
Rute a mesma jornada de fé empreendida por Abraão - saiu de sua terra, do meio de sua
parentela... crendo no Senhor - nós também não andamos por vista, andamos por fé..

Nos próximos capítulos vemos que Rute deixa de lado sua dor, sua vida e suas
necessidades para cuidar de sua sogra - idosa e amargurada (2.2)
 Este é o nosso trabalho... deixar nossas dores para cuidar das dores de outras; deixar
nossas necessidades para cuidar das necessidades de outras mulheres...

Indo atrás do sustento Rute encontra o sustentador:

Era época da colheita - ela entra no campo de Boaz que se torna seu protetor (2.11,12)
- o que ela fez sem pensar em recompensa agora é recompensado...

-Deus não abençoa e nem orienta pessoas preguiçosas, que não vão...
Eliezer foi abençoado quando foi buscar a esposa para Isaque (Gn 24.27)
Os serventes em Caná da Galileia só viram a água ser tranfromada em vinho porque
fora, seguiram as ordens de Jesus (Jo 2.8)
A vida cristã, os trabalhos na casa do Senhor não podem ser entendidos como uma
passividade (sentar e esperar as coisas melhorarem, as situações ficarem menos difíceis..)

É preciso fé e trabalho - fé ação debaixo da orientação de Deus - Na rotina do trabalho

(colheita) Rute encontra mais do que esperava:

Ela encontra mais que um protetor - ela ganha um esposo (4.10)

Ela tem um filho dado pelo Senhor - Obede (4.13) que foi o avô de Davi
Ela tem seu nome na genealogia de Jesus (Mt 1.5)

É assim que Deus continua fazendo irmãs:

Não desistamos na caminhada - no tempo certo colheremos
Tenhamos fé em Deus, Ele nos fará prosperar
Trabalhemos no cuidado daqueles (as) que Deus nos confia

Façamos tudo o que nos vier ás mãos... E colheremos o melhor de Deus para nossas
vidas.
- Pois Deus é poderoso para fazer mais do que pedimos ou pensamos (Ef 3.20)
- Por que o trabalho de plantar e regar é nosso, dar crescimento é trabalho de nosso
Deus (I Co 3.7)

E encerro com as palavras do pai das missões modernas William Carey:

“Faça grandes coisas para Deus e espere grandes coisas de Deus”