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AVALIAÇÃO DE SISTEMAS SEPARADORES ÁGUA E ÓLEO DO TRATAMENTO DE


EFLUENTES DE LAVAGEM, ABASTECIMENTO E MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS
AUTOMOTORES

Conference Paper · November 2006

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3 authors, including:

Marcelo Bernardes Secron


Petróleo Brasileiro S.A.
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ASOCIACIÓN INTERAMERICANA DE INGENIERÍA SANITARIA Y
AMBIENTAL - AIDIS

IV-Secron-Brasil-1

AVALIAÇÃO DE SISTEMAS SEPARADORES ÁGUA E ÓLEO DO


TRATAMENTO DE EFLUENTES DE LAVAGEM, ABASTECIMENTO E
MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES.

(1)
Marcelo Bernardes Secron
Mestre em Engenharia Ambiental – PEAMB/UERJ. Engenheiro Civil – Aplicar
Ênfase em Engenharia Sanitária e Ambiental – FEN/UERJ. Engenheiro de
Meio Ambiente da PETROBRÁS, atuando no setor de Engenharia de Foto
Avaliação Ambiental- EAMB.
Gandhi Giordano
D.Sc. Engenharia Metalúrgica e de Materiais PUC/RJ. Engenheiro Químico – FEN/UERJ.
Professor adjunto do Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente (DESMA) e
do PEAMB/UERJ.
Olavo Barbosa Filho
PhD pelo Imperial College (Londres). Engenheiro Químico – FAAP/SP. Professor adjunto do
Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente (DESMA) e do PEAMB/UERJ.

Endereço (1): Avenida Almirante Barroso, 81- 11°A – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil.
CEP: 20031-004 – Tel: (55) 21 3229-2999/ 3229-1280 – Fax: (55) 21 3229-2850- e-Mail:
msecron@petrobras.com.br.

RESUMO

A atual concepção do tratamento e fiscalização de efluentes líquidos gerados em atividades


automotivas (postos de abastecimento, garagens de ônibus, transportadoras de carga e
outros estabelecimentos afins), adotada no Brasil, considera, de forma geral, apenas os
sólidos e os óleos e graxas como poluentes relevantes resultantes das operações de
manutenção, abastecimento, lavagem de veículos e limpeza de peças.
Nesse sentido, dispositivos denominados separadores água e óleo (SAO´s), em conjunto
com caixas de areia, são empregados para a remoção dos sólidos e do óleo livre gerado nas
operações supracitadas. O presente estudo avaliou o afluente e efluente dos SAO´s de treze
diferentes atividades automotivas, através de um protocolo de monitoramento, envolvendo os
parâmetros: MBAS, DQO, óleos e graxas, RNFT, materiais sedimentáveis e pH, em conjunto
com um teste envolvendo águas oleosas (óleo inservível) e detergente em um separador de
placas coalescentes em laboratório.
Os estudos constataram que não são apenas os sólidos e os óleos e graxas que são gerados
no efluente líquido das atividades automotivas. Os inúmeros produtos de limpeza, solventes
e combustíveis empregados, denominados produtos coadjuvantes, não são tratados pelos
SAO´s, apresentando características de emulsificação do óleo presente no efluente
automotivo; reduzindo a eficiência de retenção nos SAO´s; além de possuir um potencial
poluidor em função da presença de carga orgânica e compostos refratários. Esse estudo
propõe-se a fornecer informações para discussão do assunto em âmbito de projeto de
tratamento de efluentes, normativo e de licenciamento ambiental.

PALAVRAS CHAVE
Separadores água e óleo, efluentes automotivos, produtos coadjuvantes,
emulsificação do óleo, atividades automotivas.
INTRODUCÃO

As atividades automotivas se concentram nos postos de serviços, garagens de ônibus,


transportadoras de carga, retíficas de motores, e outros estabelecimentos afins, existentes
em grande número (no Brasil são cerca de 279.000 estabelecimentos de acordo com o censo
do IBGE/2002), despertando assim uma atenção especial, haja vista que são atividades
potencialmente poluidoras, principalmente no que compete à utilização de água, e, por
conseguinte, à geração de efluentes (SEMAPE, 2004).
Os efluentes líquidos das atividades automotivas constituem o principal foco de atenção do
presente estudo. Estes são gerados pelas operações de manutenção, reparo, lavagem,
lubrificação, trocas de fluidos, abastecimento e estacionamento de veículos, mencionadas no
tópico anterior.
De forma indireta, os efluentes também podem ser gerados pelo carreamento dos poluentes
por águas pluviais, principalmente em áreas abertas de estacionamento, ou até mesmo pela
lavagem de pisos em áreas cobertas.
Os principais poluentes envolvidos nas atividades automotivas são os óleos e graxas,
produtos coadjuvantes e as partículas e sólidos.
Os óleos e graxas encontrados no efluente automotivo, podem ter origem na base mineral,
sintética, vegetal e animal, sendo predominante a base mineral. Outro tipo encontrado é o
óleo lubrificante (mineral ou sintético) usado, denominado óleo inservível. Os óleos e graxas
são utilizados com a finalidade de combustão em motores, lubrificação, limpeza de peças
(como o caso dos óleos inservíveis) e também para o polimento de lavagem veicular, como o
caso do óleo de rícino.
Os produtos coadjuvantes compreendem a gama de produtos não oleosos utilizados nas
atividades automotivas, que contribuem, assim como os óleos e graxas, na formação e
composição do efluente final. Dentre estes produtos destacam-se os sabões, detergentes
sintéticos e solventes com poderes desengordurantes, desengraxantes, solubilizantes,
emulsificantes e de polimento, além de combustíveis, corantes, essências e aditivos em geral
utilizados nas operações acima descritas. Os coadjuvantes possuem em sua constituição
compostos orgânicos recalcitrantes.
Os sólidos e partículas presentes nos efluentes automotivos são compostos por substâncias
dissolvidas e em suspensão, de composição orgânica e/ou inorgânica (GIORDANO, 2004).
No que tange às atividades automotivas, esses sólidos podem ser classificados como sílicas,
argilas, fuligem, poeiras em suspensão, metais, fragmentos e outros que possam permanecer
agregados à superfície veicular, seja na carroceria, chassis ou rodas (SEMAPE, 2004).
O dispositivo empregado em larga escala para o tratamento do efluente automotivo é o
separador água e óleo (SAO). O separador água e óleo, Figuras 1 e 2, é um tipo de
equipamento aplicável para a remoção de óleo em estado livre. O princípio de funcionamento
é baseado na separação das fases oleosa e aquosa pela diferença de densidade existente
entre elas (ARIZONA DEPARTMENT,1996).
O equipamento consiste basicamente em uma câmara de sedimentação, onde é retida a
borra oleosa (devendo ser precedido de uma caixa de areia), seguida de uma ou mais
câmaras providas de dispositivos de regulação de fluxo, no intuito de manter o escoamento
em condições de controle, além de dispositivos para coletar o óleo retido. O efluente oleoso
escoa através da(s) câmara(s), onde ocorre a separação e remoção do óleo livre, e de
possíveis sólidos sedimentáveis da fase líquida. As gotículas de óleo coalescem formando
gotículas maiores que ascendem até a superfície, enquanto que os sólidos em conjunto com
o óleo adsorvido sedimentam e se depositam no fundo. Os sólidos sedimentados (borra
oleosa), e camada de óleo (óleo livre), são removidos no processo de limpeza do sistema
(FEEMA/COPPETEC, 2003).
Os tipos básicos de separadores água e óleo encontrados nas atividades automotivas são:

 Separador de placas coalescentes ou coalescing plate (CP);


 Separador convencional (ex: modelo FEEMA) ou spill control .
Figura 1 e 2 – Separador de placas coalescentes e separador convencional.

A principal diferença do separador de placas coalescentes em relação ao convencional é a


presença da placa coalescente. Esta placa funciona como um meio coalescente oleofílico,
isto é, que tem afinidade pelo óleo causando a adesão das gotículas de óleo e sua
consequente coalescência. Alguns exemplos destes materiais são o TEFLON e o
polipropileno. As gotas de óleo aderem à superfície oleofílica e podem grupar-se formando
uma gota de maior diâmetro, separando-se da fase aquosa com mais facididade. Geralmente
o meio coalescente é colocado inclinado aumentando o tempo de subida e, portanto,
permitindo que mais gotas se juntem formando uma gota muito maior. Em contrapartida, os
sólidos também sedimentam com maior facilidade, pois aumentando o tempo de retenção,
estes se separam da água nas placas (FEEMA/COPPETEC, 2003).
Outra diferença importante entre o separador de placas coalescentes e o separador
convencional é que o separador de placas coalescentes, por ser um sistema pré-fabricado,
passa por um controle tecnológico mais rigoroso que o aplicado aos separadores
convencionais. Os separadores de placas coalescentes normalmente, são submetidos a
testes envolvendo um fluxo de água e óleo, conforme metodologia ASTM, em condições de
laboratório. Nesses testes, o limite de lançamento de óleos e graxas estabelecido pela
legislação vigente é observado pelo controle de qualidade (no Brasil e no Estado do Rio de
Janeiro, este limite é de 20mg/L).
Já para os separadores convencionais, de acordo com JESUS (1985), em um estudo de
monitoramento envolvendo água e óleo somente, desenvolvido em diversos
estabelecimentos de lavagem e lubrificação de veículos na cidade do Rio de Janeiro,
principalmente em postos de serviço, foram constatados valores máximos no efluente dos
SAO´s em torno de 100mg/L. Uma vez que para o sistema convencional o controle de
qualidade construtivo não é rigoroso (estes são fabricados em alvenaria, muitas vezes de
forma empírica), e tomando como base o referido estudo de JESUS (1985), pode-se
considerar que os sistemas separadores água e óleo convencionais não apresentam
confiabilidade de remoção de óleos e graxas, em um sistema envolvendo água e óleo
apenas, para concentrações na faixa de até 20mg/L, limite de lançamento hoje adotado no
Brasil. Estes apresentam confiabilidade a partir de concentrações da ordem de 100 mg/L. O
parâmetro óleos e graxas, geralmente, é o único parâmetro solicitado pelos órgãos
fiscalizadores para o monitoramento de SAO´s em atividades automotivas no Brasil.
Contudo, as atividades automotivas não destinam apenas efluentes contendo água e óleo
para os separadores, mas também as águas de lavagem de carroceria, lavagem de motor,
lavagem de piso, limpeza de peças, limpeza de pisos e outros similares. Estas águas
também possuem sólidos e produtos coadjuvantes (detergentes, desengraxantes,
desengordurantes, solventes diversos e combustíveis). Os produtos coadjuvantes além de
serem descartados na rede pública e no meio ambiente sem o devido tratamento (para
mitigar a sua carga poluidora intrínseca, orgânica e recalcitrante), também ajudam a
emulsionar quimicamente o óleo contido no efluente automotivo, durante os processos de
limpeza e lavagem, contribuindo para a formação de uma maior parcela de emulsões
estáveis, que não são retidas pelos SAO´s. O efeito de emulsão química é potencializado
pelas emulsões físicas ocorridas nos processos de lavagem e limpeza (jateamento e fricção,
por exemplo) (USEPA, 1999 e PAXÉUS,1996). A Tabela 1 apresenta alguns tipos de
produtos coadjuvantes encontrados no mercado brasileiro e suas respectivas composições
químicas.
Tabela 1 – Produtos coadjuvantes típicos encontrados no mercado.

TIPO PRODUTO FABRICANTE COMPOSIÇÃO COR pH DILUIÇÃO


Ácidos
Detergente DAVIS inorgânicos,
líquido ácido PRODUTOS inibidores
para limpeza ALUBRITE P SINTÉTICOS E especiais, incolor - 1:5
de ônibus e SERVIÇOS tensoativos e
alumínio LTDA agentes
quelantes
DAVIS
PRODUTOS Sais alcalinos,
Desengraxante
SOLUCLIN 30 SINTÉTICOS E surfactantes e branco 13 1:20
alcalino em pó
SERVIÇOS seqüestrantes
LTDA
Dodecil-
benzenossulfon
ato de sódio,
alcalinizante,
Detergente
coadjuvante,
semi-pastoso
JOHNSON corante,
para a limpeza ORQUIMOL amarelo - 1:40
DIVERSEY espessante,
de carroceria e
perfume,
chassis
preservante,
sequestrante,
tensoativo não
iônico e água
Querosene –
LIMPLUS IND E Hidrocarboneto
solvente
QUEROSENE 0,5 COM DE s alifáticos, Sem
utilizado para incolor -
L PRODUTOS DE naftênicos e diluição
limpeza de
LIMPEZA LTDA aromáticos
peças
Entorno de
Produto em pó
Na2O, SiO2 e 2,5 kg por
utilizado para Metassilicato de
PROSIL Carbonatos. branca - lavagem de
limpezas sódio (SOLUPAN)
Peso 25 kg piso (área
pesadas 2
192m )
METODOLOGIA EMPREGADA

A metodologia para a avaliação dos efluentes automotivos foi baseada na determinação de


parâmetros físico-químicos, levando em consideração critérios técnicos envolvendo a
natureza do efluente, além de questões relacionadas à análise de custo e benefício na
amostragem. Estes parâmetros visaram avaliar a influência, do ponto de vista de impacto
ambiental, dos principais constituintes dos efluentes automotivos levantados: Óleos, sólidos,
detergentes, solventes e combustíveis. Foram considerados os parâmetros seguintes:

 Óleos e Graxas; MBAS, ou Surfactantes; DQO; Sólidos em Suspensão, ou RNFT;


Sólidos Sedimentáveis, ou Materiais Sedimentáveis; pH.

A escolha dos estabelecimentos onde foram monitoradas as atividades automotivas levou em


conta a exeqüibilidade dos procedimentos de coleta e amostragem dos efluentes gerados. Os
estabelecimentos selecionados geram vazões que viabilizam a consolidação de um trabalho,
e, por conseguinte, apresentam aspectos potencialmente poluidores. Foram realizadas
campanhas de monitoramento nas instalações seguintes:

 5 Postos de Abastecimento de Combustíveis; 1 Garagem de Ônibus; 1 Transportadora


de Carga; 1 Lava-Jato; 1 Auto-Center; 3 Concessionárias de Veículos; 1 Retífica de
Motores.

ATIVIDADES E ETAPAS DESENVOLVIDAS

Foi seguido um protocolo de monitoramento dividido em duas etapas: levantamento


preliminar e amostragem de campo. No levantamento preliminar, feito através de questionário
e registro fotográfico, foram avaliadas, nas instalações monitoradas, a forma de trabalho dos
empregados, as diluições e produtos aplicados nos processos envolvidos, a cubagem da
água utilizada (para o caso de mangueiras pressurizadas), e o levantamento de consumo
(para o caso de sistemas tipo rolo, ou rollover). Para os sistemas separadores água e óleo
foram documentados as tipologias, dimensões, tempos de manutenção, aspectos gerais de
conservação e vazões de entrada e saída, em alguns casos em caixas de passagem, através
de cubagem. Após os levantamentos preliminares, passou-se à segunda etapa, ou seja, a
amostragem de campo em si (antes e após os SAO´s), de acordo com um plano pré-
estabelecido para cada empresa e área de estudo. Todas as amostras coletadas no trabalho
de campo foram analisadas por um laboratório credenciado, e identificadas previamente por
uma planilha. A ilustração das atividades e etapas desenvolvidas encontra-se na Figura 3.
Outra atividade desenvolvida, em paralelo ao estudo nos estabelecimentos automotivos, foi a
avaliação do processo de emulsão oleosa, em função da aplicação de um detergente
automotivo em uma caixa separadora de óleo de placas coalescentes, em laboratório, com
um volume de óleo previamente adicionado (10 Litros de óleo em 2000 Litros de água em
circulação (2 reservatórios e caixa separadora)). Nesse caso foram colhidas amostras de
óleos e graxas em 3 momentos distintos (1 hora, 2 horas e 3 horas após a aplicação do
detergente), com observação da presença de óleo no reservatório à jusante, conforme
Figura 4 .
Durante a amostragem nos estabelecimentos automotivos foi observado esse mesmo
aspecto para as demais caixas separadoras de óleo (coalescentes e convencionais), no que
tange à influência dos detergentes e solventes em caixas separadoras contendo lâminas de
óleo no seu interior com a influência direta dos processos de limpezas e lavagens. Para
ambos os casos foram observados os resultados analíticos, entrada e saída dos SAO´s, e
comparados com as observações de campo.
Figura 3 – Seqüência de atividades: lavagem de veículo e peça, coleta do efluente automotivo
nos SAO´s (aspecto “espumoso” e opaco), preservação e envio para laboratório.

Figura 4 – Teste de aplicação de detergente em uma caixa separadora de óleo de placas


coalescentes em laboratório, com coleta do efluente e observação do reservatório de jusante
(presença de pequena mancha de óleo junto a espuma).

RESULTADOS OBTIDOS

As amostragens realizadas nas atividades automotivas estudadas permitiram obter


informações importantes sobre o potencial poluidor do efluente automotivo. A Tabela 2
abaixo consolida os valores máximos (incluindo o valor mínimo para o pH) dos resultados
obtidos na analise dos efluentes automotivos coletados após os SAO´s. Na coluna ao lado os
resultados são confrontados com os valores de referência de lançamento da FEEMA
(Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente), do estado do Rio de Janeiro. A
Tabela 3 consolida os resultados de afluente. Para alguns resultados os valores de efluente
foram maiores que os de afluente em função das condições de contorno locais (efeitos de
concentração, por exemplo), e não possibilidade de realização de medições de afluente, ou
efluente em alguns casos, para o mesmo separador. A Tabela 4 consolida os resultados de
óleos e graxas no teste óleo-detergente na caixa separadora de óleo de placas coalescentes,
indicando que as concentrações ficaram abaixo de 5 mg/L (valor baixo), apesar da pequena
mancha de óleo observada junto à espuma formada.
O consumo de água semanal nas atividades automotivas avaliadas variou de 2.376 L até
116.205 L, principalmente devido ao porte da empresa. As vazões instantâneas aferidas na
saída dos separadores alcançaram o valor máximo de 1,4 L/s. A vazão máxima das
mangueiras pressurizadas foi de 1.200 L/h. Os sistemas rollover apresentaram vazão
máxima de 100 litros por ciclo.
Tabela 2 – Resultados máximos obtidos no efluente dos SAO´s e dos valores de referência para
lançamento.

PARÂMETROS RESULTADOS REFERÊNCIA


Detergentes (MBAS) 142 mg/L 2 mg/L
DQO 3.984 mg/L 250 mg/L
Óleos e graxas 341 mg/L 20 mg/L
RNFT 2.077 mg/L 100 mg/L
Materiais Sedimentáveis 14 mL/L 1mL/L
pH 3,97 e 11,00 5a9
OBS: A Referência de RNFT foi tomada pela DN 10/86 do Estado de Minas Gerais-Brasil.

Tabela 3 – Resultados máximos obtidos no afluente dos SAO´s e dos valores de referência para
lançamento.

PARÂMETROS RESULTADOS REFERÊNCIA


Detergentes (MBAS) 416 mg/L 2 mg/L
DQO 2.291 mg/L 250 mg/L
Óleos e graxas 536 mg/L 20 mg/L
RNFT 1.621 mg/L 100 mg/L
Materiais Sedimentáveis 5 mL/L 1mL/L
pH 4,11 e 8,58 5a9
OBS: A Referência de RNFT foi tomada pela DN 10/86 do Estado de Minas Gerais-Brasil.

Tabela 4 – Resultados máximos obtidos de óleos e graxas no efluente do SAO de placas


coalescentes

PARÂMETROS RESULTADOS REFERÊNCIA


Óleos e graxas (1ªhora) < 5mg/L 20 mg/L
Óleos e graxas (2ªhora) < 5mg/L 20 mg/L
Óleos e graxas (4ªhora) < 5mg/L 20 mg/L

No SAO do estabelecimento denominado posto 4 (posto de abastecimento), ilustrado pela


Figura 2, os resultados obtidos para óleos e graxas na entrada e saída deste SAO não
variaram, alcançando concentrações menores que 5 mg/L. Neste mesmo SAO, as
concentrações de detergentes na entrada e saída foram respectivamente 416 mg/L e 56,1
mg/L. Na mesma Figura 2 observa-se uma lâmina de óleo significativa presente, indicando
que a aplicação de detergente nesse caso não apresentou influência para a emulsão do óleo
retido durante o período de amostragem.
No exemplo da Figura 5, em uma lavagem de piso de posto de abastecimento, verificou-se
uma concentração de óleos e graxas no efluente final de 341mg/L, em função da influência
do processo de lavagem no separador água e óleo do estabelecimento (emulsão física e
química). Não havia uma lâmina de óleo significativa no separador antes da lavagem.Utilizou-
se nesse caso metassicato de sódio para limpeza (Tabela 1). O ph do efluente final alcançou
o patamar de 11 e a DQO 3.984 mg/L. Nesse caso não foi avaliado o afluente do SAO,
devido a uma dificuldade local de coleta.
Figura 5 – Lavagem de piso em posto de abastecimento.

A Figura 6 consolida os resultados de detergentes (MBAS), observados nas atividades


automotivas amostradas. O primeiro resultado da esquerda para direita é o padrão de
lançamento estabelecido pela FEEMA, que é de 2 mg/L. Os demais resultados, quase na sua
totalidade, ficaram acima dos valores de lançamento, onde o valor máximo observado foi de
142 mg/L, constatado na lavagem veicular de uma transportadora de cargas.

FEEMA
VALORES DE DETERGENTES PARA O EFLUENTE POSTO 1
POSTO 1
160 POSTO 3
POSTO 3
140
TRANSPORTADORA
120 GARAGEM
GARAGEM
100
GARAGEM
mg/L

80 REVENDEDORA
CONCESSIONÁRIA 1
60
LAVA-JATO
40 RETÍFICA
AUTO-CENTER
20
POSTO 4
0 POSTO 4
POSTO 5
REFERÊNCIA
CONCESSIONÁRIA 2

Figura 6 – Resultados de detergentes (MBAS) para os efluentes das atividades automotivas.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Tendo em vista a utilização atual de solventes, detergentes e combustíveis para limpeza de


peças e lavagem de veículos, além da forma e dos métodos empregados para limpeza e
lavagem praticados, observa-se que somente o emprego de separadores água e óleo para o
tratamento dos efluentes líquidos automotivos avaliados não é suficiente para enquadrá-los
dentro dos padrões de lançamento, tomando como referência o protocolo de monitoramento
proposto e as operações praticadas nas atividades automotivas.
A influência dos detergentes, solventes e combustíveis presentes no efluente automotivo,
produz uma carga poluidora, especialmente pela presença de matéria orgânica e compostos
recalcitrantes (Tabela 1), que não consegue ser removida satisfatoriamente pelos sistemas
separadores água e óleo (Tabelas 2 e 3 e Figura 6), enquadrando-os fora dos limites de
lançamento, especialmente para os parâmetros DQO, detergentes e pH. As vazões de jato
pressurizado observadas (até 1200 L/h), o consumo de água, e o número de atividades
automotivas no Brasil, retratam um quantitativo significativo de carga poluidora proveniente
dessas atividades, representando impacto ambiental para os corpos receptores, ainda mais
considerando o baixo percentual de municípios assistidos por redes coletoras com tratamento
de esgoto doméstico no Brasil.
Os experimentos realizados e os resultados obtidos neste estudo, mostrados na Tabela 2,
indicam que a influência dos detergentes, solventes e combustíveis nas águas residuárias
oleosas dos efluentes automotivos contribui para uma maior emulsão dos óleos impregnados
nos veículos e peças durante as operações de lavagem, e menor influência para o óleo que
encontra-se já retido nos SAO´s, conforme apresentado nas Figuras 2 e 4 e Tabela 4, sejam
estes aplicados em qualquer tipo de separador. Quando o processo de emulsificação durante
as operações de manutenção, limpeza e lavagem (veículo, peças e piso), seja este físico ou
químico, ou ambos, é bem acentuado (normalmente por uso de jateamento pressurizado,
fricção (uso de estopas ou escovas) e por substâncias químicas (solventes e detergentes)),
visualmente caracterizado por um aspecto leitoso, as eficiências previstas nos testes
aplicando apenas água e óleo não se confirmam, independente da categoria de separador
(convencional ou de placas coalescentes), ilustrado nas Figura 3 e 5.
Os resultados de sólidos em suspensão e sedimentáveis encontrados, observados nas
Tabelas 2 e 3 também foram elevados, em relação aos parâmetros ambientais de
lançamento comparados. Isso indica que as caixas de areia instaladas, e os próprios
separadores água e óleo, de uma forma geral, não estão sendo suficientes para remover os
sólidos, principalmente levando em consideração o efeito do jateamento no carreamento
destes. Esse efeito foi observado em uma maior magnitude para os estabelecimentos aonde
são aplicados o jateamento diretamente, do que nos estabelecimentos aonde prevalece o
sistema de rollover.
Nesse sentido, os separadores água e óleo configurariam uma etapa do tratamento do
efluente automotivo, e não apenas o único tipo de tratamento, verificado neste estudo.
Ademais, poder-se-ia dar preferência ao uso de sistemas SAO de placas coalescentes, que
apresentam melhor controle tecnológico, respeitando as suas necessidades de manutenção.
A criação de centros de lavagem veicular, dotados de sistemas de tratamento de efluentes,
devidamente licenciados, constitui uma proposta para a solução dos problemas de não
conformidade descritos. A não utilização de solventes e detergentes nas lavagens e limpezas
automotivas, em empresas com poucos recursos, sendo estes procedimentos feitos com
água somente, poderia viabilizar o uso correto dos SAO´s, desde que devidamente
projetados e mantidos.
Outra medida para mitigar a influência do processo de emulsificação do óleo e carreamento
de sólidos seria um maior controle das pressões de jateamento durante as lavagens e
limpezas de peças, veículos e pisos.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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3) BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução n° 357, de
17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação das águas doces, salobras e salinas, em
todo o território nacional, bem como determina os padrões de lançamento.
4) FEEMA. FUNDAÇÃO ESTADUAL DE ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE. NT 202 –R10,
de 12 de dezembro de 1986. Critérios e padrões para lançamento de efluentes líquidos. DZ
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Ambientais Fase II. Modulo 8: Controle de Efluentes Líquidos em Atividades Potencialmente
Poluidoras de Pequeno Porte. Rio de Janeiro, 2003.
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Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente/UERJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
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7) IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Cadastro Central de
Empresas. Rio de Janeiro, 2002.
8) JESUS, Odair P.; CASTRO, Jorge A. Regal. “Avaliação da Eficiência de Sistemas
Separadores de Óleo para Efluentes Provenientes da Lavagem e Lubrificação de Veículos”.
In: Anais do Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 13., v.2, p.247,
Maceió, AL, agosto de 1985.
9) MINAS GERAIS. CONSELHO DE POLÍTICA AMBIENTAL (COPAM). Deliberação Normativa
n° 10, de 16 de dezembro de 1986. Estabelece normas e padrões para qualidade das águas,
lançamento de efluentes nas coleções de água e dá outras providencias.
10) PAXÉUS, Niclas. Vehicle Washing as a Source of Organic Pollutants in Municipal
Wastewater. Göteborg, Sweden, 1996.8p.
11) PREFEITURA MUNICIPAL DE DUQUE DE CAXIAS. SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO
AMBIENTE E PROJETOS ESPECIAIS (SEMAPE). Cadastro Municipal de Atividades
Potencialmente Poluidoras. Ano base 2004.
12) SECRON, Marcelo B. Avaliação de Sistemas Separadores Água e Óleo do Tratamento de
Efluentes de Lavagem, Abastecimento e Manutenção de Veículos Automotores. Dissertação
de M.Sc. UERJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2006.
13) USEPA. UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Oil/Water
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