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CABO
2017
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3
ABREVIAÇÕES
BJ – Bíblia de Jerusalém.
1
A presente exegese toma por base a 4ª edição revisada do texto editado e publicado pela UBS, e, que é
reproduzido no NA27.
4
SUMÁRIO
Texto Grego ~H me.n ou=n evkklhsi,a kaqV o[lhj th/j VIoudai,aj kai. Galilai,aj
UBS/NA272 kai. Samarei,aj ei=cen eivrh,nhn oivkodomoume,nh kai. poreuome,nh
tw/| fo,bw| tou/ kuri,ou kai. th/| paraklh,sei tou/ a`gi,ou pneu,matoj
evplhqu,netoÅ
Texto Português ARA A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galileia e
Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e,
no conforto do Espírito Santo, crescia em número.
Texto Ai` me.n ou=n evkklhsi,ai kaqV o[lhj th/j VIoudai,aj kai. Galilai,aj
Receptus/Majoritário3 kai. Samarei,aj ei=con eivrh,nhn oivkodomou,menai( kai.
poreuo,menai tw/| fo,bw| tou/ kuri,ou kai. th/| paraklh,sei tou/
a`gi,ou pneu,matoj evplhqu,nontoÅ
Texto Português ACF Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galileia e Samaria
tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando
no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo.
2
Esse texto toma como pressuposto a metodologia desenvolvida por Westcott e Hort, eminentes eruditos do
século XIX na área da crítica textual do NT. Nele predomina o emprego dos manuscritos mais antigos.
3
Esse texto respalda-se no testemunho dos manuscritos bizantinos. Ou seja, nos manuscritos que circularam em
grande medida a partir do VII d.C.
6
Assim, a Igreja por toda a Judeia e Galileia e Samaria tinha paz, sendo edificada e
andando no temor do Senhor, e, na consolação do Santo Espírito, era aumentada.
4
A presente tradução foi empreendida por meio de três fontes: o recurso eletrônico Biblework7, Dicionários da
língua grega, e o Novo Testamento Interlinear do Dr. Wilson Scholz.
7
TÍTULO DO LIVRO:
O título “Atos dos Apóstolos” foi utilizado pela primeira vez em um documento do II
século intitulado “Prólogo Antimarcionita” e em Santo Irineu.5 Escritores e documentos do II
e III séculos tais como Tertuliano e o Cânon Muratoriano, o intitulavam de: “O Memorando
de Lucas” e “Os Atos de Todos os Apóstolos”.6 Manuscritos do IV século, tais como: o
Códice Sinaítico ( )ﬡe o Códice do Vaticano (B) trazem esse título.7
AUTOR:
Tanto o evangelho de Lucas quanto o livro de Atos são anônimos, no estrito sentido da
palavra.8 No entanto, tanto as evidências internas do livro, quanto o testemunho da Tradição
da Igreja apontam para Lucas (o médico) como o autor tanto do evangelho que leva o seu
nome, quanto do livro de Atos.9 Gundry assentindo com essa informação, chega a dizer que
“de acordo com a tradição da Igreja primitiva, Lucas foi o autor do livro de Atos. Assim
sendo, esse livro é a sequência do evangelho de Lucas”.10 Em relação às evidências internas, o
uso do plural “nós” em At 16:10-17; 20:5-21:18; 27:1-28:16 parece apontar que Lucas esteve
presente em alguns dos acontecimentos narrados nas passagens em apreço.11 Embora Papias
nada tenha dito com relação a autoria lucana do evangelho e de Atos, em relação ao
argumento com base na Tradição, é possível citar como apoio: o Cânon Muratotiano, Irineu, o
Prólogo Antimarcionita, Clemente de Alexandria, Tertuliano e Eusébio.12 Objeções quanto à
autoria lucana tanto do evangelho quanto do livro de Atos só surgiram com o surgimento do
criticismo bíblico no final do século XVIII.13
5
CARSON, D.A.; MOO, Douglas Jr.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova,
1997, p.203.
6
Ibidem, p.203.
7
HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1983, p.125. Na
mesma página, Hale diz que Lucas provavelmente escreveu o texto sem He conferir um título, e que o mesmo foi
posto posteriormente.
8
CARSON; MOO; MORRIS, 1997, p.208.
9
BRUCE, F.F. Merece Confiança o Novo testamento? 3ª ed. rev. São Paulo: Vida Nova, 2010, p.105.
10
GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1998, p237.
11
BRUCE, 2010, p.116.; GUNDRY, 1998, p.237.; CARSON, MOO, MORRIS, 1997, p.209.
12
CARSON; MOO; MORRIS, 1997, p.209-10.
13
Ibidem, p.210.
8
DATA:
Algumas datas têm sido sugeridas: 70 d.C.,14 70-85 d.C.,15 80-95 d.C., 115-130 d.C.16
Entretanto, nenhuma dessas datas fazem jus a natureza e fluxo dos eventos descritos no livro.
Embora não haja consenso entre os eruditos, boa parte deles apontam para uma data entre 61-
64 d.C.17
DESTINATÁRIO/PROPÓSITO:
A luz de Lc 1:3 e At 1:1 é possível identificar Teófilo, a quem Lucas se refere pelo
título de “excelentíssimo” como o destinatário imediato. Nada se sabe ao certo sobre a pessoa
de Teófilo. A luz de At 23:26, 24:2 e 26:25, textos nos quais Feliz e Festo também são
chamados pelo título honroso de “excelentíssimo” que Teófilo muito provavelmente exercia
uma alta patente no Império romano. A luz de Lc 1:3-4 e At 1:1 é possível afirmar que em
relação a Teófilo, Lucas desejava informá-lo acerca da vida e obra do Senhor Jesus Cristo.
Quanto a essas informações, Lucas as qualifica (em relação a Teófilo) como as verdades em
que Teófilo foi instruído18 (Lc 1:4). Tomando por base esse conhecimento prévio de Teófilo,
Gerhard Höster afirma em relação ao evangelho de Lucas, (fato que pode ser aplicado
também a Atos): “É possível também que ele quisesse se engajar na propagação desse livro
entre os grupos que conheciam a fé cristã. Sendo assim, o livro não seria endereçado somente
a um homem, mas a esse grupo de leitores”.19
Entretanto, é possível que Lucas não tivesse em mente que apenas Teófilo fosse
beneficiado com a escrita de seus livros.20 Certamente ele tinha um público maior. Quanto ao
propósito, Gundry diz: “O propósito do evangelho de Lucas foi o de narrar a vida de Jesus,
com ênfase sobre a sua certeza histórica. Já o propósito central do livro de Atos foi o de traçar
o triunfal progresso do Evangelho, a partir de Jerusalém, onde teve início, até Roma, a capital
do Império. Assim sendo, Atos é uma história seletiva e não compreensiva da Igreja
14
Hale sugere uma data entre 66-70 d.C. Ver in: HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1983, p.130.
15
CHAMPLIN, Russell, Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo. São Paulo:
Hagnus, 2002, p.5.
16
CARSON, D.A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo testamento. São Paulo: Vida Nova,
1997, p.215-216.
17
Ibidem, p.215; GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1998,
p.240; Bíblia de Genebra. São Paulo: Cultura Cristã; Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009, p.1417.
HÖSTER, Gerhard. Introdução e Síntese do Novo Testamento. Curitiba: Edições Evangélicas Esperança, 2008,
p.75.
18
CARSON; MOO; MORRIS, 1997, p.221.
19
HÖSTER, 2008, p.49.
20
CARSON; MOO; MORRIS, 1997, p.220.
9
primitiva”.21 Höster ainda afirma: “O objetivo principal de Atos é mostrar como a mensagem
de Jesus Cristo se tornou a boa notícia para todos os povos”.22
GÊNERO:
Nas palavras do professor Stéfano Alves,23 “os livros de Lucas/Atos são uma
epopéia”.24 Em favor desta compreensão, é possível recordar que quanto à expressão πραξεις,
no mundo antigo ela remetia a um gênero/subgênero caracterizado pela descrição de grandes
feitos de um povo ou de cidades.25 Alguns estudiosos situam Atos na categoria de
“História”.26 Como peça historiográfica, Atos combina “apanhados resumidos com extensas
descrições e inserções biográficas na forma de discurso”.27 Em suma, o livro de Atos pode ser
descrito como um livro de narrativas. Em relação à técnica literária empregada por Lucas e
sua semelhança com os escritos gregos clássicos (fato evidenciado pelos prólogos de
Lucas/Atos), Gundry apresenta um trecho escrito por Tucídides comprovando tal
semelhança.28
LOCAL DA ESCRITA:
Vários lugares poderiam ser sugeridos: Roma, Ásia Menor, Macedônia, Antioquia,29
Grécia.30 Nenhum deles, porém conclusivo. Höster compartilha do mesmo ponto de vista ao
dizer que não há “dados concretos a disposição”.31
FONTES:
21
GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1998, p.240.
22
HÖSTER, Gerhard. Introdução e Síntese do Novo Testamento. Curitiba: Edições Evangélicas Esperança,
2008, p.71.
23
O Rev. Stéfano Alves é docente do Seminário Presbiteriano do Norte. Nessa instituição, ele leciona disciplinas
na área de grego, exegese do Novo Testamento, e língua portuguesa. Além de possuir um Mestrado em literatura
Greco-latina, está concluindo seu doutorado na mesma área.
24
Afirmação feita tanto e sala de aula quanto no sermão pregado por ocasião da formatura da turma de
convalidação.
25
CARSON, D.A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Introdução ao Novo testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997,
p.203.
26
Ibidem, p.219. Bruce exalta Lucas como historiador a ponto de colocá-lo acima de Eusébio n tocante ao ofício,
e conclui: “Depois de Lucas não surge nenhum a quem se possa realmente outorgar o título de historiador da
igreja cristã, nem mesmo Eusébio”. Ver In: BRUCE, F.F. Merece Confiança o Novo testamento? 3ª ed. São
Paulo: Vida Nova, 2010, p.106.
27
VIELHAUER, Philipp. História da Literatura Cristã Primitiva. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo:
Editora Academia Cristã Ltda, 2012, p.429.
28
GUNDRY, 2011, p.373.
29
Champlim diz que alguns eruditos sugerem a cidade de Antioquia. In: CHAMPLIN, Russell, Norman. O Novo
Testamento Interpretado Versículo Por Versículo. 1ª Ed. São Paulo: Hagnus, 2002, p.6.
30
VIELHAUER, 2012, p.436. Na mesma página Vielhauer afirma que a pergunta acerca do lugar da redação “é
insolúvel”.
31
HÖSTER, 2008, p.69.
10
O evangelho de Lucas e Atos formam por assim dizer dois volumes de uma única obra,
sendo o evangelho o primeiro, e o livro de Atos o segundo.32 Nesse sentido, ao dividir o livro
em: At 1-12 e 13-28 faz-se necessário pressupor que Lucas tenha se valido de multiformes
fontes de informação. No tocante ao seu evangelho, de acordo com Lc 1:1-2 muitos já haviam
empreendido uma narração dos fatos envolvendo Jesus e os primórdios do movimento que se
formou em torno dele. Interessante para o presente propósito é observar o uso que Lucas faz
das expressões “testemunhas” e “ministros da Palavra”, uma alusão aos apóstolos e alguns
outros (Maria, os irmãos de Jesus, Matias etc) que conviveram com o Senhor.33 Se for
possível determinar que Lucas é posterior a Marcos, então, é possível aventar a hipótese de
que ele tenha se valido desse documento. Em relação ao livro de Atos, é possível afirmar que
ele tenha se valido de suas memórias (já em que vários trechos ele usa o plural “nós” se
incluindo os fatos), de Paulo, dos irmãos de Antioquia da Síria, bem como de Silas, Timóteo,
Filipe.34 Há ainda quem mencione fontes orais como possibilidade.35
TEXTO:
O evangelho de Lucas, o livro de Atos e a epístola aos Hebreus possuem o grego mais
culto do Novo testamento.36 No caso de Lucas/Atos é possível identificar nas entrelinhas a
marca da cultura semita,37 bem como da Septuaginta.38 Em termos manuscritológicos, Atos
tem sido alvo de vários debates. A razão é que o texto grego desse livro tem sido
documentado de duas maneiras. A primeira é representada pelos Unciais/Maiúsculos Sinaítico
( )ﬡe Vaticano (B) que tem servido de base para as edições modernas do texto grego e das
traduções que adotam esse texto.39 A segunda é representada pelo Uncial/Maiúsculo Beza
(D)40 nas versões latina e siríaca, e também é citado pelos Pais da Igreja Irineu e
32
TENNEY, Merril C. O Novo testamento Sua Origem e Análise. São Paulo: Shedd Publicações, 2008, p.243-
244.
33
HENDRIKSEN, Wiliam. Comentário do Novo Testamento: Lucas. São Paulo: Cultura Cristã, 2203, P.85
34
GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998, p.238.
35
HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1983, p.130.
Bruce menciona tanto fontes consultadas quanto os dados da própria memória de Lucas. In: BRUCE, F.F.
Merece Confiança o Novo testamento? 3ª ed. rev. São Paulo: Vida Nova, 2010, p.106.
36
GUNDRY, 1998, p.238. Em conversa particular com este que escreve, o eminente erudito Humberto Gomes
de Freitas afirmou que o grego utilizado por Lucas, aproxima-se muito do Ático. Isso reflete o elevado grau
cultural de Lucas.
37
Ibidem, p.238.
38
Ibidem, p.238.
39
CARSON, D.A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo testamento. São Paulo: Vida Nova,
1997, p.227. Höster ainda acrescenta que a primeira forma é suportada: pelo Códice Alexandrino (A), pelo
Códice Efraimita (C), bem como pelos papiros Bodmer P 74 e P75. In: HÖSTER, Gerhard. Introdução e Síntese do
Novo Testamento. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2008, p.72.
40
CARSON; MOO; MORRIS.1997, p.227.
11
FINAL:
O término é abrupto. O livro finda com a prisão de Paulo em Roma. Após ser preso,
Paulo aguardou dois anos para ser julgado por César. Várias razões tem sido sugeridas para
esse final abrupto. Gundry lista seis sugestões:
a) Uma vez que Lucas escreveu até o momento dois volumes, talvez desejasse escrever um
terceiro.
b) Talvez Lucas tenha chegado o final do rolo de pairo.
c) Uma catástrofe pessoal pode ter sobrevindo sobre Lucas, e este ficou impossibilitado de
prosseguir em seu registro.
d) Talvez At 20:225 e 21:4,10-14 sejam o suficiente para mostrar que Paulo foi martirizado
em Roma.
e) Talvez Lucas já tivesse alcançado seu propósito de mostrar o progresso do Cristianismo
desde sua origem (Jerusalém) até sua chegada a capital do Império (Roma).
f) Lucas narrou os ventos até onde eles haviam ocorrido.44 Gundry manifesta sua opinião
pessoal esposando esta última sugestão. Ele ainda conclui: “Em sentido teológico, o final
abrupto do livro de Atos sugere que a tarefa da evangelização mundial estava incompleta. O
que a Igreja primitiva começou, pois, compete a nós terminar”.45
MENSAGEM/TEMA:
A promessa no tocante a descida do Espírito Santo (fato que se cumpriu no Pentecoste),
e a ordem de testemunhar acerca de Jesus nas seguintes regiões: Jerusalém, Judéia, Samaria e
o mundo.46
41
HÖSTER, Gerhard. Introdução e Síntese do Novo Testamento. Curitiba: Edições Evangélicas Esperança,
2008, p.72.
42
Ibidem, p.72.
43
CARSON, D.A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo testamento. São Paulo: Vida Nova,
1997, p.228.
44
GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. 4ª Ed. rev. ampl. São Paulo: Vida Nova, 2011, p.376.
45
Ibidem, p.376.
46
KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Exposição de Atos dos Apóstolos. Vol. 1. São
Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 80.
12
ESBOÇO:
Aqui, é possível sugerir três esboços: um dividindo o livro em duas partes, um tomando
por base o texto de At 1:8, e um detalhando o livro:
c) Esboço detalhado
I. Prefácio 1:1-3.
II. O dom do Espírito Santo 1:4-6.
III. A ascensão e o trabalho a ser feito na terra 1:6-11.
47
TENNEY, Merril C. O Novo testamento Sua Origem e Análise. São Paulo: Shedd Publicações, 2008, p.244.
13
ANÁLISE MORFOLÓGICA/TRADUÇÃO
48
Em outros contextos, essa partícula pode ser traduzida por: antes, mas antes, antes pelo contrário. Ver in:
TAYLOR, W.C. Dicionário do Novo Testamento Grego. 10ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 2001, p.133
49
MOULTON, Harold K. Léxico Grego Analítico. São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p.306.
50
Ibidem, p.217.
14
Verbo indicativo
ei=cen imperfeito ativo 3ª pessoa tinha
singular.
Substantivo acusativo
eivrh,nhn paz
feminino singular.
Verbo particípio presente
oivkodomoume,nh passivo nominativo sendo edificada
feminino singular.
kai. Conjunção E
Verbo particípio presente
poreuome,nh nominativo feminino andando
singular.
Artigo definido
tw/| dativo/locativo no
masculino singular
Substantivo dativo
fo,bw| temor
masculino singular
Artigo definido genitivo
tou/ do
masculino singular
Substantivo genitivo
kuri,ou Senhor
masculino singular
kai. Conjunção E
Artigo definido
th/| dativo/locativo feminino na
singular
Substantivo dativo
paraklh,sei consolação
feminino
Artigo definido genitivo
tou/ do
neutro singular
Adjetivo genitivo neutro
a`gi,ou Santo
singular
Substantivo genitivo
pneu,matoj Espírito
neutro singular
15
Verbo indicativo
evplhqu,neto
imperfeito passivo 3ª era aumentada
pessoa singular
16
ANÁLISE SINTÁTICA
DELIMITAÇÃO DA PERÍCOPE
O presente texto (At 9:31)51 é uma perícope independente. Uma leitura atenta de 9:26-
30, 9:31 e 9.32-35 demonstra que o narrador (Lucas) opera uma mudança em relação as
cenas, aos assuntos e a ênfases nos personagens.
A cena descrita em 9:26-30 ocorre nas cidades de Jerusalém, Cesaréia e Tarso. Já a cena
descrita em At 9:32-35 ocorreu em Lida e Sarona. At 9:31 por outro lado situa a cena em:
Judéia, Galiléia e Samaria.
O assunto de 9:26-30 é a chegada do recém-convertido Saulo, o temor dos discípulos,
sua aproximação dos apóstolos por meio de Barnabé, e a pregação do mesmo. O assunto de
9:32-35 diz respeito a cura de Eneias e algumas conversões daqueles que observaram tamanho
milagre. Já o assunto de 9:31 é a paz, a edificação e o crescimento das Igrejas na Judéia,
Galiléia e Samaria.
Enquanto que em 9:26-30 tem destaque a figura de Saulo, em 9:32-35 a figura de
destaque Pedro. Já em 9:31, o destaque recai sobre a igreja da Judéia, Galiléia e Samaria.
Abruptamente Lucas desloca sua narrativa da pregação de Saulo em Jerusalém, e sua viagem
a Cesaréia e Tarso (9:26-30), para o crescimento e a paz da Igreja de Jerusalém (9:31). A
seguir, rompendo com o texto anterior, Lucas já narra Pedro curando Eneias (9:32-35).
Ou seja, no bloco que compõe 9:26-30/31/32-35 são narradas três cenas completamente
distintas entre si. Isso demonstra que 9:31 é uma perícope completa e independente.
51
Até que outra versão seja mencionada, as citações e consultas foram empreendidas a partir da ARA (Almeida
Revista e Atualizada), 2ª Ed.1993.
18
ANÁLISE DE VERSÕES
ARA- A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e
caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número.
ARC- Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria tinham paz e eram
edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito
Santo.
ACF- Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz, e eram
edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo.
BJ- Entretanto, as igrejas gozavam de paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Elas se
edificavam e andavam no temor do Senhor, repletas de consolação do Espírito Santo.
ASV- So the church throughout all Judaea and Galilee and Samaria had peace, being edified;
and, walking in the fear of the Lord and in the comfort of the Holy Spirit, was multiplied.
NAS- So the church throughout all Judea and Galilee and Samaria enjoyed peace, being built
up; and, going on in the fear of the Lord and in the comfort of the Holy Spirit, it continued to
increase.
R60- Enton ceslas Iglesias tenían paz por toda Judea, Galilea y Samaria; y eran edificadas,
andando en el temor Del Señor, y se acrecentaban fortalecidas por el Espíritu Santo.
Observações:
a) Apenas a ARA introduz a fórmula “na verdade”. Nenhuma das demais versões a
introduzem. Até porque, ela não aparece no texto grego.
b) As versões ARA, ASV e NAS seguindo o texto da UBS 4ª edição traduzem o termo Igreja
no singular. Já as versões ARC, ACF, BJ e R60 seguindo o texto bizantino traduzem o termo
Igreja no plural.
Igreja. A versão NAS traduz o termo por “sendo construída”. E as versões: ARC, ACF, ASV
e R60 traduzem a expressão como “sendo edificada”. As duas últimas opções deslocam da
Igreja a capacidade ou o poder de se auto edificar.
d) A BJ não traduz o termo evplhqu,neto que pode ser traduzido como “era aumentada”, em
alusão ao crescimento numérico da Igreja.
e) A ARA traduz o termo paraklh,sei como “conforto”. As versões ARC, ACF, BJ, NAS
traduzem por “consolação”. E a ASV por “consolo”.
20
UBS/NA27 RECEPTUS/MAJORITÁRIO
~H me.n ou=n evkklhsi,a kaqV o[lhj th/j Ai` me.n ou=n evkklhsi,ai kaqV o[lhj th/j
VIoudai,aj kai. Galilai,aj kai. Samarei,aj VIoudai,aj kai. Galilai,aj kai. Samarei,aj
ei=cen eivrh,nhn oivkodomoume,nh kai. ei=con eivrh,nhn oivkodomou,menai( kai.
poreuome,nh tw/| fo,bw| tou/ kuri,ou kai. th/| poreuo,menai tw/| fo,bw| tou/ kuri,ou kai. th/|
paraklh,sei tou/ a`gi,ou pneu,matoj paraklh,sei tou/ a`gi,ou pneu,matoj
evplhqu,netoÅ evplhqu,nontoÅ
OBSERVAÇÕES:
a) O texto Crítico inicia o V.31 utilizando o artigo “~H” no singular ao aludir a paz desfrutada
pela Igreja de modo geral. Já o texto Receptus/Majoritário tomando por base as Igrejas
aludidas no texto (Judeia, Galileia e Samaria) e inicia utilizando o artigo “Ai`” no plural.
Nesse sentido, o texto crítico toma por base a unidade e a catolicidade da Igreja primitiva.
c) Mais uma vez, o uso do singular “ei=cen” retoma o uso singular de ~H e evkklhsi,a. Já o uso
do plural ei=con retoma o uso singular de Ai e evkklhsi,ai.
e) Tanto poreuome,nh quanto poreuo,menai indicam uma única e mesma coisa: a(s) Igreja(s)
era(m) edificada(s) ao caminhar no/pelo temor do Senhor.
f) Aqui mais uma vez verifica-se o uso do singular evplhqu,neto no texto Crítico, e do plural
evplhqu,nonto no texto Receptus/Majoritário. Ambos (cada qual a seu modo) retomam o início
do verso, valendo-se da opção manuscritológica adotada. Aqui mais uma vez, a diferença é
apenas no uso destoante entre singular e plural.
21
ANÁLISE LÉXICA52
a) evkklhsi,a (Igreja) - Esse termo pode ser traduzido como: Assembleia, congregação,
reunião, Igreja, igreja ou congregação cristã.53 Essa palavra possui uma longa história que
inicia no grego clássico, passando pela Septuaginta (LXX), por fim chegando ao Novo
Testamento.
52
A presente análise léxica se ampara nas seguintes obras: COENEN, Lothar, e BROWN, Colin. Dicionário
Internacional de Teologia do Novo Testamento. Vol.1. 12ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2000; RUSCONI, Carlo.
Dicionário do Grego do Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Paulus, 2005. TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo
Testamento Grego. Rio de Janeiro: JUERP, 2001; GINGRISH, F. Wilbur, DANKER, Frederick W. Léxico do
NT Grego/Português. 1ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1984.
53
Este último sentido pode ser encontrado in: GINGRISH, F. Wilbur, DANKER, Frederick W. Léxico do NT
Grego/Português. 1ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1984, p.67.
54
SCHALKWIJK, Francisco Leonardo. Coinê. Pequena Gramática do Grego Neotestamentário. 10ª ed. rev.
Patrocínio: CEIBEL,2011, p.17.
55
Ibidem, p.91.
22
de culto era: qiasoj (assembleia cúltica para adorar os deuses). Essa palavra não
entrou na LXX, nem no NT.
evkklhsi,a na Septuaginta - Nessa versão, o termo evkklhsi,a ocorre cerca de 100 vezes,
22 das quais nos livros apócrifos. Dessas 100 aparições, 3 não encontram equivalente
no hebraico. O equivalente hebraico de evkklhsi,a é: qahal. Entretanto, qahalàs vezes é
traduzida como sinagoga e não como evkklhsi,a. Isso ocorre por exemplo em Gn, Lv e
Nm. É importante observar que qahal advém de qôl (voz), o que implica em uma
convocação para uma assembleia (para reunir-se). Algumas formas verbais
relacionadas a esse termo aparecem no AT tanto no Hifil quanto Niphal com o sentido
de: convocar uma assembleia ou reunir-se. Onde a LXX traduz o hebraico qahal, o
sentido é de: assembleia do povo ou assembleia jurídica, corpo político. Em Crônicas
é usado para designar a assembleia do povo para adoração. Cunrã também concorda
com a tradução encontrada n grego clássico (convocar um exército), mas também o
sentido também encontrado na LXX (santa congregação/congregação dos seus
eleitos).
reúne nos lares. Em At 20:28 é dito a quem essa comunidade pertence: “à Igreja de
Deus”. Uma das características marcantes dessa comunidade é sua unidade (At 2:42-
47). No evangelho de João e em suas epístolas evkklhsi,a não parece. No Apocalipse
evkklhsi,a aparece como congregação. Também nesse livro, o caráter local é salientado
(cap. 2-3). Em Hebreus e Tiago, é usada como sinônimo de “Synagoge”. Ou seja, uma
congregação local com objetivos cúlticos.
b) eivrh,nh (Paz) - Esse termo pode ser traduzido como: paz, segurança, ordem,56 concórdia,
felicidade, isenção de ódio e estragos de guerra.
eivrh,nh nos Pseudepígrafos - Nesses escritos, eivrh,nh denota a salvação que pode
incluir a cessação da guerra. Aparece também como sustação (interrupção) do
julgamento, com o sentido de compaixão. Josefo segue o uso veterotestamentário. Filo
por outro lado utiliza o termo para designar “paz de espírito”, embora não desassocie
da paz externa. Filo (sob a influência da Filosofia grega) também usa eivrh,nh enquanto
paz interior para descrever a vitória sobre a tentação e a concupiscência.
56
RUSCONI, Carlo. Dicionário do Grego do Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Paulus, 2005, p.150.
24
c) fo,boj| (Temor) - Esse termo pode ser traduzido como: temor, terror, atemorização, medo,
alarme, susto, reverência, respeito, temor respeitoso.
fo,boj| no grego clássico - No grego clássico, fo,boj| literalmente designa: pânico, susto,
medo, temor, reverência. No grego miceneano, designa também “temor dos
deuses/temor santo”.
d) kuri,oj (Senhor) - Esse termo pode ser traduzido como: senhor, “Senhor”, amo, dono,
patrão, possuidor, proprietário.
kuri,oj no grego Clássico - Desde Píndaro enquanto adj. aparece como: poderoso,
autoritativo. Sob a forma to kuri,oj: poder, força. Enquanto substantivo. Pode ser
traduzido como: senhor, soberano, quem tem controle. Invariavelmente, tem o sentido
de legalidade e autoridade. É possível empregar kuri,oj pareado com despothj. Este
último designa alguém que é “dono” (às vezes associado a arbitrariedades). Mais
tarde, pessoas dotadas de autoridade eram tratadas por esse título. Tal influência se fez
sentir no Heb. do Talmude, da Midrash e no Aramaico. No período clássico mais
antigo kuri,oj não era empregado como título divino. Esse termo só passou a ser usado
com referência aos deuses no I século a.C. Augusto foi chamado de qeo.j kai. Ku.rioj
(deus e senhor). Mais tarde, Calígula, Nero e Domiciano também buscaram tal
tratamento. Altos oficiais também podiam ser tratados por esse título. Era empregado
geralmente com algum sufixo pronominal que designasse posse (meu, minha).
kuri,oj na literatura judaica pós-AT - Nesse período, kuri,oj aparece como termo
para referir-se a Deus pela primeira vez Sabedoria (cerca de 27 vezes). Mais tarde,
Filo e Josefo fizeram tal emprego com frequência. Filo transpõe o Tetragama por qeo.j
e não por kuri,oj. Ao utilizar qeo.j, Filo tem em mente salientar o poder gracioso de
Deus, enquanto que ao usar kuri,oj, salientar o poder soberano de Deus. Paralelos
egípcios e sírios também evidenciam que o uso de kuri,oj para representar o
Tetragrama provém de influências extra judaicas.
de Cristo como Senhor é uma obra do Espírito Santo. Ou seja, o Espírito Santo é o
Espírito do Senhor. Também cabe recordar que a eucaristhia é lembrada como a ceia
do Senhor. A Parousía é descrita como o “Dia do Senhor”. Ou seja, no NT, a figura
de Cristo enquanto Senhor toma vários contornos e desdobramentos.
28
ANÁLISE MANUSCRITOLÓGICA
OBSERVAÇÕES:
a) Uma rápida leitura da primeira variante é suficiente para justificar a opção dos editores
da UBS/NA27. Logo no início, os editores colocaram entre as chaves { } a letra A.
Essas chaves ao incluírem uma letra (e.g. “A” como é o caso da variante em apreço),
indicam o grau relativo de certeza para a leitura adotada no texto.57 Em relação à letra
“A”, sua inserção no aparato indica que perante a comissão aquela variante (indicada
57
O Novo Testamento Grego. 4ª ed. revisada. Sociedade Bíblica do Brasil, 2008, xxxviii; WEGNER, Uwe. 4ª ed.
Exegese do Novo testamento. Manual de Metodologia. São Leopoldo: Sinodal/Paulus, 1998, p.61.
29
por ela) é a variante correta, ou o texto certo. Há de se observar também que a maioria
esmagadora de testemunhas arroladas pela comissão da UBS/NA27 remete aos textos
de tradição alexandrina, o que é coerente com a metodologia adotada pela mesma.
Inclusive, os cinco primeiros são fundamentais para a comissão. São eles: P 74 ou
papiro Bodmer (hoje em poder do Vaticano ao lado do P75), o Códice Sinaítico, o
Códice Alexandrino, o Códice do Vaticano, e o Códice Efraimita, os
Unciais/Maiúsculos (36 81 181 307 453 610 945 1175 1678 1739 1891), o Lecionário
1178, a Itala (manuscritos antigos Latinos e seus respectivos manuscritos)58, a
Vulgata, a Siríaca Peshita,59 Copta (Saídica, Boarítica, Faiúmica, Médio-Egito),
Armênia, Etíope, e o Pseudo-Dionísio. Boa parte deles foram escritos no Egito.60
58
O Novo Testamento Grego. 4ª ed. Barueri – SP: Sociedade Bíblia do Brasil, xxvi-xxvii.
59
Quando um manuscrito é colocado entre parêntesis, isto indica que sua leitura apresenta pequenas
divergências ou alterações no tocante à variante ou texto que está sendo estudado. Ver: WEGNER, Uwe.
Exegese do Novo Testamento. Manual de Metodologia. 4ª ed. São Leopoldo: Sinodal/Paulus, 1998, p.50.
60
Para maiores informações consultar: ALAND, Kurt e ALAND, Bárbara. O Texto do Novo Testamento.
Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013, p.107, 116-118; PAROSCHI, Wilson. Origem e Transmissão do
Texto do Novo Testamento. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012, p.46, 48-52.
61
Uma excelente defesa da metodologia majoritária pode ser encontrada em: ANGALDA, Paulo R.
Manuscritologia do Novo Testamento. Ananindeua: Knox Publicações, 2014.
30
c) kuri,ou - Por mais uma vez, o aparato faz a mesma assertiva. As seguintes versões
atestam essa assertiva: TR, AD, M, (Seg), FC, (Lu), NJB, TOB e REB.
d) evplhqu,neto - No tocante a esse termo, o aparato sugere que o mesmo opera uma
separação de parágrafo. Nas seguintes versões é possível encontrar apoio para esta
afirmação: WR, AD, NA, M, Seg e REB.
62
O uso dos parêntesis no aparato de segmentação “mostra que a autoridade citada concorda com a segmentação
apresentada, mesmo que haja divergências em pequenos detalhes”. In: WEGNER, Uwe. Exegese do Novo
Testamento. Manual de Metodologia. 4ª ed. São Leopoldo: Sinodal, 1998, p.65.
31
Assim, a Igreja tinha paz por toda a Judeia, e Galileia e Samaria: sendo edificada, e
andando no temor do Senhor, e, na consolação do Espírito Santo era edificada.
32
É impossível ler At 9.31 e não lembrar de Atos 1.8 e, até mesmo, de Mateus 28.19-20. E
por que? Porque são passagens que lidam diretamente com o “tendo ido” do Senhor Jesus
Cristo. São textos que mostram a catolicidade da Igreja. Ou seja, as testemunhas daquele que
é “o caminho” estão encarregadas por Ele de propagar a mensagem do Evangelho para todos
os povos, fazendo discípulos de todas as nações, mostrando o ministério mundial da Trindade
em operação através da mensagem verbal e traduzida em vida pela igreja que irradia sua luz
pelo mundo a fora.
Segundo o exegeta Simon Kistemaker, a passagem de At 9.31 é tida como uma
passagem “transicional” que tem como intuito relatar ou fazer um resumo geral da situação
da igreja, dizendo que, “as igrejas da Palestina entraram num período de paz”.63 E qual a
razão dessa paz? Alguns aventam a hipótese de que cessaram as perseguições ativas contra a
igreja, devido Saulo sair de cena, pois, segundo Marshall, “a despeito da oposição levantada
contra Saulo, à perseguição ativa da igreja cessou com a sua saída do cenário, e, por enquanto,
a igreja desfrutou de um período de paz. Por estes tempos, se espalhara pela totalidade da área
que chamamos de Palestina”.64
O Rev. Hernandes Dias Lopes também concorda com a ideia de que, com a partida de
Saulo para Tarso, a Igreja passou a ter paz. Diz ele que “depois que Paulo partiu, a igreja
passou a ter paz e a crescer (9.31)”.65 É surpreendente o processo que ocorre na vida de Saulo
devido à graça salvífica, pois de perseguidor, passa a convertido, depois missionário e, no
presente contexto, perseguido.
Trazendo o entendimento do ministério mundial da Igreja de Cristo (ou da igreja do
Deus Triúno), quando o texto bíblico fala da Judeia, Galileia e Samaria (as três principais
divisões da Palestina naquela época), segundo Kistemaker, o foco de Lucas é “sua atenção no
alvo final: os confins da terra”.66 Presume-se, portanto, que os crentes espalhados por toda a
Judeia e Samaria (At 1.8) ensinaram as boas-novas e foram instrumentos no estabelecimento
de igrejas.
Somente aqui em Atos é que Lucas menciona a Palavra Galileia. Podemos esperar que
os quinhentos irmãos a quem Jesus apareceu depois de sua ressurreição e antes de sua
63
KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: exposição de Atos dos Apóstolos – Vol. 1. São
Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 466.
64
MARSHALL, Howard I. Atos: introdução e comentário. Tradução Gordon Chawn. Série Cultura Bíblica. São
Paulo, SP: Vida Nova/Editora Mundo Cristão, 1982, p.171.
65
LOPES, Hernandes Dias. Atos: a ação do Espírito Santo na vida da igreja. São Paulo: Hagnos, 2012, p. 203.
66
KISTEMAKER, 2003, p 466.
34
67
KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: exposição de Atos dos Apóstolos – Vol. 1. São
Paulo: Cultura Cristã, 2003, p.466-467.
68
MARSHALL, Howard I. Atos: introdução e comentário. São Paulo, SP: Vida Nova/Editora Mundo Cristão,
1982, p.24.
69
KISTEMAKER, 2003, p. 468.
35
alegria de viver a vida cristã. Por intermédio de uma vida cheia do Espírito, atraíam inúmeras
pessoas no conhecimento salvador de Cristo”.70
Observa-se que o crescimento não é uma obra humana, e, sim, dependente da obra do
Espírito Santo de Deus. Portanto, a igreja estava unida, crescendo espiritual e numericamente,
sendo confortada no Espírito Santo e com o foco de estender-se até os confins da terra.
70
KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: exposição de Atos dos Apóstolos – Vol. 1. São
Paulo: Cultura Cristã, 2003, p.468.
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3. BibleWorks9.
4. BRUCE, F.F. Merece Confiança o Novo testamento? 3ª ed. rev. São Paulo: Vida Nova,
2010.
5. CARSON, D.A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo testamento. São
Paulo: Vida Nova, 1997.
10. GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1998.
11. HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
JUERP, 1983.
12. HENDRIKSEN, Wiliam. Comentário do Novo Testamento: Lucas. São Paulo: Cultura
Cristã, 2003.
38
15. LOPES, Hernandes Dias. Atos: a ação do Espírito Santo na vida da igreja. São Paulo:
Hagnos, 2012.
16. MARSHALL, Howard I. Atos – introdução e comentário. São Paulo, SP: Vida
Nova/Editora Mundo Cristão, 1982.
17. MOULTON, Harold K. Léxico Grego Analítico. São Paulo: Cultura Cristã, 2007.
18. O Novo Testamento Grego. 4ª ed. revisada. Sociedade Bíblica do Brasil, 2008, xxxviii.
20. RUSCONI, Carlo. Dicionário do Grego do Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Paulus,
2005.
21. TAYLOR, W.C. Dicionário do Novo Testamento Grego. 10ª ed. Rio de Janeiro: JUERP,
2001.
22. TENNEY, Merril C. O Novo testamento Sua Origem e Análise. São Paulo: Shedd
Publicações, 2008.
24. WEGNER, Uwe. 4ª ed. Exegese do Novo testamento. Manual de Metodologia. São
Leopoldo: Sinodal/Paulus, 1998.