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MENSAGEM Sétimo (II)

D. Filipa de Lencastre

Que enigma havia em teu seio


Que só génios concebia?
Que arcanjo teus sonhos veio
Velar, maternos, um dia?

Volve a nós o teu rosto sério,


Princesa do Santo Gral,
Humano ventre do Império,
Madrinha de Portugal!

Poema constituído por dois momentos, uma primeira quadra de aproximação à figura
histórica e a segunda que encerra um valor exclusivamente simbólico.
As duas interrogações que comportam toda a primeira estrofe denunciam alguma admiração
pela qualidade da progenitora, que “ só génios concebia”, que parecem ter sido protecção
divina “Que arcanjo teus sonhos veio/ Velar...”. Esta poderá ser uma referência direta ao
arcanjo Gabriel que – diz Lucas no seu Evangelho – veio anunciar o nascimento de Jesus Cristo
à virgem Maria.

Num segundo momento o sujeito poético invoca o “rosto” materno de D. Filipa, o rosto da
mãe que cuida – séria – dos seus filhos, com o olhar atento e preocupado. A invocação desta
figura materna é de grande importância, visto que está em causa o futuro dos seus filhos – os
Portugueses.
“Princesa do Santo Graal” pode ter diversas interpretações. D. Filipa de Lencastre era
princesa inglesa da casa dos Plantagenetas.
Por outro lado, há quem dê ao Santo Graal um sentido simbólico absoluto – o de representar
o sangue de Cristo. E se assim for, “princesa do Santo Graal” significará a origem de uma
linhagem com o sangue nobre, o sangue de Cristo, origem divina e providencial do Império
ainda por nascer.
Seja como for, é certo que ela foi o “humano ventre do Império”, nomeadamente gerando o
Infante D. Henrique, e podendo assim ser considerada – pelo sangue – protectora, “madrinha”
do futuro de Portugal.

Nota: Ínclita geração: Duarte, foi Rei de Portugal; Pedro, Duque de Coimbra e considerado o
príncipe mais culto do seu tempo na Europa; Henrique, Duque de Viseu foi o impulsionador
dos Descobrimentos; Isabel de Portugal (1397-1471), casada com Filipe III, Duque da
Borgonha, actuava muitas vezes em nome do seu marido e era dada como a verdadeira
governante da Borgonha; João, Infante de Portugal foi condestável e avô do Rei D. Manuel I;
Fernando, o Infante Santo morreu cativo em Fez, depois de recusar entregar Ceuta em troca
da sua própria liberdade

D. PEDRO
REGENTE DE PORTUGAL

Claro em pensar, e claro no sentir,


É claro no querer;
Indiferente ao que há em conseguir
Que seja só obter;
Dúplice dono, sem me dividir,
De dever e de ser —

Não me podia a Sorte dar guarida


Por não ser eu dos seus.
Assim vivi, assim morri, a vida,
Calmo sob mudos céus,
Fiel à palavra dada e à ideia tida.
Tudo mais é com Deus!

Confrontar com estância 37 do Canto VIII de Os Lusíadas

Olha cá dois infantes, Pedro e Henrique,


Progênie generosa de Joane:
Aquele faz que fama ilustre fique
Dele em Germânia, com que a morte engane;
Este, que ela nos mares o publique
Por seu descobridor, e desengane
De Ceita a Maura túmida vaidade,
Primeiro entrando as portas da cidade.

Em Os Lusíadas, Paulo da Gama apresenta ao catual as figuras dos Infantes D. Pedro e D.


Henrique pintadas nas “bandeiras” da nau, referindo acerca do primeiro apenas a “fama
ilustre” que obteve na Alemanha (vv3.4). Nenhuma referência à sua cultira, às suas viagens, ao
acrgo de regência, ao desentendimento com o sobrinho D. Afonso V e à batalha de
Alfarrobeira em que morreu ingloriamente.

Por outro lado, Fernando Pessoa realça a sua lucidez (vv. 1-2), o seu desprendimento dos bens
materiais (vv.3-4), a sua integridade e fidelidade ao dever a a ser (vv.5-6).

Neste seu monólogo, D. Pedro tem consciência que, com este perfil de político íntegro, de
guerreiro leal e de filósofo estóico, a “Sorte” o não podia proteger, Mesmo assim, considera,
agora, que viveu e morreu estoicamente e que “Tudo o mais é com Deus!”.

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