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Grupo de Trabalho: Trabalho e Sindicalismo

A Estruturação do Trabalho Artesanal na Globalização:

Território e Flexibilidade Laboral

Daniel Roberto Vega Torres – Universidade Estadual de Ponta Grossa


A Estruturação do Trabalho Artesanal na Globalização: Território e Flexibilidade
Laboral

Daniel Roberto Vega Torres1

Resumo: O artigo apresenta uma análise das condições do trabalho artesanal na reestruturação do mercado
laboral globalizado desde os países de América Latina, principalmente em Brasil, México e Colômbia. A falta de
uma semelhança na definição do artesanal tem sua explicação na forma como desde cada país ou nação institui-
se pela condição do mercado laboral e a relação capital-trabalho, tendo em conta que o trabalho artesanal
encontra-se em uma zona de vulnerabilidade. As condições da produção do artesanal apresenta uma dinâmica
articulada às mudanças económicas mundiais o que termina afetando a quantidade de artesãos e produtos
artesanais e as formas de representação e institucionalização da atividade em cada país. Estuda-se a relação que
existe entre o mercado laboral, tipos de ocupações e distribuição dos setores da produção, e a qualidade e
quantidade do artesanato que tem cada país, é dizer sua forma de produção e sua representação. Como hipótese
se tem que a reestruturação do trabalho no neoliberalismo permite uma integração do trabalho artesanal diante a
flexibilização e precarização das condições laborais, junto à concentração e centralidade das técnicas num
processo de territorialização, o que permite compreender os esforços desde o Estado pelo desenvolvimento do
empreendedorismo e a proteção ao patrimônio cultural como resposta às demandas da situação do mercado
mundial. Considera-se que uma continua fragmentação da classe trabalhadora na demarcação de identidades e o
crescimento da competição termina por gerar uma subordinação ao capital, e restringe as possibilidades de
transformação social dos trabalhadores.
.

Palavras-chave: Trabalho Artesanal, Flexibilidade laboral, Território, Globalização.

1
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas; Docente pesquisador Fundación
Universitária Juan de Castellanos, bolsista CAPES.
2
Introdução

A problemática sobre o artesanal nas mudanças económicas e políticas tem longa tradição na
literatura académica, não obstante a dificuldade em compreender o objeto difere em um
aspecto de interpretação do trabalho como forma transhistórica e como forma histórica
(SILVA, 2008, p. 70). Como forma transhistórica podem reconhecer-se análises que abarcam
as problemáticas socioculturais, onde se concebe o artesanal como uma atividade derivada de
tradições, memorias e habilidades próprias de um grupo num território local (GARCÍA, 1981;
MEIER, 1982; NOVELO, 1993; MONCTEZUMA, 2002; QUIÑONES, 2003; CORREA,
2008). Esses estudos reconhecem o artesanal como condição de mediação primaria entre o
homem e a natureza, o que pode considerar-se como uma categoria transhistórica que acolhe
as capacidades de transformação diante técnicas e ferramentas simples numa produção de
trocas comunais e de utilidade privada. Embora a definição como primeira mediação seja
universal, pode levar a confundir o conceito de trabalho e de atividade artesanal em aspetos
gerais da produção humana, derivados da compreensão disciplinar antropológica (MEJIA,
2004). Os escopos da teoria concentram-se na tradição e memoria do conhecimento do local e
o uso metodológico dos discursos e narrações dos sujeitos, com a interpretação hermenêutica
dos objetos no contexto de seu saber-fazer.

Como uma atividade histórica, pode conceber-se o trabalho artesanal como parte de uma
condição económica e política moderna, produto das transformações sociais na construção
dos estados. Concebe-se com isso a diferencia entre o trabalho industrial e o trabalho
artesanal, pela técnica e as formas de organização. Embora o aspecto de sociabilidade na
indústria permita a condição de assalariamento e a consciência de classe (CASTEL, 1998),
também devem reconhecer-se as mudanças das condições de sociabilidade laboral no século
XX, permitindo que a mobilidade social concentre formas de identificação e reconhecimento
institucional do trabalho artesanal como questão pública na divisão internacional do trabalho.
Desde esta concepção histórica, o documento apresenta uma análise da estrutura do trabalho
artesanal diante estudo comparado na América Latina nos últimos anos, com a finalidade de
compreender como as condições económicas e políticas da reestruturação do trabalho afetam
o setor artesanal nos países de Brasil, Colômbia e México.

Trabalho artesanal e globalização

Após os anos oitenta, com a apertura económica diante mobilidade do capital e crescimento
do capital financeiro, afronta-se mudanças na constituição do setor, com um crescimento da
população em condição de vulnerabilidade e diminuição do trabalho industrial e o
crescimento do setor serviços e comercio. Nesse sentido existe um processo de reestruturação
do trabalho sobre condições comerciais e produtivas diferentes numa nova divisão
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internacional (MÉSZÁROS, 2002). Existe então, uma contradição dos polos centro periferia
que faz parte da colonialidade e do capital como manifestações ideológicas e económicas que
constituem o processo histórico do artesanal, o que requer de uma interpretação atual que
considere as problemáticas de sua produção e reprodução numa visão contra-hegemônica.
Primeiro, reconhecendo a crítica ás identidades e subjetividades de subordinação da
colonialidade do poder (QUIJANO, 2005), e segundo integrando a problemática de classes
como trabalho e suas limitações e mudanças frente ao capital e o Estado. Assim, se propõe o
trabalho artesanal como conceito para estudo social histórico e estrutural.

O trabalho artesanal pode pensar-se como parte das contradições da colonialidade e do


capital, conceitualmente se propõe como uma relação histórica e estrutural que permite
reconhecer as mudanças de organização e as formas de produção como parte do conjunto
socioeconómico e político onde se inscreve a prática artesanal. Entende-se neste estudo o
trabalho artesanal como parte da relação capital e trabalho, quer dizer que não faz relação do
artesanal como uma atividade privada de autossubsistência, mas como parte do trabalho como
atividade da esfera pública, socialmente remunerado e determinado por sua utilidade (GORZ,
1991, p. 26). Pode definir-se como uma forma de produção manual com uso de ferramentas e
maquinaria simples, é parte do capital nacional de cada Estado diante a divisão hierárquica do
trabalho e seus produtos estão subordinados ao mercado, seja nacional ou internacional, na
forma de troca e venda. A demarcação e classificação do artesanal dependem do inteires
socioeconômico do Estado diante institucionalização, o que se considera como mecanismo de
integração da população ao trabalho, principalmente em zonas rurais e urbanas periféricas.
Sua condição organizacional se encontra definida em associações ou empresas de pequeno
tamanho, o controle técnico da produção permite uma maior participação do individuo sobre
todo o processo do produto ou serviço com uma mínima divisão manufatureira.

A globalização apresenta-se como uma nova forma de acumulação e expansão do capital após
os anos oitenta, com o crescimento do capital financeiro diante a mudança ou transformação
organizacional das corporações capitalistas industriais, o que permite maior fluxo de bens e
serviços num padrão financeiro comum impulsado por instituições internacionais em
interação com os Estados, (ALVES, 1999, p. 73). Assim se produzem mudanças espaciais,
com o deslocamento geográfico do capital o que permite uma acumulação flexível que
mobiliza a contradição do capital no tempo-espaço gerando novos processos de acesso-
exclusão da população. Mudanças organizacionais com novas formas de controle das relações
de produção (pós-fordistas) graças a mudanças tecnológicas que subordinam o tempo e a
subjetividade do trabalhador, com precarização da atividade laboral, e que permitem manter o
desemprego estrutural, e dizer uma nova divisão hierárquica do trabalho (ANTUNES, 2005).
Mudanças dentro dos setores ou atividades económicas, permitindo a transformação dos
produtos e serviços na competência entre um mesmo setor ou, em procura do aumento do
lucro, deslocam-se a novos setores ou linhas de produção com menor competição no mercado.

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Com o objetivo de analisar as condições do trabalho artesanal na reestruturação do mercado
laboral globalizado desde os países de América Latina, aprofundando em suas ações políticas
frente à territorialidade e flexibilidade laboral, toma-se como amostra os países de Brasil,
México e Colômbia. A razão da escolha é a diversidade de produtos no mercado interno, sua
importância na exportação de produtos artesanais em referencia a América Latina, e sua
estratégia de proteção política no mercado dos produtos artesanais. Embora os países
apresentem diferenças significativas em relação a indicadores socioeconómicos no nível de
industrialização e caraterísticas políticas regionais, o estudo limita-se à seleção em função da
atividade artesanal, reconhecendo que podem significar aspetos gerais ao continente devido a
sua historia comum e sua posição económica no mundo. A continuação expõe-se a
metodologia em relação com o objetivo.

Metodologia

Como hipótese se tem que a reestruturação do trabalho no neoliberalismo permite uma


integração do trabalho artesanal diante a flexibilização das condições laborais, junto à
concentração e centralidade das técnicas num processo de territorialização, o que permite
compreender os esforços desde o Estado pelo desenvolvimento do empreendedorismo e a
proteção ao patrimônio cultural como resposta às demandas da situação do mercado mundial.
Para avaliar a hipótese se propõe uma análise das condições económicas, políticas e
territoriais do trabalho artesanal nos países da amostra. Para uma compreensão económica
faz-se uma reflexão das condições da força do trabalho em cada país usando os dados dos
últimos quinze anos (1999-2015), desta forma permite-se conhecer à posição na divisão do
trabalho da atividade artesanal, à problemática da flexibilidade laboral que atravessa a
situação das ocupações. Utilizam-se os dados da estrutura ocupacional e força do trabalho da
CEPAL e a OIT. Tendo em conta a diferença na frequência dos dados no período do tempo,
se expõe a media dos valores para compreender sua tendência central e o desvio padrão para
conhecer sua variação ou tendência de dispersão.

Logo se analisa as concepções legais e legítimas do artesanal para reconhecer sua situação
dentro da reestruturação do trabalho e as condições que definem sua posição na divisão do
trabalho de forma cultural e produtiva. Os dados das legislações, jornais e trabalhos
académicos permitem identificar concepções do discurso do artesanal e sua aplicação na
estrutura económica e política de cada país, utilizam-se as definições de artesãos, artesanato e
unidade de produção como dados principais de pesquisa e comparação. Por último, analisa-se
a forma de territorialização diante crítica ao patrimônio do artesanato no mercado global, o
que permite medir os alcances e respostas institucionais pra a promoção do trabalho artesanal
em cada país. Os dados de indicações geográficas, jornais e informação de instituições se
usam para a reflexão.

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Estrutura ocupacional e flexibilização laboral

O processo de reestruturação do trabalho artesanal se apresenta nas mudanças das formas de


organização dos trabalhadores pela acumulação e expansão do sistema. A acumulação do
capital em países dependentes ou periféricos permite reforçar velhas relações do trabalho
derivadas de sistemas tradicionais integrando-os aos setores informais urbanos (SOTELO,
2003, p. 60), produto dos ciclos recessivos do capital e o crescimento de “trabalho
disponível”, tendo como consequência á precarização da população. O segundo aspecto tem
que ver com uma mudança na lógica de expansão do capital, da forma de exploração laboral
do sistema pós-fordista baseado na flexibilidade laboral, pois existe uma “virtual captura” da
vida social pelo capital, a pessoa apresenta-se como se fosse uma empresa (ALVES, 2008).
Ao relacionar os dados da condição ou força laboral em função da divisão do trabalho de cada
um dos países (Tabela 1) pode encontrar-se que da população economicamente ativa,
aproximadamente um 60% da população encontra-se ocupada ou em procura de trabalho nos
países, os homens constituem a maior quantidade do conjunto de trabalhadores formais, existe
relativamente pouca variação na forca de trabalho.

Existe uma proporção maior da atividade de serviços e comercio (aprox. 62%) frente à
indústria e a agricultura, nesse sentido a população que trabalha concentra-se em labores de
maior flexibilidade e mudança organizacional. Tem diferencias significativas nas formas de
desemprego, com um número maior na Colômbia, embora as mulheres apresentem um maior
número nos três países. Outro indicador importante é que a categoria ocupacional de
assalariados ainda é a maior nos países de estudo, embora tenha uma variação importante na
redução do número no período de tempo, ao contrario do aumento dos trabalhadores por conta
própria, um caso especial é Colômbia com 41,7%. México apresenta um resultado de maior
número assalariados e de empregadores que se relacionam com atividades de serviços em
maior número.

No emprego informal ou de baixa produtividade, onde se encontram empresas de menor


tamanho com baixo capital fixo e variável, o número de assalariados é menor que os
trabalhadores independentes em Brasil e Colômbia, a diferença de México, onde o número de
independentes é menor. A informalidade no setor serviços é maior nos três países, mais
Colômbia tem um alto número (28,8) quase o doble frente aos dados de Brasil e México. As
mulheres apresentam maior número de ocupações no setor de baixa produtividade. Em
relação á pobreza e indigência Brasil e México tem dados similares com um maior número de
homens nos dois grupos populacionais. Colômbia tem dados contrários aos outros países do
estudo, pois as mulheres são mais vulneráveis e o número de pobres é maior.

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Tabela 1. Indicadores Socioeconómicos de Brasil, Colômbia e México, 1999 - 2015.

Brasil Colômbia México


σ σ σ
Taxa de participação na força de trabalho, mulheres (%) 50,6 0,95 52,5 2,3 43 0,99
Força de
Taxa de participação na força de trabalho, homens (%) 70,7 1,82 73,9 1,84 77,5 1,4
trabalho
Taxa de participação na força de trabalho (%) 60,1 1,36 63 2,07 59,4 1,06
Proporção da agricultura no emprego total (%) 15,2 0,85 17,5 0,88 13 1,13
Proporção da indústria no emprego total (%) 22,3 0,3 19,9 0,43 24,3 0,63
Proporção dos serviços no emprego total (%) 62,5 0,77 62,6 1,16 62,1 0,69
Ocupação
Taxa de ocupação (%) 56,1 1,16 56,4 2,45 56,4 1,15
Taxa de subemprego por insuficiência de horas (%) 2,1 0,53 8,7 3,52 7,8 1,47
Proporção do emprego assalariado por setor no agrícola (%) 79,9 0,61 56,9 0,62 77,5 0,95
Taxa de desemprego, mulheres (%) 9 0,87 13,5 1,78 5,1 0,31
Desocupação Taxa de desemprego, homens (%) 5,6 0,39 7,9 0,94 5,1 0,38
Taxa de desemprego (%) 7,1 0,5 10,3 1,28 5,1 0,37
Taxa juvenil de participação na força de trabalho (%) 55 4,7 47,5 6,41 45,4 1,78
Jovens Taxa de desemprego juvenil (%) 16,3 0,65 19,5 2,93 9,8 0,76
Proporção de jovens que não estudam nem trabalham (%) 19,1 0,35 23,1 1,07 20,3 1,45
Agricultura 17,9 1,42 18,9 1,02 15,1 0,5
Comercio 23,5 0,38 25,7 0,62 19,4 0,25
Construção 7,4 0,65 5,2 0,31 7,7 0,13
Eletricidade, gás e agua 0,7 0,05 0,5 0,05 0,7 0,12
Atividade Manufaturas 13,6 0,44 13 0,45 17,1 0,81
econômica Mineração 0 0 1 0,07 0,2 0,13
Não especificado 0,4 0,13 0 0,01 0,1 0,17
Outros serviços 24,4 0,75 21,1 0,71 33,2 1,72
Serviços financeiros 7,2 0,6 6,9 0,63 2,1 2,18
Transporte 4,9 0,27 7,6 0,3 4,5 0,27
Assalariados 57,9 2,97 45 1,76 65,1 3,1
Conta própria 25,9 1 41,7 1,95 19,3 3,87
Categoria
Empregadores 4,1 0,32 4,9 0,36 5,8 2,41
ocupacional
Familiares não remunerados 4,7 1,55 4,4 0,3 6,2 1,23
Serviço doméstico 7,4 0,43 4 0,58 3,7 0,39
A. Microempresa: Empregadores 2,1 0,23 4 0,21 4 1,47
B. Microempresa: Total assalariados 10,3 0,29 10,9 0,35 19,1 2,21
B1. Assalariados: Profissionais e técnicos 1,2 0,24 0,6 0,05 1,9 0,68
B2. Assalariados: Não profissionais nem técnicos 9,1 0,34 10,3 0,34 17,1 1,65
C. Emprego doméstico 8,1 0,59 4,5 0,65 3,8 0,37
Informalidade
D. Trabalhadores independentes não qualificados: Total 21,2 2,16 39,1 1,51 17,4 3,36
(Baixa
D1. Trab. Indep. não qualificados: Industria e construção 5,9 0,47 7,9 0,35 3 0,7
produtividade)
D2. Trab. Indep. não qualificados: Comercio e serviços 11,5 1,67 28,8 1,33 13,8 2,59
D3. Trab. Indep. não qualificados: Agricultura e outros 3,8 0,78 2,5 0,56 0,6 0,17
Total ocupado em setores de baixa produtividade 41,7 2,92 58,7 1,22 44,2 1,66
Homens em setores de baixa produtividade 37,8 2,53 56,5 1,4 40,8 1,83
Mulheres em setores de baixa produtividade 46,9 3,77 61,5 1,23 49,2 1,77
Porcentagem População em situação de indigência (%) 4,2 1,06 5,6 2,07 3,8 0,81
Homem chefe de família 4,1 1,23 5,4 2,13 4 0,9
Mulher chefe de família 4,3 0,73 6,3 2,13 3,2 0,43
Pobreza
Porcentagem População em situação de pobreza (%) 13,4 3,77 17,7 4,02 13,6 2,17
Homem chefe de família 13,4 4,08 17,2 4,29 13,8 2,25
Mulher chefe de família 13,3 3,03 19,1 3,44 12,4 1,59

Fonte: CEPAL, OIT. 1999-2015. Media ( ) Desvio Padrão (σ).

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Os dados sobre o trabalho artesanal não tem uma frequência similar aos dados
socioeconómicos nos países de estudo, são dispersos e limitam-se aos indicadores da força de
trabalho na manufatura. Embora seja limitada uma referencia desde dados macroestruturais,
permite observar a proporção do trabalho artesanal numa posição ainda menor, pois a
atividade económica de manufatura é relativamente menor, o que não se considera como um
lugar central na produtividade dos países, perdendo relevância nas formas de organização e o
poder de barganha e resistência que tinha nas décadas passadas. A fragmentação da classe
trabalhadora permite que não exista uma continuidade das sociabilidades laborais e aumenta a
competição como padrão de relacionamento dentro e fora dos setores económicos,
condicionando a permanência no mercado desde sua situação de maior recurso (capital) e
posição (status) valorados económica e simbolicamente.

Existe um crescimento da divisão do trabalho dentro da atividade artesanal, dentro do espaço


ou campo apresenta uma especialização dos produtos e técnicas e um crescimento na
flexibilidade laboral na inversão de tempo e recursos organizacionais, o que oferece status e
posicionamentos desiguais dos trabalhadores que reproduzem sua competência de forma
direta e obrigam a mecanismos de proteção legal e legitima. Em relação a outros setores o
trabalho artesanal não tem competência significativa com setores tecnológicos e de alta
produtividade, onde se precisa de uma profissionalização representada em recursos de
escolaridade e mobilidade social, ao contrario se apresenta como parte do setor serviços no
turismo, estabelecendo eixos de relação no território (RODRIGUES, 2008). Embora as
formas de relação sejam dependentes da situação económica e cultural de cada território e
país, a semelhança das condições económicas dos países de estudo permitem compreender a
fragilidade e vulnerabilidade que atinge os trabalhadores artesanais como parte do mercado.
Assim, as estratégias de mobilidade e posicionamento dos sujeitos são determinadas â
situação macroestrutural.

Como a relação que se estabelece no mercado é de relativa autonomia na organização do


trabalho pelos artesãos e artesãs, os organismos de promoção e proteção não se encontram nas
grandes e medianas empresas, encontra-se nas microempresas, o que direciona a outros
escopos e limites, pela continuidade em seu tamanho, como em sua forma de produção. Com
um espaço social de mínima participação na divisão internacional do trabalho, e com uma
condição de limitação como atividade económica de baixa produtividade frente a outras
atividades económicas, o trabalho artesanal confronta os horizontes de promoção no mercado
diante a subordinação do valor do objeto ao capital. Por outro lado, como a atividade artesanal
é parte do capital nacional de um país, em função da integração da população na
produtividade económica, a relação de proteção e promoção tem uma relação direta com o
Estado diante políticas públicas e programas governamentais.

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Estrutura política e institucional do artesanal

Os processos de institucionalização da atividade artesanal atravessam os debates sobre sua


pertinência ao território e as possibilidades socioambientais para a produção. Após a segunda
metade do século passado se constroem mecanismos de controle e promoção do trabalho
artesanal, iniciando pela organização local de mercados, as feiras populares e outros cenários
de comercialização que permitiram o desenvolvimento da atividade. Embora as intervenções
se produzam desde as cidades metropolitanas como México D.F. (La Ciudadela em 1968),
São Paulo (Praça da República, 1956) ou Bogotá (1970) o que num principio limitava a
participação dos produtores de outras regiões. Embora o controle na produção e o número de
artesãos não fossem economicamente significativos para os governos estaduais e municipais
dos países, a necessidade de regulamentação da atividade permitiu conhecer
institucionalmente definições e identificações do objeto e sujeitos no espaço socioeconômico.

Deve lembrar-se que os esforços pelo reconhecimento da atividade empezaram décadas atrás
(PEREIRA, 1956), não obstante a luta pelo reconhecimento e definição se estabelece após os
anos setenta, para Brasil se encontra o Programa Nacional de Desenvolvimento do Artesanato
(PNDA) dependente do Ministério do Trabalho, diante Decreto-lei 80098 de 1977 que é
derrogado em 1991 pelo Programa de Artesanato Brasileiro (PAB), diante decreto de 21 de
março. Em México, embora alguns estados tenham leis sobre artesanato desde 1970 como
Michoacan, em 1988 se cria a “ley federal para el fomento de la microindustria y la actividad
artesanal”, regulamentando a atividade no país. Em Colômbia diante lei 36 de 1984
regulamenta-se a profissão de artesão e se cria a Junta Nacional de Artesanía. Embora as
implicações de sua constituição e o contexto das problemáticas da definição excedem os
escopos do artigo, é notável que as condições de produção tenham semelhanças significativas
na limitação das definições.

No Quadro 1 pode observar-se uma organização das definições sobre trabalho artesanal dos
países de Brasil, México e Colômbia segundo as regulamentações atuais. Deve reconhecer-se
que as mudanças na prática são relevantes e constituem a luta pela representação dos agentes
no mercado, o que torna este processo como transitório e atravessado pela tentativa de
reformas, especialmente no presente século, embora aqueles esforços ainda não possuam
controle suficiente do poder político estatal. Os conceitos de artesão, artesanato e da unidade
de produção ou organização laboral são significativos para entender os limites da atividade e
suas diferenças e semelhanças.

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Quadro 1. Conceitos de artesão, artesanato e unidade de produção artesanal na legislação de Brasil,
Colômbia e México.
Brasil Colômbia México
É o trabalhador que de forma Se considera artesano a la Se entenderá por Artesanos, a
individual exerce um ofício persona que ejerce una actividad aquellas personas cuyas habilidades
manual, transformando a matéria- profesional creativa en torno a naturales o dominio técnico de un
prima bruta ou manufaturada em un oficio concreto en un nivel oficio, con capacidades innatas o
produto acabado. Tem o domínio preponderantemente manual y conocimientos prácticos o teóricos,
técnico sobre materiais, conforma a sus conocimientos y elaboran bienes u objetos de
ferramentas e processos de habilidades técnicas y artísticas, artesanía.
Artesão

produção artesanal na sua dentro de un proceso


especialidade, criando ou de producción. Trabaja en
produzindo trabalhos que tenham forma autónoma, deriva su sustento
dimensão cultural, utilizando principalmente de dicho trabajo y
técnica predominantemente transforma en bienes o servicios
manual, podendo contar com o útiles su esfuerzo físico y mental.
auxílio de equipamentos, desde que
não sejam automáticos ou
duplicadores de peças.
Compreende toda a produção Para efectos legales, se entiende Artesanía, a la actividad realizada
resultante da transformação de por Artesanía a una actividad manualmente en forma individual,
matérias-primas, com creativa y permanente defamiliar o comunitaria, que tiene
predominância manual, por producción de objetos, realizada por objeto transformar productos o
indivíduo que detenha o domínio con predominio manual y auxiliada substancias orgánicas e inorgánicas
Artesanato

integral de uma ou mais técnicas, en algunos casos por maquinarias en artículos nuevos, donde la
aliando criatividade, habilidade e simples obteniendo un resultado creatividad personal y la mano de
valor cultural (possui valor final individualizado, determinadoobra constituyen factores
simbólico e identidade cultural), por los patrones culturales, el predominantes que les imprimen
podendo no processo de sua medio ambiente y su desarrollo características culturales,
atividade ocorrer o auxílio limitado histórico. folklóricas o utilitarias, originarias
de máquinas, ferramentas, artefatos de una región determinada,
e utensílios. mediante la aplicación de técnicas,
herramientas o procedimientos
transmitidos generacionalmente
Núcleos de artesãos é um Empresa asociativa artesanal es Empresas microindustriales, a las
agrupamento de artesãos, com aquella forma de organización unidades económicas que, a través
Unid. de Produção

poucos integrantes, organizado entorno a la producción que divide de la organización del trabajo y
formalmente ou não, com objetivo el trabajo entre sus miembros de bienes materiales o incorpóreos de
comum de desenvolver e aprimorar manera especializada y equitativa. que se sirvan, se dediquen a la
temas pertinentes ao artesanato. Se caracteriza por la propiedad transformación de bienes, ocupen
São atividades do núcleo, entre colectiva sobre los medios de directamente hasta quince (15)
outras: o manejo, a produção, a producción. Estará conformada por trabajadores y cuyas ventas anuales
divulgação, a comercialização e o un número de diez (10) artesanos. estimadas o reales no excedan de
ensino. (...) los montos que determine la
Secretaría (…)
Fonte: Programa de Artesanato Brasileiro PAB - 2012, Decreto 258 de 1987 Colômbia, Ley federal para
el fomento de la microindustria y la actividad artesanal 1988, México.

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Pode observar-se que frente ao conceito de artesão as caraterísticas são ainda concentradas na
capacidade de fazer bens e serviços manualmente, tem relevância sua individualidade ou
autonomia na produção e sua dedicação o reconhecimento pelo oficio. Além da questão
técnica de produção, num cenário de fragmentação laboral e de diminuição do trabalho
industrial fabril, o uso das capacidades e forças de produção pode permitir uma adesão à
atividade artesanal tanto à população vulnerável com baixas oportunidades de integração
como assalariados nos empregos de grandes e medias empresas, como a designers e outros
agentes profissionais nas artes (QUIÑONES e BARRERA, 2006; AVELINO, 2007), ou que
se permitem competir individualmente com recursos económicos e técnicos. A integração
oferece um status de trabalhador, que embora não seja assalariado, vive do trabalho e constitui
uma identificação de profissão num espaço social. Embora o processo de identificação e
cadastramento como controle da produção para a proteção dos produtores no mercado seja
feito por entidades estatais ainda de forma lenta, no mercado o uso simbólico e sua
representação é ainda flexível e constitui uma forma de emprego transitório ou paralelo.

Assim, por disposição de classe, pode encontrar-se que o aumento do trabalho artesanal não
seja dado desde populações com baixa renda e escolaridade, ao contrario, integra-se
população escolarizada e com recursos familiares ou herdados que permitem uma
diversificação da renda familiar nas classes medias. Como resultado se intensifica a
competência na divisão do trabalho dentro da atividade ou setor e torna-se de importância à
identificação de ser-artesão, ocorre o mesmo com o artesanato. Com o artesanato o “valor
cultural” é de relevância pra identificar que objeto é ou não é artesanato. O confronto entre as
manualidades ou trabalhos manuais, a obra de arte e o artesanato passa não só pela condição
de produção, também pelo reconhecimento de sua identificação a um território, o símbolo que
torna o artesanal como patrimônio material e imaterial (MARTÍNEZ, 2014). O problema
principal é que no processo de reestruturação do trabalho na globalização os limites da
classificação na prática são difíceis de definir, pois foi produto da industrialização dos países
e é parte das políticas institucionais com caráter ideológico subjetivo (VENTURA, 2015).
Atualmente, as mobilidades das mercadorias no capital impõem uma necessidade de proteção
que termina por gerar exclusões políticas desde a construção de definições essencialistas do
artesanal em cada país, produzindo por um lado uma especialização de indicadores
institucionais, e uma exclusão de atividades relacionadas em função da competência no
mercado, sem reconhecer de base as mudanças socioeconómicas que intensificam a
competição.

Este processo de demarcação de fronteiras (SILVER, 2005, p. 38) que ocorre na segmentação
de mercados pelo capital, de restrição da cidadania pelo estado, e de construção de
identidades de classe exclusivas pelos próprios trabalhadores, neste caso pela intensificação
de símbolos de status, conforma um espaço de luta fragmentado e de competência que
reproduz a exclusão económica e política. Isto também faz parte dos processos de organização
laboral, pois além das figuras de associação, cooperativas, sindicatos e federações que podem
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ser legalmente permitidos na lei de cada país pelo código do trabalho, a base da problemática
é a constituição da base formal da atividade econômica na forma de microempresa como pode
observar-se na legislação sobre as unidades de produção em cada país. Embora existam
processos de associação económica de resistência à lógica do capital como a economia
solidaria, é notável que a organização microempresarial seja a mais frequente no setor formal,
o que dificulta os processos de associação nacional e internacional da atividade artesanal
pelos trabalhadores, sem considerar a impossibilidade de organização laboral desde a
informalidade. Não obstante, no caso de Brasil exista um processo de organização com maior
estabilidade na Confederação Nacional dos Artesãos (CNARTS) desde a década dos noventa,
e ultimamente na Colômbia com a Federação Nacional de Artesãos (Fenartec), é notável que
seu poder na formulação de políticas públicas seja menor pela fragilidade da atividade no
mercado nacional e a fragmentação laboral pela competência dentro do setor seja entre os
mesmos artesãos ou outros agentes como os desenhistas artesanais.

Assim, tanto pela condição de demarcação de fronteiras no mercado e do trabalho, a


problemática da atividade artesanal na atualidade afronta os processos de proteção e
promoção de políticas enfocadas ao patrimônio cultural e ao desenvolvimento empresarial
como estratégias dos Estados em integrar população em idade de trabalhar sejam jovens ou
idosos, tanto como adultos profissionais não assalariados, é dizer à população que se encontra
em situação vulnerável em relação à renda e proteção social. Assim, entender a disposição
política no controle, proteção e promoção do trabalho artesanal pode ser limitada as condições
económicas e produtivas do setor dentro de cada país, em especial se pode encontrar a
promoção desde a produção de prêmios e distinções para artesãos e a proteção territorial
diante indicações geográficas, sendo as estratégias comuns nos países por parte dos Estados.

Território e patrimônio cultural

Como resposta aos processos de fragmentação e flexibilização laboral no neoliberalismo, os


Estados invertem de forma tangencial na promoção do trabalho artesanal pela via de
competência, premiando as habilidades como mecanismo de reconhecimento e inversão pelo
status no mercado, isto se da principalmente pelo pouco valor produtivo do setor na economia
nacional e a pouca inversão de capitais em setores de baixa ciência e tecnologia. Assim, é
frequente encontrar prêmios artesanais regionais ou nacionais nos países de América Latina.
Em Brasil com o Prêmio SEBRAE Top 100 de Artesanato, em México com o concurso
“Grandes Maestros del Patrimonio Artesanal”, e na Colômbia com a “Medalla a la Maestría
Artesanal” que se oferece como concurso no país. Além de dinheiro, o reconhecimento do
premio representa uma valorização do objeto e do status e distinção no mercado do
trabalhador diante o empreendedorismo (MARTINS, 2009). Identifica-se assim o grau de
fragmentação que produz os concursos e prêmios no setor, não pelo desconhecimento da
habilidade técnica dos sujeitos como parte das diferencias físicas e mentais dadas em qualquer
atividade humana, mas pelas consequências intencionais de redução do apoio económico pela

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intensificação de resultados na especialização do setor. Embora a promoção do trabalho
artesanal diante políticas públicas também se encontre no financiamento microempresarial
pelo crédito a microempresas, este aspecto é geral e faz parte da promoção na geração do
emprego nas economias latino-americanas.

Tabela 2. Indicações geográficas de artesanato em Brasil, Colômbia e México.


Indicação Geográfica (IG) Objeto ou Produto Ano
Vale dos Sinos Couro Acabado 2009
Região do Jalapão (TO) Capim Dourado 2011
Goiabeiras Panelas de barro 2011
São João del Rei Estanho 2012
Franca Calçados 2012
Pedro II Joias artesanais de opalas 2012
Brasil Região Pedra Carijó (RJ) Pedra Lajinha 2012
Região Pedra Madeira (RJ) Pedra Lajinha 2012
Região Pedra Cinza (RJ) Pedra Lajinha 2012
Cachoeiro de Itapemirim Mamoeiro 2012
Paraíba Têxteis em algodão colorido 2012
Divina Pastora Renda de agulha em lace 2012
Cariri Paraibano Renda renascença 2013
Cestería de Rollo en Guacamayas Cesteira 2009
Sombrero Aguadeño Chapéu 2010
Cerámica de Ráquira Cerâmicas 2010
Tejeduría Zenú Tecidos 2011
Sombreros de Sandoná Chapéu 2011
Colômbia
Tejeduría de San Jacinto Tecidos 2011
Tejeduría Wayuu Tecidos 2011
Mopa Mopa Barniz de Pasto Madeira e Verniz 2011
Cerámica del Carmen de Viboral Cerâmicas 2011
Sombrero de Suaza Chapéu 2015
Olinalá Madeira 1995
México Talavera de Puebla Cerâmicas 1998
Âmbar de Chiapas Âmbar 2000

Fonte: Instituto Nacional da Propiedade Industrial – INPI, Superintendencia de Industria y Comercio -


SIC, Organización Mundial de la Propiedad Intelectual - WIPO.

A proteção do trabalho artesanal, como atividade que contem saberes e conhecimentos


técnicos comuns num território adquirem formas de salvaguarda especial nos mercados
nacionais e internacionais. Os direitos patrimoniais dos autores de forma individual não
apresentam mais que outra forma de integrar ao nível microestrutural a problemática da
reestruturação e fragmentação da classe trabalhadora pela via de reconhecimento de direitos
de propriedade do autor. Não obstante pela dificuldade de definir direitos individuais da
atividade artesanal pela identificação do conhecimento num território específico, sua forma de
produção e seu material ou insumo, os objetos artesanais adquirem direitos patrimoniais nas
indicações geográficas, gerando uma resposta de proteção de direitos locais num mercado
global (VEGA e CUNHA, 2015). Como aparece na Tabela 2, os Estados promovem os
direitos patrimoniais do artesanato no mercado, especialmente na ultima década em Brasil e
na Colômbia. México iniciou sua proteção desde os anos noventa, o que representa uma
condição diferente com os outros países, embora os produtos sejam menores que em os outros
13
países. Em geral são poucos os países em América do Sul que tem proteção deste tipo para
objetos artesanais, não obstante as políticas de proteção em alimentos e bebidas seja a mais
significativa.

Imagem 1. Artesanatos cerâmicos em Puebla (MEX), Paraíba (BRA) e Boyacá (COL).

(a) Zacapoaxtla, Estado de Puebla.

(b) Ráquira, Departamento de


Boyacá.
(c) Caaporã e Alhandra, Estado de Paraíba.

Fonte: (a) Artesanía de México. Disponível em: <http://streto-artesaniamx.blogspot.com.br/p/artesania-


de-tlaxcala.html> Acesso em: Março 2016. (b) Artesanías Ráquira. Disponível em:
<https://es.pinterest.com> Acesso em: Março 2016. (c) Artesanato de Paraíba. Disponível em:
<http://paraiba.pb.gov.br> Acesso em: Março 2016.

Dentro de esse tipo de limitações e semelhanças que reproduz o setor artesanal, encontrando
na situação de uma institucionalização dos países uma forma de diferenciação e classificação
no mercado, é notável que os próprios produtos se assemelhem, como pode reconhecer-se na
Imagem 1, onde se expõem produtos dos três países de estudo. Artesanatos cerâmicos de
Zacapoaxtla de México, Caaporã de Brasil e Ráquira de Colômbia, que não tem influencia
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direta na produção e desenho entre eles, adquirem a condição de produtos de luxo e
lembrança no mercado para um consumo local e de exportação, pois como lembra o consultor
do Sebrae-SP, “Explorar a identidade cultural da localidade onde as peças são produzidas,
aumenta sua competitividade” (OLIVETTE, 2012), e é essa a razão que governa e torna
homogêneo o inteires econômico na atividade. De forma microestrutural é uma resposta a
integrar objetos de uso doméstico, neste caso, feitos com materiais cerâmicos – não
industriais, representando padrões comuns das possibilidades socioambientais que tem as
pessoas num território e a construção estética e utilitária. Logicamente, as caraterísticas do
material, a forma de produção e os recursos simbólicos como “valor cultural agregado” são
particulares aos produtores o que não pode esquecer-se é que o trabalho artesanal nas
condições da reestruturação do trabalho na globalização permite uma homogeneidade da
resposta dos grupos populacionais à integração ao mercado. Sua finalidade é produto da
limitação do próprio setor, a definição e classificação que representa como distinção no
mercado frente a outros trabalhos é o que permite sua tendência à homogeneidade e repetição.

Considerações finais

Deste jeito o empreendedorismo como base da promoção do trabalho e a indicação geográfica


como forma de proteção ao patrimônio cultural e material terminam por oferecer um
panorama de resposta às mudanças no trabalho e os mercados no capital. Encontrou-se que
existem relações estruturais económicas e políticas que permitem que as caraterísticas da
atividade artesanal mudem em função da resposta governamental ao controle da força do
trabalho que dispõem, não obstante o movimento não seja unidirecional, e pertinente
reconhecer que o setor ou campo não se limita só dos voluntarismos de associações locais e
do ambiente pessoal ou comunal dos sujeitos, concepções que se reproduzem desde os
estudos locais, onde não se visualiza a contradição que mantem a atividade artesanal a ter que
usar a limitação simbólica e material cada vez mais especializada como força endógena,
afrontando a globalização de mercados e a mobilidades de mercancias de forma exógena.
Considera-se, então, que uma continua fragmentação da classe trabalhadora na demarcação de
identidades e o crescimento da competição termina por gerar uma subordinação ao capital, e
restringe as possibilidades de transformação social dos trabalhadores.

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REFERÊNCIAS

Legislação

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Brasília: 2012.
COLOMBIA, Decreto 258 de 1987 (Por la cual se reglamenta la Ley 36 de 1984 y se organiza el
registro de artesanos y de organizaciones gremiales de artesanos)
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publicada en el Diario Oficial de la Federación el 26 de enero de 1988.

Bases de dados

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Estrutura da população ocupada
População Económicamente Ativa
Taxa de desemprego
População em situação de pobreza

ILOSTAT. Organização Internacional do Trabalho – OIT.


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