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01/09/2006
Este é o caso do artigo de Juan Luis Segundo, O Deus criador e o homem livre, que abre esta
edição. Extraído de uma das principais obras do autor — Que mundo, que homem, que Deus? —
já esgotada, seu principal escopo é subsidiar a inevitável reformulação do dogma cristão no
contexto da Modernidade. No trecho aqui oferecido, o leitor desfrutará de uma perspicaz reflexão
que relaciona criação divina e liberdade humana.
O sociólogo da religião Stefano Martelli foi contemplado, neste número, com três artigos. No
primeiro, A experiência religiosa: a religião do ponto de vista do mundo vital, o autor examina a
religião do ponto de vista “micro”, a saber: como uma relação interior do indivíduo com a realidade
transcendente, isto é, a partir da experiência do sagrado vivida interiormente. Sem deter-se no
aspecto psicológico e na questão ontológica (isto é, se de fato existe um correlato objetivo, Deus
ou outra Realidade transcendente para as atitudes religiosas das pessoas), Martelli destaca a
dimensão social de tal experiência, entendendo que, se pretende permanecer como ciência
empírica, a sociologia da religião deve partir de uma posição metodológica que pode ser chamada
“agnóstica”.
O segundo trabalho de Martelli aqui incluído é o texto Le Bras e a sociologia religiosa. Admitindo a
premissa de que sociologia e teologia podem estabelecer relações não-conflitivas, Martelli nos
introduz na sociologie religieuse de Gabriel Le Bras (1891-1969), a qual estabelece um nexo
orgânico entre sociologia e religião-de-Igreja. Como veremos, diferentemente da sociologia
durkheimiana, Le Bras voltou sua atenção mais para os dados históricos, religiosos, estatísticos e
jurídicos, até contemporâneos, do que para aqueles etno-antropológicos, tirados das sociedades
pré-literárias. Rompendo as vacilações dos durkheimianos, Le Bras efetuou, assim, uma
significativa reorientação da disciplina, focalizando a atenção sobre a situação da religião na
sociedade moderna.
No terceiro artigo, Georg Simmel e a religiosidade como forma pura das relações sociais, Martelli
resume o pensamento de Simmel (1858-1918), que foi contemporâneo de Durkheim e de Weber.
Mais conhecido em virtude de seus últimos escritos, de sabor filosófico, só mais recentemente tem
crescido o interesse pela sociologia de Simmel. Segundo Martelli, tal sociologia realiza um esforço
notável para ligar o plano macrossociológico ao micro, a problemática da diferenciação social e
religiosa à perspectiva da experiência religiosa do indivíduo, colhido no concreto da vida cotidiana
e das relações sociais.
A seção de comunicação também traz, desta vez, outras duas reflexões instigantes. J. C. Ribeiro
leva-nos a um breve percurso crítico pelo mundo do jornalismo em Sempre alerta: condições e
contradições do trabalho jornalístico. E o teólogo e liturgista Antonio Francisco Lelo, assessor de
Paulinas Editora para as áreas de Catequese e Liturgia, oferece-nos o texto inédito Iniciação:
processo profundamente humano, itinerário de fé, caminho litúrgico, iniciação aos mistérios. O autor
destaca, a partir da fenomenologia da iniciação e da unidade existente entre os três sacramentos
de iniciação, algumas conseqüências para a pastoral da iniciação cristã.
Além dessas seções, nosso ciberleitor poderá usufruir das demais seções de Ciberteologia —
Resenhas. Continua também no ar a seção Rumo à V Conferência, que visa a tornar disponível
aos interessados alguns textos que vêm sendo produzidos como preparação para a próxima
Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, que acontecerá em 2007 em
Aparecida, São Paulo, Brasil.
Enfim, está entregue ao público a sétima edição de Ciberteologia. Esperamos permanecer fiéis a
nosso objetivo inicial de estimular a leitura e a reflexão teológicas, colocando ao alcance de cada
vez mais pessoas um pouco do acervo intelectual, teológico e pastoral de Paulinas Editora. Nossa
Equipe continua à disposição de quem queira, de alguma forma, participar do incremento da
produção e da divulgação do pensamento teológico. Pesquisadores e autores com escritos originais
afins a nosso projeto editorial podem nos enviar seus trabalhos (artigos, comunicação, resenhas),
desde que atendam nossas normas de publicação.